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A prova pericial nos processos de revisão de contrato bancário

Tem-se observado um crescente aumento do número de ações


judiciais objetivando a revisão de contratos bancários, o que vem consumindo grande parte
da atenção do já sobrecarregado Poder Judiciário.

As demandas envolvendo instituições bancárias e seus clientes


representam percentual considerável das causas dirimidas via processo judicial. Contudo,
não obstante o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal, em sua Súmula
5961, dentre as controvérsias surgidas nessas relações jurídicas, sem dúvida as de revisão de
contrato de financiamento bancário são as que têm exigido uma maior atenção por parte
dos juízes.

Isso porque, na maioria dos casos, os autores pleiteiam o


ajustamento econômico dos contratos, ou seja, o cumprimento das prestações a serem
pagas de acordo com a revisão do contrato pretendida, ainda durante o processo de
conhecimento.

O problema é que tal prática tem forçado a produção da prova


pericial contábil ainda na fase do processo de conhecimento, o que vem se tornando regra
neste tipo de ações, olvidando-se, assim, de uma eventual repetição dessa prova, não
obstante o seu caráter complexo.

É evidente que esta atuação alonga demasiadamente o


procedimento judicial e retarda o provimento final, uma vez que a realização de perícia
contábil para apurar o quantum debeatur devido na relação jurídica do financiamento, quando
realizada nesta fase do processo, pode tornar-se inútil.

Em muitas situações, os tribunais, ao reformarem o entendimento


do juiz monocrático, ainda que em parte não substancial, acabam alterando os parâmetros
fixados na primeira instância para a realização da perícia, o que força a produção de nova
prova pericial antes de se dar início à execução do julgado.

Ademais, com a introdução do artigo 475A, §2º, do Código de


Processo Civil2, pela lei 11.232 (de 22.12.05), na hipótese de não haver a produção da prova
técnica durante o processo de conhecimento, é possível dar-se início à liquidação de sentença,
ainda que na pendência de recurso, através do instituto da liquidação provisória.

1
SÚMULA N.º 596, do STF: “AS DISPOSIÇÕES DO DECRETO 22626/1933 NÃO SE
APLICAM ÀS TAXAS DE JUROS E AOS OUTROS ENCARGOS COBRADOS NAS
OPERAÇÕES REALIZADAS POR INSTITUIÇÕES PÚBLICAS OU PRIVADAS, QUE
INTEGRAM O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL”.
2
“Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação:
(...)
o
§ 2 A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos
apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças
processuais pertinentes”.
Desse modo, se confirmado pelos tribunais a interpretação do juiz
monocrático quanto às cláusulas contratuais, basta dar início à fase de execução, atentando-
se aos resultados fixados na prova pericial produzida durante a pendência de recurso.

Por outro lado, na hipótese de ser dado provimento ao recurso de


apelação pelo Tribunal, nota-se que a perícia contábil produzida durante a pendência de
recurso também não será proveitosa, perdendo, então, sua utilidade.

Contudo, em contrapartida, se não se realizou a perícia na fase do


processo do conhecimento, limitando-se o juiz, na sentença, a fixar os parâmetros para a
liquidação, neste caso não se alongou o processo de conhecimento com perícias
dispendiosas e demoradas, encurtando-se o tempo de cognição da matéria pelo juiz, o qual
pôde proferir sentença mais rapidamente.

Adotando-se este entendimento, observa-se uma maior


compatibilidade com os princípios da economia e da celeridade processual, pois, como
visto, se o juiz defere a produção de prova pericial durante o processo de conhecimento e,
na sentença, confirma o valor nela encontrado, a mencionada prova não terá qualquer
utilidade se os parâmetros para a realização dos cálculos não forem confirmados pelas
instâncias superiores.

Portanto, nota-se que a prática adotada por alguns juízes, de


deferir a produção de prova pericial, durante o processo de conhecimento, para a revisão
do contrato de financiamento bancário, é altamente contraproducente e antieconômica,
pois neste momento ainda não se tem uma definição final sobre a interpretação das
cláusulas e índices válidos do contrato.

Por essa razão, deveria ser adotado um entendimento comum dos


magistrados para postergar a realização da perícia para quando, pelo menos, já houver
recurso pendente de julgamento, efetuando-se, assim, a liquidação provisória, ou, melhor
ainda, para quando já houver uma decisão definitiva, através da liquidação de sentença por
arbitramento.

A opção pela primeira ou segunda dessas soluções deveria


depender do maior ou menor grau de probabilidade de uma radical alteração dos
parâmetros fixados na sentença para a liquidação.

André Pissolito Campos é advogado integrante da área do Contencioso do


escritório Franceschini e Miranda Advogados.(andre@fm-advogados.com.br)

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