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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 2

26 Dicas de Saúde
da Medicina Oriental

Gilberto Antônio Silva

Este livro é uma edição própria do autor, liberada para


distribuição desde que respeitadas as seguintes regras:

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© 2007-2009 por Gilberto Antônio Silva - Todos os direitos reservados

Esta obra não pode ser alterada, traduzida ou transcrita para nenhuma finalidade sem o
consentimento por escrito do autor. Ela encontra-se protegida pela Lei Federal n º 9.610/
98. Os infratores serão penalizados conforme a lei.

O conteúdo deste livro expressa os estudos do autor, sua opinião e conclusões


pessoais. Não se trata de manual de tratamento ou de um sistema que prescinda das
técnicas terapêuticas adequadas. Em caso de problemas de saúde, consulte um
profissional competente. Não nos responsabilizamos por problemas oriundos de
interpretações errôneas ou radicais do conteúdo deste livro.

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Sumário
INTRODUÇÃO.......................................................................... 05

1- Uma Pessoa, Um Universo............................................... 07


2- Diferenças Entre Medicina Ocidental e Oriental............ I10
3- Filosofia Oriental e Saúde................................................. 14
4- Sua Saúde é Você Quem Faz.......................................... 18
5- Separe “Boa Forma” de “Saúde”..................................... 22
6- Dietas Alimentares e Você................................................ 26
7- Como Comer?.................................................................... 33
8- Derrubando os Mitos dos Alimentos................................ 41
9- O Estresse Nosso de Cada Dia....................................... I49
10- Cuidando dos Pés............................................................. I56
11- Vida Longa ao Chá!.......................................................... 61
12- Orelhas, Reflexos do Corpo............................................. 65
13- Emoções e Saúde............................................................ I68
14- Respire e Controle-se....................................................... 74
15- Cuidados na Interação com o Ambiente......................... I77
16- Relaxe e Viva!.................................................................... 82
17- Mitos do Exercício............................................................. 86
18- Movimentando-se.............................................................. 92
19- A Energia da Vida............................................................. 96
20- Práticas Orientais.............................................................I100
21- Modismos e Influências Externas....................................104
22- Beber Para Viver...............................................................109
23- Vestuário e Saúde............................................................I115
24- Barulho, Ruído e Silêncio.................................................120
25- Em Busca da Longevidade.............................................I125
26- Longevidade e Sabedoria...............................................131

BIBLIOGRAFIA.........................................................................134
O AUTOR..................................................................................I136
CONTATO...................................................................................137
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INTRODUÇÃO

Olá, amigo leitor ou amiga leitora!

Este livro tem o propósito de ajudar as pessoas a terem uma vida


melhor, com mais saúde. Não se trata de um livro sobre doenças,
mas sim em como preservar a saúde. A Medicina Oriental, nosso
tema central, se baseia na preservação da saúde e na prevenção das
doenças. Isto é muito mais fácil do que consertar as coisas mais tar-
de!

Esta obra foi escrita originalmente em 2007, quando decidi ajudar de


uma maneira mais ampla as pessoas a melhorarem sua qualidade de
vida. Planejado para ser um livro vendido em livrarias e sites, foi
colocado à venda em vários lugares na internet e enviado para aná-
lise a diversas editoras comercias. Mas decorridos dois anos, achei
por bem liberá-lo de vez para a população, de forma gratuita. Acre-
dito que possa servir como valioso guia para o auto-conhecimento e
a saúde das pessoas. Este é meu maior objetivo!

Você verá que escrevi este livro de uma forma simples e direta, como
uma conversa informal entre nós dois. Sem termos técnicos ou voca-
bulário difícil em línguas estrangeiras. Nada aqui é difícil de enten-
der ou seguir. Você vai perceber que andar com o fluxo natural da
vida é mais fácil do que tentar resistir a ele.

Falamos aqui sobre Medicina Oriental, assim, de forma mais ou me-


nos genérica. Este termo que usei, “Medicina Oriental”, no meu en-
tender engloba qualquer técnica que tenha sido desenvolvida com
base na cultura do Oriente e fundamentado em suas filosofias nati-
vas. Assim, tanto a Medicina Ayurvédica Indiana quanto a Medicina
Tradicional Chinesa estão representadas nesta classificação, bem como
técnicas terapêuticas japonesas e massagens como Shiatsu, Anmá, Do-

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In, Reflexologia... A lista é muito grande! O que você deve estar


ciente é que “Medicina Oriental” significa aqui o conjunto de técnicas
muitas vezes milenares destes povos, que diferem substancialmente
da nossa medicina ocidental moderna. Isto é explicado já nos primei-
ros capítulos.

Grande parte das informações deste livro vem de meus estudos em


filosofia oriental, em particular o Taoísmo, e em medicina chinesa,
que é mais a minha praia. Portanto não se surpreenda com as várias
referências à cultura e filosofia chinesa presentes aqui. Algumas des-
cobertas da ciência ocidental também são utilizadas, pois hoje em dia
não podemos nos afastar completamente desta área. Ser radical em
qualquer aspecto vai contra tudo o que aprendi em 30 anos de estu-
dos dentro da filosofia e cultura oriental.

Este livro é sobre saúde e também sobre filosofia e espiritualidade.


O ser humano é algo coeso, único, global, e não pode ser dividido
em partes isoladas para ser “consertado”. Ao analisarmos a saúde
devemos fazê-lo sempre do ponto de vista único. É isto o que signi-
fica o termo “holístico”.

Creio que nem seria necessário mas sempre é bom afirmar que este
livro e seus ensinamentos não são um “guia de saúde” que possa
substituir profissionais de saúde, tratamentos ou remédios. Este é
um guia para se viver melhor. Problemas de saúde devem ser leva-
dos aos profissionais competentes, pois qualquer sintoma indica que
o mal já foi feito. Os conhecimentos aqui apresentados são extrema-
mente úteis para prevenir e evitar estes problemas antes que se ins-
talem.

Espero que goste e utilize esta sabedoria milenar para melhorar a


sua saúde e de sua família. Distribua em seu site ou blog, envie para
seus amigos e familiares, mande para todo mundo. É gratuito.

Boa leitura.

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1
UMA PESSOA, UM UNIVERSO

Ao falar sobre Medicina Oriental, somos forçados a colocar sempre


em primeiro lugar a premissa básica deste tipo de terapia: a unicidade
da individualidade humana, ou seja, cada um de nós é um ser único
e especial.

Através disto podemos tratar cada pessoa como ela mesma, segun-
do sua situação no momento e características próprias. Este é o fio
principal de qualquer tipo de tratamento oriental e que difere subs-
tancialmente da metodologia utilizada pela medicina ocidental.

Para os orientais, cada pessoa é um conjunto de circunstâncias soci-


ais, familiares, genéticas, kármicas e energéticas que a tornam dife-
rente de qualquer outra pessoa do mundo. Cada ser humano é um
pequeno universo em si mesmo, com suas próprias necessidades e
qualidades. Então como podemos tratar 6 bilhões de seres diferen-
tes?

A resposta está na conceituação da medicina oriental, que procura


compreender as leis universais e sua operação para podermos então
tratar as pessoas. Independente de quem seja ou de que problema
tenha, todos estão sujeitos às mesmas leis universais. Apenas o modo
como respondem a estas leis é que difere completamente. Ao se co-
nhecer as leis de atuação universais basta analisar minuciosamente a
pessoa para se descobrir suas particularidades e oferecer um trata-
mento compatível com ela. E apenas com ela.

Mas é comum em Acupuntura, por exemplo, que se utilizem deter-


minados tratamentos para pessoas com problemas semelhantes. Isto,
à primeira vista, conduz a um tipo de “receita de bolo”, que massifica
o tratamento. Realmente, muitos acupuntores fazem justamente uso

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destas receitas prontas. Mas estas formulações ancestrais ou moder-


nas são apenas o ponto de partida, pois em função disto analisamos
a pessoa em questão e alteramos, adaptamos, a fórmula para aquele
tipo de pessoa. E mais: adaptamos a receita para aquele momento
em particular.

O Taoísmo afirma que tudo no Universo está em constante mutação,


sempre alterando seus estados. A cada sessão, devemos analisar o
paciente para podermos compreender seu estado NAQUELE MO-
MENTO e avaliarmos o progresso do tratamento. Isto é muito im-
portante. A medicina oriental não apenas afirma que cada pessoa é
diferente de outra como afirma que cada pessoa é diferente em cada
momento. Tudo se transforma, tudo muda.

Isto torna a Medicina Oriental uma técnica terapêutica extremamen-


te individualizada, que olha a pessoa como se ela fosse única e obser-
va o seu momento. Com base nisto são prescritos os tratamentos
adequados.

Então como posso escrever um livro dando dicas “genéricas” de saúde


segundo a Medicina Oriental? Ora, a resposta é muito simples. Ne-
nhuma destas dicas é imperativa, definitiva, sempre será acrescenta-
da a sua própria observação de si mesmo. Nesta obra sempre procu-
ro colocar as informações de um ponto de vista imparcial, de modo
que VOCÊ escolha o que deve fazer. Este é o segredo da coisa. Car-
ne faz mal para a saúde? Depende. Algumas pessoas não podem che-
gar perto enquanto outras se fartam à vontade e vivem muito bem,
com saúde e disposição. Este é um dos maiores riscos da auto-medi-
cação, pois um remédio que é sensacional para a enxaqueca de seu
vizinho pode ser um veneno mortal para você. Em tudo você sempre
tem que observar: será que isto é bom para mim? Qual a minha expe-
riência anterior nestas circunstâncias?

Isto nos leva a um assunto que parece saído de um livro de auto-


ajuda, mas que é fundamental na Medicina Oriental: o auto-conheci-
mento. Quanto você se conhece? Se você é um ser único no Universo,

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quem pode conhecê-lo melhor do que você mesmo?

À partir da auto-observação podemos começar a perceber como nos-


so organismo funciona e como ele se comporta. Há algum tempo,
quando ainda tentava me conhecer, eu fiz um prato de frango com
pimentão que me rendeu uma noite interminável de gases. Não re-
comendo isto para ninguém. Se perguntar por aí vão dizer que a
culpa é do pimentão, que é indigesto. Pois bem. Através da auto-
observação e do estabelecimento de uma dieta baseada em meu
biotipo particular pude perceber com surpresa que a culpa era do
frango! Posso comer pimentão até arrebentar, mesmo à noite, mas a
carne de frango me é indigesta. Tenho um amigo que se comer pi-
mentão ficará com o gosto dele na boca por uma semana. Claro, so-
mos diferentes. Mas quem vai saber disto além de nós mesmos?

O auto-conhecimento nos traz a uma outra questão que abordare-


mos mais detalhadamente à frente, que toca na nossa responsabili-
dade sobre nossa saúde. Costumamos deixar este encargo nas costas
do médico ou de algum remédio “milagroso”, enquanto uma obser-
vação atenta de nosso modo de vida irá demonstrar que podemos
viver com saúde se respeitarmos quem somos e o que somos. Pois
somos únicos. Apenas isto.

RESUMO
Somos únicos na Criação, cada um de nós.
Um tratamento individual e particular é a premissa da medicina
oriental.
O que ajuda uma pessoa, pode fazer mal a outra.
Observar a si mesmo é a primeira diretriz de uma vida
saudável.
Auto-conhecimento é o fundamento da saúde.

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2
DIFERENÇAS ENTRE
MEDICINA OCIDENTAL E ORIENTAL

O tópico anterior, nossa situação única no Universo, é a base princi-


pal das diferenças entre a medicina ocidental, que busca uma abor-
dagem científica estabelecida há pouco tempo, e a medicina oriental,
que parte de soluções empíricas formuladas e testadas muitas vezes
por centenas de anos.

Antes temos que fazer uma conceituação que empregaremos neste


trabalho: medicina ocidental é a técnica científica empregada hoje
em hospitais e clínicas modernas e que se utiliza de medicamentos e
drogas químicas diversas além de intervenções cirúrgicas. Medicina
oriental é o conjunto de técnicas terapêuticas estabelecidas no Ori-
ente e que podem utilizar massagem, agulhas, ervas medicinais, óle-
os, exercícios, dieta e outros procedimentos naturais e não-agressi-
vos.

A medicina ocidental baseia-se na intervenção direta no organismo.


Através de cirurgias e medicamentos (chamados tecnicamente de
“drogas”) procura-se alterar artificialmente o estado do paciente para
que ele retorne à condição definida como “normal”. Na medicina
oriental busca-se restabelecer o equilíbrio do paciente através de seus
próprios recursos, como massagem, exercícios, dietas e, se necessá-
rio, Acupuntura, ervas ou outras técnicas que possam ajudar o orga-
nismo a se recuperar. Mesmo no caso de fármacos naturais, a idéia
central nunca é suprir o corpo com os elementos de que necessita,
mas estimulá-lo a se recuperar espontaneamente. Enquanto a medi-
cina ocidental busca uma solução imediata e agressiva, a medicina
oriental busca uma solução gradual e natural para o organismo do
paciente.

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As diferenças saltam aos olhos pela metodologia empregada. A me-


dicina ocidental é principalmente baseada no estudo estatístico e no
ataque aos sintomas. Os medicamentos e tratamentos se concentram
nas médias estatísticas dos resultados de testes controlados, primei-
ramente com animais de laboratório e depois com pacientes voluntá-
rios. Passando nos testes, com mais de 50% de eficiência, o medica-
mento começa a ser vendido.

O que intriga muitas pessoas é porque muitas vezes o tratamento


não funciona, funciona pela metade ou tem que ser reavaliado? A
resposta é justamente este fator médio de sucesso. Será que você
está na faixa média da população ou pertence às partes que não pos-
suem efeito ou possuem efeito muito pequeno? Como muitos dos
mecanismos naturais do corpo humano são ainda desconhecidos pe-
los médicos, procede-se muitas vezes a um tipo de tratamento por
tentativa e erro, muito comum, ou por meio de receitas de remédios
para uso geral, caso dos analgésicos e anti-inflamatórios que são re-
ceitados freqüentemente quando uma pessoa tem dor e o médico
não encontra a causa.

Muitas vezes um medicamento é receitado e não surte efeito. Então


ele é trocado por outro similar, de outra marca ou princípio ativo. O
processo é repetido até que se encontre um medicamento compatível
com o paciente ou que se tente outra abordagem. Anti-concepcional
é um caso clássico. Minha mulher utilizou três marcas diferentes ten-
tando evitar efeitos colaterais (ou amenizá-los). Finalmente desistiu.
Você já deve ter passado por este tipo de coisa: troca de medicamen-
tos sucessivos até achar um que se encaixe no seu organismo. Como
dissemos antes, cada pessoa é uma pessoa mas a medicina moderna
enxerga apenas a média da população. Se você está fora dela, a coisa
se complica.

Allen Roses, chefe do setor de genética da empresa GlaxoSmithKline


(GSK), a maior empresa farmacêutica do Reino Unido, afirmou que
“a vasta maioria dos remédios - mais de 90%- só funciona para 30%

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a 50% das pessoas”. Para isto citou um estudo sobre as taxas de efi-
ciência de uma ampla variedade de remédios realizado por Brian
Spear, cientista dos Abbott Laboratories, empresa de diagnóstico
médico de Chicago. Ele constatou que as taxas de eficiência variam
ao redor de 50%, partindo de 25% no caso de drogas contra o câncer
a 80% de eficácia no caso de analgésicos.

Um medicamento é testado em alguns milhares de voluntários (se


tanto) e os resultados são extrapolados estatisticamente para toda a
Raça Humana. Na média, ele funciona. Mas existem problemas.

Efeitos colaterais dos medicamentos também são comuns. Aliás, co-


muns não, quase obrigatórios. Existe uma idéia de que se não exis-
tem efeitos colaterais o remédio (denominado tecnicamente de “dro-
ga”, como vimos) também não está funcionando. Mas se você está
fora da média populacional da eficiência do medicamento, você pode
ficar só com os efeitos colaterais.

Um aluno meu teve problemas de pressão alta e lhe receitaram uma


droga. Funcionou por algum tempo, já que o problema era o estresse
e o tratamento atacava apenas o sintoma – pressão alta. Ele começou
a ter crises de tosse com a continuidade da medicação, uma tosse
que não cessava. Ele me procurou e fiz uma terapia natural com cris-
tais que acabou com a tosse, mas esta retornava dias depois. Ele
acabou indo a outro médico que informou que a tosse era uma rea-
ção alérgica comum aos medicamentos para controle da pressão. So-
lução? Nenhuma, pois o efeito colateral faz parte do medicamento e
ele caiu numa faixa fora dos 50% de eficiência, onde os efeitos secun-
dários são mais sentidos.

A medicina oriental é baseada no equilíbrio da pessoa em ressonân-


cia com as Leis Universais. Estas leis foram formuladas depois de
séculos de observações e experimentações com milhões de pacientes.
Quando nos afastamos destas leis naturais, aparece a “doença”, de
modo que a medicina oriental é particularmente preventiva, se preo-
cupando com a manutenção da saúde. Mas uma vez instalado o

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desequilíbrio, a solução é retornar a pessoa a este estado harmônico


através da readequação de seu organismo. Existem muitos métodos
para isto, dependendo da cultura de origem (indiana, chinesa, japo-
nesa, coreana, tailandesa, vietnamita, etc...). Mesmo os medicamen-
tos fitoterapêuticos ou fármacos de origem natural possuem a carac-
terística de auxiliar o organismo a retornar ao equilíbrio. Isto é feito
com um mínimo de efeitos colaterais, exceto aqueles oriundos da
retomada do nível saudável. Por exemplo, uma pessoa com prisão
de ventre por alguns dias pode ter uma diarréia até seu organismo
retornar ao normal. Mesmo na extensa farmacopéia chinesa o medi-
camento indicado para um paciente possui em geral ao menos quatro
componentes: um agente para o problema específico, um outro que
amplia o efeito do agente principal, um que corta os efeitos colaterais
do medicamento e um último que dirige o efeito do medicamento
para a parte do corpo específica, reduzindo o risco de uma intoxica-
ção do organismo.

A medicina oriental também busca a causa dos problemas, seja físico,


ambiental, emocional ou energético. Uma enxaqueca pode ser resul-
tado de uma tomada de decisão adiada repetidamente, a prisão de
ventre ou nódulos musculares dolorosos podem ser gerados por uma
situação de estresse específica, etc... Os aspectos energéticos tam-
bém são um dos fundamentos da medicina oriental e que não são
reconhecidos pela medicina ocidental.

RESUMO
A Medicina Ocidental procura atacar os sintomas e restaurar a
saúde através de técnicas invasivas (cirúrgicas) ou pela adoção
de drogas químicas desenvolvidas por análise estatística de re-
sultados. Atua geralmente depois da doença se instalar.
A Medicina Oriental baseia-se na prevenção das doenças e na
manutenção da saúde. Para restaurar a harmonia do organismo
pode-se utilizar de várias técnicas, sempre procurando utilizar
os recursos próprios do paciente. Um de seus fundamentos prin-
cipais é o trabalho com a energia vital, assunto ignorado pela
Medicina Ocidental.

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3
FILOSOFIA ORIENTAL E SAÚDE

A Medicina Oriental se caracteriza pela forte influência de correntes


filosóficas do pensamento oriental em seus conceitos básicos e pro-
cedimentos. Esta influência não se dá simplesmente por motivos re-
ligiosos, como rapidamente poderíamos afirmar, mas sim pela filo-
sofia de vida deste povos. Sua atitude perante a Vida e o Universo
nortearam o desenvolvimento de sua medicina.

Por este prisma podemos notar a causa da variedade imensa de es-


colas terapêuticas orientais, cada uma versando sobre fundamentos
de sua filosofia própria. A maioria das técnicas de Medicina Oriental
que conhecemos foram criadas à partir da cultura chinesa, pois sua
influência nos povos do Oriente sempre foi muito marcante. Apesar
disto outros países moldaram esta filosofia segundo sua própria cul-
tura, como ocorre no Japão. Os dois grandes pólos de cultura e me-
dicina da Ásia foram a Índia e a China, com a Ayurveda, medicina
indiana, e a Medicina Tradicional Chinesa (MTC).

Alguns princípios norteiam a Medicina Oriental praticada no Extre-


mo Oriente. Via de regra estes conceitos foram formulados na China
antiga, há muitos milênios, dentro do Taoísmo. O Taoísmo é uma
filosofia nativa da China baseada na harmonia com o Universo e que
busca compreender a estrutura das coisas, com princípios esboçados
por sábios como Fu Xi, Chuang-Tzu e Lao-Tzu. Longe de ficarem
desatualizados, muitas pesquisas modernas apenas comprovam o
altíssimo grau de conhecimento que estes sábios da antigüidade pos-
suíam. Vamos ver alguns destes fundamentos essenciais:

Equilíbrio
Muito se fala sobre equilíbrio, mas de onde saiu esta idéia? O ser
humano está em permanente contato com as forças da Natureza e

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extrai sua vida deste intercâmbio de forças. Quando ele está em equi-
líbrio com o Universo, está saudável. As doenças aparecem quando
este equilíbrio se desfaz, gerando energias conflitantes com sua na-
tureza. A função do terapeuta é ajudar o paciente a manter ou retornar
a este estado de equilíbrio, que definimos como “saúde”.

Energia
A base do Universo é energia (Chi para os chineses, Prana para os
indianos, Ki para os japoneses e coreanos). É com base na manipula-
ção desta energia de inúmeras formas que vamos restaurar o equilí-
brio do paciente, pois estes desequilíbrio também ocorre no nível
energético. Ninguém aqui está lidando com a área dos médicos oci-
dentais, pois nosso enfoque é sempre energético, desde o diagnósti-
co até o tratamento. Vamos falar mais sobre isto em um capítulo
especial sobre energia.

Holismo
Hoje em dia ficou comum falarmos de Holismo ou técnicas holísticas.
“Holos” em grego significa “tudo” ou “o todo”, por isso usamos este
termo ao nos referirmos aos tratamentos alternativos, em particular
aos da Medicina Oriental, pois tratamos a pessoa como um ser com-
pleto, incluindo corpo, mente, emoções, conceitos, forma de pensar,
energia, predisposições. Não existe um acupuntor especializado no
pé, por exemplo, como existem médicos. Ou se resolve o problema
globalmente ou ele nunca terá solução. Uma dor nas costas pode ser
um problema emocional e uma enxaqueca pode se originar de uma
decisão difícil na vida. Se não houver uma análise e tratamento da
pessoa completa o problema pode não ser resolvido ou ser remedia-
do por algum tempo, voltando depois. Às vezes ainda pior.

O Terapeuta
Cada terapeuta é um agente do Universo que serve como intermedi-
ário entre as forças da Natureza e a pessoa. Como o paciente está
desequilibrado, necessita de uma ajuda externa para retornar ao equi-
líbrio, que é ministrada pelo terapeuta. Como vimos, o próprio paci-
ente fará a sua cura, mas o terapeuta é importante para orientar e
auxiliar este processo. Ele é apenas um coadjuvante que fará a religação
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entre paciente e Universo.

Yin/Yang
A polaridade complementar já confundiu muita gente. Ficaria difícil
explicar este conceito neste pequeno espaço, mas podemos resumir
algumas idéias. Tudo em nosso Universo manifestado possui um
componente de forças dual formado pelo Yin e o Yang. O Yin
corresponde a forças contrativas e o Yang a forças expansivas. Um
não existe sem o outro e um gera o outro. São opostos complementa-
res dos quais tudo que existe é formado. Nada existe que seja apenas
Yin ou apenas Yang, mas sempre uma composição dos dois. Note
que o conceito do Yin/Yang pode variar segundo fontes diversas. A
Macrobiótica, por exemplo, utiliza uma noção de Yin/Yang muito
diferente da Medicina Chinesa. Procure fontes na cultura chinesa e
terá informações mais confiáveis.

Cinco Elementos
Os 5 elementos são um dos aspectos mais interessantes da filosofia
chinesa, complexos porém simples numa ambigüidade típica da cul-
tura da China. Na verdade trata-se de cinco estados energéticos que
permanecem em constante mutação, sempre se transformando, daí
serem chamados de Wu Xing, corretamente traduzido como “cinco
ações” ou “cinco movimentos”. Um gera o outro e um controla o
outro em um ciclo sem fim. Os elementos são: terra, madeira, água,
TERRA METAL ÁGUA MADEIRA FOGO

COR Amarelo Branco Preto Verde Vermelho

SABOR Doce Picante Salgado Ácido Amargo

ÓRGÃO Baço- Pulmão Rins Fígado Coração


Pâncreas

VÍSCERA Estômago Intestino Bexiga Vesícula Intestino


Grosso Biliar Delgado

ESTAÇÃO 5ª estação Outono Inverno Primavera Verão


DO ANO

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fogo e metal. A eles correspondem cores, estações do ano, sabores e


órgãos energéticos do corpo humano como mostra a tabela abaixo.
A interação entre estes elementos promoverá a saúde ou o
desequilíbrio. As técnicas da Medicina Oriental utilizam os 5 ele-
mentos como fator importante na manutenção da saúde ou no
restabelecimento do paciente.

RESUMO
A Medicina Oriental se baseia fortemente na filosofia oriental.
A principal fonte de influência na Medicina Oriental foi a filoso-
fia taoísta da China.
O Taoísmo busca estabelecer uma harmonia completa com o
Universo e compreender seu funcionamento.
Muitos conceitos filosóficos são importantes dentro da Medici-
na Oriental:
Equilíbrio- entre a Natureza e o ser humano (que chama-
mos de “saúde”)
Energia – a base do Universo, que forma todas as coisas.
É fundamental como pedra angular de toda a medicina orien-
tal.
Holismo – tratar sempre o ser humano de maneira com-
pleta, corpo, mente e espírito
O Terapeuta - é o encarregado de servir como ponte
entre o paciente e o Universo visando auxiliá-lo em manter ou
recuperar este equilíbrio.
Yin/Yang - polaridade complementar que forma todas
as coisas. O Yin corresponde a forças contrativas e o Yang a
forças expansivas.

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4
SUA SAÚDE É VOCÊ QUEM FAZ

Uma das coisas que mais chamam a atenção na Medicina Oriental é


que o paciente tem grande parcela de responsabilidade pela sua me-
lhora. Como os ocidentais estão acostumados (mal-acostumados) a
se entregarem totalmente à medicina moderna, a recuperação costu-
ma ser mais problemática.

O que você tem sempre que ter em mente ao procurar qualquer tipo
de terapia alternativa é que você mesmo é o principal responsável
por sua cura. Enfrentei vários problemas neste aspecto em minhas
práticas terapêuticas. É muito comum o paciente não entender quan-
do você pede que ele mude sua alimentação ou use outro tipo de
roupa. A coisa fica pior quando percebemos que o problema princi-
pal está na maneira em que ele percebe alguns aspectos do mundo.
Alterar isto é extremamente difícil, embora conseguisse a cura do
mal que o atormenta.

Nós criamos nossa própria realidade, por isso se fala tanto em “pen-
samento positivo” e coisas do gênero. Muitos de nossos problemas
físicos decorrem de interpretações sobre o mundo que nos cerca,
muitas vezes percebidos ou interpretados de maneira totalmente
equivocada. Procurar ter uma mente aberta e flexibilidade suficiente
para observar problemas de vários ângulos é fundamental na manu-
tenção da saúde.

