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Introduç
ão à
Ciência
do
Direito
As Primeiras
Codificações
Jurídicas
Curso: Direito.
Turno: Noite.
Turma: B.
A CODIFICAÇÃO DO DIREITO
O movimento , apesar de não ser muito antigo, pois data de pouco mais de
um século, foi conhecido desde a Antigüidade. A história do Direito Romano
processa-se entre duas codificações: a Lei das XII Tábuas e o Corpus Juris de
Justiniano. Na Suméria existiram codificações famosas. Até bem pouco
tempo, era tido o Código de Hamurabi como a mais antiga codificação.
Entretanto, em 1948, outro código mais antigo foi descoberto, o Código de
Ur-Namu.
Entretanto, não se conclua que o código seja obra perfeita. Os códigos ficam
velhos, começando a ser emendados por leis dispersas, chegando a um
ponto em que deve ser substituído por outro, por não mais a tender às suas
finalidades e por ter se transformado em colcha de retalhos, em virtude das
novas leis que lentamente o reformaram. Velho, sem dar solução aos
problemas jurídicos de acordo com a consciência jurídica dominante, o
código se torna uma caricatura do direito.
Por tal motivo, pensando que os códigos fossilizam o direito, Savigni se opôs
à codificação, e se opondo, em sua discussão teórica com Thibaut, lançou as
bases da Escola Histórica do Direito. Em 1813, antes dele, Rehberg se
insurgiu na Alemanha contra a codificação, mas desde 1814 Thibaut
defendeu-a mostrando que a unidade jurídica proporcionada pelos códigos é
indispensável à unidade política, tão necessária à Alemanha depois da
queda de Napoleão.
OS CÓDIGOS ANTIGOS
Hamurábi foi talvez o maior rei da Mesopotâmia antiga e uma das figuras
mais eminentes da história universal, o verdadeiro consolidador do Império
Babilônico que se compunha de várias raças e nações.
O deserto virou mar por um dia em 1754 a.C. Mas a inundação que destruiu Eshnunna,
uma das grandes cidades-reinos da Mesopotâmia antiga, não teve nada a ver com a
natureza. A catástrofe foi provocada por um homem: Hammurabi, o fundador do
Império Paleobabilônico, sexto rei na dinastia de Babel. Conquistador da Mesopotâmia
entre 1792 e 1750 a.C., ele já era senhor de um grande território quando, cansado de
esperar a rendição de Eshnunna às suas tropas, mandou abrir uma barragem e inundou o
local. Essa atitude drástica teria sido um pedido de Marduk, deus nacional de Babel, e
dos deuses sumérios Anu e Enlil: destruir a cidade com uma grande massa de água.
Oficialmente, os deuses sempre estavam por trás dos atos de Hammurabi, mas quem
dava a última palavra era ele mesmo. Graças a sua sabedoria política e a sua habilidade
militar, tornou-se um dos grandes líderes da Antiguidade. E o código de leis que usava
durante seu governo ficou célebre como uma das primeiras expressões escritas do
direito.
A data em que Hammurabi nasceu é desconhecida, mas sabe-se que ele ainda era um
jovem quando assumiu o trono de Babel, em 1792 a.C. Naquela época, a cidade era
subordinada a outros reis, todos de tradição ou origem semita – como ele, que pertencia
ao povo amorita. Quando morreu, 42 anos depois, Hammurabi havia se transformado no
soberano de toda a Baixa Mesopotâmia. O território sob seu poder corresponderia, hoje,
ao sul do Iraque e a parte da Síria. Não parece grande coisa, mas, há 3 750 anos, esse
era quase todo o mundo conhecido pelo povo de Babel – e esse “quase” nunca deixou
de incomodar o rei, já que o norte do Iraque, na época chamado de Assíria, foi
cobiçado, mas não conquistado por ele. “Hammurabi era um guerreiro, um grande
general que ia para a frente de batalha”, conta Emanuel Bouzon, professor de História
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e autor de O Código de
Hammurabi e As Cartas de Hammurabi. “A classe dirigente das grandes cidades
conquistadas era morta ou presa, e alguns reis de lugares menores se submetiam.”
