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A Importância da Introdução –
Os primeiros contatos do estudante com a Ciência do Direito se fazem através da Introdução ao Estudo do
Direito, que funciona como um elo entre a cultura geral, obtida no curso médio, e a cultura específica do
Direito.
É através da Introdução ao Estudo do Direito que o estudante deverá superar esses primeiros desafios e testar
a sua vocação para a Ciência do Direito.
A importância de nossa disciplina, entretanto, não decorre apenas do fato de propiciar aos estudantes a
adaptação ao curso, de vez que ministra também noções essenciais à formação de uma consciência jurídica.
Além de descortinar os horizontes do Direito pelo estudo dos conceitos jurídicos fundamentais, a Introdução
lança no espírito dos estudantes, em época própria, os dados que tornarão possível, no futuro, o
desenvolvimento do raciocínio jurídico a ser aplicado nos campos específicos do conhecimento jurídico.
DIREITO NATURAL: são aspirações jurídicas de determinada época que surgem da natureza social do
homem e que se revelam pela conjugação da experiência e da razão.
- É um conjunto de princípios universais.
- Não é algo escrito, mas deverá ser consagrado pelo direito positivo, a fim de se ter um ordenamento
jurídico (conjunto de normas jurídicas; conduta exigida ou o modelo imposto de organização social)
realmente justo.
- Para alguns autores, o Direito Natural não é mutável, o que muda é a forma como a sociedade o encara.
- Para outros, ele muda, vai evoluindo com a sociedade e sendo acrescentado por novos ideais, novas
aspirações.
- Como o adjetivo natural indica, é um Direito espontâneo, que se origina da própria natureza social do
homem;
- É revelado pela conjugação da experiência e razão;
- Desde o princípio o homem exerceu o direito como símbolo de autoridade no lar, na clã, sociedade –
exercido pelos “cabeças” inspirados apenas pela “intuição jurídica” – todos temos um senso de justiça e de
julgamento;
- É um conjunto de princípios, e não de regras, tendo caráter universal, eterno e imutável;
- Exemplos: direito à vida e a liberdade.
DIREITO POSITIVO: é o Direito criado ou reconhecido pelo Estado; é a ordem jurídica obrigatória num
determinado tempo e lugar.
- Independentemente de ser escrito ou não, pois outras formas de expressão jurídica constituem, também,
Direito Positivo (ex.:os costumes, jurisprudência).
- É ordem jurídica obrigatória em determinado lugar e tempo.
- O que é essencial saber é que o Direito Positivo é o Direito institucionalizado pelo Estado.
Obs.:Direito Natural e Direito Positivo são distintos, mas se interligam, convergem-se reciprocamente, pois,
como vimos nos conceitos acima, o Direito Natural depende de uma consagração do Direito Positivo, de um
respaldo pelo Estado, para que exista um ordenamento ou ordem jurídica justa.
De outro lado, o Direito Positivo também deve atentar, observar, as aspirações, os ideais, da sociedade, no
tempo e no espaço, para que a ordem jurídica seja respeitada e não algo arbitrário.
DIREITO OBJETIVO: é o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto objetivo, ou seja, é a
norma de conduta e organização social.
DIREITO SUBJETIVO: é o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto subjetivo.
- São as possibilidades ou poderes de agir que uma ordem jurídica ou um contrato garante a alguém de exigir
de outra pessoa uma conduta ou uma omissão.
- É o direito personalizado, é a norma (direito objetivo) perdendo o seu caráter teórico e se projetando numa
relação jurídica concreta, numa situação que ocorreu.
Ex.:Fulano tem direito à hora-extra porque trabalhou depois de seu horário normal. Beltrano tem direito à
indenização porque foi publicada, num jornal de grande circulação, uma notícia falsa a seu respeito.
Para Hans Kelsen: direito subjetivo é a expressão do dever jurídico; reflete o que é devido por alguém em
virtude de uma regra de direito. É um modo de ser da norma jurídica
Direito Subjetivo, então, pode ser definido como a possibilidade de uma pretensão, unida à exigibilidade de
uma prestação ou de um ato de outrem.
- Não é apenas uma faculdade, mas a possibilidade ou poder de agir dado a alguém, pela lei ou pelo contrato,
de exigir de outra uma conduta ou uma omissão.
Adaptação Interna -Também denominada orgânica, esta forma de adaptação se processa através dos órgãos
do corpo, sem a intervenção do elemento vontade. Tal processo não constitui privilégio do homem, mas um
mecanismo comum a todos os seres vivos da escala animal e vegetal. Os órgãos, em seu ininterrupto
trabalho, desenvolvendo funções de vida, superam situações físicas adversas, algumas transitórias e outras
permanentes, mediante transformações operadas na área atingida ou no todo orgânico. A perda de um rim
promove ativo trabalho de adaptação orgânica às novas condições, com o órgão solitário passando a
desenvolver uma atividade mais intensa. Pessoas que se locomovem para regiões de maior altitude sentem-se
afetadas pela menor pressão atmosférica, o que provoca o início imediato de um processo de adaptação, no
qual várias modificações são realizadas, salientando-se a multiplicação dos glóbulos vermelhos no sangue.