Da mesma forma é altamente complexo cultivar opiniões fixas sobre


vários assuntos, mesmo com respaldo “científico”. A ciência muda
todo dia e o que hoje é certeza absoluta amanhã poderá cair por
terra como uma tolice.

O estado mental de uma pessoa é diretamente responsável pelo tipo

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de problemas de saúde que tem e pela qualidade de sua recupera-


ção. Vários estudos mostram que pessoas otimistas e com bom hu-
mor adoecem menos e vivem mais. Nas práticas da Medicina Orien-
tal, um estado receptivo do paciente pode ampliar centenas de vezes
a eficácia de um tratamento. Não digo que os bons resultados sejam
algum tipo de “efeito psicológico” ou “efeito placebo”, como muitos
médicos mal-informados gostam de dizer, mas pelo motivo de que
você é diretamente responsável pela sua saúde, pelas suas doenças e
pela qualidade de sua recuperação.

Nunca cuidei de alguém que não quisesse meus conhecimentos. A


Medicina Oriental é real, altamente eficiente organicamente e fisica-
mente, e não depende de crença alguma para surtir efeitos. Mas os
efeitos se ampliam quando a pessoa que recebe o tratamento se man-
têm receptiva e confiante. Do mesmo modo, uma pessoa altamente
cética terá menos resultados ou de caráter mais pobre. Estudos mos-
tram que um alto índice de ceticismo inibe o funcionamento do
hipocampo, uma região do cérebro, e conseqüentemente reduzem a
eficiência da Acupuntura, por exemplo. Como regra geral, sempre
tive o cuidado de verificar se as pessoas que me procuravam queri-
am efetivamente ser tratados por aqueles métodos que eu emprego,
baseados na Medicina Oriental. Se houver qualquer tipo de resistên-
cia, indico outro tratamento ou mesmo a medicina ocidental, já que
ela não se importa com este tipo de pré-disposição do paciente (em-
bora seja comprovado que ao menos 50% do resultado de um medi-
camento alopático está ligado ao “efeito placebo” ou “efeito psicoló-
gico”). A ironia disto é que a esmagadora maioria dos pacientes que
buscam a Medicina Oriental já passou pela medicina ocidental, às
vezes durante muitos anos, com pouco ou nenhum resultado.

Quando se procura um tratamento alternativo, especialmente den-


tro da Medicina Oriental, deve-se estar preparado para seguir as
prescrições. Às vezes podem parecer desconexas ou insuficientes,
mas o terapeuta sabe o que está fazendo. Se o paciente não seguir as
recomendações, não pode querer ficar bem. Conversando com o Dr.
Bokula, indiano especializado em Medicina Ayurveda, fiquei saben-

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 20

do que esta era uma de suas grandes frustrações: o brasileiro não


seguia as prescrições à risca, muitas vezes preferindo continuar do-
ente do que deixar de comer carne de porco, por exemplo! Segundo
ele, na Índia (onde a maioria do sistema médico ainda é o milenar e
tradicional Ayurveda) as pessoas fazem absolutamente qualquer coisa
prescrita pelos terapeutas pois desejam apenas restabelecer a sua saú-
de. Aqui em nosso país temos uma população de pessoas que se
automedicam e da mesma forma procuram interpretar as prescrições
e tratamentos recomendados segundo sua própria lógica, embora
nada saibam sobre as técnicas terapêuticas utilizadas.

É comum o paciente suspender seu tratamento por iniciativa pró-


pria. Muitas vezes iniciamos o tratamento e, assim que se livra da
dor ou de outro incômodo, ele some do consultório. Mas o trabalho
não acabou! Apenas aliviamos os sintomas para que se sinta melhor
até terminar o tratamento.

Mas ele acaba voltando, geralmente depois de alguma semanas ou


meses, quando aquele problema não-tratado retornar...

Ao procurar um tratamento segundo a Medicina Oriental você deve


se manter receptivo e seguir as recomendações de maneira adequa-
da. Por menos lógicas que estas possam parecer a você.

RESUMO
O paciente é altamente responsável pelo sucesso do tratamento
dentro da Medicina Oriental
Deve-se manter uma atitude receptiva ao tratamento. Não é
necessário fé ou crença, mas apenas uma mente aberta.
Ceticismo exagerado atrapalha a eficiência do tratamento. Os
dois extremos, tanto ceticismo quanto a fé cega, devem ser evi-
tados.
Siga todas as recomendações do terapeuta.

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Não se submeta a tratamento se tiver qualquer ressalva quanto


ao profissional ou técnica apresentada.
Não existe medicina nem terapia perfeita. Nenhum profissi-
onal sozinho, seja terapeuta seja médico, pode curar você.
Nenhum medicamento ou tratamento isolado pode curar
você. Apenas o conjunto terapeuta-paciente-tratamento pode
surtir resultados. Faça a sua parte.
Médicos não curam. Terapeutas não curam. Apenas o pacien-
te pode curar a si mesmo, auxiliado pelo tratamento prescri-
to.

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5
SEPARE “BOA FORMA” DE “SAÚDE”

Muita gente se confunde com os termos “boa forma” e “saúde” e


acham que um corpo sarado, malhado e bronzeado pertence a uma
pessoa saudável. Nem sempre. Na verdade muitas vezes é mais fácil
encontrar saúde na simplicidade de uma dona de casa do que na
gatinha malhadora. Já conheci muitas pessoas que tinham uma exce-
lente forma física e tomavam caminhões de remédios.

Repare que tanto “forma física” quanto “boa forma” possuem a pala-
vra “forma” como característica principal. Ou seja, a sua forma, apa-
rência, é boa. Não significa nada em termos de saúde. Muita gente
treina como doida e leva seu corpo até limites perigosos. Os ameri-
canos tem um ditado muito repetido pelo mundo afora que eu acho
particularmente ridículo: “no pain, no gain” (sem dor não há ganho).
As pessoas acham que levar seu corpo além dos limites é vantajoso.
Talvez para se ganhar um troféu ou algo assim , pois para a saúde é
extremamente danoso. Quando você sente dor é o seu corpo dando
o alarme de que o esforço é excessivo. Ultrapassar este limite pode
ser complicado, senão agora, no futuro.

Pense em um carro. Por que as pessoas não gostam de comprar um


carro que pertenceu à frota de uma empresa? Porque ele está muito
“surrado”, utilizado até o extremo. Mas todas as revisões foram fei-
tas e o diagnóstico do motor, câmbio e suspensão estão OK. Mesmo
assim as pessoas hesitam, pois sabem que o desgaste pode ter com-
prometido algo ainda não descoberto. Pensamos assim de um carro,
por que não de nosso corpo?

Uma pessoa leva seu corpo até além de seus limites durante anos. Os
check-ups médicos estão corretos, tudo está em ordem. Então, re-
pentinamente acontece um rompimento de ligamento, uma tendinite,

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uma contusão muscular, um problema de coluna, e troca-se a acade-


mia pela fisioterapia. Isto é muito mais comum do que você pensa. Já
cuidei de muitas pessoas com problemas deste tipo. Um rapaz apare-
ceu com problemas no joelho e percebi que a cartilagem estava com
problemas. Recomendei que ele fosse a um ortopedista e acabou ten-
do que fazer uma cirurgia. Era professor de academia e ainda não
tinha 25 anos de idade. Isto é o que se chama de “overtraining”, um
excesso, um caso isolado, poderia-se perguntar. Mas é a filosofia de
treinamento que vemos por aí que está errada. Mais adiante vamos
ter um capítulo todo voltado para a movimentação do corpo e o
exercício saudável e você vai ver, mesmo na academia, como se deve
proceder.

Voltando ao nosso texto, as pessoas se esforçam demais para criar


uma aparência que pode ser aceita na sociedade. Esta é a verdade.
Poucas pessoas se dispõe a malhar três, quatro ou mais vezes por
semana depois de um dia agitado apenas para ficar saudável, salvo
se for por indicação estrita do médico. A cobrança da sociedade e os
padrões médicos de “saúde”, que mudam com o passar dos anos,
contribui muito para este esforço. Somente as pessoas que estão aci-
ma do peso tem noção da crueldade com que a sociedade trata aque-
les que estão fora dos padrões. Padrões estes ditados por empresas
e segmentos que estão preocupados em comercializar seus produtos
e não com sua saúde.

Veja o caso das modelos anoréxicas, por exemplo. Sabe por que elas
tem que ser tão magras? Porque não se trata de uma pessoa, mas de
um cabide que anda! Isso mesmo: a única função delas é mostrar as
roupas e, para isto, elas próprias não devem chamar a atenção. Daí a
necessidade de serem magras, pois ninguém gosta de mulheres ma-
gras. Se assustou? Esta é a verdade, nua e crua. E posso falar com
conhecimento de causa pela ala masculina: os homens preferem as
redondinhas. Se duvida, procure reparar nas profissionais – não exis-
tem prostitutas magricelas. Elas não atraem a clientela. Note tam-
bém que as modelos-manequins são maquiadas para parecerem com
zumbis mortas-vivas ou algum monstro da 5ª dimensão. Tudo para

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não ficarem bonitas e chamar mais a atenção do que a roupa. Estilistas


não gostam de concorrência.

Bilhões de reais são movimentados pela indústria


da “boa forma” em publicações que trazem pessoas
magras nas capas e ensinam como perder 5 Kg em
uma semana, livros com a dieta definitiva, apare-
lhos que fazem ginástica sem você se mexer, suple-
mentos alimentares que emagrecem rapidamente ou
permitem que você coma toda a gordura que quiser
porque ele vai “absorver” este excesso (esta é boa!).
Milhares de produtos são vendidos para que você
fique em forma, de preferência rápido e sem traba-
lho. E tudo em nome da saúde.

Vi a algum tempo uma revista com a Angélica na capa e uma manche-


te espalhafatosa: “Angélica magérrima”. Será que alguém acha que
ser “magérrima” é uma boa coisa? A própria preocupação com a “boa
forma” muitas vezes acaba se tornando uma obsessão ou um proble-
ma emocional. Como a frustração quando não se consegue obter os
resultados cobrados pela sociedade. No Oriente é diferente.

O próprio modelo de aparência dos orientais é muito diferente. Na


Índia é bonito ter algumas gordurinhas a mais, pois a população no
geral é muito magra. Veja que os marajás sempre aparecem como
rotundos senhores. No Japão um homem com sua barriguinha é muito
bem visto, pois eles acreditam que o modelo ocidental de peito largo
e cintura fina é por demais desequilibrado. Uma cintura mais larga
dá mais estabilidade e segurança à pessoa, em vários sentidos. Nos
negócios eles confiam mais numa pessoa de maneiras tranqüilas e
cintura larga do que num executivo irriquieto e “em forma”.

Na China a gordura extra nunca foi um problema. A Medicina Chi-


nesa trata de efetuar um diagnóstico energético na pessoa antes de
dizer se ela é saudável ou não. A compleição, isto é, a cor e aparência
do rosto, nos diz muito mais sobre a saúde de uma pessoa do que o

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tamanho da sua cintura. O que importa para os chineses é relaxa-


mento e flexibilidade do corpo. Os atletas com o corpo “durinho”
podem ser considerados “estressados” pela Medicina Oriental. Veja
Sammo Hung, parceiro e diretor do astro Jackie Chan: ele seria con-
siderado obeso pelos padrões ocidentais mas o que ele faz nos filmes
é impraticável pelas pessoas “em forma” das academias. Muitos Mes-
tres de artes marciais chinesas estavam acima do peso por nossos
padrões e mesmo assim exibiam uma saúde de ferro. O Mestre Wang
Shu Jing, do estilo Baguazhang, de Taiwan, pesava mais de 150 qui-
los. Diz-se que quando ele descia a rua a calçada trepidava. E era um
dos melhores lutadores da Ásia! Seu golpe predileto era abraçar a
cintura de seu adversário e dar uma “barrigada” nele, quebrando
sua espinha. Ria, se puder.

A utilização de exercícios físicos e a noção de saúde dos orientais é


muito diferente.

RESUMO
Boa forma e saúde são coisas distintas.
Não se pode julgar a saúde de uma pessoa pelo seu peso ou
“formato”
No Oriente não se leva o fator “aparência” em consideração.
Saúde é uma coisa mais profunda e possui uma conotação dife-
rente.
Um corpo saudável, pela Medicina Oriental, deve ser relaxado
e flexível.

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6
DIETAS ALIMENTARES E VOCÊ

Antes de mais nada devemos sintetizar o que significa o termo “die-


ta alimentar”. Em tom genérico, como o que utilizaremos aqui, ela
significa “sistema normal de alimentação de uma pessoa”. Não é re-
gime de emagrecimento, mas o hábito de alimentação das pessoas
no dia-a-dia, pois estamos interessados em saúde a longo prazo e
não em regimes restritos e de curta duração para algum objetivo
específico como desintoxicação, emagrecimento, etc... Apenas como
curiosidade, na medicina da antigüidade “dieta” significava todo o
modo de vida, que compreendia sono, exercícios físicos, comida e
bebida, excreção, relações sexuais, saúde mental.

Perceba que nada do que será analisado aqui provêm de preconcei-


tos ou ideologias alimentares, mas apenas e tão somente na análise
de fatos através do bom senso, de fundamentos dentro da Medicina
Oriental e eventualmente de pesquisas cientificas. Tire suas próprias
conclusões e experimente o que for melhor para você. Alimentação é
uma das coisas mais pessoais que temos em nossa vida.

Dietas Restritivas
Hoje existem centenas de tipos de dietas com restrição de algum tipo
de alimento, incluídos os regimes de emagrecimento cada vez mais
estranhos. Alguns exemplos de dietas e regimes restritivos: Dieta da
Sopa, Dieta do Abacaxi, Vegetarianismo, Ovo-Lacto-Vegetarianismo,
Crudivorismo, Frugivorismo, Dieta do Dr. Atkins, Macrobiótica, Dieta
da Lua e outros tipos de restrição alimentar que se baseiam na idéia
de que determinados tipos de alimentos são melhores do que ou-
tros, que devem ser evitados a todo custo por todo mundo.

Veja que nenhum tipo de dieta restritiva é saudável durante muito


tempo, pois acabam causando algum tipo de deficiência alimentar.

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Mesmo a Dieta do Dr. Atkins, tão criticada pelo mundo afora, que
praticamente elimina os carbohidratos e favorece as proteínas ani-
mais e gorduras, o faz por 14 dias. Depois deste período os
carbohidratos voltam a entrar aos poucos na dieta. Isto segue uma
regra muito interessante descoberta a respeito de dietas restritivas:
TODA dieta restritiva favorece o organismo por até duas semanas,
mais ou menos. Este é o tempo em que o organismo descansa da
digestão de algum tipo de alimento e se sente bem. Depois deste
período, as carências começam a aparecer. Por isso QUALQUER tipo
de dieta restritiva funciona bem nos primeiros 15 dias. Daí um mon-
te de gente tentar regimes para emagrecer absurdos como a “dieta
do Abacaxi”, em que se come apenas abacaxi, e conseguir realmente
emagrecer. Pelo menos nos primeiros 15 dias.

Vamos mostrar algumas dietas restritivas mais comuns e seus pro-


blemas.

Vegetarianismo
Este é um tipo de dieta que exclui a carne e, muitas vezes, outros
produtos de origem animal. Eles se dividem basicamente em tr~es
tipos:

- Ovo-Lacto-Vegetarianos, que consomem ovos e laticínios,


- Lacto-Vegetarianos, que não consomem ovos
- Vegetarianos puros, ou “veganos”, que não consomem absoluta-
mente nada de origem animal. Dentro desta classe temos o
Crudivorismo, que é a dieta na qual se consomem apenas vegetais
crus, sem qualquer tipo de produto animal, e também o
Frugivorismo, dos que se alimentam apenas de frutas. Mais nada.

Muito se fala sobre as vantagens do vegetarianismo como alimenta-


ção, que vão de saúde perfeita até aprimoramento espiritual. Na ver-
dade, comer ou não carne não fará de você uma pessoa necessaria-
mente melhor. Existem vegetarianos saudáveis? Claro. Mas também
existem milhares que são anêmicos crônicos. O ferro é o mineral que
forma nossa hemoglobina, responsável pelo transporte do oxigênio

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 28

pelo sangue. O melhor ferro que pode ser absorvido pelo organismo
é o de origem animal, denominado “ferro M”. Sua absorção chega a
40% contra 10% do ferro presente nos vegetais.

O vegetarianismo é um dogma levado a sério por muita gente, que


atribui a ele até o poder de tornar as pessoas espiritualmente mais
elevadas. Do meu ponto de vista, acredito que cada um deve comer
o que desejar. Mas muitos vegetarianos defendem que a única ali-
mentação para o ser humano é a deles. Causa estranheza a ferocida-
de e a necessidade que muitos destes adeptos tem em justificar sua
escolha alimentar. Quer comer apenas vegetais? Faça. Mas em silên-
cio. Não tente impor sua filosofia a todos como se fosse a salvação
universal. Outra coisa que acho intrigante é a quantidade de imita-
ções de carne que a maioria dos vegetarianos aprecia: almôndegas,
salsichas, hambúrgueres e feijoada feitas com soja. Estes não comem
carne com o corpo mas o comem com a mente...

A saúde fica ainda mais comprometida nos vegetarianos radicais,


que eliminam todo tipo de produto animal de suas dietas, pois a
vitamina B12 que promove a proliferação dos glóbulos do sangue e
faz a manutenção da integridade das células nervosas não existe no
reino vegetal. Muitas vezes eles recorrem a suplementos vitamínicos
artificiais ou acabam com anemias crônicas.

Também a alimentação crua e à base unicamente de frutas reduzem a


vitalidade humana pois o fogo é grande fonte de energização dos
alimentos segundo a Medicina Chinesa. Aliás, na cozinha chinesa se
tem um provérbio interessante: “cozinhar, sempre. Cozinhar muito,
nunca”. Assim se energiza o alimento mas se preservam seus valores
nutricionais, que são reduzidos pelo calor excessivo dos alimentos
muito cozidos.

Mesmo no reino animal existem pouquíssimas criaturas totalmente


vegetarianas, pois todos os primatas (de certa forma, nossos “paren-
tes”) são onívoros e mesmo uma vaca, ao comer o capim, consome
insetos, ovos e larvas de insetos. Animais alimentados com feno as-

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pirado, 100% vegetarianos, ficam doentes.

O vegetarianismo não possui qualquer tipo de evidência científica de


que seja muito mais saudável que a dieta onívora (em que se come de
tudo), ao contrário do que seus defensores alardeiam. É uma ques-
tão filosófica e não técnica ou científica. Nem mesmo a Medicina In-
diana Ayurveda ou a Medicina Chinesa deixam de preconizar a car-
ne como alimento. Novamente reafirmo a sentença inicial: cada pes-
soa é um Universo. Não existem dietas ideais para toda a Humani-
dade.

Macrobiótica
Este é um tipo de dieta que se tornou popular na segunda metade do
século XX. Desenvolvido por Sakurazawa Nyoiti, mais conhecido
como George Ohsawa, foi difundido à partir da França, lugar onde
ele se radicou.

Divulgado como uma espécie de verdade universal que poderia cu-


rar todos os males da Humanidade, a Macrobiótica se tornou logo
um excelente negócio pois a maioria de seus produtos não podia ser
encontrado no comércio normal. Lojas macrobióticas e empresas de
produtos macrobióticos proliferaram por todo o mundo.

A base da Macrobiótica são teorias de Ohsawa que ele divulgava


como sendo utilizadas “no Oriente”, principalmente a interação Yin/
Yang. Entretanto a idéia que ele tinha sobre esta polarização se cho-
ca frontalmente com os fundamentos da Medicina Chinesa, originá-
ria desta idéia e seguida por japoneses e outros povos do extremo
oriente. Não se sabe de onde a interpretação dele veio, mas não faz
parte da Medicina Oriental. Seu grande consumo de soja, excesso de
cereais e a limitação no consumo de frutas não são, principalmente
em se tratando de um país como o Brasil, recomendáveis. Soja em
excesso irrita os rins e o pâncreas dos ocidentais, pois não temos os
dispositivos genéticos dos orientais para trabalhar com este alimen-
to. Muito cereal presente na alimentação (70 a 90%, segundo Ohsawa)
pode causar espessamento do sangue e diversas incompatibilidades

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orgânicas, pois nem todos toleram carbohidratos em excesso. A idéi-


as de limitação no consumo de frutas é muito comum em dietas nas-
cidas em países com clima temperado ou frio. Mesmo dietas taoístas
que são famosas pela saúde e pela longevidade que podem proporci-
onar são extremamente direcionadas para o clima em que foram cri-
adas e não podem se aplicar a um país tropical como o Brasil. Aqui
podemos e devemos usar mais frutas do que estas dietas orientais
preconizam.

A Macrobiótica pode ser uma interessante opção por algum tempo.


Seu conjunto básico prevê uma dieta restritiva com 14 dias de dura-
ção, que pode ser experimentada por aqueles que desejam tentar
esta forma de alimentação. Mas não se pode recomendar isto para
todos, durante toda a vida, mesmo porque ela viola os fundamentos
da Medicina Oriental que afirma seguir.

Dieta de Baixo Carbohidrato


Conhecida também como “Dieta do Dr. Atkins” ou “Dieta da prote-
ína”. Extremamente polemizada, o trabalho do Dr. Atkins não deixa
de ser interessante. Ele se baseou nos problemas do excesso de
carbohidratos e formulou uma dieta baseada no consumo de proteí-
nas e gorduras. Este trabalho foi tremendamente combatido, pois
como vimos, os dogmas referentes à carne vermelha e à ingestão de
gordura animal são muito fortes.

Na verdade sua idéia era sensata, pois reduzia drasticamente o con-


sumo de carbohidratos por duas semanas, retornando aos poucos
até limites aceitáveis. Ele desenvolveu este método depois de expe-
rimentar com centenas de pacientes e nele mesmo.

É interessante notar o ódio mortal que muitos desenvolveram dele e


de seu trabalho, especialmente vegetarianos radicais. Quando ele
morreu, grupos de vegetarianos radicais divulgaram material mos-
trando que ele havia morrido do coração, acima do peso e com pres-
são alta e outros problemas. Conclusão deles: a dieta era um fracas-
so. Entretanto, ela funcionou (e continua funcionando) para milhares

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de pessoas. O que aconteceu, então? Ora, uma pessoa perseguida e


atacada violentamente como ele foi por todo o tempo depois de di-
vulgar sua dieta, desenvolve vários problemas de saúde. A tensão
emocional, estresse, angústia e mesmo depressão que este tipo de
perseguição pode provocar acabam com a saúde de qualquer pessoa
e provocam muitos problemas, como a hipertensão e a obesidade.
Cito este caso por dois motivos: mostrar o que o estresse e outras
emoções fortes podem fazer com uma pessoa e também dar um exem-
plo do que um mero dogma alimentar e muito radicalismo pode cau-
sar.

Dieta da Longevidade
Segue a idéia de quanto menos calorias ingerimos, mais vivemos.
Embora existam comprovações de laboratório (em ratos), não creio
que uma restrição muito grande resolva alguma coisa.

Vi a algum tempo atrás uma matéria em uma revista sobre esta dieta.
E as pessoas que apareciam na revista elogiando a dieta eram verda-
deiras caveiras que tentavam sorrir para mostrar o quanto eram feli-
zes sendo pele e osso. Seus olhos encovados me deixaram uma pro-
funda impressão, pois dentro da Medicina Chinesa damos muita
importância à compleição, conjunto de qualidades da fisionomia como
cor da pele, brilho dos olhos, cor dos olhos, estado dos cabelos, apa-
rência da pele, etc... E, segundo minha experiência e meus estudos,
todas as pessoas apresentadas na matéria estavam doentes. Pode ser
que seus exames médicos estejam em ordem e que estejam satisfeitas
do modo como viviam, mas estavam doentes. E isto irá aparecer,
cedo ou tarde. Não creio que atinjam realmente a longevidade. O
próprio site especializado neste tipo de dieta (http://
www.calorierestriction.org/) alerta para os vários efeitos colaterais
e riscos deste tipo de dieta. Existem algumas fotos de membros, to-
dos sorridentes com seus olhos fundos e rostos encovados. Não ten-
te algo tão drástico.

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RESUMO
Não existe dieta ou método de alimentação único para toda a
Humanidade. Cada pessoa é um caso.
Procure se conhecer melhor e crie sua própria dieta. Tenha um
modo pessoal de se alimentar, de acordo com sua idade, tipo
físico, fisiologia e estado emocional.
Dietas restritivas funcionam por algum tempo, ao redor de
duas semanas, pois descansam o organismo da digestão dos
alimentos faltantes. Depois disto começam a aparecer as defi-
ciências.
Cuide de você e ouça a si mesmo.
Evite medidas drásticas ou mudanças bruscas de alimentação.
Faça tudo devagar e naturalmente.

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COMO COMER?

Todo tipo de dieta realmente funciona com algum tipo de pessoa ou


por algum tempo, por isso vemos esta verdadeira Babel sobre ali-
mentação. Todos querem dar seu testemunho de que seu sistema
alimentar é mais funcional, mas se esquecem de que pode funcionar
bem apenas com eles mesmos e algumas outras pessoas. Nunca com
todo mundo o tempo todo.

A cada dia assistimos uma enxurrada de informações sobre alimen-


tação, muitas vezes baseada em descobertas científicas “derradei-
ras”. E nossa compreensão da alimentação, ao invés de aumentar, se
transforma em confusão... Conceitos tidos como verdades caem por
terra e antigos vilões da alimentação são elevados à categoria de
heróis. Tudo porque a ciência ocidental se preocupa em tentar en-
contrar leis universais aplicáveis a toda a Humanidade e ignora a
individualidade.

A Medicina Oriental nos mostra que, dentro de leis universais, sem-


pre existe a individualidade. Portanto, nos conhecer melhor é um
caminho mais seguro do que apenas seguir os estudos de outros. A
ciência é uma referência, um guia, e não a verdade definitiva.

Vamos ver algumas idéias gerais sobre o que comer, como comer,
quanto comer e quando comer, dentro da filosofia médica oriental.

O que comer
Vimos na primeira dica que cada ser humano é um universo próprio.
Isto vale também para a alimentação, sendo muito difícil encontrar
duas pessoas no planeta que possam comer exatamente as mesmas
coisas. Além das características intrínsecas de cada um de nós temos
que levar em conta também as alterações criadas pelo meio ambiente

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na forma de poluição, problemas no trabalho, dívidas, problemas


familiares, entre-safra de alimentos, e outros fatores que se alteram
continuamente. E nosso organismo precisa ser ouvido se quisermos
comer para ficarmos saudáveis.

A solução é o auto-conhecimento, aquela palavra tão alardeada na


Nova Era e tão pouco compreendida. Conhece-te a ti mesmo e tudo
te será revelado, é nossa regra primordial. Vou lhe ensinar agora a
preparar uma dieta alimentar totalmente sua, apenas sua, baseado
no que faz bem ou mal para você.

Esqueça por um momento tudo o que conhece sobre alimentação:


calorias, regimes, colesterol, fibras, açúcar, vitaminas, tudo. À partir
deste momento você começará do zero. Pegue papel e lápis e primei-
ramente faça uma lista de tudo o que costuma comer, o mês inteiro
em todas as refeições. Será uma lista grande, mas necessária. Depois
faça outra lista, de tudo o que gosta de comer. Relacione seus praze-
res gastronômicos sem culpa. Em seguida crie uma terceira lista com
todos os alimentos que lhe fazem mal. Pode ser uma pequena azia,
uma indigestão, enxaqueca, qualquer tipo de distúrbio, até espinhas.
Observe que devem ser alimentos que lhe fazem mal, e não os ali-
mentos de que não gosta. Existe uma grande diferença entre os dois
grupos. Se sua lista de alimentos problemáticos tiver menos de cinco
itens, mal sinal. Você precisa se observar e se conhecer melhor.

