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ESTUDO DE CASO – “O PROFESSOR”

1º. MOMENTO:

Meus pais sempre me disseram o quanto a educação era importante para minha formação como pessoa e
como profissional. Talvez de tanto ouvir isso e de lembrar a dedicação de minha mãe aos meus estudos
decidi que aquele meu tempo livre, entre um projeto e outro de engenharia, seria dedicado a ministrar
aulas de reforço de física para vestibulandos. Sempre tive muita facilidade com o aprendizado da
matemática, não sei se por algum aspecto genético, pois meu pai também é engenheiro, ou se pelas
influências de toda a família. Não sei bem ao certo, mas percebi que algo me levou a começar a ensinar.
Com um pouco de habilidade, mas com muito conhecimento, passei a “dar” aulas em uma garagem de
minha casa. Ganhava pouco dinheiro, mas a satisfação em ensinar, ainda que como um lazer, foi
“tomando meu tempo”.

2º. MOMENTO:

Com o dinheiro que ganhei deu para comprar um “quadro negro”, pincéis e equipar a garagem com uma
dúzia de cadeiras e um aparelho de ar condicionado, tornando o ambiente um pouco mais adequado para
desenvolver um trabalho profissional. Praticamente deixei de lado os projetos de engenharia e estou me
dedicando mais ao novo empreendimento. Contudo, percebo que meus alunos sentem falta de aulas
relativas a matérias complementares, pois leciono matemática e física. Por sorte, lembrei de um camarada
da éoca da faculdade que gostava de química e tinha me falado que gostaria de ensinar. Falei com ele
para dar aulas comigo e ele topou na hora. Ele é uma cara que, apesar de muito fechado, é uma pessoa
ótima de se relacionar. Agora eu e ele, além do trabalho, saímos à noite para paquerar, andamos juntos
por aí, enfim, nos tornamos amigos. Com sua entrada no negócio, já deu para ganhar um dinheirinho
suficiente para adquirir um carro que uso para transportar os materiais quando vou dar aulas particulares
em locais fora do meu espaço. Agora tenho com quem conversar sobre trabalho, dividindo as minhas
preocupações e os meus anseios, além do rendimento, que tem sido além do esperado. Nosso
relacionamento é sensacional e a aproximação se deve ao nosso gênio semelhante e porque estamos
trabalhando num mesmo ritmo, como se diz “estamos na mesma sintonia” (pelo menos é o que eu acho).
Comprando mais cadeiras e ampliando um pouco o espaço, conseguimos dividir em duas salas de aula e
oferecemos os cursos simultaneamente. Compartilhando o trabalho, consegui ganhar mais dinheiro, que
deve ser investido de alguma forma. Acho que vamos investir em divulgação de nosso “cursinho” e tentar
fazer cursos de aperfeiçoamento pedagógico para melhorar nossa qualidade de ensino.
3º. MOMENTO:

Tendo que aplicar o dinheiro que ganhei, investi na divulgação do cursinho. Também efetuamos o registro
da sociedade e agora já legalizamos a empresa, inclusive frente ao Conselho Estadual de Educação.
Alugamos uma sala de aula que fica em um empresarial próximo de minha residência e agora atuamos em
duas unidades. Contratamos professores para ministrar aulas em matérias que não nos eram comuns,
como Português, História, Geografia e Biologia e agora oferecemos um pacote completo. Ao todo, são
quatro professores e uma secretária, responsável por todo o suporte para as aulas e pela agenda dos
docentes. Um dos professores continua sendo aquele que me acompanhou no início, quando
ministrávamos aulas particulares. Hoje parecemos uma escola, oferecendo para os alunos alguns itens de
merchandising, como canetas, agendas, camisas, etc. Apesar disto, continuamos atendendo
principalmente o público formado pela população do bairro, pois o espaço é bastante restrito. Contudo,
após enxergarmos a dificuldade de locomoção de um dos docentes, que era o mais dedicado e mais
envolvido funcionário que tínhamos, decidimos abrir uma sala de aulas do outro lado da cidade.
Aproveitamos e o convidamos para ser nosso sócio nessa nova unidade do empreendimento, o que foi
aceito na hora. Por causa do investimento necessário, tivemos que trocar o automóvel por um utilitário
maior. Passamos a dividir as funções dentro da empresa, ficando ao meu encargo cuidar da parte
administrativo-financeira, enquanto meu primeiro sócio ficou com a parte pedagógica e o mais novo ficou
com o marketing (esta minha empresa está ficando muito chique). Entretanto, sempre nos reunimos para
discutirmos o futuro da escola. Sinto que ainda mantemos uma boa sintonia, cada um conhecendo o outro
por um gesto e até só pelo olhar. Já não tenho tido mais tempo de fazer cursos de aprimoramento
pedagógico, o que os docentes fazem sem problemas. Eu comando a escola e meu tempo tem sido gasto,
quase na totalidade, com questões que antes não faziam parte da minha rotina. Hoje percebo que o meu
trabalho não é mais baseado nas habilidades como docente ou engenheiro, mas é um trabalho mais
técnico-gerencial, que exigiu que eu começasse a pensar de forma diferente daquela que eu pensava
quando simplesmente dava aulas. Meu relacionamento com o grupo é bom. Trabalhamos muito mais,
entretanto, ainda temos horas de lazer, quando nos reunimos para “batemos bons papos”, jogamos cartas,
contamos piadas, falamos de “ficantes” e de muitas outras coisas. Se de repente aparece uma
oportunidade legal, todos entram em ação e se dispõem a contribuir e eu vejo como fico diferente nesse
momento. Mas a verdade é que eu passei a receber muito dinheiro, continuo dando algumas aulas
esporadicamente e sinto que não dá para parar. Acho que não conseguiria sobreviver como no começo,
quando atuava de maneira tão amadora. Mas ainda falta algo.... Quero mais....
4º. MOMENTO:

Continuei a investir em equipamentos e outros recursos de apoio pedagógico e percebi que poderíamos
aproveitar produzir nossas próprias apostilas e outros materiais didáticos, ao invés de comprá-los de
terceiros. Adquirimos uma máquina reprográfica de grande porte e passamos a dispor de uma gráfica de
pequeno porte. Percebemos que poderíamos melhorar nossas aulas se criássemos uma estrutura de
apoio pedagógico. Montamos este espaço, onde passamos a multiplicar nossas competências e fazendo
com que outras pessoas aprendessem um pouco daquilo que sabemos. Além de um cursinho, agora sou
proprietário de uma escola de docentes, o que não existia na minha região, onde especialmente jovens
recém saídos do colégio vem aprender a beleza de ensinar, pagando mensalidades e gerando mais
dinheiro para o meu empreendimento. Alguns dizem que sou empreendedor educacional, por aproveitar as
oportunidades de negócio que aparecem. Nem sei sequer se posso ser considerado empresário... De toda
forma, mudanças sensíveis ocorreram... Se antes a maior parte de meu trabalho ocorria em meu tempo
livre, hoje, já estou sem tempo para dar aulas, pois me dedico integralmente ao negócio. Entre funcionários
e docentes, hoje compomos um grupo de vinte profissionais, sendo uns doze professores e os demais
atuando em áreas de apoio administrativo, formado por uma pedagógica, duas atendentes, um motorista,
duas copeira/faxineiras, dois auxiliares de escritório, que atuam na área de tesouraria, usando
computadores para melhor controlar as informações, além de mim, que continuo cuidando da
administração e das finanças do negócio. Sinto que permaneço a maior parte do tempo no escritório,
comandando o trabalho da equipe. Ah! Vocês se lembram de meu primeiro sócio? Casou!!! (tem maluco
para tudo nesse mundo...). Fui seu padrinho de casamento e ele continua firme e forte na área pedagógica
da escola. É quem me auxilia na gestão da minha “obra-prima”. Agora tudo ficou mais difícil. Embora a
gente ainda se reúna nas horas de folga, eu não consigo estar tão próximo das pessoas como antes. É
mais difícil o relacionamento com vinte pessoas e muito mais difícil conhecê-las com alguma profundidade.
Algumas combinam-se mais e existe a divisão do grupo. Fora do expediente, uns preferem sair para as
baladas, outros preferem jogar cartas, conversar. Tem sido difícil reunir a turma toda em um mesmo local e
horário. As vezes fico só (é o que eu prefiro) tentando resolver alguns problemas que antes eu não tinha.
Tenho que gerar mais dinheiro para sustentar o negócio, tem mais gente para receber salário, as
duplicatas vão vencendo, os descontentamentos e os problemas de relacionamento são aspectos que eu
agora tenho que enfrentar. Tenho que controlar muito mais agora e estou percebendo que trabalho muito
mais com a cabeça do que com os braços. É raro o momento que posso entrar em sala de aula para
“passar uns bizus” como fazia antigamente. Mas sinto que também desenvolvo um trabalho social, que
emprego pessoas, que trago “alimento” para almas das pessoas e, é claro, tenho minhas compensações.
Sinto que não dá para parar.
5º. MOMENTO:

Um amigo falou que havia uma oportunidade de obter algum recurso para ampliar meu empreendimento,
através de um projeto de financiamento com baixa taxa de juros, desde que contemplasse ações sociais.
Fiz o projeto, com a ajuda desse meu amigo e percebi o quanto o meu negócio podia evoluir. Meu amigo
disse que agora sou um Empreendedor, e não mais um professor de cursinho como era antes. Comprei
mais e melhores equipamentos e passei a ter um sonho de organizar uma escola que atuasse em todos os
níveis, desde a pré-escola até a universidade. Seria a grande chance de poder levar educação para todos
em minha cidade. Gosto de ver as pessoas aprendendo, do clima existente, do ambiente onde acontece o
processo educativo. É isso que espero de meus docentes também, que com o novo projeto, passaram
para um total de cinqüenta. Também tive que aumentar a equipe administrativa e de apoio, e hoje
totalizamos setenta funcionários. Agora não tenho mais tempo de dar aulas, quanto mais de fazer algum
projeto como engenheiro. Meu sócio inicial, que também é engenheiro, também não consegue mais
realizar projetos e nem dar aulas. Tivemos que contratar um gerente geral e alguns coordenadores para
nos auxiliar na condução das atividades. Há vários chefes que não existiam antigamente e que nunca
pensei que fossem necessários. Tenho enfrentado problemas de comunicação com minha equipe, muita
coisa tem sido mal interpretada, muitas informações tem chegado depois do prazo para execução. A
estrutura está sendo organizada, mas existem modificações constantes devido ao crescimento. Nunca
havia imaginado um crescimento tão repentino em tão pouco tempo, mas o sucesso foi tão grande que
esse crescimento ocorreu em pouco mais de dez anos. Por mais que tento manter ordem parece
impossível que isso ocorra. Sei que há problemas com o pessoal (recrutamento e seleção), sei que há
descontentamentos com salários, sei que há problemas de relacionamentos, de falta de obediência com
relação a hierarquia (alguns não se conformam em não mais poder falar comigo), de comunicação,
controle de sistemática de trabalho, de definição de papéis, de dependência de minha aprovação em
muitas decisões, de delegação de autoridade. Por outro lado, enfrento problemas de crédito, preciso estar
toda hora elaborando projetos para bancar os gastos, aquisição de equipamentos, novas formas de
expansão. Sinto, às vezes, que vou explodir, mas vejo que não tenho, no momento, solução global
(solução para todos os problemas simultaneamente). Devo colocar prioridades e decidir. No momento
estou decidindo pela sobrevivência e crescimento da empresa. Sei que vou ter que conviver com muitos
dos problemas citados, mas é uma questão de opção. Outro dia percebi que não conheço a maioria das
pessoas, que tenho pouco tempo para falar com elas e quando isso ocorre já não é mais da forma
descontraída de antes. Hoje encontro com alguém no corredor e, na maioria das vezes encontro com um
problema. É sempre alguém que vem falar dos problemas que está enfrentando no trabalho. Talvez seja
por isso que comecei a andar de cabeça baixa. É até uma forma de evitar encontro com aqueles
cobradores e pais de alunos que insistem em falar comigo, quando há pessoas específicas a quem eles
devem se dirigir. Não é que não goste deles, que eu os despreze, é que não dá mais tempo. E isto não é
percebido pela maioria dos empregados, principalmente os mais antigos. Isto não me faz bem, mas faz
parte do esquema.
6º. MOMENTO

A economia de meu país entrou em recessão e a empresa entrou em crise. Tenho sérias dificuldades para
honrar meus compromissos financeiros, pois as pessoas estão sem recursos e a inadimplência é enorme.
Recorri a empréstimos que não sei se terei como pagar. Tive que devolver aos fornecedores alguns bens
que havia adquirido, por não ter como pagar. Por outro lado, tive que demitir cerca de 50% da minha força
de trabalho, o que gerou problemas com o sindicato da categoria, e os professores ameaçam deixar de
trabalhar. Um dos funcionários demitidos acionou a justiça que bloqueou uma de minhas contas correntes.
Os conflitos entre eles foram ampliados e hoje é possível até encontrar fortes discussões e até brigas.
Pensei que estivéssemos todos “em sintonia”, mas hoje vejo que não é bem assim. Não bastasse isso,
tenho sofrido pressão por parte das autoridades, que acham que eu deveria oferecer mais bolsas gratuitas
para a população. Não funciono como uma casa de caridade, apesar de ser consciente do papel social que
exerço. Tenho sérias dúvidas se vou conseguir suportar o stress pelo qual tenho passado. Meu antigo
braço direito resolveu sair da empresa, por não agüentar a situação e decidiu voltar a ser engenheiro
autônomo, como fazia antigamente. As vezes penso que essa solução seria a melhor para minha vida,
mas algo me diz que devo continuar a persistir com o negócio. Talvez seja aquele sentimento de que faço
parte de algo maior, que tenho uma contribuição a dar para a sociedade. Porém, não tenho competência
para lidar com essa situação toda. Outro dia recebi um consultor aqui na empresa e ele afirmou que eu
deveria investir parte do meu tempo na elaboração de um Plano de Negócios, para melhor estruturar as
minhas ações. Talvez seja a hora de contratá-lo para me auxiliar a reerguer a minha empresa. Afinal de
contas, estou precisando de muito ânimo para continuar com o empreendimento e talvez sua presença na
empresa me dê novo fôlego. Vou propor a ele que realize o trabalho comigo, condicionando parte do
pagamento pelos serviços prestados aos resultados que obtiver.
7º. MOMENTO

