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INTRODUÇÃO À CIÊNCIA POLÍTICA

PROFESSOR NEWTON SÉRGIO DE SÁ VIEIRA


FONE: 3422-2395 – 8409-3730 - e-mail: newton@unijipa.edu.br

10ª Aula – O NEOLIBERALISMO - (Antes em seu início e


atualmente)

Continuação dos temas abaixo

Fazer uma pesquisa sobre os temas, e um relatório contendo


Introdução, Desenvolvimento e Conclusão:
Combate à impunidade no Brasil e reforma das leis processuais
penais; (Na atualidade) Palestrante Dr. Marcus Edson de Lima
(Defensor Público)
O NEOLIBERALISMO – (Em seu Inicio e na atualidade)
Para discutir e trabalhar apresentar em sala de aula no dia
14/04/2010.

O NEOLIBERALISMO – Antecedentes Históricos:

Toda e qualquer doutrina deve ser entendida como resultado de uma


reação, de uma oposição. Ela estrutura-se para combater algum princípio
que a desagrada, ao mesmo tempo em que procura oferecer uma
alternativa, superando-a. Com o neoliberalismo não foi diferente. Logo,
cabe fazer uma curta exposição das doutrinas econômicas que o
antecederam.

Como resultado do colapso da economia capitalista provocado a


partir de 1929, data da quebra da Bolsa de Nova Iorque, o célebre crash, o
mundo mergulhou na Grande Depressão dos anos 30. Viu-se então o
fechamento de fábricas, a corrida aos bancos seguida de suas quebras, a
falência do comércio e pequenos negócios, a redução da produção das
minas e dos transportes, em seguida da baixa geral das relações comerciais
internacionais, culminando num desemprego jamais visto. Eram 14 milhões
de nos anos de 1932-34 nos Estados Unidos, 6 milhões na Alemanha e
mais ou menos o mesmo entre ingleses, franceses, belgas e holandeses.

A doutrina liberal “clássica” entrou em pane. A crença de que


obediência às leis do mercado bastaria para, em breve, retirar o mundo da
depressão, não se confirmou. Ao contrário, os anos foram passando e a
crise se aprofundando.
Etapas do Capitalismo Moderno

De 1780 a 1880, foi considerada como Ascensão do Liberalismo


Econômico:

Ocorreu a Revolução Industrial na Europa Ocidental e nos EUA.


Economia política inglesa e fisiocratas franceses opõem-se ao
mercantilismo e à intervenção do estado: capitalismo laissez-faire.
Defendem as leis do livre mercado e do livre cambismo, da livre iniciativa
e o predomínio da propriedade privada.

É considerada como fase Clássica: Adam Smith com seu livro A


Riqueza das Nações (1176); Robert Malthus com Ensaios sobre a
População (1798); David Ricardo com Princípios da Economia Política
(1818).

Ocorre a iniciativa privada, com a abolição dos monopólios e das


guildas. Liberdade de mercado e livre cambismo. Redução ou abolição das
isenções. Estimulo à concorrência e limitação da intervenção estatal.
Afirmação do laisse faire dos fisiocratas.

De 1880 a 1930, foi considerada como Apogeu do Liberalismo:

Difusão do sistema industrial por outros países. Expansão do


capitalismo em forma imperialista ou colonialista, em busca de mercados e
de novas fontes de matéria-prima. Formação de grandes complexos
financeiro-industriais (capitalismo oligopolítico). Funções do Estado
meramente reguladoras, sem interferir na economia.

É considerada como fase Marxista: Com Karl Marx em seu livro O


Capital (1867).

Ocorre então a abolição da propriedade privada dos meios de


produção. Propriedade coletiva. Poder do estado prossegue, enquanto ainda
existirem classes sociais. O Estado desapareceria, conforme crescesse a
igualdade social. Controle da produção e distribuição pela classe operária.