Agora compare a primeira lista (alimentos costumeiros) com a ter-


ceira lista (alimentos que fazem mal). Você está no caminho certo.
Observe cuidadosamente se os problemas de saúde que passou ulti-
mamente não foram causados por algum alimento específico. Se teve
uma grande dor de cabeça na noite de terça-feira e foi o único dia em
que almoçou lingüiça, desconfie. Através desta análise você vai des-
cobrir que pode evitar facilmente comer algo que lhe fará mal. Pense
em como pode evitar este alimento ou substituí-lo por outro.

Agora compare a segunda lista (alimentos preferidos) com a terceira


lista (alimentos que fazem mal) e repare quais alimentos que gosta

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lhe agridem o organismo. É triste mas é a dura verdade. Muitas


vezes algo que amamos comer nos é extremamente prejudicial. Isto
ocorre em alguns casos onde algum sentimento nos empurra num
processo autodestrutivo. Pode ser uma culpa, um remorso, uma bai-
xa auto-estima, uma depressão. Nosso corpo sabe exatamente o que
nos faz mal. Se este for o caso, procure ajuda especializada e tente
superar este problema emocional.

Sempre que tiver um mal-estar em algum dia, anote tudo o que co-
meu nas 24 horas antes do problema. Pode ser que não tenha rela-
ção, mas é essencial que você comece a compreender a simbiose en-
tre saúde e alimentação.

Aos poucos você começará a perceber o que pode comer ou não, em


que quantidade e em que horário. Tudo isto é significativo e o bom
senso sempre deve imperar. Eu, por exemplo, posso comer quanta
carne de boi eu quiser, mas se comer carne de porco por mais de
duas refeições meu rosto fica cheio de espinhas. De qualquer forma,
se me oferecer um sanduíche de pernil, eu posso comer. UM sandu-
íche. Da mesma forma o molho de tomate me agride o estômago,
mas é pior à noite (certeza de acordar com uma baita azia de ma-
nhã...). Entretanto, um pouco de molho de tomate no almoço, por
exemplo, pode ser tolerado. Desde que seja pouca quantidade (o
molho que tem em uma pizza é uma porção aceitável) e não coma
mais nada agressivo (como pizza de calabresa dois dias seguidos. E
à noite).

Este tipo de informação não está nos manuais de nutrição, repletos


de tabelas, gráficos e informações contraditórias. Você terá que apren-
der sozinho através do auto-conhecimento. Mas você irá ter muitos
outros benefícios ao se conhecer melhor.

Combinação
A combinação entre alimentos é muito importante. Ao começar sua
caminhada de auto-conhecimento você pode perceber que determi-
nado alimento está em sua lista negra mas que algumas vezes você o

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come sem problemas. A resposta pode estar na combinação dele com


alguma outra coisa. Já contei minha experiência com o frango e o
pimentão, se lembra? Era uma combinação malévola. Cada pessoa é
uma pessoa e cada situação é uma situação.

Cuidado com combinações. Parte do amido é digerido na boca mas


se ela ficar muito ácida a digestão é prejudicada. Portanto comer
algo com amido (pão, macarrão, arroz) depois de comer uma fruta
ácida pode atrapalhar sua digestão. Almoçar bebendo suco de laran-
ja, por exemplo. Via de regra, evite frutas após as refeições. As fru-
tas passam direto pelo estômago e são digeridas no intestino, por-
tanto se forem consumidas após outros alimentos elas terão que
esperar sua vez até serem digeridas e fermentarão no estômago. Isto
pode não representar nada para você mas para alguém pode ser um
problemão.

Estas são apenas algumas idéias gerais sobre combinações de ali-


mentos. O melhor é verificar em sua lista negra se estes alimentos
lhe fazem mal sempre ou só quando estão acompanhadas por outra
coisa.

Quantidade
A quantidade de comida que ingerimos é uma
das causas de muitos de nosso problemas de saú-
de. Grandes volumes de alimentos somados ou
relacionados com a ansiedade faz mais obesos do
que todo o colesterol do planeta. Somos educa-
dos a pensar que praticamente morreremos se
pularmos uma refeição ou que ficaremos debili-
tados e anêmicos ao seguir um regime de restrição alimentar por
uma semana. Bobagem. Grande parte da população ingere uma quan-
tidade de comida maior do que o necessário, sem contar que os ali-
mentos industrializados tem muito mais “sustância” que os naturais
e poderiam ser utilizados em menor quantidade.

Fazer três refeições diárias parece ser algo bastante lógico, mas de-

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 37

penderá de cada pessoa. Muitos ficam em jejum a manhã toda e vão


apenas almoçar, sem problemas. Outros comem pequenas porções,
seis ou sete vezes ao dia. Tudo dependerá do que for melhor para
você e do seu costume, também. O fator cultural é muito influente na
quantidade de refeições. Mas lembre-se de que deve comer se sentir
fome e não quando tiver vontade de comer. Fome e gula são coisas
diferentes e saber esta diferença é um passo importante no auto-
conhecimento. Comer se tornou uma forma de preencher lacunas de
nossa vida. Se alimentar deixou de ser uma necessidade do organis-
mo para se tornar uma atividade qualquer que pode ser feita cons-
tantemente, ao bel-prazer, como diz na embalagem de um salgadi-
nho que eu por acaso li: “a maneira mais divertida de passar o tem-
po”. Então comida agora é passatempo, diversão?

Vários trabalhos e estudos constataram que alguma carência na quan-


tidade de alimentação torna as pessoas mais saudáveis ao invés de
debilitadas. O Dr. Liu Zhengcai, pesquisador e especialista em medi-
cina chinesa, realizou um brilhante trabalho na análise da longevidade
de anciãos chineses, todos com mais de 100 anos (e existem milhares
na China). Ele descobriu que muitos deles se alimentavam muito
pouco. Estudos feitos posteriormente com ratos mostraram que aque-
les que tiveram restrições alimentares viveram mais e com mais saú-
de do que aqueles que tinham comida à vontade. Estes desenvolve-
ram várias patologias, como nefrite e câncer.

Monges orientais, yogues e ascetas em geral se alimentam muito


pouco e vivem saudáveis, o que parece comprovar este argumento.
Mas veja que falamos “pouco” no sentido de “menos” e não no de
“miséria”. Entre comer pouco e ficar desnutrido existe uma grande
distância. A verdade é que geralmente comemos muito mais do que
necessitamos, por gula, problemas emocionais ou outro motivo.

Procure regular a sua alimentação pelo quanto você realmente deseja


comer. Normalmente se aconselha que se ingira cerca de 70% da
capacidade do estômago, ou seja, saia da mesa antes de ficar repleto.
Isto dá uma sensação de leveza e tranqüilidade. Evite raspar a pane-

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la para não “desperdiçar comida”. Coma somente o que tiver vonta-


de e eduque-se para conhecer a fronteira entre “necessidade” e “ex-
cesso”. Ao forçar mais comida repetidas vezes, seu estômago se di-
lata e seu organismo se acostuma com aquela nova quantidade. Da
próxima vez, sua fome será maior para poder ocupar a nova capaci-
dade do estômago e assim por diante.

Modere sua quantidade de comida antes que necessite de uma ope-


ração de redução de estômago...

Época
Estamos acostumados a comer mais ou menos do mesmo modo du-
rante o ano todo. Isto não é muito sábio, não importa o tipo de dieta
que utilizemos a não ser que você more em um lugar que tem apenas
um tipo de alimento o ano inteiro, o que não acho que seja sue caso.

Nossa alimentação deve seguir as épocas do ano, as estações do ano.


Conhece o I Ching, o Livro das Mutações? É uma obra maravilhosa
escrita na China antiga há mais de 3.000 anos que possui uma filoso-
fia extremamente profunda. Segundo este livro tudo no Universo
está em constante mutação, nada fica estático o tempo todo. Portan-
to nossa alimentação deve seguir o padrão de mutação do Universo,
ao menos nas estações do ano.

O melhor seria consumir brotos, alimentos crus e frescos na Prima-


vera, época de crescimento e recuperação da letargia do Inverno. É a
hora certa para regimes de desintoxicação e emagrecimento. Evite
alimentos picantes e diminua os alimentos ácidos.

O Verão é época de plenitude, o clímax, e pede alimentos crus, frutas


e mais líquidos, mas sem exageros. Reduza a quantidade de comida
e faça várias pequenas refeições ao longo do dia. Evite alimentos
salgados e diminua os alimentos amargos.

O Outono é a hora de se preparar para o Inverno. Consuma alimen-


tos mornos, mais “pesados” como as carnes, e sopas e caldos diver-

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sos. Passe a cozinhar seus legumes. Evite alimentos amargos e dimi-


nua os alimentos picantes

Inverno é sinônimo de redução de atividades, de uma menor movi-


mentação devido ao frio. Frio este que pede comidas mais gorduro-
sas e mais carnes na alimentação. Fuja de alimentos crus e coma no-
zes, amendoim e frutos oleaginosos. Evite alimentos doces e dimi-
nua os alimentos salgados.

Dentro da filosofia chinesa temos 5 elementos, portanto 5 estações


do ano. Incluímos então a chamada “5ª Estação”, no final do Verão e
começo do Outono. Uma transição do clímax do Verão para a prepa-
ração do Inverno. Recomenda-se alimentação mais neutra como os
cereais. Evite alimentos ácidos e diminua os alimentos doces.

Não vou entrar em muitos detalhes, mesmo porque grandes partes


do Brasil não possuem as quatro estações bem definidas. A regra
geral é procurar comer alimentos locais e da época, sempre que pos-
sível. Aumente os alimentos quentes quando o tempo esfriar e vice-
versa (mas cuidado com os gelados, pois atacam sua saúde). Assim
você estará seguindo as mutações corretamente.

RESUMO
A alimentação deve ser algo individual. Não existem regrais
gerais aplicáveis a toda a Humanidade.
Assuma a responsabilidade pela sua saúde, conforme falamos
na dica 4 (Sua Saúde é Você Quem Faz). Se você sabe que co-
mer sanduíche todo dia lhe faz mal e continua fazendo, o pro-
blema será todo seu. Nenhum médico do planeta, ocidental
ou oriental, poderá lhe ajudar.
Procure descobrir o alimento que lhe faz mal, quando lhe faz
mal e junto com que outro tipo de comida o efeito é pior.
Não se esqueça de pesquisar também o que lhe faz bem. Colo-
que estes alimentos sempre em seu cardápio.

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Cuidado com as combinações. Nem sempre uma mesa muito


variada é sinônimo de saúde. Muitos alimentos criam proble-
mas quando misturados. Procure conhecer o que lhe afeta.
Não encha completamente seu estômago. Coma apenas 70%
de sua capacidade, mesmo que deixe a mesa com um pouco
de fome.
Quando estiver doente, com algo simples como uma gripe,
procure reduzir a quantidade e a variedade de comida
ingerida. Dê um tempo para seu organismo se restabelecer.
Procure comer sempre os alimentos da estação do ano cor-
respondente. Evite coisas muito fora do padrão. Nozes e ave-
lãs consumidas no Natal, que é Verão aqui no Brasil, é um
bom exemplo de erro.

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8
DERRUBANDO MITOS
DOS ALIMENTOS

Alimentação é sempre uma preocupação de todos que buscam uma


vida saudável. A relação entre o que comemos e como nos sentimos
ou somos sempre foi muito óbvia na cultura humana. Mas nas últi-
mas cinco décadas experimentamos um grande avanço na pesquisa
científica relacionada com a alimentação. Novos estudos analisaram
a composição e efeitos de vários alimentos e pesquisas ampliaram
nosso conhecimento sobre a digestão e assimilação. Embora a rela-
ção entre alimentação e saúde seja conhecida desde os primórdios
da Raça Humana, nunca o Homem se preocupou tanto com o que
come e nunca ele comeu tão mal.

No início apenas se comia o que podia ser encontrado e quando era


encontrado. Depois passamos a criar, plantar e colher nossos alimen-
tos. À partir do século XX passamos a contar com muito mais alimen-
tos, de várias regiões diferentes, e passamos a efetuar grandes in-
dustrializações na alimentação. Foi o início de diversos problemas.

Vamos analisar agora alguns mitos da alimentação que ocorrem não


apenas debaixo das barbas da ciência ocidental mas também em ou-
tras correntes de pensamento. Lembre-se de que toda pesquisa ci-
entífica é feita à partir de modelos estatísticos, conforme vimos ante-
riormente, estando pois sujeita a funcionar apenas na faixa média.
Também os avanços científicos acabam por derrubar “verdades”
anteriores e acrescentar outras novas, que com o tempo também se-
rão descartadas. Mesmo assim estas pesquisas são importantes? Cla-
ro! Mas lembre-se sempre de que são apenas referências e nunca
verdades absolutas. Muitas pessoas se enganam neste aspecto e diri-
gem toda a sua vida segundo os “últimos avanços” da ciência. Mas
os “últimos avanços” de hoje amanhã estarão caídos por terra.

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Desenvolva seu auto-conhecimento e descubra o que é realmente


bom para você ou não, independente do que outros digam.

Dogmas
A principal praga que assistimos é a dos dogmas e meias-verdades
científicas. Pesquisas mal-feitas, superficiais, contraditórias,
inconclusivas ou parciais muitas vezes derramam informações pela
metade e são avidamente divulgadas pela imprensa com sensaciona-
lismo como “a última palavra” da ciência. E estas meia-verdades ou
equívocos se propagam e criam uma cultura resistente às mudanças
que são normais na ciência. Tornam-se dogmas difíceis de serem
derrubados.

É o caso por exemplo do uso da margarina em detrimento da man-


teiga. Esta questão será analisada melhor adiante, mas aqui cabe uma
consideração. Nunca fui adepto da margarina e quando se ventilou
que existiam riscos potenciais nas gorduras trans, tratei de me infor-
mar melhor. Procurei na internet e achei um artigo excelente, de uma
nutricionista, que explicava detalhadamente o que eram as gorduras
trans e seus efeitos maléficos no organismo: enquanto a manteiga
pode apenas aumentar o “colesterol ruim”, a gordura trans não só
aumenta o “colesterol ruim” como diminui o “colesterol bom”. Con-
clusão óbvia: é pior que a manteiga. Mas a nutricionista termina o
artigo afirmando que, apesar de todos os problemas da gordura trans,
comer margarina ainda é melhor do que a manteiga porque esta é
“de origem animal”. Entendeu? Nem eu!

A carne vermelha também sofreu com isto. Ela é acusada de ser a


responsável por pelo menos 75% das desgraças da Humanidade, pelo
que se nota por aí. Embora seja difícil provar tudo isto. Muitos arti-
gos tem sido escritos contra toda esta cultura de condenação à carne
vermelha e à gordura animal, mas isto não aparece na imprensa.
Como bem demonstra o Dr. Drauzio Varella em seu site, “... fica
claro que as recomendações atuais para evitar gordura animal nas
refeições são, no mínimo, desprovidas de fundamento científico”
(http://drauziovarella.ig.com.br/artigos/carne_introducao.asp).

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Quando se levantou na imprensa que a carne vermelha pode provo-


car o Mal de Parkinson, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN),
através de seu Departamento Científico de Transtornos do Movi-
mento, teve que emitir uma posição oficial a respeito disto, negando
veementemente a veracidade das informações e mostrando que são
estudos mal-feitos ou inconclusivos. Mas isto não chegou a ser uma
notícia importante.

O leite é considerado como alimento imprescindível, mais por dogma


do que por evidências científicas. Para mostrar como funciona um
dogma globalizado, existe uma campanha em curso para tentar im-
por a alimentação com leite e derivados aos chineses, pois isto não
faz parte de sua cultura. Os ocidentais não conseguem entender como
uma criança cresce forte e saudável sem beber leite, logo os chineses
devem bebê-lo também. Mas 99% dos chineses não toleram a lactose,
embora sejam um mercado enorme e atraente para os laticínios.

Muitos outros dogmas poderiam ser descritos, como o do


carbohidrato como alimento indispensável e o consumo excessivo de
calorias e sedentarismo como origem da obesidade. Mas podemos
acabar queimados numa fogueira em praça pública...

Arroz Integral
Após os anos 60 se tornou muito comum a afirmação de que o arroz
branco é nefasto e que o arroz integral é saudável. Isto nasceu do
trabalho de George Ohsawa, divulgador da Macrobiótica. Segundo
esta filosofia os povos do Oriente consomem arroz integral, e por
isto são mais saudáveis. É um equívoco, pois os orientais consomem
arroz branco, como se pode constatar facilmente com pessoas que
viajaram até lá ou em filmes e fotos. Na Índia se consome o arroz
integral, chamado de “arroz com cutícula”, como se fosse um prato
determinado, como “arroz à grega”. A maioria consome mesmo o
arroz branco, assim como japoneses e chineses. O arroz integral, es-
curo, pode ser tremendamente indigesto para muitas pessoas e seu
uso pode ser liberado após algumas experiências pessoais. Mas não
se sinta obrigado a comer arroz integral como se sua saúde depen-
desse disto. Os orientais não o fazem.
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Carne Vermelha
Este é um dos alimentos campeões de preconceito e histórias de ter-
ror. A carne é o principal fator para que os seres humanos tenham
desenvolvido sua inteligência, pois proporcionou proteínas abundan-
tes e aminoácidos essenciais que desenvolveram nosso cérebro e suas
calorias deram um espaço de tempo ocioso para que aprendêssemos
a pensar. Repare que os animais herbívoros comem o tempo todo e
só se preocupam com isto.

Já mostramos que a carne vermelha e sua gordura não devem sair da


mesa e que não existem comprovações científicas sérias sobre seus
riscos para o coração. Também comentamos sobre a sua riqueza em
ferro facilmente absorvido pelo organismo e na concentração em vi-
taminas do complexo B, principalmente a B12. Também possui abun-
dância em Zinco, essencial na cicatrização e no funcionamento do
sistema imunológico e o seu consumo aumenta a absorção do ferro
dos vegetais também. Além disto nossa carne brasileira vem dos
chamados “bois verdes”, criados livres em pastos e não em
confinamento e alimentados com rações industrializadas como os
europeus e americanos. Por isso nossa carne é tão apreciada interna-
cionalmente.

Ainda segundo o Dr. Drauzio Varella no artigo citado anteriormen-


te, não existe comprovação de que ingerir menos gordura animal
diminua a probabilidade de se ter um ataque cardíaco ou possa au-
mentar nossa longevidade. As dietas ricas em carbohidratos são mais
perigosas para o coração do que o consumo de gordura animal.

Leite
O leite in natura é o grande tabu da alimentação moderna. Conside-
rado indispensável para o crescimento das crianças e para prevenir
problemas de carência de cálcio como a osteoporose, o leite se tor-
nou um alimento cada vez mais indispensável. Mas nem tudo é assim
como parece. Em primeiro lugar o leite de vaca é adequado às vacas.
A proteína do leite de vaca é muito diferente daquela do leite huma-
no e a maioria das pessoas não consegue digerir a lactose, a proteína

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do leite de vaca. Estima-se que 65% da população brasileira tenha


intolerância à lactose. Mas continua-se apregoando que ninguém con-
segue crescer e ser saudável sem tomar três copos de leite por dia.
Veja que meio copo de suco de repolho tem mais cálcio do que um
litro de leite. Além disso o processamento do leite para enfiá-lo nas
caixinhas ou saquinhos o torna muito diferente do leite cru, mais
saudável. Para não falar do leite desnatado, uma água branca que
perdeu quase todos os nutrientes. Os orientais não consomem leite e
laticínios, com exceção dos indianos. A Medicina Chinesa considera
o leite como fator de retenção de líquidos e muco no organismo.

Manteiga e Margarina
Por muito tempo defendi a manteiga em detrimento da margarina.
Era considerado maluco, pois a nefasta manteiga era de origem ani-
mal, aumentava o colesterol, etc... As pessoas preferiam a margari-
na, alimento sintético produzido por processos industriais e cheio
de aditivos químicos. Talvez por influência das propagandas que
mostravam famílias e velhinhos felizes e saudáveis por usarem mar-
garina. Até as evidências da gordura trans aparecerem.

Sempre se suspeitou que estas gorduras pudessem ser danosas, mas


a indústria se calou com a falta de respaldo científicos. Quando se
descobriu finalmente que as gorduras trans diminuíam o colesterol
bom e aumentavam o ruim, a coisa surgiu sem grande alarde. As
indústrias logo apareceram com substitutos da gordura trans, o que
prova que eles já sabiam dos problemas e estudavam alternativas.
Isto não aparece da noite para o dia. Nenhuma palavra foi dita pela
imprensa sobre os milhões que devem ter morrido do coração por
confiarem nos milagres da margarina. E, por força do dogma, mui-
tos médicos e nutricionistas ainda afirmam que a margarina é me-
lhor que a manteiga. Será?

> Ambas tem as mesmas calorias


> A manteiga é rica em vitamina A, D e E. A margarina tem vitami-
nas artificias acrescentadas à sua massa pastosa.
> A manteiga é de fácil digestão e não indispõe o organismo. É a

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gordura com absorção mais rápida.


> Usada na culinária, aumenta o valor nutritivo e o sabor dos ali-
mentos.
> Manteiga não engorda.
> Por lei, a manteiga não pode ter nenhum aditivo, exceto sal.

A margarina é fabricada artificialmente por hidrogenação de óleo


vegetal, o que gera as gorduras trans. Mesmo que não tenham gor-
dura trans, por usarem óleo de palma, já existem boatos de que estes
substitutos podem fazer tanto mal ou até mais do que as trans. Na
verdade a margarina vem de uma massa pastosa preta com forte
cheiro de óleo que depois é purificada, clareada, colorida e
aromatizada. É quase a mesma coisa que passar plástico derretido
no pão. Veja você mesmo: deixe um pote de margarina aberto, em
cima da mesa, por um mês e veja o que acontece. Nada. Nenhum
inseto se aproxima, ela não embolora, nem fica rançosa, nem se es-
traga. Afinal, plástico dura centenas de anos..

Ovos e Colesterol
Os ovos são outro tipo de alimento banido das mesas nos anos 50
depois da descoberta do colesterol. Mas descobriu-se recentemente
que existem mais motivos para se comer ovos do que para não comê-
los. Sua taxa de gorduras totais é baixa e a de gorduras saturadas,
mais maléficas, é menor que uma fatia de queijo branco. Além disso
o ovo é rico em colina, nutriente importante para o cérebro, triptofano,
que se torna serotonina (substância associada à sensação de bem-
estar), e a maioria de suas gorduras são monoinsaturadas, as gordu-
ras benéficas. Tem poucas calorias e é de fácil digestão pela maioria
das pessoas. É interessante que a revista Veja tenha publicado uma
matéria sobre estas novas descobertas do ovo e tenha condenado
seu consumo junto com as gorduras trans, por serem reconhecida-
mente perigosas. No final, uma das formas saudáveis de se consumir
os ovos segundo a revista é fritá-los... em margarina. Olha aí o
dogma, de novo.

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Calorias
Muita gente se descabela para comer uma refeição, pois tem que con-
tar cada caloria do prato. Esta é a ditadura das calorias, que muitas
pessoas se sentem forçadas a seguir principalmente para perder peso.
Já li um artigo de um médico dizendo que era fácil resolver a obesi-
dade: era só comer menos calorias que as que gastamos. Fácil, não?

Então porque a obesidade está se tornando praga mundial? Não tem


nada de fácil, porque calorias e sedentarismo são apenas parte do
processo que engloba predisposição genética, ansiedade, traumas,
formas equivocadas de encarar a vida. É tudo muito complexo e cada
caso é um caso.

Contar calorias desesperadamente é fonte de ansiedade e frustração


que acabam em estresse, depressão e... mais quilos extras! Já conheci
pessoas que tinham uma balança na cozinha para pesar cada alimen-
to e descobrir quantas calorias existiam no prato. Isto não é saúde, é
neurose. Novamente temos que chamar a atenção para o fato de que
a tabela de ingestão de calorias é montada em cima de estudos esta-
tísticos. Isto muda dramaticamente de pessoa para pessoa, de situa-
ção para situação e de época para época.

Para a Medicina Oriental, emagrecer é um processo que deve englo-


bar corpo, mente, energia e espírito. Ou na maioria das vezes não
funciona. Existem pessoas sedentárias que comem como dragões e
não engordam nenhum grama. Outras fazem exercícios sempre que
podem e dietas terríveis e pouco oscilam no peso. Cada pessoa é um
Universo. Nunca se esqueça disto. Relaxe e procure uma solução
holística para seu problema.

RESUMO
Não existe dieta ou método de alimentação único para toda a
Humanidade. Cada pessoa é um caso.
Existem alimentos que são problemáticos para determinadas
pessoas e não para outras. Somente o auto-conhecimento trará
luz para estas dúvidas.

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“Comprovação científica” é uma referência, nunca uma verda-


de absoluta. Use o bom senso.
Cuidado com “últimas novidades científicas” alardeadas pela
imprensa. Quanto mais repercussão um estudo tiver, tanto mais
desconfiado você deve ficar.
Prefira alimentos naturais, não industrializados.
Como tudo na vida, coma com moderação.

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9
O ESTRESSE NOSSO DE CADA DIA

À partir dos anos 80 a palavra “estresse” (e sua originária inglesa


“stress”) bombardeou nossos noticiários. Esta seria a grande praga
do final do século XX, previsão que se revelou mais do que verda-
deira.

Hoje o estresse é uma das principais causas da queda na qualidade


de vida e de perda de saúde. Muito disto é um subproduto natural
de nosso tipo de vida moderno, principalmente nas grandes cida-
des. Em verdade, o estresse faz parte de nossa própria natureza e é
perfeitamente natural. O seu excesso é que deve ser evitado.

Muitas das doenças relacionadas à obesidade e ao sedentarismo na maioria


das vezes se originam do estresse, como hipertensão, diabetes, fadigas
crônicas, disfunções cardíacas. Incluindo a própria obesidade!

O estresse é um estado fisiológico gerado pela adaptação do orga-


nismo a um determinado tipo de estímulo emocional muito forte.
Vem do inglês “stress” que significa “tensão”. Esta tensão pode ser
desencadeada por diversos fatores, geralmente com forte influência
do ambiente: prazos, frustrações, ansiedade, problemas emocionais,
problemas de saúde, poluição, trânsito, compromissos. Aparentemen-
te nada podemos fazer com relação a muitos destes fatores. Mas
existe sempre um deles em que podemos intervir: nós mesmos. Se
alterarmos nossa reação perante estes problemas, nossa fisiologia
não precisará desencadear uma guerra hormonal sem vencedores.

A primeira coisa que sempre devemos nos lembrar é que o estresse é


um fenômeno natural, que muito nos auxilia em momentos de neces-
sidade. A injeção de adrenalina que recebemos pode salvar nossa
vida em um momento de emergência ou nos ajudar a passar por

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algum sufoco. Portanto o estresse é nosso aliado. O que não pode-


mos é manter o estado de emergência o tempo todo. Este é o grande
problema.