Em pouco tempo, porém, readquirem o vigor físico, voltando às suas condições normais de vida.
Adaptação Externa - Ao homem compete, com esforço e inteligência, complementar a obra da natureza. As
necessidades humanas, não supridas diretamente pela natureza, obrigam-no a desenvolver esforço no sentido
de gerar os recursos indispensáveis. Consciente de suas necessidades e carências, ele elabora. Em
conseqüência de seu esforço, perspicácia e imaginação, surge o chamado mundo da cultura, composto de
tudo aquilo que ele constrói, visando a sua adaptação externa: a cadeira, o metrô, uma canção, as crenças, os
códigos etc. O processo adaptativo é elaborado sempre diante de uma necessidade, configurada por um
obstáculo da natureza ou de carências. Esta forma de adaptação é igualmente denominada extra-orgânica.
A própria vida em sociedade já constitui um processo de adaptação humana. Para atingir a plenitude do seu
ser, o homem precisa não só da convivência, mas da participação na sociedade.
Do trabalho que esta produz, o homem extrai proveitos e se realiza não apenas quando aufere os benefícios
que a coletividade gera, mas principalmente quando se faz presente nos processos criativos.
Direito e Adaptação:
Colocações Prévias - A relação entre a sociedade e o Direito apresenta um duplo sentido de adaptação: de
um lado, o ordenamento jurídico é elaborado como processo de adaptação social e, para isto, deve ajustar-se
às condições do meio; de outro, o Direito estabelecido cria a necessidade de o povo adaptar o seu
comportamento aos novos padrões de convivência. A vida em sociedade pressupõe organização e implica a
existência do Direito. A sociedade cria o Direito no propósito de formular as bases da justiça e segurança.
Com este processo as ações sociais ganham estabilidade. A vida social torna-se viável.
O Direito, porém, não é uma força que gera, unilateralmente, o bem-estar social. Os valores espirituais que o
Direito apresenta não são inventos do legislador.
Por definição, o Direito deve ser uma expressão da vontade social e, assim, a legislação deve apenas
assimilar os valores positivos que a sociedade estima e vive. O Direito não é, portanto, uma fórmula mágica
capaz de transformar a natureza humana. Se o homem em sociedade não está propenso a acatar os valores
fundamentais do bem comum, de vivê-los em suas ações, o Direito será inócuo, impotente para realizar a sua
missão.
Por não ser criado pelo homem, o Direito Natural, que corresponde a uma ordem de justiça que a própria
natureza ensina aos homens pelas vias da experiência e da razão, não pode ser admitido como um processo
de adaptação social.
O Direito Positivo, aquele que o Estado impõe à coletividade, é que deve estar adaptado aos princípios
fundamentais do Direito Natural, cristalizados no respeito à vida, à liberdade e aos seus desdobramentos
lógicos. À indagação, no campo da mera hipótese e especulação, se o Direito se apresentaria como um
processo de adaptação, caso a natureza humana atingisse o nível da perfeição, impõe-se a resposta negativa.
Se reconhecemos que o Direito surge em decorrência de um necessidade humana de ordem e equilíbrio,
desde que desapareça a necessidade, cessará, obviamente, a razão de ser do mecanismo de adaptação. Outras
normas sociais continuarão existindo, com o caráter, meramente indicativo, como as relativas à higiene
pública, trânsito, tributos, mas sem o elemento coercibilidade, que é uma característica exclusiva do Direito.
O Direito como Processo de Adaptação Social - As necessidades de paz, ordem e bem comum levam a
sociedade à criação de um organismo responsável pela instrumentalização e regência desses valores. Ao
Direito é conferida esta importante missão.
A sua faixa ontológica localiza-se no mundo da cultura, pois representa elaboração humana. O Direito não
corresponde às necessidades individuais, mas a uma carência da coletividade.
A sua existência exige uma equação social. O homem que vive fora da sociedade vive fora do império das
leis. O homem só, não possui direitos nem deveres. Para o homem e para a sociedade, o Direito não constitui
um fim, apenas um meio para tornar possível a convivência e o progresso social. Apesar de possuir um
substrato axiológico permanente, que reflete a estabilidade da natureza humana "o Direito é um engenho à
mercê da sociedade e deve ter a sua direção de acordo com os rumos sociais”.
As instituições jurídicas são inventos humanos que sofrem variações no tempo e no espaço. Como processo
de adaptação social, o Direito deve estar sempre se refazendo, em face da mobilidade social. A necessidade
de ordem, paz, segurança, justiça, que o Direito visa a atender, exige procedimentos sempre novos. Se o
Direito se envelhece, deixa de ser um processo de adaptação, pois passa a não exercer a função para a qual
foi criado.
