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Administração de Empresas
Grupo 4
Pederneiras
2009
Faculdade G & P
Administração de Empresas
Grupo 4
Pederneiras
2009
Folha de Aprovação
Resumo ....................................................................................................................................... 1
Abstract ....................................................................................................................................... 2
Introdução ................................................................................................................................... 3
1. O mercado de capitais......................................................................................................... 5
1.1. Mercado de capitais ..................................................................................................... 5
1.1.1. O Sistema Financeiro Nacional ............................................................................ 6
1.1.2. Tipos de mercados ................................................................................................ 7
1.1.3. A história do mercado de capitais no Brasil. ........................................................ 8
1.1.4. Comissão de Valores Mobiliários - CVM .......................................................... 10
1.2. Bolsa de Valores ........................................................................................................ 10
1.2.1. Sociedades corretoras ......................................................................................... 11
1.2.2. BM&FBOVESPA .............................................................................................. 12
1.2.3. Governança Corporativa ..................................................................................... 13
1.3. Ações ......................................................................................................................... 14
1.3.1. Tipos de ações .................................................................................................... 14
1.4. Por que e como investir ............................................................................................. 15
1.4.1. Direitos básicos e específicos de um investidor ................................................. 15
1.4.2. Como acompanhar os investimentos .................................................................. 16
1.5. Fechamento de Capital ............................................................................................... 17
1.5.1. Por que decidir pelo fechamento ........................................................................ 17
2. O processo de abertura de capital ..................................................................................... 19
2.1. Antes da abertura ....................................................................................................... 19
2.1.1. Vantagens e desvantagens .................................................................................. 20
2.1.2. Avaliação do processo de gestão da empresa ..................................................... 22
2.1.3. Custos envolvidos ............................................................................................... 23
2.2. Preparação .................................................................................................................. 24
2.2.1. Registro na Comissão de Valores Imobiliários .................................................. 25
2.2.2. Marketing da empresa junto aos investidores..................................................... 26
2.2.3. Departamento de relação com os investidores ................................................... 27
2.3. Abertura do capital ..................................................................................................... 28
2.3.1. Emissão de ações ................................................................................................ 28
2.3.2. O dia seguinte ..................................................................................................... 28
2.4. O mercado de capitais no segmento de Tecnologia da Informação........................... 29
3. Estudo de caso .................................................................................................................. 32
3.1. Histórico..................................................................................................................... 32
3.2. O mercado em que a Totvs está inserido ................................................................... 33
3.3. Entrevista ................................................................................................................... 35
3.4. O crescimento da Totvs ............................................................................................. 37
Conclusão ................................................................................................................................. 41
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 43
1
Resumo
Abstract
This monograph discusses opening capital in Brazil, which happened to gain important
economic news, space for a considered number of companies that motivated by economic
period with internal stability and growth, excess liquidity of world markets and expressive
IBOVESPA valuation, came to seek the capital market to subscribe part of their capital and
thus obtain resources for their investment projects, in addition to assuming the company status
and all the benefits and responsibilities which it requires. In this way, advantages and
limitations of a company to open their capital and make the public offer of actions in the
context of Brazilian legislation. With regard to methodology, this monograph is a descriptive
survey, carried out through a case study. The data collection instruments used were,
bibliographical and documentary, apart from unstructured interview. The case study
illustrated in this monograph refers to company paulista Totvs s.a., founded in 1983, which
opened its capital and performed the initial public offering of shares in the year 2005, noting
expectations, costs, consequences and results obtained with openness. Thus, describes and
analyzes the process of opening capital, identifying costs, legal and regulatory implications,
consequences, also research on the causes that led the company studied to initial public
offering (IPO); identify the actions taken by the company throughout the process of opening
the capital, as well as the bodies, entities, agents and organizations related to the process of
opening. Finally if assesses the performance of the enterprise in openness.
Introdução
Nos últimos anos muito se fala em mercado de capitais, existem muitos livros e
palestras voltados aos investidores, materiais que ensinam como investir no mercado, quais
empresas estão no mercado, mas tudo sempre visando o investidor.
Para o empresário por outro lado estas informações são escassas. Quando o mesmo
busca informações de como abrir o capital de sua empresa, este necessita recorrer a empresas
especializadas na abertura de capital.
Neste aspecto o grupo buscou uma visão empreendedora como possíveis empresários
que em um mundo globalizado necessitam buscar recursos para financiar o crescimento de
sua empresa.
