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1. Noções Preliminares
não ocorre diretamente após a prática de um crime. A imposição da pena àquele que viola a
assegure ampla defesa (por força de preceito constitucional) ao autor do fato. Essa
obter uma decisão final relacionada com um crime praticado. Então o objeto do processo
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investigatórias consistentes em atos administrativos da Polícia Judiciária. O Direito
Processual Penal abrange igualmente o estudo das pessoas que praticam atos investigatórios
normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades
respectivos auxiliares”.
1.2. Litígio
obviamente não era a solução adequada já que o mais forte sempre vencia.
tal forma que se respeitassem às liberdades individuais, o bem estar geral os homens
partir de então somente o que era permitido ou não proibido. Todos os poderes estavam
concentrados nas mãos de um só, como no regime tribal ou do tipo patriarcal. Com a
isso não significa dizer que existe uma hierarquia entre eles.
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A função do legislativo é legislar (elaborar as leis de acordo com as necessidades
Na fase anterior a formação do Estado, outro meio utilizado, para solução dos
violência também não era o melhor caminho, já que a maioria dos conflitos não era
solucionada. E se algum dos conflitantes não quisesse a composição? Além disso, era
necessário que a composição fosse de maneira pacífica e justa e que fosse realizada por um
terceiro, forte o bastante para que sua decisão fosse respeitada e obedecida, principalmente
pelos litigantes. Atribuição esta, que só poderia ser executada pelo Estado.
Hoje exclusivamente o Estado, por meio do Poder Judiciário, pode intervir para a
solução dos conflitos de interesse daí a regra proibitiva do art. 345 do CP (justiça com as
próprias mãos).
Para garantir a harmonia social e o bem comum, o Estado, elabora leis que
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1.3. Lide
conflito entre, como diz Tourinho Filho, “o sujeito de um dos interesses em conflito
que para muitos autores não existe conflito de interesses, mas sim um único interesse, que é
o de apurar se o réu cometeu ou não o fato criminoso atentatório contra a ordem pública e o
penal.Os bens tutelados pelo Direito Penal são eminentemente públicos, isso garante o
direito de punir à sociedade, que é a principal vítima, quando se trata de ilícito penal.
Jus puniendi, ou seja, do direito de punir. Direito este que pode ser abstrato ou concreto.
Abstrato quando o Estado, por meio do Poder Legislativo, elabora as leis penais cominando
as sanções para o caso de sua transgressão e concreto quando o Estado tem o dever de
pretensão punitiva.
constitucionalmente assegurado, pode exigir que seu direito seja respeitado. E o Estado o
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O processo é uma seqüência de atos que objetiva a solução do conflito em que o
razões, com base no seu convencimento, dita a sua resolução (sentença)? que é obrigatória.
através de pressupostos materiais (nullum crimen, nulla poena sine lege) – não há crime
sem prévia definição, nem pena sem anterior cominação legal e também assegura a
aplicação da lei penal ao caso concreto de acordo com as formalidades legais e sempre por
meio de órgãos jurisdicionais (nulla poena sine judice), nulla poena sine judicio – nenhuma
pena pode ser imposto senão pelo Juiz, nenhuma pena pode ser aplicada senão por meio do
processo.
Constituição, no art.5º, que diz que não há crime sem lei anterior que o defina, a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão à ameaça a direito e, ninguém será privado
Assim quando alguém comete um ilícito penal, transgride uma norma penal, o
Estado que efetiva o jus puniendi, através de um órgão, que é o Ministério Público, já que
culpado, colhe as provas que forem apresentadas por autor e réu, recebe as razões de ambos
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e após o estudo de todo o material recolhido, dirá se deve prevalecer a pretensão estatal de
punir o culpado ou se o interesse do réu em não sofrer restrição no seu direito de liberdade.
A pena somente pode ser imposta pelo órgão jurisdicional por meio de regular
processo, logo o Estado necessita de órgãos para desenvolver atividades que levem a
através do órgão competente que é o MP, mas para que o MP possa exercer o direito de
ação é necessário que todos os elementos que levem a autoria do fato criminoso estejam em
suas mãos. As informações preliminares são colhidas pela Polícia Judiciária, ou pela Polícia
Civil.
é a fase preparatória para a propositura da ação penal e o segundo é o da ação penal que é o
o Direito Processual tem uma finalidade mediata, que é mesma do direito penal,
que é a paz social, a ordem pública e uma finalidade imediata que é em suma a realidade, a
por exemplo, o Professor Marco Antonio Marques da Silva, posição com a qual
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homem, é por meio do processo penal que as garantias tornam os direitos fundamentais
realidade.”1
decisão”2 (Tradução).
