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Análise econômica do BDI: Desmitificando os custos indiretos

Eng. Aristóteles Lemos da Silva


Técnico de Controle Externo – TCE-RJ
Mestrando em Produção Civil pela Universidade Federal Fluminense

Arq. André Escovedo Freire


Técnico de Controle Externo – TCE-RJ

BDI – Beneficio e Despesas Indiretas.


Definição: A taxa de Beneficio e despesas indiretas e a margem de acréscimo que se deve aplicar
sobre o custo direto para incluir as despesas indiretas e o beneficio da construtora na composição
do preço da obra (Mozart).
BDI –Conceitos
• Custos diretos – tudo que se consegue mensurar na unidade de serviço.
• Despesas indiretas – são gastos efetuados para executar um serviço que não variam com a
quantidade de cada serviço especifico.
• Benefício: - é o resultado esperado do contrato ou lucro pelos serviços prestados.

Com base na experiência da CEA, o cálculo do BDI sempre suscitou inúmeras dúvidas e
controvérsias entre os profissionais da construção, que, apesar dos muitos estudos técnicos
existentes, não restam solucionadas: Como ponderar o lucro na taxa de BDI? Quais os custos
com administração local e central? Quais são os riscos? Quais os encargos financeiros
envolvidos e como calculá-los? Quais as conseqüências da redução ou eliminação do BDI?

Serão abordados os seguintes tópicos:

1. Custo direto versus custo indireto

Por conceito, o BDI é a taxa ou fator que incide sobre os Custos Diretos da obra para a
remuneração dos Custos Indiretos desta, assim formando o Preço de Venda dos serviços
(BDI = PV÷CD), de modo que no enquadramento dos custos como diretos ou indiretos muitas
opiniões são observadas, gerando grande polêmica entre os autores técnicos.

Recentemente, porém, tem-se verificado algumas considerações convergentes para o


esclarecimento da questão:

Segundo o DNER,(2000) “a classificação do custo de um serviço como direto ou indireto


está apenas relacionada à sua inclusão ou não na respectiva planilha de preços” e “a distinção
entre custos diretos e indiretos está, portanto, vinculada à relação de itens de serviço que o órgão
rodoviário responsável pela obra esteja disposto a fiscalizar e, consequentemente, a medir e
pagar de forma individualizada”, destacando que “o fato que determinado item seja considerado
como custo indireto não impede que seu valor seja orçado de forma analítica”.

De modo convergente, o Eng. Mozart Bezerra da Silva, na 12a edição do TCPO – Pini
(2003), constata que “com a finalidade de reduzir a taxa de BDI, muitos contratantes consideram
parcial ou totalmente as despesas de administração local como custo direto, discriminando-as nos
itens da planilha até em contratos de empreitada. Apesar de não ser um bom procedimento (...)
trata-se de um procedimento comum. Neste caso, o construtor deverá orçar sua despesa de
administração local, descontando os itens incluídos na planilha do contratante, excluindo-os
assim do cálculo da taxa de BDI”.

Assim, o orçamento passa de somente PV = CD x BDI para PV = (CD + kCI) x BDI,


onde k varia de 0 a 1 e é o fator de “planilhamento” dos custos indiretos. Esta última expressão é
mais rica que a anterior e corrige em parte uma distorção da primeira relação: vincular a variação
de qualquer custo direto à variação indiscriminada de todos os custos indiretos.

Desta verificação, tem-se que quanto mais próximo de 1 for “k”, mais os custos indiretos
ficam desvinculados de variações nos custos diretos, sistemática que tem cada vez mais
aceitação entre os profissionais, pois minimiza possíveis distorções e permite uma melhor
representação da realidade dos custos nos orçamentos.

2. LUCRO

Há uma grande indefinição quanto às margens de lucro competitivas: novamente segundo


o Eng. Mozart Bezerra da Silva (2002), na década de setenta, o lucro alcançou 30% do custo
direto, enquanto hoje, alcança 10%.

Na prática dos contratos analisados pelo TCE/RJ, verifica-se o uso de taxas menores, em
média de 5%.

