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INTENSIVO

Disciplina: Direito Civil


Temas: Domicílio civil / Pessoa Jurídica
Prof.: Pablo Stolze Gagliano
Data: 31/01 e 02/02/2006

MATERIAL DE APOIO
DIREITO CIVIL

PROFESSOR: PABLO STOLZE GAGLIANO


PARTE GERAL – AULA 02
TEMAS: DOMICÍLIO CIVIL E PESSOA JURÍDICA

TEMA 01 – DOMICÍLIO CIVIL

2. Conceito

Domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde estabelece residência com ânimo definitivo,
convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade
profissional.
No Código Civil, temos:

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.

2. Morada, Residência e Domicílio: Distinções Necessárias.

Para uma efetiva compreensão da matéria, é necessário fixar e distinguir as noções de morada,
residência e domicílio.
Morada é o lugar onde a pessoa natural se estabelece provisoriamente.
Diferentemente da morada, a residência pressupõe maior estabilidade. É o lugar onde a pessoa natural
se estabelece habitualmente.
Mais complexa é a noção de domicílio, porque abrange a de residência, e, por conseqüência, a de
morada.
O domicílio, segundo vimos acima, é o lugar onde a pessoa estabelece residência com ânimo
definitivo, convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade
profissional.
Compõe-se o domicílio, pois, de dois elementos:
b) objetivo – ato de fixação em determinado local;
b) subjetivo – o ânimo definitivo de permanência.

3. Tratamento Legal e Mudança de Domicílio

“O domicílio da pessoa natural”, dispõe o art. 70, “é o lugar onde ela estabelece residência com
ânimo definitivo”. Ocorre que, “se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente,
viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas”(art. 71).
Inovou, outrossim, o legislador, ao substituir a expressão “centro de ocupações habituais”, por outra
mais abrangente, ao disciplinar, no art. 72, que: “é também domicílio da pessoa natural, quanto às
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida”, e, ainda, “se a pessoa
exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as
relações que lhe corresponderem”.

Sobre a mudança de domicílio, confira-se o art. 74 do NCC.

4. Domicílio Aparente ou Ocasional

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Consoante já anotamos, a necessidade de fixação do domicílio decorre de imperativo de segurança


jurídica.
O Domicílio aparente ou ocasional está previsto no art. 73 do NCC, que mantém a mesma idéia do art.
33 do CC anterior: “considerar-se-á domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o
lugar onde for encontrada”.
Cria-se uma “aparência de domicílio”.
É o caso de profissionais de circo, caixeiros viajantes e outros profissionais que vivem em trânsito e
não têm domicílio certo.

5. Domicílio da Pessoa Jurídica

Em regra, o domicílio civil da pessoa jurídica de direito privado é a sua sede, indicada em seu estatuto,
contrato social ou ato constitutivo equivalente. É o seu domicílio especial (ver art. 75, CC).

As pessoas jurídicas de direito público, por sua vez, têm domicílio previsto também no art. 75 do CC.

6. Espécies de Domicílio

O domicílio poderá ser:


b) voluntário;
c) legal ou necessário;
d) de eleição.

O domicílio voluntário é o fixado de acordo com a nossa própria vontade.


Já o domicílio legal ou necessário decorre de mandamento da lei, em atenção à condição
especial de determinadas pessoas. Nesse sentido, leiam-se os seguintes artigos:
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público,
o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha
ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo,
onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem
designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último
ponto do território brasileiro onde o teve.

Já o domicílio de eleição ou especial, por fim, decorre do ajuste entre as partes de um contrato (art.
78 do CC e art. 111 do CPC).

Questão de concurso: É válida a cláusula, em contrato de consumo, que fixa domicílio em


favor do próprio fornecedor?