Todos nós passamos por momentos de tensão, no trabalho, em casa,


até no lazer. Mas estes momentos devem vir e passar. Quando uma
situação estressante é substituída logo em seguida por outra e mais
outra, aí temos um problema. O encadeamento de situações
estressantes mantêm nosso corpo em constante estado de emergên-
cia, em tensão contínua. O resultado todos nós sabemos. Se ficamos
tensos e não sentimos o alívio após a crise passar o organismo come-
ça a se desgastar. E os problemas de saúde aparecem.

Fica até difícil enumerar todas as complicações que podem vir do


estresse excessivo, mas diabetes, pressão alta, transtornos psicológi-
cos como fobias são bastante comuns. Grande parte dos casos de
obesidade está mais associado a ansiedade (uma forma de estresse)
e aos problemas do dia-a-dia do que com as calorias que se consome.

Existem muitas causas para o estresse e também muitos jeitos de se


livrar dele. Vamos ver alguns pontos.

Expectativa: manter expectativas sobre qualquer coisa é o cami-


nho certo para criar estresse e frustração, pois dificilmente as coisas
acontecem exatamente como imaginamos. Costumo dizer que o ser
humano é a única criatura que sofre por antecipação: pelo aluguel do
mês que vem, pelo encontro de quinta-feira, pela festa de aniversá-
rio daquele pestinha do apartamento ao lado, pela visita do cunhado
folgado que vem filar o almoço de domingo. Muitas vezes as coisas
não saem tão ruins e o sofrimento todo foi em vão. Da mesma forma,
ao se esperar algo muito bom e isto não acontecer, a frustração dará
o golpe de misericórdia na expectativa. O resultado é mais estresse.
A solução é procurar esperar os acontecimentos do modo mais im-
parcial possível, e agir conforme o momento, de acordo com o resul-
tado. Os Taoístas tem um princípio denominado Wuwei, que signifi-
ca “não-ação”. Isto simboliza não criar problemas novos ou novas

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 51

situações mas reagir conforme elas aparecem. Utilizando um velho


ditado, “preocupe-se com a travessia da ponte apenas quando che-
gar na ponte”.

Confinamento: ficar fechado, ter seus limites reduzidos, é um dos


grandes incentivadores de estresse. Passar o dia trancado no escri-
tório, atrás do balcão, dentro de casa, aumenta bastante nossa ten-
dência ao estresse. E se depois do trabalho voltamos para um
“apertamento” abafado, estagnado, o estresse de todo o dia aumen-
ta ao invés de diminuir. Sempre que puder dê uma volta ao ar livre,
de preferência em uma praça ou outra área aberta com pouca agita-
ção. Caminhe até o local do almoço ou dê uma volta maior ao retornar
ao trabalho. Ao sentir a tensão aumentar, saia e fique cinco minutos
ao ar livre. Se estiver chovendo, fique na porta ou em uma janela
aberta e observe a chuva caindo.

Refúgio: todo animal precisa de um refúgio para se esconder, cui-


dar da prole, se recuperar dos ferimentos da luta pela vida. E o ser
humano não é diferente. A sua residência tem que ser este refúgio.
Procure manter um ambiente calmo, tranqüilo. Use plantas vivas,
flores, aquários e fontes para dar mais vida ao lugar. Incensos e óle-
os aromáticos são muito bons, se você tiver afinidade. Ao chegar em
casa, espreguice-se e coloque uma música suave, de preferência or-
questrada, em um volume baixo. Não precisa ser nada “New Age”,
mas tem que ser suave. Tome um banho tépido, nem quente nem
frio. Coloque uma roupa macia e procure esquecer os problemas do
dia (e não se preocupar com o dia seguinte!)

Prazo: os prazos são um dos maiores carrascos que temos na vida


moderna. Tudo está sujeito a horários e escalas. A tensão se agiganta
ao se aproximar o limite de tempo estabelecido, com os devidos da-
nos ao seu organismo. Correr atrás de prazos por algumas vezes é
normal. O problema é quando este tipo de atitude se torna constan-
te. Procure planejar tudo o que for fazer e dê limites de tolerância.
Nem tudo tem que ter precisão cirúrgica. No caso de compromissos
em uma cidade como São Paulo, dar 15 minutos de tolerância é nor-

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mal e aceito. Se houver um atraso maior ligue e avise. Não arrume


nem aceite trabalhos com prazos vencidos ou muito próximos do
fim. Isto pode mostrar eficiência profissional mas é o hospital que
lhe mandará a conta.

Hobby: sempre recomendei a todos os meus pacientes que encon-


trem um hobby, uma diversão, de preferência manual. Trata-se de
uma atividade lúdica, sem intenções profissionais, que nada tenha a
ver com sua profissão. Este é o segredo da coisa: o hobby tem que
ser uma atividade sem qualquer tipo de vínculo com seu trabalho.
Quanto mais diferente, melhor. Eu trabalho com cultura oriental en-
tão meus hobbies são modelismo e ler Ficção Científica. Nada a ver.
Pode ser jogar xadrez, colecionar selos, pintar quadros, qualquer coisa.
Um hobby artesanal combate o estresse de modo extremamente agra-
dável. E é mais barato do que a conta da farmácia. Se você achar que
não tem tempo para isto, espere sua próxima internação hospitalar e
comece.

Trânsito: O estresse é responsável pela atitude de luta-ou-fuga que


todos temos frente a situações agressivas. Isto explica a tendência a
sermos agressivos quando estressado: nosso corpo se preparou para
uma boa briga, que acabou não acontecendo. Mas ele está em alerta,
tenso, pronto, e qualquer coisa é motivo para desencadear a violên-
cia. Vemos isto diariamente no trânsito das grandes cidades. Antes
de ficar agressivo veja se é realmente necessário, se o problema é
realmente grande e se a solução é realmente complicada. Valorize as
coisas de modo adequado. De qualquer jeito, conte até 10 respiran-
do fundo em cada contagem. Funciona.

Exercícios físicos: qualquer tipo de exercício físico pode ser muito


saudável e desestressante. Não precisa exagerar- uma leve caminha-
da, natação, até jogar ping-pong. O importante é que se concentre no
que está fazendo. Correr enquanto escuta música alta e pensa no
escritório não adianta.

Esportes radicais: hoje se tornou muito comum a prática de espor-

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tes radicais como rapel, escaladas livres, montanhismo, rafting. Já vi


praticantes afirmando que eles combatem o estresse. Mas a coisa não
é bem assim. Esportes radicais são extremamente estressantes por
natureza própria. Mas como a carga de estresse passa, tem um limi-
te, a pessoa normal experimenta um relaxamento final bastante agra-
dável, pois a carga extra de adrenalina elevou os níveis de tensão até
o pico e depois desabou. No dia-a-dia nossas emergências não “aca-
bam”, por isso a tensão é constante. O problema é quando a pessoa
se torna viciada em esportes radicais. É a mesma coisa de uma de-
pendência de drogas químicas, pois trata-se da adrenalina, substân-
cia química. A pessoa nestas condições busca emoções cada vez mai-
ores e com mais perigo para obter uma dose crescente de adrenalina.
Quando fica sem a prática, se sente irritado, ansioso, como a síndrome
de abstinência do drogado. Depois da prática ele sente um tremen-
do alívio e relaxamento, como o causado pela satisfação no uso de
drogas. Isto não é combate ao estresse, mas uma dependência. Es-
portes radicais podem ser saudáveis, se não acabar em obsessão.

Ponto de vista: muitas vezes o estresse é gerado por um determi-


nado jeito de encarar as coisas. Procure ser mais tolerante e flexível.
A capacidade de poder ver uma mesma situação sob a ótica de outra
pessoa conduz a uma maior compreensão dos que se encontram ao
nosso redor e é um grande diferencial na liderança empresarial, por
exemplo.

Reação:: a reação aos problemas do dia-a-dia deve ser analisada.


Você percebe um problema e logo começa a pensar em uma solução
ou você fica o dia todo reclamando dele? Lao-Tzu, grande sábio chi-
nês, afirmou que é melhor acender uma lanterna do que amaldiçoar
a escuridão. Busque uma solução e não se estresse com o problema.

Artes Marciais: praticar uma arte marcial é uma boa pedida para
se reduzir o estresse. Qualquer tipo de atividade física regular é su-
ficiente, mas as artes marciais possuem muitas propriedades a mais.
Se você optar por uma arte tradicional do Oriente você terá, além do
mero exercício físico, mais concentração, disciplina e uma excelente

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filosofia de vida. Particularmente eu recomendo o Tai Chi Chuan ou


o Aikidô como ferramentas ideais para deixar o estresse comendo
poeira e ampliar sua visão do Universo.

Atividades orientais: além das artes marciais existem muitas ou-


tras atividades orientais que podem ser utilizadas como ferramentas
de redução do estresse ou como hobbies, como arranjo japonês de
flores (Ikebana), árvores miniaturas (Bonsai), caligrafia oriental
(Shodô), dobradura de papel (Origami). Elas induzem à concentra-
ção e pregam a liberação do pensamento. Terapias em forma de arte.

Massagem: feitas periodicamente, melhoram o relaxamento mus-


cular e a circulação de energia removendo e dissolvendo a tensão.
Qualquer tipo de massagem sempre ajuda, mas recomendo as tradi-
cionais como Tui-Ná, Shiatsu, Anmá ou mesmo o moderno Quick
Massage, feito em uma cadeira especial. Uma vez por semana seria o
ideal, mas em caso de necessidade pode-se recorrer a ela sempre que
precisar.

Relaxamento: relaxar é a ordem para combater o estresse. Relaxa-


mento é o oposto da tensão, logo é nosso remédio. Cada pessoa tem
um jeito de relaxar, apenas tome cuidado para não ser enganado.
Muitos jovens acreditam que escutar o som no volume máximo rela-
xa. Nada disto. Ele atordoa. Procure espreguiçar-se ao longo do dia
e quando sentir um músculo tenso faça o seguinte: inspire profunda-
mente, prenda a respiração e tensione aquele músculo o máximo que
puder. Solte o ar e relaxe a musculatura. Isto pode ser feito com
qualquer parte do corpo ou mesmo o corpo todo de uma vez e utiliza
o princípio Yin/Yang de Contração/
Relaxamento para dissolver tensões
algumas vezes difíceis de resolver.

Trabalho: faça o que gosta. Nin-


guém se estressa fazendo o que gos-
ta e seguindo estas dicas.

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RESUMO
Estresse é um termo utilizado para “tensão”.
O estresse é uma reação natural do organismo que é salutar em
sua devida proporção. Apenas o estresse contínuo e ilimitado
é danoso à saúde.
Tensões constantes podem causar diabetes, hipertensão, pro-
blemas cardíacos e distúrbios psicológicos.
É uma das grandes causas da obesidade.
Existem muitas causas para o estresse: Expectativa,
Confinamento, Prazo, Trânsito, Ponto de vista, Reação.
E muitas soluções: Hobby, Exercícios físicos, Esportes radicais,
Artes Marciais, Atividades orientais, Massagem, Relaxamento,
Trabalho, Refúgio.
O importante é começar AGORA!

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10
CUIDANDO DOS PÉS

A maioria das pessoas tem uma enorme preocupação com todo tipo
de problema no corpo mas se esquece completamente de seus pés. Só
nos lembramos deles quando aparece algum problema como um calo,
unha encravada ou sapato apertado. Mas devemos ter uma atenção
muito grande a esta parte de nosso corpo que é extremamente im-
portante para nossa saúde. Os orientais também possuem muitas téc-
nicas de saúde relacionados aos cuidados com os pés, principalmen-
te na China e Japão. Eles são os alicerces de nosso corpo.

Neste quesito os orientais estão muito à nossa frente, com suas san-
dálias e sapatos de lona folgados. Sapatos de couro fechados, lacra-
dos e envernizados é um gosto duvidoso de nossa civilização. Para
se manter na moda utilizam-se calçados apertados, com formatos
excêntricos ou em uma constante repetição de modelos que acaba
por prejudicar nossos pés. E para quem está pensando nos pés defor-
mados e enfaixados das chinesas, lembre-se de que era um modis-
mo, pois para os homens ter uma mulher com pés diminutos era
muito elegante e sexy. Estas conseguiam sempre os melhores casa-
mentos, embora dificilmente pudessem caminhar na velhice.

O principal é começar a prestar atenção em seus pés. Faça uma inspe-


ção minuciosa antes ou depois do banho. Utilize um espelho, se for
necessário. Cheque as unhas, entre os dedos, as solas dos pés e o
calcanhar. Veja se existem manchas, machucados, bolhas, rachaduras
ou qualquer anormalidade. Se houver problemas que julgar impor-
tante procure um profissional para verificar a situação e ensinar-lhe
os cuidados necessários.

Corte as unhas dos pés com freqüência, não deixando que elas ultra-
passem o comprimento dos dedos pois podem se machucar nos cal-
çados. Corte a unha sempre reta e nunca com os cantos arredonda-

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dos pois podem provocar o encravamento quando elas crescerem.

Os pés dos diabéticos devem ter mais cuidados ainda pois existe
uma tendência para perda de sensibilidade e problemas de circula-
ção sangüínea. Qualquer machucado que demorar a cicatrizar deve
ser comunicado a um médico. Não é raro encontrar problemas de
circulação ou cicatrização que podem levar a amputações de dedos
ou do próprio pé. Todo cuidado é pouco.

Cuidado com os calçados: utilize-os sempre secos. Não use um mes-


mo par de calçados por dois dias seguidos, ou você pode desenvol-
ver micoses ou o execrável chulé. Eles precisam de no mínimo 24
horas parados para secarem do suor do uso. Tênis e sapatos muito
fechados ou feitos de materiais sintéticos devem ter seus cuidados
dobrados pois evitam a ventilação dos pés. Evite-os o máximo possí-
vel nos dias muito quentes e deixe-os secar 48 horas antes de utilizá-
los novamente. É interessante utilizar um talco antisséptico nos sa-
patos mas não diretamente nos pés. Eles atrapalham os poros. Nun-
ca use sapatos fechados, mesmo tênis, sem meias. As meias absor-
vem o suor e mantêm os pés secos e protegidos contra lacerações
provocadas pelo atrito com o calçado. Prefira sempre meias de fibras
naturais como o algodão. Inspecione sempre os calçados e meias an-
tes de calçá-los pois podem ter algum tipo de material que prejudi-
que os pés durante o dia, como um caroço, pedrinhas, insetos ou
defeitos. Especial atenção se a pessoa for diabética, novamente, pois
ela pode desenvolver certa insensibilidade nos pés que a impeçam
de sentir o incômodo, causando machucados e lesões que podem se
tornar sérias. Para as mulheres existe uma dica que não pude com-
provar na prática mas que pode ser útil: evite utilizar saltos altos
maiores do que o comprimento de seu dedão. Parece ser uma medi-
da natural. Experimente.

Após o banho seque muito bem os pés e entre os dedos, para evitar
micoses. Pode utilizar papel higiênico ou toalha de papel, que secam
melhor do que uma toalha de pano. Procure deixar meias de reserva
no local de trabalho ou até mesmo um outro par de sapatos para usar

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se chegar com os pés molhados no trabalho devido à chuva ou outro


problema. NUNCA fique com os pés molhados. Os soldados ameri-
canos no Vietnã sempre levavam meias de reserva em suas mochilas
para serem trocadas sempre que ficassem molhadas no clima úmido
da selva. O exército americano estacionado na Iugoslávia colocou em
seu manual de práticas de saúde da tropa a exigência que os solda-
dos lavassem e secassem seus pés e calçassem meias secas ao menos
duas vezes por dia nos treinamentos em ambientes gelados. Umida-
de causa uma série de problemas, de micoses a lesões. Evite-a a todo
custo..

Para a Medicina Oriental os pés são os pontos de conexão com a


Terra, a entrada da energia Yin da terra. Na sola dos pés existe um
ponto de acupuntura, Yongquan, que é o ponto nº 1 do Meridiano
dos Rins, e que é o grande responsável pela captação desta energia
terrestre. Por isto é sempre benéfico andar descalço pelo menos uma
vez por semana, mesmo dentro de casa. O melhor seria diretamente
no chão, principalmente na terra e com pedrinhas. Elas massageiam
as solas dos pés e é fácil se acostumar com elas. O importante é o
contato direto dos pés com o piso, sem a intermediação dos calça-
dos.

Para aliviar os problemas do cotidiano nada melhor que um escalda-


pés, velha receita de nossas avós e que se revela excepcional para
melhoria de nossa qualidade de vida. O importante é ter água bem
quente, mais do que morna, e mergulhar os pés pelo menos até os

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tornozelos. Nada de colocar só a planta do pé na água, não! Faça seu


escalda-pés sempre à noite, pois depois você deve colocar um par de
meias e ir para a cama. Tomar friagem neste período é suicídio, por-
tanto tome muito cuidado.

Pode-se fazer o escalda-pés com inúmeras ervas, chás e óleos essen-


ciais. Uma receita simples seria algumas gotas de essência de eucalipto,
que é bactericida, fungicida e cicatrizante, um pouco de sal para dre-
nar o excesso de líquidos e desinchar os pés e algumas flores de
camomila para acalmar. Esta receita tira o peso das pernas e dos pés
e proporciona um grande relaxamento e um sono mais tranqüilo.
Cerca de 10 a 15 minutos de imersão são suficientes, duas a três
vezes por semana ou quando se sentir muito “baqueado”. Seque cui-
dadosamente os pés antes da calçar suas meias.

Os pés também possuem zonas reflexas que espelham os órgãos e


partes do corpo, daí ser importante uma massagem diária. Existem
muitos aparelhos e utensílios como martelinhos para se fazer estas
massagens nos pés, mas nada como pedir a uma pessoa querida que
o faça. É muito mais gostoso quando a massagem é feita cuidadosa-
mente por outra pessoa. Várias clínicas orientais e Spas oferecem
tanto a Reflexologia Podal quanto o escalda-pés. Pode-se também
acrescentar bolinhas de gude no fundo da bacia do escalda-pés para
se pisar de modo a estimular estes pontos reflexos durante a imersão.

À seguir mostro um modelo de mapa reflexo dos pés, identificando


as áreas dos órgãos e partes do corpo, apenas como referência. Co-
ceiras e manchas nestas áreas podem representar problemas nas par-
tes reflexas, assim como a massagem pode aliviá-las. Procure apertar
com os dedos, especialmente o polegar, esfregar e puxar estas áreas.
Explore seu pé como quiser e, se preferir, use um pouco de óleo de
amêndoa para hidratar e ajudar na massagem.

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RESUMO
Os pés merecem todo cuidado e atenção. São os alicerces de
nosso corpo e de nossa saúde.
Procure fazer uma inspeção antes ou depois de banhar-se.
Cuidado com os calçados. Evite os muito apertados ou
desconfortáveis e prefira os de couro natural. Deixe-os secar
pelo menos 24 horas antes de reutilizá-los.
Seque muito bem seus pés e entre os dedos e NUNCA perma-
neça muito tempo com os pés molhados.
Em enchentes, permaneça sempre calçado mesmo dentro d’água.
A possibilidade de pegar Leptospirose, por exemplo, será bem
menor.
Escalda-pés são muito úteis para desintoxicar e desinchar os
pés, proporcionando um grande bem-estar.
Massageie seus pés diariamente, com as mãos ou utensílios es-
peciais. Uma boa idéia é colocar uma bola de tênis no chão e
pisar nela, rolando o pé de modo a que toda a sua área seja
massageada.

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11
VIDA LONGA AO CHÁ!

Hoje é comum as pessoas buscarem o chá oriental como alternativa


de bebida saudável. Por suas propriedades medicinais ou simples
prazer em beber, o chá conquista a cada dia seu devido lugar na
mesa do brasileiro.

O chá oriental, como o consumido no Japão e


China, é formado por folhas da planta Camellia
sinensis, popularmente denominada por “árvore
do chá”. Muitas pessoas acham que é a mesma
planta do chá mate, mas são completamente di-
ferentes (o mate vem da Ilex paraguaiensis e é
nativo da América do Sul).

O chá mais badalado hoje é o chá verde. Ele tem este nome porque
não possui qualquer tipo de processamento, exceto a secagem ou
tostagem. Ele nem sempre é realmente “verde”. Existem dezenas ou
centenas de tipos de chá, dependendo do local da colheita ou do tipo
da folha. Sua cor característica depois de preparado é amarelo-dou-
rado, podendo ser verde em algumas variedades. Isto não influi na
qualidade ou nos benefícios do chá.

O Chá é conhecido na língua principal da China, o Mandarim, como...


“cha”! A versão inglesa, “tea”, vem do dialeto de Fujian onde se
pronuncia “deh”. Existem três variedades principais:

Verde: chá sem fermentação, muito consumido na China, Japão e


Sudeste da Ásia.
Preto: Chá fermentado (em chinês é chamado de “chá vermelho”).
O preferido dos ingleses.
Semi-Fermentado: possui as qualidades dos dois tipos principais

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(misturado a botões de jasmim, por exemplo, se transforma no fa-


moso “Chá de Jasmim”).

Na China o chá é tomado antes ou após as refeições, mas dificilmen-


te durante. Toma-se chá em qualquer hora do dia ou da noite, nor-
malmente vertendo água fervente sobre as folhas no copo. Quando
sobrar apenas um terço ou um quarto do chá no copo, verte-se mais
água até enchê-lo de novo. Essa segunda infusão é considerada a
melhor do ponto de vista do sabor. As folhas usadas de chá são
aproveitadas como fertilizante em plantas domésticas. Os chineses
nunca colocam derivados de leite no chá, mesmo porque eles nor-
malmente não consomem laticínios.

Seus benefícios terapêuticos são realmente indubitáveis e seu consu-


mo, durante e após as refeições, melhora muito o processo digesti-
vo. Para a medicina chinesa, bebidas geladas durante a refeição pa-
ralisam o sistema digestivo, enquanto as quentes o favorecem. Ali-
mentos gelados também atrapalham a energia do sistema Baço-Pân-
creas, podendo ocasionar muitos problemas, ainda mais quando as-
sociado a preocupações excessivas.

As propriedades anti-oxidantes do chá são superiores às da Vitami-


na C e Vitamina E, retardando o envelhecimento celular. Seu efeito
na aceleração do metabolismo o torna muito eficiente nos regimes
de emagrecimento. Também tem efeito termogênico, aumentando o
calor corporal mesmo se tomado frio. Por ter um pouco de cafeína
em sua composição, pessoas sensíveis devem evitar bebê-lo à noite
ou poderão perder o sono.

Veja alguns benefícios principais:


> Diminui o colesterol
> É anti-inflamatório
> Normaliza a Tireóide
> Anti-depressivo
> Anti-gripal
> Possui efeitos anti-cancerígenos
> Ajuda a prevenir cáries
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Entretanto a forma de preparo que é apresentada normalmente, de


se ferver o chá de 4 a 8 minutos, está equivocada. Isto remonta a
George Ohsawa, difusor da Macrobiótica no Ocidente. É dele esta
noção estranha de se ferver o chá oriental. O que se consegue com
isto é um caldo adstringente e amargo, verdadeiramente intragável.

Veja algumas dicas de preparo e utilização:

Em primeiro lugar, evite ferver a


água para o chá. A água deve estar quase
no ponto de fervura, quando solta aque-
las “bolinhas” no fundo da vasilha.

É um mito essa história de que o chá


verde é amargo. Algumas variedades de
chá japonês podem se apresentar amar-
gos, mas são variedades especiais (e ca-
ras). O segredo é não deixar o chá muito tempo na água quente ou
colocar pouca erva no bule/xícara.

O chá verde normal, “banchá” em japonês, deve ser comprado


em pacotes, solto, de preferência a saquinhos. São mais baratos, ren-
dem uma barbaridade e podem ser bem dosados: uma colher DE
CAFÉ rasa com a erva por cada 200ml de água. As mercearias de
produtos orientais vendem pacotes de chá bem em conta.

Não jogue fora a erva utilizada! Quando estiver acabando o chá,


verta água quente novamente sobre as folhas. Os chineses afirmam
que essa segunda infusão dá o verdadeiro sabor do chá. E você faz
duas porções com a mesma erva....

Depois de utilizado, deixe a erva esfriar e coloque nos seus


vasos. É um excelente adubo!!!

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RESUMO
O chá consumido no Oriente vem da árvore Camellia sinensis.
Ela é bem diferente da erva mate, que vem da Ilex paraguaiensis.
Nunca se deve ferver o chá pois ele se torna intragável.
Os efeitos terapêuticos são enormes e mais estão sendo des-
cobertos pela medicina ocidental a cada dia.
Consumir o chá quente após as refeições ajuda na digestão,
previne cáries e emagrece.
Não se esqueça de que o chá, como tudo na vida, deve ser
consumido com moderação.

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12
ORELHAS, REFLEXOS DO CORPO

As orelha são um acessório curioso do corpo humano, sede de todo


tipo de penduricalhos desde brincos até piercings. São motivos de
orgulho ou de chacota social. Mas a verdade é que, de um jeito ou de
outro, elas chamam nossa atenção.

Do ponto de vista da Medicina Oriental elas são mais do que apenas


“antenas” auditivas ou suporte de acessórios, incluindo um
microcosmo de nosso corpo. Os Indianos, chineses e egípcios já utili-
zavam técnicas similares muito antes de Cristo. A Auriculoterapia é
a técnica terapêutica moderna que utiliza o estímulo de pontos nas
orelhas para tratar uma série de problemas, desde enxaquecas e in-
flamações do nervo ciático até dores na coluna e problemas respira-
tórios.

Utiliza-se para isto pequenas sementes, muito


duras, que são fixadas nos pontos da orelha com
esparadrapo. Pode-se utilizar também esferas de
metal, bolinhas de medicamentos, estímulo com
equipamentos ou pequenas agulhas especiais cha-
madas de “semi-permanentes” porque elas tam-
bém são fixadas com esparadrapo. Utilizam-se
ainda as agulhas maiores, caso da Acupuntura
Auricular, que segue vários parâmetros da
Acupuntura chinesa. No caso da Auriculoterapia,
depois de uma semana retiram-se as sementes,
esferas ou agulhas semi-permanentes e se faz uma nova seção para
avaliação das alterações no problema tratado.

A base de seu funcionamento é a existência de uma grande rede de


nervos na orelha que estão vinculados aos órgãos e partes do corpo.

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Também existem pontos e meridianos energéticos, fazendo da ore-


lha um rico meio de se tratar inúmeros problemas de maneira sim-
ples e eficiente. Veja algumas vantagens:
√ não é necessário se deitar em uma maca
√ não é necessário tirar qualquer peça de roupa
√ uma consulta completa leva entre 15 minutos e meia hora
√ os efeitos são sentidos quase de imediato
√ pode-se conseguir muitos dos benefícios da Acupuntura, mas sem
agulhas
√ todo tipo de problema pode ser ao menos amenizado pela
auriculoterapia

Cada órgão e parte do corpo possui uma área correspondente na


orelha. Ao estimularmos este ponto, o órgão ou parte do corpo sente
o estímulo e começa a se harmonizar. A avaliação é feita através de
um exame onde testamos alguns pontos (desequilíbrios levam o ponto
a ficar dolorido) e observamos alterações de cor, escamações, pintas,
caroços, cravos, veias, etc... Cada informação significa um tipo de
desequilíbrio.

