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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE

Notas de aula
Conversão de energia

Professor: Wanderson Ferreira de Souza

Belo Horizonte
2010
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – Conversão de Energia

Sumário
1 Definição de grandezas magnéticas ................................................................................................ 1
1.1 Conversão eletromagnética de energia .................................................................................... 1
1.2 Lei de Ampère ......................................................................................................................... 2
1.3 Campo magnético ou densidade de fluxo magnético .............................................................. 3
1.4 Permeabilidade ........................................................................................................................ 3
1.5 Fluxo magnético ...................................................................................................................... 4
1.6 Intensidade do campo magnético ............................................................................................ 4
1.7 Relutância ................................................................................................................................ 5
1.8 A fem induzida ........................................................................................................................ 5
1.9 Fatores que afetam a fem induzida .......................................................................................... 6
1.10 A lei de Lenz ........................................................................................................................... 7
1.11 O gerador elementar ................................................................................................................ 7
1.12 FEM gerada por uma bobina móvel num campo uniforme ..................................................... 8
1.13 Processo de retificação ............................................................................................................ 9
1.14 Força eletromagnética ........................................................................................................... 10
1.15 Ação motora e ação geradora ................................................................................................ 10
1.16 Diagrama elétrico do motor e gerador ................................................................................... 11
1.17 Circuito magnético ................................................................................................................ 12
1.18 Curvas de magnetização ........................................................................................................ 14
1.19 Perdas por histerese e correntes parasitas em materiais ferromagnéticos ............................. 16
2 Bibliografia ................................................................................................................................... 18

II
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Lista de Figuras
Figura 1 - Lei de Faraday observada em um condutor l movendo-se em um campo magnético B. ....... 1
Figura 2 - Força existente entre o condutor 1 e o condutor 2 estabelecidas pela lei de Ampère. ........... 2
Figura 3 - Regra da mão direita, de Fleming. .......................................................................................... 6
Figura 4 - Efeito da variação do fluxo concatenado. ............................................................................... 6
Figura 5 - Efeito da indução segundo a lei de Lenz.. .............................................................................. 7
Figura 6 - Indução eletromagnética e direção estabelecida pela regra da mão direita.. .......................... 7
Figura 7 - Formato de uma fem induzida por um campo uniforme.. ....................................................... 8
Figura 8 - Disco de Faraday, o verdadeiro gerador CC........................................................................... 9
Figura 9 - Estrutura de um comutador e formato da fem induzida nas escovas.. .................................. 10
Figura 10 - Presença da força magnética sobre o condutor l................................................................. 10
Figura 11- Sentido de rotação do motor e gerador ................................................................................ 11
Figura 12 - Representação gráfica do motor elementar e ação geradora. ............................................. 12
Figura 13 - Circuito magnético. ............................................................................................................ 13
Figura 14 - Diagrama unificar de um circuito magnético. .................................................................... 13
Figura 15 - Permeabilidade relativa em função da densidade de fluxo. ................................................ 14
Figura 16 - Ciclo de histerese e curva de magnetização normal. .......................................................... 15
Figura 17 - Curvas de magnetização de materiais ferromagnéticos típicos .......................................... 16
Figura 18 - Ciclo de histerese e relações de energia por meio ciclo. .................................................... 17

Lista de tabelas
Tabela 1 - Paralelo entre o sistema elétrico e o magnético. .................................................................. 13

III
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1 Definição de grandezas magnéticas


As explorações insaciáveis do homem nas profundezas do oceano e no espaço começaram a estimular
a investigação de outros meios de conversão de energia (solar, bioquímica, química e nuclear). Mas,
seja qual for o método de geração de energia, parece que, uma vez que a eletricidade é a única forma
de energia cujo controle, utilização e conversão em outras formas são relativamente fáceis, ela
provavelmente continuará a ser a forma principal de energia utilizada pelo homem (Kosow, 2000).
Independentemente de quais meios exóticos ou sofisticados de geração elétrica venham a ser
descobertos no futuro, os princípios da conversão e utilização da eletricidade devem ainda ser
fomentados, analisados e desenvolvidos.