Grandes empresas como Cosan, Natura e a Totvs tiveram esse mesmo pensamento,
decidiram pela abertura do capital e obtiveram sucesso em seu Ipo. No caso da Totvs, a
empresa estudada, pode ser observada que vender ações e adquirir novos sócios não é tão
fácil, a empresa precisa conhecer o mercado de capitais, onde ela está inserida no Sistema
financeiro nacional, quais os tipos de mercados, qual órgão regulariza este mercado, como e
onde são realizadas as vendas de ações e os tipos de ações. Todas estas informações estão
contidas no primeiro capítulo.
No segundo capítulo o grupo busca introduzir ao leitor como é o processo de abertura
de capital, quais os procedimentos que a empresa deve adotar em relação à abertura do capital
e a documentação necessária.
Além do processo de abertura a empresa também busca possíveis investidores, para
isso é feito marketing junto aos investidores e criado o departamento de relações com
investidores.
Também no segundo capítulo relatamos a importância da organização estar preparada
para o dia seguinte da emissão de suas ações, e como é o mercado de capitais no segmento de
tecnologia da informação.
Nosso estudo de caso foi realizado na empresa Totvs S/A, está que é líder no mercado
nacional de software em gestão empresarial e nos preocupamos no mesmo em relatar o
crescimento da empresa desde a oferta pública de suas ações.
A conclusão do deste trabalho se reveste de capital importância, pois após levar ao
leitor informações sobre a abertura de capital no mercado de ações nos capítulos e demonstrar
4
um caso de sucesso, nos preocupamos em demonstrar que os riscos e os benefícios não serão
somente para ciência de a empresa optar ou não pela abertura do capital, mas estes são de
fundamental para o sucesso da empresa no Mercado de Ações.
Ainda salientando a importância do trabalho, o grupo levantou como problema o que
as empresas de tecnologia da informação e serviços necessitam para atuar no mercado de
ações, de forma a maximizar os benefícios e minimizar os riscos que essa estratégia propõe?
Este problema também é solucionado em nossa conclusão.
5
1. O mercado de capitais
Conforme explica o Prof. Bertolo (2009), o Mercado de Capitais faz parte do Sistema
Financeiro Nacional, e tem como objetivo principal a captação de recursos financeiros de
forma rápida através da injeção de capital pelos investidores.
Conforme explica o manual de Introdução ao Mercado de Capitais, disponibilizado no
site da BM&FBOVESPA (2008), o mercado de capitais é um sistema de distribuição de
valores mobiliários, com o objetivo de oferecer liquidez aos títulos de emissão de empresas e
viabilizar seu processo de capitalização, é constituído pelas bolsas de valores, sociedades
corretoras e outras instituições financeiras autorizadas.
No mercado de capitais, os principais títulos negociados são as ações das empresas.
Conforme também explica o Prof. Bertolo (2009), é nesse mercado que as empresas
que precisam de recursos conseguem financiamento, por meio da emissão de títulos que são
vendidos diretamente aos poupadores/investidores, sem o intermédio bancário. Dessa forma,
os investidores acabam emprestando seu dinheiro a essas empresas, também sem o intermédio
bancário.
Sendo assim, a captação de recursos pelas empresas é mais barata, pois não há o
pagamento de spread1 aos bancos.
Para o investidor é vantajoso, pois ele pode desfazer-se das ações a qualquer
momento, o que não seria possível num empréstimo tradicional. Ou seja, se o investidor
mudar de opinião quanto ao risco de investir em uma determinada empresa, pode vender os
títulos no mercado. Essa liquidez (facilidade de compra e venda) reduz seu risco de perda.
1
Spread – palavra em inglês que significa valor diferencial (BOVESPA) ou a remuneração para cobrir os custos
operacionais e riscos da operação, também conhecido simplesmente como juros - Prof. Bertolo (2009).
6
Assim, o mercado de capitais faz com que o repasse de recursos dos investidores às empresas
seja mais interessante para ambas as partes.
O Mercado de Capitais é fundamentalmente importante para o crescimento de um
país, pois sem ele muitos projetos poderiam não ter saído do papel por falta de capital e/ou
financiamento. Muitas empresas perderiam sua competitividade e dificilmente conseguiriam
desenvolver-se.
Conforme explica o Prof. Bertolo (2009), o mercado de capitais é dividido em
Mercado Primário e Mercado Secundário.