Um processo cada vez mais utilizado para calcular o lucro de um empreendimento se dá


através da TIR – Taxa Interna de Retorno – que é a taxa que iguala o investimento inicial ao
fluxo de caixa de todo o período do empreendimento: cada período (normalmente mês ou ano)
tem sua totalização de gastos e receitas (fluxo de caixa) trazidas para o mesmo momento, o início
do fluxo, ou o momento “zero”. A fórmula, segundo Assaf Neto (1993) segue:

F0 = F1/(1+i)1 + F2/(1+i)2 + F3/(1+i)3 + ... + FN/(1+i)N

Onde: F são os fluxos de caixa, i é a TIR e N é o número de períodos.

Segundo Consultorias da FGV (2001) e do Consórcio Ernst&Young/Noronha


Engenharia/Parsons Brinckerhoff International (2000), a TIR tida como competitiva na
conjuntura do mercado atual é de 20%/ano, o que representa aproximadamente 1,5%/mês. Ela já
trás embutida a inflação, pelo que deve-se sempre acompanhar as taxas de mercado para a
remuneração do capital, acrescentando-se uma taxa de risco empresarial.

Neste tipo de análise, a visão de lucro deixa de se restringir ao valor absoluto e passa a
considerar o tempo de retorno do investimento como um dos fatores da tomada de decisão.

3. INFLAÇÃO E ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO

Os contratos administrativos firmados para a execução de obras devem observar a


proibição de reajustes anteriores a um ano de vigência do contrato, o que cria condição
diferenciada para o construtor em relação ao mercado usual da construção, pois implica na
previsão por parte deste construtor contratado de aumentos em seus custos sem o repassa por
parte da Administração Pública.

Para fazer frente à redução do fluxo entre receitas e despesas que certamente ocorrerá, na
medida aproximada da perspectiva inflacionária máxima de 8,5% ao ano prevista pelo próprio
governo, ou aproximadamente 0,7% a cada mês, deve-se ponderar essa “quebra” de caixa como
despesa financeira no BDI.

Do mesmo modo os acordos coletivos de trabalho podem ocorrer durante a vigência do


contrato administrativo. Estando os preços dos serviços “congelados” por um ano, é muito
importante a consideração prévia destes acréscimos nos salários dos operários, ainda que de
difícil ponderação, pois o fato é previsível, mas de conseqüências incalculáveis. Neste sentido,
este acréscimo nos custos é perfeitamente enquadrável como motivo para o reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato, que entendemos ser a melhor forma de encarar a questão.
Todavia, quando esta solução for de difícil aplicação, devem-se prever no BDI os recursos
necessários para cobrir a diferença nos salários.

4. Inclusão de limites de BDI na contratação de obras publicas, como forma de estabelecer


Isonomia entre os agentes participantes dos processos licitatórios.

Algumas Prefeituras do Estado do Rio de Janeiro estão, através de decreto-lei,


estabelecendo limite máximo de BDI para suas obras de Engenharia.

Embora, tal prática não seja correta, do ponto de vista técnico de cálculo do BDI,
observamos, na prática, que é pequena a variabilidade dos componentes do BDI (taxa de lucro,
impostos, seguros, etc.), excetuando os demais custos indiretos que são os componentes mais
sensíveis quanto ao nível de complexidade da obra.

O BDI máximo adotado por estas Prefeituras é de 25%, esta fixação via decreto-lei
estabelece isonomia entre os agentes participantes do processo licitatório, quanto ao BDI.

Esta prática já é adotada pela União através da LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias
em vigor, que estabelece uma variação máxima de 30% sobre os preços referência do SINAPI.

A LDO de 2004 especifica, no seu artigo 101, que os custos de materiais e serviços de
obras executadas com recursos dos orçamentos da União não poderão ser superiores à mediana
daqueles constantes do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil –
Sinapi, mantido pela Caixa Econômica Federal.

O parágrafo primeiro do mesmo artigo permite que este limite possa ser ultrapassado em
condições especiais que deverá ser devidamente justificada em relatório técnico circunstanciado,
aprovado pela autoridade competente, sem prejuízo dos órgãos de controle interno e externo.