Graças ao meu bom Deus, o cenário econômico foi modificado e o mercado apresenta uma perspectiva
mais promissora. Minha empresa conseguiu superar a tempestade que vivenciei com muita apreensão e
hoje cresce de maneira organizada. A atuação do consultor foi decisiva nessa mudança de perspectiva.
Elaborei o plano de negócios que me permitiu enxergar melhor os rumos que minha empresa deveria
tomar, percebendo oportunidades de crescimento e aqueles fatores que faziam com que meu negócio
“desafinasse”. Minha empresa se transformou em uma entidade educacional completa, do pré-escolar até
a faculdade. Aliás, como é difícil ser uma Instituição de Ensino Superior no Brasil. São tantas normas a
seguir que tenho dúvidas se estou gerenciando para atender aos requisitos do MEC ou se para atender as
necessidades do mercado, que pede profissionais cada vez mais multidisciplinares. Terceirizei algumas
operações de apoio, desfazendo-me de algum patrimônio que só me dava dor de cabeça. Alguns antigos
funcionários hoje são empresários e prestam serviços para mim. Com o plano de negócios embaixo do
braço, renegociei minhas dívidas com e hoje tenho uma condição financeira invejável. Passados dois anos
de ter vivido meu deserto profissional, até parece que estou vivendo no paraíso. Para tanto, tive que
aprender a administrar melhor a empresa, assumindo efetivamente as funções de um empreendedor. Hoje
planejo grande parte daquilo que faço, gerando maior disponibilidade de tempo para que eu possa ter
contato com os agentes internos e externos que tem proporcionam o alcance de excelentes resultados
organizacionais, tendo em vista que a gestão passou a ser descentralizada. Sobrou até tempo para eu dar
aulas, o que alivia bastante o meu stress diário. Organizei melhor os recursos da empresa e hoje consigo
ter uma visão completa da organização, identificando em pouco tempo os riscos existentes em meu
segmento de atuação. Aprendi a ser mais aberto às contribuições de meus funcionários, que apresentaram
excelentes idéias para que pudéssemos sair da crise. Retomamos com toda força o projeto de expansão
da faculdade e pretendemos em pouco tempo abrir novas unidades em outros Estados. Já oferecemos
cursos de pós-graduação em diversas áreas e pretendemos oferecê-la pelo interior, onde a carência de
oportunidades é bem maior. Voltamos a oferecer serviços educacionais personalizados, além de toda a
nossa estrutura, idéia fornecida por dois funcionários que desenvolveu um modelo de negócio bem
inteligente e passou a ser nosso sócio neste novo empreendimento. . Um deles inclusive possui um talento
raríssimo como educador e tem sido uma de das maiores propagandas de nossa instituição. Hoje minhas
empresas contam com um time formado por mais de 200 funcionários e, o que é melhor, a quase
totalidade dos problemas de relacionamento foram solucionados. Tenho uma relação sadia com o
sindicato da categoria e com outras entidades representativas da sociedade, já que todos passaram a
compor comigo um conselho administrativo de gestão, que me ajuda a definir os rumos da empresa. Os
resultados são acompanhados através do plano de negócios, de modo que posso confirmar se o que foi
planejado vem sendo alcançado. Hoje ando pela empresa olhando no olho das pessoas e cumprimentando
a todos com quem cruzo pelo caminho com um largo sorriso. Reconheço minha capacidade
empreendedora, mas sei que não sou auto-suficiente e nem tenho que ser, afinal de contas, descobri que
quando não se tem competência a gente deve buscar onde ela existir. Tenho orgulho daquilo em que
aquela pequena empresa que abri se transformou e, mais ainda, por ter escolhido o rumo certo na minha
vida. Sinto-me realizado com o que fiz, mas sempre desafiado a conquistar novas realizações.

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