Mas só vencer as batalhas não bastava. Era preciso manter a ordem nos territórios
conquistados, o que Hammurabi fez brilhantemente. Mais do que um general, ele era
um administrador e um legislador, que legou à humanidade um dos mais antigos e
importantes conjuntos de leis. Elas estão inscritas numa estela (rocha destinada a
receber textos) de diorito negro, que foi encontrada em 1901 numa expedição
arqueológica francesa ao Irã. É o famoso Código de Hammurabi, hoje exposto no
Museu do Louvre, em Paris. Ele contém 282 sentenças baseadas na tradição oral, nas
crenças religiosas e no costume, compiladas por escribas da época. A grande maioria
delas provavelmente foi proferida pelo próprio Hammurabi, ao julgar acontecimentos
ocorridos durante seu governo.
Ao registrar suas leis, Hammurabi não agiu só como legislador, mas como um
marqueteiro de primeira, unindo senso de justiça a autopropaganda. Na pedra que
contém seus pronunciamentos legais há também um prólogo e um epílogo, nos quais ele
se apresenta como um rei “prudente” e “perfeito”, escolhido por deuses como Marduk
“para fazer surgir justiça na Terra, para eliminar o mau e o perverso, para que o forte
não oprima o fraco”. Em outra passagem, o rei não hesita em se auto-intitular o “Sol de
Babel”.
Como soberano absoluto, Hammurabi controlava cada canto de seu império com uma
belíssima rede de informações – tinha representantes em todas as cidades que
governava, com quem se comunicava por meio de correspondência. Foram encontradas
mais de 150 tábuas com inscrições dele endereçadas a três funcionários de Larsa, uma
das cidades que conquistou. Essas “cartas” tratavam de temas como julgamentos de
crimes, organização agrícola, distribuição das terras entre os homens e ordens sobre
trabalho compulsório. Nada escapava ao olhar do rei, nem mesmo a tosquia de ovelhas
em uma cidade distante ou um caso de suborno numa localidade do norte. “Era um
reino grande, mas ele sabia de tudo e mandava em tudo, era obedecido em todo canto.
Havia assembléias de anciãos, assembléias do povo, mas a palavra final era dele”, diz o
historiador Bouzon. “Quando não se chegava a um acordo na sentença de um
julgamento, mensageiros levavam o caso até a instância final, que era o próprio rei.”
Além de firmar alianças militares com os reis de outras cidades da Baixa Mesopotâmia,
Hammurabi explorava a rivalidade entre eles, fazendo com que se destruíssem
mutuamente, deixando assim o caminho livre para seu próprio exército. Depois de
tomar uma cidade, ele tratava de pacificá-la: reconstruía edifícios e enfeitava ainda mais
o templo do principal deus local, como prova de tolerância religiosa. Costumava
também arrebanhar colaboradores entre os próprios habitantes do lugar e colocá-los à
frente do governo local. Ganhava, assim, a confiança dos moradores submetidos a seu
poder e evitava revoltas.
Consagrando a pena de Talião, (olho por olho, dente por dente), o código
reunia os seus 282 preceitos em um conjunto assistemático e que abrangia
uma diversidade de assuntos: crimes, matéria patrimonial, família,
sucessões, obrigações, salários, normas especiais sobre os direitos e
deveres de algumas classes profissionais, posse de escravos,... Podemos,
então, observar que o código quase não foge aos problemas jurídicos, aos
quais regulamenta com estritos detalhes. Ao corpo de leis de Hamurábi
faltam traços de técnica que só com os romanos se tornaram definitivas.
As 281 leis foram talhadas numa rocha de diorito de cor escura. Escrita em
caracteres cuneiformes, as leis dispõem sobre regras e punições para
eventos da vida cotidiana. Tinha como objetivo principal unificar o reino
através de um código de leis comuns. Para isso, Hamurabi mandou espalhar
cópias deste código em várias regiões do reino.