O parágrafo segundo define que caberá a Caixa Econômica Federal a ampliação dos tipos
de empreendimentos atualmente abrangido pelo Sinap, de modo a contemplar os principais tipos
de obras públicas contratadas, em especial as obras rodoviárias, ferroviárias, e de edificações,
saneamento, barragens, irrigação e linhas de transmissão.
5. Comparativos de taxas de BDI de diversas entidades (EMOP, PINI, COOPTEC).

A EMOP – Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro estabeleceu em


1995, critérios que deverão ser observados pela Comissão de Licitação da EMOP visando evitar
propostas que ofereçam preços irrisórios ou excessivos, incompatíveis com os preços dos
insumos e salários de mercado.

Limites da taxa de BDI(segundo EMOP).


Despesas indiretas Mínimo médio Máximo
Administração central 2 3 4
Administração local 2 3 5
Taxas impostos e eventuais 8 8 9
Subtotal: 12 14 18
Lucro: 5 7 9
Lucro s/ despesas indiretas 0.5 0.98 1.62
Totais: 17.6 21.98 28.62
OBS: Como podemos ver no quadro acima que, segundo EMOP, a taxa de BDI máxima
pode ser de até o máximo de 28,62%

Tabela de proposta EMOP para percentuais de BDI.

Tipo de obra Percentual de


BDI
Obras emergências 25%
Obras de reforma 20%
Obras novas 18%

Limites da taxa de BDI praticado na SABESP - obra padrão (fonte: Coppetec.)

Despesas indiretas Taxa (%)


Administração central 5,2
Administração local 3,5
Apoio técnico 0,9
EPI e Ferramentas 1,0
Subsídios à alimentação 3,0
Despesas Financeiras Capital de giro. 0,30
Despesas Financeiras –preços 2,30
Despesas legais 5,70
Elementos de custo 21,80
Taxa de lucro(*) 11,60
Total BDI 33,40
(*) 10% sobre o custo direto mais indireto.

A Eletropaulo tem praticado uma taxa de BDI variável entre 37,15% mínimo a um
máximo de 54,47%, segundo estudo da Coppetec.
Segundo pesquisa nas obras de reformas, contratadas pelo Banco do Brasil, o valor mais
freqüente (moda) da taxa de BDI para obras pequenas é em torno de 20%, percentual que
podemos considerar como taxa mínima de BDI para obras pequenas e médias, não devendo-se
aplicar para obras de vulto.

6. Comparação BDI Sistema Financeiro (Spread) x construção civil.

O Spread bancário é composto pelo lucro do banco (40% do spread), os impostos


Federais, o compulsório (29%) do Banco Central – BACEN, a inadimplência (17%) e as
despesas administrativas (14,1%).

O spread bancário, nos dias atuais, está situado num patamar de 41% - Impostos
(11,70%), Despesas administrativas (5,80%), Inadimplência (7,10%), lucro (16,40%).

Um estudo realizado pelo Banco Central aponta que o custo médio total dos empréstimos
chegou ao patamar de 83% no período maio-julho/99, sendo que o spread praticado pelas
instituições financeiras representou 62% deste custo, com a seguinte composição:

Risco de crédito: 35% (inadimplência)


Margem operacional: 22% (despesas administrativas)
18% (margem de lucro)
Cunha fiscal: 14% (impostos indiretos + CPMF)
11% (imposto de renda + CSLL)

Verificamos, segundo matérias publicadas, os efeitos nefastos de altas taxas de spread do


sistema financeiro, sobre as atividades produtivas e toda a sociedade civil.

“O impacto do alto custo do dinheiro implica em grandes restrições para o setor


produtivo utilizar o crédito para dar suporte à produção e disso decorrem severas limitações à
expansão não só da produção, mas também do emprego.”