Eu aplico a Auriculoterapia, incluindo a Acupuntura Auricular, há


quase 10 anos com excepcionais resultados, inclusive em mim mes-
mo. Já perdi a conta das pessoas que se beneficiaram rapidamente
com a técnica com problemas como dores nas costas e nervo ciático,
por exemplo.

Você também pode usufruir deste sistema


maravilhoso de reflexo através de uma mas-
sagem na orelha. Inicie na parte superior e vá
descendo, apertando a orelha com vigor. Ao
chegar ao lóbulo, suba pela parte central e de-
pois desça novamente pela parte de dentro.
Faça isto três ou quatro vezes nas duas ore-
lhas, duas a três vezes ao dia. É excelente para
melhorar o ânimo, reduzir o estresse e esti-
mular todo o organismo.

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Em uma prova ou exame, puxe e massageie com vigor o lóbulo das


orelhas, que é a região do encéfalo. Melhora a memória e a concen-
tração mental.

Pode-se também esfregar ambas as orelhas com as palmas das mãos.


É um excelente estimulador geral do corpo.

Evite usar muitos brincos ou piercings. Eles afetam os pontos e po-


dem causar desequilíbrios. Especialmente os piercings muito gros-
sos.

Os brincos são um caso interessante. Se sua orelha recusa bijuterias e


só quer ouro ou prata, existe uma boa razão. Dentro da Medicina
Chinesa o ouro é tonificador e a prata é sedativa. Então, o ponto
localizado no furo do brinco pode pedir prata para ser sedado (se
estiver com excesso de energia) ou ouro para ser tonificado (se esti-
ver com carência de energia). Tal é o desequilíbrio causado pelo
modesto furinho...

RESUMO
A Auriculoterapia é uma modalidade terapêutica muito antiga.
Ela se baseia na correspondência entre pontos nas orelhas com
partes do corpo ou órgãos internos
Analisando-se a estrutura da orelha, suas formas, cores,
escamações, pode-se perceber desequilíbrios energéticos no or-
ganismo
O tratamento é feito através da fixação de sementes, esferas ou
pequenas agulhas especiais na orelha por um determinado tem-
po. Existe também a Acupuntura Auricular, que utiliza agulhas
maiores e segue os parâmetros da Acupuntura Chinesa.
Massagens e manipulações na orelha podem estimular benefi-
camente todo o organismo

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13
EMOÇÕES E SAÚDE

As emoções tem um papel fundamental na manutenção de nossa saú-


de. É de conhecimento popular que nosso estado de ânimo interfere
substancialmente na situação do nosso organismo. Crises emocio-
nais fortes conduzem a tremendas alterações fisiológicas que podem
comprometer nossa saúde ou no mesmo momento ou posteriormen-
te. Estados emocionais desregulados quando mantidos nesta situa-
ção por períodos prolongados de tempo trazem danos incríveis. Este
é um dos motivos pelos quais o estresse da vida moderna é tão da-
noso, pois se mantêm constante por um período indefinido. Mas
dedicamos um capítulo inteiro ao estresse e agora vamos falar um
pouco mais da influência das emoções na nossa saúde, principalmen-
te do ponto de vista da Medicina Tradicional Chinesa.

O que é emoção?
Precisamos antes de tudo definir “emoção” e diferenciá-la de “senti-
mento”.

Sentimento seria um estado afetivo brando, suave, que ocorre dia-


riamente e do qual nenhum de nós está a salvo. Ele se caracteriza
como o prazer, desprazer ou indiferença com relação ao que ocorre
ao nosso redor. O sentimento varia em função da interação social
humana, costumes e crenças.

Emoção é uma reação muito forte de prazer ou desprazer, gerando


uma reação física intensa. Embora possam possuir os mesmos nomes
dos sentimentos (ciúme, raiva, amor, etc…), são muito mais intensos
e simples em seu funcionamento, ocorrendo mais em um nível fisio-
lógico do que intelectual. Essa reação, por ser orgânica, se torna muito
pessoal. Duas pessoas com a mesma educação e formação podem ter
reações muito diversas quando submetidas a um mesmo fato. Isso

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explica a variedade de reações diferentes de pessoas diferentes e


suas conseqüentes patologias diversas, frente a uma mesma causa.
Logo tanto os problemas quanto as soluções devem ser altamente
individualizadas. Acrescentamos que os estados emocionais estão
profundamente ligados às necessidades básicas do ser humano, prin-
cipalmente a sobrevivência.

Influência Psicossomática
O termo “psicossomático” é muito comum hoje em dia. Ele significa
uma influência dos estados emocionais sobre o funcionamento do
organismo, a correlação entre mente e corpo.

As condições psicossomáticas surgem porque as emoções desenca-


deiam reações instantâneas no Sistema Nervoso Autônomo, respon-
sável pela manutenção fisiológica de nosso corpo e que não é
influenciável pela nossa vontade consciente. Por isso as reações físi-
cas relacionadas com as emoções não podem ser contidas: elas ou
são canalizadas para fora em resposta ao fato ocorrido ou, no impe-
dimento disto, são absorvidas e acabam desequilibrando o sistema
orgânico. É a constatação do termo popular “engolir um sapo”!

Quando as reações são por demais intensas, pode advir um


desequilíbrio duradouro, o chamado “trauma”. Depois de uma ex-
periência traumática ou choque emocional, a reação orgânica pode
perdurar por dias, meses ou mesmo por vários anos, principalmente
quando acontece alguma coisa semelhante ao que provocou a reação
emocional. Uma pessoa que quase se afogou pode ficar traumatizada
com a água e ter uma reação violenta se for obrigada a se aproximar
dela.

Controle
As reações mais comuns hoje em dia, particularmente devido ao nos-
so modo de vida moderno, são a ansiedade e o estresse. Já falamos
sobre o assunto e explicamos inclusive como controlar o fluxo emoci-
onal através da respiração. Isto é muito importante, pois como as
reações orgânicas que respondem às emocionais não são controlá-

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veis, temos que controlar a emoção antes que cause algum estrago.
Uma emoção forte é como uma bola de neve, que deve ser detida
logo no início pois depois ela começa a crescer com o passar do tem-
po. Depois é tarde demais.

As Emoções sob o Ponto de Vista da MTC


As emoções sempre formaram a parte principal dos tratamentos da
Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Já no principal livro de medi-
cina chinesa, Huang Di Nei Jing (O Livro de Medicina Interna do
Imperador Amarelo) escrito por volta do século II a.C., existem gran-
des referência aos problemas das emoções na saúde. No Capítulo 13
da Parte I intitulado Yi Jing Bian Qi Lun - “Acerca da Terapia de
Transformar a Mente e o Espírito”, podemos ver o Imperador Ama-
relo afirmar:

Disseram-me que nos tempos antigos, quando um médico tratava


uma doença, ele apenas transformava a mente e o espírito do
paciente, a fim de extirpar a fonte da doença

Dessa forma, segundo o Imperador Amarelo, a fonte primordial das


doenças são os desequilíbrios da mente e do espírito. Na resposta de
Qibo, conselheiro do imperador, depois de enunciar o modo de vida
saudável dos ancestrais, que evitava doenças externas e não necessi-
tava da acupuntura e outras medicinas, ele finaliza:

Por isso, quando alguém contraía uma doença, não eram neces-
sários tanto os remédios para curar internamente quanto a
acupuntura para curar externamente, mas somente alteravam a
emoção e o espírito do paciente; só era necessário cortar a fonte
da doença.

A fonte principal dos males que afligem a Humanidade, portanto,


está no estado emocional e espiritual das pessoas. Isso é conhecido
dentro da Medicina Chinesa como Causas Internas das doenças. Es-
tas são ativadas ou agravadas muitas vezes por Fatores Patológicos
Externos (Frio, Calor, Umidade, Secura, Vento).

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Emoções e Órgãos
Para a Medicina Tradicional Chinesa, cada órgão “armazena” um
determinado conjunto de emoções, pelo fato de serem considerados
Yin. Por “órgão” não queremos dizer precisamente o órgão físico, de
que trata a medicina ocidental mas uma função energética deste ór-
gão. Assim, quando falamos em “coração”, estamos falando do sis-
tema energético vinculado ao coração físico. Só quando o sistema
energético fica comprometido é que a doença se apresenta no órgão
físico. Por isso a medicina oriental é predominantemente preventiva,
pois tratamos as doenças no sistema energético, antes de se manifes-
tar no corpo físico. Vamos demonstrar agora simplificadamente as
emoções associadas aos principais órgãos, como referência.

Baço-Pâncreas (Pi, em chinês)


Sua emoção é Si, algo como melancolia, contemplação, meditação.
Os excessos mentais prejudicam o Baço-Pâncreas: pensar demais, es-
tudar demais, pensamentos obsessivos e preocupação.

Pulmão (Fei)
A emoção associada ao Pulmão é You, a angústia, melancolia, soli-
dão, mágoa ou tristeza. Essa última pode estar associada com defici-
ência de espírito (Shen), pois estagnam o Chi no tórax, enfraquecen-
do o Pulmão.

Rins (Shen)
Kong é a emoção dos Rins, equivalendo ao medo ligado à
autopreservação, à vontade ou desejo de viver. Pode corresponder
desde um medo passageiro até o pavor e o terror, podendo provo-
car uma perda temporária do controle de micção e evacuação, pois
os Rins governam os orifícios inferiores. Por isso se urina nas calças
ou se “borra” de medo.

Fígado (Gan)
A raiva normalmente é associada ao Fígado, denominada Nu em
chinês, e manifesta-se geralmente de forma explosiva, em “ataques”
de raiva. Nervosismo, irritabilidade e raiva moderada mas contínua

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também são geralmente relacionadas com problemas na energia do


Fígado

Coração (Xin)
A alegria ou felicidade (Xi) é a emoção atribuída ao Coração. Essas
emoções geralmente são advindas da superação de alguma dificul-
dade, atribulação ou obrigação. É a sensação de alívio do “dever
cumprido”. Essas emoções, entretanto, possuem muitas faces, po-
dendo aparecer também como excitação, riso, conversas e ativida-
des sociais. Excesso de alegria prejudica o Coração, dispersando seu
Chi, da mesma forma como choque e medo o contraem. Como o
Coração é o responsável pela distribuição das emoções pelos outros
órgãos, ele é afetado por todos os problemas emocionais.

Quando sofremos algum impacto emocional o nosso sistema orgâni-


co responde, podendo trazer problemas de saúde. Da mesma forma
problemas em algum órgão pode ser causa de disfunções emocio-
nais. O bêbado agressivo pode ser explicado em parte pelo
desequilíbrio do Fígado causado pela bebida e que gera raiva e vio-
lência. Ao efetuar um diagnóstico energético dentro da Medicina
Chinesa temos que procurar as causas do problema e não apenas
diminuir seus sintomas.

Muitos casos de enxaqueca na lateral da cabeça que eu cuidei esta-


vam relacionados à importantes tomadas de decisão na vida. Se es-
tas decisões não forem resolvidas, a enxaqueca se torna crônica. Por-
tanto o nosso modo de encarar as coisas, nossa “filosofia de vida”, é
diretamente responsável por nossa saúde pois o jeito particular com
que olhamos tudo ao nosso redor molda nossas reações emocionais
e, conseqüentemente, nossas reações orgânicas.

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RESUMO
As emoções tem um papel fundamental na manutenção de nos-
sa saúde. Seu controle pode melhorar estados de desequilíbrio
e prevenir problemas.
Emoção é uma reação muito forte de prazer ou desprazer, ge-
rando uma reação física intensa.
Todo impacto emocional resulta em uma reação orgânica cor-
respondente e vice-versa.
Na Medicina Tradicional Chinesa cada órgão tem relação com
um tipo de emoção. A Acupuntura e outros métodos
terapêuticos orientais sempre levam em conta o estado emoci-
onal do paciente.
Emoções e órgãos se relacionam segundo a MTC:
· Baço-Pâncreas - Sua emoção está relacionada com me-
lancolia, contemplação, meditação, preocupação.
· Pulmão - Sua emoção está relacionada com angústia, me-
lancolia, solidão, mágoa ou tristeza.
· Rins - Sua emoção está relacionada com medo ligado à
autopreservação, à vontade ou desejo de viver, pavor e terror.
· Fígado - Sua emoção está relacionada com raiva explosi-
va, nervosismo, irritabilidade e também raiva moderada mas
contínua.
· Coração - Sua emoção está relacionada com alegria ou
felicidade excitação, riso, conversas e atividades sociais. Seu
excesso prejudica o Coração, que é responsável pela distribui-
ção das emoções pelos outros órgãos.
Aperfeiçoar nossa filosofia de vida é um importante fator na
prevenção de doenças e na manutenção da saúde.

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14
RESPIRE E CONTROLE-SE

A capacidade de exercer um auto-controle emocional é um dos fato-


res mais importantes na redução do estresse. Mas este auto-controle
não é apenas no sentido racional. Todos sabemos dos problemas oca-
sionados por explosões emocionais, que geralmente ocorrem nos
momentos mais equivocados. Porém apenas saber deste problema
não é suficiente, pois a parte emocional não está totalmente sob con-
trole consciente. Precisamos então de alguma ferramenta que nos
possa permitir dissipar as energias que estão prestes a explodir, seja
por causa de uma prova, de uma agressão verbal, de um problema
familiar. Sempre podemos nos controlar.

Mas “controle” aqui não significa empurrar os problemas para de-


baixo do tapete. Emoções escondidas tendem a aflorar nos piores
momentos. O que pretendemos é dissipar a carga emocional e recu-
perar a razão para resolver a questão E nossa ferramenta número
um é a respiração.

Esse é um dos mais eficientes meios para se controlar nossas emo-


ções. Já há milhares de anos que os orientais descobriram a ligação
entre as emoções e a respiração. Também aqui no Ocidente se apren-
deu muito sobre essa atividade vital. Um dos pioneiros em tentar
relacionar a respiração e as atividades mentais foi o Dr. Wilhelm
Wundt (1832-1920). O Dr. Wundt e seus associados da Universidade
de Leipizig, na Alemanha, concentraram todos os seus esforços nes-
sa relação. Após a Guerra do Vietnã, médicos especialistas dos Esta-
dos Unidos também se entregaram a pesquisas nessa área, chegando
a resultados surpreendentes.

Foi constatada uma inter-relação entre o estado emocional e mental


com a amplitude do diafragma. O diafragma é um músculo existente

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em nosso tronco e que separa o abdômen do peito.


Quando ele se move para cima, pressiona nossos
pulmões e expiramos o ar, como se espremesse
uma esponja. Quando se move para baixo, cria
um efeito de sucção que nos faz inspirar. Foi
notado que a amplitude desse movimento
varia conforme nossas emoções: se elas
forem agradáveis a amplitude é maior do
que nas situações desagradáveis. Uma
maior amplitude significa uma respiração
mais lenta e profunda, caso contrário a respira-
ção é mais rápida e curta.

O oposto também foi notado. Se uma pessoa respirar de acordo com


determinado ritmo e pensar numa certa situação, ela irá experimen-
tar a emoção correspondente. O que se nota é que o controle respira-
tório é fundamental no controle emocional. E controlando suas emo-
ções você poderá reduzir o estresse e caminhar na direção de uma
vida mais tranqüila.

Quando estiver a ponto de “explodir”, se sentir muito estressado,


irritado ou notar que por qualquer motivo sua respiração se acele-
rou, procure respirar lenta e profundamente pelo nariz, algumas ve-
zes, que seu controle voltará.

Como você pode ver, tudo isso foi escrito para dar aquele velho
conselho: conte até dez e respire fundo. Realmente funciona.

A respiração profunda libera no sangue uma substância chamada


“endorfina”. Essa substância afeta o córtex cerebral, ajudando a eli-
minar medos e pavores, mantendo o conforto físico e mental e regu-
lando vários órgãos.

Preste muita atenção em seu ritmo respiratório, o que está dentro de


nossa filosofia de auto-conhecimento. Respirações rápidas e
entrecortadas é sinal de que alguma coisa não está bem. Pessoas que

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praticam meditação, Yoga, Chi Kung ou Tai Chi Chuan geralmente


respiram bem mais lentamente que uma pessoa normal, pois estas
artes possuem um enorme cabedal de exercícios de controle respira-
tório. Este é um dos ingredientes para uma vida longa, tranqüila e
com espírito sereno segundo o pensamento oriental.

RESUMO
Manter-se no perfeito auto-controle emocional é fundamental
para uma vida saudável e feliz
A melhor ferramenta para isto é o controle da respiração
Respiração longa e profunda indica tranqüilidade; respiração
curta e entrecortada indica abalo emocional (estresse, ansieda-
de, medos, fobias, pânico, agressividade)
Mantenha sua respiração controlada e controle também seu
estado emocional
Respiração lenta e profunda é um dos grandes segredos da
serenidade interior transmitidos pelo Yoga, Tai Chi Chuan, Chi
Kung e Meditação.

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15
CUIDADOS NA INTERAÇÃO
COM O AMBIENTE

Apesar do título rebuscado deste capítulo, seu objetivo é muito sim-


ples: chamar sua atenção para o meio ambiente. Estamos tão acostu-
mados a viver em nosso ambiente que continuamente o ignoramos.
Se do ponto de vista pessoal e individual isto pode ser ruim para
nossa saúde, do ponto de vista global é catastrófico! Já temos provas
concretas e oculares de que o efeito estufa e outros distúrbios afetam
nosso planeta agora mesmo. E isto foi causado pela ignorância que o
ser humano mostrou no trato com seu ambiente.

Hoje já nos preocupamos mais com o planeta mas ainda vamos ter
que pagar para ver se os grandes governos e grandes companhias
vão fazer algo para minorar o problema, já que uma vez instalado
teremos repercussões por centenas de anos. Isto mesmo: o planeta
terá seu equilíbrio desregulado por centenas de anos, mesmo que
paremos imediatamente a emissão de gases do efeito estufa ou atitu-
des semelhantes. Quando o estrago já foi feito, consertar é sempre
bem mais difícil.

Isto acontece também com a Medicina Oriental, que como dissemos


é caracteristicamente preventiva. E enquanto nossos olhos se voltam
para o planeta como um todo, eles perdem de foco o ambiente ao
nosso redor. Esquecemos que vivemos em um sistema ainda equili-
brado, mas que precisamos manter a guarda levantada e muita aten-
ção para que nossa saúde não seja prejudicada. Depois, consertar é
sempre mais difícil.

O primeiro cuidado que devemos tomar é com o sol. Cerca de 10


minutos por dia são suficientes para a produção de vitaminas em
nosso organismo. Sempre se aconselha a tomar cuidado com a expo-

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sição solar prolongada no verão,


blá, blá, blá. Mas existem alguns
detalhes em que é bom prestar aten-
ção.

Você dificilmente verá um chinês ou


japonês “bronzeado”. Os orientais
não costumam tomar banho de sol
porque a Medicina Oriental ensina
que um excesso de exposição é ruim para o organismo. Afinal foram
os chineses que inventaram a “sombrinha”, além do guarda-chuva...

Sabe por que a pele fica “bronzeada”? Ela tende a escurecer para
poder filtrar os raios ultra-violetas da luz solar. Como sabemos, os
ultra-violeta são um tipo de onda que causa inúmeros problemas em
nossas células. Por isso a pele escurece como proteção, para formar
um “filtro”. Já reparou como muitas pessoas descascam depois de
ficarem moreninhas? É porque a pele simplesmente MORREU devi-
do à concentração de radiação ultra-violeta!

Com os problemas na camada de ozônio, o Brasil começa a ser ame-


açado pelo aumento desta radiação. Isto significa que devemos to-
mar muito mais cuidado com nossa saúde, mesmo em dias nublados.
Como a radiação danosa é ultra-violeta, seus efeitos não dependem
de estarmos em um dia ensolarado. Pelo contrário, em dias nubla-
dos as pessoas se descuidam e os danos são piores. Utilize sempre
um protetor solar e evite muito sol entre 10 e 16h, quando a radiação
ultra-violeta está no auge. Veja que falamos em horário solar, por-
tanto se estiver no Horário de Verão faça os cálculos de ajuste.

Uma coisa que as pessoas ainda não tem muita consciência é sobre os
olhos. Eles são extremamente sensíveis aos ultra-violetas, que po-
dem aumentar a chance de desenvolvermos catarata, pterígio, cân-
cer de pele nas pálpebras e lesões na retina. Procure usar sempre
óculos de sol, mas os de boa qualidade. Embora seja muito difícil
separar os bons dos ruins, tome todos os cuidados e exija uma ga-

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rantia do comerciante. Óculos escuros sem


proteção UV tendem a fazer as pupilas di-
latarem, aumentando as lesões provocadas
pelos raios ultra-violetas. Para usar ócu-
los sem-vergonha, é melhor ficar sem
nada. Não se esqueça que os efeitos dos
raios UV são cumulativos, ou seja, o pouquinho de hoje vai se juntar
ao pouquinho de ontem e ao da sua adolescência e ao da sua infân-
cia...

Hoje em dia, óculos escuros e protetor solar devem ser utilizados


durante o ano todo, mesmo que esteja nublado ou frio

A Medicina Chinesa também ensina que devemos ter cuidado com


vários outros fatores ambientais. O Livro de Medicina Interna do
Imperador Amarelo, a “bíblia” da medicina chinesa, explica que no
passado remoto os seres humanos eram muito simples, comiam quan-
do tinham fome, dormiam quando anoitecia, seguiam a Natureza e
se protegiam das intempéries, podendo viver por mais de cem anos
com saúde. As doenças eram causadas por problemas emocionais e
podiam ser facilmente reguladas. Mas o ser humano começou a achar
que era senhor das coisas e passou a menosprezar as forças naturais,
trabalhando demais, procurando o que fazer à noite, acreditando
que podia controlar o mundo e colocá-lo aos seus pés. O resultado
foi que se precisou criar a Acupuntura e outras práticas para poder
debelar as doenças que o ser humano desenvolveu por viver fora
dos padrões naturais. Estes desequilíbrios tiveram que ser compen-
sados posteriormente através de técnicas terapêuticas cada vez mais
complexas.

Dentre os vários fatores ambientais que a medicina chinesa analisa,


vou falar apenas de dois que considero mais importantes e mais co-
muns: o vento e a umidade.

O vento parece inofensivo, pelo menos em baixa velocidade. Mas ele


é uma gente invasor do sistema. Para a filosofia chinesa, todo fluxo

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de ar (vento) é por conseqüência um fluxo de Chi (energia). De modo


que ser atingido por vento de diversas maneiras pode causar um
desequilíbrio energético que se traduzirá no que chamamos de “do-
ença”. Os efeitos causados pelo ataque de “vento” podem ser espas-
mos, tremores, convulsões, rigidez na nuca ou nos membros, por
exemplo. A paralisia facial, relativamente comum, é atribuída pela
sabedoria popular a “golpes de ar”, juntamente com resfriados e
outros problemas. Perfeitamente, “golpes de ar” ou “ataques de ven-
to”. Evite sair ao vento quando este estiver muito forte e principal-
mente evite sentar-se ou trabalhar em correntes de ar. Mova sua
cadeira ou feche alguma porta ou janela para evitar isto. Proteja prin-
cipalmente a nuca, que possui pontos chamados de “porta dos ven-
tos” pelos chineses. Um amigo meu se livrou de torcicolos crônicos
quando deixou seu cabelo crescer até o ombro, o que protegeu sua
nuca. O vento também é um agente transmissor de outras complica-
ções, principalmente umidade e frio (a “friagem”).

A umidade é outro problema comum. Precisamos procurar nos man-


ter sempre secos para evitar este problema. Se tomar chuva, dê um
jeito de tirar as roupas molhadas imediatamente. Ficar com elas até
secarem no corpo pode acabar com sua saúde. Também evite de qual-
quer jeito os solos e pisos úmidos. Se tiver que trabalhar em um
lugar úmido, utilize calçados com solas grossas, de preferência de
borracha. Sintomas de “umidade”, pela Medicina Chinesa, se enqua-
dram geralmente em estagnação de energia (Chi), sensação de peso
no corpo e principalmente nas pernas e muitas vezes se traduz em
cansaço generalizado. Evite tomar vento com o corpo ou cabelos
molhados, para que não se intensifique o problema. Procure secar os
cabelos assim que puder.

Os efeitos causados por problemas ambientais muitas vezes demo-


ram para aparecer. Eles minam as defesas do organismo e ajudam a
acumular problemas. Quando os sintomas aparecerem a coisa já esta-
rá complicada. Previna e previna sempre.

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RESUMO
A saúde deve ser mantida pela observação das forças da Natu-
reza e nosso respeito a elas.
Evite extremos e procure seguir o que seu corpo deseja. Abri-
gue-se bem e mantenha-se seco e quente.
Cuidado com os raios solares: use sempre protetor e óculos es-
curos com proteção UV.
Vento pode ser extremamente danoso à saúde. Proteja-se ade-
quadamente.
Evite a qualquer custo a umidade, que deteriora as condições
do organismo.

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16
RELAXE E VIVA!

O título deste capítulo pode parecer estranho à primeira vista, mas


você verá que realmente faz sentido.

Uma pessoa tensa, dura, rígida, não vive realmente mas apenas so-
brevive. Os danos causados pela tensão muscular são enormes e po-
dem ser sentidos a qualquer momento através de um mau jeito, uma
cãibra, uma “fisgada” na perna. Também a tensão mental é extenu-
ante, minando a energia de nosso corpo com um trabalho inútil. Re-
almente, tanto a tensão física quanto a mental são apenas desperdíci-
os de energia, pois não servem a nenhum propósito definido.

O Tao Te Ching, antigo livro da sabedoria taoísta escrito há 2600


anos na China por Lao Tsé, afirma em seu capítulo 76:

O homem ao nascer é tenro e brando


Ao morrer é rígido e duro
A erva, a madeira e os dez mil seres ao brotarem
São como a suave penugem do ventre do pássaro
Ao morrer são secos e murchos
Por isso, os rígidos e duros são companheiros da morte
Os tenros e brandos são companheiros da vida

Relaxar e ser flexível é um sinônimo de estar vivo. O duro e o rígido


são conseqüências da morte. Para termos saúde é fundamental que
possamos relaxar. Mas muitos fatores conspiram para que isto seja
difícil de conseguir: problemas do dia-a-dia, ruídos altos e incessan-
tes, o tumulto e a agitação dos centros urbanos, dificuldade de enca-
rar os problemas corretamente.

Além das causas físicas mencionadas, talvez você tenha estranhado a

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última sentença: dificuldade de encarar os problemas corretamente.


Este é um dos grandes fatores de tensão que temos em nossa vida. O
ser humano é o único animal que gosta de sofrer prematuramente,
por antecipação. Estamos no início do mês e ele já se preocupa com
as contas do mês que vem. O chefe o chamou? Ele sofre em antecipa-
ção, por tudo que acha que vai acontecer. O que na maioria das vezes
não acontece e todo o sofrimento foi apenas desperdício de energia.

Preocupe-se em como atravessar a ponte apenas quando chegar até


ela. Este é um dos fatores principais. Outro ensinamento importante
seria se preocupar apenas com o que pode ser resolvido. Deixar a
vida acontecer e não querer controlar tudo e todos, pois isto é im-
possível. É o caso da morte de uma pessoa querida, que tanto abala
as pessoas. Nada pode ser feito, apenas continuar tocando a vida.
Saber encarar este tipo de coisa é poder viver com saúde mesmo
durante os piores tormentos e temporais de nossa vida.