Há quem entenda ser possível, desde que o consumidor aceite (é o pensamento do grande civilista
SILVIO VENOSA – cf. seu vol. 1, Atlas, pág. 197).
Em nosso sentir, não seria exagero afirmar que a maioria esmagadora dos contratos celebrados no
país são negócios de consumo, e, nessa linha, consideramos ilegal a cláusula contratual que estabelece
o foro de eleição em benefício do fornecedor do produto ou serviço, em prejuízo do consumidor, por
violar o disposto no art. 51, IV do CDC (considera-se nula de pleno direito a cláusula que obrigação
iníqua, abusiva, que coloque o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa fé e a eqüidade).
Mesmo que seja dada prévia ciência da cláusula ao consumidor, o sistema protetivo inaugurado pelo
Código, moldado por superior interesse público, proíbe que o fornecedor se beneficie de tal

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prerrogativa, especialmente em se considerando que nos contratos de adesão a liberdade negocial do


consumidor é extremamente restrita.
Tem-se admitido, inclusive, que o juiz lotado no Juízo do Consumidor possa declinar de ofício da sua
competência:

FORO DE ELEIÇÃO. Código de Defesa do Consumidor. Banco. Alienação fiduciária.


- A atividade bancária de conceder financiamento e obter garantia mediante alienação fiduciária é
atividade que se insere no âmbito do Código de Defesa do Consumidor.
- É nula a cláusula de eleição de foro inserida em contrato de adesão quando dificultar a defesa do
aderente em juízo, podendo o juiz declinar de ofício de sua competência. Precedentes.
Recurso não conhecido.
(RESP 201.195/SP, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 07.12.2000,
DJ 07.05.2001 p. 145)

7. Conclusões

De todo o exposto, podemos concluir não ter havido grandes mudanças trazidas pelo código novo, em
face da lei revogada.

TEMA 02 – PESSOA JURÍDICA

1. Conceito.

Como decorrência do fato associativo, e em um primeiro sentido, podemos conceituar a pessoa jurídica
como sendo o grupo humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica
própria, para a realização de fins comuns.
Trata-se, pois, de um sujeito de direito, com personalidade jurídica própria.

2. Natureza Jurídica da Pessoa Jurídica (Teorias Explicativas).

2.1. Teorias Negativistas.

Esta corrente negava à pessoa jurídica existência, ou seja, rejeitava a sua condição de sujeito de
direito.

2.2. Teorias Afirmativistas.

Já a corrente afirmativista, admitia a existência da pessoa jurídica, subtipificando-se em três teorias:

b) teoria da ficção;
c) teoria da realidade objetiva (organicista);
d) teoria da realidade técnica.

A teoria da ficção, defendida por SAVIGNY, sustentava que a pessoa jurídica teria simples existência
ideal, vale dizer, seria mero “produto da técnica jurídica”.

Já teoria da realidade objetiva, nitidamente organicista ou sociológica, apontava em sentido oposto: a


pessoa jurídica não seria mera abstração ou criação da lei. Teria existência própria, real, social, como
os indivíduos. Assim pensava o próprio CLÓVIS BEVILÁQUA.

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Finalmente, a teoria da realidade técnica, para nós a adotada pelo direito brasileiro (art. 45, CC),
sustentaria que a pessoa jurídica teria existência real, não obstante a sua personalidade ser conferida
pelo direito. Seria, pois, uma teoria intermediária.

Nessa linha, o art. 45 do CC:

“Art. 45 – Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
poder executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único – Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação e sua inscrição no registro.”

3. Surgimento da Pessoa Jurídica.

A pessoa jurídica passa a ter existência legal a partir do registro dos seus atos constitutivos (contrato
social ou estatuto), a teor do supra mencionado art. 45.
Carecendo de registro, será considerada sociedade despersonificada (irregular ou de fato):
Nesse sentido, confiram-se os arts. 986 e ss. do NCC:

“Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em
organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem
compatíveis, as normas da sociedade simples”.

“Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do
benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade”.

