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CATARINA – UFSC
INTRODUÇÃO.................................................................................................................5
CONSIDERAÇÃO FINAL.............................................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS:..............................................................................17
NELL: ANÁLISE FÍLMICA, LINGUAGEM E ABORDAGEM
HISTÓRICO-CULTURAL
Jociane Araujo Peres da Luz1
Resumo:
Este artigo tem por objetivo a análise fílmica do filme “Nell” para a disciplina de
Leitura Crítica da Mídia, do Curso de Pós-Graduação em Linguística – Mestrado, pela
Universidade Federal de Santa Catarina. A análise terá foco na linguagem utilizada para
a produção deste filme em uma abordagem histórico-cultural.
Abstract:
This article aims to review film of the movie “Nell” to the discipline of Critical Media,
of the Post-Graduate in Linguistics – MSc, Universidade Federal de Santa Catarina. The
analysis will focus on the language used for the production of this film in a historical-
cultural.
Resumén:
1
Aluna especial no programa de Pós-Graduação em Linguística/Mestrado – UFSC – na disciplina de
Leitura Crítica da Mídia.
Especialização em Ensino-Aprendizagem de Línguas Portuguesa, Inglesa e Espanhola – Associação
Catarinense de Ensino - Faculdade Guilherme Guimbala.
Graduação Licenciatura em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa – Universidade
Luterana do Brasil (ULBRA – Canoas/RS)
Professora de Língua Portuguesa da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis/SC, desde 2009 (EJA e
Ensino Fundamental).
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo a análise fílmica do filme “Nell” para a
O filme escolhido justifica-se pelo seu tema e por trazer uma questão abrangente para a
nossa sociedade: a exclusão que algumas pessoas enfrentam na e pela sociedade por
terem uma forma diferente de se comunicarem e como essa as enxergam, bem como, a
escolheu-se por analisar alguns símbolos que são bem marcantes nele: a linguagem da
princípios jurídicos ou morais são aceitos ou não por nós. Nesse sentido, escolheu-se
utilizada já que em nossa sociedade, o homem, é considerado como ser social e mesmo
minutos, sob a direção de Michael Apted, produção de Renee Missel e Jodie Foster.
Como protagonistas temos: Jodie Foster, Liam Neeson e Natasha Richardson. O filme
Unidos em que as pessoas possuem uma vida simples e são modestas. Neste vilarejo há
um local isolado como se fosse uma floresta e, nesta, há três moradoras. A matriarca é
uma senhora que durante a sua gestação teve derrame e gerou filhas gêmeas. Na pré-
adolescência, uma delas morre. Posteriormente, a mãe falece ficando apenas uma de
externo uma vez que nunca saíra do local de onde morava e só se comunicava com a
mãe e com a irmã, quando vivas, por meio de palavras “soltas”, grunhidos e
matriarca morta. Volta para o centro do vilarejo e avisa o policial. Ao lado deste está o
médico da cidade. O dois vão à floresta para investigar o acontecido. Lá, encontram
Nell. Nem o policial e nem o médico conseguem falar com ela. O médico, então, vai
até uma Universidade e fala com uma amiga que é psiquiatra. Esta diz que a moça deve
ser internada no hospital. O médico discorda dela. O caso vai para o Tribunal da Justiça
que dá um prazo de três meses para Nell “falar”, caso contrário, seria internada. Tanto o
médico quanto a psiquiatra observam-na neste período. Constatam que ela apresentava
uma linguagem diferente porque a parte da linguagem no seu cérebro teve alguns
isolado, cheios de árvores, de difícil acesso, sem nenhum outro morador nesta “floresta”
significativas que estiveram atreladas por muito tempo: eficiência X deficiência. Essa
humanidade. Para Foucault (2002) desde o século XIV ao século XVII, a exclusão de
valores éticos, morais e o modelo médico estão fortemente enraizados. Naquela época,
crianças que nasciam com algum tipo de deficiência eram jogadas nos esgotos e nos rios
da Roma Antiga, com o simples intuito de se “eliminar” aquilo que era considerado
seres diabólicos que mereciam castigos para serem purificados. Os indivíduos excluídos
Média, foi aos poucos sendo desconstruído, dando lugar a estudos de ordem mais
objetiva (Focault, 2002). Atualmente, devido aos avanços nas pesquisas neurológicas
reconstituir-se e garantir o seu funcionamento, bem como, outras ciências que estão
Veja).
A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM PELA PROTAGONISTA SOB ENFOQUE
HISTÓRICO-CULTURAL
pessoas daquele vilarejo, ela foi, aos poucos, motivada pelos seus observadores (o
aprender. Isto é, o conhecimento que ela possuía sobre o que sabia e o que desconhecera
1997).
Desse modo, aos poucos e lentamente, Nell vai construindo uma linguagem
mais “aprimorada” e passa a se relacionar melhor e a ter contato com outras pessoas. A
produto de cultura; não há discurso individual uma vez que este se constrói em função
dos Estados Unidos), a própria protagonista do filme “não fala” (linguagem gestual,
carro, abrir e fechar porta carro, folhear jornal ou outras folhas de papel) e os sons
emitidos nela são dados como sons universais. A música se apresenta no bar da cidade
protagonista cultivava os mortos: a maneira como sepultou a mãe e visita ao local onde
sua irmã foi enterrada. A forma de rito de morte, para Nell, se apresentava para ela
daquele modo porque era este que ela conhecia e não porque não possuía cultura.
através dos tempos”. Nesse caso, Nell teve a experiência da sua mãe ao vê-la enterrar a
filha. Nell, de certa forma tinha presença de religiosidade: sua mãe, quando viva, lia-lhe
religioso. O culto aos mortos é um ato religioso. Mesmo nas sociedades modernas e
outra realidade: a morte, neste caso. A passagem do estado de vida para a morte deve
ser ritualizada. Para Moreno, o rito fúnebre depende do costume da civilização que o
de caveira. Seguindo a teoria de Vygostky, para Nell, estes objetos faziam parte de
ela, como também poderia ser para outros grupos humanos e elaborados no curso da
partir de 1800. Além de adorno, possui várias representações, mas, em geral, referem-se
representando amor e fé. O crânio faz alusão de que a morte acompanha a todos. (ARTE
CEMITERIAL, 13/06/10).
protagonista, por diversas vezes, toma banho nua em um lago. Essas cenas se passam na
noite, com o brilho do luar refletindo sobre a lagoa e a nudez total da personagem como
forma de representação da sua ingenuidade, pureza e o contato livre com a natureza.
posteriormente, passa a admirar o seu corpo e, depois, a relação que Nell tem com
aquela imersão no lago quando se banha. Tempo depois, a psiquiatra fica sabendo que
Nell se banha nua no lago e que o médico observa-a. Essa critica o colega pela atitude
de estar observando-a nua. Mais tarde, entende que seu colega faz isto como modo de
tentar entender Nell. A psiquiatra passa a observar Nell também. Nell percebe que está
sendo observada e convida-os para mergulhar no lago da mesma forma que ela. Nesse
entender melhor aquele universo bastante peculiar que Nell apresentava. Também,
provocou no médico e na psicóloga uma imersão para si mesma, quando eles passaram
sociedade e cultura sendo a principal, a representação da vida, uma vez que toda vida
vem da água; ou, mergulhar na água, batismo; entrar e sair dela, possui analogia com o
linguagem – por meio de seus gestos, expressões corporais e faciais, seus medos,
angústias, ternura, vontades próprias – que, mesmo diferente da dos outros falantes da
língua inglesa, no caso do filme ela consegue se expressar e de certa forma entender e se
sentimentos e tudo o que está em torno deles são universalmente produzidos pelo
homem. A linguagem, então, apresentada por Nell, é reveladora uma vez que ela
adquiriu sua primeira língua a partir do contato com sua mãe, que teve uma espécie de
personagem, em que ela reproduz as mesmas dificuldades que sua mãe apresentava para
falar, porém Nell não tinha paralisia facial. Nesse sentido, podem ser confirmadas as
teorias lingüísticas de base social cuja fundamentação trata da aquisição da língua pelo
contato social. Nell adquiriu uma língua primeira a partir de um contato social com uma
única pessoa, sua mãe, que apresentava dificuldades na articulação. Ela reproduziu tais
conhecimentos lingüísticos outros, ampliando seu léxico, restrito até então em razão de
seu contato lingüístico ter sido apenas com sua mãe. (VYGOTSKY, 2005).
construída ao longo do tempo que assume existência objetiva no mundo que vivemos.
Funções Psicológicas Superiores, fato esse que aconteceu com a personagem principal
de certas pessoas que não estão no padrão geral da sociedade, da forma como os
indivíduos os vêem, como lhes tratam como os julgam, até que ponto uma pessoa é
O importante é que o cinema pode ser levado para dentro das salas de aula,
principalmente, para quem quer diversificar pedagogicamente suas aulas. Escolhido um
bom filme e com objetivos claros, o filme pode ser analisado pelo grupo sob diversos
enfoques: visual, auditivo, linguagem, personagens, cultura, etc. No filme proposto
neste trabalho, por exemplo, pode ser analisado o áudio, as imagens, as personagens, a
linguagem, a exclusão social e as deficiências físicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS:
VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. 5ª Ed. São
Paulo: Papirus, 2008.
http://www.dicionariodesimbolos.com.br/searchController.do?
hidArtigo=6261DB66595A8E631B55264BB9A997E7, em 13/06/10.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lev_Vygotsky, em 12/06/10.