1.1 Conversão eletromagnética de energia


A primeira indicação da possibilidade de intercâmbio entre energia elétrica e mecânica foi
apresentada por Michael Faraday em 1831.
A conversão eletromagnética de energia, como é entendida hoje, relaciona as forças elétricas e
magnéticas do átomo com a força mecânica aplicada à matéria e ao movimento. Como resultado
desta relação, a energia mecânica pode ser convertida em energia elétrica, e vice-versa, através
das máquinas elétricas. Embora esta conversão possa também produzir outras formas de energia
como calor e luz, para a maioria dos usos práticos avançou-se até um estágio onde as perdas de
energia reduziram-se a um mínimo e uma conversão relativamente direta é conseguida em
qualquer das direções. Assim, a energia mecânica de uma queda d’água é facilmente convertida
em energia elétrica através de um alternador; a energia elétrica produzida é transformada, por
conversão eletromagnética de energia, numa tensão mais elevada para transmissão a longas
distâncias e, em algum ponto terminal, é transformada novamente para distribuição numa
subestação, onde, a partir de um centro de carga, se distribuirá energia elétrica a consumidores
específicos como fazendas, fábricas, residências e estabelecimentos comerciais.
O princípio da indução eletromagnética pode ser compreendido através do diagrama apresentado
na Figura 1.

Figura 1 - Lei de Faraday observada em um


condutor l movendo-se em um campo
magnético B. Fonte: (Kosow, 2000)

O valor da tensão induzida em uma simples espira de fio é proporcional à razão de variação
das linhas de força que passam através daquela espira (ou se concatenam com ela).

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1-1

onde e é a tensão induzida [volts/espira]


Φ representa o fluxo magnético ou linhas de força magnética concatenadas pela espira
[volts.segundo] ou [webers]
t é o tempo no qual Φ linhas são concatenadas [segundos].
Para a maioria das aplicações usuais, a conversão de energia elétrica em mecânica, e vice-versa,
pode ser considerada como uma reação reversível (Kosow, 2000).

1.2 Lei de Ampère


A Figura 2 apresenta uma variante simplificada da experiência de Ampère. O arranjo consiste em um
condutor longo, 1, conduzindo uma corrente com módulo constante, I1, e um condutor elementar de
comprimento l, conduzindo uma corrente com módulo constante I2, em sentido oposto a I1.
Considerados em conjunto, o condutor elementar e a corrente I2 constituem um elemento de corrente,
I2l. Além disso, supõe-se que os condutores 1 e 2 estão no mesmo plano horizontal e são paralelos
entre si. De acordo com a lei de Ampère, observa-se que, com este arranjo, existe uma força no
condutor elementar, dirigida para a direita. O módulo da força resultante é diretamente proporcional a
I1, I2, l e ao meio ambiente que envolve os condutores, e inversamente proporcional a distância entre
os mesmos. O módulo desta força é dado pela Equação 1-2

1-2

Figura 2 - Força existente entre o condutor 1 e o


condutor 2 estabelecidas pela lei de Ampère. Fonte:
(Del Toro, 1994)

onde I1 e I2 estão em ampères, l e r em metros e µ é uma propriedade do meio.


O sentido do campo magnético é rapidamente determinado pela regra da mão direita, que estabelece
que, se o condutor do enrolamento de campo (1, neste caso) é seguro com a mão direita, com o polegar
apontando no sentido da circulação da corrente, as linhas de fluxo (ou densidade de fluxo) serão no
sentido em que os dedos envolvem o condutor (Del Toro, 1994).

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Lei básica que determina a relação entre corrente elétrica e campo magnético. A integral de linha do
vetor intensidade de campo magnético, em torno de uma trajetória fechada, na mesma direção das
linhas de campo, é igual à corrente total através da superfície contida pela trajetória de integração de
H. I1 é uma quantidade escalar.

1-3

A expressão do lado esquerdo da Equação 1-3 é uma integral de linha da intensidade de campo
magnético (H) é igual às correntes envolvidas (ou ampères-espira) que produzem as linhas de campo
magnético. Esta relação e chamada de lei de Ampère de circuito e é expressa como

1-4

onde fmm designa os ampères-espiras envolvidos pelo percurso fechado assumido pelas linhas de
força. A grandeza fmm e também conhecida como força magnetomotriz.

No estudo de máquinas elétricas, o condutor 1 será referido como o enrolamento de campo,


porque ele produz o campo magnético de trabalho, ao passo que o circuito completo do qual o
condutor elementar é uma parte, é chamado de enrolamento de armadura.

