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PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Área Temática:
Ciências Jurídicas e Sociais no Contexto Amazônico

Linha de Pesquisa:
Constituição, Direitos Humanos e Relações Internacionais

Nome do Candidato:
Daniele Braga de Oliveira

Nome do Orientador:
Luna Freitas

Título:
Contos de fadas às avessas: o tráfico de mulheres na rota Amazônia-
Suriname

Ananindeua – PA
Set./ 2009
PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Nome do Candidato:
Daniele Braga de Oliveira

Nome do Orientador:
Luna Freitas

Título:
Contos de fadas às avessas: o tráfico de mulheres na rota Amazônia-
Suriname

Projeto apresentado à Universidade


da Amazônia – UNAMA, como
requisito para concorrer à bolsa de
Iniciação Científica.

Ananindeua – PA
Set./ 2009
SUMÁRIO

1. Justificativa......................................................................................... 03
2. Objetivos............................................................................................. 05
3. Metodologia........................................................................................ 06
4. Referencial Teórico............................................................................. 07
5. Bibliografia/ fontes/ referências.......................................................... 10
JUSTIFICATICA

São mulheres reais, com problemas reais, uma vida real e com uma triste história em
comum. Todas foram vítimas do tráfico humano com uma única finalidade: exploração
sexual.
O problema não é regionalizado, pelo contrário, tem alcance internacional. A “rede”
traz mulheres do nordeste do país para o norte, do norte para os países fronteiriços e destes
para a Europa. Muitas são as rotas de migração desse tipo de exploração.
Mas por que estudar esse tema?
Pelo valor social que ele representa.
Este trabalho pretende-se deter em uma única rota: Amazônia-Suriname. Mas não
unicamente a capital do país, pois muitas mulheres acabam indo para regiões de garimpo no
interior do Suriname e por isso a necessidade de analisá-lo como um todo.
JESUS (2003: 5) afirma:
“O levantamento de dados enfrentou diversas vicissitudes que, de uma
forma geral, prejudicaram a abrangência e extensão dos dados e análises
aqui apresentados. A maior dificuldade decorreu da baixa colaboração dos
governos estaduais. Foram encaminhados ofícios, por correio, fax ou e-
mail, para os 26 Estados e o Distrito Federal, em diferentes níveis de
administração. O índice de respostas, infelizmente, foi baixíssimo. Até o
fechamento deste relatório, recebemos respostas provenientes de dez
Estados: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais,
Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Mesmo
assim, os órgãos de governo respondentes afirmavam, em geral, não dispor
de dados, ou que a dimensão do tráfico de seres humanos não era grave. É
possível tirar duas conclusões a partir dessa dificuldade na obtenção de
informações nacionais: ou a consciência em relação à relevância do tráfico
de pessoas ainda não atingiu um grau satisfatório no Brasil, ou os Estados
simplesmente não produzem nem processam os dados. Ou ambas. “

Diante dessa afirmativa, vemos que se faz preciso estudar um problema nacional e
internacional.
Faz-se necessário trazer a história dessas mulheres para perto do público que vier a
tomar conhecimento da pesquisa. Mostrar que muitas vão iludidas com o sonho de casar;
conseguir um bom emprego fora do país, juntar dinheiro para ajudar a família e, muitas vezes,
dar melhores condições de moradia e de educação aos seus filhos; outras vão conscientes de
que serão prostituídas, mas imaginam que terão condições diferentes de trabalho como
privilégios de “bons clientes”, boas condições de moradia e tratamento. Mas ao chegarem a
seus destinos, a surpresa: já estão endividadas, seus documentos são apreendidos e sua
liberdade cerceada.
Entende-se que apesar do Estado ter o dever de ser vigilante e garantir a todos aquelas
premissas elencadas na Constituição, é difícil estar o tempo inteiro com os olhos abertos em
toda a extensão desse país de continentais proporções. Depois de muito tempo, vêem-se
providências mais sérias como o Tratado de Palermo, assinado em 1999 na Itália e ratificado
pelo Presidente Lula em 2004; especificamente para a região a qual pretende-se estudar,
houve uma aproximação entre Brasil e Suriname para debater o assunto. Foi em maio deste
ano, onde se realizou em Belém o I Encontro Binacional Brasil-Suriname, para elaborar um
documento oficial com as proposições e recomendações debatidas no evento.
A partir desse entendimento, vê-se que a Universidade não pode ficar alheia a esse
fato e, portanto, deve investir em pesquisas que se dediquem a revelar os problemas vividos
pelas pessoas da região e, sobretudo, mostrar à comunidade acadêmica a importância de trazer
problemas de fora dos muros da Universidade para analisá-los à luz dos conhecimentos
técnicos e teóricos aqui obtidos.
OBJETIVOS

1. Objetivo geral:

● Investigar o tráfico de mulheres na rota Amazônia-Suriname.

