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Discussão do Livro-Texto “A Abordagem Gestáltica E Testemunha Ocular da Terapia”

(Fritz Perls – 1988)

1. Fundamentos
Durante o primeiro capítulo da obra, o autor realiza uma breve introdução sobre a
Escola Gestáltica, trazendo à tona alguns de seus princípios e conceitos norteadores. Como
será visto a seguir, muitos destes princípios, que servem de alicerce para a Psicologia
Contemporânea, se contrapõem às doutrinas utilizadas anteriormente pela Psicologia
Tradicional, trazendo assim uma interessante discussão a cerca das mudanças no foco de
estudo e na atuação do profissional da área.

A Psicologia de Gestalt
Um primeiro conceito importante abordado pelo autor é de que “é a organização de
fatos, percepções, comportamentos ou fenômenos, e não os aspectos individuais de que
são compostos, que os define e lhes dá um significado específico e particular”. Essa
organização ainda, se dá em função de objetos de interesse que se destacam de todo um
universo de possibilidades, e que podem estar em constante mudança.
A partir desta idéia, Perls introduz a idéia de Gestalt - uma palavra de origem alemã e
que não possui uma tradução exata, mas muitas vezes é entendida como “forma” – que
nos traz a idéia de um todo formado por partes que se inter-relacionam. Logo, a Psicologia
Gestáltica (também por ele idealizada), propõe que a natureza humana é organizada em
partes ou todos (processos), e que, o individuo só pode ser compreendido a partir do
entendimento conjunto (e não individualizado) de suas experiências prévias.

Homeostase
O segundo conceito abordado pelo autor é que todo comportamento, ou seja, a
interação de um indivíduo com o seu meio é governado pelo processo de Homeostase -
manutenção do equilíbrio diante de situações adversas (satisfação de necessidades).
A Homeostase ocorre a todo o momento da vida do individuo, mantendo o estado de
equilíbrio. Porém quando este mecanismo falha, ele adoece.

Um dos objetos de estudo da Psicologia é a caracterização das necessidades que


primariamente são de origem psicológica e os processos homeostáticos a elas
relacionados. Com relação a este ponto, Psicologia Gestáltica e Tradicional apresentam
divergências.
Segundo a Psicologia Tradicional, os “instintos” representam as forças condutoras da
vida, e são cerca de dezesseis. A repressão ou a falha no processo homeostático que
envolve esses instintos caracteriza a neurose (doença).
Já, segundo a Psicologia Gestáltica, a necessidade de sobrevivência é dominante,
agindo como propulsora em todos os seres vivos, porém, podendo ser expressa de
maneiras completamente diferentes. Não há repressão de necessidades (já que são de
caráter inconsciente), mas sim, a interrupção de suas expressões. Se, várias necessidades
surgem simultaneamente o organismo (saudável) se encarrega de selecionar a
necessidade de sobrevivência dominante e colocá-la em primeiro plano, passando a se
dedicar exclusivamente a ela naquele momento.

A Doutrina Holística
O desenvolvimento da Ciência, de uma maneira geral, se ocupou em dividir o homem
no nível do pensar e do agir. Desta maneira, muito conhecimento cerca de cada uma dessas
áreas foi produzido, porém, muito deixará de ser compreendido se ambas não forem vistas por
meio de suas interações.
A Psicologia Gestáltica, através do ideal Holístico de unidade, propõe o fim da
dicotomia entre o agir e o pensar, se utilizando do ponto de vista da demanda energética.
De acordo com Perlz, a habilidade mental de utilizar símbolos e abstrair, nada mais é
do que agir em imagem – ou seja, reproduzir a realidade em uma escala reduzida ( Fantasia),
economizando tempo, energia e trabalho para o individuo. Deste conceito, deriva a definição
de Atividade Mental: atividade em que a pessoa total exerce num nível energético inferior ao
das atividades denominadas físicas.
O organismo passa então, a agir e reagir a seu meio com maior ou menor intensidade;
a medida que diminui a intensidade o comportamento físico se transforma e comportamento
mental. Quando a intensidade aumenta o comportamento mental torna-se comportamento
fiísico.
A partir desta nova visão, o terapeuta não está mais limitado a atuar pelo que o
paciente diz e pensa, mas sim pelo que ele faz.