• Mercado Primário: A colocação inicial dos títulos no mercado é chamada de
lançamento no mercado primário. Quando essa colocação é feita pela primeira vez,
no caso de ações, por exemplo, diz-se que a empresa está sendo listada em bolsa
(em inglês IPO - Initial Public Offering).
• Mercado Secundário: A negociação desses títulos após a oferta inicial é feita em
mercados secundários específicos. No Brasil temos:
o As bolsas de valores para as ações;
o A Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos
Privados) para os títulos de dívida das empresas;
o O Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) para títulos públicos.
Central do Brasil, que atua como seu órgão executivo, e a Comissão de Valores Mobiliários -
CVM, que responde pela regulamentação e fomento do mercado de valores mobiliários.
Em seu livro, Lagioia (2007) demonstra a estrutura do sistema financeiro conforme a
figura 1.
Sistema Sistema
Operativo Normativo
Ela explica que o Sistema Normativo é composto por três grandes órgãos que regulam
e controlam as instituições que compõem o subsistema operativo. Dentre esses órgãos, o
principal a CVM – Comissão de Valores Mobiliários, para o controle do mercado de ações.
Conforme explica o Prof. Bertolo (2009), existem cinco divisões para o mercado de
capitais, que são:
• Mercado de Renda Variável
É o mercado de ações, que são negociados nas bolsas de valores. Suas características
são que não garantem uma remuneração pré-determinada aos investidores, mas os mesmos
podem comprar e vender suas ações quando desejarem.
• Mercado de Renda Fixa
8
2
Commodities: Conforme explica a BM&FBOVESPA (2008), commodities é uma expressão atribuída aos bens
comerciáveis. São produtos em estado bruto ou com um grau muito pequeno de industrialização, produzidos em
escala mundial e de grande importância econômica internacional porque são amplamente negociados entre
importadores e exportadores. O que torna as commodities muito importantes na economia é o fato de que,
embora sejam mercadorias primárias, possuem cotação e negociação globais.
9
De acordo com o site Portal do Investidor (2009), bolsas de valores são instituições
administradoras de mercados, centros de negociação de valores mobiliários que utilizam
sistemas eletrônicos de negociação para efetuar compras e vendas desses valores.
Atualmente, em nosso país, as bolsas são organizadas sob formas de sociedade por
ações, reguladas e fiscalizadas pela CVM. No Brasil, a BM&FBOVESPA é a principal bolsa
de valores – Bolsa de valores, Mercadorias e Futuros, administrando mercados de bolsa e de
balcão.
Em países onde existem bolsas de valores bem estruturadas, transparentes e líquidas,
os mercados de ações são mais eficientes. Neste contexto, a bolsa pode levar alguns
11
benefícios a todos os indivíduos da sociedade, tais como, levantar capital para as organizações
através de venda de ações, criando oportunidades de investimentos para os pequenos
investidores, pois são abertos a quaisquer indivíduos.
Conforme é explicado no site Portal do Investidor (2009), a principal função de uma
bolsa de valores é proporcionar um ambiente transparente e líquido, adequado à realização de
negócios com valores mobiliários, e somente através das sociedades corretoras, os
investidores têm acesso aos sistemas de negociação para efetuarem suas transações de compra
e venda desses valores.
• Operar em open market3, desde que especificamente credenciada pelo Banco Central
do Brasil.
• Assessorar os clientes no processo de tomada de decisão, baseando-se em estudos
elaborados por seu departamento técnico.
Conforme explica a BM&FBOVESPA (2008), as sociedades corretoras são
instituições financeiras, devidamente credenciadas pelo Banco Central do Brasil, pela CVM e
pelas próprias bolsas, e estão habilitadas a negociar valores mobiliários em pregão. As
corretoras podem ser definidas como intermediárias especializadas na execução de ordens e
operações, por conta própria e determinadas por seus clientes, além da prestação de uma série
de serviços a investidores e empresas, tais como:
• Diretrizes para seleção de investimentos;
• Intermediação de operações de câmbio;
• Assessoria a empresas na abertura de capital, emissão de debêntures e debêntures
conversíveis em ações, renovação do registro de capital, etc.
As sociedades corretoras contribuem para um fundo de garantia mantido pelas bolsas
de valores, com o propósito de assegurar aos seus clientes eventual reposição de títulos e
valores negociados em pregão, e atender a outros casos previstos pela legislação. Elas são
fiscalizadas pelas bolsas de valores, representando a certeza de uma boa orientação e da
melhor execução dos negócios de seus investidores.