1.3 Campo magnético ou densidade de fluxo magnético


Sabe-se que a força que aparece sobre o condutor 2 é devida ao campo magnético existente naquele
espaço, pois em torno do condutor 1 há um campo com linhas de força constantes. A densidade de
fluxo representa os efeitos das cargas em movimento que I1 produz. O seu módulo é dado pela
Equação 1-5

1-5

então

1-6

B é definido como o campo magnético ou, ainda melhor, como a densidade de fluxo magnético
existente na região onde está o condutor elementar 2 e é expresso em unidade de webers/metro2
[Wb/m2] ou tesla [T].

1.4 Permeabilidade
É a propriedade que os materiais possuem de permitir maior penetração do campo magnético em uma
dada região, equivalendo a uma maior densidade magnética. Sendo assim, cada material terá o seu
valor. Para o vácuo esse valor vale

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A unidade da permeabilidade expressa no sistema MKS é o newton/ampère2. Lembrando que


newton.metro = joule = volt.ampère.segundo e que a unidade da indutância equivale a
volt.segundo/ampère, chega-se a unidade da permeabilidade como henry/metro [H/m].
Todos os demais materiais têm as suas permeabilidades referenciadas a permeabilidade do vácuo.
Assim criou-se um conceito de permeabilidade relativa (µr), que é um número que representa quantas
vezes a permeabilidade daquele material é maior que a permeabilidade no vácuo. Para alguns materiais
como o Deltamax, o valor de µr pode exceder a 100.000, já a maioria dos materiais ferromagnéticos
esse valor fica em torno de centenas ou milhares (Del Toro, 1994).

O comportamento magnético dos materiais pode ser separado em:


Diamagnéticos: quando estes materiais são o meio o campo magnético por eles se mostra
menor do que no vácuo. Apresentam permeabilidade relativa menor do que 1. Exemplos:
prata, cobre e hidrogênio.
Paramagnéticos: quando um campo é aplicado a esse material o resultado é um aumento da
densidade de fluxo magnético. Permeabilidade relativa ligeiramente superior a 1. Exemplos:
alumínio e platina.
Ferromagnéticos: nestes a permeabilidade relativa é muitas vezes maior do que o vácuo. São
de grande importância na engenharia elétrica. Exemplo: ferro e suas ligas com níquel, cobalto
e alumínio.

1.5 Fluxo magnético


De maneira geral, o fluxo magnético pode ser entendido como a medida da quantidade de linhas de
força por unidade de área. A rigor define-se o fluxo magnético como a integral de superfície da
componente normal do vetor campo magnético, Bn.

onde s representa a integral de superfície,


A representa a área da bobina e
Bn a componente normal do campo magnético
A unidade do fluxo magnético é o volt.segundo, entretanto, essa não é a unidade mais usada, sendo o
weber [Wb] a comumente empregada.

1.6 Intensidade do campo magnético


O campo magnético (B) é uma grandeza que traduz a informação do campo presente em uma região.
No entanto, essa grandeza é dependente do meio, conforme mostrado na Equação 1-5. Em algumas
situações é interessante ter uma grandeza que traduza informação do campo magnético, mas que não
dependa do meio. Assim foi definida a intensidade do campo magnético, H.

1-7

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Aqui, H é depende da corrente que criar o campo e da geometria da configuração, porém independente
do meio. A sua unidade é o ampère/metro [A/m].

1.7 Relutância
Tomando a Equação 1-4, que estabelece a lei de Ampère, para a condição de uma intensidade de
campo H, constante, e um comprimento l fixo, chega-se na seguinte expressão para a força
magnetomotriz

Se a mesma situação for mantida, tendo B penetrando uma área fixa, A, o fluxo magnético fica

1-8

Então, o termo que aparece entre parênteses na Equação 1-8, representa a resistência a circulação do
campo magnético em um dado material. Observando a expressão percebe-se a similaridade com a
expressão da resistência elétrica. Assim, a relutância pode ser entendida como a “resistência
magnética”.
Nenhuma unidade especial é atribuída a relutância, sendo que matematicamente a sua unidade é
ampère/volt.segundo.

1-9

Substituindo a Equação 1-9 na Equação 1-8 chega-se na expressa que é conhecida como a lei de Ohm
do circuito magnético.

1-10

1.8 A fem induzida


Considerando a Figura 1 mostrada e que o condutor apresenta um comprimento ativo l pode-se
determinar o valor da fem induzida (e) conforme Equação 1-11.

