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1. Introdução.
Dia 7 de abril de 2011. Um dia que entrou para a história do Brasil. Achávamos um
absurdo o que acontecia principalmente nos Estados Unidos, onde loucos entravam em
escolas e simplesmente massacravam dezenas de alunos. Columbine2 é um exemplo
disso. Para nós, isso era algo distante... coisa de gente louca... coisa de americano. Mas
isso aconteceu pela primeira vez neste país. Um louco e fanático entrou numa escola em
Realengo, zona pobre na cidade do Rio de Janeiro matando a sangue frio 12 crianças de
deixando dezenas de feridos. Ele foi atingido por um policial na perna e depois se
matou. Depois descobriu-se que ele havia deixado uma carta. Segue reprodução dela:
1
Pregado no MEP dia 10 de abril de 2011.
2
Massacre de Columbine aconteceu em 20 de abril de 1999 no Condado de Jefferson, Colorado, Estados Unidos, no
Instituto Columbine, onde os estudantes Eric Harris (apelido ReB), de 18 anos, e Dylan Klebold (apelido VoDkA), de
17 anos, atiraram em vários colegas e professores. 13 pessoas morreram.
Não sabemos, e talvez nunca saberemos o que passou na cabeça daquele homem. Mas o
que penso ao ler a sua carta-testamento é o seguinte: o deus que ele cria, não era o Deus
verdadeiro. A sua fé não era uma fé verdadeira. E quando esses dois fatores se juntaram,
potencializado por um sentimento de abandono, carência e autoafirmação, deu no que
deu.
Baseado nisso, muitos disseram que Deus era o problema e que Jesus, a quem
Wellington cita nominalmente, é o responsável. Eu tenho uma resposta a essas pessoas:
o responsável foi o próprio Wellington. Ele será sim, ressurreto no último dia, não para
a glória, mas para o juízo de Deus. Ele queria ser enterrado com pureza cerimonial, será
jogado no lugar mais impuro, o inferno. Ele se matou na tentativa de fugir da realidade
e da justiça dos homens, mas não fugirá da Justiça de Deus, que um dia, julgará vivos e
mortos.
A fé do Wellington não era uma genuína fé em Cristo. Meus amigos, não se enganem.
O mundo está cheio de pessoas que crêem em Deus de uma força totalmente distante do
Evangelho. Precisamos que Deus nos dê a fé verdadeira. A mensagem de hoje é um
convite do Espírito Santo a nos voltarmos para a verdadeira fé em Jesus, que é incapaz
de gerar atos como esses de loucura e terror, mas que gera graça, salvação e Justiça de
Deus!
1. A Fidelidade de Deus
Semana passada, vimos algo muito importante relacionado com a “justiça de Deus”.
Essa justiça de Deus tem sim seu lado forense, ou seja, um Deus que julga com justiça e
retidão, que cuja moral é perfeita e em quem não há imperfeição ou injustiça. E também
3
O Estado de São Paulo, 9 de abril de 2011.
4
Hb 2:4.
5
NVI: “Uma justiça que do princípio ao fim é pela fé”.
BJ: “se revela da fé para a fé”.
ARA: “de fé em fé”.
ESV: “from faith for faith”.
Vul.: “ex fide in fidem”.
vimos que essa justiça pode ser entendida como a Fidelidade em Deus para cumprir a
promessa de sua aliança estabelecida inicialmente com a família de Abraão tendo em
vistas a salvação de toda a humanidade, daquela que crê, na pessoa de Jesus Cristo.
Vamos continuar deste segundo ponto.
A justiça de Deus, que se revela no Evangelho, é “de fé para fé”. Essa expressão “de fé
para fé” tem sido traduzida de diversas maneiras, e interpretada de várias formas. O que
o original diz é exatamente isso: “DE fé PARA fé”. Mas por que simplesmente o
apóstolo Paulo não disse que a justiça de Deus é revelada no Evangelho PELA FÉ? Não
há duvidas que Paulo quer destacar o papel da fé nesse processo. Mas afinal, por que
“de fé para fé”?
