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Instituto de Educação e Psicologia

António Diogo Machado


Rute Almendra Lopes
José Carlos Lima
Severino Gonçalves

Recensão

A GALÁXIA INTERNET
Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade,
de Manuel Castells (2001)

Tecnologia Educativa, Abordagens críticas e Pós-


estruturais
Mestrado em Educação
Área de Especialização em Tecnologia Educativa

Trabalho efectuado sob a orientação de


Doutor João M. Paraskeva
Doutora Lia R. Oliveira

Julho de 2009
A GALÁXIA INTERNET:
2008/2009
REFLEXÕES SOBRE INTERNET, NEGÓCIOS E SOCIEDADE

O livro de Manuel Castells encontra a sua origem nas aulas de Administração


de Empresas ministradas pelo autor na Universidade de Oxford, em 2000. “A Galáxia
Internet” assume-se como uma análise reflexiva relativamente às transformações de
variadíssima ordem verificadas ao longo da segunda metade do século XX.

A obra, que imerge o leitor na “Galáxia Internet”, conduz-nos numa viagem que
começa com a criação histórica e cultural da Internet, proporcionando-nos uma visão
do que é a Internet, enquanto tecnologia e prática social. Seguidamente analisa o seu
papel no aparecimento de uma nova economia, considerando o seu papel
transformador na gestão empresarial, nos mercados de capitais, no trabalho, e na
inovação tecnológica. De seguida, aborda o surgimento de novas formas de
sociabilidade online, conduzindo-nos às implicações políticas da Internet.
Primeiramente estudando as novas formas de participação de cidadania e dos
movimentos sociais e, em segundo, as questões e conflitos relacionados com a
liberdade e a privacidade em qualquer forma de interacção na Internet. Seguindo para
o capítulo seguinte, aborda a convergência entre multimédia e internet, explorando a
existência de um hipertexto multimodal. Posteriormente explanará a geografia da
Internet e a sua consequência para as cidades, as regiões e a vida urbana. Finalmente
aborda a temática da desigualdade e exclusão social na era da Internet.
Na “Galáxia Internet”, Castells apresenta-nos uma sociedade que gira em torno
da Internet. As actividades sociais, políticas e económicas dependem desta tecnologia
de comunicação que se assume como mais que isso. Pela sua grande influência
nestes sectores, a Internet configura-se cada vez mais como um instrumento de
exclusão social, seja pela falta de acesso, seja pelo acesso deficitário (e.g. largura de
banda, baixo índice de penetração da Internet no mercado específico) ou ainda por
não dominar a “linguagem da rede”. Desta forma reforça ainda mais as clivagens
sociais existentes entre pessoas, regiões, países ou governos. Contrariamente a
Internet também se constitui como um ponto de encontro, de discussão e de
construção. A Internet tem assim o poder de conferir voz às aspirações, desejos,
revoltas e críticas de todo um grupo, de toda uma sociedade. Por se difundir por todo o
mundo, a Internet constituiu-se como um veículo para a voz social (Wenger, 2007).
Nunca esta [voz social] teve tamanho alcance e influência.
Castells alerta para a falta de compreensão de certos fenómenos relacionados
com a Internet, fruto da sua rápida propagação. Segundo o autor, a lógica, linguagem
e limites da Internet não são entendidos além dos aspectos tecnológicos. A velocidade
das transformações observadas não permitiu a constituição de estudos empíricos para

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entender os “como” e “porquês” da sociedade e economia baseadas na Internet. Desta


forma, refere um vazio relativo de investigações fiáveis, que serviu para que ideologias
e rumores tivessem permeado a compreensão desta dimensão nas nossas vidas. Com
o aparecimento da Internet, surge um sentimento de ambivalência sobre si,
preconizado pelos meios de comunicação, que oscilam entre a imagem do futuro
extraordinário ou a da má notícia, e pela volatilidade do mercado bolsista. É este o
ponto de partida de Castells. Como o mesmo refere, “ (…) mesmo não sabendo o
suficiente sobre as dimensões sociais e económicas da Internet, sabemos algo.”
(p.18).
Por constituir o “tecido das nossas vidas” (p.15), Castells compara a
importância da Internet à da rede eléctrica ou ao motor eléctrico ou ainda à da
impresa:
“Do mesmo modo que a difusão da imprensa no ocidente deu lugar ao que
McLuhan denominou de “Galáxia de Gutenberg”, entramos agora num
novo mundo da comunicação: a Galáxia Internet.” (p.16)

Esta nova sociedade, estruturada em rede, encontra a sua base tecnológica na


Internet. Ao longo da sua obra, Castells esclarece todas as terminologias relacionadas
com a Internet, utilizando para tal uma linguagem simples e abrangente, com as
necessárias anotações em rodapé. Encontra-se estruturado em 9 capítulos: 1) Lições
de História da Internet, 2) A cultura Internet, 3) Negócios electrónicos e nova
economia, 4) Comunidades virtuais ou sociedade em rede?, 5) A política da Internet I:
Redes Informáticas, Sociedade Civil e Estado, 6) A política da Internet II: Privacidade e
Liberdade no Ciberespaço, 7) Multimédia e Internet: O hipertexto para lá da
convergência, 8) A geografia da Internet: locais ligados em rede e 9) A info-exclusão:
Uma perspectiva global.
Na sua análise considera que as pessoas, as instituições e empresas e a
sociedade em geral, apropriam-se da tecnologia, modificando-a e experimentando-a.
Tal assume especial destaque com a Internet, por se tratar de uma tecnologia de
comunicação. O ser gregário é determinado por uma comunicação consciente. Será
pertinente salientar que a sociedade humana e toda a sua actividade se baseiam na
comunicação. Desta forma, uma vez que a Internet transforma a forma como
comunicamos, Castells conclui que esta também é responsável pela alteração das
nossas vidas. Desta interacção desenvolvida com a Internet, surge um “novo modelo
sócio-técnico” (p. 19).

