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JURÍDICA?
Parte da doutrina tem tratado o instituto da isenção tributária como sendo uma
forma de dispensa legal do tributo, assim como a imunidade tributária vem sendo tratada
como forma de não incidência.
Antes de qualquer coisa, faz-se necessária uma breve análise de alguns conceitos
diretamente correlacionados com o tema, entre eles, a não incidência, a hipótese de
incidência, fato gerador e as imunidades tributárias.
Por hipótese de incidência deve ser entendida a previsão legal de uma situação
fática, necessária e suficiente para originar a obrigação tributária. Deve restar claro que a
partir da realização fática da hipótese de incidência, necessariamente e por conseqüência
direta irá surgir uma obrigação tributária, a qual irá selar a relação jurídica a partir de então
existente entre o particular e o Estado.
A não incidência, a contrário senso, ocorre em relação a todos os outros fatos não
abrangidos pela hipótese de incidência. Nas palavras de Hugo de Brito Machado, “ não
incidência é a situação em que a regra jurídica de tributação não incide porque não se
realiza a sua hipótese de incidência, ou, em outras palavras, não se configura o suporte
fático.” (Hugo de Brito Machado, 2001, p. 188).
Nesta situação o tributo ainda não é exigível, pois decorre de obrigação ilíquida, e
também não o será, tendo em vista a eficácia da lei isentiva que exclui o crédito tributário.
A extinção subjetiva dá-se quando o titular do direito não puder mais exercê-lo,
seja por sua morte, incapacidade superveniente ou pela renúncia do referido direito.
Sendo esta lógica verdadeira, realmente a isenção deveria ser classificada como
uma forma de não incidência infraconstitucional, ao invés de uma meio de exclusão do
crédito, pois do contrário levaria a conseqüências impraticáveis.
Assim sendo, essa corrente, que defende ser a isenção uma norma
infraconstitucional que exclui, das hipóteses de incidência de determinado tributos, as
situações fáticas no seu texto previstas, as iguala as imunidades constitucionais,
diferenciando-se as isenções das imunidades apenas por uma questão de hierarquia
jurídica.
Tal afirmativa é verdadeira pelo simples fato que obrigação tributária principal e
crédito tributário dela decorrente representam a mesma coisa, porém em momentos
distintos. Melhor esclarecendo, a obrigação tributária é objeto da relação jurídica tributária
enquanto permanecer ilíquida. Quando, em decorrência do lançamento, é tornada líquida,
ela transforma-se no crédito tributário, o qual passa a ser, então, o próprio objeto da relação
jurídica tributária. Assim, antes do lançamento, existe a obrigação tributária, depois,
somente o crédito.
Pelos motivos aqui expostos e analisados, somos levados a concluir pela correção
da natureza jurídica dada pelo Código Tributário Nacional às isenções, qual seja a de
exclusão do crédito tributário.
Ademais, para que se considere que determinado fato está abrangido por uma
norma isentiva, faz-se necessário definir alguns de seus elementos, como matéria tributável
e sujeito passivo. A definição de tais elementos é definida justamente pelo lançamento,
conforme dispõe o art. 142, do CTN. Inclusive, conforme dispõe o seu parágrafo único,
trata-se de uma procedimento administrativo obrigatório e vinculado. E afinal, como
definir se um determinado sujeito passivo é beneficiado com tal favor sem que o mesmo
seja efetivamente identificado, principalmente quando se tratar de isenções concedidas a
título individual?
Chegamos então a solução do nosso problema, qual seja, nas situações atingidas
por uma norma isentiva, a obrigação tributária principal correspondente aos fatos isentados
chega a se formar, mas se transforma no crédito tributário, que é excluído, extinguindo
consequentemente a relação jurídica surgida com a obrigação tributária principal.
Em suma, podemos realizar as seguintes conclusões:
A nosso ver a situação das isenções concedidas a nível individual devem ser
analisadas sob dois aspectos: primeiro, quando o beneficiado deixou de satisfazer as
condições ou de cumprir os requisitos para a concessão da isenção; segundo, quando o
beneficiado não satisfazia as condições ou não cumprira os requisitos para a concessão do
favor.
BIBLIOGRAFIA
- FIUZA, Cézar. Direito Civil. Curso completo. 3ª ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2000.
- MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 19ª ed. São Paulo :
Malheiros, 2001.
- ROSA JR. Luiz Emygdio F. da. Manual de direito financeiro e tributário. 11ª
ed. Rio de Janeiro : Renovar, 1997.