Existe um conceito dentro da filosofia taoísta denominado Wuwei, a


não-ação. Através dela aprendemos a deixar as coisas prosseguirem
naturalmente, sem no entanto nos acovardarmos. Basta seguir o flu-
xo dos acontecimentos, seguir com a correnteza. Este conceito foi
interpretado de várias maneiras equivocadas por pensadores oci-
dentais. Achou-se que os chineses gostavam de uma filosofia do tipo
de laissez-faire, de indolência, ou mesmo de fatalismo, tendo que acei-
tar tudo como é. A verdade é que a maioria das coisas que nos acon-
tecem estão realmente fora de nosso controle. Nós mais reagimos do
que agimos, propriamente. Isto é condizente com o Wuwei, em acei-
tar o que acontecer embora tenhamos tomado todas as precauções.

Não é porque um fato ruim ocorreu que deixamos de nos prevenir.


Se uma casa está desabando, sair dela é a ação correta embora tenha-
mos de aceitar o seu desabamento. Assim, aceitamos o que não pode
ser mudado e agimos em direção ao que pode ser feito. Seguimos o
fluxo dos acontecimentos. Persistir em permanecer na casa traria con-
seqüências desastrosas e seria contra o fluxo da Natureza. O investi-
dor em ações toma todas as suas providências mas segue o fluxo dos

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negócios, vendendo quando as ações estão em alta e comprando


quando estão em baixa. O Wuwei nos mostra que, ao aceitar o inevi-
tável e conduzir nossa vida para o admissível, estamos agindo sabi-
amente e diminuindo a tensão emocional de nossas vidas. Lutar con-
tra a correnteza é perda de tempo e energia. Daí artes marciais sua-
ves como o Tai Chi Chuan e o Aikidô serem terríveis em combate,
pois se utilizam de muita pouca força para conseguir grandes resul-
tados.

Na administração de uma empresa, saber conduzir as situações por


um caminho mais natural reduz os problemas e leva a resultados
excepcionais. Isto pode ser feito em qualquer assunto. Vejam a histó-
ria real a seguir.

Dois americanos foram fazer um retiro espiritual em um templo Zen


no Japão. Depois do almoço os monges foram até um morro retirar
enormes pedras para poderem criar uma nova horta. Os dois ameri-
canos pegaram a primeira pedra, enorme, e tentaram arrastá-la para
fora. Ficaram um tempão tentando levá-la até onde achavam que
seria adequado. Nisto o Mestre foi até eles e perguntou qual o pro-
blema que estavam enfrentando, pois todos os outros monges já ti-
nham terminado a tarefa! Eles responderam, incrédulos, que não
conseguiam mover a grande pedra, ao que o Mestre perguntou: “vocês
sabem em que direção ela quer ir?”. Então, para espanto deles, ele
observou a inclinação natural da pedra e a deslocou com um peque-
no empurrão. Depois verificou novamente para onde ela tendia e
novamente a deslocou. Fez isto até tirá-la completamente do morro.
Ao invés de tentar levar a pedra para onde ele queria, ele analisou
para onde a pedra tendia a ir e a ajudou. Isto é Wuwei.

O riso também é um instrumento valiosíssimo para quebrar


as tensões. Muitos médicos tem utilizado comédias para ali-
viar problemas de seus pacientes. Rir desestressa e traz uma
sensação de satisfação dificilmente obtida por outros méto-
dos. Pessoas alegres e otimistas vivem mais e melhor. Não se
pode encontrar muitos sábios carrancudos. Bom humor é uma
marca característica deles!
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RESUMO
Relaxar é poder viver de verdade.
No estresse das grandes cidades, aprender a relaxar é questão
de sobrevivência.
Aplique o Wuwei em sua vida: preocupe-se apenas com o que
pode ser mudado no momento, e tenha mais saúde.
Procure ouvir músicas orquestradas ou clássicas, que tendem
a induzir um padrão mental mais calmo e a relaxar o corpo.
Quando estiver muito tenso fisicamente, tente o seguinte: fi-
que em pé e tensione cada músculo do corpo, mantendo esta
tensão por alguns segundos. Em seguida solte tudo e relaxe.
Faça isto por duas ou três vezes e ficará mais relaxado. Isto
segue o princípio oriental do Yin/Yang: um excesso deYang
gera o Yin.
Tente também este outro exercício: inspirar pelo nariz, lenta e
profundamente, prender a respiração por dois segundos e ex-
pirar pela boca, lenta e suavemente. Faça isto por 10 vezes e
notará que a duração de cada respiração se tornará gradual-
mente maior, mostrando o relaxamento.
Procure seguir as orientações do capítulo sobre estresse, como
ter um hobby, por exemplo.
Procure viver com bom humor. Assista filmes de comédia e
fique longe de gente rabugenta e ranzinza.
Faça atividades físicas pouco estressantes com regularidade,
como caminhada, tai chi chuan, yoga, dança.

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17
MITOS DO EXERCÍCIO

É público e notório que fazer exercícios é bom para a saúde. Na ver-


dade, nosso corpo foi feito para o movimento e não para o repouso.
Como diz o Taoísmo chinês, “o flexível e o móvel é vida, o rígido e o
parado é morte”. Isto sintetiza brilhantemente tudo o que precisa-
mos saber sobre exercício físico.

Quando falamos sobre alimentação mencionamos os dogmas que


andam rondando por aí. No quesito “exercício” vemos outros dogmas
problemáticos circulando sobre nossas cabeças como abutres esfo-
meados. Vamos ver alguns destes espectros.

O primeiro fantasma a nos livrarmos é do pejorativo termo “seden-


tário”. O que é um indivíduo sedentário? Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), órgão da ONU dedicado à saúde, o se-
dentário é todo indivíduo que não se exercita pelo menos 30 minutos
por dia. Exercício moderado, ainda por cima. E mais: estudos de-
monstram que fazer três sessões diárias de 10 minutos tem quase
tantos benefícios quanto 30 minutos direto. Ora, você conhece al-
guém que não se “exercite” pelo menos 10 minutos três vezes ao dia?
Um executivo que caminhe 15 minutos até o restaurante para almo-
çar faz 30 minutos de caminhada leve diária (ida e volta). Logo, não
pode ser considerado sedentário.

Este tipo de classificação dogmática engana muito. Vi um programa


jornalístico de televisão que fez a seguinte experiência: colocou um
pedômetro (aparelho que marca quantos passos e qual quilometra-
gem você andou) em um carteiro e outro em uma funcionária do
Correio que atendia no balcão. No final do dia o carteiro tinha anda-
do cerca de 10 Km e, pasme, a moça do escritório tinha andado 8
Km! Claro que a reportagem enalteceu o exercício do carteiro e dimi-

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nuiu o exercício da balconista (lembra-se dos dogmas?). Mas o que


nos mostra esta experiência é que a balconista, que tecnicamente po-
deríamos classificar como “sedentária” segundo os padrões corri-
queiros, andou 8 Km em um único dia de trabalho. Isto sem contar o
senta-levanta da cadeira, carregar pacotes pesados, abaixar-se para
pegar coisas no chão, etc... Será que ela precisa freqüentar uma aca-
demia?

Vimos então que é muito fácil deixar a classe dos “sedentários”. Uma
dona-de-casa que limpe sua residência está fazendo exercício sufici-
ente. Se dividir a limpeza em três etapas intercaladas durante a se-
mana fará todo o exercício que precisa. Neste momento em que es-
crevo este texto minha esposa está “malhando” aqui em casa...

Muito se fala sobre esportes e a saúde que eles provocam. Isto é uma
meia-verdade. Esporte enquanto diversão e atividade física recrea-
tiva é extremamente saudável. Quando ele fica competitivo come-
çam os problemas. Competições significam treinamentos consisten-
tes, com fins e metas estabelecidas, significa ficar sempre próximo
aos seus limites ou ultrapassá-los e, claro, se tornar melhor do que os
outros competidores. Isto é um esporte: lutar para ser o melhor. O
resultado são lesões, estresse, ansiedade e frustração quando por
alguma eventualidade não se alcançam as metas.

Me lembro de uma tirinha de quadrinhos de Calvin, que retrata uma


criança com muita imaginação e seu amigo fictício representado por
um tigre de brinquedo. Calvin estava brincando com os irrigadores
do gramado, pulando, correndo, se abaixando. Seu pai passou por
ali e disse algo como “continue assim e você ficará em forma”. O
garoto parou imediatamente com a brincadeira porque tinha perdi-
do a graça. Tinha virado treino, obrigação.

Esporte só é saudável enquanto for uma diversão e não uma obriga-


ção. Colocar crianças em idade muito tenra para praticar esportes
competitivos e sobrecarregá-las com atividade física é criminoso. As
crianças fazem suas atividades físicas através de jogos e brincadei-

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 88

ras, naturalmente. Muitos tipos de esporte estressam a criança e aca-


bam por provocar lesões, pois suas articulações não estão maduras
para um esforço tão grande. Meus pais eram ambos professores de
Educação Física e eu soube por eles de muitos casos de crianças
lesionadas porque determinados técnicos de clubes exigiam demais
delas. Tudo para vencer. Mas ganha-se o quê? Um troféu de plásti-
co? Um título que na próxima competição será de outra pessoa?

Outra história é que o “condicionamento cardiovascular” que os exer-


cícios mais intensos proporcionam o protegerá de problemas cardía-
cos. Ainda estou para ser convencido disto. Vemos mais
freqüentemente do que gostaríamos atletas de vários esportes, com
treinamentos sofisticados e acompanhamentos médicos precisos, te-
rem problemas no coração ou simplesmente caírem duros. Também
vemos cardiologistas afirmarem que é difícil fazer algum tipo de pre-
visão específica sobre a possibilidade de ocorrência de problemas
cardíacos. Lembre-se que a ciência trabalha com modelos estatísti-
cos.

Outro dogma é o de que basta fazer muito exercício e controlar a


alimentação que se emagrece automaticamente. Ora, nada nos seres
humanos ocorre automaticamente. Existem muitos fatores que po-
dem interferir nisto, pois como já repetimos até a exaustão, cada um
de nós é um ser único. Além disto, a pessoa obesa tem inúmeros
problemas emocionais que dificultam a execução dos exercícios. A
sociedade é implacável com os gordos, logo é muito difícil se expor
publicamente para se exercitar. Andar com malhas justas, então, nem
pensar. Outro problema é que as pessoas obesas sofrem com a baixa
auto-estima e de problemas emocionais como a depressão, o que faz
com que larguem o exercício rapidamente no primeiro obstáculo. Este
é um problema que deve ter uma solução global e não uma fórmula
mágica como “menos consumo de calorias e mais queima”. Esta rela-
ção pode ser importante, mas não é decisiva.

Em 2000 um grupo de estudo da Escola de Saúde Pública da Univer-


sidade Johns Hopkins fez uma pesquisa com 1704 estudantes de es-

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 89

colas americanas. Um grupo de crianças fez uma dieta especial, teve


mais atividade física e aulas sobre vida saudável (segundo a ótica
científica moderna). O resultado, depois de três anos de estudos:
nada. Elas não demonstraram menor índice de gordura corporal que
o outro grupo, que viveu normalmente.

Um dos dogmas relativos à obesidade, exercícios físicos e problemas


cardíacos está relacionado com as referências. Teoricamente, para
muitos, uma pessoa acima do peso tem maiores possibilidades de ter
problemas cardíacos. Mas a coisa não é bem assim. Estudos demons-
tram que é muito difícil fechar o cerco em cima desta afirmação. Mas
afinal o que é uma pessoa acima do peso? Qual o peso “certo” para
cada um? Para isso muitas escalas de referência foram criadas.

No meu tempo de treinamento intenso, quando fazia musculação


nos anos 80, a tabelinha de ‘peso x altura’ reinava soberana. Se você
tivesse uma diferença maior do que dois quilos para mais ou para
menos que sua altura, você era magro demais ou gordo demais. Por
exemplo, para uma pessoa com 1,80 cm seu peso adequado estaria
entre 78 e 82 Kg. Era ridículo, mas na época era “cientificamente
correto”.

Aí nos anos 90 passou-se a usar o Índice de Massa Corporal (IMC),


que é uma fórmula cabalística onde dividimos o peso pela altura ao
quadrado. Bem mais esotérico, não? Recentemente colocou-se em
dúvida a precisão do método e resolveu-se... medir a barriga! Isto
mesmo, agora o “científico” é calcular o IMC e checar o perímetro da
cintura, pois a gordura abdominal é a mais “perigosa”. Vejam que
este tipo de coisa foi proposta por cientistas e pesquisadores, por
isso foi aceita como válida. Se fosse um chinês do século III a.C. que
tivesse dito que os perigos da gordura podem ser relacionados com
o diâmetro da cintura, seria motivo de piadas...

Bem, você deve estar pensando que estou fazendo apologia à gordu-
ra, hein? Nada disto. Apenas defendo uma análise pessoal e específi-
ca da pessoa, seus traços genéticos, hábitos familiares, estado emoci-

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 90

onal, estado físico e filosofia de vida. Aí podemos dizer em que pé


está o estado de saúde desta pessoa e o que ela deve fazer para ficar
mais saudável. Sem regras, esquemas, referências ou receitas genéri-
cas.

Outro dogma interessante é o da corrida, muito divulgado nos anos


70 pelo Dr. Kenneth Cooper. Aliás, um mal-entendido comum são as
pessoas que acham que “fazer cooper” é sair correndo. O método
dele é sofisticado, com vários tipos de atividades. Correr, especifica-
mente, é desgastante e pode ser perigoso. Para correr é preciso ter o
local adequado, o calçado adequado e o piso adequado, além de
tomar uma série de cuidados específicos como alongamento,
hidratação, etc... Sempre é melhor caminhar.

Uma pessoa que corre nos canteiros centrais ou calçadas de grandes


avenidas, muito comum nas grandes cidades, está se envenenando
literalmente. A concentração de monóxido de carbono nestes locais
é muito grande. Este gás, resultado da queima do combustível pelos
veículos, tem grande afinidade com a hemoglobina do sangue e toma
o lugar do oxigênio, envenenando as células. Como num esforço con-
centrado os brônquios pulmonares estão mais dilatados, a quantida-
de de monóxido de carbono absorvida é muito maior que o normal
Segundo a CETESB, órgão público que monitora a poluição em São
Paulo, é mais saudável correr na esteira, dentro de casa ou na acade-
mia, do que ao ar livre. O interior dos prédios é menos poluído.
Apenas um dado extra: um dos lugares mais poluídos de São Paulo é
o Parque do Ibirapuera.

Então o que fazer? Como podemos nos movimentar de forma saudá-


vel e natural e fazer o necessário para nós, como pessoas únicas, de
modo integral? A medicina oriental tem as respostas, no próximo
capítulo.

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 91

RESUMO
Exercícios fazem bem à saúde. (Você não sabia disto, sabia?)
Para deixar de ser sedentário você precisa de 30 minutos diá-
rios de atividade física leve ou moderada.
É difícil relacionar quantidade de atividade física com menos
problemas cardíacos
Esportes só são saudáveis enquanto são meros divertimen-
tos.
Dançar ou limpar a casa podem ter os mesmos benefícios de
se malhar em academia.
Correr em grandes avenidas é danoso à saúde. Prefira correr
em ambientes fechados.
Caminhar ainda é a melhor alternativa.
Referências de obesidade são apenas isto: referências. Nada
de leis universais.
Perder muito peso é uma tarefa complexa e que envolve uma
análise global da pessoa, corpo-mente-espírito-energia.

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 92

18
Movimentando-se

Muito bem. Já vimos algumas idéias estranhas ou enganosas sobre


condição física e saúde. Mas então como a Medicina Oriental encara
isto?

Como mostramos anteriormente, a filosofia chinesa relaciona movi-


mento com vida, logo para podermos viver saudáveis temos que nos
mover. O que não implica em ficar malhando duas horas por dia, seis
dias por semana, em uma academia. A compreensão oriental sobre
isto é diferente.

Em primeiríssimo lugar o importante é a flexibilidade. A Medicina


Chinesa preconiza que com o passar do tempo nossas articulações se
endurecem e os tendões ficam rígidos, vindo daí a decrepitude e a
velhice. Manter os tendões ativos e firmes e o corpo flexível e forte
mantêm a saúde até idade avançada. Os chineses antigos diziam que
para ser saudável e longevo é preciso “esticar o pescoço como um
pássaro”, já que as vértebras cervicais são as primeiras a ficarem “en-
ferrujadas”.

Mas antes temos que fazer um “diagnóstico” de nossa situação. Me-


dir a flexibilidade, simplesmente, não adianta muito porque seu grau
varia de pessoa para pessoa, geneticamente. O peso também não é
um fator muito confiável. Por isso eu desenvolvi um método único
para avaliação da condição física, o “Método Silva de Análise Físi-
ca”. Patenteado.

Para saber como você está siga estes passos:


1- Sente-se no chão. Pode ser em um tapete ou colchonete de gi-
nástica bem fino.
2- Agora deite-se completamente.

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 93

3- Relaxe todos os músculos e feche os olhos. Se necessário utilize


as dicas do capítulo sobre relaxamento.
4- Fique assim, deitado e completamente relaxado, por uns dois
minutos.
5- Agora, lentamente, levante-se do chão. SEM APOIO NENHUM.

Muito bem. O grau de dificuldade que você terá lhe dirá exatamente
a sua condição física. Precisou usar ambas as mãos? Teve que se apoi-
ar em um móvel? Chamou a ajuda de vizinhos? Dos bombeiros? Ou
ainda não se levantou?

Tudo isto vai indicar o seu estado geral. Seja honesto e sincero em
sua avaliação, pois você não pode enganar a si mesmo. Procure sen-
tir seu peso e sua condição. Se as suas articulações funcionaram bem
ou ficaram sobrecarregadas, se foi relativamente fácil mas demora-
do ou se foi rápido mas exigiu uma grande dose de esforço. Tudo
isto são fatores que indicam seu estado físico, o estado de suas arti-
culações, sua flexibilidade e seu peso. Se ao tentar se levantar você se
sentiu um hipopótamo manco, está na hora de perder alguns quilos e
fazer alguns exercícios...

Agora que você já sabe o tamanho de sua desgraça, o que podemos


fazer? Para nossa sorte a cultura oriental, está cheia de opções.

Você pode praticar uma atividade integral


como o Yoga. Ele possui alongamentos,
posturas estacionárias, relaxamento, exer-
cícios respiratórios, meditação. È extrema-
mente completo e pode ser feito por pes-
soas de todas as idades, embora algumas
linhagens não admitam isto. Encontre a es-
cola na qual se sinta mais à vontade.

Se sua escolha for o Tai Chi Chuan, muito bem. Os benefícios desta
prática chinesa são comprovados todos os dias. Você faz relaxamen-
tos, exercícios respiratórios, concentração mental, manipulação de

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 94

energia (Chi) e desenvolvimento físico de uma só vez. Sua prática


melhora o sistema nervoso, digestão, sistema respiratório, ossos,
articulações e músculos. Relaxa o corpo todo e aperfeiçoa nossa filo-
sofia de vida. Melhora o quadro emocional, equilibrando o pratican-
te como um todo. Muitas pessoas tem a idéia equivocada de que o
Tai Chi Chuan é muito fraco, lento, e por isso não tem valor como
atividade física, talvez no máximo um relaxamento físico e mental.
Errado. A prática do Tai Chi Chuan é extenuante, principalmente no
início. Fazer movimentos com lentidão extrema exige precisão, con-
trole muscular e concentração muito superiores aos movimentos rá-
pidos. Este é um dos segredos da arte. Procure um professor que
tenha uma idéia da filosofia taoísta e da marcialidade da arte, que na
verdade foi criada para combate. Sem estas noções o treino se torna
um tipo de dança coreografada com menos benefícios. Tai Chi Chuan
é antes da mais nada, arte marcial e filosofia!

Além disto os chineses desenvolveram uma enorme gama de exercí-


cios especialmente designados para combater algumas enfermida-
des ou manter a saúde em um patamar ótimo. O Liangong é um
destes exercícios. Desenvolvido em 1974 pelo Dr. Zhuang Yuen Ming,
um fisioterapeuta chinês, possui exercícios específicos para cada tipo
de problema de saúde que pode ocorrer ou que já está em progresso.
É uma técnica muito completa e fácil de seguir por pessoas de todas
as idades e já está bem difundida no Brasil.

Outras técnicas são o Yi Yi Jing, “Transformação de Músculos e Ten-


dões”, elaborado pelo monge Ta Mo no século V, e o Ba Duan Jing,
“Oito Peças de Brocado”, elaborado pelo general Yue Fei na Dinastia
Song (1117-1279). Procure livros de referência ou centros de cultura
chinesa para desenvolver estas técnicas. Sua saúde irá agradecer.

Qualquer atividade física interessante e di-


vertida, ainda que moderada, pode ser utili-
zada para melhorar sua saúde: caminhada,
dança, subir escadas ao invés de tomar o ele-
vador (não é divertido, mas é saudável),

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atividades circenses, jogos como o tênis, tênis de mesa e peteca,
natação, pólo aquático, e “peladas” de futebol regulares. Qualquer
destas atividades, feitas sem compromisso competitivo ou obsessão,
são muito saudáveis.

RESUMO
Utilize qualquer tipo de exercício moderado para se manter
em forma, principalmente se for divertido. A vida é muito
curta.
Verifique sua condição física pelo “Método Silva de Análise
Física” (Patenteado).
Busque práticas orientais como alternativa, como Yôga, Tai
Chi Chuan, Chi Kung, Liangong, exercícios chineses. Eles são
suaves e extremamente completos.
Ao procurar uma atividade física, prefira as que promovem a
flexibilidade e o relaxamento.
Só faça práticas físicas em um ambiente no qual se sinta bem,
independente dos méritos do professor, da fama do local ou
da técnica apresentada. Sinta o ambiente e só então decida.
Outras práticas como natação e dança podem ser úteis. Prati-
que aquilo que lhe fizer sentir-se bem com você mesmo e com
o Universo. Sem compromissos a mais.

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19
A Energia da Vida

Os antigos indianos e chineses perceberam a existência de uma ener-


gia que permeia todo o Universo e que foi denominada de Prana ou
Chi, respectivamente. Vários outros povos tiveram esta consciência
energética, sendo que os japoneses a chamaram de Ki, os gregos de
Pneuma, os egípcios de Ankh, os hebreus de Ruah. Essa energia foi
percebida também no corpo humano originando a Medicina Oriental
como forma de regularizar e harmonizar o fluxo dessa energia. Sem
energia o ser morre.

Na China se conhece essa energia e seus efeitos há muitos milênios.


Uma das mais antigas referências a essa manipulação energética vem
novamente do Huang Di Nei Jing, Essa obra relata diálogos entre o
célebre Imperador Amarelo e
seus conselheiros sobre méto-
dos para se manter a saúde e
prolongar a vida. Estas técni-
cas, em sua maioria, se basea-
vam na manipulação da ener-
gia universal: o Chi.

Os indianos também possuem


um sistema terapêutico extre-
mamente avançado que se ba-
seia no Prana. Mas a tônica
indiana recai sobre os chakras,
sistemas de captação e distri-
buição de energia no corpo.
Os sete principais se localizam
sobre a linha central do cor-
po, com conexões na medula

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espinhal e glândulas endócrinas. “Chakra” significa “roda” pois es-


tes mecanismos se apresentam à visão clarividente como rodas
energéticas que giram continuamente. Inclusive se admite que a ve-
locidade deste girar influencia em nossa saúde e longevidade, mas
isto é outra história. Eles também perceberam que o Prana circulava
pelo corpo através de canais denominados “nádis”. Os indianos
mapearam 10.000 nádis no corpo humano...

Para os chineses essa energia também


circula em trajetos específicos deno-
minados pelo ocidentais como
“meridianos” (em chinês é “Jing
Luo”, algo como “canais e
colaterais”). Em alguns locais esses
meridianos se acham mais acessíveis,
originando áreas mais fáceis de se-
rem usadas para influenciar o siste-
ma energético humano. Essas áreas
são os conhecidos “pontos de
acupuntura” onde se introduz agu-
lhas na técnica da acupuntura. Esses
pontos servem como verdadeiras “ja-
nelas” para o sistema energético hu-
mano, podendo ser usadas para equi-
librar o sistema da pessoa. Através
deles se pode influenciar o fluxo de
Chi de todo o corpo, restaurando a
harmonia. Existem 14 meridianos principais e diversos outros secun-
dários, com um total de mais de 1.000 pontos de acupuntura.

É importante frisar que tanto os chineses quanto os indianos reco-


nhecem ambos os sistemas, os meridianos e os chakras, mas as suas
técnicas terapêuticas adotaram uma ou outra abordagem como
direcionamento, mais por motivos culturais do que por qualquer tipo
de desconhecimento. Eu utilizo as duas abordagens em minhas prá-
ticas e ambas produzem resultados excelentes.

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Esta energia pode ser desenvolvida através de exercícios que exis-


tem em diversas culturas. Na Índia podemos vê-los no Pránáyáma
do Yôga e na China nos exercícios de Chi Kung (ou Qigong). A prin-
cipal semelhança entre estes dois sistemas está nos exercícios respi-
ratórios, pois o ar que inspiramos é uma de nossas principais fontes
de Chi e a que pode ser controlada mais facilmente. Vamos abordar
alguns tópicos sobre o Chi Kung.

Qualquer pessoa pode utilizar a técnica do Chi Kung para melhorar


sua saúde e se recuperar de doenças. São exercícios muito indicados
para pessoas sedentárias ou preguiçosas, que necessitem de um
“empurrãozinho” energético em suas vidas. Os exercícios são muito
fáceis de se fazer e melhoram consideravelmente a saúde das pesso-
as. Através de movimentos suaves com o corpo e os braços e o con-
trole da respiração, pode-se aumentar a energia absorvida pelo or-
ganismo e ajudá-lo a se harmonizar.

Pessoas de todas as idades podem fazer o Chi Kung, inclusive as


idosas que muito se beneficiarão destes exercícios. À seguir mostro
um deles, que apesar de básico pode promover um grande bem-
estar.

1. Em pé, relaxado, com os pés afasta-


dos na largura dos ombros, flexione as
pernas.
2. Relaxe os braços, flexione levemen-
te os cotovelos e coloque as mãos na
altura da cintura.
3. Inspire lentamente, levantando os bra-
ços. Erga os dois juntos, no mesmo tem-
po da respiração. Mantenha-os relaxa-
dos.
4. Levante as mãos até a altura dos om-
bros. Não ultrapasse esta altura!
5. Solte o ar lentamente, abaixando os
braços no mesmo ritmo até a cintura.
6. Repita mais 4 vezes, totalizando 5 seqüências.

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Este exercício é muito bom para energização geral, principalmente se


feito de manhã cedo. Utilize-o sempre que se sentir muito cansado
ou indisposto.

RESUMO
A vida depende da energia universal.
Esta energia, que a ciência ainda não reconhece, é a base da
Medicina Oriental. Todas as suas técnicas são baseadas na ma-
nipulação desta energia com vista à sua harmonização.
Os indianos desenvolveram seu sistema terapêutico com base
nos Chakras e Nádis.
Os sete chakras principais se localizam na linha central do cor-
po e distribuem a energia pelo organismo, além de outras fun-
ções.
Os chineses desenvolveram seus sistema terapêutico sobre o
fluxo da energia nos trajetos conhecidos como Meridianos.
Agulhas inseridas em pontos específicos deste sistema alte-
ram o fluxo desta energia e é a base da Acupuntura.
A energia universal pode ser desenvolvida por qualquer pes-
soa através de exercícios simples e fáceis de fazer.