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Começaremos por analisar capítulo a capítulo para, no final, fazermos uma


análise global à obra.
Para que o leitor entenda o que é a Internet nos dias de hoje como tecnologia
e/ou prática social, é necessário recuar até à década de 60, onde o autor nos descreve
uma sequência de acontecimentos que conduziram à criação da ARPANET em
Setembro de 1969. Desde então até à explosão da World Wide Web nos anos 90,
muito sucedeu e continua a suceder.
No primeiro capítulo, apresenta-nos esta sequência de eventos,
contextualizando o nascimento da Internet. O lançamento soviético do Sputnik, em
1957, ecoou nos Estados Unidos. Em resposta, o Departamento de Defesa americano
criou a ARPA (Advanced Research Projects Agency), com o intuito de recuperar a
superioridade tecnológica e militar perdida para os soviéticos durante a Guerra Fria. A
ARPA, dotada de grande autonomia financeira acabou por ser uma das instituições de
política tecnológica mais inovadoras do mundo. Criou então o Information Processing
Techniques Office (IPTO) para promover a pesquisa de um programa para ligar os
vários sistemas de radares espalhados pelo território americano. Após muito trabalho,
os dois primeiros elos daquela que viria a ser a ARPANET foram interligados entre a
Universidade da Califórnia em Los Angeles e o SRI (que viria a ser o SRI
International), em Menlo Park, Califórnia, em 29 de Outubro de 1969. A ARPANET foi
uma das primeiras redes da história da Internet actual (Wikipédia, 2009b). Este
sistema garantia a integridade da informação caso uma das conexões da rede
sofresse um ataque inimigo, pois o tráfego desta poderia ser automaticamente
encaminhado para outras conexões. Raramente este tipo de rede sofreu algum ataque
inimigo, à excepção de 1991, durante a Guerra do Golfo, quando os Estados Unidos
tentaram derrubar, com dificuldade, a rede de comando iraquiana, que usava o mesmo
sistema (Wikipédia, 2009b).
Castells refere a importância da tecnologia packet-switching, responsável pela
transmissão de telecomunicações existente no desenho inicial da ARPANET, e
também o aparecimento, no final dos anos 70, da ligação em rede dos computadores
pessoais PC’s, possível graças às interligações BBS (Bulletin Board System). Acerca
da massificação da Internet, refere a importância da criação do protocolo de
transmissão TCP (Transmission Control Protocol) ao qual mais tarde seria
acrescentado o protocolo IP (Inter-net-work protocol), constituindo o protocolo
internacional TCP/IP, actualmente o protocolo standard das redes informáticas.
Castells refere neste primeiro capítulo que “A Internet nasceu da encruzilhada
insólita entre Ciência, a investigação militar e a cultura libertária.” (p.34). De facto as

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grandes universidades e os centros de estudos de defesa foram os pontos de encontro


entre estas três fontes da Internet. Outro factor a salientar e que permitiu a criação da
Internet foi a grande quantidade de recursos materiais disponibilizados para este
projecto, não fosse o desejo de superioridade militar e tecnológica, o seu motor. Nos
anos 80 a superioridade dos Estados Unidos era evidente, ficando a União Soviética
reduzida a uma “(…) duvidosa opção de guerra nuclear e, grande escala.” (p. 38). Tal
consciência de inferioridade tecnológica foi um dos principais aspectos que
desencadeou, segundo Castells, a perestroika de Gorbachov, conduzindo à
desintegração da União Soviética. Outro factor que contribuiu para este
desagregamento foi a sua visão burocrática da investigação. Contrariamente aos
Estados Unidos, “… a ciência soviética estava fechada no aparelho de segurança
militar com o seu secretismo e projectos orientados para a obtenção de resultados
imediatos.” (p. 38). Esta política limitou o potencial criativo dos investigadores
soviéticos, apesar do seu excelente nível científico. Nos EUA o cenário foi muito
diferente. Embora no início a Internet estivesse limitada à cultura tecnomeritocrática
norte americana ligada à investigação nas grandes universidades e centros de estudos
inovadores, numa fase de aperfeiçoamento, esta tornou-se aberta e internacional,
permitindo que qualquer um, desde com conhecimentos técnicos suficientes,
participasse na construção e partilha do conhecimento. Esta abertura à participação
catalisou a Internet para a sua “auto-evolução” (p.45), configurando-se
sucessivamente pela sua utilização. A construção colaborativa do conhecimento é o
princípio latente em cada nó e em cada conexão da rede que constitui a Internet,
permitindo o seu desenvolvimento não só pela partilha de interesses mas também pela
diversidade de participações, incluindo a voz social (Wenger, 2007), construindo
práticas de participação, interacção e aprendizagem colaborativa.
No capítulo seguinte, Castells continua com a temática da criação da Internet,
mas desta vez aborda o assunto da perspectiva cultural, relacionada com os
produtores/utilizadores e com os consumidores/utilizadores, esclarecendo que foi a
cultura dos produtores da Internet que deu forma a este meio. Os primeiros re-
alimentando o sistema tecnológico com a sua utilização e os segundos limitando-se a
receber aplicações e sistemas, não interagindo directamente com o desenvolvimento
da rede. Castells apresenta-nos então uma rede que se necessita de interacção para
crescer e se configurar a cada click. Ao longo do capítulo aborda a cultura dos
produtores/utilizadores que estão na base da criação e configuração da Internet, uma
vez que estes são responsáveis pelo aperfeiçoamento e desenvolvimento de novos
produtos. O autor explica-nos que a Internet é formada por quatro estratos culturais

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que, em conjunto, são responsáveis pelo desenvolvimento e configuração da Internet:


cultura tecnomeritocrática, cultura hacker, cultura comunitária virtual e cultura
empreendedora. Estes quatro estratos contribuem para o ideal de liberdade que
impera no mundo da Internet.
A cultura tecnomeritocrática baseia-se em atingir o mérito através da
excelência tecnológica. Porém, tal mérito é proporcional ao grau de contribuição
tecnológica para o desenvolvimento da ligação informática em rede que constitui a
essência da Internet. Como foi referido no final do capítulo anterior, esta cultura
encontra-se ligada às grandes universidades e centros de estudos avançados,
constituindo-se como uma “tecno-elite” (p.57). Para esta elite a base do progresso da
humanidade está alocada ao desenvolvimento científico e tecnológico. A base de todo
este processo é a comunicação aberta do software, permitindo a livre distribuição dos
códigos fonte, o que possibilitou que os utilizadores os configurassem, aperfeiçoassem
e desenvolvessem enriquecendo tecnologicamente a Internet.
Contrariamente ao ideal marginal que possamos ter presente sobre o assunto,
a cultura hacker desempenha, segundo o autor, um papel importante na construção da
Internet por um lado, pelas inovações tecnológicas surgidas através da cooperação e
livre comunicação, por outro, por servirem de ponte entre a tecnomeritocracia e os
projectos empresariais que difundem a Internet na sociedade. Abordando a
ambiguidade do termo hacker, explica que estes não são os informáticos loucos que
os meios de comunicação dizem que são, e que se dedicam a vulnerabilizar os
códigos, a penetrar ilegalmente nos sistemas ou simplesmente a criar desordem no
tráfego informático. Esses recebem o nome de crackers e são repudiados pela cultura
hacker. Mas afinal o que são hackers e qual a origem de tal falta de consenso
relativamente ao seu papel perante a sociedade? Castells não esclarece o leitor
relativamente a este facto. Prefere deixar-nos suspensos na crença de que tal ideal
marginal será preconizado pelos meios de comunicação, encontrando um terreno fértil
para a sua disseminação no imaginário hollywoodesco. Suportando a sua definição
nas ideias de Lévy (2001), Castells refere a cultura hacker “(…) inclui o conjunto de
valores e crenças que surgiram das redes de programadores informáticos interagindo
on-line em torno da sua colaboração nos projectos auto-definidos de programação
criativa.” (p.61). Esta cultura, baseada na tecnomeritocracia, não depende de
instituições económicas ou sociais e move-se pelo ideal de liberdade. “Liberdade para
criar, liberdade para absorver os conhecimentos disponíveis e liberdade para os
redistribuir sob a forma e o canal eleitos pelo hacker.” (p.67). A cultura da oferta está
relacionada com a economia da oferta, uma vez que o prestígio, reputação e a

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consideração aumentam com a relevância da oferta para a comunidade. Desta forma


o hacker mostra a sua genialidade acima de tudo, através do seu impulso criativo.
Recentemente, nas eleições europeias, o Partido Pirata Sueco obteve o quinto lugar
no seu país com 7,1% contra os 0,67% na sua “estreia” eleitoral em 2006 (Publico.pt,
2009; Visão.pt, 2009). O Partido Pirata luta pela abolição do sistema de patentes na
Europa, pela partilha gratuita de ficheiros e por uma mudança na lei do copyright.
(Visão.pt, 2009). Tais dados revelam-nos o impacto que estes assuntos têm cada vez
mais nos nossos dias, 8 anos volvidos das afirmações de Castells. De um modo geral
podemos definir a actuação da cultura hacker como a luta pelo direito a encriptar
(contra o governo) e pelo direito a desencriptar (contra as empresas).
A cultura comunitária também fornece a sua contribuição para a construção
tecnológica da Internet. A partir da década de 90, a maioria dos utilizadores de redes
possuía conhecimentos técnicos limitados, porém tal não os impediu de colocarem na
rede as suas inovações sociais. Apesar dos limitados conhecimentos, as suas
contribuições revelaram-se importantes para a evolução da Internet. Com a explosão
da World Wide Web surgiu todo o tipo de valores e interesses nas redes informáticas,
que assentam no valor da “comunicação horizontal e livre” (p.76), lançando as bases
para uma “conectividade autodirigida” (ibidem), na qual qualquer pessoa pode
encontrar o seu caminho e, se necessário, criar a sua própria rede, criando, editando e
publicando a sua informação. Esta organização social constituída pela acção colectiva
e a construção de sentido instrumentaliza-se na ligação em rede. A Internet constitui-
se como uma nova forma tecnológica de comunicação transversal, propondo uma
nova manifestação de liberdade de expressão. Tal só é possível devido à sua
disseminação à escala global. No entanto, ao analisarmos esta “globalização” da
Internet devemos ter presentes que esta ocorre mediante momentos estruturais e
estratégicos. Jessop (2005) defende que a globalização é um processo que ocorre
mediante a articulação de interligações de acções, organizações e instituições no
interior de diferentes sistemas funcionais (momentos estruturais) com a promoção da
coordenação global das actividades nesses diferentes sistemas (momentos
estratégicos). Segundo ele, esta articulação gera efeitos globais que têm como
horizonte final o controlo total sobre as relações sociais e deve ser analisada num
duplo contexto espaço/tempo e não separadamente. Esta afirmação aplicar-se-á num
contexto económico empresarial, no entanto a sua aplicação a um contexto de
interacção social carece de alguns ajustes, nomeadamente na questão do controlo
total pretendido. Poderemos associar este controlo à necessidade em estabelecer um

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conjunto de valores e condutas sociais promotoras da liberdade de expressão? Nesse


sentido sim.
Castells apresenta-nos seguidamente os entrepreneurs, responsáveis pela
cultura empreendedora da/na Internet. Estes tornaram verdadeiramente possível a
generalização da Internet. São os indivíduos dispostos a assumir os riscos pelos
novos investimentos. No entanto, os empreendedores da Internet não são os
empreendedores arriscados, uma vez que necessitam de capital de risco (de outros
investidores) em projectos empresariais adaptados ao contexto da Internet. Um mundo
que não inventaram ou idealizaram. São, sobretudo, indivíduos criativos que,
aproveitando o potencial tecnológico existente, o canalizam no sentido de concretizar
as suas ideias e projectos utilizando, para tal, o investimento de terceiros, uma vez
que dinheiro é sinónimo de respeito, temor empresarial e competitividade. Em troca
oferecem o seu know-how tecnológico como valor financeiro. Castells afirma que a
Internet “ (…) foi o meio indispensável e o motor da formação da nova economia”
(p.77). Esta lógica capitalista é contrariada por Jessop (2005) que defende a mudança
tecnológica como modeladora do informacionalismo. No entanto a contribuição de
todos os estratos foi crucial para o mundo cultural da Internet. Castells descreve a
cultura Internet como “ (…) construída sobre a crença tecnocrática no progresso
humano através da tecnologia, praticada por comunidades de hackers que prosperam
num ambiente de criatividade tecnológica livre e aberta, assenta em redes virtuais,
dedicadas a reinventar a sociedade, e materializada por empreendedores capitalistas
na maneira como a nova economia opera.” (p.83).
Com a expansão da Internet aumentou a produtividade, os mercados
globalizaram-se e os ideais da inovação, da produtividade e do crescimento
económico expandiram-se para outros sectores das economias globais, em especial
europeias. Surgiu assim uma nova economia baseada no conceito de organização em
rede, que surgem da combinação de estratégias de trabalho em rede (e.g.
descentralização interna das grandes empresas, cooperação entre pequenas e médias
empresas, alianças e estratégias entre empresas e suas redes auxiliares). Esta nova
economia é apresentada com uma “economia de rede dotada de um sistema nervoso
electrónico” (p.88), ou seja, capaz de pensar e se reconfigurar através das acções de
todos os seus utilizadores. Com a entrada das empresas na Internet surge no centro
do novo panorama económico o comércio electrónico. Este capitalismo é dinâmico e
concretiza-se na capacidade de aproveitar o potencial das novas tecnologias. Mas o
que será desta economia quando a próxima “coisa” tecnológica não for uma aplicação
ou software mas sim a capacidade de mobilização social através da tecnologia