1.2.2. BM&FBOVESPA
3 Open Market: por meio desse instrumento, o Banco Central de cada país regula o fluxo de moeda via compra e
venda de títulos públicos federais (chamados de títulos da dívida pública).
13
públicos foi substituída pela da sociedade corretora, empresa constituída sob a forma de
sociedade por ações nominativas ou por cotas de responsabilidade limitada.
Desde então as bolsas vem crescendo e se modernizando com novas tecnologias. Em
março de 1999, a BOVESPA lançou o Sistema Home Broker, um sistema que possibilita ao
investidor comprar e vender suas ações sem sair da sua casa (pela internet). O Home Broker
teve um grande sucesso no Brasil, pois possibilitou pequenos investidores entrarem no
mercado.
A principal razão de existir da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) pode ser
expressa por uma palavra: Liquidez.
Financeiramente, um título mobiliário tem liquidez quando pode ser comprado ou
vendido, em questão de minutos, a um preço justo de mercado, determinado pelo exercício
natural das leis de oferta e demanda.
Para que isso aconteça, sua finalidade é manter um local e sistema de negociações
eletrônicos adequados ao encontro de seus membros e à realização de transação de compra e
venda de títulos e valores mobiliários, registrado na CVM, em mercado livre e aberto,
especialmente organizado e fiscalizado pelos seus membros, pela autoridade monetária e pela
própria CVM. A auto-regulação da Bolsa de Valores visa preservar elevados padrões éticos
de negociação, e divulgar as operações executadas com rapidez, amplitude e detalhes.
Conforme ainda é explicado no Portal do Investidor (2009), a BM&F – Bolsa de
Mercadorias & Futuros – é uma fusão entre duas bolsas. A primeira é a Bolsa de Mercadorias
de São Paulo – BMSP, que teve seu início em outubro de 1917 com empresários paulistas
ligados a exportação, comércio e agricultura, alcançando a tradição na negociação de
contratos agropecuários, particularmente café, boi gordo e algodão. Em 1985, surge a Bolsa
Mercantil & de Futuros, conquistando, em pouco tempo, as principais negociações de
commodities do mundo. Em 9 de Maio de 1991, as bolsas BM&F e BMSP resolveram fundir
suas atividades, aliando a tradição de uma e o dinamismo da outra, mantendo a sigla BM&F.
Hoje, a BM&FBOVESPA é o maior centro de negociações com ações da América
Latina. Responde por inúmeras iniciativas visando à qualidade dos serviços prestados aos
investidores e companhias listadas em seus pregões, e seu desempenho é comparável com as
bolsas das maiores praças financeiras mundiais.
1.3. Ações
4
Títulos Nominativos são emissões sob a forma física de cautelas ou certificados, que comprovam a existência e
a posse de certa quantidade especificada de ações.
15
Conforme Lagioia (2007) ações podem ser compradas com a finalidade de gerar
dividendos (renda), valorização (aumento do valor a médio e longo prazo), ou como
instrumento de especulação (comprar e vender ações em curto prazo).
Segundo a BM&FBOVESPA (2008), para escolher as ações, o investidor deve
ponderar três critérios: liquidez (facilidade de vender a ação quando quiser resgatar), retorno
(possibilidade de ganhos) e risco (possíveis perdas). A combinação desses três elementos, a
critério do investidor, definirá em quais ações aplicar.
Existem três formas de investir em ações: Individualmente, Clubes de Investimento e
Fundos de Investimentos. Todas são acompanhadas por uma Corretora de Valores.
• Individualmente: Onde o investidor procura uma corretora e contrata seus serviços.
Em seguida, com a assessoria dos profissionais da corretora, o investidor escolhe as ações que
deseja adquirir e transmite a ordem de compra diretamente para a corretora.
• Clubes de Investimento: Um grupo de pessoas físicas se reúne e procura uma corretora
para constituir um Clube de Investimentos. Nesse caso, existe um representante do clube, que
fica em contato com a corretora para transmitir as decisões acordadas entre os participantes.
• Fundos de Investimentos: O investidor compra cotas de um fundo de ações,
administrado por uma corretora de valores, ou um Banco ou um Gestor de Recursos
independente, autorizado pela CVM.
dos investidores. Essas contradições costumam contribuir para manter baixo o valor das
ações.
