Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
A atividade física influi em mecanismos específicos responsá- Keywords: Lactate. Aminoacid. Exhaustion.
veis pela redução da produção de força e conseqüentemente à Palabras-clave: Lactato. Aminoácido. Agotamiento.
Placebo pós
efeito na obtenção de maiores cargas de trabalho quando utiliza-
5 do tal protocolo de indução à fadiga.
A mensuração da concentração de lactato sanguíneo é um pro-
0 cedimento padrão para determinar a intensidade do exercício físi-
co. O valor absoluto da concentração de lactato é usado em cer-
Gráfico 1 – Média da Concentração Plasmática do Lactato obtida em 12 tos grupos de sujeitos para objetivamente estimar a intensidade
voluntários treinados antes e após a execução do protocolo de indução à do exercício ou como um critério de exaustão máxima(52). Neste
fadiga nos diferentes grupos experimentais. Os dados representam a mé-
estudo, utilizamo-nos de tais conceitos para determinar a intensi-
dia ± EPM, n = 12. * P < 0,001.
dade do exercício, que por sua vez ao verificar os valores encon-
trados no pós-protocolo determinaram que os voluntários chega-
ram à exaustão máxima, onde consideramos o ponto de fadiga. O
A concentração de Lactato (mmol/L) em voluntários treinados acúmulo de lactato durante a execução de um protocolo de exer-
foi determinada previamente e logo após o término da execução cício de alta intensidade significa que a produção de lactato exce-
do protocolo de indução à fadiga. O gráfico 1 exibe a concentra- de a quantidade de sua remoção. O acúmulo de lactato é indicati-
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Nº 6 – Nov/Dez, 2005 349
vo da depleção de glicogênio, fazendo sentido o encontro de altas 5. Hicks AL, Kent-Braun J, Ditor DS. Sex differences in human skeletal muscle fa-
concentrações de lactato no momento do ponto de fadiga, condi- tigue. Exerc Sports Sci Rev 2001;29:109-12.
zendo com relatos de outros autores(18-20,51). 6. Kirkendal DT. Mechanisms of peripheral fatigue. Med Sci Sports Exerc 1990;22:
444-9.
Assim, observamos o aumento significativo da [La]b aos com-
7. Marquezi ML, Lancha Junior AH. Possível efeito da suplementação de aminoáci-
pararmos o pré com o pós-protocolo. Desta forma, podemos afir- dos de cadeia ramificada, aspartato e asparagina sobre o limiar anaeróbio. Rev
mar que a elevação da concentração plasmática de lactato existiu Paul Educ Fis 1997;11:90-101.
pela alta intensidade do exercício proposto, não havendo nenhu- 8. Green HJ. Cation pumps in skeletal muscle: potential role in muscle fatigue. Acta
ma diferenciação devido à presença da suplementação com as- Physiol Scand 1998;162:201-13.
partato de arginina. 9. Harmer AR, Mckenna MJ, Sutton JR, Snow RJ, Ruell PA, Booth J, et al. Skeletal
Sabe-se que o excesso de aminoácidos é metabolizado dentro muscle metabolic and ionic adaptations during intense exercise following sprint
training in humans. J Appl Physiol 2000;89:1793-803.
do ciclo da uréia e excretado pela urina. O excesso de suplemen-
10. Danion F, Latash ML, Li ZM, Zatsiorsky VM. The effect of fatigue on multifinger
tação pode causar danos renais. Desta forma, analisando a con- co-ordination in force tasks in humans. J Physiol 2000;523:523-32.
centração de uréia e creatinina, observam-se efeitos sobre a fun- 11. Gandevia SC. Spinal and supraspinal factors in human muscle fatigue. Physiol
ção renal(35). Em estudo realizado em 1994, foi verificado que a Rev 2001;81:1725-89.