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disponível? Transpondo esta questão para a educação, parece-nos pertinente


salientar a elevada tendência para o instrumentalismo verificado na Tecnologia
Educativa. Existe uma grande preocupação com a tecnologia mais do que com a sua
correcta e eficiente aplicação, ou pior, do que com a promoção de um ensino que
fomente a autonomia dos seus alunos para que possam aprender a aprender ao longo
da vida.
Cada vez mais empresas desenvolvem as suas estratégias de organização e
funcionamento de acordo com os seus negócios online. As novas empresas que
surgem da cultura empreendedora (start-ups) prosperam e desenvolvem-se
rapidamente comercializando para todo o mundo. Assim, as práticas de produção das
mesmas pautam-se pela sua capacidade em reagir o mais sincronamente possível,
recolhendo informação e distribuindo-a globalmente, de forma personalizada. Assim
reduzem-se custos e aumenta a qualidade dos produtos disponibilizados, assegurando
a satisfação do cliente. Esta inovação é constantemente colocada à prova através da
reacção do cliente face aos produtos oferecidos. Quanto mais rapidamente a empresa
reagir e adaptar os seus produtos às necessidades do cliente, maior será o seu
sucesso. No entanto o sucesso alcançado por estas empresas é proporcional à
frequência com que outras colapsam, irritando os clientes que se sentem cobaias
destes modelos empresariais. Nos casos de sucesso, a Internet contribui para a
empresa em rede graças à sua capacidade para evoluir organicamente na inovação,
nos sistemas de produção e em se adaptar à procura do mercado sem perder de vista
os lucros.
Ao longo deste capítulo Castells analisa a questão da transferência das
práticas empresariais, fruto da sua entrada na Internet, a relação entre Internet e os
mercados de capitais e o papel do trabalho e emprego flexível na empresa em rede e
o carácter da e-economia na origem do crescimento da produtividade. Conclui
apresentando hipóteses relativas ao novo ciclo económico e a potencial crise
provocada pela forte desvalorização dos valores tecnológicos nos mercados
financeiros.
O novo mercado financeiro que agora se desenvolve caracteriza-se pela
crescente globalização e interdependência dos mercados financeiros e pela
transacção electrónica de valores. Estas transacções reduzem os gastos em cerca de
50% e criam oportunidades para o investimento online. Esta agitação de mercado
torna-o mais susceptível a alterações, reagindo quase instantaneamente à mínima
mudança. Isto contribui para uma maior volatilidade do mercado, afectado por aquilo
que Castells refere como “turbulências de informação” (p.112), um conjunto de

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critérios não económicos que afectam o mercado de capitais. A mudança, a incerteza


e o risco constante deixam de ser a excepção e passam a ser a regra nesta negócio
no qual a multiplicidade de informação prospera, dificultando as decisões de
investimento e provocando oscilações constantes nos mercados. Estas oscilações no
mercado têm consequências nefastas para muitos investidores que jamais conseguem
recuperar os seus investimentos, para os trabalhadores que são despedidos e,
consequentemente, para as suas famílias.
Referindo-se à crise económica de Março de 2000, Castells salienta que o
elevado risco proporcionado pelos negócios relacionados com as tecnologias de
informação e comunicação e que lhe conferia uma enorme valorização, foi o
responsável pelo descalabro financeiro verificado naquele ano, com alguma
similaridade económico financeira, no que se refere à forma especulativa do fluxo de
capitais em rede, e cuja onda de choque sentimos actualmente. Relativamente a esta
ideia, Castells refere que “o elevado índice de crescimento e a extraordinária criação
de riqueza vão de mão dada com potenciais quedas repentinas e destruição de
riqueza” (p. 140). Numa era de forte investimento tecnológico, a e-economia necessita
que os trabalhadores sejam capazes de investir em si próprios. O e-learning surge
“como um companheiro imprescindível durante a vida profissional de uma pessoa” (p.
117). O sistema educativo tem uma elevada responsabilidade na promoção da
autonomia dos alunos. Este processo de aprendizagem caracteriza-se pela
capacidade de aprender a aprender e conseguir transformar a informação em
conhecimento específico. A procura por trabalhadores altamente qualificados levou ao
surgimento do que Castells refere como “sistema de circulação de cérebros” (p. 121)
fruto da incapacidade em produzir trabalhadores qualificados na quantidade solicitada
pelo mercado, obrigando à sua circulação internacional e rápida absorção por parte
das empresas de ponta em investigação tecnológica e das grandes universidades. As
afirmações de Castells focam o papel da mão-de-obra como factor de produção,
ignorando o seu papel na valorização do capital (Jessop, 2005). A inovação
necessária para ultrapassar as adversidades e fomentar o crescimento económico
deve ser motivada pela inovação, dependente da 1) criação de novos conhecimentos
(e.g. ciência, tecnologia, gestão), 2) disponibilidade de trabalho auto programável com
alto nível educativo e 3) empreendedores. No entanto, ignora as consequências que a
apropriação da informação e do conhecimento têm para o desempenho económico e
justiça económica (Jessop, 2005). Neste quadro, Castells não aborda a questão do fair