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20
Práticas Orientais

A maioria das práticas orientais se baseia na manipulação de ener-


gia. Vamos mostrar um pouco sobre algumas práticas dentro da cul-
tura taoísta chinesa, que serão muito interessantes para a sua saúde e
de sua família. Alguns exercícios e massagens podem parecer estra-
nhos ou exóticos, mas são bastante efetivos. Claro que não dá para
se ensinar a movimentação exata apenas por figuras, mas dá para se
ter uma boa idéia e conseguir fazer em casa.

Unhas
Descobri certa vez um velho texto taoísta que recomendava que se
cortassem as unhas apenas às sextas-feiras para elas crescerem for-
tes. Experimentei e posso garantir que funciona. Mostrei minhas unhas
para uma manicure e ela ficou admirada, dizendo que eram “unhas
de porcelana” (isto deve ser um elogio...). Não sei o porquê disto
funcionar, mas com certeza funciona.

Pentear os Cabelos para Trás


Manter os dedos das mãos entreabertos, pen-
teando os cabelos em direção à nuca, com a
ponta dos dedos, de forma suave. Fazer 36
repetições. (Esta prática pode melhorar a ir-
rigação sangüínea na cabeça e no couro cabe-
ludo, dando mais brilho aos cabelos. Tem
efeito terapêutico contra dor de cabeça e aju-
da a tonificar o cérebro)

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Abrir a Porta Celestial


Com os dedos indicador e médio unidos,
esfregar a testa para cima, da região do
“terceiro olho” entre as sobrancelhas (pon-
to Yin Tang), até o começo dos cabelos.
Alternar as mãos.

Empurrar o Palácio Kan


Com os dedos indicador e médio unidos, es-
fregar a sobrancelha da região do “terceiro
olho” (ponto Yin Tang) entre as sobrancelhas,
até a têmpora (ponto Tai Yang). Fazer doze
vezes, direita e esquerda simultaneamente.

Girar os Olhos
Esquentar as mãos e colocá-las sobre os olhos
fechados. Virar os olhos para cima e para bai-
xo, por 12 vezes. Em seguida, virar para es-
querda e direita mais 12 vezes. Terminar, gi-
rando os olhos 12 vezes no sentido horário e
outras 12 vezes no sentido anti-horário.

Nariz
Esfregar as laterais do nariz para cima e para
baixo, incluindo a região entre as sobrance-
lhas (Ponto Min Tan), entre os olhos (Ponto
Shan Ken) e as regiões laterais das narinas
(Ponto Yin Shan – IG20), com os dedos mé-
dio e indicador unidos. Fazer 12 repetições.

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Ao Tomar Banho
Esfregue com o calcanhar algumas vezes o outro pé, na região logo
entre a parte de trás do “ossinho” do tornozelo e o Tendão Calcâneo
(ex- Tendão de Aquiles). Existem vários pontos de acupuntura nesta
região ligados ao Meridiano do Rim, que melhorarão seu estado
energético.

Massagem na cabeça
Feche as mãos em forma de punho, bem relaxados para deixar um
buraco em seu interior. Relaxe o pulso e bata repetidamente por toda
a região da cabeça com os punhos (no lado das pontas dos dedos).
Comece da frente e vá ate a nuca, passando pelas laterais. Repita
algumas vezes, suavemente. É um exercício utilizado no Aikidô ja-
ponês.

Banhos
Evitar banhos muito quentes ou muito gelados. Quando fizer muito
exercício físico, principalmente se forem exercícios de energia como
o Chi Kung ou Tai Chi Chuan, esperar um pouco antes de tomar
banho. O corpo está muito aquecido e pode ter um choque térmico
com a água gelada. Por outro lado, para a Medicina Chinesa, quando
nos exercitamos muito os poros se abrem para a passagem da ener-
gia Yang irradiada e o banho (tanto frio quanto quente) pode fazer
uma energia perversa penetrar no organismo por esta abertura.

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RESUMO
Gostaria de passar aqui 7 Regras Taoístas para a
Longevidade, segundo um autor anônimo:

1- Falar pouco, para fortalecer internamente a energia;


2- Controlar o instinto sexual para economizar energia;
3- Comer pouco, para absorver o Chi mas não sobrecarre-
gar o organismo;
4- Passar a língua pelos dentes e depois engolir a saliva (a
saliva é considerado como uma substância energética muito
especial pelos alquimistas taoístas);
5- Evitar a ira e a raiva, para não enfraquecer o fígado (ór-
gão associado à raiva);
6- Saber comer somente o que não nos faz mal;
7- Cultivar a mente para fortalecer o coração (o coração é a
sede do espírito para a Medicina Chinesa)

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21
Modismos e Influências Externas

Nós, seres humanos, temos duas fontes básicas de estímulos: a inter-


na e a externa. A interna é a sensação de fome, sede, cansaço, emo-
ções como alegria, tristeza, raiva, entusiasmo e algumas aspirações
especiais, espirituais, que muitas vezes nem mesmo sabemos concre-
tamente de onde vem. A fonte externa está representada pela infor-
mação que nos chega através de nossos cinco sentidos ordinários:
visão, audição, olfato, paladar e tato. É através destes cinco canais
que recebemos as informações externas. E é por onde entra a maio-
ria das influências externas que vão moldar o que somos.

Já falamos sobre as fontes internas e é interessante analisarmos ago-


ra algumas fontes externas especialmente importantes em nossos dias.

Como o ser humano é um animal social, tendemos a fazer coisas que


outras pessoas também fazem, por um sentimento instintivo de “gru-
po”. Isto é perfeitamente natural. Mas eis que em nossa sociedade
consumista os modismos se tornaram extremamente dominantes, o
que muitas vezes pode colocar em risco nossa saúde.

Somos constantemente bombardeados por anúncios e notícias que


penetram em nosso sistema e nos influenciam profundamente. Esta
influência muitas vezes não é percebida conscientemente e acabamos
fazendo muitas coisas sem ter muita noção do seu porquê.

O primeiro passo para assumirmos o controle completo de nossas


vidas é perceber conscientemente quando está havendo uma influ-
ência externa que pode alterar nosso modo de pensar ou agir.
Identificada esta influência, podemos pesar os seus possíveis resul-
tados e decidir se queremos ou não isto em nossa vida. Esta é a
palavra-chave: decidir. Você tem que ter a última palavra na decisão

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pela aquisição de um produto, serviço ou mesmo de uma informa-


ção. Se será bom ou não para você é você quem decide, ninguém
mais. Não se deixe influenciar pelo que mostram a você, por promes-
sas ou mesmo testemunhos de pessoas famosas. Somente você sabe
o que é realmente bom para você.

O primeiro passo para se livrar do consumismo exagerado e da in-


fluência externa inconsciente é não tomar nenhuma atitude por im-
pulso. Esqueça as ofertas maravilhosas, o quanto você vai ficar linda
ou como você ficará mais rico. A propaganda é o veículo por onde
estes modismos e consumismo entram em sua vida. Basta manter
sua independência e apenas fazer o que tiver certeza de que deseja e
certeza do é bom para você.

No vestuário vemos muitos modismos


que acabam atrapalhando a saúde das
pessoas, principalmente na moda femi-
nina. Os saltos super-alto e “salto agu-
lha”, os sapatos de bico fino tipo
“aladim”, calças de cintura baixa,
blusinhas curtas, e agora, em 2007, as
bolsas extra-grandes. Já existem vários
casos de problemas físicos gerados pela moda das bolsas ultra-gran-
des. Uma pesquisa de um jornal mostrou que este tipo de bolsa tem
entre 3 e 4,5Kg de peso. Se a bolsa é enorme, claro que ela terá uma
tendência a ficar cheia. É o mesmo que você andar o dia todo carre-
gando um saco de batatas nas costas. Qual a vantagem disto? Ne-
nhuma. Só porque alguns estilistas resolveram que é “fashion” bol-
sas enormes. Ano que vem poderá ser a “Era das Mini-Bolsas” e
você perderá o dinheiro investido na big-bolsa, que acabará no fun-
do do armário. Somente a fisioterapia irá lembrar-lhe dela...

Piercings são outro modismo em que se necessita pensar muito antes


de agir. Em primeiro lugar é grande a quantidade de casos de infec-
ção, pois muita gente não toma cuidados na aplicação destes
penduricalhos e chegam até a tentar fazer isto sozinhos. O nosso

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corpo não é de borracha e cada piercing terá um envolvimento em


sua saúde. Mesmo que seja feito com todo cuidado e a cicatrização
for normal, muitas vezes ele estará danificando ou alterando pontos
de energia, do mesmo tipo dos utilizados pela acupuntura, e conse-
qüentemente mexendo com sua saúde. Evite especialmente os
piercings nas orelhas, cujos buracos enormes prejudicam muito os
pontos reflexos existentes nelas. Na língua, por exemplo, a probabi-
lidade de necrose (morte dos tecidos) é extremamente alta. E mes-
mo que isto não aconteça, podem existir danos às glândulas saliva-
res, às gengivas e aos dentes. A lista é bem grande. Será que vale a
pena?

Depois das roupas, as dietas são as preferidas pelos modismos mo-


dernos. Aparecem cerca de duas dietas por semana, na melhor das
hipóteses. Depois do advento da Internet, dietas velhas e novas vão
e vem, multiplicando a confusão sobre a alimentação. Se a atriz Fula-
na perdeu 5Kg com a “dieta da couve”, será que isto é saudável para
você também? E existem as dietas fantasiosas, como a “dieta da sopa”,
atribuída ao Hospital do Coração de São Paulo. Claro que eles nunca
ouviram falar disto. Como dissemos no capítulo sobre alimentação,
QUALQUER tipo de restrição alimentar funciona por até 14 dias.
Então aprenda de uma vez a ouvir seu corpo e monte uma dieta
ideal para você. Não é para seu vizinho, sua filha, seu tio, nem para
a atriz Fulana. Mas apenas para você, Ser único em todo o Universo.

Remédios e tratamentos médicos também são alvo de modismos.


Principalmente no Brasil que é um dos campeões mundiais de auto-
medicação, usar o remédio “da moda” é muito comum. Você tem
zumbido no ouvido? A Tia Maricota também teve e ficou boa depois
de tomar o remédio X. E lá vai você atrás do remédio X, pois se foi
bom para a Tia Maricota também será para você. Espero que depois
de ler este livro você já não esteja mais pensando assim... Lembre-se
que medicamentos são chamados tecnicamente de “drogas” e é as-
sim que devem ser utilizados. Deve-se evitar tanto os modismos como
as soluções fáceis. Seus filhos são hiperativos, tem falta de atenção?
É só dar um remedinho. Nos EUA é comum se receitar

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 107

antidepressivos, soníferos e psicotrópicos para a juventude. Na Eu-


ropa já se liberou o uso de Prozac, um anti-depressivo, para menores
de 18 anos. Mesmo na linha mais natural, já vi pais em viagem entu-
pirem os filhos de “Maracugina” para ficarem “calminhos”. Será que
o problema deles é químico? Não existe outra causa, talvez alguma
responsabilidade dos pais na sua criação e acompanhamento? No
início do Século XX a moda era a Lobotomia. Uma técnica que remo-
via ou danificava o lobo frontal do cérebro, deixando a pessoa mais
“tranqüila”. Foi utilizada por centenas de milhares de pessoas, inclu-
sive pais querendo “acalmar” seus irriquietos filhos.

Hoje a grande moda são as cirurgias plásticas, principalmente a


lipoaspiração, encarada como um método fácil e rápido para ema-
grecer. Mas é uma cirurgia, com anestesia geral e toda as suas possí-
veis complicações. Hoje já existem clínicas que fazem plásticas com
pagamento por carnê e promoções do tipo “cobrimos as ofertas da
concorrência”. E fazem de tudo para convencer você de que pode
ser uma pessoa melhor. Você cai nesta história? Acredita realmente
que se mudar o nariz será uma pessoa melhor?

O modismo estético é um dos grandes vilões que temos. Constrói-se


uma imagem determinada do que seria “bonito” e vende-se isto como
se fosse algum tipo de verdade universal. Na minha infância, nos
anos 70, o legal era ser magro até mostrar os ossos. O rapaz que não
tivesse as costelas à mostra e as garotas que não fossem “tábuas”
lisas, sem seios nem bunda, eram considerados “gordos”. E, claro,
execrados por toda a sociedade. O ser humano é pródigo em conde-
nar e humilhar outras pessoas que ele considera diferentes. Nos anos
80 isto começou a mudar com a geração saúde, dando mais impor-
tância à músculos e corpos mais torneados. Nos anos 90, seios fartos
e bundas redondinhas ganharam corpo e apareceram as próteses de
silicone para as menos “desenvolvidas”. E todos correm em busca
do corpo perfeito, do rosto perfeito. Mudamos o nariz, os lábios, as
orelhas, a curva dos olhos, o queixo, pintamos os cabelos, fazemos
“chapinha” e o que temos? Alguma outra pessoa. Se não é mais a
mesma pessoa, então quem é?

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 108

Assuma você. Você é você mesmo, com o seu corpo, seu jeito de
vestir, de andar, de sorrir. Pode ser melhorado? Claro, mas dentro
dos limites da Mãe Natureza e da sua saúde. Saúde e modismos
raramente combinam, pois modismos são massificações e você é um
Ser único em todo o Universo. Tomar o remédio da Tia Maricota,
carregar malas pesadas (pois já deixaram de ser bolsas) e fazer 23
plásticas para parecer outra pessoa não vão ajudar o que você é. Seja
você mesmo e pense e decida antes de seguir os outros cegamente.

RESUMO
Temos duas fontes básicas de estímulos: a interna e a externa.
A interna é a sensação de fome, sede, cansaço, emoções como
alegria, tristeza, raiva, entusiasmo e algumas aspirações espe-
ciais e espirituais. A fonte externa está representada pela in-
formação que nos chega através de nossos cinco sentidos or-
dinários: visão, audição, olfato, paladar e tato.
Imitar os outros é natural para o Ser Humano.
Devemos tomar cuidado para que nossas escolhas sejam feitas
de forma consciente e não por mera influência externa.
Modismos aparecem em tudo: vestuário, moda, remédios, in-
tervenções médicas, dietas, equipamentos eletrônicos, aparên-
cia física e comportamento. Toda vigilância é pouca.
Modismos são muitas vezes danosos à saúde pois são elabora-
dos para as massas e não para pessoas individuais como você.
Procure ser você mesmo, valorize quem você é ao invés de
procurar ser como todos os outros.

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 109

22
Beber Para Viver

Todos precisamos de líquidos para sobreviver. Somos compostos em


mais de 70% por água, portanto é natural que precisemos repor o
líquido que perdemos com o suor, urina e processo metabólicos. Esta
reposição deve ser constante ou corremos o risco de uma desidrata-
ção, que nada mais é do que a falta de água no organismo.

O ser humano, como criatura extremamente inventiva, não se con-


tentou com a água e criou diversas outras bebidas alcoólicas e não-
alcoólicas como cerveja, vinhos, bebidas destiladas, refrigerantes,
sucos, café, chá, isotônicos. Como isto afeta sua saúde? Veja a seguir.

Água
A água é nosso meio de subsistência. Somos todos filhos da água e
nos desenvolvemos no útero dentro de uma bolsa de água. Nossa
afinidade é imensa como demonstra o antigo hábito humano de ba-
nhar-se e o prazer de nadar. A água também deve ser consumida
regularmente para repor nossas perdas e prevenir problemas no or-
ganismo. Mas quanto devemos beber?

A resposta, como sempre, depende de cada pessoa e cada situação.


Não existe uma regra única e universal como a que se difunde por aí:
“beba sempre pelo menos dois litros de água por dia”. A coisa não é
bem assim, pois consumimos água o tempo todo, sempre que ingeri-
mos algo. O cafezinho do escritório, refrigerantes, sucos, frutas, sa-
ladas, são ricas em água. Um bife acebolado tem 80% de água. Até
farofa tem grande porcentagem de água! Então ingerimos água sem-
pre que ingerimos qualquer tipo de alimento. Como a nossa necessi-
dade diária de reposição está entre 2 e 3 litros, a alimentação já supre
mais da metade das nossas necessidades. A regra de ouro é: beba
quando tiver sede. Nada mais. Esqueça fórmulas e receitas mirabo-

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 110

lantes e apenas ouça seu corpo. Tire de sua cabeça a idéia de que
“quanto mais água, melhor”.

Lembre-se também de que nossa necessidade de água depende de


fatores climáticos, ambientais e de atividade. Qualquer exercício irá
criar uma necessidade de água proporcional ao esforço dispendido.
Se for verão ou inverno, também. O escritório tem ar condicionado?
É outro tipo de ambiente. Quanto mais você der atenção a seu corpo,
melhor ele irá funcionar.

Excesso de água pode ser extremamente danoso à saúde. Pessoas


com problemas cardíacos podem ter edema. Pessoas com baixo peso
corporal ou anorexia podem sofrer intoxicação pela água e causar
danos cerebrais, coma e até morte. Realizou-se um estudo na Mara-
tona de Boston em 2002 com 488 atletas. Eles fizeram um exame de
sangue antes e depois da corrida. Dos que completaram a prova à
beira de um desmaio, 65% tinham abaixado o nível de sódio por
terem bebido água demais.

Também evite água muito gelada, principalmente nos dias mais quen-
tes, pois causam choque térmico e bagunçam o equilíbrio da tempe-
ratura corporal. Tomadas durante as refeições, bebidas muito gela-
das atrapalham a digestão e causam sérios problemas.

Álcool
As bebidas alcoólicas são responsáveis por muitos problemas em
nossa sociedade. A cidade de Diadema, em São Paulo, ordenou o
fechamento de bares depois das 23h e reduziu os homicídios em 68%.
O alcoolismo também é uma das grandes causas de problemas fami-
liares e agressões domésticas e seu uso deve ser restrito, principal-
mente para menores de idade. O alcoolismo juvenil cresce a taxas
alarmantes e é um problema muito grave no Brasil. É fácil se acostu-
mar com a bebida quando jovem e não poder mais viver sem ela
depois.

À rigor, um pouco de álcool não faz mal. Pelo contrário, pode trazer

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benefícios à saúde, principalmente as bebidas fermentadas como vi-


nhos e cervejas. O metabolismo e absorção de álcool pelo fígado é
mais lenta nas bebidas fermentadas. O álcool também pode aumen-
tar o colesterol bom no sangue. O vinho tinto consumido com mode-
ração é reconhecido como protetor do coração, reduzindo os riscos
de enfartes e derrames. Aliás, o vinho faz parte da chamada “Dieta
Mediterrânea”, tão alardeada como uma alimentação saudável.

A cerveja é rica em minerais e tem ação antioxidante, além de ser um


bom diurético. O grande problema com a cerveja é a quantidade. Se
tomar até dois copos por dia, é saudável. Um engradado ou mais, é
problema. E é muito fácil para uma pessoa beber várias garrafas de
cerveja, como pude constatar facilmente nos bares ao redor da facul-
dade, em meus tempos de estudante. Se você beber 5 garrafas de
cerveja convencionais, estará tomando quase 4 litros de líquido...

As bebidas destiladas como vodka, uísque e cachaça devem ser


consumidas com muito mais cuidado, pois são rapidamente
metabolizadas no fígado, sobrecarregando-o. A maioria dos benefí-
cios da ingestão do álcool desaparece nas bebidas destiladas, que
são produzidas à base de destilação das bebidas fermentadas, au-
mentando a concentração de álcool. Evite este tipo de bebida ou
pelo menos não as misture com bebidas fermentadas numa mesma
ocasião. Se beber cerveja, não beba uísque. Não existem provas cien-
tíficas sobre os danos que isto causa, mas a tendência é que você
consuma mais álcool ao beber os dois tipos. A sabedoria popular
afirma que a mistura dá uma tremenda ressaca. Por que arriscar?

No Oriente as bebidas alcóolicas são muito apreciadas, mas trata-se


geralmente de bebidas fermentadas. O famoso Saquê, vinho de ar-
roz consumido em todo o Oriente é uma bebida fermentada. Na
literatura taoísta é comum nos depararmos com personagens que
tenham bebido. Isto não é um motivo de condenação. A Medicina
Oriental não possui restrições ao consumo de álcool, desde que seja
feito de maneira moderada.

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Refrigerantes
São a grande fonte de ingestão de líquido para muitas pessoas atual-
mente, principalmente pelos mais jovens. Bebida muitas vezes con-
denada injustamente, podem ser consumidas desde que com
parcimônia. A noção de que refrigerantes causam celulite é incorre-
ta, mas existem outros problemas e o pior deles é o gás carbônico
contido nestas bebidas. Se tomado nas refeições ele estufa a barriga,
dilatando o estômago e promovendo um espaço maior a ser preen-
chido com comida. O resultado todos nós sabemos. Além disto pos-
suem muitos tipos de aditivos, já que a maioria dos refrigerantes é
artificial.

Sucos
São uma boa fonte de líquidos, principalmente sendo o Brasil um
país tropical. Também são ricos em minerais, vitaminas e anti-
oxidantes. Temos grande quantidade de frutas de todos os tipos,
formas, cores e sabores. Mas tomar muito suco régiamente adoçado
pode levar a um excesso no consumo de açúcar. Cuidado também
com os sucos supergelados durante as refeições, já que em muitos
estados do Brasil é comum se fazer sucos com polpas de frutas con-
geladas. Também deve-se pensar na quantidade, pois um copo de
suco possui mais frutas do que você consumiria normalmente de uma
só vez. Um copo de suco de laranja puro contêm cerca de 4 ou 5
laranjas, por exemplo. Não é saudável consumir mais de uma dúzia
de laranjas por dia (cerca de três copos), não é mesmo? Moderação,
sempre.

Café e Chá
Injustiçados por muito tempo, o chá e o café não produzem tantos
malefícios assim. A própria cafeína pode ser saudável em pequenas
doses. Uma xícara de café fresco tomado após as re-
feições contribui para uma boa digestão por sua com-
posição e por ser tomado quente. O chá mate é uma
alimento poderoso, tendo sustentado nossas tropas
na Guerra do Paraguai por vários dias quando falta-
ram provisões. Pode ser tomado de diversas formas,

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tanto quente quanto gelado, acrescido de limão ou com suco de vári-


os tipos de frutas. O chá verde tradicional do Oriente é extremamen-
te benéfico ao organismo e tem um capítulo todo dedicado a ele
neste livro.

Isotônicos
São bebidas ricas em sais minerais e carbohidratos que repõe as per-
das do organismo principalmente em atividades esportivas intensas.
Foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Flórida para
o seu time de futebol americano, os “Gators” (daí o nome
“Gatorade”). Seu uso pode ser importante na reposição de minerais
e líqüido perdidos pelo organismo nas atividades físicas intensas mas
deve ser restrito às práticas esportivas. Isotônicos são complemen-
tos nutricionais e não refrigerantes! Seu uso deve ser moderado e
dentro das necessidades reais de cada atleta. Os isotônicos podem
ser substituídos sem problemas pela água de coco, muito rica em
minerais como potássio, sódio, fósforo e cloro, com rápida absorção
pelo organismo. Também o caldo de cana é um complemento inte-
ressante para as práticas esportivas por ter alto teor de sais minerais
e carbohidratos. O açúcar (sacarose) presente na “garapa”, como
dizemos em São Paulo, é facilmente metabolizado pelo alto teor mi-
neral do líqüido, diferente do açúcar branco que precisa retirar mi-
nerais do corpo para ser utilizado. Quando era adolescente, há algu-
mas décadas, eu era adepto da musculação e sempre tomava um copo
de caldo de cana (sem gelo) depois dos treinos. Diziam que eu era
doido por causa das calorias que a bebida tinha. Bobagem. Hoje até
times de futebol “descobriram” que um copo de caldo de cana de-
pois dos treinos coloca os atletas em ordem!

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 114

RESUMO
Somos 70% de água, logo precisamos de líqüidos para perma-
necermos saudáveis.
A água é a melhor opção, mas sem exageros. Não precisa ne-
cessariamente tomar 2 ou 3 litros por dia, basta ter uma ali-
mentação balanceada com verduras e frutas. O resto vem dos
demais alimentos, do cafezinho, do leite, do refrigerante...
Beba a água que quiser quando tiver sede. Mas atente tam-
bém para o clima da região e a época do ano. Lugares muito
quentes e secos podem causar desidratação mais rápido do
que o corpo percebe.
Bebidas alcóolicas podem ser consumidas e são até saudáveis,
desde que seja com moderação. Dê preferência às bebidas fer-
mentadas, especialmente os vinhos.
Evite refrigerantes em excesso. Prefira sucos naturais.
Café e chá podem ser consumidos normalmente de acordo
com sua pré-disposição. O café deve ser fresco e em quantida-
des módicas. Consulte o capítulo sobre o chá verde e veja seus
benefícios.
Isotônicos podem ser consumidos em caso de atividade física
intensa. Eles não são refrigerantes, mas complementos
nutricionais.

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23
Vestuário e Saúde

Qual a relação entre vestuário e saúde? Toda, eu diria. Somos ani-


mais com poucos pelos, de modo que necessitamos de vestimentas
para podermos nos abrigar do tempo. E nossa vestimenta deve se-
guir o clima da região em que moramos, nossas características étni-
cas e fisiológicas. Vamos ver como isto funciona.

O vestuário é um item no qual Oriente e Ocidente menos tem em


comum. Os orientais preferem uma roupa folgada, que ventile o cor-
po e o deixe mais livre. A indumentária ocidental é cheia de nós,
laços, botões, cintos e outros mecanismos para modelar o corpo de
maneira justa. Nós homens apertamos os pés em sapatos de couro
rígido, apertamos a cintura com cintos e apertamos a garganta com
gravatas. As mulheres tem sutiãs, espartilhos, meias de nylon, saltos
altos, vestidos justos. Tudo isto é muito elegante para nós, mas co-
bra seu preço na nossa saúde.

Começaremos com as malfadadas calças de cintura baixa, tão na moda


entre as moças. Este tipo de calça, muito divulgado no início do sé-
culo por ícones pop como Cristina Aguillera e Britney Spears é extre-
mamente danosa à saúde, especialmente para as brasileiras. Para este
tipo de vestuário ser compatível com suas usuárias seria necessário
que fosse feito sob medida, algo impraticável para a maioria das
pessoas.

Acontece que as brasileiras são, por definição étnica, bem guarnecidas


de quadris. Como a calça não é feita sob medida, geralmente ela não
“encaixa” na silhueta da mulher, deformando seu corpo. Notamos
muitas vezes na rua mulheres com a calça profundamente enterrada
em sua cintura, ou melhor, no quadril. Além de ser esteticamente
desagradável isto deforma o corpo, criando uma “linha de cintura”

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 116

no quadril e favorecendo a queda abdominal (denominado de


“ptose”), a famosa “barriguinha”. As mulheres tem uma forte ten-
dência a acumular gordura no baixo ventre como mecanismo de re-
serva e proteção durante a gestação. Sem apoio, esta camada adiposa
“cai” para a frente, sendo seguida pelos órgãos internos caso a pes-
soa não tenha os músculos abdominais muito bem trabalhados. Para
se ter uma noção da crueldade a que estão sujeitas as mulheres, ao
mesmo tempo em que é moda usar calças de cintura baixa (que cau-
sam a “barriguinha”) também é moda a barriga “tanquinho”, lisinha.
E tome estresse!