- Se um homem adotar uma criança e der seu nome a ela como filho,
criando-o, este filho quando crescer não poderá ser reclamado por outra
pessoa.
Curiosidade:
Moisés, que viveu há doze séculos a. C., foi o grande condutor do povo
hebreu: livrou-o da opressão egípcia, fundou a sua religião e estabeleceu o
seu Direito.
Segundo todos os teólogos hebreus, a Lei de Deus dada e promulgada sobre o monte
Sinai através de Moisés é Una , Eterna e Imutável. Constitui-se na expressão perfeita e
invariável da vontade de Deus. Os "Dez Mandamentos" são a síntese da Torá.
Os Dez Mandamentos escritos em hebraico possuem 613 letras . Cada letra simboliza
uma das 613 mitzov ( mandamentos) que compõe a Lei de Deus em sua plenitude. A
Lei de Deus é invariável e Eterna devido a sua origem Divina. A Lei é para todos os
tempos e se constitui no elemento através do qual Deus governa o povo de Israel
servindo como elemento distintivo entre os hebreus e outros povos (gentios). Todas
essas Leis expressam a vontade de Deus, através das quais um grupo de sacerdotes
exerce o governo do povo (Teocracia). Em um estado teocrático os poderes Temporal e
Espiritual encontram-se unidos, não havendo distinção entre Lei civil, moral e/ou
religiosa. Todas elas são objeto da classe sacerdotal que conduz e regula a vida do povo
através dos Mandamentos outorgados por Deus.
Segundo alguns críticos, as leis da Torá foram estabelecidas por Moisés ,o qual, visando
iniciar o processo civilizador da nação israelita, criou leis severas e rígidas com o
objetivo de disciplinar e manter pelo temor um povo turbulento e indisciplinado. Para
dar autoridade às suas leis, ele deveu atribuir-lhes origem divina, assim como o fizeram
todos os legisladores de povos primitivos; a autoridade do homem deveria se apoiar
sobre a autoridade de Deus; mas só a idéia de um Deus terrível poderia impressionar
homens ignorantes, nos quais o senso moral e o sentimento de uma delicada justiça
eram ainda pouco desenvolvidos. Assim sendo, conforme o ponto de vista crítico , as
leis mosaicas, tinham, apenas um caráter essencialmente transitório e local, embora
possuam algumas características universais.
História
Segundo as escrituras hebraicas, a Lei foi dada por Deus através do profeta Moisés,
tendo sido, os Dez Mandamentos escritos em tábuas de pedra pelo próprio dedo de Deus
no monte Sinai, a tábua dos dez mandamentos.
Segundo os historiadores, a Lei Mosaica não apresenta nenhum elemento novo, sendo a
maior parte de seus elementos adaptações e transcrições encontradas em documentos
(códigos legislativos e morais) mais antigos como aqueles utilizados pelos egípcios
(exertos do Livro Egípcio dos Mortos), Hindus (Código de Manu), Babilônicos (Lei de
Talião) e por outras civilizações do Crecente Fértil(Código de Hamurabi).
Os hebreus eram povos nômades, derivados da raiz semítica, que viviam em tribos,
originalmente habitando a Palestina, cuja característica distintiva, em relação aos povos
de sua época, era a crença em um Deus único.
Após a fuga dos hebreus do Egito, onde viviam em regime de escravidão, foram
conduzidos à “terra prometida” sob o comando de Moisés. E depois da morte de deste
líder, o seu povo passou por períodos altos e baixos e, somente mais tarde, Neemias foi
auxiliado pelo rei Artaxes e vários homens sábios da época. A obra de Moisés foi recolhida e
reorganizada em cinco Livros: Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. E é
exatamente este último que trata dos aspectos interessantes ao estudo da história do direito, ou
seja, a Lei Mosaica.
Os judeus organizavam-se sob a tutela de um governante (rei). O reino de Israel encontra seu
apogeu em Davi (1005-966 a.C.), Salomão e seu filho (966-926 a.C.). Após isso, acontece uma
cisão, retornando à anterior divisão em dois reinos: o reino de Israel e o reino de Judá. O
primeiro caiu frente aos assírios em 721 a.C. O último conseguiu resistir até 587 a.C. , quando
foi dominado sucessivamente por persas, macedônios e, por último, pelos romanos que
promoveram sua diáspora em 70 d.C.
A sociedade hebraica era composta por homens livres de igual nível de direitos, organizados em
tribos. As mulheres, a despeito de relativa inferioridade jurídica em relação aos homens, em
especial no tocante aos aspectos de aquisição de propriedade e casamento, por força da condição
religiosa do Direito, conseguem exercer atividades influentes como de juízas ou profetisas,
conforme nos refere o texto bíblico. Os estrangeiros detinham direitos em mesmo nível que os
nacionais, à exceção das questões relativas à religião, às quais não tinham acesso, a não ser que
se convertessem. Não havia diferenciação de juízo ou de leis entre uns e outros. As penas, em
geral, obedeciam à Lei do Talião.
Umas das maiores contribuições à história do direito teve como origem a cultura hebraica devido
ao seu monoteísmo, no qual sua religião, sua organização social, o seu patriarcado e o seu direito
se mesclavam entre o aspecto jurídico e o religioso. Essa legislação data de aproximadamente
1300 a.C.
Muitas normas dessa Lei se referiam as práticas religiosas e morais, e Deuteronômio foi o Livro
que se incumbiu de dispor sobre a administração da justiça, a educação e cultura, o descanso
semanal, o direito internacional, os limites de propriedades, as normas processuais, a assistência
social, o direito do trabalho, a repressão ao charlatanismo, o homicídio involuntário, a prova
testemunhal, o divórcio, o adultério, a impenhorabilidade de bens, a inviolabilidade de domicílio,
entre outros mais.
Num misto de direito e religião, originou-se o decálogo, com os Dez Mandamentos, aparecendo
no Deuteronômio um dos cinco livros do Pentateuco, que tratava basicamente da Lei Mosaica. O
decálogo cita, por exemplo: ‘‘Não matarás; Não cometerás adultério; Não furtarás; Não
levantarás falso testemunho contra o teu próximo; Não cobiçarás a mulher de teu próximo; Não
cobiçarás sua casa, nem seu campo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu
jumento, nem nada que lhe pertence’’.
A família hebréia tinha organização patriarcal rígida, constituída que estava sobre a base de uma
severa autoridade paterna. Assim, o pai era o centro da vida familiar com plena autoridade sobre
os filhos. O matrimônio tinha proteção religiosa e os escravos, que eram considerados membros
da família, deveriam ser bem tratados.
A Legislação Mosaica é ampla e bem elaborada para a época, tratando de muitas questões
relacionadas à disciplina da vida em sociedade, motivo pelo qual tem enorme influência nas
legislações de muitas sociedades atuais.
Governo de Deus.
Individualismo.
No que diz respeito à família, ela desempenha um papel muito especial no judaísmo.
Pois é dela que os judeus recebem sua identidade cultural e sua educação básica. O
casamento é considerado o modo de vida ideal, instituído por Deus, e é o único tipo de
coabitação permitido.
Justiça Social.
No que diz respeito à dissolução da sociedade conjugal, mister se faz ressaltar que, a
não ser na legislação babilônica, em que a quebra do vínculo podia partir de qualquer
uma das partes, tal iniciativa era exclusiva do homem na legislação mosaica, cujo fato
gerador, em regra, era a falta de virgindade da noiva. Outrossim, o conceito de divórcio
tinha conotação diferente da atual, posto que era uma forma de repúdio do homem em
relação à mulher. Contudo, o marido ficava obrigado a provar as razões que o levam a
repudiar a mulher. Caso contrário, estaria sujeito a uma pena corporal (açoites) e uma
pena pecuniária (100 siclos de prata pagos ao pai da esposa), além de não despedi-la.
Já no que concerne ao adultério, era ele condenado com rigor por afetar a segurança da
família, considerada célula mater da sociedade.
a) Direito Penal
Estabelecerás juízes magistrados em todas as cidades que Jeová, teu Deus te der, de
acordo com as tribos, e eles julgarão o povo com justiça. Não torcerás o direito, não
terás consideração pelas pessoas e não receberás quaisquer presentes, pois os presentes
cegam os olhos perspicazes e corrompem as palavras dos justos. Seguirás estritamente a
justiça, a fim de que vivas e possuas a terra que te dá Jeová, teu Deus (18-20).
Legislação brasileira. CRFB, art. 37, sS 4º ; CP, art. 317 – Corrupção passiva.
Moisés sempre abominou a religião egípcia e não deixou o seu espírito se impregnar
pela charlatanice dos sacerdotes do Nilo. Sua lei condenou todas aquelas mistificações
usuais na Caldéia, no Egito e na Fenícia. Seus poderes promanavam de Deus e eles
podiam vencer as incredulidades do seu povo recorrendo à autoridade divina, que
sempre lhe acudiu nos momentos dramáticos de sua existência. Essas determinações
deuteronômicas são evidentes, como se verá a seguir:
Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou sua filha, nem
adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiros (18, v. 10).
Legislação brasileira. O nosso Código Penal, art. 283, reprime o charlatanismo, assim
estabelecendo: Inculcar ou anunciar a cura por meio secreto ou infalível: Pena –
detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
Quando houver contenda entre alguém e vierem a juízo para que os julguem, ao justo
justificarão e ao injusto condenarão (25:1).
Legislação brasileira. Para o homicídio culposo o CP, art. 121, sS 3 , prevê uma pena
bem mais branda (detenção, de 1 a 3 anos) do que a prevista para o homicídio simples
(art. 121, caput: reclusão de 6 a 20 anos).
a. 4) Inviolabilidade do domicílio.
O respeito ao lar era coisa sagrada para os Hebreus. A ação da justiça respeitava sua
inviolabilidade. Moisés mais de uma vez diz fora das portas, querendo significar esse
preceito.
Legislação brasileira. A nossa Magna Carta, art. 5, XI, assim dispõe: a casa é asilo
inviolável do indivíduo, ninguém nela pode penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial.
Por sua vez, o CP, art. 150, contém regras contra a violação do domicílio.
b) Direito do trabalho.
Quando o teu irmão hebreu ou tua irmã hebréia se vender a ti, seis anos te servirá, mas
no sétimo ano o despedirás forro (livre, liberto) de ti (15, v. 12).
E quando o despedires de ti, forro (livre, liberto), não o despedirás vazio (15, v. 13).
b. 1) descanso semanal.
Guarda o dia de sábado para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus (5, v. 12).
Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra nele, nem tu,
nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu boi, nem teu
jumento, nem animal algum teu, nem estrangeiro que está dentro de tuas portas: para
que teu servo e tua serva descansem como tu (5, v. 20).
Legislação brasileira. A consolidação das leis do trabalho (CLT) estabelece no art. 67:
Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de vinte e quatro horas
consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do
serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. Em nossa Carta Maior o
assunto está regulado no art. 7, XV.
c. 1)Direito internacional.
Conquanto haja divergências a respeito, a maioria dos juristas entende que já se fazia
presente esse direito nas relações entre povos de épocas bem remotas, através de uma
prática recíproca de imunidades diplomáticas.
Pelo que amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito (10, v. 19).
Não abominarás o edumeu, pois fostes estrangeiros na terra do Egito (23, v. 7).
Legislação brasileira. CRFB, art. 5, capult: Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à
propriedade, ...
d) Direito Civil.
Sem sombra de dúvida, foi à força de um dever sagrado que a princípio garantiu o
direito de propriedade, e o exemplo mais expressivo do vínculo entre a religião e o solo
é dos hebreus. O conceito de propriedade imóvel para os antigos hebreus é de que o solo
pertencia a Deus e sua ocupação expressava o testemunho da vontade do criador. Tal
concepção determinou o critério de divisão das terras entre famílias das tribos que, após
a fuga do Egito, chegaram à Palestina.
Não mudes o limite do teu próximo, que limitaram os antigos na tua herança, que
possuíres na terra, que te dá o Senhor teu Deus para a possuíres.
e) Direitos Sociais.
Então virá o levita (ministro do culto – pois nem parte nem herança têm contigo) e o
estrangeiro e o órfão e a viúva, que estão dentro de tuas portas e comerão e fartar-se-ão:
para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos, que fizeres (14, v.
29).
Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma de tuas portas, a tua
terra que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua
mão a teu irmão que for pobre (15, v. 7).
Antes, lhe abrirás de todo a tua mão e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto
baste para a sua necessidade (15, v. 8).
Legislação brasileira. A CRFB, art. 6, assim dispõe: São direitos sociais (...), a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Complementa o dispositivo
citado o art. 203 do mesmo diploma legal: A assistência social será prestada a quem
dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social.
Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e juízes, como mandou o senhor meu Deus:
para que assim façais no meio da terra a qual ides herdar (4, v.5).
Guardai-os, pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria e vosso entendimento
perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos e dirão: - Este grande
povo só é gente sábia e entendida (4, v.5).
A Lei da XII Tábuas, mais do que qualquer outro código antigo, tem para nós
um significado especial: a sua repercussão séculos afora por toda a Roma
Republicana, em mais de quatro centúrias e, posteriormente, na Roma
Imperial, em cerca de cinco séculos, até a compilação Justianéia. Seus
retalhos, incorporados a esta, transbordaram com ela das fronteiras do
Império e se disseminaram por todas as legislações que sofreram influência
romana, inclusive a nossa.
Lei escrita, produzida por órgãos legislativos, a lei decenviral é uma fonte
potente de estudo do direito romano antigo pois retrata o meio social, suas
formas definem um período da vida romana. Todo o jus consuetidinarium e,
mesmo o jus scriptum corporificado nas leges regial teriam os seus vestígios
fortemente gravados nas XII Tábuas decenvirais.
Proibiu a lei decenviral as penas capitais sem aprovação prévia dos comícios
centuriados, retirando assim dos magistrados o poder de dispor da vida de
seus semelhantes. Preceito revolucionário para a época em que a plebe se
encontrava à mercê do patriciado e as condenações à morte eram rápidas e
fáceis.
Mas, a influência helênica compaginada nas XII Tábuas não deve ter
ultrapassado os limites de um determinismo histórico peculiar aos homens.
Apesar da pretendida influência helênica sobre a romana, muitos escritores
negam-na terminantemente e defendem que a lei decenviral teria sido um
produto genuinamente romano, de uma sociedade em formação e de um
povo profundamente inclinado para o estudo da ciência jurídica.
Como fonte do direito público, a Lei das XII Tábuas erigiu-se em um dos
maiores monumentos jurídicos de todos os tempos, com mandamentos que
ainda hoje, decorridos mais de 2000 anos, sobrevivem esparsos nas
legislações de muitos povos, ainda que transformados pelo tempo e
adaptados a novas condições sociais, sob esse aspecto, pode ser
considerada fonte de direito universal.
O CÓDIGO DE MANÚ
Esse código objetivou favorecer a casta brâmane, que era formada pelos
sacerdotes, assegurando-lhes o comando social. Um exemplo revela a
superioridade dessa casta:” Se um homem achasse um tesouro deveria ter
dele apenas 10% ou 6%, conforme a casta a que pertencesse. Se fosse um
brâmane, teria todo o tesouro, e se fosse o rei, apenas 50%.”