Ao longo da história, conclusões bem curiosas tem sido tomadas: “da fé o Antigo
Testamento para a fé do Novo Testamento”, “da fé da lei para a fé do Evangelho”, “da
fé dos pregadores para a fé dos ouvintes”, “da fé do presente para a fé do futuro”, “da
fé pequena para uma fé maior”, etc.6.
Meus amados, temos uma verdade muito clara aqui: a fé tem um ponto de partida, e
esse ponto de partida é Deus. Isso faz muito sentido quando lemos as palavras de Paulo
que diz: “A fé é dom de Deus” (cf. Ef 2:8). Se a fé consiste num presente de divino para
o homem, a fé vem Dele. Organizando melhor a idéia, só podemos ter fé porque antes
Deus é fiel. Fiel para com quê? Deus é fiel em cumprir a sua palavra, sua promessa. A
palavra hebraica para fidelidade é ’ěmûnâ 7 , uma palavrinha usada para falar da
fidelidade em relação à Aliança.
Dt 7:9 diz: “Saibam, portanto, que o Senhor, o seu Deus, é Deus; ele é o Deus fiel, que
mantém a aliança e a bondade por mil gerações daqueles que o amam e obedecem aos
seus mandamentos”. Deus é fiel. A fidelidade de Deus é algo que nos dá muita
segurança. Nosso Deus não varia, não muda. Ele continua sempre o mesmo. Aquilo que
Ele prometeu, certamente fará.
2. A Fé do cristão.
Deus comunica a sua fidelidade para o cristão. A fé que temos é conseqüência direta da
Fidelidade de Deus em relação à sua promessa e em relação à Aliança personificada em
Jesus Cristo. A nossa fé tem como base a Fidelidade de Deus. Ela vem de fora para
dentro de cada um de nós.
6
Cf. Schreiner, pág. 71, 72.
7
Ibid. pág. 75, Dunn, pág. 44.
Qual é o alvo da Fidelidade de Deus? Deus escolheu a humanidade para derramar a sua
Fidelidade e mostrar o quanto Ele zela pelas suas promessas e pela sua Aliança. Deus
leva a sério o compromisso que Ele tem conosco. Quando vemos a história do Antigo
Testamento sempre que Deus mantinha firme a aliança para com o povo. Era o homem
que virava as costas de Deus e quebrava o trato. Deus não. Ele fé fiel. Paulo diz: “Se
formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2:13).
Qual é o efeito da fidelidade de Deus em nossas vidas? Fé! Isso mesmo! Quando
percebemos a Fidelidade de Deus, passamos a crer Nele. É impressionante como essa
verdade é simples e verdadeira. Quando você tem um amigo que você sabe que é fiel,
que se importa com você, você naturalmente nutrirá mais confiança, terá mais segurança
em relação a ele. Agora imagine um Deus que nunca falha, que se mantém fiel sempre!
Você pode crer com toda a sua força, que nunca será decepcionado!
Amado... não podemos nem medir o quanto é importante a fé para Deus. Hb 11 diz que
não podemos agradar a Deus sem fé. E quando lemos isso, parece que Deus nos exige
uma fé do tamanho de uma montanha... mas não... Jesus que ver em nossos corações um
fé do tamanho de um grão de mostarda: “Se tiverdes a fé como um grão de mostarda,
direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará” (Mt 17:20). Mas sabe o que
nos dá ainda mais alivio e segurança? Saber que essa fé não nasce em nós, mas vem a
partir de Deus, da Sua Fidelidade que não muda nunca.
Paulo cita o Antigo Testamento para atestar o que acabou de dizer. É como ele tivesse
falando: “vou mostrar no Antigo Testamento que a fé é realmente MUITO importante,
essencial para VIVERMOS uma vida de relacionamento com Deus”. Ele cita o profeta
Habacuque. E esse profeta é muito interessante porque ele conversa com Deus a
respeito de sua “injustiça”. Ele faz as mesmas pergunta que fazemos as vezes: Por que o
justo sofre? Por que o injusto vive bem na terra? Por que o povo da Aliança está
sofrendo enquanto que os povos inimigos de Deus estão prosperando?