administração oral de 20g, aguda, de arginina induziu um aumento 12. Santos RS. Estudo do efeito da administração oral de l-arginina na resistência
da ureiogênese e da concentração celular de ATP(50). Porém, nos- muscular em voluntários sadios por meio de dinamometria isocinética 2001; f.62.
sos resultados referentes à concentração da uréia não se modifi- Dissertação (Mestrado em Engenharia Biomédica) – Instituto de Pesquisa e De-
senvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba.
caram após a administração oral, aguda, de 4,5g de aspartato de
13. Schaefer A, Piquard F, Geny B, Doutreleau S, Lampert E, Mettaure B, et al. L-
arginina, reafirmando que a dose oral sugerida em estudo não foi Arginine reduce exercise-induced increase in plasma lactate and ammonia. Int J
suficiente para induzir o aumento da ureiogênese(13). Sports Med 2002;23:403-7.
Por si só, a creatinina tem sido usada para determinar a capaci- 14. Lees SJ, Franks PD, Spangenburg EE, Williams JH. Glycogen and glycogen phos-
dade e/ou sobrecarga renal após a ingestão de aminoácidos. A phorylase associated with sarcoplasmatic reticulum: effects of fatiguing activity.
arginina, por sua vez, induz a síntese endógena de creatina, geran- J Appl Physiol 2001;91:1638-44.
do uma fonte adicional de creatinina para ser excretada. Com rela- 15. Tsopanakis C, Tsopanakis A. Stress hormonal factors, fatigue, and antioxidant
responses to prolonged speed driving. Pharmacol Biochem Behav 1998;60:747-
ção a isto, a arginina, junto com glicina e S-adenosilmetionina, é
51.
um dos aminoácidos precursores da creatina. O que para nosso
16. Rassier DE, Macintosh BR. Coexistence of potentiation an fatigue in skeletal
estudo poderia ser uma energia adicional para a melhoria da per- muscle. Braz J Med Biol Res 2000;33:499-508.
formance que de fato não ocorreu. O aumento na síntese de crea- 17. Bilodeau M, Henderson TK, Nolta BE, Pursley PJ, Sandfort GL. Effect of aging on
tina requer um processo complexo que inclui a captação da argini- fatigue characteristics of elbow flexor muscle during sustained submaximal con-
na pelos órgãos sintetizadores de creatina, formar creatina fosfato traction. J Appl Physiol 2001;91:2654-64.
e desfosforilar a creatina e assim a circulação(53). 18. Favero TG, Zable AC, Colter D, Abramson JJ. Lactate inhibits Ca2+-activated Ca2+-
Os resultados referentes à glicose não alteraram durante os channel activity from skeletal muscle sarcoplasmic reticulum. J Appl Physiol
1997;82:447-52.
testes nas diferentes etapas, atribuindo ao não aumento do fluxo
19. Febbraio MA, Dancey J. Skeletal muscle energy metabolism during prolonged,
mediado pela arginina na formação de NO, pois, diversos autores fatiguing exercise. J Appl Physiol 1999;87:2341-7.
já mostram um papel fundamental da via de formação do NO no 20. Baldwin J, Snow RJ, Gibala MJ, Garnham A, Howarth K, Febbraio MA. Glycogen
músculo esquelético ao tratar de transporte de glicose(47). Desta availability does not affect the TCA cycle or TAN pools during prolonged, fatigu-
forma, destacamos a ineficiência da suplementação utilizada em ing exercise. J Appl Physiol 2003;94:2181-7.
nossa pesquisa. 21. Grassi B, Quaresima V, Marconi C, Ferrari M, Cerretelli P. Blood lactate accumu-
Apesar de estudo sugerir que administração oral de 4 a 5g de lation and muscle deoxygenation during incremental exercise. J Appl Physiol
1999;87:348-55.
arginina poderia oferecer benefícios, tais como a redução das con-
22. Brooks GA, Dubouchaud H, Brown M, Sicurello JP, Butz CE. Role of mitochondri-
centrações de lactato, amônia e talvez uma melhoria de desem- al lactate dehydrogenase and lactate oxidation in the intracellular lactate shuttle.
