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O ESTUDO DO DIREITO:

Introdução ao Estudo do Direito:


- A disciplina surgiu em 1931 com nome de Introdução à Ciência do Direito;
- Em 1972 o Conselho Federal de Educação rebatizou a disciplina como Introdução ao Estudo do Direito;
- Devemos aprender Direito não só para ser advogado, mas para ver o que o Direito tem para nos ensinar
para a vida;
* O homem é um ser premido entre duas forças antagônicas: a tradição que o amarra ao passado e a
revolução que o liberta para o futuro.
- Na vida social estão sempre presentes alguma contestação da ordem estabelecida e alguma proposta e
transformação: 3 formas de contestação:
- Revoltados: são contra tudo, mas não tem objetivos, não tem propostas, é igual cachorro correndo atrás de
pneu de carro, late e quando o carro para não fazem nada;
- Golpistas: movimento que visa apenas a substituição das pessoas no poder, mesmo que continue tudo do
mesmo jeito;
- Revolucionário: estes tem fins específicos relativamente ao poder, ao social, política, economia, etc.
- Todos conhecemos o Direito e lidamos com o Direito: p.ex. todos conhecem contratos, direitos do
consumidor, etc;
- Todos fazemos julgamentos e damos sentença, e criticamos juizes; p.ex.caso dos filhos dos
desembargadores que queimaram os índios pataxós, em Brasilia;
- Se fizermos um levantamento de todos os conhecimentos jurídicos que trazemos conosco ficaremos
surpreendidos – este conhecimento chama-se conhecimento empírico;
Conhecimento Empírico – aquele que foi adquirido e acumulado exclusivamente pela experiência, pela
empíria da vida, sem nenhum método ou análise crítica;
- O Curso de Direito nos proporcionará adquirir um conhecimento jurídico de forma científica;
- Pergunto: o conhecimento científico deve substituir o conhecimento empírico por completo?
- Não podemos esquecer que o Direito é uma ciência que lida com a sociedade, pessoas, sentimentos –
experiências são insubstituíveis, mas para o aplicador do Direito o conhecimento científico lhe será mais útil;
- Todas as normas jurídicas legislativas brotam dos anseios dos homens;
- As Leis precisam ser entendidas, interpretadas e devemos buscar o que o legislador quis dizer;
- Não basta ter um direito, mas é preciso conhecê-lo e exercê-lo – Direito Subjetivo;
- Todos podem e devem exercer seus direitos – mas nunca abusar dele.
- O século XX possibilitou o desenvolvimento da ciência do Direito como nunca houve, principalmente pela
genialidade do jurista austríaco Hans Kelsen;

A Necessidade de um Sistema de Idéias Gerais do Direito:


O ensino de uma ciência pressupõe a organização de uma disciplina de base, introdutória à matéria, a quem
cumpre definir o objeto de estudo, indicar os limites da área de conhecimento, apresentar as características
fundamentais da ciência, seus fundamentos e valores primordiais.
À medida que a ciência evolui e cresce o seu campo de pesquisa, torna-se patente a necessidade da
elaboração de uma disciplina estrutural, com o propósito de agrupar os conceitos e elementos comuns às
novas especializações.
O desenvolvimento alcançado pela Ciência do Direito, a partir da era da codificação, com a multiplicação
dos institutos jurídicos, formação incessante de novos conceitos e permanente ampliação da terminologia
específica, exigiu a criação de um sistema de idéias gerais, capaz de revelar o Direito como um todo e alinhar
os seus elementos comuns. A árvore jurídica, a cada dia que passa, torna-se mais densa, com o surgimento de
novos ramos que, em permanente adequação às transformações sociais, especializam-se em sub-ramos.
Em decorrência desse fenômeno de crescimento do Direito Positivo, de expansão dos códigos e leis, aumenta
a dependência do ensino da Jurisprudência às disciplinas propedêuticas que possuem a arte de centralizar os
elementos necessários e universais do Direito, seus conceitos fundamentais, em um foco de reduzido
diâmetro. Em função dessa necessidade, é imperioso proceder-se à escolha de uma disciplina, entre as várias
sugeridas pela doutrina, capaz de atender, ao mesmo tempo, às exigências pedagógicas e científicas.
Antes de a Introdução ao Estudo do Direito ser reconhecida mundialmente como a mais indicada, houve
várias tentativas e experiências com a Enciclopédia Jurídica, Filosofia do Direito, Teoria Geral do Direito e
Sociologia do Direito.

A Importância da Introdução –
Os primeiros contatos do estudante com a Ciência do Direito se fazem através da Introdução ao Estudo do
Direito, que funciona como um elo entre a cultura geral, obtida no curso médio, e a cultura específica do
Direito.
É através da Introdução ao Estudo do Direito que o estudante deverá superar esses primeiros desafios e testar
a sua vocação para a Ciência do Direito.
A importância de nossa disciplina, entretanto, não decorre apenas do fato de propiciar aos estudantes a
adaptação ao curso, de vez que ministra também noções essenciais à formação de uma consciência jurídica.
Além de descortinar os horizontes do Direito pelo estudo dos conceitos jurídicos fundamentais, a Introdução
lança no espírito dos estudantes, em época própria, os dados que tornarão possível, no futuro, o
desenvolvimento do raciocínio jurídico a ser aplicado nos campos específicos do conhecimento jurídico.

Estudo dos Conceitos de Direito:


- Dificuldade de definição do termo;
- Do latim jus – direito, se tornando derectum – o que é reto, direito;
- Para Grego – deusa Diké com balança na mão: o justo (o direito) significa o que é igual, igualdade, busca
do equilíbrio;
- Para Romanos deusa Iustitia: olhos vendados e balança com fiel no meio; havia justiça quando fiel estava
na vertical, quando estava direito (rectum), perfeitamente reto;
- Para romano a deusa usava as duas mãos – significando a firmeza dos juizes;
- O Direito é a intenção firme e constante de dar a cada um o que é seu, não lesar os outros, realizar a justiça;
- Direito é o conjunto das regras dotadas de coercitividade e emanadas do poder constituído;
- Direito é aquilo que está conforme a Lei; seria a própria Lei; é o conjunto de Leis; a ciência que estuda as
Leis;
- Direito é um conjunto de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado, para a realização
da segurança, segundo os critérios da justiça.

DIREITO NATURAL: são aspirações jurídicas de determinada época que surgem da natureza social do
homem e que se revelam pela conjugação da experiência e da razão.
- É um conjunto de princípios universais.
- Não é algo escrito, mas deverá ser consagrado pelo direito positivo, a fim de se ter um ordenamento
jurídico (conjunto de normas jurídicas; conduta exigida ou o modelo imposto de organização social)
realmente justo.
- Para alguns autores, o Direito Natural não é mutável, o que muda é a forma como a sociedade o encara.
- Para outros, ele muda, vai evoluindo com a sociedade e sendo acrescentado por novos ideais, novas
aspirações.
- Como o adjetivo natural indica, é um Direito espontâneo, que se origina da própria natureza social do
homem;
- É revelado pela conjugação da experiência e razão;
- Desde o princípio o homem exerceu o direito como símbolo de autoridade no lar, na clã, sociedade –
exercido pelos “cabeças” inspirados apenas pela “intuição jurídica” – todos temos um senso de justiça e de
julgamento;
- É um conjunto de princípios, e não de regras, tendo caráter universal, eterno e imutável;
- Exemplos: direito à vida e a liberdade.

DIREITO POSITIVO: é o Direito criado ou reconhecido pelo Estado; é a ordem jurídica obrigatória num
determinado tempo e lugar.
- Independentemente de ser escrito ou não, pois outras formas de expressão jurídica constituem, também,
Direito Positivo (ex.:os costumes, jurisprudência).
- É ordem jurídica obrigatória em determinado lugar e tempo.
- O que é essencial saber é que o Direito Positivo é o Direito institucionalizado pelo Estado.
Obs.:Direito Natural e Direito Positivo são distintos, mas se interligam, convergem-se reciprocamente, pois,
como vimos nos conceitos acima, o Direito Natural depende de uma consagração do Direito Positivo, de um
respaldo pelo Estado, para que exista um ordenamento ou ordem jurídica justa.
De outro lado, o Direito Positivo também deve atentar, observar, as aspirações, os ideais, da sociedade, no
tempo e no espaço, para que a ordem jurídica seja respeitada e não algo arbitrário.