Portanto, tendo em vista os pontos apresentados, se o empresário analisar que a
abertura do capital de sua organização seria interessante, é fundamental que o mesmo se intere
sobre os procedimentos de abertura, os possíveis riscos e benefícios, custos envolvidos,
empresas que obtiveram sucesso ou fracasso, e esses assuntos podem ser vistos no capítulo
seguinte.
19
Além desses pontos citados no artigo, existem outros, conforme explica o manual da
BM&FBOVESPA (2008), que são:
Vantagens Desvantagens
• Imagem institucional • Auditoria externa
• Novo relacionamento com funcionários • Necessidade de debater a estratégia
• Profissionalização • Distribuição de resultados aos novos
• Liquidez patrimonial acionistas
• Reestruturação societária • Conselho de administração e fiscal
• Reestruturação de passivos • Custos legais e administrativos
• Captação de recursos para investidores • Transparência juntos aos investidores
obrigada a divulgar de onde vem boa parte dessa eficiência, e isso tem mostrado a TAM quais
são os pontos mais importantes a atacar, e a diferença de custos caiu para apenas 15% até
2006, ano da reportagem. Richard Lark, vice-presidente financeiro da Gol, diz que acabaram
perdendo a privacidade.
Ainda na mesma reportagem da Exame (2006), é explicado que, além da interferência
na administração e da dificuldade em manter suas informações em segredo, a empresa está
sujeita a outros efeitos colaterais potencialmente perturbadores. Sua capacidade de lidar com
analistas, oferecer projeções confiáveis e responder rapidamente a crises passa a ser testada
ininterruptamente, e falhas nesses três quesitos podem trazer conseqüências dramáticas.
Em seu livro, Lagioia (2007) exemplifica que, se for observado o desenvolvimento das
grandes corporações, observa-se que poucas se apoiaram em idéias ou talentos isolados,
produtos inéditos ou transações espetaculares. Ao contrário, o sucesso das mesmas foram,
normalmente, frutos dos esforços diários e coletivos, orientação para o mercado e percepção
dos momentos apropriados para mudanças da natureza societária e patrimonial. Olhando o
passado, observa-se que o processo de abertura de capitais de muitas empresas no Brasil
representou uma alavanca fundamental do seu crescimento e lhes permitiu aceitar o grande
desafio que foi imposto pelo desenvolvimento da economia brasileira. Lagioia (2007) ainda
explica que a empresa que já abriu o seu capital tem uma enorme vantagem sobre as demais,
em especial num país como o Brasil, onde, em certas épocas, o custo do dinheiro emprestado
pelos bancos atinge índices extremamente elevados.
Conforme ainda explica Lagioia (2007), a análise sobre a conveniência da abertura de
capital deve ser discutida amplamente pelos sócios e diretoria, a fim de se julgar a aplicação,
importância, metas da empresa, análise do posicionamento estratégico atual, planos de
investimento, predisposição ao cumprimento dos requisitos de uma companhia aberta
(exemplo, transparência), questões societárias e familiares, questões favoráveis no contexto
político-econômico e o mercado de capitais naquele momento.
Discriminação Valor
Serviços legais R$ 230.000,00
Auditoria inicial R$ 180.000,00
Publicação da emissão R$ 62.000,00
Taxa de registro – CVM R$ 83.000,00
Apresentações aos investidores R$ 20.000,00
Prospecto da emissão R$ 30.000,00
Gastos diversos R$ 40.000,00
Total R$ 642.000,00
Quadro 3. Simulação dos custos de uma emissão pública de ações para uma empresa.
Fonte: Lagioia (2007, pág. 98)
2.2. Preparação
De acordo com o guia “Como e por que tornar-se uma Companhia Aberta” do site da
BM&FBOVESPA (2008), o processo de abertura do capital varia de empresa para empresa.
Normalmente exige contratação de auditoria, publicações legais, confecção do prospecto e
processo de marketing.
Não existe um padrão para a abertura e o processo junto a CVM e BM&FBOVESPA
não é longo. A mesma documentação entregue a CVM é entregue a BM&FBOVESPA o qual
tem 30 dias para avaliar. Pode ocorrer que a mesma interrompa este prazo para solicitar
esclarecimentos ou complementação de informações e documentos.
25
É importante que essa preparação aconteça com alguma antecedência, pois algumas
das questões acima citadas podem consumir muito tempo tais como, adequação do sistema
contábil e auditoria das demonstrações financeiras.