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trade1. Mal, na nossa opinião, uma vez que este é um factor gerador de desigualdades
sucessivas, num ciclo vicioso que teima em não se extinguir. Como pode, por
exemplo, uma agricultura baseada principalmente no esforço sectorial dos
agricultores, num país, competir com uma agricultura subsidiada pelo Estado, noutro
país?” Estas desigualdades são fomentadas pela disponibilidade e acesso a recursos
tecnológicos e económicos díspares, e alimentadas por nós, enquanto consumidores.
Castells alerta para uma necessidade de mudança em relação ao conformismo social
e político que prolifera na sociedade, referindo que “ou levamos a cabo uma mudança
política no sentido amplo do termo (…) ou você e eu teremos de reconfigurar as redes
do nosso mundo em torno dos nossos projectos pessoais.” (p. 325). Vaneigem (2001),
insurgindo-se contra este conformismo vírico, propõe a auto-realização, a
comunicação e a participação como as formas revolucionárias de agir conducentes a
uma maior justiça social.
No entanto na nova economia nem toda a mão-de-obra é qualificada, ou pelo
menos tão qualificada. Castells refere a existência de trabalhadores com menos
habilitações para desempenhar as novas funções exigidas. Esta mão-de-obra é,
segundo o autor, facilmente substituída por maquinaria sofisticada, fruto da inovação
tecnológica de outros trabalhadores mais qualificados. Segundo Castells, esta falta de
investimento na formação, por parte de muitos, é uma consequência de um défice no
investimento social e não dependente da qualidade individual. Uma ideia subjacente à
política que vigora no programa “Novas Oportunidades”, no qual, supostamente, o
Estado investe na formação destes trabalhadores menos qualificados.
No capítulo 4 (Comunidades virtuais ou sociedades em rede?) Castells debate
a questão do surgimento de novas formas de sociabilidade na Internet. Com o
aparecimento e generalização da Internet, imergem novos padrões de interacção
social. No entanto, segundo o próprio, o volume de estudos realizados não está à
altura da importância deste tema, algo que sem dúvida mudou ao longo do tempo.
Neste capítulo aborda as relações entre a Internet e a sociedade. Segundo estudos
analisados por Castells, as utilizações da Internet são fundamentalmente
instrumentais, sendo que o e-mail representa 85% da utilização da Internet. Segundo
análise da Pew Internet & American Life Project (2009), reportando-se a estudos de
Dezembro de 2008, a consulta/envio de e-mail foi apontada como principal actividade
realizada por 91% dos inquiridos2.

1
Comércio justo
2
Estudo realizado nos Estados Unidos.

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Neste capítulo pretende desmistificar o mito de que a Internet representa um


terreno para a prática de fantasias pessoais. Contrariamente a esta ideia, a Internet
constitui-se como uma extensão da vida quotidiana tal como é. Analisa as questões
críticas deste tipo de interacção como os perigos da comunicação em rede, o
isolamento social do sujeito, a ruptura da comunicação social e da vida familiar, e o
role-playing. Relativamente a estas questões, Castells não generaliza conclusões,
devido à referida falta de estudos no sector, referindo portanto que é “ (…) difícil
chegar a uma conclusão definitiva sobre os efeitos que a rede pode ter sobre o grau
de sociabilidade” (p. 154). A sociabilidade na Internet está a aumentar
consideravelmente como comprovam os estudos de Lenhart (2009), segundo a qual,
em Dezembro de 2008, 35% dos adultos americanos possuíam uma conta numa rede
social, cerca de quatro vezes mais que em 2005 (8%). Embora este estudo se reporte
aos Estados Unidos, encontra-se perfeitamente contextualizado com a obra de
Castells, uma vez que o autor apresenta os seus dados segundo uma perspectiva
americana. O mesmo estudo de Lenhart refere que 65% dos jovens americanos
possuem uma ou mais contas em redes sociais. No entanto, uma vez que os 35% de
adultos representam uma porção da população maior que a dos 65% de jovens
considerou, para as suas conclusões, o primeiro valor apresentado (Lenhart, 2009). A
sociedade tem vindo a assistir a uma mudança na estruturação das redes sociais. Esta
alteração assume uma dualidade espácio-temporal. Através de comunidades virtuais,
as pessoas organizam-se e mantêm relações familiares, de amizade e de trabalho.
Através destas redes virtuais que se constituem mediante interesses comuns,
aumenta a capacidade de mobilização social, bem como a área geográfica envolvendo
essa mobilização, como sugere Rheingold (2002). A propósito, Castells refere uma
comunicação transversal cada vez mais abrangente e influente, comprovada pelo
surgimento das smart mobs, formas de organização auto estruturada através da
mediação tecnológica e inteligência emergente (Rheingold, 2002). Lenhart (2009)
refere que a forma como se constituem estas redes sociais virtuais é semelhante à
forma como se constituem as redes sociais offline. Para reforçar este argumento, a
autora salienta que podemos encontrar nestas redes online familiares, indivíduos do
mesmo bairro, da mesma escola, do mesmo clube, ou seja, pessoas que fazem parte
da esfera física de contactos sociais do utilizador, relacionando com o conceito de
capital social, implícito nas relações internas e externas de uma rede social (Wikipédia,
2009a). Castells também se pronuncia sobre este assunto, referindo que estas redes
são baseadas nos seus interesses, afinidades e projectos pessoais.

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Castells alerta para uma maior centralização das relações sociais:


“Actualmente, a tendência dominante na evolução das relações sociais nas nossas
sociedades é o auge do individualismo em todas as suas manifestações.” (p. 158).
Inicia-se o culto do individualismo ou como refere Castells, “privatização da
sociabilidade” (p. 159), motivada pela crise familiar e dos laços parentais e pelo
distanciamento entre os cidadãos e o Estado, agravando a crise de “legitimidade
política” (p. 159). Este individualismo em rede é materialmente suportado pela Internet,
manifestando assim todas as possibilidades e limitações desta e emergindo como uma
forma de sociabilidade dominante.
A questão dos movimentos sociais organizados em rede é debatida no capítulo
5, “A política da Internet I: Redes Informáticas, Sociedade Civil e Estado”, no qual
Manuel Castells refere que os movimentos sociais (e.g. ecologistas, sindicais,
religiosos, pacifistas) são estruturados segundo valores emocionais que visam
conquistar as mentes individuais num movimento generalizador de ideais e
construtores de uma nova sociedade. Mobilizando-se em torno de valores culturais,
estes movimentos sociais preenchem um vazio deixado pela crise verificada ao nível
das organizações à entrada do novo século. A globalização destes movimentos foi
possível devido à Internet. Neste contexto, a Internet assume-se como uma ferramenta
organizativa destes movimentos, um meio de comunicação e também como uma
alavanca de transformação social, embora nem sempre nos termos desejados pelos
próprios. No entanto a World Wide Web revela-se como o espaço ideal para publicar o
seu descontentamento social e político. A propósito deste descontentamento, Castells
refere uma desconfiança dupla entre cidadãos e governos. Identifica a resistência dos
movimentos sociais mas não lhes atribui um papel informativo e revolucionário. Desta
forma, o governo põe em prática uma política de obstrução [selectiva] de acesso à
informação, evitando assim possíveis constrangimentos com a população. A política
antipirataria em França é exemplo de uma medida implementada pelo Estado na
tentativa de controlar o tráfego de informação na Internet, numa clara manifestação de
abuso de poder por parte deste governo. Relativamente a estas questões Jessop, em
entrevista a Ankara Murekkep (2002), refere:
“ (…) é importante criar condições para que exista tolerância mútua entre
forças diferentes no seio da sociedade civil, sujeitas a um respeito geral
pelos valores democráticos básicos. Isto requer, não só a construção de
instituições democráticas (cujo carácter diferirá de acordo com as esferas
específicas na qual se instituirão), mas também a formação de sujeitos

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comprometidos com práticas democráticas e com a deliberação.” (p. 20-


21).

