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HUMAITÁ-AM
2006
EDIMILDO DE JESUS BARROSO PASSOS
1 INTRODUÇÃO........................................................................................
1.1 Objetivos................................................................................................
1.2 Justificativa............................................................................................
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................
4. CRONOGRAMA.....................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................
1 INTRODUÇÃO
“Fomos diretamente à praia. Ali acudiram logo cerca de duzentos homens, todos
nus e com arcos e flechas nas mãos (...) O capitão deu ao velho com quem falara
uma carapuça vermelha (...) Outros trocavam arcos e flechas por sombreiros e
carapuças de linho ou por qualquer coisa que alguém desejasse dar-lhes.”(MATOS
e CELSO 1995, p. 45)
Depois vieram os africanos das mais variadas regiões daquele continente. Estes,
mesmo provindo do mesmo continente, já traziam entre si culturas e línguas diversas
devido também a sua variada colonização.
“(...) e porque, comumente, são de nações diversas, e uns mais boçais que outros, e
de figuras muito diferentes, há de fazer-se repartição com reparo e escolha e não
às cegas. Os que vêm para o Brasil são Ardas, Minas, Congos, de São Tomé, de
Angola, de Cabo Verde, e alguns de Moçambique que vêm nas naus da Índia.”
(ANTONIL André João, op. cit. p. 46)
Tudo isso sem contar que os invasores vinham de vários países da Europa com
suas várias línguas e costumes.
Com isso, podemos perceber que o Brasil, já na sua formação lingüística,
recebeu influências, ou contribuições – do ponto de vista do enriquecimento da língua –
muito diferenciadas. Hoje o Brasil, com seus quase duzentos milhões de habitantes, é o
maior país, a maior nação do mundo onde se fala português, uma língua repleta de
sotaques e regionalismos. As variações lingüísticas são tantas que há, em algumas
regiões, expressões que em outras chega a ser muito difícil sua compreensão e,
dependendo da época, algumas chegam mesmo a não ser compreendidas.
É válido lembrar que essas diferenças não acontecem somente de região para
região ou estado para estado, Isso acontece também, até com certa freqüência, de
grupos para grupos, pois dependendo do padrão e/ou modo de vida que levam os seus
membros o nível da fala pode variar bastante.
“(...)Não resta dúvidas de que o ensino normativo tem valores indiscutíveis e deve
ser mesmo motivo de preocupação por parte dos professores. O conhecimento da
língua normatizada assegura, quando menos, acesso a privilégios sociais e mantém
uma forma de comunicação entre os falantes de um país tão extenso e de algumas
peculiaridades no falar.(...)” (CRIM, Valente André, 1998, p.67)
Então, não se pode afirmar como verdade absoluta, que o estudo da gramática
normativa não é importante, que o importante é que se entenda o que foi dito, a
mensagem, como defende alguns lingüistas. É por isso que muitos erros ou desvios da
norma culta, muitas vezes, são justificados como regionalismos, como algo pouco
importante em relação à língua como um todo, etc.
Se não entendermos o estudo da gramática normativa como fator essencial para
a padronização da língua, se levarmos em conta justificativa – ou tentativa de justificar
– de que não é necessário, é assim mesmo, cada um fala segundo sua realidade, cada
região tem suas regras de uso da língua portuguesa, não é importante haver uma língua
culta ou uma língua padrão, etc. acabará por chegar o dia em que no Brasil haverá
vários dialetos do mesmo idioma. Acontecerá de o que for dito não ser compreendido
por um falante – da língua portuguesa – do Norte caso tenha sido dito por um falante do
Sul, por exemplo, ou vice-versa. Para aqueles que acham que é exagero essas
explicações em relação à língua falada, transportemos então, tudo o que foi dito para a
modalidade escrita.
A padronização da língua é uma forma de aproximar os falantes, diminuir as
desigualdades sociais, tentar igualar os níveis sociais pelo menos sob o ponto de vista
do uso da língua culta, já que uma parcela bem maior da população teria acesso. A
língua culta, ou padrão, não é só para as pessoas de classe alta, e as classes pobres que
fiquem com a língua vulgar. Essa forma de distinção de classe ficou no passado
medieval, período em que somente a nobreza e o clero tinham acesso ao latim clássico
enquanto o povo comunicava-se utilizando o latim chamado vulgar, havendo pois, entre
essas duas modalidades da mesma língua, uma barreira intransponível.
Não confundamos então, o uso correto da língua, segundo as normas da
gramática, com linguagem elitizada, imprópria para determinados grupos –
principalmente se forem formados por pessoas de condições sociais inferiores – ou
situações. Sabemos que variantes como as gírias, por exemplo, sempre irão existir, isso
porque sempre existirão jovens e adolescentes ou qualquer outro grupo de falantes que
não se preocupem com o que é certo ou errado ou, muito menos, com o que é clássico
e o que é vulgar. Por isso, enquanto houver alguém assim, sempre ouviremos algo
diferente em relação às normas gramaticais.
Porém, gírias se vão passando com o tempo – ou, pelo menos, com a idade dos
falantes, na maioria das vezes – já os erros gramaticais, esses se perpetuam se não
forem devidamente corrigidos. Ainda quanto às gírias essas, em alguns casos, ganham
“fóruns de legitimidade” o que não acontece com infrações às normas gramaticais.
Deixemos bem claro, portanto, o que é gíria segundo LUFT, 2002: “Linguagem
especial de um grupo, profissão ou classe social”. Vejamos como exemplo um diálogo
entre jovens paulistanos, segundo INFANTE, p. 16:
“ – E aí tru?! Belê?
– Sussu...
– Vô na minha goma. Ta na fita?
– Se pá eu vô lá.
– Cola lá, Falou?”
È muito provável que quem põe em prática um discurso dessa forma, dificilmente
conseguirá fazê-lo servindo-se das normas estabelecidas pela gramática, ou seja:
“ – Bom dia pessoal! Tudo bem?!
– Tudo bem...
– Estou indo para minha casa. Vocês querem ir até lá?
– Se for possível nós vamos.
– Espero por vocês lá, tudo bem?”
FARACO e MOURA – Gramática. 12. ed. 2ª impressão – São Paulo – SP: Ática, 2000.
MATOS, Clarense José de e NUNES, César A. Novo Manual Nova Cultural História
do Brasil, São Paulo – SP: Nova Cultural, 1996.
LUFT, Celso Pedro, Novo Manual de Português. 4. ed. – São Paulo – SP: Globo S.A,
1997.