O processo penal tem objeto e princípios próprios. Enquanto o Direito Penal, que é
o direito material, cuida das figuras delituosas e suas sanções. o processo penal realiza o
direito penal.
aplicação do Direito material. No Direito Processual Penal esse caráter é mais claro ainda,
já que o direito penal não possui aplicação direta, O Direito de punir do Estado é
autolimitado face a necessidade de processo para aplicação da pena que só pode ser imposta
pelo Juiz.
1
Ob.cit.p.15
2
ROXIN, Claus, op. Cit., p. 4: “El fin del proceso penal tiene, entonces, naturaleza compleja: la condena del
culpable, la protección del inocente, la formalidad del procedimiento alejada de toda arbitrariedad y la
estabilidad jurídica de la decisión”.
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3.1. Relação do Direito Processual Penal com outros ramos do
direito
não podem se contradizerem. Todos devem se comunicar e o direito processual penal não é
diferente, mas não se pode negar, conforme já dito, grande ligação com o direito
constitucional. A ponto de ser tratado por muitos, como o direito constitucional aplicado.
A sua ligação com o Direito Penal é clara e evidente, daí seu caráter instrumental,
ou seja, não há realização do Direito Penal sem o Processo Penal. Não como se impor uma
fundamental, qual seja a de que a Constituição Federal traz em seu artigo primeiro que o
o Direito Constitucional que deve dirigir, permear, qualquer interpretação e aplicação das
normas processuais penais. O processo penal deve fundar-se nos princípios constitucionais.
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FERNANDEZ NETO, Athaualpa. ”A Constituição, a Lei e o Jurista: Considerações acerca de uma
“vinculação necessária””. Cadernos da Pós-Graduação em Direito da UFPA. Belém, v.3, .10, jan/jun.1999,
p.19
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CAPÍTULO II
PROCESSO PENAL
1. Introdução
penal. Os princípios que regem o processo penal são: princípio da verdade real,
prova ilícita, iniciativa das partes, “nulla poena sine judice” (nenhuma pena pode ser
imposta senão através do Juiz), “nulla poena sine judicio” (nenhuma pena pode ser imposta
O jus puniendi do Estado deve ser dirigido àquele que realmente tenha
cometido um ilícito ou infração penal. Para tanto é necessário que a verdade real, a verdade
É verdade dizer que o juízo penal tem maior possibilidade de chegar a verdade dos
fatos que no juízo cível, isso é necessário tendo em vista que trata de interesses
indisponíveis que, ao contrário do juízo cível, não podem ser transacionados. Percebe-se
claramente isso da leitura dos arts. 156 do CPP, com a nova redação dada pela Lei 11.690
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de Junho de 2008, que atribui a faculdade ao juiz de determinar a produção de provas antes
mesmo de iniciada a ação penal, e essa atividade instrutória vai no decorrer de todo o
processo.
Há que se destacar ainda o artigo 155, também alterado pela lei 11.690, que
reafirma a importância do princípio do livre convencimento do juiz, que tem como base a
produção de provas.
cometido, já que o juízo penal conta com a falibilidade do ser humano, com a possibilidade
Por esse motivo, autores como Tourinho Filho, e outros autores, chamam a
verdade real de “verdade processual” ou “verdade forense”, que parece a terminologia mais
que é seu, e não há como fazê-lo senão por meio de um juiz imparcial e é para garantir a
imparcialidade que os juízes contam com garantias conferidas pela Constituição Federal,
suspeição, nos termos dos arts, 252,254 e 112 do CPP, se é claro o próprio juiz não tenha já
declarado.
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1.3. Princípio da igualdade das partes
obrigações, de tal forma a garantir o equilíbrio entre elas. É importante frisar que o nosso
modelo de justiça penal é divido em quem acusa, quem defende e quem julga, que logo, são
pilares do modelo acusatório. Cabe ressaltar, que embora o no sistema seja acusatório, ele
não é acusatório puro, já que muitas das atividades das partes são também conferidas ao
juiz.
A própria Constituição Federal que nos arts. 127 e 133 (figuras essenciais a
habilitada tecnicamente, o que garante o nível técnico entre acusado e acusador (Ministério
Público).
