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Universidade de Lisboa
Disciplina de Bioética
7 de Janeiro de 2011
Autores:
Diogo Domingues, nº95560001
Inês Amaral, nº 95560105
Maria Inês Morais, nº95560037
Nicole Baptista, nº95560038
Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
Índice
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
1. Introdução
O motivo da escolha deste tema foi devido a este assunto nos despertar algum
interesse como profissionais de saúde e por ser um assunto com uma notória
componente ética.
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
Esta é uma temática que tem vindo a sofrer alterações ao longo dos tempos,
contemporaneamente tem sido focalizada como um aspecto-chave para a melhoria da
qualidade do serviço de saúde e desdobra-se em diversos componentes, como a
personalização da assistência, a humanização do atendimento e o direito à informação.
Uma boa relação médico-paciente deve contemplar aspectos importantes como a
privacidade, a confidencialidade, a veracidade e a fidelidade. Qualquer que seja a
relação construída entre as duas entidades o profissional de saúde deve ter sempre
claro que a sua fidelidade para com o paciente é o que serve de base para o
relacionamento entre ambos e nunca deve ser quebrada. A veracidade, ou seja, a
transmissão verdadeira e honesta de todas as informações é essencial para que a
fidelidade subsista. Dito isto, mesmo em casos com complicações acrescidas como são
os de pacientes terminais, idosos ou pacientes com problemas mentais a confiança
entre paciente e médico não deve ser comprometida. [1]
O profissional deve tentar desenvolver uma relação com o paciente que lhe
permita continuar a ser respeitado enquanto médico mas que não lhe atribua
demasiado poder. Tem de ser encontrado um equilíbrio para que ambas as partes
compreendam e respeitem os limites em que podem e devem actuar.
O profissional não deve ainda deixar que os seus sentimentos tenham influência
na tomada de decisões relativas ao paciente. As decisões de um médico devem ser
fundamentadas na racionalidade e não numa dimensão emocional e afectiva. É então
importante que apesar da relação de proximidade que possa vir a ser desenvolvida
entre ambos o médico não comprometa a sua profissionalidade e racionalidade. [2]
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
É ainda de extrema importância frisar que qualquer que seja a situação em que se
encontra o paciente este continua a ser uma Pessoa e por isso mesmo deve ser
sempre tratada como tal e nunca perdendo a sua dignidade.
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
uma relação de familiaridade com a morte. Por mais que se conviva com ela, a
morte só parece natural para quem a define apenas como o término objectivo
das funções vitais.
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
4. Intervenção de Familiares
Os familiares de pacientes em estado terminal têm necessidades
específicas e apresentam níveis elevados de stress, distúrbios de humor e
ansiedade durante o acompanhamento do internamento, e que muitas vezes
persiste após a morte de seu ente querido.
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
O ser humano é livre e a autonomia faz parte dessa condição. O paciente tem
então o direito de escolher o que deseja em todos os aspectos da sua vida.
O paciente tem a sua vontade própria e o direito de decidir aquilo que quer para
si, e ninguém pode sobrepor-se a isso.
Este facto vai conferir-lhe a liberdade para aceitar, preparar-se para aquilo que irá
acontecer, e decidir de que modo o irá fazer. Então a autonomia está sempre ligada ao
conhecimento da verdade.
No entanto, podemos questionar-nos sobre até que ponto terá o paciente o direito
de decidir por si só. Na realidade, é o médico que tem maior conhecimento acerca do
que poderá ser melhor para o paciente, e deve partilhar com ele e os familiares. Após o
conhecimento dos factos, estes poderão escolher o que querem fazer.
Em casos menos graves, ou seja, casos que não envolvam pacientes terminais, o
médico poderá explicar os diferentes tratamentos possíveis, realçando sempre as suas
vantagens, mas, também os riscos existentes, e poderá aconselhar qual o tratamento
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
mais eficaz a seu ver. É a partir daí que o paciente e os familiares poderão opinar se
estão de acordo ou não com a decisão do médico.