Esta política de obstrução e manipulação da informação é referida como


noopolitik. Contrastando com a realpolitik3, esta surge numa época de organização em
rede e interdependência global, configurada pela informação e pela tecnologia, a
capacidade de resposta rápida às várias questões e mensagens transmitidas é
fundamental na concretização de qualquer agenda política. Castells aponta o dedo à
falta de responsabilidade democrática e governamental, referindo-a como a principal
debilidade desta sociedade em rede. Como solução sugere a reconstrução vertical,
nos dois sentidos, dos governos. A diplomacia política assume um papel mais
socialmente orientado, convertendo-se numa estratégia de segurança nacional,
incluída num movimento de “societalização” (Jessop apud Murekkep, 2002),
contribuindo para “ (…) prevenir os confrontos, aumentar as oportunidades para criar
alianças e fomentar a hegemonia cultural e política.” (Castells, 2007:193). Mas este
conceito só será possível mediante uma rede tecnologicamente avançada, à qual
todos tenham igual acesso, uma questão desenvolvida no capítulo 9. Para Castells, a
Internet contribui para esta democratização, igualando “ (…) as condições nas quais
distintos actores e instituições podem agir” (p. 197). Sabemos, no entanto que para tal
democratização é necessário uma igual democratização no acesso o que nem sempre
se verifica, oito anos depois.
No capítulo seguinte, Castells continua a abordar a temática do controlo político
das redes. Inicialmente criada com um meio para a liberdade intelectual, esta parecia “
(…) pressagiar uma nova era de libertação.” (p. 201). Este paradigma da liberdade
baseava-se, primeiramente, no facto da espinha dorsal da Internet se encontrar nos
EUA, sob a alçada de toda a protecção constitucional de liberdade de expressão
caracteristicamente americana, mas também pela sua arquitectura “ (…) baseada na
ligação informática em rede sem restrições, sobre protocolos que interpretam a
censura como uma falha técnica, contornando-a simplesmente dentro da rede global”
(p.201). A Internet constituía-se assim com um presságio para a era de libertação
devido à incapacidade dos governos em controlar os fluxos de comunicação. A
privacidade era protegida pelo anonimato. No entanto, esta liberdade começou a ser
questionada por novas tecnologias e novos regulamentos. Estes permitem a

3
”Postura tradicional de fomento do poder estatal na cena internacional, através da negociação,
a força, ou o potencial uso da força. A realpolitik não desaparece na era da informação, mas permanece
centrada no Estado numa era em que está organizada em torno de redes, incluindo as redes de Estados.”
(Castells, 2007:192)
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transgressão da privacidade, relacionando indivíduos com formas de comunicação e


conteúdos em contextos concretos. Fruto da inovação na área da tecnologia de
controlo surgem novas formas de identificação (passwords, cookies), vigilância
(intercepção de mensagens contendo determinado assunto) e de investigação (bases
de dados). Esta inovação, apoiada pelo governo, constitui uma clara tentativa de
controlo de poder que temem perder. Esta vigilância alastrou-se por toda a sociedade,
sob o pretexto da segurança do governo e da rede face a ataques terroristas. A
necessidade de controlo sobre a Internet diminui o poder de encriptação. Para tal
proíbem, por exemplo, as tecnologias de segurança pessoal. Fruto deste aumento de
controlo virtual, Castells sugere a metáfora da casa de cristal para caracterizar o
ambiente vivido actualmente na Internet. Esta maior preocupação com a diminuição da
privacidade tem as suas consequências. Para Castells, é responsável pela ausência
de regras explícitas de conduta, bem como a dificuldade em prever as consequências
dos comportamentos expostos. Ironicamente, a grande responsável pela construção
deste sistema de vigilância é a livre iniciativa. Sem ela, os governos careceriam da
tecnologia que lhes permitiria intervir na Internet. A mesma tecnologia que outrora
aspirou a um ambiente de liberdade é hoje a responsável pelo controlo dos seus
utilizadores. No final do capítulo Castells sugere algumas medidas desconflituadoras
deste Estado de desconfiança entre cidadãos e os seus governos:
“Na realidade, a Internet bem poderia servir para quer os cidadãos
vigiassem o seu governo e não para que o governo vigiasse os seus
cidadãos. Poderia transformar-se num instrumento de controlo,
informação, participação e mesmo de tomada de decisões estruturado de
baixo para cima. Os cidadãos poderiam ter acesso aos arquivos do
governo, o que constitui de facto um direito seu. Teriam de ser os governos
e não as vidas privadas das pessoas a transformar-se em casas de cristal,
à excepção de algumas questões fundamentais de segurança nacional. só
em condições de transparência das instituições políticas poderiam os
governos pretender legitimamente estabelecer os controlos mínimos sobre
a Internet para detectar os poucos casos em que se manifestasse o lado
perverso que em todos nós habita.” (p. 220)

No capítulo 7 “Multimédia e Internet: O hipertexto para lá da convergência”


analisa a convergência entre Internet e multimédia. Estabelece a distinção entre meios
de entretenimento ou infoentretenimento e meios de comunicação (e.g. televisão).
Pronunciando-se sobre um futuro multimédia, Castells refere a incapacidade dos