“Os altos spreads foram um dos motivos básicos para a forte expansão dos lucros do
setor financeiro. O crescimento dos 50 maiores bancos, em 2002, comparado com o ano anterior
foi de 90%”, segundo consultoria especializada (consultoria Austin Asis, OESP, 12/03/2003)

Os bancos cobram taxas de spread (BDI) altíssimas, enquanto que a construção civil tem
que diminuir ou mesmo abolir a inclusão do BDI, na orçamentação de obras públicas o que
fatalmente implicará em obras abandonadas ou paradas ocasionando altos custos sociais.

7. Influência do BDI na orçamentação e cumprimento contratual.

A perfeita estimação do percentual de BDI, para um tipo específico de obra traz reflexos
positivos na execução contratual cujo resultado é a entrega da obra com garantia de qualidade
pelo contratado.
A taxa percentual derivada dos custos indiretos, se bem dimensionada, vai de encontro as
necessidades do contratante, especificações técnicas de materiais, métodos executivos, qualidade
e segurança e, cumprimento de cronograma físico-financeiro.

As despesas tributárias, obviamente, influem de maneira significativa onerando todo tipo


de obra, seja pública ou privada, e sua não inclusão, pelo contratado, não teria sentido, pois teria
que recolher aquilo que não recebeu.

O percentual relativo ao lucro, não pode ser neglicenciado pelos contratados, pois é a
meta principal de toda empresa privada a obtenção de lucro pelo exercício da atividade
empresarial.

Por fim a mensuração real da taxa de BDI leva contratante e contratado ao atendimento
de seus objetivos individuais: o executor recebe o preço justo e acordado e o contratante o
serviço como especificado.

8. Supressão do BDI nas obras publicas e suas conseqüências.

A supressão deliberada do BDI nas obras públicas, ou sua redução para taxas inferiores as
justas leva usualmente as seguintes conseqüências:
♦ A obra foi mal orçada no orçamento estimativo inicial e os verdadeiros custos serão
superiores ao estimado.
♦ Os serviços serão executados de forma diferente do projeto Básico e das especificações
previstas no contrato.
♦ A obra poderá ser abandonada.
♦ custo real da obra deverá ser renegociado.

9. Tendência de composição de BDI a longo prazo.

Ultimamente a importância dos custos indiretos cresceu significativamente com a criação de


novos sistemas de custeio tais como ABC- Activity Based costing, com intuito de identificar a
composição dos custos indiretos de um produto ou projeto. Junto a estes sistemas foram
implantados sistemas integrados de Gestão e Gerenciamento de projetos e contratos o que
obviamente resulta numa melhoria na qualidade e no cumprimento de prazos e cronogramas
físicos de etapas de obras e processos.

Estas atividades combinadas com a implantação de programas de qualidade (implantação de


ISO-9000), já se faz presente na indústria da construção civil nacional.

Embora haja um aumento dos custos indiretos, os ganhos de produtividade e qualidade em


obras é significativo e a tendência, no médio prazo, é se exigir níveis de qualidade e excelência
cada vez maiores nas obras públicas.

10. Conclusão: BDI vencer o mito.

Enfim, entendemos como necessário o esforço para a valorização da Engenharia de


Custos e para a desmitificação o BDI, como um importante instrumento para a efetiva e regular
gestão dos recursos públicos, em benefício da sociedade, sendo sempre bom lembrar as palavras
de Antônio Joaquim Andrietta (Revista Construção, n. 2340): “Certamente, tal mudança (refletir
e repensar o BDI) irá contribuir para uma nova visão empresarial e gerencial, com maior
produtividade, qualidade e competitividade, realismo nos preços e, com outras medidas também
necessárias, ajudará muito a recuperação econômica do país, o atendimento de obras prioritárias
e o fortalecimento das empresas, reconhecendo-se a ampla força alavancadora que a construção
tem na economia, como geradora de empregos e de riquezas”.

Bibliografia:

TCPO 2003 – Tabelas de Composição de Preços para orçamentos. 12. ed. São Paulo: Pini, 2003.

DIAS, Paulo Roberto Vilela. Engenharia de Custos. 3. ed. Rio de Janeiro: CREA-RJ; IBEC,
2001.

NEVES, Cesar das, coordenador. Análise do BDI na formação do custo de obras de engenharia
sobre empreitada. Fundação Coopetec. Apostila, 2000.

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