Além do aspecto estético deplorável, a saúde também se ressente


desta prática. O uso indiscriminado e contínuo de calças de cintura
baixa favorecem a parestesia, que é uma sensação de queimação na
panturrilha, formigamento ou adormecimento dos membros inferio-
res, segundo estudo publicado no Canadian Medical Association
Journal, em 2003. Isto se deve à pressão extrema exercida sobre ner-
vos do quadril. Cessada a utilização deste tipo de calça, a parestesia
desaparece.

Outra moda adolescente muito comum é a das blusas curtas, mos-


trando o umbigo. Combinadas com as calças de cintura baixa, cau-
sam um grande estrago à saúde feminina. Segundo a Medicina Tra-
dicional Chinesa (MTC), o sistema reprodutor feminino se ressente
facilmente de friagem, causando inúmeros transtornos como cólicas
menstruais, por exemplo. Já curei muitos casos de cólicas menstruais
apenas mandando a garota utilizar camisetas mais compridas. A re-
gião do útero e ovários devem sempre se manter aquecidos e não
ficar à mercê de correntes de vento, extremamente danosas segundo
a MTC. As mulheres grávidas também precisam manter a barriga
coberta para proteger o bebê.

Os orientais tem uma prática interessante que é o “banho de ar”.


Apenas fica-se nu ou pouco vestido durante algum tempo, em casa
mesmo, para que o corpo tome ar e ventile. É uma prática extrema-
mente saudável. Pequenos “banhos de ar” são benéficos na gravi-
dez, mas deve-se evitar sair por aí com o barrigão de fora...
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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 117

Sempre que possível devemos utilizar tecidos confeccionados com


fibras naturais ou pelo menos com maioria de fibras naturais. Eles
facilitam a transpiração e causam menos alergias que os sintéticos,
que por sinal tem outro efeito colateral.

Uma das secretárias de uma empresa de engenharia americana tinha


grandes problemas em utilizar seu computador. Aliás, qualquer com-
putador “pirava” quando ela passava por perto. Intrigados, os enge-
nheiros da empresa resolveram medir a carga elétrica estática acu-
mulada no vestido sintético da moça. Sabe o que deu? 600V! Isto
mesmo: seiscentos volts de eletricidade estática. Apenas porque ela
usava vestidos de material sintético.

Roupas íntimas de tecidos sintéticos não são muito boas justamente


por não permitirem a transpiração natural, ocasionando aumento do
calor na região e umidade do suor que se acumula. Local excelente
para micróbios de todo tipo proliferarem e causarem uma série de
doenças.

Por falar em aumento de temperatura, roupas muito justas tem este


mesmo incoveniente. No caso masculino, calças muito apertadas po-
dem reduzir a fertilidade, causar impotência e até mesmo chegar a
um câncer. Os testículos são extremamente sensíveis ao calor do cor-
po. Basta ver como o saco escrotal se alonga nos dias quentes, saindo
de perto do corpo, e se encolhe nos dias frios, se aproximando do
calor corporal. Tudo para manter a temperatura dentro dos fatores
ideais.

Sutiãs devem ser macios e bem ajustados. Peças apertadas costumam


dar sérios problemas de saúde como dores nas costas, problemas
respiratórios e inclusive cistos nos seios.

Uma simples gravata apertada pode aumentar a pressão no globo


ocular e provocar glaucoma e perda da visão, se insistirmos na práti-
ca. Cheque sempre seu colarinho!

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 118

Sapatos apertados podem causar joanetes e vá-


rias deformidades nos pés e pernas. Também
causam dores nas costas, principalmente na re-
gião lombar, como aqueles dos saltos altos.
Deve-se evitar o uso contínuo de tênis muito
justos, abafados, que podem causar micoses e
outros problemas de pele. Periodicamente é bom andar descalço, na
terra, na grama ou mesmo em casa. O uso de sandálias também é
interessante, para manter o pé arejado. Mantenha os pés sempre se-
cos. Se necessário, tenha um par de meias e sapatos extras no seu
trabalho.

Ao sair em tempo ruim, com muito vento ou chuva, use uma roupa
que proteja o pescoço, especialmente a nuca. Vimos que na MTC a
nuca é a “Porta dos Ventos” e pode levar a vários desequilíbrios
internos. Nunca saia no vento com os cabelos molhados.

Quando viajar ao exterior ou em regiões do Brasil com clima muito


diferente do que está acostumado, procure observar o que os “nati-
vos” usam e copie. Eles estão melhor adaptados para seu próprio
clima.

Alguns cuidados simples com o vestuário podem melhorar muito


sua saúde. Aprenda a sentir o que está causando seus males. Você
não precisa virar naturista e andar pelado para ser saudável. Basta
usar o bom senso.

RESUMO
Procure utilizar roupas folgadas e de tecidos naturais.
Moças, respeitem sua cintura: nada de calças de cintura baixa
ou uso excessivo de blusinhas mostrando o umbigo.
Homens, nada de calças apertadas. Seus futuros filhos agrade-
cem.

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 119

Proteja sempre a barriga e a nuca de ventos, principalmente


frios.
Cuidado na escolha dos sapatos. Podem ser de liquidação, des-
de que sejam bem confortáveis.
Sempre que possível areje seu corpo. Ir à praia é um bom exem-
plo de “banho de ar”. Cuidado com o sol e divirta-se.
Procure usar o que as pessoas do lugar usam pois elas estão
adaptadas ao meio.

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24
Barulho, Ruído e Silêncio

A vida nas grandes cidades se torna mais e mais barulhenta. E quan-


do não bastam os ruídos normais da civilização, saímos em busca de
ruídos ainda mais altos em músicas, shows, ferramentas, etc...

No Oriente o silêncio sempre foi considerado de grande importân-


cia. Técnicas orientais de meditação e exercícios físicos e mentais di-
versos são empregadas sem a necessidade de sons ou qualquer ruí-
do. Os indianos tem até um termo próprio, múni, para designar a
pessoa que está guardando voto de silêncio por algum motivo. Gandhi
era freqüente usuário desta técnica, ficando um dia inteiro sem falar
nada todas as semanas. Alguém aí seria capaz disto?

Para os orientais falar pouco e fazer pouco ruído está associado à


observação do interior, pois não se pode “ouvir” a própria mente se
estamos cercados por barulhos por todos os lados. Claro que isto
não deve ser levado a extremos, pois a música oriental é muito apre-
ciada e sons monossilábicos fazem parte das mais variadas culturas e
são empregados em técnicas como os mantras indianos e os sons de
cura chineses. Mas repare em um jardim japonês ou chinês e verá que
grande parte de sua atmosfera de paz e tranqüilidade vem da falta
de barulho ou de pequenos ruídos suaves como uma cascata.

Hoje vivemos em um mundo barulhento, cheio de máquinas, músi-


cas amplificadas e sons conflitantes por todos os lados. Na cidade de
São Bernardo do Campo (SP), onde moro, existem parques públicos
com jardins e locais para se caminhar ou correr. Seria um paraíso
contra o estresse se não existissem caixas de som espalhadas por
todo lado, tocando música incessantemente, mesmo que seja música
suave. Não se pode nem ouvir os pássaros. Este tipo de anti-ecologia
é um sintoma de nossa dependência psicológica do ruído. Quando

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 121

chegamos em casa corremos a ligar a TV, o rádio ou colocar um CD.


Xingamos o vizinho barulhento mas enchemos nossa vida de sons
altos e desnecessários que minam nossa saúde.

As células auditivas são extremamente sensíveis e quando são ex-


postas a um ruído muito forte, simplesmente morrem. Como exis-
tem milhões delas os danos não são imediatamente sentidos, mas
com o passar dos anos, se a exposição aos ruídos continuar, a dimi-
nuição da audição será sentida claramente. Estas células não voltam
a nascer, então quanto mais delas perdermos menor será nossa sen-
sibilidade aos sons.

Os fatores mais nocivos hoje em dia são os barulhos cotidianos (trân-


sito, campainhas, sirenes e equipamentos diversos) e as músicas mui-
to altas, principalmente quando escutadas através de fone de ouvi-
do.

Os barulhos cotidianos muitas vezes passam desapercebidos pelo


consciente mas são notados pelo organismo que tenta desesperada-
mente se adaptar a eles. Este tipo de ruído, por ser incessante, gera
um estresse orgânico inconsciente, que abala todas as fundações da
saúde e é a causa maior da irritabilidade, nervosismo e agressividade
dos moradores das grandes cidades. A grande diferença entre viver
numa grande metrópole e numa minúscula cidade do interior, acre-
dite, não é a agitação, mas o barulho! Só notamos o barulho a que
estamos acostumados quando vamos a algum lugar silencioso. Ao
mudarmos de casa para um lugar mais silencioso torna-se difícil con-
seguir dormir nas primeiras noites devido ao silêncio! É nosso corpo
que se adaptou para sobreviver.

Música alta é extremamente prejudicial, tanto em shows e baladas


quanto nas casas e mais ainda nos fones de ouvido. Os jovens se
habituaram com a idéia absurda de ouvir música no máximo volume.
Na verdade, desta forma ela deixa de ser música para se tornar ape-
nas pressão sonora, já que o som é uma onda mecânica. Melodia,
letra e cadência deixam de existir em função da “batida” da música,

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 122

pois é só o que se percebe em altos níveis sonoros. Ouvir música alta


nas baladas ou no fone de ouvido cria perdas auditivas certas e defi-
nitivas, que só tenderão a piorar com o passar do tempo. Pena que os
jovens não se preocupem com isto e acabem levando este hábito para
a idade adulta, com os conseqüentes efeitos.

As academias de ginástica são especialistas em música altíssima. Au-


las de Aeróbica parecem sessões de tortura com barulhos superiores
aos de um avião decolando. Certa vez fui pedir informações em uma
academia de musculação e ninguém conseguia me ouvir por causa do
volume da música ambiente. Desisti de treinar lá, pois não gosto de
usar protetores de ouvido, o que seria obrigatório para um aprecia-
dor do silêncio como eu. Gosto de escutar meus próprios pensamen-
tos.

Se você gosta de ficar em frente às caixas de som em shows ou au-


mentar o volume do CD, veja que pode não ser apenas por gosto,
mas por perda de audição. Pessoas que estão ficando surdas aumen-
tam gradualmente os volumes da televisão, rádio ou da música que
tentam escutar.

Eis uma pequena tabela de referência de ruídos, elaborada pela As-


sociação Americana de Fonoaudiologia, para ver a que ponto chega-
mos:

Desagradável ou Doloroso:
150 dB = pico de ruído em música de rock
140 dB = armas de fogo, sirene de ataque aéreo, motor a jato
130 dB = britadeira
120 dB = decolagem de avião a jato, música de rock amplificada de
4 a 6 pés [1,2 a 1,8 metros] de distância, estéreo de carro, ensaio de
banda

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 123

Extremamente alto:
110 dB = música de rock, aeromodelo
106 dB = sons de tímpano e zabumba
100 dB = snowmobile, moto-serra, perfuratriz
90 dB = cortador de grama, ferramentas elétricas, tráfego de
caminhões, metrô

Muito alto:
80 dB = despertador, rua movimentada
70 dB = tráfego intenso, aspirador
60 dB = conversa, lavadora de pratos

Moderado:
50 dB = chuva moderada
40 dB = sala tranqüila

Fraco:
30 dB = sussurro, biblioteca tranqüila

RESUMO
Sons e ruídos muito altos abalam nossa saúde, com certeza.
Os danos são graduais e irreversíveis.
Somos viciados em ruídos, desde nosso lazer e trabalho até a
ginástica da academia, feita sob músicas em volume máximo.
Sons normais do cotidiano causam grande estresse orgânico
por serem contínuos.
Música deve ser ouvida em volumes razoáveis. No volume
máximo não trazem nenhum benefício, apenas a perda siste-
mática da audição

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26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental - Gilberto Antônio Silva 124

Cuidado ao utilizar fones de ouvido. É normal no ônibus, por


exemplo, ouvirmos a vários metros o que uma pessoa está es-
cutando em seus fones. Isto é um abuso inadmissível contra a
sua saúde.
Procure sair do estresse urbano periodicamente e passeie por
parques e jardins que não tenham sistema de som. Deixe a
natureza ser o seu disc-jóquei.
Visite sempre que possível locais do interior ou do litoral,
menos barulhentos.
Olhe ao seu redor e procure reduzir o número e o nível de
ruídos em sua vida. Comece por reduzir o volume da televi-
são e falar mais baixo, por exemplo.
Preste mais atenção ao seu próprio interior.

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25
Em Busca da Longevidade

Muitos buscam a longevidade. Mas longevidade, para nós, é muito


mais do que simplesmente “viver muito”. É viver bem, mais feliz,
com saúde e disposição. É estar bem disposto, ativo e vibrante, inde-
pendente de quanto se viva. Esta é a questão.

A preocupação com o “quanto” se pode viver sempre intrigou os


seres humanos e fez parte das investigações básicas de todas as civi-
lizações. A verdade é que ninguém quer morrer, tomado pela igno-
rância sobre a real condição do Universo e de seu papel nele. Passa-
mos a acreditar piamente que tudo o que vemos ao nosso redor é a
única realidade existente, o que nos limita e nos faz buscar desespe-
radamente um prolongamento de nossa existência terrena.

Nos tempos antigos muitas pessoas pereceram buscando o “elixir


das longa vida” ou outro remédio milagroso que pudesse prolongar
seus dias na Terra indefinidamente. Na China, esta busca se intensi-
ficou entre os séculos II e VI de nossa era, onde os alquimistas chine-
ses buscavam muitas formas de se prolongar a vida e alcançar a imor-
talidade.

Muitos morreram envenenados por ingerirem pílulas feitas com chum-


bo ou mercúrio, elementos comuns nas práticas alquímicas. Inclusive
imperadores chineses. O que eles não compreendiam é que o objeti-
vo dos alquimistas chineses taoístas era obter a imortalidade espiri-
tual e não simplesmente a continuidade física. Este tipo de engano
também aconteceu com os alquimistas ocidentais, cujos experimen-
tos se basearam em fragmentos do conhecimento alquímico chinês
levado para a Europa pelos árabes. Por trás de todo um glossário de
termos e o intrincado aparato de materiais e produtos estava na ver-
dade uma analogia para a conquista de uma espiritualidade elevada.

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Hoje vemos a ciência correr atrás do velho sonho dos alquimistas,


senão da imortalidade ao menos da longevidade. Remédios, dietas e
tratamentos “miraculosos” surgem todos os dias para retardar o
envelhecimento.

A maioria das pessoas, principalmente as mulheres, procura retar-


dar o envelhecimento físico externo, apenas. Com aplicações de botox,
implantes e cirurgias plásticas se sucedendo em um ritmo sem fim,
acabam por ficar desfiguradas mas acreditando que ainda são jo-
vens. Não percebem como enganam-se a si próprias com alterações
que, à partir de certo ponto ou de certa idade, se tornam óbvias e
artificiais.

Mas todos nós envelhecemos e um dia morreremos. É uma lei da


vida que não pode ser mudada. O que podemos e devemos evitar é
a decrepitude, a degeneração. Sempre respeitando a ação natural do
tempo, podemos nos prevenir e agir em conformidade com o Uni-
verso para podermos chegar ao nosso fim com um sorriso nos lábios.

Saber envelhecer é o grande segredo para retardarmos a decrepitude.


Mas para isto devemos primeiro compreender como esta degenera-
ção se dá.

No Livro de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Huang Di


Nei Jing), obra fundamental da Medicina Chinesa e mencionado an-
teriormente, já no primeiro capítulo vemos o Imperador Amarelo
perguntar ao seu conselheiro taoísta Qibo o porquê dos homens de
antigamente viveram até os cem anos conservando uma boa saúde e
disposição enquanto no tempo dele os homens declinavam já aos 50
anos. A resposta do Mestre Qibo foi muito simples: porque os ho-
mens dos tempos antigos norteavam seu comportamento do dia-a-
dia pelas leis da Natureza. Seguiam o princípio do Yin/Yang e das
mutações do I Ching, por isso preservavam a sua saúde, mantendo
em padrões adequados sua comida e bebida, atividades físicas e tra-
balho. Já no seu tempo (e no nosso, também!), eles não preservavam

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sua saúde. Comiam em demasia, bebiam sem limites, eram sonhado-


res, extenuavam-se com o sexo gastando sua energia de forma
desordenada e trabalhavam em excesso com finalidades egoístas.
Você já viu uma situação assim por aí?

Todos temos um ciclo natural de evolução que, segundo a Medicina


Chinesa se dá desta forma:

HOMEM SITUAÇÃO MULHER


(Ciclos de 8 anos) (Ciclos de 7 anos)

Aos 8 anos (1x8) O sistema ósseo se ativa Aos 7 anos (1x7)


pela ativação da energia do
Rim e os dentes de leite são
substituídos

Aos 16 anos (2x8) Ocorre o amadurecimento e Aos 14 anos (2x7)


o sistema reprodutor se
equilibra. A menina pode
engravidar e o garoto se
acha cheio de energia vital e
pode gerar um bebê

Aos 24 anos (3x8) Seus dentes estão Aos 21 anos (3x7)


prontamente desenvolvidos e
atinge o status de adulto

Aos 32 anos (4x8) Seu corpo está na melhor Aos 28 anos (4x7)
forma e seus músculos
estão fortes e desenvolvidos.

Aos 40 anos (5x8) Ocorre a mudança da Aos 35 anos (5x7)


prosperidade para o declínio,
onde se abalam os cabelos
e seus dentes se estragam e
sua face enfraquece

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HOMEM MULHER
(Ciclos de 8 anos) SITUAÇÃO (Ciclos de 7 anos)

Aos 48 anos (6x8) Os canais de energia Aos 42 anos (6x7)


Yang se enfraquecem
e os cabelos se
tornam brancos e a
compleição da face
definha.

Aos 56 anos (7x8) Seu físico começa a Após os 49 anos


ficar velho e mais (7x7)
frágil.
Nas mulheres- seus
canais principais
declinam, a
menstruação some e
não pode mais
conceber.
Nos homens– a
energia do fígado
declina e os tendões
se tornam duros e os
movimentos lentos.

Após os 64 anos A energia do Rim se


(8x8) enfraquece, levando à
debilidade dos ossos
e tendões. A energia
vital declina e o corpo
se torna decrépito

Não se assuste, pois isto está colocado como uma referência natural,
que obviamente varia de pessoa para pessoa e de situação para situ-
ação. Mas a ordem é esta, de acordo inclusive com as descobertas da
ciência ocidental, apesar deste conhecimento ter mais de 2000 anos
na China.

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Portanto, qual o caminho para evitar a decrepitude segundo a sabe-


doria oriental? Seguir as leis da Natureza:

☯ Respeitar as estações do ano- agasalhar-se nos dias frios


e se refrescar nos dias quentes
☯ Evitar extremos de calor e frio, tanto no ambiente quanto
na alimentação
☯ Comer e beber moderadamente
☯ Ter sempre um período de descanso
☯ Participar de alguma atividade de lazer
☯ Se exercitar, mas sem competitividade
☯ Manter seu corpo relaxado e flexível
☯ Procurar prazer nas coisas simples da vida: um jardim
florido, um pôr-do-sol, um cachorrinho brincando, uma
criança feliz, uma borboleta, uma flor determinada, uma
pessoa querida, uma conversa amena, uma pequena via-
gem.
☯ Manter-se ativo fisicamente, mesmo em idade avança-
da. Tente caminhadas, Tai Chi Chuan, Yoga ou outra
atividade que envolva também um processo de quietu
de mental.
☯ Manter sua mente sempre ativa, através de palavras cru
zadas ou jogos de xadrez, por exemplo. Um dos melho-
res exercícios para a mente que existe é o xadrez, que é
muito fácil de se aprender e jogar. Experimente!
☯ Procurar usar água mineral e alimentos frescos, de pre-
ferência sem agrotóxicos e dentro da estação do ano ade-
quada.
☯ Ter senso de humor. Praticamente todas as pessoas cen-
tenárias que já vi dando entrevistas sobre seu “segredo”
de longevidade tem sempre uma coisa em comum: estão
sempre rindo! São alegres e animadas.

Este livro é todo baseado nas leis da natureza, que regem a Medicina
Oriental. Estude-o e procure compreender os ensinamentos que exis-
tem por trás das palavras.

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Busque a longevidade, com naturalidade. Saiba envelhecer, ame a


vida. Mas não se apegue a ela. E torne-se um ancião ou anciã respei-
tável e feliz.

RESUMO
Viver muito é menos importante do que viver bem.
Todos termos um ritmo de envelhecimento. É natural e faz par-
te de nossa vida. O que podemos prevenir e atenuar é a
decrepitude.
Agir segundo a Natureza e ter autoconhecimento são os únicos
caminhos para a longevidade saudável.
Medidas simples como respeitar as estações do ano e praticar
atividades que ajudem na manutenção da flexibilidade e do re-
laxamento são fundamentais.
Tenha senso de humor e não deixe de exercitar a mente tam-
bém.
Aceite sua idade e aja segundo ela. Não tente esconder o óbvio,
pois você só engana a si mesmo. Tenha orgulho de envelhecer
com dignidade e seja feliz.

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26
Longevidade e Sabedoria

Vimos no capítulo anterior sobre o que significa longevidade e como


retardar a decrepitude. Mas qual o objetivo de se atingir uma idade
avançada? Para que você deseja atingir a longevidade?

Dizem que durante nossa vida toda pessoa tem que fazer três coisas:
escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Você já pensou
sobre este velho ditado? O que estas três coisas tem em comum?

A resposta é: muitas gerações. Escrever um livro vai transmitir co-


nhecimentos e o seu modo de pensar para muitas gerações, durante
centenas de anos. Um filho irá ter outros filhos e assim sucessiva-
mente, criando inúmeras gerações. Uma árvore dará sombra e fru-
tos por várias gerações. Todas as três atividades podem tornar um
simples ato seu em algo perene, com o poder de influenciar o mundo
por décadas ou até séculos.

Pense no que você vai deixar para o mundo depois de sua morte,
pois em algum momento isto irá acontecer. Será que estas contribui-
ções para a Humanidade, se existirem, serão boas?

Não pense em fama, de jeito nenhum. Os maiores benfeitores da


Humanidade foram anônimos mas deixaram sua semente. Também
não pense em nada muito complicado, pode ser ajudar alguém em
dificuldades, um gesto de simpatia em um momento de desespero,
deixar de agredir quando provocado, auxiliar quem necessite. Você
pode deixar uma grande obra ou centenas de pequenas obras, não
importa. Apenas o conjunto delas dirá quem você foi.

Há pouco tempo li sobre um rapaz que mergulhou no rio Tietê para


salvar uma criança que estava sendo afogada pela mãe, e conseguiu.

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O fato deu grande repercussão no momento, mas em breve será es-


quecido. Mas aquela garotinha que teria perecido nas águas poluídas
do rio está viva. Ela pode ser a cientista que aperfeiçoará células
solares mais eficientes e nos dará uma fonte de energia limpa e eco-
lógica. Ou a piloto que, em um momento de pane, consiga pousar
uma avião com centenas de pessoas à bordo. Talvez aquele rapaz
tenha feito o único grande ato de sua vida, mas pode ter mudado
todo o destino da Humanidade. Aquela garotinha pode ficar mundi-
almente famosa, mas ela terá tido sua chance graças a um anônimo.

Graham Bell, o inventor do telefone, não tinha nenhum sucesso com


os investidores e outros cientistas e seu invento estava ameaçado de
não ter uma chance. Até que, numa exposição científica, o nosso Im-
perador D. Pedro II (freqüentador da comunidade científica) se inte-
ressou pelo invento esquecido em um canto do pavilhão. Imediata-
mente o mundo se voltou para o telefone! E foi apenas uma curiosi-
dade do monarca.

Qualquer pequeno ato pode ter grande repercussão. Todos somos


importantes pois a Humanidade é uma só. Todos contribuímos de
alguma forma para a vida de nosso semelhante. Nenhum gesto é
pequeno demais ou insignificante demais.

Apenas viver muito não é suficiente. Apenas viver muito e com saú-
de não é suficiente. O que você faz com sua vida, isto sim é o que
importa. A busca da sabedoria deve se iniciar desde cedo para que
tenhamos o que transmitir em nossa velhice. Para que nossa
longevidade tenha um propósito.

Em qualquer momento se pode parar e perceber que estamos apenas


sobrevivendo. E mudar. A busca pelo autoconhecimento, a
espiritualidade e a sabedoria não tem idade. É uma necessidade ínti-
ma do ser humano. Não tem fim, nem mesmo na nossa morte. Pois
morrer significa passar a outro estado e continuar a caminhada. Sem-
pre existe espaço para o auto-aprimoramento.

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Não temer a morte e nem procurá-la. Não buscar fama e riqueza


nem rejeitá-las. Seguir a vida como ela se apresenta, do começo ao
fim. Aceitar as mutações do caminho como as estações que passam.
Semear boas sementes para que as próximas gerações possam ser
mais felizes e sábias do que nós. Buscar o autoconhecimento, não
para nossa satisfação pessoal mas para que tenhamos algo de bom
para plantar.

Eis o sábio caminho da Longevidade.

RESUMO
Longevidade e Sabedoria não podem ser resumidos.
Devem ser vivenciados em sua forma integral.

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O Autor
Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Acupuntor, Terapeuta e
Escritor. Estudioso de filosofias e culturas orientais desde 1977,
pesquisou e analisou com profundidade a cultura e o modo de pen-
sar oriental. Atua no mercado editorial como escritor, assessor e editor
desde 1991, tendo mais de 250 artigos e matérias já publicadas em
internet, revistas especializadas e jornais diversos.

Foi fundador de várias publicações notáveis dentro da cultura orien-


tal, como a revista Oriente, o jornal Oriente ABC e as revistas digitais
Saúde & Longevidade e Budô.

Como terapeuta, se especializou em Terapias Energéticas como Crystal


Healing, Acupuntura, Terapia Emocional e Chi Kung. Foi palestrante
convidado na Feira TERAPÊUTICA 2003, com o tema “Manipulação
Consciente de Energia nas Práticas Terapêuticas” e palestrante con-
vidado do VII Congresso Internacional de Acupuntura e Terapias
Orientais do SATOSP, em 2004, com o tema “SEITAI, a Quiropraxia
Japonesa”. É criador do conceito de Transmutação Pessoal, que já
mudou a vida de dezenas de pessoas.

É membro da conceituada Associação de Medicina Chinesa e


Acupuntura do Brasil (AMECA), representante oficial da World
Federation of Acupuncture-Moxibustion Societies (WFAS) em nosso
país.

Na área de ensino terapêutico regular, foi Professor de Literatura da


Acupuntura Chinesa na EOMA - Escola Oriental de Massagem e
Acupuntura (SP) e foi Professor dos cursos de Massoterapia,
Acupuntura e Formação em Chi Kung da Keiko’s - Prevenção e Saú-
de (SP), sempre na área de filosofia e cultura chinesa, filosofia Taoísta
e fundamentos da Medicina Oriental.

Como Taoísta, procura difundir e utilizar esta sabedoria milenar,


berço da Medicina Oriental, em benefício de todas as pessoas.
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