Na pesquisa feita pela IBRI, na revista Exame (Dez/2007), a mesma publicou que dos
34 dos principais executivos de Relação com os Investidores, das empresas que realizaram a
abertura de capital nos últimos quatro anos, revela que 78,8 % das empresas que realizaram
este processo, levaram menos de um ano entre a decisão de fazer o IPO e a emissão de títulos.
Segundo Lagioia (2007) a razão para esta contratação, é que auditores externos
possuem imparcialidade e a independência necessária para verificar as demonstrações
elaboradas pela empresa. Este avalia criteriosamente os processos e procedimentos das
diversas áreas da empresa dando plena garantia ao consumidor e, caso tenha alguma
inconsistência, o mesmo deve informar a CVM.
Fortuna (2004) lista os seguintes documentos que deverão ser entregues à CVM:
26
5
Lista nominal dos acionistas e respectivas quantidades de ações, conforme explica Kotler e Armstrong (2007).
2
Folhetos que contém informações sobre a oferta ou lançamento de títulos de uma empresa, exigido pela CVM.
Deve conter informações completas sobre a situação e as perspectivas da emissora, bem como sobre a natureza
dos títulos que estão sendo oferecido, conforme Lagioia (2007).
27
Empresa Mercado
RI
Uniformizar Transparentes Investidores
informações Democráticas Mídia
internas Tempestivas Reguladores
acessíveis
Retro alimentação
Figura 2. Atuação da área de R.I.
Fonte: IBRI (2009)
28
Ainda no artigo da revista Exame (2006), é explicado que a multiplicação dos donos,
apesar de diminuir a autonomia dos executivos, traz um efeito positivo, pois o fato de ter que
prestar contas a inúmeros investidores obriga uma companhia aberta a ser mais cautelosa e a
trocar informações com pessoas que podem ajudar a definir seus movimentos. Rodolfo
Riechert, diretor do banco Pactual, diz que o mercado faz com que os executivos reflitam
sobre as decisões estratégicas. Ainda no mesmo artigo, é explicado que para algumas
companhias, porém, o compartilhamento de informações é algo impensável. É citado o
exemplo da fabricante americana de chocolates Mars, uma das maiores do planeta, que
prefere manter-se fechada a revelar seus segredos.
setor de tecnologia da informação ser um novato na bolsa. Até aquele momento, as empresas
do setor que abriram o capital são praticamente fabricantes de software – Totvs e a Datasul –
ou de equipamentos – Positivo, Bematech e Itautec. Na mesma matéria, Cristina Boner, do
grupo TBA, diz ser cautelosa sobre o assunto, pois o mercado ainda não está preparado para
comprar bens intangíveis, e que as empresas terão que contratar especialistas de marketing
para empacotar a tecnologia.
Entretanto, os bons resultados do setor de serviços podem ajudar a minimizar um
eventual receio do investidor, conforme é explicado na matéria. Segundo estudo elaborado
pela Associação Brasileira de Software (Abes), mais de US$ 10 bilhões foram gastos com
sistemas e serviços relacionados no ano de 2007, e a taxa de crescimento do segmento é de ao
menos 12% até 2010. A CPM Braxis, que tem a meta de ampliar em 30% a sua receita com
serviços, faturou cerca de R$ 1,1 bilhão no ano passado. A Tivit, que em 2007 comprou a
Telefutura e a Softway, ligadas ao setor de tele atendimento, faturou cerca de R$ 700 milhões.
Mesmo entre as companhias de porte bem menor - como Alog, Locaweb e Senior, onde o
faturamento ainda não atinge a casa mágica dos R$ 100 milhões - o objetivo é fazer fusões e
aquisições para engordar as contas antes de ir a mercado. Essa idéia de adquirir ou se fundir a
outra empresa antes de estrear no mercado de capitais faz parte dos planos da maior parte
dessas companhias. Conforme comentário, na própria matéria, do analista Ivair Rodrigues, do
IT Data, que explica que dificilmente essas empresas terão outro caminho, e que as mesmas
sabem que se não partirem para a bolsa, serão engolidos por empresas maiores.
A reportagem explica que, até aquele momento, existiam 8500 empresas ligadas
apenas à produção e prestação de serviços relacionados a software, e que entre as que atuam
em atividades de desenvolvimento, 94% são de pequeno e médio porte. Essa informação
ajuda a entender a varredura que as empresas como a Totvs e Datasul têm feito no mercado de
sistemas de gestão depois de se capitalizarem na bolsa, movimento parecido aos que as novas
candidatas do pregão estão empenhadas em promover.