DIREITO OBJETIVO: é o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto objetivo, ou seja, é a
norma de conduta e organização social.

DIREITO SUBJETIVO: é o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto subjetivo.
- São as possibilidades ou poderes de agir que uma ordem jurídica ou um contrato garante a alguém de exigir
de outra pessoa uma conduta ou uma omissão.
- É o direito personalizado, é a norma (direito objetivo) perdendo o seu caráter teórico e se projetando numa
relação jurídica concreta, numa situação que ocorreu.
Ex.:Fulano tem direito à hora-extra porque trabalhou depois de seu horário normal. Beltrano tem direito à
indenização porque foi publicada, num jornal de grande circulação, uma notícia falsa a seu respeito.

O Direito subjetivo pode ser:


1) patrimonial (direitos reais e obrigacionais). O direito patrimonial é alienável e transferível para outra
pessoa (pode ser dado, vendido, trocado); exemplo o direito de propriedade.
2) não patrimonial. O direito não patrimonial não é alienável, não é transferível; exemplo: direito à vida;
direito ao nome (o artigo 16 do Código Civil prevê: toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendido o
prenome e o sobrenome).

TEORIAS SOBRE A NATUREZA DO DIREITO SUBJETIVO:


Teoria Subjetiva: Windscheid (jurista alemão pandectista): direito subjetivo é a vontade juridicamente
protegida.
Problemas detectados:
- há casos que o direito subjetivo existe a despeito da vontade do titular (ex. o credor não exerce seu direito
de cobrar o crédito);
- há casos que o direito subjetivo existe mesmo contra a vontade do titular (ex.:o direito às férias permanece
mesmo se o trabalhador não quiser sair de férias);
- há casos que o direito subjetivo existe mesmo sem a pessoa ter vontade (ex.:os incapazes têm direitos, mas
não conseguem exprimir sua vontade);
- há casos que o direito subjetivo existe, mas seu titular desconhece (ex.:a morte do pai de Fulano num lugar
desconhecido não retira o direito do filho à herança).

Para Hans Kelsen: direito subjetivo é a expressão do dever jurídico; reflete o que é devido por alguém em
virtude de uma regra de direito. É um modo de ser da norma jurídica

Direito Subjetivo, então, pode ser definido como a possibilidade de uma pretensão, unida à exigibilidade de
uma prestação ou de um ato de outrem.
- Não é apenas uma faculdade, mas a possibilidade ou poder de agir dado a alguém, pela lei ou pelo contrato,
de exigir de outra uma conduta ou uma omissão.

O DIREITO COMO MECANISMO DE ADAPTAÇÃO SOCIAL:


O Fenômeno da Adaptação Humana.
Aspectos Gerais - Para alcançar a realização de seus ideais de vida - individuais, sociais ou de humanidade -o
homem tem de atender às exigências de um condicionamento imensurável: submeter-se às leis da natureza e
construir o seu mundo cultural.
O condicionamento, imposto ao homem de forma inexorável, gera múltiplas necessidades, por ele atendidas
mediante os processos de adaptação. Graças a esse mecanismo, o homem se torna forte, resistente, apto a
enfrentar os rigores da natureza, capaz de viver em sociedade, desfrutar de justiça e segurança, de conquistar,
enfim, o seu mundo cultural. Por dois processos distintos -interna e externamente -se faz a adaptação
humana.

Adaptação Interna -Também denominada orgânica, esta forma de adaptação se processa através dos órgãos
do corpo, sem a intervenção do elemento vontade. Tal processo não constitui privilégio do homem, mas um
mecanismo comum a todos os seres vivos da escala animal e vegetal. Os órgãos, em seu ininterrupto
trabalho, desenvolvendo funções de vida, superam situações físicas adversas, algumas transitórias e outras
permanentes, mediante transformações operadas na área atingida ou no todo orgânico. A perda de um rim
promove ativo trabalho de adaptação orgânica às novas condições, com o órgão solitário passando a
desenvolver uma atividade mais intensa. Pessoas que se locomovem para regiões de maior altitude sentem-se
afetadas pela menor pressão atmosférica, o que provoca o início imediato de um processo de adaptação, no
qual várias modificações são realizadas, salientando-se a multiplicação dos glóbulos vermelhos no sangue.
Em pouco tempo, porém, readquirem o vigor físico, voltando às suas condições normais de vida.