Logo todos os direitos assegurados à acusação não podem ser negados à defesa e
vice-versa. É certo que às vezes a defesa conta com recursos exclusivos, como o Protesto
instrumentos para nivelar-se a polícia, somente seu direito à defesa da integridade física,
não poderá ser submetido a tortura nem tratamento desumano e não poderá sofrer
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1.4. Princípio da persuasão racional ou do livre convencimento
Esse princípio está consagrado no art. 157 do CPP, e impede que o juiz julgue com
base com o que não está no processo, ou seja, extra-autos. È também uma garantia da
imparcialidade do Juiz. Logo, o que não está no processo, não existe. A sentença do juiz
deve sempre ser fundamentada com base no que está nos autos, a ausência dessa
observância resulta em uma não-sentença, e as partes devem saber o que levou o juiz a
A publicidade dos atos processuais tem sido tratada, nos diversos ordenamentos
penal. Mas não se trata de um direito absoluto, podendo a lei, em casos especialíssimos,
prever o sigilo quando houve riscos de lesão a direitos de terceiros; o sigilo, no entanto,
nesta fase a exceção para o advogado, que terá acesso aos autos de inquérito.
art.792 do Código de Processo Penal que prevê a possibilidade do juiz limitar o número de
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determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que
possam estar presentes. É uma das funções do juiz manter a regularidade, a ordem
O acusado deve ser informado, desde logo, do inteiro teor da acusação. Esta deve
ser clara, explícita, completa, efetiva, contendo a qualificação jurídica do fato, e as provas
que a acusação pretende usar, de forma a possibilitar a ampla defesa; do contrário a garantia
constitucional seria meramente formal. Além disso, aquela informação deve ser feita com
deve ter ciência de todos os atos processuais, e com tempo razoável que lhe permita
Embora a acusação deva conter a qualificação jurídica do fato, como já ficou dito,
virtude da presença de elementar provada nos autos, ausente da peça acusatória, deverá
dar nova oportunidade de defesa para contraditar e produzir provas. No entanto, se essa
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“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”
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necessariamente deverá haver o aditamento da peça inicial acusatória, para,
constitucional do devido processo legal. Assim, para que tal garantia não fique apenas no
plano formal, e como a acusação é exercitada por órgão do Estado, com conhecimentos
princípio do devido processo legal, devendo o Estado prestar assistência jurídica àqueles
judiciais8.
Contudo, apesar do nosso sistema ser acusatório, o Juiz pode conceder Hábeas
Corpus (que é uma ação penal popular), decretar , de ofício, a prisão preventiva (que é ação
cautelar).
5
op. cit., p. 19
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CF, art. 5º, LXXIV
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CF, art. 5º, IX
8
cf. SILVA, Marco Antonio Marques da, op. cit., p. 21
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1.8. Princípio do “ne eat ultra petita partium” - o juiz não pode ir
Esse princípio garante que o juiz só poderá pronunciar-se sobre o que foi
incorreta, conforme descrito no art. 383 do CPP, mesmo que a pena seja mais severa, já
Outrossim, o art. 384, caput, do CPP, fala da possibilidade do fato ser contestado
A exceção desse princípio está no art. 408, § 4º, que trata do Júri, na fase de
pronúncia em que não há julgamento e sim juízo de admissibilidade para o julgamento pelo
Tribunal do Júri.
Esse princípio passou a fazer parte do nosso ordenamento jurídico com o advento
do querelante e do assistente.
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A providência embora tardia demonstrava-se cada vez mais urgente. O Processo
Penal Constitucional não mais admitia essa ausência da vinculação do juiz do início ao final
De acordo com esse princípio, o mesmo juiz que inicia a instrução criminal deverá
democrático.
da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. O devido processo legal está
duplo grau de jurisdição, ampla defesa, contraditório, publicidade, Juiz natural, proibição
da reformatio in pejus, respeito à coisa julgada, retroatividade da lei penal mais benéfica,
ilícitos
ilícitas por derivação, ou seja, aquelas que forem recolhidas de forma legal, mas utilizou-se
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de meio ilícito para se chegar até ela, exemplo, por meio de escuta telefônica, devidamente
até que definitivamente condenado, com sentença transitada em julgado. Sua prisão antes
Para Tourinho Filho o fato de o réu não poder apelar em liberdade (sem que haja
Direito, como é o nosso, em que os grandes pilares são a liberdade, a dignidade humana. O
reformatio in pejus (art.617), nos recursos privativos da defesa, como Protesto Por Novo
Júri, Embargos Infringentes ou de nulidade ( arts. 607 e 609), a revisão criminal, pelo
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op.cit. p.28
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1.14. Princípio do duplo grau de jurisdição
pessoas normais, logo, estão sujeitas a erros. Para isso o Estado criou órgãos jurisdicionais
a eles superiores, para que, em grau de recurso, fazendo o uso do duplo grau de jurisdição,
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