A seguir veremos uma síntese do conteúdo dos doze livros, onde, podemos concluir
que, excluindo-se os livros Primeiro e Décimo Segundo, os demais podem ser divididos em três
grupos: a) sanciona o ordenamento religioso da sociedade; b) disciplina os deveres do rei; e, c)
discorre sobre o direito processual.
Livro Primeiro - Descreve a apresentação e o pedido das leis compiladas pelos Maharqui (os
dez santos eminentes) dirigido a Manu; a criação do mundo; a hierarquia celeste e humana; a
divisão do tempo; o alternar-se da vida e da morte, em cada ser criado; e, a explicação das
regras para que possam ser difundidas.
Livro Segundo - Institui quais sejam os deveres que devem cumprir os homens virtuosos, os
quais são inatacáveis tanto pelo ódio quanto pelo amor, e as obrigações e a vida prescrita para
o noviciado e a assunção dos sacramentos para os Brâmanes, sacerdotes, membros da mais
alta casta hindu.
Livro Terceiro - Estipula normas sobre o matrimônio e os deveres do chefe da família;
trazendo descrições minuciosas sobre os inúmeros costumes nupciais; o comportamento do
bom pai frente à mulher e aos filhos; a obrigação de uma vida virtuosa; a necessidade de
excluir pessoas indesejáveis, como, por exemplo, os portadores de doenças infecciosas, os
ateus, os que blasfemam, os vagabundos, os parasitas, os dançarinos de profissão, etc. do
meio familiar; as oblações que devem ser feitas aos deuses, etc.
Livro quarto - Ratifica, como de fundamental importância, o princípio de que qualquer meio de
subsistência é bom se não prejudica, ou prejudica o menos possível, os outros seres humanos,
e ensina de que maneira, honesta e honrosa, se pode procurar como e do que viver.
Livro Quinto - Indica quais os alimentos que devem ser preferencialmente consumidos para
ter uma vida longa e quais normas de existência devem ser seguidas para a purificação do
corpo e do espírito; eleva simbolicamente a função do trabalho e determina normas de conduta
para as mulheres, que devem estar sempre submetidas ao homem (pai, marido, filho ou
parente e, na falta, ao soberano).
Livro Sexto - Regula a vida dos anacoretas (religioso contemplativo) e dos ascetas
(praticantes); de como tornarem-se, conhecendo as escrituras, cumprindo sacrifícios e
abandonando as paixões humanas.
Livro Sétimo - Determina os deveres dos reis e confirma as normas de sua
conduta, que deve ter como objetivo proteger com justiça todos aqueles que estão
submetidos ao seu poder. O Código se ocupa não só das relações internas, como
também das externas, e dita regras de diplomacia para os embaixadores do rei e da arte
da guerra quando for preciso recorrer às armas. O princípio romano “se queres a paz
prepara-te para a guerra” (si vis pacem para bellum), já é aplicado aqui, quando diz que o
rei, cuja armada mantém-se eficiente e constantemente em exercício, é temido e
respeitado pelo mundo inteiro.
Livro Oitavo e Nono - São os que mais interesse trazem aos jornais, pois contêm normas de
direito substancial e processual, como também as normas de organização judiciária. A justiça
vem do rei, que deve decidir pessoalmente as controvérsias que podem ser resumidas nos
dezoito títulos do Livro Oitavo e nos três do Livro Nono.
Livro Oitavo: Parte Geral: I – Da Administração da Justiça – Dos Ofícios dos Juízes; II – Dos
Meios de Provas; III – Das Moedas; Parte Especial: IV – Das Dívidas; V – Dos Depósitos; VI –
Da Venda de Coisa Alheia; VII – Das Empresas Comerciais; VIII – Da Reivindicação da Coisa
Doada; IX – Do não Pagamento por Parte do Fiador; X – Do Inadimplemento em Geral das
Obrigações; XI – Da Anulação de uma Compra e Venda; XII – Questões entre Patrão e Servo;
XIII – Regulamento dos Confins; XIV – Das Injúrias; XV – Das Ofensas Físicas; XVI – Dos
Furtos; XVII – Do Roubo; XVIII – Do Adultério;
Livro Nono: XIX – Dos Deveres do Marido e da Mulher; XX – Da Sucessão Hereditária; XXI –
Dos Jogos e dos Combates de Animais; Disposições Finais.