1-11

O sentido da femi pode ser determinado através da regra de Fleming, conhecida como regra da mão
direita. A Figura 3 ilustra a relação entre o campo magnético, movimento do condutor e sentido da
femi a parte (a) mostra o movimento ascendente e a parte (b) o movimento descendente.

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Figura 3 - Regra da mão direita, de Fleming. Fonte: (Kosow, 2000)

1.9 Fatores que afetam a fem induzida


A femi é depende do valor do campo magnético (B) e da velocidade do movimento (v), cujo produto
Bv representa a variação do fluxo magnético, e também do comprimento do condutor l. Assim sendo,
aumentando o valor do campo magnético aumenta-se o valor da femi, aumentando a velocidade do
movimento também se aumenta o valor da femi, no entanto, o simples aumento do comprimento do
condutor l não implica em aumento do o valor da femi. Para que isso ocorra, é necessário o aumento
ativo do condutor l, que somente é conseguindo com pólos de campo maior, ou um com um maior
número de pólos e bobinando o condutor da bobina, de forma que vários componentes fiquem ligados
em série. Esses métodos são empregados em máquinas comerciais.
O caso de um condutor movimentando em direções perpendiculares ao campo magnético é mostrado
na Figura 4 parte (a). Nesta condição, para qualquer valor de campo B e valor de velocidade v a femi e
estabelecida pela Equação 1-11.

Figura 4 - Efeito da variação do fluxo concatenado. Fonte: (Kosow, 2000)

Considere o condutor mostrado na Figura 4 parte (b), ele se move na direção paralela ao campo
magnético, o que faz com que a femi seja nula, uma vez que não há variação do fluxo concatenado. O
condutor ao se mover não concatena outras linhas de força. Observe, que apesar disso, nem a
densidade de fluxo magnético nem a velocidade de movimento do condutor são nulos. Considerando
que a comprimento ativo do condutor, l, é não nulo é necessário haver um termo multiplicando a
Equação 1-11, indicando a direção do movimento em relação ao campo magnético. Por inferência é
fácil perceber que este termo é uma função senoidal, tendo em vista que para a condição de campo
paralelo a femi é nula e para a condição de ortogonalidade é máxima. A Equação 1-12 estabelece o

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valor da para qualquer condutor em movimento, em qualquer sentido com relação ao campo
magnético.

1-12

1.10 A lei de Lenz


Estabelece a relação entre os sentidos da femi e da corrente induzida no condutor com a variação no
fluxo concatenado que as induz.

Em todos os casos de indução eletromagnética, uma femi fará com que a corrente circule
num sentido tal que seu efeito magnético se oponha à variação que a produziu.

Pode-se também mostrar que a propriedade da indutância é um efeito e um resultado da lei de Lenz,
que estabelece que a tensão gerada em um condutor pela variação do fluxo concatenado estabelecerá
uma corrente, cujo campo magnético associado tende a opor-se à variação do fluxo que concatena o
condutor. A indutância é a propriedade que um componente ou circuito possui de opor-se a qualquer
variação de corrente elétrica (Kosow, 2000).
A Figura 5 mostra um gerador elementar acionado por uma máquina primária no sentido ascendente,
parte (a), o campo em torno condutor no sentido anti-horário e a distorção sofrida pelo campo
magnético.

Figura 5 - Efeito da indução segundo a lei de Lenz. Fonte: (Kosow, 2000).

1.11 O gerador elementar


Apesar de na prática as máquinas comerciais possuírem uma quantidade muito maior do que uma
simples espira é conveniente compreender como se dá o processo de indução neste caso, para depois
extrapolar para as outras condições. Esse processo é mostrado e pode ser compreendido segundo a lei
de Lenz, conforme mostrado na Figura 6.

Figura 6 - Indução eletromagnética e direção estabelecida pela regra da mão direita. Fonte: (Kosow, 2000).