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media tradicionais em capitalizarem os seus investimentos na Internet por três razões


principais: 1) globalização dos media, 2) expansão da emissão satélite e da TV digital
e 3) insuficiente largura de banda.
O autor apresenta-nos dados relativos às utilizações da Internet por
americanos em 2000, segundo os quais, exceptuando os videojogos, não havia formas
de entretenimento online, comprovando, segundo ele, a relação entre a Internet e a
actividade multidimensional da vida diária. No entanto, dados de 2008 do Instituto
Pew, indicam que, em 2004, 56% dos utilizadores da Internet, viam vídeos ou ouviam
músicas na Internet. O fenómeno Youtube é um exemplo de como as formas de
entretenimento já passaram para a Internet. A Internet configura-se cada vez mais
como um meio específico de comunicação, com a sua própria lógica e linguagem,
aberta a todas as manifestações culturais. A convergência com o multimédia só será
possível mediante a criação de um novo sistema de media que satisfaça a procura de
expressão livre interactiva e criação autónoma, materializado numa largura de banda
adequada. Desta feita Castells refere que rumamos a uma personalização do
hipertexto, através da capacidade em reconfigurar as ligações com os diferentes
componentes, algo que George Siemens (2005) caracterizou no Conectivismo. O
Conectivismo integra vários princípios, entre eles, os da teoria do caos, da rede e da
auto-organização (Siemens, 2005). A aprendizagem resulta das várias conexões em
rede e baseia-se na diversidade de opiniões. Esta teoria assenta na necessidade de
criar e manter conexões que nos permitem aprender. Nesta lógica, a força da rede
está na fraqueza do seu elo mais fraco. Quanto mais sólida e complexa for, maior será
a profundidade do conhecimento construído. Desta forma falamos em hipertextos
personalizados, restringidos pela largura de banda e acesso à informação. Neste
contexto, a arte surge como uma ponte entre o self e a rede.
No capítulo seguinte “A Geografia da Internet: Locais ligados em rede”, somos
confrontados com uma geografia sem limites impostos por fronteiras, antes por
questões como acesso ou largura de banda. Analisando a geografia da própria rede, e
baseando-se nos estudos de Matthew Zook (2000), Castells refere que a América do
Norte é líder em termos de utilizadores e grau de penetração. Comparando estes
dados com os actuais, provenientes da mesma fonte, observamos que os EUA
deixaram de ser líderes isolados em termos de utilizadores. Complementando com
dados do World Internet Usage Statistics News and Wordl Population Stats (2009)
observamos que os países menos desenvolvidos e com menor índice de penetração
da Internet estão à partida menos habilitados a competir neste mercado de mercados.

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Tabela 1 – World Internet Usage Statistics News and World Population Stats (2009)

Analisando a tabela observamos que, em 31 de Dezembro de 2000, os EUA


eram o país com o maior número de utilizadores enquanto o Médio Oriente registava o
menor número. Tal como previra Castells “quanto mais baixo for o ponto de partida,
maiores serão as probabilidades estatísticas de que o ritmo de crescimento aumente”
(p. 291). Desta feita, os EUA registaram a menor taxa de evolução (132,5%) enquanto
o Médio Oriente a maior (1296,2%), seguido por África (1100%) e América Latina
(860,9%). Os EUA possuem ainda o mais alto nível de penetração na população
(74,4%), seguidos da Oceânia/Austrália (60,4%) e Europa (48,9%). No entanto quando
analisamos a representação de cada país relativamente ao número de utilizadores
observamos que os EUA perderam a liderança da tabela para ocupar agora a terceira
posição (15,7%). No topo encontram-se a Ásia (41,2%) e a Europa (24,6%). De
salientar ainda que, apesar de ocupar o segundo lugar em termos de penetração na
população, Oceânia/Austrália ocupam o último lugar em termos de representação
mundial, sendo que o penúltimo posto é ocupado pelo Médio Oriente (2,9%) que
registou o maior índice de crescimento desde 2000. Obviamente que os dados
apresentados por Castells se encontram desactualizados, 8 anos depois, porém as
suas considerações sobre a evolução desses valores não deixam de ser acertadas.
Estes valores são influenciados por outro factor que não deve deixar de ser
considerado, o crescimento da população. Não podemos deixar de comparar a cultura
ocidental com a oriental quando analisamos estes dados, e verificar que a população
ocidental é cada vez menor e está mais envelhecida, enquanto o mesmo não sucede
com os países do oriente, algo que já foi apelidado de “ameaça amarela” e inverno
demográfico. Castells não tomou em conta estes factores quando fez as suas
análises, o que não deixa de ser um facto a considerar.
Analisa ainda a influência das tecnologias da informação na transformação das
metrópoles e regiões. Contradizendo o mito referente ao fim das cidades às mãos da

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Internet, a população continua o seu êxodo para as cidades. Este movimento tem
vindo a acentuar-se desde a revolução industrial, em especial desde meados do
século XX, com as populações a procurarem melhores condições de saúde, educação,
comunicação e transportes, fruto da ausência de políticas de desenvolvimento das
zonas rurais. Prevendo que cerca de dois terços da população vivam em cidades por
volta de 2025, Castells refere-se ao crescente crescimento urbano de zonas tão
empobrecidas como a África subsaariana, numa resposta à melhoria das
necessidades básicas das populações. As cidades constituem-se assim como a
referência para o desenvolvimento económico, humano, cultural, educativo e
tecnológico. Este acentuado crescimento das cidades contradiz a capacidade
tecnológica da Internet para interagir e trabalhar à distância. Porquê? De acordo com o
autor, devido à “ (…) concentração espacial de empregos, actividades geradoras de
salários, serviços, e oportunidades de desenvolvimento humano que se dão nas
cidades, especialmente nas áreas metropolitanas de maior tamanho.” (p. 264). O
maior número de receitas gerado nestas áreas propicia uma melhor oferta de serviços
essenciais como educação e saúde. A convergência dos centros de inovação
tecnológica nas grandes metrópoles está na base da conversão destas em centros de
riqueza, conforme demonstraram Philippe Aydalot, Peter Hall e Manuel Castells nos
seus estudos. Nesta era de informação, com o surgimento de novos modelos de
urbanização suburbana e exurbana, a dependência das pessoas em relação às
infraestruturas de transporte, comunicação e informação é grande. Desta forma, o
teletrabalho, o trabalho a partir de casa, ou entre locais espacialmente distantes está a
aumentar. Mas só parcialmente relacionado com a Internet. Castells demonstra que o
teletrabalho existe, no entanto este não assume uma preponderância significativa na
sociedade. Funcionando através das residências, não elimina as deslocações
periódicas ao local de emprego. Refere ainda os call centers, ou centros de apoio ao
cliente, instalados nas periferias ou em áreas vazias das zonas históricas ou
comerciais das cidades.
Relativamente ao trabalho móvel, este move-se pelas áreas metropolitanas
pelo mundo inteiro, dependendo de computadores ou telemóveis com acesso sem fios
à Internet, e nos quais organizam o seu trabalho. No entanto, nem todos têm direito a
este acesso a uma banda larga de alta velocidade. Esta desigualdade de acesso, fruto
da falta de políticas de desenvolvimento, é um dos factores responsáveis pelo hiato
económico e tecnológico entre países, entre regiões, inclusive entre bairros.
Provocando fragmentações de variadíssima ordem entre regiões, as infraestruturas
tecnológicas são o motor de uma tecnologia cada vez mais reactiva à mínima