No site da BM&FBOVESPA (2008), está disponível uma planilha que demonstra
todas as empresas com fundos negociados na mesma. Até o mês de Maio de 2009, a
BM&FBOVESPA possuía 657 empresas listadas no mercado de capitais nacional,
subdivididas em 18 setores econômicos e 49 subsetores. Especificamente o setor de
“Tecnologia da Informação”, está subdividido em dois subsetores, que seguem, com suas
respectivas empresas:
• Computadores e Equipamentos
o Bematech
31
o Itautec
o Positivo Informática
• Programas e Serviços
o Gama Part
o Idéiasnet
o Totvs
o Uol
Observa-se então que são sete empresas nesse segmento, e, se comparada com o
numero de empresas listadas na BM&FBOVESPA, elas representam apenas 1% do total. Se
comparado ao número de empresas no segmento de T.I, que são aproximadamente 8500,
essas sete empresas não chegam a 0,001%.
No dia 22 de Julho de 2008, em matéria publicada no site Computerworld (2008), foi
apresentada a reportagem em que a empresa Totvs adquiriu a Datasul, num movimento de
compra de ações. Esse movimento de compra de empresas, que já vinha sendo feito
fortemente por ambas as empresas, rendeu a Totvs uma participação de 40% do mercado
nacional de ERP (sistema integrado de gestão empresarial), e que o grupo ganhou um
destaque na América Latina e a possibilidade de destaque internacional. Isso representa um
fortalecimento no mercado nacional contra grandes empresas internacionais do segmento,
como SAP, com 23%, Oracle, com 17% e Infor, com 7%.
Para melhor demonstrar o segmento de tecnologia da informação no mercado de
capitais, será demonstrado no próximo capítulo o estudo de caso da empresa TOTVS.
32
3. Estudo de caso
3.1. Histórico
de atuação e conquistando novos nichos de mercado, a TOTVS e a Quality criaram uma joint
venture6, chamada TQTVD (TOTVS/Quality para TV Digital) com o objetivo de fornecer um
middleware7, tecnologia, serviços e inovação para viabilizar a interatividade na TV Digital
brasileira.
Neste mesmo ano, as empresas que formavam o grupo Microsiga, Logocenter, RM
Sistemas, Midbyte (Vitrine) e BCS (Sisjuri) deixaram de ser marcas e tornaram-se produtos
pertencentes a uma única bandeira TOTVS. Reunidas, elas reforçam o TODO e promovem
ainda mais qualidade e competitividade, resultando na excelência de nossas operações. No
ano de 2008, a TOTVS se uniu a Datasul, alcançando 38,03% de participação de mercado.
Com isso, a companhia se tornou a maior empresa de Sistema de Gestão Empresarial (ERP)
do Brasil, a 8ª maior empresa de ERP no mundo e a 1ª em países emergentes. A figura 3
demonstra o crescimento da empresa desde o seu nascimento até o ano de 2007.
6
Joint Venture: Associação de empresas. Fonte: BM&FBOVESPA
7
Middleware: Programa que faz a mediação entre os sistemas. Fonte: Totvs
34
Ainda nas informações divulgadas nesta pesquisa, são 8500 empresas, dedicadas ao
desenvolvimento, produção e distribuição de software e de prestação de serviço. Este mercado
vem crescendo ano a ano como demonstra a figura 4. Entretanto, devido aos eventos que
ocorreram em todo o mundo, a recessão global deve pressionar o setor de TI em 2009, quando
o crescimento deve ser reduzido à metade. O reflexo da crise deve imprimir uma nova
dinâmica no mercado brasileiro. Este continua crescendo acima da média dos demais setores
da economia, mas deverá se adequar a novos ajustes após recessão, principalmente em função
da redução de custos que as organizações vão promover, com sensível redução nos
investimentos em TI.
35
3.3. Entrevista
Visando entender melhor como a empresa Totvs se preparou para a abertura de capital,
o grupo enviou algumas perguntas para o Sr. Bruno Brasil, gerente de Relações com os
investidores da empresa TOTVS, o qual respondeu prontamente, e é apresentado a seguir.
• Qual a principal razão que levou a empresa a abrir o capital?
36
8
Private Equity: Instituições financeiras que investem em empresas que ainda não estão listadas na bolsa de
valores, com o objetivo de alavancar seu desenvolvimento.