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1.12 FEM gerada por uma bobina móvel num campo uniforme
Se a bobina de uma só espira da Figura 6 - Indução eletromagnética e direção estabelecida pela regra
da mão direita. Fonte: . é posta a girar num campo magnético uniforme a uma velocidade constante,
como mostra a Figura 7 parte (a), a femi num determinado lado da bobina variará com o seu
movimento através das várias posições de 0 a 7, conforme mostra a figura.
Usando o lado ab da bobina como referência, note-se que, quando ele estiver na posição O da Figura 7
parte (a), a femi na bobina será zero, uma vez que o condutor ab (bem como o condutor cd) está se
movimentando paralelamente ao campo magnético, sem experimentar a variação de fluxo. Quando o
condutor ab se movimenta para a posição 1, girando no sentido horário, ele corta o campo magnético
uniforme num ângulo oblíquo de 45°. A femi neste condutor em movimento ascendente, com respeito
a uma carga externa, será positiva e seu valor será de aproximadamente 70,7 por cento da máxima
tensão. A variação na tensão é mostrada graficamente na Figura 7 parte (b), onde a fem é positiva na
posição 1 e tem o valor aproximado indicado. Quando a bobina alcança 90°, posição 2, o condutor ab
tem o máximo fluxo concatenado, uma vez que se move perpendicularmente ao campo magnético, e
tem o máximo valor positivo mostrado na figura anterior e na Figura 7 parte (b). A posição 3, que
corresponde a um ângulo de 135°, leva a uma fem no lado ab da bobina idêntica à produzida na
posição 1 [sen 135° = sen 45°], com polaridade positiva uma vez que o condutor ainda se movimenta
ascendentemente, mas a variação do fluxo concatenado ocorre numa razão menor que a da posição 2.
Quando o condutor ab alcança 180°, posição 4, a femi é novamente zero, uma vez que não há variação
de fluxo concatenado quando o condutor se movimenta paralelamente ao campo magnético. Na
posição 5, correspondendo a 225°, a femi no condutor ab tem a polaridade invertida, uma vez que ab
agora se move descendentemente no mesmo campo magnético uniforme. A femi aumenta até um
máximo negativo a 270°, posição 6, e finalmente decresce, passando pela posição 7 e voltando a zero
na posição 0.
Deve-se notar que a natureza da femi em um condutor que gira num campo magnético é, ao mesmo
tempo, senoidal e alternativa. Posteriormente, ver-se-á que uma fem alternada é produzida nos
condutores de todas as máquinas girantes, quer CC quer CA. Observe-se que durante este processo
não há femi nos condutores bc ou ad, uma vez que eles não estão sujeitos a alterações do fluxo
concatenado. Mesmo que estes condutores produzissem femi eles não contribuiriam para a fem da
bobina, uma vez que eles se movimentam na mesma direção no mesmo campo e produziriam,
portanto, fem iguais em oposição. Os lados da bobina ab e cd, entretanto, auxiliam-se mutuamente e a
fem total produzida pela bobina é o dobro do valor representado na Figura 7 parte (b). Deve-se notar
que não se produz fem nas posições 0 e 4, conhecidas como zonas neutras ou interpolares da máquina.
Deve-se enfatizar o fato de que uma forma de onda senoidal é produzida por um condutor girando em
um campo teoricamente uniforme, como representado na Figura 7, no qual o entreferro não é
constante devido às faces planas dos pólos (Kosow, 2000).

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Figura 7 - Formato de uma fem induzida por um campo uniforme. Fonte: (Kosow, 2000).

1.13 Processo de retificação


Todas as máquinas elétricas girantes, independente de seu tipo ou propósito, geram correntes
alternadas (CA), com a única exceção das máquinas homopolares (Kosow, 2000). É bastante
interessante saber que a primeiro gerador elétrico apresentado por Michael Faraday se trata na verdade
de um real gerador CC, conhecido também como disco de Faraday, a mostra a sua estrutura.

Figura 8 - Disco de Faraday, o verdadeiro gerador CC. Fonte: (Kosow, 2000).