Adaptação Externa - Ao homem compete, com esforço e inteligência, complementar a obra da natureza. As
necessidades humanas, não supridas diretamente pela natureza, obrigam-no a desenvolver esforço no sentido
de gerar os recursos indispensáveis. Consciente de suas necessidades e carências, ele elabora. Em
conseqüência de seu esforço, perspicácia e imaginação, surge o chamado mundo da cultura, composto de
tudo aquilo que ele constrói, visando a sua adaptação externa: a cadeira, o metrô, uma canção, as crenças, os
códigos etc. O processo adaptativo é elaborado sempre diante de uma necessidade, configurada por um
obstáculo da natureza ou de carências. Esta forma de adaptação é igualmente denominada extra-orgânica.
A própria vida em sociedade já constitui um processo de adaptação humana. Para atingir a plenitude do seu
ser, o homem precisa não só da convivência, mas da participação na sociedade.
Do trabalho que esta produz, o homem extrai proveitos e se realiza não apenas quando aufere os benefícios
que a coletividade gera, mas principalmente quando se faz presente nos processos criativos.

Direito e Adaptação:
Colocações Prévias - A relação entre a sociedade e o Direito apresenta um duplo sentido de adaptação: de
um lado, o ordenamento jurídico é elaborado como processo de adaptação social e, para isto, deve ajustar-se
às condições do meio; de outro, o Direito estabelecido cria a necessidade de o povo adaptar o seu
comportamento aos novos padrões de convivência. A vida em sociedade pressupõe organização e implica a
existência do Direito. A sociedade cria o Direito no propósito de formular as bases da justiça e segurança.
Com este processo as ações sociais ganham estabilidade. A vida social torna-se viável.
O Direito, porém, não é uma força que gera, unilateralmente, o bem-estar social. Os valores espirituais que o
Direito apresenta não são inventos do legislador.
Por definição, o Direito deve ser uma expressão da vontade social e, assim, a legislação deve apenas
assimilar os valores positivos que a sociedade estima e vive. O Direito não é, portanto, uma fórmula mágica
capaz de transformar a natureza humana. Se o homem em sociedade não está propenso a acatar os valores
fundamentais do bem comum, de vivê-los em suas ações, o Direito será inócuo, impotente para realizar a sua
missão.
Por não ser criado pelo homem, o Direito Natural, que corresponde a uma ordem de justiça que a própria
natureza ensina aos homens pelas vias da experiência e da razão, não pode ser admitido como um processo
de adaptação social.
O Direito Positivo, aquele que o Estado impõe à coletividade, é que deve estar adaptado aos princípios
fundamentais do Direito Natural, cristalizados no respeito à vida, à liberdade e aos seus desdobramentos
lógicos. À indagação, no campo da mera hipótese e especulação, se o Direito se apresentaria como um
processo de adaptação, caso a natureza humana atingisse o nível da perfeição, impõe-se a resposta negativa.
Se reconhecemos que o Direito surge em decorrência de um necessidade humana de ordem e equilíbrio,
desde que desapareça a necessidade, cessará, obviamente, a razão de ser do mecanismo de adaptação. Outras
normas sociais continuarão existindo, com o caráter, meramente indicativo, como as relativas à higiene
pública, trânsito, tributos, mas sem o elemento coercibilidade, que é uma característica exclusiva do Direito.