2. Objetivos específicos:
● Explicar o que é Tráfico Humano;
● Mostrar que ocorre Tráfico de pessoas na nossa região, ilustrando com histórias de
mulheres que foram vítimas do fenômeno;
● Definir o perfil da vítima e dos criminosos;
● Identificar as rotas;
● Apontar a importância das ações de Organizações que agem em defesa das mulheres
que foram vítimas do Tráfico, quer seja na prevenção ou na recuperação dessa vítima;
● Mostrar os meios que o Brasil tem para garantir a essas mulheres, mesmo estando no
exterior, que a sua dignidade humana seja resguardada;
● Relacionar a não-garantia de direitos fundamentais dessas mulheres com a
ocorrência do tráfico humano com finalidade de exploração sexual em outro país.

REFERENCIAL TEÓRICO
O grande mestre do Direito Penal Brasileiro, Damásio de Jesus analisa o tráfico
humano manifestado de duas formas: com mulheres e com crianças; mostra jurisprudências e
trata também das iniciativas de prevenção e repressão no Brasil em uma obra riquíssima, a
qual tomo como referência.
Outro, mais específico, é um dos pesquisadores mais atuantes na Amazônia quando o
assunto é tráfico de pessoas. Em sua pesquisa “Tráfico de Mulheres: um novo/velho drama
amazônico”, Marcel Hazeu. Nesse trabalho, o autor constatou que a história pessoal e familiar
das mulheres amazônidas envolvidas com o comércio do sexo revelam violência doméstica,
exploração, migração e trabalho precoce. "Temos um tipo de coronelismo na Amazônia, em
que as pessoas que têm certa posição de poder se apropriam das pessoas que estão submetidas
a elas. Prefeitos, delegados, grandes fazendeiros, comerciantes atuam especialmente no
interior do Estado, vivendo como 50 anos atrás, em que podiam mandar nas pessoas do seu
entorno", diz Hazeu.
Segundo a Constituição, em seu art. 4º, II: “A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
relações internacionais pelos seguintes princípios: (...) prevalência dos direitos humanos”.
Para DALLARI (2002:161):
“A referencia ao primado do respeito aos direitos humanos como paradigma
propugnado para a ordem mundial remete, necessariamente, para a questão
da eficácia dos sistemas internacionais de regras voltadas para a proteção dos
indivíduos em face da ordem jurídica interna.”

A proteção aos direitos humanos dá campo para uma ampla discussão. Até onde um
Estado deve ir para garantir que todos os seus “subordinados” tenham assegurada a sua
dignidade?
Para iniciar a justificativa, vejamos o princípio da não-intervenção, que dita no art. 19
da Carta da OEA:
“Nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou
indiretamente, seja qual for o motivo, nos assuntos internos ou externos de
qualquer outro. Este princípio exclui não somente a força armada, mas
também qualquer outra forma de interferência ou de tendência atentatória à
personalidade do Estado e dos elementos políticos, econômicos e culturais
que o constituem.”

Este princípio decorre de outro mais basilar na formação dos Estados, a Soberania
que, segundo LAFER1 foi “construída tendo como princípio, de um lado, a concepção de um
poder originário, que não resulta de nenhum outro, do qual teria obtido o seu título; e de
outro, a concepção de um poder supremo, que não teria outro poder igual ou concorrente”.
1
In DALLARI, Pedro. Constituição e relações exteriores. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 3
Entretanto, Mazzuoli aponta exceções à não-intervenção e uma delas é aquela
realizada em prol da proteção e promoção dos direitos humanos, explicando que esta
“justifica-se pelo móvel destinado a salvaguardar os direitos humanos violados protegidos por
tratados internacionais de caráter regional ou global”.
Celso Mello ao tratar da intervenção para defesa do nacional afirma que
“esse tipo de intervenção é justificado, pelos seus defensores, com base no
argumento de que o Estado tem o dever de proteger o seu nacional no
estrangeiro e que o Estado onde se encontra o estrangeiro também tem o
dever de protegê-lo. Enfim, a intervenção para a defesa do seu nacional se
fundamentaria em um dever do autor da intervenção e na violação de outro
dever por parte de quem a sofresse. A proteção do nacional no exterior pode
ser considerada uma forma de legítima defesa.”