Quem vive pela fé é justo diante de Deus. A certeza que Deus estava dando ao profeta
era essa: um dia, Deus acertará as contas com todos os ímpios, os injustos. Mesmo que
eles tenham fama, riqueza e prosperidade sobre a terra, o fim deles está determinado:
serão julgados e condenados. Até que esse dia chegue, viva pela fé, creia na minha
Fidelidade, porque não abandonei vocês! O justo não olha para as circunstancias
externas, mas se fixa apenas na fidelidade de Deus, na confiança plena de que tudo será
feito conforme a sua vontade. Essa é a atitude que Deus espera de seus justos: fé!
“Onde a fidelidade de Deus encontra essa fé, aí se revela a justiça. E o justo viverá”8.
Amém! Somos justos pela fé... Isso não quer dizer que essa fé nasça em nós, muito pelo
contrário: Deus nos torna justos pela sua própria fidelidade que consiste em tornar
justos todos aqueles que CRÊEM e se submetem a Ele. É aqui que entendemos qual é o
tema central da carta de Paulo aos Romanos: A Justiça de Deus.
Qual é a formula para a vida que o apóstolo Paulo nos apresenta? “Tanto a justiça
quanto a vida se dão pela fé. Quem é justo pela fé também vive pela fé”9. A fé não serve
apenas para sermos salvos e justificados. Não! A fé nos faz viver uma vida agradável a
Deus até a Seu retorno. Vida cristã é isso: crer e fazer parte da justiça de Deus, é ser fiel
à Fidelidade de Deus com relação à sua promessa através de uma pessoa: Jesus, o
Senhor.
8
Cf. Barth, pág. 48.
9
Cf. Sttot, pág. 69.
Conclusão:
Voltando ao inicio... Rio de Janeiro, 7 de abril de 2011. A “fé” burra, mística, pagã e
repugnante de Wellington. Resultado: 12 crianças, na sua maioria meninas, mortas.
Uma fé desvirtuada, longe do Evangelho gera esse tipo de abominação. Quando nossa
fé não se alicerça na fidelidade de Deus mas em nosso próprio esforço de redenção, em
nossa tentativa de, pelas nossas forças, quebramos os grilhões do pecado, dos traumas,
das dores dos complexos... A partir do momento em que nossa fé se separa do
Evangelho e da Justiça de Deus revelada nela, nos tornamos xiitas de Cristo, viramos
em homens-bombas de Deus.
O convite de Deus é o oposto. É a fé que nos liberta de todo o pecado, que nos torna
justos e inculpáveis diante de Deus. Jesus quer que sejamos irrepreensíveis diante do
diabo e do mundo. O que nos deixa em paz é que isso vem de Deus e é completado em
Deus.
Meus irmãos, que tenhamos essa fé, baseado na Fidelidade de Deus. Essa fé que é
essencial para termos em nós a justiça de Deus. Essa fé que agrada e glorifica Jesus
Cristo.
Você tem fé? Gostaria de ler uma passagem final. É uma passagem que me inspira. É
um texto pela qual Deus nos incentiva, nos ajuda a permanecermos crendo em todo
momento nele...
“Que mais direi? Não tenho tempo para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté,
Davi, Samuel e os profetas, os quais pela fé conquistaram reinos, praticaram a
justiça, alcançaram o cumprimento de promessas, fecharam a boca de leões,
apagaram o poder do fogo e escaparam do fio da espada; da fraqueza tiraram
força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga exércitos
estrangeiros. Houve mulheres que, pela ressurreição, tiveram de volta os seus
mortos. Uns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar
uma ressurreição superior; outros enfrentaram zombaria e açoites; outros ainda
foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos
à provab, mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas
e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles.”
(Hb 11:33~38). Amém.