O Direito como Processo de Adaptação Social - As necessidades de paz, ordem e bem comum levam a
sociedade à criação de um organismo responsável pela instrumentalização e regência desses valores. Ao
Direito é conferida esta importante missão.
A sua faixa ontológica localiza-se no mundo da cultura, pois representa elaboração humana. O Direito não
corresponde às necessidades individuais, mas a uma carência da coletividade.
A sua existência exige uma equação social. O homem que vive fora da sociedade vive fora do império das
leis. O homem só, não possui direitos nem deveres. Para o homem e para a sociedade, o Direito não constitui
um fim, apenas um meio para tornar possível a convivência e o progresso social. Apesar de possuir um
substrato axiológico permanente, que reflete a estabilidade da natureza humana "o Direito é um engenho à
mercê da sociedade e deve ter a sua direção de acordo com os rumos sociais”.
As instituições jurídicas são inventos humanos que sofrem variações no tempo e no espaço. Como processo
de adaptação social, o Direito deve estar sempre se refazendo, em face da mobilidade social. A necessidade
de ordem, paz, segurança, justiça, que o Direito visa a atender, exige procedimentos sempre novos. Se o
Direito se envelhece, deixa de ser um processo de adaptação, pois passa a não exercer a função para a qual
foi criado.
Não basta, portanto, o ser do Direito na sociedade, é indispensável o ser atuante, o ser atualizado. Os
processos de adaptação devem-se renovar, pois somente assim o Direito será um instrumento eficaz na
garantia do equilíbrio e da harmonia social. Este processo de adaptação externa da sociedade compõe-se de
normas jurídicas, que são as células do Direito, modelos de comportamento social, que fixam limites à
liberdade do homem, mediante imposição de condutas. Na sua missão de proporcionar bem-estar, a fim de
que os homens possam livremente atingir os ideais de vida e desenvolver o seu potencial para o bem, o
Direito não deve absorver todos os atos e manifestações humanas, de vez que não é o único responsável pelo
sucesso das relações sociais.
A Moral, a Religião, as Regras de Trato Social, igualmente zelam pela solidariedade e benquerença entre os
homens. Cada qual, porém, em sua faixa própria. A do Direito é regrar a conduta social, com vista à
segurança e justiça. A sua intervenção no comportamento social deve ocorrer, unicamente, em função
daqueles valores. Somente os fatos sociais mais importantes para o convívio social devem ser disciplinados.
O Direito, portanto, não visa ao aperfeiçoamento do homem - esta meta pertence à Moral; não pretende
preparar o ser humano para a conquista de uma vida supraterrena, ligada a Deus - valor perquirido pela
Religião; não se preocupa em incentivar a cortesia, o cavalheirismo ou as normas de etiqueta - âmbito
específico das Regras de Trato Social. Se o Direito regulamentasse todos os atos sociais, o homem perderia a
iniciativa, a sua liberdade seria utópica e passaria a viver como autômato.
De uma forma enfática, Pontes de Miranda se refere ao Direito como um fenômeno de adaptação: “O Direito
não é outra coisa que processo de adaptação". Direito é processo de adaptação social, que consiste em se
estabelecerem regras de conduta, cuja incidência é independente da adesão daqueles a que a incidência da
regra jurídica possa interessar.
A dificuldade em se adaptar ao sistema jurídico, leis projetadas para outra realidade, tem sido o grande
obstáculo ao fenômeno da recepção do Direito.

A Adaptação das Ações Humanas ao Direito - A sociedade cria o Direito e, ao mesmo tempo, se submete aos
seus efeitos. O novo Direito impõe, em primeiro lugar, um processo de assimilação e, posteriormente, de
adequação de atitudes. O conhecimento do ordenamento jurídico estabelecido não é preocupação exclusiva
de seus destinatários. O mundo jurídico passa a se empenhar na exegese do verdadeiro sentido e alcance das
regras introduzidas no meio social.
Esta fase de cognição do Direito algumas vezes é complexa. As interrogações que a lei apresenta abrem
divergências na doutrina e nos tribunais, além de deixar inseguros os seus destinatários. Com a definição do
espírito da lei, a sociedade passa a viver e a se articular de acordo com os novos parâmetros.
Em relação aos seus interesses particulares e na gestão de seus negócios, os homens pautam o seu
comportamento e se guiam em conformidade com os atuais conceitos de lícito e de ilícito. As condições
ambientais favoráveis à interação social não são obtidas com a pura criação do Direito. É indispensável que a
lei promulgada ganhe efetividade, isto é, que os comandos por ela estabelecidos sejam vividos e aplicados
nos diferentes níveis de relacionamento humano.

O conteúdo de justiça da lei e o sentimento de respeito ao homem pelo bem comum devem ser a motivação
maior dos processos de adaptação à nova lei. Contudo, a experiência revela que o homem, não obstante a sua
tendência para o bem, é fraco (?).
Por este motivo o respeito pela lei é dado mais pelo medo da sanção, do que pelo respeito e busca pelo bem
comum.

