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A evolução da economia portuguesa nos últimos 25 anos foi caracterizada por quatro
processos principais:
(*) Uma primeira versão deste texto foi publicada na Newsletter da AIP, Janeiro de 2011, tendo
sido posteriormente ampliada e concretizada.
Àqueles quatro processos pode ainda acrescentar-se um quinto, a saber, um
incremento significativo no capital humano que, todavia, se revelou bastante
insuficiente (sobretudo no plano qualitativo da adequação às necessidades da
competitividade económica) e nos deixa ainda longe das economias concorrentes,
apesar do paradoxo revelado na incapacidade de absorção desse novos recursos pelo
mercado de trabalho.
A crise da dívida soberana vai fazer com que os anos que se seguem sejam de um
diálogo tenso entre duas “anormalidades” europeias de sinal contrário – Portugal e a
Alemanha.
No seu Relatório sobre a Economia Europeia de 2011 a parceria entre o Instituto alemão Ifo de Munique
e de Dresden e o CES de Munique apresentou uma proposta abrangente de reformulação da
governação da Zona Euro, tendo em conta o que se aprendeu até agora com crises da dívida soberana
de Estados dessa Zona.
O EEAG parte do princípio que, para o funcionamento da Zona Euro, não existem alternativas para além
de regras e instituições que induzam disciplina de mercado face aos devedores, pedra de toque da
Moeda Única e do Mercado Comum. Sendo que a credibilidade da cláusula de “no bail out “ -
consagrada no Tratados - é a pré condição essencial. Essas regras e instituições, para serem úteis, têm
que responder à questão fundamental de conter os receios de contágio entre países do risco de default
por via dos seus sistemas bancários. Uma solução plausível para que possam responder a essa questão
seria um sistema de governação da zona Euro assente em dois Pilares: um seria um processo de
monitorização e supervisão - à escala da União Europeia - da dívida pública e do sistema bancário,
sendo o outro a criação de um mecanismo credível de gestão de crises que fortaleça a disciplina de
mercado - reduzindo a garantia implícita de bail out que caracterizou até agora a Zona Euro, ao mesmo
tempo que protegeria, os mercados de ataques especulativos e do pânico. O conteúdo de cada um
desses pilares poderia ser o seguinte
O limite do défice seria modificado de acordo com o ratio Dívida Pública/PIB de cada País por forma
a exigir aos países mais endividados uma maior disciplina orçamental suficientemente cedo
As sanções , caso os países excedessem estes novos limites seriam automáticas, sem necessidade
de qualquer nova decisão política a partir do momento em que o Eurostat apresentasse formalmente
o valor dos défices; as sanções poderiam ter uma natureza pecuniária e tomar forma de covered
bonds colateralizados com activos dos Estados susceptíveis de privatização, podendo também
incluir elementos de natureza não pecuniária como seja a retirada de direitos de voto
O Eurostat, para poder desempenhar este papel deveria ser autorizado a solicitar directamente
informação aos diversos níveis dos sistemas estatísticos nacionais por forma a conduzir controlos
independentes ao nível da recolha da informação estatística, podendo ser –lhe imputada
responsabilidade em caso de falha de controlo
Nos casos em que o controlo e a assistência falhassem e os riscos de insolvência surgissem, o País
em causa deveria ser convidado a sair da Zona Euro por voto de uma maioria dos membros da Zona
A saída voluntária da Zona Euro deveria ser possível em qualquer momento
O 2º Pilar é fundamental para o EEAG, que tem muito mais confiança na disciplina imposta pelos
mercados do que na que pode vir a resultar de uma necessária revisão do Pacto de Estabilidade e
Crescimento. Para impor a disciplina de mercado - que pode levar à ocorrência de situações de crise de
liquidez ou de solvência de um Estado - torna-se necessário que a Zona Euro disponha de um
mecanismo credível de Resolução de Crises que envolva os investidores privados na assunção dos
custos da operação de salvamento, impedindo, ao mesmo tempo, o desencadear de pânico que agrave
as turbulências de mercado; sendo que esse mecanismo deve contribuir para a estabilização do sistema
bancário, impedindo ou travando uma espiral de emergências que aumente a necessidade , ou a
tentação, de novas operações de salvamento em cascata . Para talo Relatório do EEAG propõe um
procedimento em três passos que permitisse distinguir entre os diferentes tipos de crise – iliquidez, risco
de insolvência e insolvência de facto
O terceiro passo consistiria num procedimento específico para casos de efectiva insolvência
FONTE “A New Crisis Mechanism for the Euro Area” em “The EEAG Report on the European Economy “ CESifo,
Munich 2011, páginas 71 a 96.
Uma economia que se desenvolveu “virada para dentro” com fraco peso das
exportações no PIB, com parte significativa dessas exportações assegurada por
empresas multinacionais, e cujos principais actores empresariais encontram no
mercado interno áreas de investimento em que podem obter retornos mais
elevados do que os que poderiam obter na competição internacional:, parte dessas
áreas resultaram da redefinição das funções do Estado na economia; a fraqueza
do sector exportador tem implicado, por sua vez, a fraqueza de investimento na
sua expansão, que leva inexoravelmente a atribuir ao investimento nos sectores
menos expostos à concorrência internacional o papel fundamental , quando se
pretende estimular a economia através de politicas anti recessivas;
D.2.) Outra via privilegiando a Variedade assente nas PME e apostando nas start
up tecnológicas, reforçando o papel do capital de risco, desde que na sua gestão
estejam envolvidos especialistas internacionais do sector.
Esta mudança de Modelo Económico exige uma intensa inovação social, entendida
como o conjunto de novas soluções - em termos de produtos, processos e
formas de organização - que melhor permitam à sociedade: