UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE AGROTECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

TRABALHO DE SOCIOLOGIA – 1ª UNIDADE
Dayse Camila Saraiva Silva
Ana Tália Pinto Guilherme

QUESTÃO 1 – Relacione o surgimento da Sociologia como disciplina acadêmica

com a Modernidade.

Para proporcionar uma compreensão da relação da Sociologia com a

modernidade, é necessária uma abordagem sucinta sobre o contexto histórico do
surgimento e uma posterior contextualização dos resultados, levando em consideração a
realidade atual. Para tanto, vamos considerar como ponto de partida a crise da sociedade
feudal (a partir do século XVI) e o advento da civilização capitalista. A partir do século
XVIII, a revolução industrial e os impactos da revolução francesa originaram novos
problemas sociais e novas relações entre os homens, homens-máquinas, homens-
governo, homens-religião e homens-sociedade. Tais relações despertaram nos
estudiosos da época o interesse pela compreensão dos problemas, tais como
prostituição, alcoolismo, crimes, violência, epidemias, entre outros cada vez mais
recorrentes devido à rápida industrialização e urbanização.
Contudo, as mudanças e problemas sociais passam a ter importância para a
disciplina que posteriormente se chamaria sociologia. A sociedade passa, então, a ser
vista como “problema”, “objeto” de estudo e investigação.
Para entender melhor os rumos que tomaram os estudos, podemos citar Comte,
um dos fundadores da sociologia moderna, o qual entendia que a sociologia deveria
ensinar os homens a aceitar que a ordem existente. Para ele, a coesão e o equilíbrio da
sociedade só se dariam através do ordenamento das idéias, de tal forma a criar um
conjunto de crenças comuns a todos os homens. Mais a diante, devemos citar também
Durkheim, um pensador que sucedeu Comte. Na busca por respostas cientificas para a
resolução das perturbações que atingiam especialmente a sociedade francesa, ele
priorizava os aspectos ligados à coerção social, e a importância que certas instituições,
como a família, por exemplo, têm para o exercício da integração social. Foi através dele
que, finalmente, a sociologia ganhou reconhecimento acadêmico.
Segundo Carlos B. Martins (1988), a função dos sociólogos de nossos dias é
libertar sua ciência do aprisionamento que o poder burguês lhe impôs e transformar a
sociologia em um instrumento de transformação social. Para isso, deve colocá-la ao
lado dos interesses daqueles que se encontram expropriados material e culturalmente,
para junto deles construir uma sociedade mais justa e mais igualitária do que a
sociedade presente. Com base nisso, fica claro que o surgimento da sociologia como
disciplina acadêmica, frente às grandes transformações ocorridas a partir das
revoluções, é de grande valia para o entendimento dos problemas sociais que nos
rodeiam. Aliás, esses problemas são os mesmos originados há muito tempo pela
crescente urbanização e industrialização, dando origem ainda a desafios graves e
constantes que buscamos superar, como a desigualdade social e as conseqüentes lutas de
classes. A Sociologia, portanto, como disciplina acadêmica facilita a compreensão e,
conseqüentemente, a busca por soluções para os problemas sociais do mundo moderno,
já que permite examinar como ocorrem as interações sociais e seus padrões sociais e a
socialização como processo, bem como pensar como os indivíduos mudam pelo
exercício do poder, dominação, cooperação e conflito.

QUESTÃO 2 - Que características diferenciam o pensamento dos três principais

representantes da Sociologia no sec. XIX.

No desenvolvimento da sociologia, pode-se ser citado três nomes essenciais,

Émile Durkheim, Karl Mar e Max Weber, que são considerados os responsáveis pelo
surgimento de tal disciplina, por desenvolver teorias significativas e discutirem sobre
tais.

A sociologia passou a ser reconhecida através de Durkheim. Em meio a grandes

contradições geradas pelo capitalismo, tinha que deveria priorizar o desenvolvimento
das idéias morais que fossem capazes de direcionar o comportamento dos indivíduos
para a ordem e estabilidade. Observando a sociedade capitalista, e com intuito de
esclarecer sua teoria, Durkheim desenvolve alguns conceitos: ”divisão do trabalho”,
“solidariedade”, “fatos sociais”, “anomia”, entre outros. Com o intuito de estudar os
fatos sociais, que segundo ele direcionava o sujeito de maneira coercitiva e exteriores, a
sociologia passa a ser estabelecida como disciplina independente. Durkheim afirmava
também que as pessoas ao nascerem, já se deparavam com uma sociedade constituída,
com costumes, crenças e sistema econômico, que seriam repassados a elas pela
educação. Onde teríamos que seguir um modelo de comportamento, que iria nos propor
regras, o que vinha a definir nossos atos. Assim, ficava claro para ele que o homem era
incapaz de interferir no processo histórico, não podendo assim transformar a realidade
social. Para Durkheim, de maneira geral, a sociologia deveria procurar soluções para os
“problemas sociais”, buscando o equilíbrio social.