INSTRUMENTOS DE CONTROLE SOCIAL: DIREITO, MORAL, RELIGIÃO, REGRAS DE


TRATO SOCIAL
Condicionamento da vida do homem em sociedade para se atingir a harmonia social. Importância: só as
normas jurídicas levariam o homem a se tornar um robô, de modo que a socialização não seria um valor em
si, mas algo forçado.
1. Direito: como instrumento de controle social, é o Direito Positivo (normas jurídicas de conduta e
organização social criadas e/ou reconhecidas pelo Estado). Preocupa-se com a Justiça (idéia de bem no
âmbito social, de bem comum).

2. Moral: são normas que orientam as consciências humanas em suas atitudes. Preocupa-se com o bem, no
sentido integral (de realização) e integrado (condicionamento ao interesse do próximo).

Distinções da moral com o Direito:


Direito: define conduta e exige cumprimento;
Moral: estabelece conduta geral, não possuindo forma concreta, variando de acordo com a comunidade;

Direito: é bilateral – a cada direito corresponde um dever;


Moral: não impõe uma conduta, apenas espera que as pessoas ajam de acordo com expectativas;

Direito: exterior – não age no plano da consciência, do pensamento, mas apenas nos atos que se
exteriorizam;
Moral: se preocupa com a vida interior das pessoas, julgando os atos externos pelo interior.

- Todas são normas de conduta social;

3. Religião: sistema de princípios e preceitos para a realização da vontade divina, com o propósito de
conduzir o homem à felicidade eterna. Não se limita a descrever o além e/ou Criador. Preocupa-se com o
bem, no sentido de deveres do homem com o Criador, com a divindade; impõe ao homem certos limites.
Obs.:não limitar a Religião apenas ao Catolicismo. Religião, aqui, é tomada num sentido maior: Religião:
1. Crença na existência duma força ou forças sobrenaturais.
2. Manifestação de tal crença por meio de doutrina e ritual próprios.
3. Devoção, piedade.

- também não pode impor sanções penais aos que desobedecem as regras traçadas: p.ex. ninguém pode ser
preso porque não entregou o dízimo;
- apóia-se numa regra de conduta, dever moral de cumprir as regras traçadas.

4. Regras de trato social: são padrões de conduta social ditados pela própria sociedade, com o propósito de
tornar mais agradável, ameno, o ambiente social. São exemplos: a cortesia, a etiqueta, a linguagem, o decoro,
o companheirismo, etc.

Características principais dos instrumentos de controle social, segundo Paulo Nader:


1) Bilateral: no sentido de que impõe deveres, mas também prevê direitos.
2) Unilateral: no sentido de que impõe deveres. Não há previsão de direitos.
3) Heterônomo: no sentido de que as normas devem ser cumpridas.
4) Autônomo: no sentido de que as normas podem ser cumpridas, por um querer espontâneo das pessoas.
5) Exterior: no sentido de que as normas são voltadas para as ações humanas; atuam diretamente nas ações
das pessoas em sociedade.
6) Interior: no sentido de que as normas são voltadas mais para a consciência das pessoas, como um
aconselhamento que pode interferir na conduta que essa pessoa quer ou pretende ter.
7) Coercível: no sentido de que são normas ditadas pelo Estado (único detentor do poder de exigir das
pessoas o cumprimento de tais normas.).
8) Incoercível: no sentido de que as normas não partem do poder estatal, de modo que podem ou não ser
cumpridas. Notem a correlação dessa característica com outra característica: a autonomia.
9) Sanção prefixada: são normas que já trazem, de antemão, qual será a punição para o caso de a pessoa vir a
descumprir seus preceitos.
10) Sanção difusa: são normas que não trazem uma punição prefixada; no momento da violação da norma, é
que haverá uma reprovação, uma censura, ao infrator, por diversas formas (p.ex. olhar dos demais
passageiros para quem não cede o lugar para um idoso no ônibus; ou o olhar de reprovação para o advogado
com trajes não adequados ao ambiente forense).

ATENÇÃO: A bilateralidade e a coercibilidade são características próprias do Direito. Não estão presentes
nos demais instrumentos de controle social.

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