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Introdução
O MPLS (Multiprotocol Label Switching) é um protocolo de roteamento baseado
em pacotes rotulados, onde cada rótulo representa um índice na tabela de
roteamento do próximo roteador. Pacotes com o mesmo rótulo e mesma classe
de serviço são indistingüiveis entre si e por isso recebem o mesmo tipo de
tratamento.
Ele é chamado de multiprotocolo pois pode ser usado com qualquer protocolo
da camada 3, apesar de quase todo o foco estar voltado no uso do MPLS com
o IP.
Este protocolo é na verdade um padrão que foi feito com base em diversas
tecnologias similares desenvolvidas por diferentes fabricantes. Ele é referido
por documentos do IETF como sendo uma camada intermediária entre as
camadas 2 e 3, fazendo com que estas se “encaixem” melhor.
1.1 Motivações
O MPLS surgiu como uma resposta de fabricantes de equipamentos e centros
de pesquisa a várias necessidades que surgiram com a popularização da
internet e diversificação de seus serviços.
Além disso cada roteador tem que realizar o mesmo processo, que é muito
semelhante para todos os roteadores, para cada um dos pacotes, sem guardar
nenhum tipo de memória sobre cada pacote. Isto é especialmente ineficiente
devido ao fato de que a maioria dos pacotes IP pertencem na verdade a fluxos
de pacotes com mesmas origens e destinos.
Com base nestes fatores pode-se chegar a conclusão de que uma rede
baseada no algoritmo de roteamento padrão das redes IP não é escalonável.
Ou seja, não é possível aumentar-se o tamanho de uma rede indefinidamente
pois por mais rápidos que os roteadores sejam individualmente, a repetição
excessiva de tarefas semelhantes torna o atraso da rede proibitivo.
Ficou claro então a necessidade de novos algoritmos de roteamento. Porém,
agora entra em cena um outro fator. Mesmo que fosse desenvolvido um
algoritmo de roteamento extremamente eficiente, este não seria muito útil se
não fosse compatível com os protocolos e equipamentos já existentes.
Este de certo modo foi o maior problema com as redes ATM. Para se
implementar redes ATM é necessário grandes investimentos em equipamentos
além do que existem grandes dificuldades na interoperabilidade entre o ATM e
o IP, principalmente no tocante a redes de grande porte, retornando novamente
ao problema de escalonabilidade.
1.2 Histórico
Quando o ATM foi lançado, esperava-se que ele acabasse por dominar o
cenário mundial devido às suas altas velocidades. Porém a tecnologia ATM
possuía um calcanhar de Aquiles. Ela não era compatível com o IP, o protocolo
de rede mais difundido do mundo.
Logo vários esforços foram feitos para se compatibilizar o ATM com o IP. Uma
destas tentativas foi o ATMARP (ATM Address Resolution Protocol). Este
protocolo mapeia os endereços IP em endereços ATM para que pacotes IP
possam ser roteados através de uma nuvem ATM.
O IP Switching, da Ipslon, foi uma das primeiras a aparecer. Ele foi projetado
para conectar subredes IP através de nuvens ATM.
O CSR é muito similar ao IP Switching sendo que sua maior diferença é que
sua intenção é a de conectar ATM LIS (Local IP Subnets), e não subredes IP
com enlaces não ATM utilizando roteadores IP padrão. Outra diferença é que o
IP Switching só é capaz de rotear pacotes IP, já o CSR pode rotear pacotes de
protocolos que não sejam IP. A conexão entre ATM LIS e redes não ATM se dá
através de roteadores padrão, onde o endereçamento depende de servidores
ATMARP.
2. Funcionamento Básico
Quando um pacote vai de um roteador para outro através de um protocolo de
rede sem conexão, cada roteador analisa este pacote e toma decisões
independentes sobre para onde enviar o pacote. Isto significa que cada
roteador analisa o cabeçalho e roda o seu próprio algoritmo de roteamento.
Cada CEE é relacionada a um LSP (Label Switch Path). Os LSP são caminhos
determinados dentro da nuvem MPLS. Uma CEE pode ser associada a mais de
um LSP, porém com todos apresentando mesma origem e mesmo destino.
Se fizermos uma analogia, no roteamento convencional cada roteador
da rede irá associar dois pacotes a uma mesma CEE se existe em sua
tabela de roteamento um prefixo de endereço X que seja o maior
casamento (longest match) com o endereço de destino de cada pacote.
4. Rótulos
Os rótulos são pequenos identificadores de tamanho fixo colocados nos pacotes
durante seu trafego pela rede. Eles são inseridos pelo LER de entrada e são
removidos em definitivo pelo LER de saída. Assim não sobra nenhum vestígio
dos rótulos que possa atrapalhar o seu roteamento fora da rede MPLS.
Para redes MPLS baseadas no protocolo IP, alguns bytes são inseridos antes do
cabeçalho IP para fazer o papel do rótulo. Para redes ATM e Frame Relay os
campos VPI/VCI e DLCI são utilizados, respectivamente, como o rótulo.
Os rótulos tem validade local, o que significa que só são válidos entre roteadores
adjacentes. Além disso, o fato de terem tamanho fixo agiliza o seu tratamento
pois este pode ser feito por meio de Hardware.
5. Distribuição de rótulos
Para que um RCR possa associar um rótulo a um pacote ele precisa saber quais
foram os rótulos estipulados pelos seus RCR’s adjacentes. Isto porque o rótulo
de saída que consta em uma posição na tabela de um RCR é determinado pelo
RCR para o qual o pacote que receberá este rótulo será mandado.
6. Interoperabilidade entre
Protocolos
Por ser uma tecnologia nova e muito versátil, muitas pessoas acabam
confundindo o conceito de MPLS com outras redes como redes IP, ATM ou
Frame Relay. Na verdade, MPLS é outro tipo de rede, independente das demais,
mas que pode usar equipamentos ATM, IP ou Frame Relay como RCR’s
alterando-se apenas o software que controla esses equipamentos.
Esta facilidade se deve ao fato de que redes MPLS podem rotear tanto pacotes
como células sem alteração na maneira como os caminhos são calculados.
Outro fator que se deve levar em conta é que a flexibilidade do MPLS ainda
permite que ele seja usado simultaneamente com outros protocolos, mais
especificamente com ATM.
7. Aplicações
Como foi visto anteriormente, o MPLS é uma rede de transito, o que em geral
significa que há a necessidade de grande planejamento e grandes investimentos
para sua implementação.
8. Conclusão
Até hoje não existe nenhum protocolo que seja uma panacéia para os problemas
de redes de computadores. E não acredito que será assim com o MPLS que
apesar de oferecer inúmeras vantagens sobre seus predecessores, terá também
suas limitações.
Embora o MPLS seja uma tecnologia muito promissora, somente o tempo irá
dizer o quão relevante ela realmente será. Com a grande velocidade em que
ocorrem as inovações, novas tecnologias aparecem a todo instante tornando o
que outrora era considerado como o futuro em apenas curiosidades e notas de
rodapé.
Para maiores informações sobre os detalhes do funcionamento do MPLS, referir-
se ao RFC 3031.
9. Bibliografia
• Davie, B., Rekhter, Y., “MPLS Technology and Applications”, Morgan
Kaufman Publishers
• Duffy, J., “MPLS facing slow adoption, despite flurry of market hype”,
Network World, Maio de 2001