Para responder o questionamento feito, o autor citado acima mostra que a intervenção
não seria a forma correta de cumprir com esses deveres e, para tanto, o Direito Internacional
criou dois institutos os quais o Estado poderá utilizar para defender o seu nacional: “a
proteção diplomática e a responsabilidade internacional”.
Pode-se abstrair teses dessa discussão, mas deve-se manter o foco no tema específico
suscitado: o tráfico de mulheres. No que tange à tipificação nacional dessa conduta, temos o
art. 231 do CP que, com nova redação dada pela lei nº 12.015 de 2009, reza: “promover ou
facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou
outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro”. A
competência de julgar tal crime é do juízo federal, como disposto no art. 109, V da CF/88,
mas há quem defenda que por se tratar de crime organizado, deve ser tido como crime contra
a humanidade e, destarte, deveria ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional:
“É imprescindível a instituição de uma Justiça penal internacional para
julgar (no futuro) não somente criminosos genocidas ou ditadores (que são
muitos ainda hoje, principalmente na América Latina, Ásia, África), senão,
sobretudo, outros crimes que provocam conseqüências danosas para muitos
países em razão da sua transnacionalidade, como por exemplo algumas
modalidades de crime organizado (tráfico de seres humanos, de órgãos
humanos, de animais, de armas etc.), o crime informático e o ecológico.
Ainda é diminuta a competência do TPI. Tende a se alterar e aumentar nas
décadas futuras."

Muitos são os autores que poderiam ser aqui citados, mas deve-se deter somente aos
que trazem apoio basilar para iniciar a pesquisa.

METODOLOGIA
► Método de abordagem
Os métodos de abordagem do assunto serão ora dedutivo, ora indutivo. Na parte
inicial, utilizar-se-á o método dedutivo, pois, tendo que o tráfico de seres humanos é um
fenômeno de amplitude mundial, voltar-se-á o foco para a região Amazônica.
Secundariamente, mostrar-se-á itens que mostram a forma como ocorre o fenômeno na
região proposta, sendo nesse momento utilizado o método indutivo.
► Método de procedimento
A primeira parte, exploratória e bibliográfica, consiste na consulta de livros,
periódicos, artigos; basicamente de material que venham a dar uma maior sustentação do
assunto a ser abordado.
Na segunda parte, pretende-se utilizar entrevistas semi-elaboradas, que segundo
TRIVIÑOS (1987):
“em geral, é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados
em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa, e que em seguida,
oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão
surgindo, à medida que recebem as respostas do informante. Desta maneira,
o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de
suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador,
começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa”.

Os entrevistados serão autoridades de entidades relacionadas ao assunto em estudo:


- Secretário de Estado da SEJUDH, Fábio de Melo Figueiras;
- Diretor de Cidadania e Direitos Humanos da SEJUDH, Luiz Romano da Motta Araújo Neto;
- Coordenadora de Promoção dos Direitos da Mulher, Márcia Andrea Jorge Lima;
- outros (ainda por definir).
As entrevistas servirão para buscar dos representantes do Estado respostas como: quais
os planos de ação para prevenir a incidência do tráfico? Como era e como é agora tratada essa
problemática? Quais os avanços que já foram obtidos?
Nos estudos de casos, pretendo buscar histórias de mulheres que viveram essa triste
história para ilustrar e fazer com que o trabalho tenha uma melhor e real visualização do
problema proposto para pesquisa.

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Jan. Fev. Mar. Abril Maio Jun. Jul Ago. Set. Out. Nov. Dez.
.
Pesquisa X X X X X X X X
Bibliográfica
Entrevistas X X X
Texto prévio X X X X
Análise das X X X
Informações
Apresentação X X
final
BIBLIOGRAFIA/FONTES/REFERENCIAS

DALLARI, Pedro. Constituição e relações exteriores. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 160-163,
165-167.

GOMES, Luiz Flávio. Estado de Direito global e a Justiça criminal. Jus Navigandi, Teresina,
ano 12, n. 1855, 30 jul. 2008. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?
id=11551>. Acesso em: 13 set. 2009.

GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte especial. 6.ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009.
vol 3. p. 593-599.

HAZEU, Marcel Theodoor; SILVA, Lucia Isabel da Conceição. Tráfico de Mulheres: um


novo / velho drama amazônico. Disponível em:
http://www.sodireitos.org.br/site/userfiles/Trafico%20de%20Mulheres%20um%20novo,
%20%20velho%20drama%20amazonico.pdf Acesso em: 20 de agosto de 2009.

JESUS, Damásio E. de. Tráfico internacional de mulheres e crianças: Brasil. São Paulo:
Saraiva, 2003.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3ª Ed.


rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público. 3. ed. ver. atual.
e ampl. São Paulo: Revista dos tribunais, 2008. p. 467-469.

MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 15. ed. rev. e
aum. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 495-500.

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