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A autora nos demonstra a importância da palavra “casamento” para a Igreja

Católica na formação de uma família “normal”, família esta “normal” que os casais
homossexuais vêm reivindicando ao longo dos anos, e buscando a tutela do
Jurisdicional do Estado.
Dessa forma, Rosa Maria traz a baila uma pesquisa realizada na internet que
compreende as decisões proferidas no período de 1980 e 2006, nos 27 Tribunais do país, onde
encontrou 142 jurisprudências que versam sobre as conjugalidades homoeróticas, onde 131
destas decisões foram proferidas nos estados do RS, MG, SP e RJ.
Verifica-se, com o passar dos anos que aumentou o numero de julgados sobre as
relações homoeróticas, passaram de 142 em 2006, para 206 decisões em 2008, decisões estas
que versam em sua maioria ações de inventario, onde envolve disputa patrimonial entre os
homens homossexuais e a família de seus companheiros falecidos, seguida por ações movidas
contra a previdência requerendo pensão por morte, e também a inclusão como beneficiário em
planos de saúde privados e públicos, e há um caso emblemático no Estado do Rio Grande do
Sul de adoção.
Outro detalhe importante é a propositura de um Projeto de Lei nº. 1.151/1995, que trata
atualmente, após modificações, da parceria civil registrada entre pessoas do mesmo sexo.
A autora também colacionou uma entrevista do Dês. Jacques Derrida do Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais ao jornal Frances Le Monde, em entrevista o mesmo
expressou o seu entendimento sobre a competência das varas de família para julgar os casos
referentes às relações homoafetivas, conforme segue trecho da entrevista.

Então se discute a natureza da união homoafetiva e sua existência, então eu acredito


que o caso seria logo encaminhar para as varas de família, porque não vejo motivo
de fazer uma descriminação, se um reconhecimento de união heterossexual se dá em
varas de família por que não de uma união homossexual, e é uma questão
interessante, às vezes as palavras tem uma conotação semântica tal, que influenciam
os institutos jurídicos, é o caso da palavra “casamento” (Jacques, MG, 11/07/2006)

Por outro lado, há uma interpretação do art. 226, § 3º da CF/88 que demonstra a
necessidade de distinção de sexo para reconhecimento de uma união estável, como nos
demonstra os depoimentos abaixo:

(...) a nossa tradição do Direito que já vem de muito tempo, desde o Direito
português, ordenações Filipinas Alfonsinas, no sentido de que o casamento entre
homem e mulher e para fins de procriação, isso é uma mentalidade que a Igreja
enfiou ai e até hoje perdura não é. (...) como juiz e pessoa, cidadão, a minha idéia na
varia muito, eu venho de família assim muito rigorosa homem é homem, mulher é
mulher, casar homem com homem é um absurdo, (...) (Barcelos, SP, 14/09/2006)
Mas verificando as decisões deste desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo foram percebidas decisões favoráveis, as quis ele entende a proibição do
enriquecimento ilícito: “Qualquer tipo de sociedade de fato, independente do sexo de seus
componentes, gera direito de partilha sobre os bens adquiridos em comum. Do contrário
haveria locupletamento por parte de um dos sócios.” (AC nº 361.835-4/9-00 julgada em
17/08/2005)
A noção jurídica de família foi construída com base em cânones religiosos e biológicos.
A pesquisa demonstra que tal noção permanece assentada no dualismo sexual, tomando como
padrão discursivo pela grande maioria dos relatores de acórdãos judiciais sobre o tema na
atualidade. O registro da família natural composta pelo par homem-mulher aparece como
referência geral para a maioria das decisões também em nível do Superior Tribunal de Justiça:
“(...) A primeira condição que se impõem à existência da União estável é a dualidade de sexos.
A União entre homossexuais juridicamente não existe nem pelo casamento, nem pela União
estável, mas pode configurar sociedade de fato, cuja dissolução assume contornos econômicos,
resultantes da divisão do patrimônio comum, com incidência do direito das obrigações. (...)”
(REsp. 502.995/RN Relator Ministro Fernando Gonçalves, in DJ de 26/04/2005). Este
entendimento vem sendo reproduzido em diversos acórdãos que pesquisei, de diferentes modos.
Há toda uma ordem discursiva (FOUCALT, 2005) implicada na definição jurídica de família
que transparece nas peças judiciais, nos discursos captados pelo diálogo travado nas entrevistas
e na observação que fiz nos Tribunais que visitei, e que atinge, com isso, os sujeitos ansiosos
por legitimação do Estado. Como conclusão geral, a pesquisa demonstra que é possível
identificar mecanismos normativos de formulação, aplicação e obediência à lei encarnada no
discurso de dualidade sexual, ao lado do já tradicional apego a lei, relacionando-os à
distribuição de poder e de direitos de intervenção da esfera estatal na vida individual, pela
prescrição de subjetividades ali implicada, conforme as conjugalidades homoeróticas já
consideradas união estável ou sociedade de fato. Com isso, abre-se também um novo “campo de
exceções discursivas e esta regra [que] leva à ponderação sobre a defesa de um Estado laico, a
tutela judicial de direitos não protegidos em lei com base no principio de igualdade, bem como
quanto ao enquadramento dos sujeitos à ordem normativa e suas conseqüências” (OLIVEIRA,
2007) A pergunta de Judith Butler (2003) sobre como fica o desejo do individuo perante o
Estado é então direcionada ao movimento homossexual, indagando sobre os efeitos de um
paralelo abandono da radicalidade sexual como projeto de mundo atravessado de um lado por
um contexto social extremamente individualista, e de outro, por uma proliferação de discursos
que posicionam a categoria sexo como uma categoria do Estado, como também nos diria Eric
Fassin (2006).
Partindo do marco teórico que desenvolvi para analise dos dados que obtive, foi
possível recuperar das entrevistas práticas discursivas e fatos de discurso no campo as
sexualidade que apontam relações de poder constitutivas de sujeitos, desde os comentários
das/os desembargadoras\es nas entrevistas em torno de sua própria produção textual (o acórdão)
fora do documento propriamente dito, e em seguida, no próprio texto do acórdão, interpretações
de um outro escrito fixo – a lei – e que muitas vezes é portador de considerações divergentes
baseadas em disciplinas como a antropologia, como observei em algumas declarações de votos
vencidos. Essa é uma das hipóteses de pesquisa que penso ter confirmado nas entrevistas que
realizei e que relaciono com as questões teóricas sobre praticas discursivas constitutivas de
poder e de sujeitos. O que no plano de fundo é uma disputa ainda em aberto entre os
magistrados sobre sexualidade moral e direito e que se concretiza, no caso das conjugalidades
homoeróticas, na discussão sobre sue enquadramento legal trazido pela adequação (ou não) ao
dispositivo de aliança (FOUCALT, 1999) aqui convertida na polemica sobre quem tem direito a
acessar o casamento, a união estável ou a sociedade de fato a partir de suas relações amorosas.

PERGUNTA:

Conforme o Superior Tribunal de Justiça, sobre o entendimento de que estas


relações homoafetivas devem ser consideradas como sociedade de fato, versando somente
sobre o direito patrimonial, será que estes casais buscam a tutela do estado somente para
tratar destes interesses, ou seja, buscam estes casais somente ver tutelado pelo Estado o
seu direito material (patrimonial) ou possuem outros interesses, quais seriam estes
interesses ?

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