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oscilação verificada. Relativamente a estas desigualdades, Castells refere a E-topia de


William Mitchell (1999) na qual todos os elementos da sociedade possam beneficiar de
iguais condições de acesso à informação, sem contingências de espaço ou tempo, e
dele retirar os mesmos dividendos.
A centralidade económica, social e política da Internet converte-se em formas
de marginalização para todos os que não têm ou possuem um acesso limitado à rede,
assim como para aqueles que dela não conseguem retirar todo o seu potencial. É com
esta ideia que Castells inicia o último capítulo do livro. “A info-exclusão: Uma
perspectiva global” dá-nos uma visão da disparidade e exclusão provocadas, por estas
condições, ao nível dos seus indivíduos e as suas consequências globais. Interroga-se
se a exclusão se dá pela falta de acesso ou, por outro lado, se o acesso os torna
dependentes de economias e culturas nas quais têm poucas possibilidades de
encontrar o caminho que lhes proporcione bem-estar material e identidade cultural.
Uma ideia é clara à partida, e era da informação não é acedida por todos. Castells
aponta quatro factores responsáveis por esta exclusão da informação: 1) as diferenças
infraestruturais (equipamento e acesso à Internet) entre as escolas, 2) a qualidade dos
professores (investimento em formação e nível de motivação), 3) a pedagogia
diferencial das escolas (desenvolvimento intelectual e pessoal do aluno, disciplina e
entretenimento, autoridade, promoção da autonomia), e 4) a família (computador em
casa, ligação de qualidade à Internet). As políticas governamentais também
desempenham um papel importante neste contexto. É necessário promover uma
literacia que permita a utilização tecnológica. Desta forma, a tecnologia por si só não é
suficiente. Também poderemos incluir a língua materna como um factor criador de
desigualdades de acesso. Actualmente a maioria dos sites na Internet estão em inglês.
Joel Spring (2004) aborda esta questão no seu texto “O Futuro da Educação na
Sociedade Global”. Referindo-se ao choque de ideologias educacionais aborda a
questão da adopção de uma língua universal, ao que chamou de “língua da Terra”
(p.75). De acordo com Spring (2004), a adopção de uma língua universal poderia
(eventualmente) contribuir para a paz ao atenuar mal-entendidos culturais e
contribuindo para a criação de uma sociedade civil e global. Mas esta língua universal
também seria responsável pela erradicação de culturas minoritárias, uma vez que é
impossível dissociar língua de cultura, além de fomentar a clivagem económica e
social uma vez que nem todos teriam igual oportunidade de acesso extensivo ao
ensino da língua. Seguidamente, este autor coloca a questão da adopção do inglês
como língua universal. Aqui o aspecto negativo é ainda mais enfatizado ao referir que
esta medida asseguraria a influência da cultura anglo-saxónica na cultura global,

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difundindo a cultura consumista norte americana além de fomentar a mensagem de


superioridade das culturas onde o inglês é língua oficial. Como conclusão, Spring
(2004) propõe o Ambientalismo como ideologia educacional global crítica ao “ (…) criar
padrões globais para interagir com a biosfera. Como já referi, todas as principais
religiões mundiais incorporam laços espirituais profundos com a natureza e, segundo a
Ecologia Profunda, a maioria dos seres humanos retira significado e satisfação da
interacção com a natureza.” (p.88).
Como conclusão, Castells refere que os problemas referidos na “Galáxia
Internet” são provocados por questões decorrentes da info-exclusão, numa
contraposição da riqueza à pobreza. O autor coloca os Estados Unidos numa posição
central do mercado mundial impulsionado pela Rede, no que se poderia considerar
uma “ (…) celebração da afirmação da hegemonia dos Estados Unidos sobre uma
Europa tímida.” (Jessop, 2005:45).
Analisando as dinâmicas do mercado financeiro, Castells ignora (ou prefere
ignorar) as consequências da competitividade gerada pelo capitalismo selvagem, que
não respeita condições de acesso ou literacia, reportando-se às causas das
desigualdades verificadas. Desta forma, a exploração, as lutas para aumentar o valor
dos excedentes, a competição para assegurar taxas de lucro acima da média, ou
ainda as deslocalizações das empresas não são analisadas pelo autor.
Esta Galáxia democrática e libertária revela-se pouco condescendente com
estes valores. Quem é responsável pela sua construção? Se a Internet foi concebida e
primeiramente idealizada como um repositório de toda a informação da humanidade,
segundo os ideais de Douglas Engelbart, Vannevar Bush e Ted Nelson e
materializados por Berners-Lee, será que o acesso a essa informação é todo igual e
para todos? Qual o papel que a publicidade desempenha neste acesso? Estas
questões são pertinentes e justificavam, na nossa opinião, uma reflexão por parte do
autor.
Apesar de eventuais críticas, o autor conclui propondo uma consciência social
no sentido de agir em prol do interesse público, uma função inicialmente atribuída aos
governos mas que não é actualmente desempenhada na forma mais correcta. Alerta
para a corrupção sistémica verificada nos partidos e das suas burocracias
tecnologicamente desfasadas e desligadas da vida dos eleitores. A Internet é um
instrumento tecnológico que deve servir para a promoção de um modelo social e
económico justo e não para o enriquecimento de uns e o controlo de outros. Porém é
necessária a contribuição individual dos cidadãos para conseguir esta mudança.
“Desenvolvendo a nossa responsabilidade individual, como seres humanos

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informados, conscientes dos nossos deveres e direitos, com confiança nos nossos
projectos” (p.324), seria possível efectuar alterações nas práticas governamentais no
sentido de uma verdadeira democracia. Ao responsabilizarmo-nos “ (…) por aquilo que
fazemos e por aquilo que se passa à nossa volta, a nossa sociedade poderá controlar
e orientar esta criatividade tecnológica sem precedentes.” (ibidem). A Internet é o
suporte e o campo para essa interacção entre governos e cidadãos.

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