*Nesta edição, publicamos somente os Livros Oitavo e Nono, por serem justamente os que
mais interessam aos juristas.
Livro Décimo - Regula a hierarquia das classes sociais, a possibilidade do matrimônio e os
direitos que têm os filhos nascidos durante sua vigência e estabelece normas de conduta para
aqueles que não conseguem, por contingências adversas, viver segundo as prescrições e as
exigências de sua própria casta.
Livro Décimo Primeiro – Enumera uma longa série de pecados e faltas e estabelece as
penitências e os meios para se redimir.
Livro Décimo Segundo - Enfoca a recompensa suprema das ações
humanas. Aquele que faz o bem terá o bem eterno nas várias transmigrações de sua
alma; o que faz o mal receberá a devida punição nas futuras encarnações. As
transmigrações da alma são detalhadamente previstas e descritas. Tanto em bem quanto
em mal, até que a alma chegue à perfeita purificação e, em conseqüência, possa ser
reabsorvida por Brahma.
O CÓDIGO DE JUSTINIANO
O ALCORÃO
Com a evolução histórica, o Código foi ficando cada vez mais distanciado da
realidade e revelou sua incapacidade para reger a vida social. A solução
lógica seria a reformulação objetiva da legislação, mas tal tarefa encontrava
um obstáculo intransponível: sendo uma obra de Alá, apenas este poderia
reformulá-la. Diante do impasse, os jurisconsultos muçulmanos utilizaram
uma série de artifícios para contornar as dificuldades, na tentativa de
conciliarem o velho texto com a realidade.
O alcorão quer dizer “recitação” e as suas palavras tem sido entoadas em voz alta,
habitualmente. Quando Maomé recebeu os primeiros versículos, em 610, d.C, o arcanjo
ordenou: “Igra”, Recite!”!> Inicialmente o Alcorão enfoca a unidade de Deus, o papel
deste na história, o julgamento e a necessidade de ajudar as outras pessoas. As ultimas
suras tratam de assuntos comunitários relacionados coma família, casamento, etc.
ETMOLOGIA
Há duas variantes para o nome do livro usadas comumente: Corão e Alcorão. Por vezes
se afirma que, como o prefixo al-, corresponde ao artigo definido árabe, o seu uso seria
desnecessário; no entanto, nas muitas palavras portuguesas de origem árabe que se
iniciam por ela, como “almanaque” ou “açúcar”, a partícula não foi suprimida. José
Pedro Machado nota que a palavra Alcorão está registrada desde os mais antigos
documentos em português e ao longo de toda a história da língua, ao contrário de Corão,
recentemente importada.
ESTRUTURA DO ALCORÃO
O Alcorão não foi estruturado como um livro durante a vida de Maomé. À medida que o
profeta recebia as revelações, ele solicitava ao jovens letrados que integravam a sua
comitiva para que transcrevessem os textos. O chefe desta equipe de secretários, que
surgiu de forma institucionalizada após a Hégira, em Meca, foi Zayd ibn Thabit. O texto
foi preservado em materiais dispersos tão variados como folhas de tamareira, pedaços
de pergaminho, omoplatas de camelos, pedras e também na memória dos primeiros
seguidores. Durante as noites do Ramadão, Muhammad recapitulava as revelações,
numa conferência onde estava presentes os logógrafos (escritores profissionais) e os
hafiz, ou seja, pessoas que conheciam passagens de memória (que escutaram nas
prédicas do profeta).
CONTEÚDO DO ALCORÃO