4. Classificação das Pessoas Jurídicas de Direito Privado


A legislação em vigor classifica as pessoas jurídicas de direito privado da seguinte forma (art. 44):
b) associações;
c) sociedades;
d) fundações;
e) organizações religiosas;
f) partidos políticos.1

4.1.1. As Associações.
As associações são entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de
realizarem fins não-econômicos.
O Novo Código Civil, em seu art. 53, expressamente dispõe que:
“Art. 53 – Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não-
econômicos.”

De acordo com o Novo Código Civil, o estatuto das associações conterá, sob pena de nulidade (art.
54):
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos;

1
As organizações religiosas e os partidos políticos, posto possam ser considerados, teoricamente, como entidades associativas,
foram destacados do conceito de associação, pela Lei n. 10825 de 2003, conforme veremos em sala de aula.

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V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dada pela Lei nº
11.127, de 2005)
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluído pela Lei nº
11.127, de 2005)

Compete privativamente à Assembléia Geral, seu órgao deliberativo máximo, ex vi do disposto no art.
59 do NCC:

I – destituir os administradores; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)


II – alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido
deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido
no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. (Redação dada pela Lei nº 11.127,
de 2005)

Fique muito atento à possibilidade de “exclusão de associado”, prevista no art. 57 do CC:


Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação
dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

4.1.2. As Sociedades.
A sociedade é espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica, e que tem por objetivo a
partilha de lucros entre os sócios.
O Novo Código Civil, pondo de lado a tradicional classificação “sociedades civis e mercantis”,
substituiu-as por:
b) sociedades empresárias;
c) sociedades simples.

Nos termos do art. 982 do NCC, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício
de atividade própria de empresário sujeito à inscrição no Registro de Empresa.
Já as sociedades simples, são as pessoas jurídicas que, embora persigam proveito econômico, não
empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por médicos ou advogados, por exemplo).
Não têm registro na Junta Comercial.

4.1.3. As Fundações.

Diferentemente das associações e das sociedades, as fundações resultam, não da união de indivíduos,
mas da afetação de um patrimônio, por testamento ou escritura pública, que faz o seu instituidor,
especificando o fim para o qual se destina2.
Para a criação de uma fundação, há uma série ordenada de etapas que devem ser observadas, a
saber:
a) Afetação de Bens Livres por meio do Ato de Dotação Patrimonial;
b) Instituição por Escritura Pública ou Testamento;
c) Elaboração dos Estatutos;
d) Aprovação dos Estatutos;
e) Realização do Registro Civil.

2
A fundação pública, instituída pela União, Estado ou Município, na forma da lei, rege-se por preceitos próprios de direito
administrativo.

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Quanto à relevante função fiscalizadora do órgão ministerial, confira-se o art. 66 do Novo Código Civil:
“Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.

§ 1o. Se funcionarem no Distrito Federal, ou no Território, caberá o encargo ao Ministério Público


Federal.
§ 2o. Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o
encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público”.
Inovou o legislador, portanto, ao fazer expressa referência ao Ministério Público Federal.

5. Desconsideração da Personalidade Jurídica (Disregard Doctrine).

Em linhas gerais, a doutrina da desconsideração pretende o superamento episódico da personalidade


jurídica da sociedade, em caso de fraude, abuso, ou simples desvio de função, objetivando a satisfação
do terceiro lesado junto ao patrimônio dos próprios sócios, que passam a ter responsabilidade pessoal
pelo ilícito causado.

O Novo Código Civil, por sua vez, colocando-se ao lado das legislações modernas, consagrou, em
norma expressa, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, nos seguintes termos:

“Art. 50. Em caso de abuso de personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.

Adotou-se, no particular, uma linha objetivista, que dispensa, pois, prova do dolo específico do sócio
ou administrador.

OBS.: Fique muito atento ao PL 2426/03, projeto que visa a disciplinar no âmbito
procedimental a desconsideração da pessoa jurídica, comentado em sala de aula.

