1) O que significa o elemento subjetivo do conhecimento?
Significa que cada sujeito possui um papel ativo na construção do conhecimento e, desta maneira, cada qual tem um modo próprio de avaliar e interpretar os fatos e, ao mesmo tempo, de perceber e descrever a realidade. Sendo assim, o fator subjetivo está relacionado ao sujeito que conhece, o qual está inserido no conjunto das relações sociais, evidenciando que o fator subjetivo é objetivo-social e não subjetivo-idealista;
2) Discuta a afirmação: “nas ciências exatas, a filosofia posta fora da porta,
retorna pela janela.” Os positivistas insistem em negar a filosofia como parte dos processos históricos, embora repitam as constantemente as ideias filosóficas que lhes foram incutidas, sem que estas tivessem passado por um processo reflexivo, à luz de sua própria prática profissional. Apesar de negarem sua importância para as ciências exatas, a filosofia é indissociável das mesmas, uma vez que as precede como fundamento e, ao mesmo tempo, permeia todas as suas construções.
3) Explique o primeiro modelo para o processo de conhecimento proposto
por Schaff. O primeiro modelo considera o sujeito como um agente passivo, contemplativo e receptivo, sendo o objeto do conhecimento atuante sobre sua percepção. Nesse sentido, o conhecimento compõe-se na representação do objeto, que fundamento encontra-se na ação mecânica do objeto sobre o sujeito, isto é, nesta relação sujeito-objeto, o sujeito retorna ao objeto. 4) Descreva o 2º modelo e destaque seus pontos críticos. Este modelo confere ao sujeito a função de criador da realidade, o que faz com que o objeto do conhecimento assuma menor importância, visto que o foco principal é o sujeito. Como pontos críticos, destacam-se a ruína da ordem social tradicional, bem como da visão de mundo que a permeia e a negação do princípio da autoridade, ao qual se contrapõem o indivíduo humano e as suas experiências.
5) Como fica a questão biológica para a Psicologia?
A Psicologia considera o ser humano em suas relações sociais e não somente sob uma perspectiva biológica, apesar de ter em conta sua importância. Deste modo, o ser humano precisa ser respeitado como um ser biopsicossocial, o que compreende uma visão integral do homem. Os próprios filósofos gregos já versavam acerca desta importância. Aristóteles afirmou que “Não é possível cindir o ser humano, em alma pensante e corpo vivente”. Platão declarou que “O homem é um todo integral e indivisível”.
6) Discuta o conceito de “homem concreto”.
O homem necessariamente se constitui como “homem concreto” na medida em que é considerado no seu condicionamento biológico e social. Deste modo, fica evidente que nesta relação o sujeito é sempre ativo, visto que introduz algo de si no conhecimento, o que é um processo subjetivo-objetivo. Qualquer idéia que se faça do homem ou que ele faça de si próprio tem de estar fundamentada pela ação, pois somente assim é possível significar o homem concreto. Qualquer representação da subjetividade humana separada da ação é abstrata ou mistificadora. O sujeito concreto constitui-se em um agente da relação cognitiva, uma vez que sendo um personagem ativo, invariavelmente introduz algo de si no conhecimento, ou seja, sua ação cria um processo subjetivo-objetivo.
7) Como se constitui a subjetividade humana em um processo que envolve
subjetividade x objetividade? Falar em subjetividade humana remete pensar na objetividade onde vivem os homens. O entendimento do “mundo interno” demanda a compreensão do “mundo externo”, pois estes se constituem dois aspectos de um mesmo fluxo, em cujo processo o homem age e constrói/modifica o mundo, sendo que este, por sua vez, proporciona os subsídios para a construção psicológica do homem. O ser humano é, por sua natureza, um ser crítico, investigador, cientista, o que lhe possibilita formular novas ideias, criar e recriar o mundo em que vive. Nesse sentido, a subjetividade humana se constrói com base em uma via de mão dupla entre objetividade e subjetividade, visto que há sempre um objeto a ser conhecido, o qual influencia e é influenciado pelo sujeito.
8) Explique as convergências e divergências entre o 1º e o 3º modelos.
Convergências: os dois modelos utilizam a teoria do reflexo, sendo que o primeiro considera o conhecimento como um processo passivo e contemplativo e o segundo considera o conhecimento como uma atividade prática concreta; ambos consideram a existência objetiva do objeto do conhecimento, ou seja, a sua existência desprendida de qualquer espírito que conhece e independentemente dele; em ambos a relação cognitiva é uma relação entre o sujeito e o objeto. Divergências: o primeiro modelo é mecanicista e presume que o sujeito seja um agente passivo, contemplativo e receptivo, ou seja, a predominância na relação sujeito-objeto volta ao objeto. O terceiro modelo opõe-se ao mecanicismo e propõe uma ação cognitiva na qual tanto o sujeito como o objeto mantêm a sua existência objetiva e real, ao mesmo tempo em que atuam um sobre o outro.
9) Quais os três sentidos do termo “objetivo” e como se relacionam com a
objetividade do conhecimento? O primeiro sentido refere-se ao que procede do objeto, ou seja, é o conhecimento que reflete no espírito que conhece o objeto existindo fora e independentemente do sujeito; o autor abstêm-se de comentar acerca de como este sentido se relaciona com o conhecimento, afirmando ser este um sentido banal. O segundo sentido trata como objetivo o conhecimento entendido como valor universal e não apenas individual, isto é, é objetivo tudo aquilo que é válido para todos. A relação com a objetividade do conhecimento se dá de forma relativa, tendo em vista a impossibilidade de se considerar o conhecimento como um valor totalmente universal, uma vez que, sendo o sujeito um ser ativo no processo do conhecimento, invariavelmente lhe insere (no processo do conhecimento) um fator subjetivo, o que implica considerar a impossibilidade de um conhecimento absoluto, cujo valor seja o mesmo para todos. O terceiro sentido afirma que é objetivo tudo o que é isento de emotividade e é imparcial. Sua relação com a objetividade do conhecimento está vinculada à tentativa de extinguir ao máximo o componente emotivo e a parcialidade, que provocam alterações no legítimo conhecimento. Nesse caso, a objetividade é sempre responsabilizada pela subjetividade e jamais considerada absoluta, em virtude ser humana e, por conseguinte, relativa, visto que significa sempre um processo, uma transformação. Diante do exposto no segundo e terceiro sentidos, pode-se afirmar que a objetividade é tão somente um predicado relativo do conhecimento; sob um aspecto, é possível garanti-la exclusivamente por meio da comparação das produções dos múltiplos processos cognitivos; e por outro, o conhecimento se constitui necessariamente em um processo, uma transformação, portanto, jamais pode ser considerado como um fenômeno acabado e definitivo.
10)É possível falar em objetividade do conhecimento? Qual sua relação
com a subjetividade? Sim, na medida em que não se absolutiza este sentido; e não, na medida em que é considerado em categorias absolutas. O conhecimento científico, bem como suas produções, é sempre objetivo- subjetivo. Objetivo quando relacionado ao objeto a que se refere e do qual é a representação particular, assim como, considerando o seu valor universal relativo e a eliminação relativa da sua coloração emotiva. Subjetivo, no sentido mais geral, devido ao papel ativo do sujeito que conhece.