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EBITDA; e Margem de 24,4% (+310 p.b.)” divulgada pelo site Yahoo Notícias (29/07/2009).
Estas matérias são devidas ao crescimento da Totvs durante os anos.
Dados retirados de seu Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultado do
Exercício demonstram crescimento, para melhor compreensão destes dados expressaremos
graficamente.
Em Dezembro de 2005, antes de seu IPO, a Totvs registrava em seu balanço
patrimonial um ativo de R$ 119.459, em 2008 a mesma registra ativo de R$ 1.044.322. Estes
valores foram expressos em milhares de reais, conforme demonstra a figura 6.
Com a receita bruta em crescimento contínuo nos últimos anos, a Totvs vem
aumentando seu faturamento ano a ano. Paralelamente seguem as receitas líquidas que em
2005 representavam R$ 311.776, já em 2008 o valor era de R$ 844.854, um crescimento de
270,98% no período.
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Podemos analisar no gráfico que o lucro de 2008 foi 0,79% menor que o de 2007, mas
o crescimento em relação a 2005 foi de 229,54%.
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Conclusão
Podemos concluir que o sucesso no IPO está no processo de abertura de capital, é bem
simples como analisado no segundo capitulo desta monografia, porém o empenho nesta etapa
vai designar o sucesso da organização no mercado de capitais.
Processos como marketing voltado para ao investidor, um departamento de relação
com investidores eficiente, são chaves para o sucesso em seu IPO, o marketing tem a função
de buscar potenciais investidores, assim torna o processo de distribuição publica mais ágil,
este processo realiza produção e divulgação de material publicitário, organiza visitas a
empresas direcionadas aos potenciais investidores.
O departamento de Relação com investidores será o canal direto entre a organização e
os investidores, por este motivo o mesmo necessita ser eficiente em seus processos.
Estes processos são muito importantes, porém eles não acontecem sem a Análise de
conveniência, onde serão estudados os riscos e os benefícios, os custos envolvidos e a
avaliação do processo de gestão da empresa, nesta etapa a empresa opta ou não pela abertura
do capital e alinham ou até mesmo criam uma nova estratégia buscando atingir os objetivos da
organização.
Esta analise de conveniência é de suma importância para a organização obter sucesso,
pois através dela será planejada a estratégia da organização, alinhada a sua missão, podemos
analisar no estudo de caso que o Totvs foi muito feliz em sua estratégia, com os recursos que
obteve ela buscou seu objetivo expresso em sua missão que é “Ser opção natural em software,
relacionamento e suporte para gestão”, com essa missão tão ousada o Totvs fez aquisições de
concorrentes aumentando seu portfólio de produtos podendo atender os mais diversos clientes
que buscam suporte para gestão.
Empresa que não faz bem a análise de conveniência acaba pecando em algum aspecto,
podemos exemplificar com uma empresa que tem como estratégia Liderança global de custos,
ao abrir seu capital no mercado de ações vai expor suas informações aos concorrentes e no
mínimo permitir que seu concorrente descubra sua estratégia.
Também na análise de conveniência a empresa se preparar para o dia seguinte da
abertura do capital, fazendo a analise em seu processo administrativo, pois o dia seguinte a
organização sofrerá maiores cobranças, e sua estratégia deve ser bem definida para qual será o
destino dos recursos captados.
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Com este estudo concluímos que uma organização para obter sucesso com a abertura
de capital, ser sólida em sua estrutura e demonstrações financeira, compreender os conceitos
do mercado de capital, sua estratégia prevendo os riscos e benefícios da abertura, e seu
processo administrativo preparado para atender o mercado de capitais, e buscar investidores
através do marketing.
Com está conclusão afirmamos também que o problema dado na monografia é
solucionado com o sucesso da estratégia da organização, pois a empresa que maximiza os
benefícios paralelamente minimiza os riscos.
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Referências Bibliográficas
<http://www.bovespa.com.br/Pdf/merccap.pdf>
2009 <http://computerworld.uol.com.br/negocios/2008/07/22/totvs-fecha-a-compra-da-
datasul-por-cerca-de-r-700-milhoes/>
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2007
KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary, Princípios do marketing, PHB, 12ª Ed., 2007
2007
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Março/2009
Revista Administrador: Créditos fáceis para ampliar negócios. Por que as empresas
abrem o capital?, São Paulo, Ano XXXI, nº 261, pág. 14 a 17. Março/2008.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. 4ª ed. São Paulo: Best Seller, 2000
Abril/2009