Finalmente, observe que a jurisprudência do STJ tem diferenciado a “teoria maior” da


“teoria menor” da desconsideração da pessoa jurídica:

Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial.


Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público.
Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de
responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor.
Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º.
- Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da ordem econômica, e incumbindo ao
Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis, possui o Órgão Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogêneos de consumidores, decorrentes de origem comum.
- A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada
com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas
obrigações.
Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da
desconsideração).
- A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa

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jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de


finalidade ou de confusão patrimonial.
- Para a teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado
pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda
que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova
capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa
jurídica.
- A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese
autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à
demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a
mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores.
- Recursos especiais não conhecidos.
(RESP 279.273/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 04.12.2003, DJ 29.03.2004 p. 230)

6. Extinção da Pessoa Jurídica.

A dissolução da pessoa jurídica, segundo classificação consagrada na doutrina, poderá ser :

b) convencional;
c) administrativa;
d) judicial.

7. Conclusões

De fato, houve significativas mudanças no tratamento da pessoa jurídica, quando da entrada


em vigor do novo Código Civil, a exemplo da disciplina mais abrangente das associações, do
tratamento empresarial das sociedades e da consagração da teoria da desconsideração (disregard
doctrine).

MATERIAL COMPLEMENTAR
PROJETO DE LEI 2426/03

PROJETO DE LEI Nº 2.426, DE 2003

(SUBSTITUTIVO DO RELATOR)

Disciplina o procedimento de declaração judicial de desconsideração da personalidade jurídica e dá


outras providências.

AUTOR: DEP. RICARDO FIÚZA

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º. A desconsideração da personalidade jurídica, para fins de imputar obrigação passiva da
pessoa jurídica a seu membro, instituidor, sócio ou administrador obedecerá aos preceitos desta lei.

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Parágrafo único. Aplica-se, também, o disposto nesta lei às decisões da justiça comum, federal e
estadual, e da justiça do trabalho que implicarem na responsabilização direta, em caráter solidário ou
subsidiário, do membro, instituidor, sócio ou administrador pelos débitos da pessoa jurídica.

Art. 2º. A parte que postular, no processo de execução, a desconsideração da personalidade


jurídica ou a responsabilidade pessoal de membro, instituidor, sócio ou administrador por débito da
pessoa jurídica, indicará, necessária e objetivamente, em requerimento específico, quais os atos
praticados e as pessoas deles beneficiados, o mesmo devendo fazer o Ministério Público nos casos em
que lhe couber intervir na lide.

Parágrafo único. Nas hipóteses em que a execução puder ser promovida de ofício pelo juiz, a decisão
que declarar a desconsideração da personalidade jurídica ou aquela cujos efeitos implicarem na
responsabilização pessoal de terceiros por débito da pessoa jurídica, além de nominar as pessoas
atingidas, deverá indicar, objetivamente, quais os atos por elas praticados, sob pena de nulidade.

Art. 3º. Antes de declarar que os efeitos de certas e determinadas obrigações sejam estendidos aos
bens particulares dos membros, instituidores, sócios ou administradores da pessoa jurídica, o juiz
estabelecerá o contraditório, facultando-lhes o prévio exercício da ampla defesa.

§ 1º. O Juiz, ao receber a petição, ou mesmo nos casos em que verificar, de ofício, a presença
dos pressupostos que autorizem a desconsideração da personalidade jurídica ou a responsabilização
direita dos membros, instituidores, sócios ou administradores da pessoa jurídica, mandará instaurar o
incidente, em autos apartados, determinando o chamamento dos terceiros eventualmente atingidos
em seus patrimônios pessoais para se defenderem no prazo de 05 dias, facultando-lhes a produção de
provas. Em seguida, decidirá o incidente, e dessa decisão, de natureza interlocutória, caberá recurso
ao tribunal competente.