Limite de Contato
O individuo só existe em um campo total, composto por ele mesmo e o meio em que
está inserido. A relação que os dois estabelecem entre si (contato) determina o
comportamento do ser humano. Se esta relação é mutuamente satisfatória, o comportamento
do individuo é considerado normal. Porém, se esta é uma relação de conflito, o
comportamento do individuo é considerado anormal.
A Psicologia Gestáltica, então, prega que os eventos psicológicos (comportamento)
ocorrem na fronteira do contato entre o individuo e seu meio, e que é altamente dependente
da relação entre ambos. Em contraponto, a Psicologia Tradicional defende que o
comportamento do homem é regido por forças internas ou externas, estabelecendo a
confusão como a ausência desta dicotomia.
O comportamento do indivíduo é sempre dirigido à satisfação de uma necessidade
dominante (como visto anteriormente). Se o processo homeostático falha, o indivíduo não
consegue saciar-se, e passa então a comportar-se de modo desorganizado e ineficaz –
caracterizando assim, o quadro neurótico.

Perlz explora ainda, que o comportamento do individuo, além de ser dependente de


um sistema de orientação e manipulação, é altamente influenciado pela sua atitude com
relação a aspectos do ambiente – catexis, segundo Freud.
Catexis positivas refletem os objetos que auxiliam o individuo a satisfazer suas
necessidades, e por isso são altamente desejados. Para alcançá-los, o individuo estabelece
uma relação de contato com seu meio, estendendo-se em direção a ele.
Catexis negativas refletem os objetos que tendem a perturbar o equilíbrio do
individuo, tornando-se uma ameaça, e por isso tendem a ser repelidos. A relação do individuo
com relação a esses objetos passa a ser de destruição, ou de fuga (retração).
Ao contrario da Psicologia Tradicional, a Escola Gestaltica prega que nem toda situação
de contato é benéfica, assim como nem toda situação de retração implica em neurose.
Quando ocorre um relacionamento satisfatório entre o objeto catexial e a necessidade do
individuo, ambos desaparecem do meio, fechando a Gestalt (satisfação da necessidade). A
neurose implica na incapacidade de um individuo de identificar catexis positivas e negativas do
meio, e conseqüentemente, a incapacidade de realizar um bom contato ou de organizar sua
fuga – definindo o comportamento desorganizado e ineficaz citado acima.

Descritas a Hierarquia das necessidades, os mecanismos sensorial e motor para


satisfazê-las, as catexis negativas e positivas do campo, e as relações de contato e de fuga,
Perlz descreve as emoções como a força que serve de impulso inicial para todas nossas ações.
Elas são geradas a partir de uma excitação básica gerada por diferentes situações, e acabam
por dar valores às catexis do campo, mobilizando os modos e os meios de satisfação das
necessidades.

2. Mecanismos Neuróticos
O Nascimento da Neurose

Considerando-se que a neurose como um distúrbio da interação entre organismo e meio,


pode-se concluir que tanto indivíduo quanto o meio, que chamamos também de sociedade,
são passiveis de se encontrarem em estado neurótico. Porém, como ambos são elementos de
um campo total, nenhum pode ser considerado como responsável único e direto pela doença
do outro.

Perlz define o individuo que pode viver em contato intimo com sua sociedade, sem ser
tragado por ela nem dela completamente afastado como um homem bem integrado. Sendo
assim, a busca da psicoterapia é criar tal homem.
Inserido em uma sociedade, o individuo, governado pelo princípio da homeostase, deve
buscar o equilíbrio entre as suas necessidades pessoais e as demandas impostas pelo meio (no
caso, as leis que regem tal sociedade). A falha no estabelecimento deste ponto de equilíbrio
pela repressão de ações que visavam mantê-lo pode acabar por gerar dois tipos de disfunção:
o criminoso (individuo que entrou em choque com a sociedade, pela excessiva busca de suas
necessidades pessoais, e que tende a se ver em primeiro plano com relação à sociedade. Além
disso é incapaz de ver as necessidades dos outros), e o neurótico propriamente dito (individuo
que se retraiu excessivamente, permitindo que a sociedade o influencie demasiadamente, e
que tende a se ver em segundo plano com relação à sociedade. Além disso, é incapaz de ver e
satisfazer claramente as suas necessidades).

Com relação às causas dessas disfunções que podem ser geradas, Perlz as atribui a
incapacidade do individuo de definir qual é dominante, em situações onde ele próprio e a
sociedade vivenciam necessidades diferentes. A falta de decisão, não gerando um bom
contato ou uma boa fuga afeta a ambos.

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