Outra linha de pensamente sociológico, surge a partir dos socialistas. Este

pensadores buscaram obter uma critica radical ao modelo e a estrutura social capitalista.
A consolidação do pensamento socialista deu-se por Marx e Engels, que trataram de
buscar uma explicação critica da sociedade capitalista, defendendo o socialismo.
Diferentemente de Durkheim, esses pensadores não tinham a intenção de
reconhecimento acadêmico da sociologia. O socialismo marxista abordou três principais
correntes de pensamento europeu do século XIX: o socialismo, a dialética e a economia
política. A linha de pensamento se deu mais nas lutas políticas do que nos espaços
acadêmicos. Direcionou seu pensamento na determinação econômica e, nas
contradições do capitalismo. Afirmava que as lutas de classes eram elementos básicos
da realidade concreta das sociedades capitalistas. Seu pensamento contraria o modo
positivista, que tinha na divisão do trabalho um meio de solidariedade entre os
indivíduos, afirmava que essa divisão de trabalho vinha a arruinar as relações de
exploração, deduziu assim que no capitalismo, os trabalhadores tinham disponível
apenas o trabalho manual, em forma de produção, em troca de salário. Marx estende sua
teoria ampliando para o lado político, demonstrando assim que a burguesia cria método
para dominar a sociedade, principalmente por meio do Estado.

Já Max weber deu mais importância à sociologia por parte cientifica. Ao

contrário de Marx, que impulsiona a ciência social para a luta do proletariado, weber
tenta isolar a sociologia dos movimentos revolucionários, acelerando a
profissionalização da disciplina. Marx ver a sociedade como um mecanismo para
oprimir ou emancipar o homem, enquanto Weber tem que a sociedade é um resultado de
inúmeras interferências individuais, alem de ser algo que veicula entre os indivíduos.
Afirma que nem toda atividade será social, somente aquelas que de certa forma
requeiram alguma orientação significativa através de outros sujeitos. Para ele, as
ciências podem utilizar de qualquer método, o que vai definir o caminho a ser tomado é
a necessidade da pesquisa. Também afirma que as coisas podem ser vistas de diferentes
maneiras, pois cada sujeito observa tal fato de acordo com seus valores. É considerado
um pessimista radical, pois ele achava que o tipo de vida que as pessoas estavam
submetidas no mundo moderno fazia com que a educação deixasse de formar o homem,
para apenas conduzi-lo a desempenhar atividades na vida.

QUESTÃO 3 - Qual a contribuição da análise sociológica para a sociedade

contemporânea. Na perspectiva do grupo, escolha um dos principais
representantes da sociologia e elabore uma crítica acerca de sua interpretação da
realidade social.

Conforme já foi discutido, a Sociologia nos permite compreender a estruturação

das sociedades, suas mudanças e os problemas sociais, bem como o papel das
instituições , de suas propostas e dos indivíduos que as representam. Esta perspectiva é
extremamente útil em nossa sociedade contemporânea, que tem raízes em um passado
marcado por fatos importantes que gradativamente configuraram o cenário atual, tais
como: o Renascimento, que formulou o pensamento burguês e deu origem a uma
sociedade baseada na propriedade, produção de mercadorias e lucros; o Iluminismo que
trouxe novos questionamentos, conceitos e metodologias, permitindo a diferenciação do
mundo social; o Liberalismo como modelo econômico que permitiu o desenvolvimento
do estado capitalista e lançou as bases revolucionárias inglesa e francesa.

Todos esses fatores contribuíram para despertar nos intelectuais da época o

interesse pela compreensão dos problemas. Dentre eles, o mais relevante, ou seja, que
tem pensamentos mais condizentes com a realidade atual é Max Weber, que se baseia no
método da sociologia compreensiva ou da ação social. Ao contrário de Marx, que
impulsiona a ciência social para a luta do proletariado, Weber tenta isolar a sociologia
dos movimentos revolucionários, acelerando a profissionalização da disciplina.

Weber acreditava que a sociedade é um resultado de inúmeras interferências

individuais, alem de ser algo que veicula entre os indivíduos. De fato, todas as
representações, criações ou mudanças que alteram a sociedade e suas relações são sim
resultado de interferências de cada indivíduo, de forma individual, dentro de suas
própria percepções e condições de alteridade. Para ele, as ciências podem utilizar de
qualquer método, o que vai definir o caminho a ser tomado é a necessidade da pesquisa.
Também afirma que as coisas podem ser vistas de diferentes maneiras, pois cada sujeito
observa tal fato de acordo com seus valores, ou seja, um mesmo fato pode ter diversas
visões; esta visão se aplica perfeitamente à nossa realidade.

Max Weber afirmava que a sociedade resulta das relações de poder e dominação
historicamente constituídas e acreditava ainda que o tipo de vida ao qual as pessoas
estão submetidas no mundo moderno fazia com que a educação deixasse de formar o
homem, para apenas conduzi-lo a desempenhar atividades na vida. De fato, a partir de
uma análise sociológica dos moldes dos diversos aspectos da sociedade contemporânea,
podemos perceber que mergulhado em uma sociedade puramente capitalista, o homem é
levado, desde cedo a pensar de forma capitalista e competitiva, de modo que a formação
pessoal e moral são, por muitas vezes, negligenciadas. Diante do que foi exposto, a
cerca do pensamento de Max Weber, com as devidas críticas, o grupo concorda que este
é o pensamento sociológico que mais se aplica à realidade atual.