A Figura 9 apresenta um gerador bipolar com comutador de dois seguimentos. Consiste de dois
segmentos, apoiados no eixo da armadura, mas dela isolados, bem como isolados um do outro. Cada
segmento do comutador do condutor é ligado, respectivamente, a um lado da bobina. Desde que os
lados da bobina e os segmentos do comutador estão mecanicamente ligados ao mesmo eixo, a ação
mecânica da rotação é a de reverter as ligações e a bobina da armadura a um circuito externo
estacionário, no mesmo instante em que se inverte a femi no respectivo condutor (isto é, quando o lado
da bobina se desloca para um pólo de nome oposto).
Como mostram a Figura 7 e a Figura 9, a femi em um condutor ab é de polaridade positiva para os
primeiros 180° de rotação (posições de 0 a 4), e de polaridade negativa para os outros 180° (posições
de 4 a 0). Mas, na Figura 9, o condutor ab está ligado ao segmento 1 do comutador e o condutor cd ao
segmento 2. Para os primeiros 180° de rotação, portanto, a fem positiva produzida pelo condutor ab é
ligada à escova estacionária positiva. Para os seguintes 180° de movimento, a fem negativa produzida
pelo condutor ab está ligada à escova estacionária negativa. O mesmo efeito ocorre na ordem inversa
para o condutor cd. Assim, a ação do comutador é de inverter simultaneamente as ligações ao circuito
externo no mesmo instante em que se inverte o sentido da fem em cada um dos lados da bobina. Cada
escova, positiva ou negativa, respectivamente, é mantida, pois, sempre na mesma polaridade. A Figura
9 parte (b) mostra a forma de onda da fem (e da corrente) produzida como resultado do processo acima
para um ciclo completo (ou 360°) de rotação.

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Figura 9 - Estrutura de um comutador e formato da fem induzida nas escovas. Fonte: (Kosow, 2000).

1.14 Força eletromagnética


Uma força eletromagnética existirá entre um condutor e um campo sempre que o condutor percorrido
por uma corrente estiver localizado no campo magnético, numa posição tal que haja uma componente
do comprimento ativo do condutor perpendicular ao campo.

Figura 10 - Presença da força magnética sobre o condutor l. Fonte: (Kosow, 2000).

O módulo da força magnética é estabelecido conforme mostrado na seção da “Lei de Ampère” e a


Equação 1-2.

1.15 Ação motora e ação geradora


As relações entre o sentido de corrente no condutor, o sentido do campo magnético e o sentido da
força desenvolvida no condutor podem ser convenientemente recordados e determinados por meio da
regra da mão esquerda ou do motor, como mostra a Figura 11 parte (a). Como no caso da regra da mão
direta, de Fleming, para a ação geradora, o dedo indicador também indica o sentido do campo (N para
S), o dedo médio indica o sentido da corrente circulante (ou fem aplicada), o polegar o sentido da
força desenvolvida no condutor ou do movimento resultante.
Na Figura 11 foram unificadas algumas das relações que ocorrem na conversão eletromecânica de
energia. Na Figura 11 tem-se a oportunidade (finalmente) de unificar algumas das relações que
ocorrem na conversão eletromecânica de energia. A Figura 11 parte (a) mostra a ação motora,
conforme descrita na seção precedente, e sua respectiva figura. Para os sentidos do campo e da
corrente de armadura mostradas, a força desenvolvida no condutor tem o sentido ascendente. Mas a
força desenvolvida no condutor faz com que ele se movimente no campo magnético, resultando uma
variação do fluxo concatenado em volta deste condutor. Uma fem é induzida no condutor “motor” da
Figura 11 parte (a). O sentido desta fem induzida é mostrado na Figura 11 parte (b), para os mesmos
sentidos de movimento e campo. Aplicando esta fem induzida ao condutor da Figura 11 parte (a),

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observa-se que ela se opõe ou se desenvolve em sentido contrário ao da circulação da corrente (e fem)
que criou a força ou o movimento; assim é ela chamada de força contra-eletromotriz. Note-se que o
desenvolvimento de uma força contra-eletromotriz, mostrado como a linha pontilhada na Figura 11
parte (a), é uma aplicação da, e está de acordo com a, lei de Lenz, com respeito ao fato de que o
sentido da tensão induzida opõe-se à fem aplicada que a criou. Assim, quando quer que ocorra a ação
motora, uma ação geradora é simultaneamente desenvolvida como mostra a Figura 11 parte (a).

Figura 11- Sentido de rotação do motor e gerador

Se, toda vez que ocorre a ação motora, também se desenvolve a ação geradora, pode ser
levantada a questão da possível ocorrência do caso inverso. A ação geradora é mostrada na
Figura 11 parte (b), onde uma força mecânica move um condutor no sentido ascendente,
induzindo uma fem do mostrado. Quando uma corrente circula, como resultado desta fem, existe
um condutor percorrido por uma corrente num campo magnético; assim ocorre a ação motora.
Mostrada pela linha pontilhada da Figura 11 parte (b), a força desenvolvida como resultado da
ação motora se opõe ao movimento que a produz. Pode então ser estabelecido categoricamente
que a ação geradora e a ação motora ocorrem simultaneamente nas máquinas elétricas
girantes. Portanto, a mesma máquina pode ser operada tanto como motor quanto como gerador,
ou como ambos.

1.16 Diagrama elétrico do motor e gerador


Uma representação mais gráfica, em termos de elementos rotativos, é apresentada na Figura 12, que
compara motor e gerador elementares para o mesmo sentido de rotação e mostra os circuitos elétricos
de cada um. O leitor deve estudar esta figura com muito cuidado porque ela é a chave para a
compreensão da conversão eletromecânica de energia. Dado o sentido da tensão aplicada e da
corrente, como mostra a Figura 12 parte (a), a ação motora que resulta produz uma força, que gira no
sentido horário, em ambos os condutores. O sentido da força contra-eletromotriz induzida é também
mostrado como oposto ao da tensão aplicada, quer na Figura 12 parte (a) quer no circuito do motor da
Figura 12 parte (c). Observe-se que, para que a corrente produza uma rotação no sentido horário e
tenha o sentido mostrado da Figura 12 parte (c), é necessário que a tensão aplicada aos terminais da
armadura, Va, seja maior que a fcem desenvolvida, Ec. Assim, quando uma máquina é operada como
motor, a fcem gerada é sempre menor que a tensão nos terminais (que produz a ação motora) e se opõe
à corrente da armadura.

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Figura 12 - Representação gráfica do motor elementar e ação geradora.

Supondo que os condutores do gerador elementar da Figura 12 parte (b) são postos em movimento no
sentido horário, uma fem é induzida no sentido mostrado na figura. Quando ligada a uma carga, como
mostra a Figura 12 parte (d), a corrente da armadura resultante que circula produzirá um torque
resistente mostrado em pontilhado em ambas as figuras do gerador. Observe-se que, no circuito do
gerador da Figura 12 parte (d), para os mesmos sentidos de rotação dos condutores e do campo
magnético, o sentido de circulação de corrente é invertido. Quando uma máquina é operada como
gerador, a corrente da armadura tem o mesmo sentido da fem gerada, e a fem gerada Eg é maior que a
tensão Va dos terminais da armadura que é a aplicada à carga.
Para um motor,

Para um gerador,

1.17 Circuito magnético


Os problemas envolvendo dispositivos magnéticos são fundamentalmente problemas de campo, que
ocupam espaço tridimensional. Por sorte, o grosso do espaço de interesse do engenheiro estará
preenchido por materiais ferromagnéticos, exceto os entreferros. Mas como os entreferros são
construídos de forma muito pequena é possível que o espaço ocupado pelo campo magnético e
praticamente igual ao espaço ocupado pelo material ferromagnético. Assim, o problema de campo
tridimensional torna-se um problema de circuito unidimensional, o que estabelece a idéia de circuito
magnético, conforme Figura 13. Seguindo o conceito estabelecido na Equação 1-10 e tendo por
analogia os circuitos elétricos chega-se a um diagrama unifilar que representa o circuito magnético,
conforme apresentado na Figura 14.

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Figura 13 - Circuito magnético.

Figura 14 - Diagrama unificar de um circuito magnético.

É possível estabelecer as seguintes analogias, conforme mostrado na Tabela 1.

Tabela 1 - Paralelo entre o sistema elétrico e o magnético.

Elétrico Magnético

Força de excitação E ≡ tensão da bateria fmm ≡ ampère.espiras aplicado

Resposta ou ou

Impedância

[A.e/m]
Intensidade de ou
ou
campo

Diferença de
potencial

Densidade ou ou

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1.18 Curvas de magnetização


Uma variação típica de µr para ferro fundido está mostrada na Figura 15. Aqui, µr está plotada contra a
densidade de fluxo ao invés de força magnetizante porque é o início do realinhamento de mais e mais
domínios que gera a mudança na permeabilidade. Infelizmente, o estágio de desenvolvimento da teoria
do magnetismo não está tão desenvolvido a ponto de permitir a previsão das propriedades magnéticas
de um material em bases puramente teóricas, mesmo se a composição exata do material for conhecida.
Por exemplo, com a teoria atual não é possível dizer-se exatamente o que ocorrerá com a densidade de
fluxo numa dada amostra de ferro para um valor especificado da força magnetizante. Ao contrário,
essa informação é usualmente obtida pela consulta de catálogos técnicos e descritivos onde as
propriedades magnéticas medidas de uma amostra representativa do material estão publicadas. Estes
catálogos são fornecidos aos usuários pelos fabricantes de aços magnéticos, e incluem informações
sobre formas e perfis diversos como folhas, fios, barras e mesmos fundidos de até centenas de
toneladas.

Figura 15 - Permeabilidade relativa em função da densidade de fluxo.

Frequentemente, em aplicações de engenharia de materiais ferromagnéticos, o aço é submetido a


valores de H variáveis ciclicamente, tendo os mesmo limites positivo e negativo. Quando H varia entre
vários ciclos idênticos, o gráfico de B versus H se aproxima igualmente de uma curva fixa fechada,
como indicado na Figura 16. O ciclo é sempre percorrido na direção indicada pelas setas. Visto que o
tempo é a variável implícita para esses ciclos, observe que B está sempre atrasado em relação a H.
Desta forma, quando H é zero, B é finito e positivo, como no ponto b, e quando B é zero, como no
ponto c, H é finito e negativo, e assim por diante. Essa tendência da densidade de fluxo de atrasar-se
em relação à intensidade do campo quando o material ferromagnético está numa condição de
magnetização ciclicamente simétrica, é chamada histerese e a curva fechada abcdea é chamada um
ciclo de histerese. Além disso, quando o material está nesta condição cíclica, a quantidade de
intensidade de campo magnético necessária para reduzir a densidade de fluxo residual a zero é
chamada deforça coerciva. Normalmente, quanto maior a densidade de fluxo residual, maior deve ser
a força coerciva. O valor máximo da força coerciva é chamado de coercividade.
O exame dos ciclos de histerese da Figura 16 toma evidente que a densidade de fluxo correspondente a
uma intensidade de campo em particular não tem um único valor. Seu valor se situa entre certos
limites, dependendo da história prévia do material ferromagnético. Contudo, visto que em muitas
situações envolvendo dispositivos magnéticos essa história prévia é desconhecida, um procedimento
de compromisso é utilizado para se fazer cálculos magnéticos, fazendo-se uso de uma curva com
valores únicos, chamada de curva de magnetização normal. Essa curva é obtida passando-se uma
curva pelas extremidades de um grupo de ciclos de histerese obtidos enquanto numa condição cíclica.

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Tal curva é Oafg na Figura 16. Curvas típicas de magnetização normais de materiais ferromagnéticos
usuais estão representadas na Figura 17.
Uma última observação é necessária neste ponto. Pela Equação 1-7, a permeabilidade de um material
pode ser expressa como a relação de B para H. Relacionando essa afirmativa com a variação não-linear
que existe entre B e H, confirma a variação da permeabilidade com a densidade do fluxo como já
mencionado em relação à Figura 15. Na realidade, para um material numa condição cíclica, a
permeabilidade não é mais que a relação entre B e H para os vários pontos ao longo do ciclo de
histerese.

Figura 16 - Ciclo de histerese e curva de magnetização normal.

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Figura 17 - Curvas de magnetização de materiais ferromagnéticos típicos

1.19 Perdas por histerese e correntes parasitas em materiais


ferromagnéticos

O processo de magnetização e desmagnetização de um material ferro magnético numa condição


cíclica e simétrica envolve um armazenamento e uma liberação de energia que não é totalmente

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reversível. Quando o material é magnetizado durante cada meio ciclo, tem-se que a quantidade
de energia armazenada no campo magnético excede a que é liberada na desmagnetização. O
ciclo de histerese foi definido como variação da densidade do fluxo em função da intensidade do
campo magnético para um material ferromagnético numa condição cíclica. O fator
preponderante do ciclo de histerese é a reorientação lenta dos domínios em resposta a uma força
magnetizante que varia ciclicamente. Um ciclo de histerese isolado está indicado na Figura 18.
As direções das setas nessa curva indicam o modo pelo qual B varia quando H varia de zero a
um valor positivo máximo, passando por zero, a um valor negativo máximo e, de volta a zero,
completando, desta forma, um ciclo completo.

Figura 18 - Ciclo de histerese e relações de energia por meio ciclo.

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2 Bibliografia
Del Toro, V. (1994). Fundamentos de máquinas elétricas. (O. d. Martins, Trad.) Rio de Janeiro: LTC.
Kosow, I. L. (2000). Máquinas elétricas e transformadores (14 ed.). (F. L. Soares, Trad.) São Paulo:
Globo.

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