Porém, quando estamos perante um paciente que está no término da sua vida,
nem sempre é fácil ter uma opinião concreta, pois o que quer que seja decidido vai ter
consequências. Se o paciente e os familiares estiverem de acordo em seda-lo para que
este não sofra tanto, vai haver a nostalgia e o sentimento de perda antecipado, se por
outro lado for decidido que é melhor manter o paciente “acordado”, este vai sofrer
bastante e os seus últimos dias de vida não serão agradáveis.[5]
O importante é que esta decisão seja tomada com consciência e que sejam
medidos os prós e contras de cada um dos caminhos possíveis. Esta decisão deve
passar principalmente pelo paciente, pois estando lúcido, ele deverá ter a autonomia
para escolher aquilo que considera melhor para si e merece o respeito de quem está
próximo dele, que deve compreender e aceitar a forma como o paciente decidiu passar
os seus últimos de vida.
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Análises Individuais
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Diogo Domingues:
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Inês Amaral:
Para obter uma melhor qualidade de vida durante uma doença mortal,
deve existir uma comunicação honesta e aberta entre o médico e o doente
sobre as preferências do doente quanto aos cuidados que deseja receber no
final da sua vida. O médico deve informá-lo, de forma imparcial, sobre as
possibilidades de recuperação e de invalidez durante os diferentes tipos de
tratamento e depois dos mesmos. O doente deve tomar uma decisão, tendo em
conta esta informação. Além disso, o paciente deve indicar qual é o tratamento
que deseja escolher, quais são os limites que deseja fixar para esse
tratamento, o lugar onde quer morrer e o que espera que se faça quando a
morte chegar.
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A participação activa por parte do paciente não deve de modo algum ser
restringida ou completamente posta de parte, como foi o caso.
Independentemente da idade avançada, esta paciente encontrava-se na plena
posse das suas capacidades mentais não podendo a sua opinião ser ignorada
e não existindo qualquer razão válida para a omissão de informação.
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
Sendo esta paciente uma mulher idosa pode supor-se que em ocasiões
anteriores ao seu internamento esta já tenha pensado na sua morte, tendo
talvez uma maior capacidade de lidar com a situação do que qualquer outra
pessoa envolvida no processo. Tendo em conta este facto o paciente pode ter
sido deliberadamente privado de por em prática alguma decisões que possa já
ter tomado não vendo alguns dos seus desejos cumpridos por negligência,
desrespeito e desconsideração.
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
Claro que é sempre possível pensar que o médico agiu de boa-fé, que
tinha o único intuito de evitar uma enorme angústia no doente, de evitar o
sofrimento mas, na verdade, arrogou-se o direito de tomar decisões que não
lhe competiam de todo.
Começo por apontar como falha o facto de a paciente não ter sido
informada do seu estado. Tendo em conta que estávamos perante uma
senhora de 68 anos que “estava plenamente consciente” e “era capaz de
opinar sobre os procedimentos que estavam a ser realizados”, não se justifica
que esta não tenha tido conhecimento da sua verdadeira condição. Os
familiares defenderam que não deviam contar-lhe nada, pois “não sabiam como
ela lidaria com esta situação”. Apesar de se perceber que a família a queria
poupar desta notícia grave, estamos a falar de uma pessoa que se encontrava
lúcida e poderia muito bem ter sido informada, pois tinha esse direito.
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
Sete dias depois, aconteceu algo que considero o mais grave em todo
este caso: durante a noite, uma pessoa completamente estranha surgiu no
hospital, dizendo ser sobrinho da paciente em causa e solicitou ao médico que
estava de serviço na altura para acordar a paciente, para que esta lhe
fornecesse a senha de uma conta bancária, e alegou ser muito importante. O
médico, sem consultar outro qualquer profissional, acedeu ao pedido do
suposto sobrinho.
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
Este caso e a forma como foi tratado deve servir de exemplo futuro para o
que NÃO deve ser feito em situações com pacientes em estado terminal. Tem
de existir um maior respeito pelo ser humano e pelos seus direitos enquanto
doente.
Nicole Baptista:
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
A equipe médica deveria ter-se mantido fiel à sua conduta ética, convencendo a
família que a melhor opção seria informar a paciente e fornecendo duas opções: a
família dar a informação ou um profissional de saúde especializado. Contudo, deve se
ter em consideração que o conhecimento e consciência da mortalidade e finitude da
existência, poderia conduzir a uma alteração emocional ou psicológica o que poderia
levar ao agravamento da sua situação. Por esse motivo, independentemente do
transmissor da notícia a mesma deveria ser transmitida de forma individualizada,
sequenciada, verdadeira, realista e com acompanhamento psicológico. Isto é, de modo
a que esta se adequa-se á pessoa, fosse fornecida por etapas evitando assim um
choque violento e para não criar falsas espectativas ou maior ansiedade pelo
desconhecido. (apesar de a morte ser um mistério é a única coisa certa que temos na
vida.)
