C2 CORREIO POPULAR CADERNO C

Campinas, quarta-feira , 13 de abril de 2011 Coordenação: Lalá Ruiz lala@rac.com.br - Editores: Angela Kuhlmann, Eunice Gomes e Rodrigo de Moraes

não apenas na luta pelas mi- junto ao Congresso: crimina-

bruno ribeiro norias ele vem se destacan-

do; uma de suas bandeiras é
a isenção de tarifas bancá-
lizar a homofobia antes que
o homicídio de gays se torne
tão corriqueiro quanto o as-
rias para aposentados e pen- sédio moral que sofrem coti-
sionistas maiores de 60 anos. dianamente.
Assim sendo, quero, hu- Dizem que o protesto na-
mildemente, pedir perdão zifascista em São Paulo não

De preconceitos ao deputado Jean Wyllys por

ter desconfiado de sua capa-
cidade. O tempo, este eterno
é algo a que se deva dar im-
portância. Lembram que os
manifestantes (muitos com

e conceitos pregador de peças, mostrou

Senhoras e senhores, come-
ço a coluna de hoje com
uma confissão: quando sou-
be, durante as eleições do
ano passado, que o ex-BBB
Jean Wyllys era candidato a
deputado federal, deixei-me
dominar pelo preconceito.
Não pelo fato de Jean ser ho-
mossexual assumido — pois
este detalhe em nada me in-
comoda —, mas por ter fica-
do famoso após participar
de um programa de TV.
Todos temos preconcei-
tos inconfessáveis. O meu
diz respeito ao mundinho
das celebridades. Desconfio
de pessoas que frequentam
colunas sociais. Desconfio
também daquelas que ficam
famosas por sua futilidade.
O reallity show Big Brother
Brasil, do qual Jean Wyllys
saiu vencedor, sempre me
pareceu a síntese do Brasil
que deu errado.
O leitor entenderá onde
quero chegar. Antes mesmo
de conhecer o pensamento
do professor Jean Wyllys, nu-
tria por ele certa antipatia.
Não, antipatia não é a pala-
vra. Nutria por ele certa des-
confiança. Exatamente isto:
desconfiança. Pensava ser
mais um oportunista a fazer
uso da fama para ocupar um
cargo público em Brasília.
Mas eu estava errado.
Jean Wyllys tem feito um
início de mandato brilhante.
Culto, republicano e defen-
sor intransigente dos Direi-
tos Humanos, da liberdade
de expressão e da justiça so-
cial, o deputado é um dos
mais combativos parlamen-
tares do Congresso Nacio-
nal. Seus discursos e suas
ações revelam um político
idealista e preparado para fa-
zer a diferença em um meio
dominado por parasitas. E
o quão preconceituoso eu ha-
via sido. Felizmente, tive
tempo de reparar a injustiça.
Tenho mantido contato
telefônico com Jean. Em nos-
sa última conversa falamos
sobre o renascimento do na-
zifascismo e do perigo que
ele representa à democracia.
Os nazifascistas que promo-
veram no último sábado um
ato de apoio ao deputado
Jair Bolsonaro não são me-
ros preconceituosos. O pre-
conceito nasce da falta de in-
formação e pode ser corrigi-
do. O nazifascismo é um con-
ceito. Ele tem objetivos cla-
ros.
O campineiro Jair Bolso-
naro, eleito pelo Rio, é um
notório homofóbico. Segun-
do ele, homossexualidade é
“falta de surra”. Saudoso da
ditadura militar e defensor
da tortura, quer o fuzilamen-
to do ex-presidente Fernan-
do Henrique Cardoso e se di-
rige à presidente Dilma Rous-
seff como “terrorista”. Agora
tem apontado sua metralha-
dora giratória para o deputa-
do Jean Wyllys, a quem acu-
sa de atentar contra a família
e os bons costumes ao pro-
por uma “ditadura gay” no
Brasil.
O fascismo de Bolsonaro,
que estava desmoralizado
desde o fim do regime mili-
tar, é reflexo das eleições de
2010. Colhemos hoje os fru-
tos (podres) que José Serra
cultivou ao se aliar às forças
mais conservadoras da socie-
dade, ressuscitando e dando
voz a grupos obscuros, como
o Opus Dei e a TFP.
Enquanto dispara o núme-
ro de homossexuais agredi-
dos nas ruas de São Paulo, al-
guns órgãos de imprensa
abrem espaço para colunis-
tas defenderem a homofo-
bia. Em uma “notícia”, publi-
cada na versão on-line do
Jornal do Brasil, o pseudo-
jornalista Jefferson Nóbrega
acusa o deputado Jean de in-
citar a “guerra contra os cris-
tãos” e promover a “censura
na internet”.
Trata-se de uma acusação
caluniosa, difamadora e irres-
ponsável. Primeiro porque
não há sinais de intolerância
religiosa no discurso de Jean
Wyllys, que integra a banca-
da da Comissão dos Direitos
Humanos. E segundo por-
que nenhum deputado teria
atribuições para censurar si-
tes na internet — ainda que
estes sites sejam criminosos.
Liberdade de expressão é
um direito que a democracia
assegura ao cidadão. Mas to-
do direito vem acompanha-
do de deveres. Aquele que
defende crimes — como o es-
pancamento de homosse-
xuais, por exemplo — deve
ser responsabilizado por
suas declarações ou atos. E é
isto, apenas isto, o que o de-
putado Jean tem batalhado
passagem pela polícia e ros-
tos cobertos por capuz), não
passavam de trinta e poucas
almas. Mas a história ensina
que não é prudente subesti-
mar grupos ilegais que se or-
ganizam nos subterrâneos.
Desde que passou a cha-
mar a atenção das autorida-
des e da sociedade civil para
este fato, o deputado Jean
Wyllys tem recebido reitera-
das ameaças de morte. É in-
compreensível a demora do
Ministério Público em agir
nesta direção.
O que falta a estes jovens
violentos, racistas e homofó-
bicos? Apenas uma liderança
que os guie por caminhos de
separação e ódio. Bolsonaro,
em busca dos votos deste
segmento, parece não se im-
portar em assumir este pa-
pel deplorável. Nunca a bata-
lha de ideias se fez tão urgen-
te e necessária.
I I Bruno Ribeiro é jornalista da Agência
Anhanguera de Notícias
(bruno@rac.com.br)

sudoku quadrinhos
Como jogar
Tatu-man / Bira
* Cada fileira (vertical e horizontal) de-
verá conter números de 1 a 9;
* Cada grade menor, de 3 x 3 quadra-
dos, deverá conter números de 1 a 9;
* Nas fileiras horizontais e verticais da
grade maior, cada número deverá apare-
cer uma só vez;
* O objetivo do jogo é preencher cada
quadrado com um número de 1 a 9,
Os jogos considerando que o número deverá apa-
pertencem aos recer apenas uma vez na horizontal, na
livros Sudoku vertical e na grade menor.
Puzzles 100,
volumes 1, 2,
3, 4, 5, 6 e 7
publicados pela
Verus Editora.
Mais Tubino / Tannus Jr.
informações em
Resposta

www.verusedito-
ra.com.br

cruzadas

Samanta / Alberto Alpino

Xaxado / Antonio Cedraz

Hagar / Dik Browne

Recruta Zero / Mort Walker