penho, nossos resultados sugerem que estudos com outras do- Proc Natl Acad Sci USA 1999;96:1129-34.
ses e com outros períodos de administração sejam realizados para 23. Von Grumbckow L, Elsner P, Hellsten Y, Quistorff B, Juel C. Kinetics of lactate
talvez obter um aumento na tolerância à fadiga(13). and pyruvate transport in cultured rat myotubes. Biochim Biophys Acta 1999;1417:
Finalmente, este estudo objetivou avaliar o efeito da suplemen- 267-75.
tação aguda de aspartato de arginina em indivíduos sadios treina- 24. Ferrington DA, Reijneveld JC, Bar PR, Bigelow DJ. Activation of the sarcoplasmic
reticulum Ca 2+-ATPase induced by exercise. Biochim Biophys Acta 1996;1279:
dos submetidos a um protocolo de exaustão em um cicloergôme-
203-13.
tro. Porém, mediante os resultados apresentados, podemos
25. Favero TG. Sarcoplasmic reticulum Ca2+ release and muscle fatigue. J Appl Phys-
concluir que a suplementação aguda de aspartato de arginina, na iol 1999;87:471-83.
dose de 4,5g, não foi capaz de aumentar o desempenho físico, o 26. Kabbara AA, Allen DG. The role of calcium stores in fatigue of isolated single
que caracteriza que não auxiliou na tolerância à fadiga muscular. muscle fibres from the cane toad. J Physiol 1999;519:169-76.
27. Chin ER, Allen DG. The contribution of pH-dependent mechanisms to fatigue at
different intensities in mammalian single muscle fibres. J Physiol 2000;512:523-
Todos os autores declararam não haver qualquer potencial confli-
32.
to de interesses referente a este artigo. 28. Modin A, Björne H, Herulf M, Aluin K, Weitzbeg E, Lundberg JON. Nitrite-derived
nitric oxide: a possible mediator of ‘acidic-metabolic’ vasodilation. Acta Physiol
Scand 2001;171:9-16.
REFERÊNCIAS
29. Jacob TL, Segal SS. Attenuation of vasodilatation with skeletal muscle fatigue in
1. Lucia A, Hoyos J, Pardo J, Chicharro JL. Effects of endurance training on the hamster retractor.. J Physiol 2000;524:929-41.
breathing pattern of professional cyclists. Jpn J Physiol 2001;51:133-41. 30. Barros Neto TL. A controvérsia dos agentes ergogênicos: estamos subestiman-
2. Hargreaves M, Mckenna MJ, Jenkins DG, Warmington SA, Li JL, Snow RJ, et al. do os efeitos naturais da atividade física? Arq Bras Endocrinol Metab 2001;45:
Muscle metabolites and performance during high-intensity, intermittent exercise. 121-2.
J Appl Physiol 1998;84:1687-91. 31. Ohtani M, Maruyama K, Sugita M, Kobayashi K. Amino acid supplementation
3. Bangsbo J, Krustrup P, Alonso JG, Saltin B. ATP production and efficiency of affects hematological and biochemical parameters in elite rugby players. Biosci
human skeletal muscle during intense exercise: effect of previous exercise. Am Biotechnol Biochem 2001;65:1970-6.
J Physiol Endocrinol Metab 2001;280:956-64. 32. Lemon PWR. Protein and exercise: update 1987. Med Sci Sports Exerc 1987;
4. Dahlstedt AJ, Westerblad H. Inhibition of creatine kinase reduces the rate of fa- 19:179-90.
tigue-induced decrease in tetanic [Ca2+], in mouse skeletal muscle. J Physiol 33. Rossi L, Tirapegui J. Aspectos atuais sobre exercício físico, fadiga e nutrição. Rev
2001;533:639-49. Paul Educ Fís 1999;13:67-82.