Não basta, portanto, o ser do Direito na sociedade, é indispensável o ser atuante, o ser atualizado. Os
processos de adaptação devem-se renovar, pois somente assim o Direito será um instrumento eficaz na
garantia do equilíbrio e da harmonia social. Este processo de adaptação externa da sociedade compõe-se de
normas jurídicas, que são as células do Direito, modelos de comportamento social, que fixam limites à
liberdade do homem, mediante imposição de condutas. Na sua missão de proporcionar bem-estar, a fim de
que os homens possam livremente atingir os ideais de vida e desenvolver o seu potencial para o bem, o
Direito não deve absorver todos os atos e manifestações humanas, de vez que não é o único responsável pelo
sucesso das relações sociais.
A Moral, a Religião, as Regras de Trato Social, igualmente zelam pela solidariedade e benquerença entre os
homens. Cada qual, porém, em sua faixa própria. A do Direito é regrar a conduta social, com vista à
segurança e justiça. A sua intervenção no comportamento social deve ocorrer, unicamente, em função
daqueles valores. Somente os fatos sociais mais importantes para o convívio social devem ser disciplinados.
O Direito, portanto, não visa ao aperfeiçoamento do homem - esta meta pertence à Moral; não pretende
preparar o ser humano para a conquista de uma vida supraterrena, ligada a Deus - valor perquirido pela
Religião; não se preocupa em incentivar a cortesia, o cavalheirismo ou as normas de etiqueta - âmbito
específico das Regras de Trato Social. Se o Direito regulamentasse todos os atos sociais, o homem perderia a
iniciativa, a sua liberdade seria utópica e passaria a viver como autômato.
De uma forma enfática, Pontes de Miranda se refere ao Direito como um fenômeno de adaptação: “O Direito
não é outra coisa que processo de adaptação". Direito é processo de adaptação social, que consiste em se
estabelecerem regras de conduta, cuja incidência é independente da adesão daqueles a que a incidência da
regra jurídica possa interessar.
A dificuldade em se adaptar ao sistema jurídico, leis projetadas para outra realidade, tem sido o grande
obstáculo ao fenômeno da recepção do Direito.
A Adaptação das Ações Humanas ao Direito - A sociedade cria o Direito e, ao mesmo tempo, se submete aos
seus efeitos. O novo Direito impõe, em primeiro lugar, um processo de assimilação e, posteriormente, de
adequação de atitudes. O conhecimento do ordenamento jurídico estabelecido não é preocupação exclusiva
de seus destinatários. O mundo jurídico passa a se empenhar na exegese do verdadeiro sentido e alcance das
regras introduzidas no meio social.
Esta fase de cognição do Direito algumas vezes é complexa. As interrogações que a lei apresenta abrem
divergências na doutrina e nos tribunais, além de deixar inseguros os seus destinatários. Com a definição do
espírito da lei, a sociedade passa a viver e a se articular de acordo com os novos parâmetros.
Em relação aos seus interesses particulares e na gestão de seus negócios, os homens pautam o seu
comportamento e se guiam em conformidade com os atuais conceitos de lícito e de ilícito. As condições
ambientais favoráveis à interação social não são obtidas com a pura criação do Direito. É indispensável que a
lei promulgada ganhe efetividade, isto é, que os comandos por ela estabelecidos sejam vividos e aplicados
nos diferentes níveis de relacionamento humano.
O conteúdo de justiça da lei e o sentimento de respeito ao homem pelo bem comum devem ser a motivação
maior dos processos de adaptação à nova lei. Contudo, a experiência revela que o homem, não obstante a sua
tendência para o bem, é fraco (?).
Por este motivo o respeito pela lei é dado mais pelo medo da sanção, do que pelo respeito e busca pelo bem
comum.
2. Moral: são normas que orientam as consciências humanas em suas atitudes. Preocupa-se com o bem, no
sentido integral (de realização) e integrado (condicionamento ao interesse do próximo).
Direito: exterior – não age no plano da consciência, do pensamento, mas apenas nos atos que se
exteriorizam;
Moral: se preocupa com a vida interior das pessoas, julgando os atos externos pelo interior.
3. Religião: sistema de princípios e preceitos para a realização da vontade divina, com o propósito de
conduzir o homem à felicidade eterna. Não se limita a descrever o além e/ou Criador. Preocupa-se com o
bem, no sentido de deveres do homem com o Criador, com a divindade; impõe ao homem certos limites.
Obs.:não limitar a Religião apenas ao Catolicismo. Religião, aqui, é tomada num sentido maior: Religião:
1. Crença na existência duma força ou forças sobrenaturais.
2. Manifestação de tal crença por meio de doutrina e ritual próprios.
3. Devoção, piedade.
- também não pode impor sanções penais aos que desobedecem as regras traçadas: p.ex. ninguém pode ser
preso porque não entregou o dízimo;
- apóia-se numa regra de conduta, dever moral de cumprir as regras traçadas.
4. Regras de trato social: são padrões de conduta social ditados pela própria sociedade, com o propósito de
tornar mais agradável, ameno, o ambiente social. São exemplos: a cortesia, a etiqueta, a linguagem, o decoro,
o companheirismo, etc.
ATENÇÃO: A bilateralidade e a coercibilidade são características próprias do Direito. Não estão presentes
nos demais instrumentos de controle social.