Tendo em conta que a paciente apenas teria no máximo 30 dias de vida, portanto,
encontrava-se em fase terminal podemos nos questionar se o agravamento da sua
situação seria relevante para a quebra do seu direito de conhecimento da realidade e
de autonomia individual. Era seu direito que esse tempo já por si reduzido pudesse ser
passado da forma que ela o desejasse. Por exemplo, poderia querer elaborar um
testamento ou reconciliar-se com quem estaria chateada, poderia optar por ser sedada
apenas no limiar das suas dores. A liberdade de escolha é um direito do ser humano e
neste caso não foi respeitado.
É de destacar que ninguém sabia qual a reacção que ela iria tomar, tanto poderia
ser conflituosa como também poderia ser pacifica. As medidas que poderiam ser
tomadas com o objectivo de diminuir o sofrimento da paciente deveriam ter sido
decididas pela própria paciente em conjunto com a família e profissionais de saúde o
que não aconteceu. A discussão sobre quais as melhores medidas, foi feita somente
entre profissionais e família. Assim, repete-se a falta de respeito pela autonomia e
liberdade da paciente. A sugestão de sedar a paciente para evitar o seu sofrimento foi
fornecida pelo médico responsável pelo atendimento, que não tinha qualquer relação
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anterior nem com a paciente nem com os familiares, ou seja, este médico talvez nem
estivesse alerta sobre a quebra dos princípios éticos neste caso e nem imaginasse que
a paciente seria sedada sem o seu consentimento. A família escolheu seda-la sem o
seu consentimento e mais uma vez o código de ética foi ignorado. Após este
acontecimento todos os dias os filhos iam visita-la e receber informações, o que
também devia ser doloroso, similar a um velório antecipado, mas, com duração
superior.
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Conclusão
O fim de vida por patologia é uma situação delicada e extrema vivida pelo
paciente como pessoa que ultrapassa o conhecimento biológico da intervenção
médica. Envolve uma componente psicológica e emocional mais profunda e delicada
do que o tratamento terapêutico, pois, trata-se de lidar com a fragilidade do ser humano
e consciência da sua finitude.
A particularidade desta situação torna assim evidente a existência de uma
componente ética envolvida na relação entre médico e paciente. [10]
O código deontológico dos médicos assim como os princípios éticos devem ser
respeitados, no entanto, na situação do paciente terminal torna-se paradoxal segui-los,
sendo cada caso um caso particular.
Na situação limite vivida pelo paciente devem ser considerados como básicos e
incontornáveis os direitos do paciente como pessoa de saber a verdade, dialogar,
decidir e não sofrer inutilmente. [10]
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Caso do Paciente Terminal e Respeito à Pessoa
Bibliografia
[1] Juliana Alcaires Mendes, Maria Alice Lustosa, Maria Clara Mello Andrade:
Paciente terminal, família e equipe de saúde, em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-
08582009000100011&script=sci_arttext
[3] http://www.ebah.com.br/paciente-em-fase-terminal-ppt-a55373.html
[4] Carlos Fernando Francisconi; José Roberto Goldim: Problemas De Fim De Vida:
Paciente Terminal, Morte E Morrer, em http://www.ufrgs.br/bioetica/morteres.htm
[5] Franklin Leopoldo e Silva: DIREITOS E DEVERES DO PACIENTE TERMINAL
Dept. de Filosofia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Univ. de
São Paulo, em http://www.portalmedico.org.br/revista/bio2v1/direitdeve.html
[6] Heloise Zanelatto Neves, colaboração de Márcia Lucrécia Lisboa e Juadir
Copat: A MORTE E O MORRER, em http://www.ccs.ufsc.br/psiquiatria/981-09.html
[7] http://www.ufrgs.br/bioetica/estagio.htm
4. Intervenção de Familiares
[1] Juliana Alcaires Mendes, Maria Alice Lustosa, Maria Clara Mello Andrade:
Paciente terminal, família e equipe de saúde, em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-
08582009000100011&script=sci_arttext
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Conclusão
[9] http://www.ebah.com.br/paciente-em-fase-terminal-ppt-a55373.html
[10] http://www.portalmedico.org.br/revista/bio2v1/direitdeve.html
[11] http://www.ufrgs.br/bioetica/modprin.htm
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