§ 2º. Sendo várias as pessoas eventualmente atingidas, os autos permanecerão em cartório e o


prazo de defesa para cada um deles contar-se-á a partir da respectiva citação, quando não figuravam
na lide como partes, ou da intimação pessoal se já integravam a lide, sendo-lhes assegurado o direito
de obter cópia reprográfica de todas as peças e documentos dos autos ou das que solicitar, e juntar
novos documentos.

§ 3º. Nos casos de citação por edital ou com hora certa, aplicar-se-á o disposto no art. 9º, inciso
II, da Lei nº 5.869/73 (Código de Processo Civil).

Art. 4º. Sempre que constatar a existência de simulação ou de fraude à execução, o juiz, depois de
declarar a ineficácia dos atos de alienação e constringir os bens alienados em fraude ou simulação,
poderá determinar a responsabilização pessoal dos membros, instituidores, sócios ou administradores
que hajam concorrido para fraude, observado o disposto no artigo anterior, sendo vedado o
chamamento de outras pessoas antes de esgotados todos os meios de satisfação do crédito por parte
dos fraudadores.

Art. 5º. O juiz somente poderá declarar a desconsideração da personalidade jurídica ouvido o
Ministério Público e nos casos expressamente previstos em lei, sendo vedada a sua aplicação por
analogia ou interpretação extensiva.

Parágrafo único. A mera inexistência ou insuficiência de patrimônio para o pagamento dos débitos
contraídos pela pessoa jurídica não autoriza a desconsideração da personalidade jurídica quando
ausentes os pressupostos legais.

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Art. 6º. Os efeitos da declaração de desconsideração da personalidade jurídica não atingirão os


bens particulares de membro, instituidor, sócio ou administrador que não tenha praticado ato abusivo
da personalidade em detrimento dos credores da pessoa jurídica ou em proveito próprio.

Art. 7º. As disposições desta lei aplicam-se imediatamente a todos os processos em curso perante
quaisquer dos órgãos do Poder Judiciário referidos no art. 92 da Constituição Federal, em qualquer
grau de jurisdição, sejam eles de natureza cível, fiscal ou trabalhista.

Art. 8º. Não se aplicam os dispositivos desta lei quando, pela expressão percentual da participação
atual de um sócio, verificável na data em que requerida a desconsideração, a pessoa jurídica
devedora, que haja regularmente sido chamada a integrar a lide de conhecimento, se identificar com a
pessoa física.

Art. 9º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Alguns aspectos relevantes do novo projeto:


b) necessidade de requerimento específico, indicando o nexo de causalidade entre o
sócio ou administrador e o ato abusivo praticado;
c) resposta prévia (contraditório);
d) intervenção do MP em todo processo referente à desconsideração;
e) aplicação imediata das referidas normas;
f) ausência de referência à desconsideração inversa.

BREVE SÍNTESE DO “DRAMA EXISTENCIAL” VIVIDO PELO ART. 2031 DO CC

O artigo 2031 do CC, originariamente, previa que:

Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, terão o
prazo de um ano para se adaptarem às disposições deste Código, a partir de sua vigência; igual prazo
é concedido aos empresários.
Posteriormente, sofreu a interferência de dois diplomas legais (Leis 10.825 de 2003 e 10.838 de
2004), que resultou nas seguintes mudanças: abriu-se um parágrafo único para excluir organizações
religiosas (igrejas) e partidos políticos da sujeição ao prazo de adaptação e a dilatação para dois
anos do prazo previsto para os empresários e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos.
Em seguida, a Medida Provisória 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para 11
de janeiro de 2006.
E, recentemente, a Lei nº 11.127, de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez, para fixar como
termo final o dia 11 de janeiro de 2007.

Bibliografia: Novo Curso de Direito Civil – Parte Geral - Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona
Filho, Sexta Edição, Ed. Saraiva, 2005 (livros@juspodivm.com.br ou www.saraivajur.com.br)
Perguntas pertinentes à aula: enviar para o Plantão de Dúvidas do Curso LFG.
Nosso contato: www.novodireitocivil.com.br

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Um grande abraço!
Pablo.

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