De 1929-1930, ocorre a fase de crise:

Com a Quebra da bolsa de Nova Iorque (Outubro de 1929), início da


Grande Depressão. Desemprego avassalador e falência do sistema
bancário. Estagnação industrial e agrícola.
É considerada a fase Neoclássica: com Alfred Marshall em seu livro
Princípios de Economia (1890); Jean Walras com Elementos de Economia
Pura (1874-77); Böhm - Bawerk em Capital e Interesse (1895).

Com o aprofundamento dos princípios do livre mercado. Objetiva o


estudo da economia como “equilíbrio perfeito”, matematização da
economia. Grandes construções teóricas, imaginando um cenário
harmonioso mediado pela prática da concorrência e pela evolução gradativa
da produção. Objeção a qualquer intervencionismo estatal, seja como
regulador, seja como estado empresário. Sua ortodoxia é a estabilidade da
moeda e dos orçamentos públicos.

De 1930 a 1980, foi considerada como Estado de Bem-Estar Social


e Revolução Keynesiana:

Ocorrendo então a intervenção do estado para superar a depressão


econômica através do gasto público. Política do pleno-emprego.
Reconhecimento dos sindicatos e melhorias sociais e previdenciárias.
Política do New Deal nos EUA e políticas sociais e distributivistas da
social-democracia européia. Surgem empresas estatais ao lado das
privadas.

Já em 1973, foi considerada como Crise do petróleo:

A partir da guerra do Yom-Kipur, e com a elevação repentina dos


preços do petróleo provocam onda inflacionária mundial e colocam em
crise o estado de bem-estar social.

É considerada como fase Keynesiana: com John M. Keynes em seu


livro Teoria Geral (1936).

Ocorre então a retomada do intervencionismo estatal para superar a


estagnação e a crise. O estado é chamado para superar a desordem
econômica e social. Chama a si a reordenação da economia que se
encontrava em mãos privadas, através dos gastos públicos em obras de
infra-estrutura. É preferível uma inflação moderada a uma estagnação.
Apóia uma política de distribuição de renda e uma política de supressão da
pobreza. Aproxima-se dos sindicatos e é favorável ao estado de bem-estar
social.

Pós-1980, foi considerada como Neoliberalismo:


Com uma política de combate ao estado de bem-estar social.
Desregulamentação da economia, diminuição dos tributos sobre os altos
rendimentos e capitais. Política anti-sindical. Desestatização e privatização
aceleradas de empresas estatais. Luta contra o protecionismo econômico e
contra as reservas de mercado. Equilíbrio orçamentário, combate à inflação
por meio da ortodoxia monetária. O império do mercado.

Foi considerada a fase Neoliberal: com Von Mises em sua obra


Teoria do Dinheiro e Crédito; Von Hayek em seu livro O Caminho da
Servidão (1944); Milton Friedman na Escola de Chicago.

Ocorre então a defesa do Estado mínimo. Com a retomada da política


favorável ao mercado. Controle dos sindicatos através do desemprego. A
crise é o resultado das pressões vindas de baixo, que fazem com que os
tributos aumentem, inibindo os lucros. Combate ao estado de bem estar
social e suspensão das políticas de assistência social. Privatização completa
da economia, acompanhada da diminuição da carga tributária sobre as
empresas e os ricos. Desestatização acelerada e desregulamentação
completa da economia. É condenável qualquer inibição aos lucros.

O paradigma teórico até então seguido era, principalmente, o da


escola marshalliana, formada pelos seguidores Alfred Marshall, um
respeitável economista inglês. Segundo ele, nos seus “Princípios de
Economia” (Principles of Economics, de 1890), o objetivo do processo
produtivo era o “equilíbrio perfeito”, um cenário harmonioso mediado por
uma concorrência saudável e pela evolução gradativa de toda a sociedade.
Era o consagrado Cosmos liberal, um mundo perfeitamente ordenado, onde
os agentes competiam entre si, obedientes às sagradas leis do processo
econômico, entre elas a velha Lei de Say, segundo o qual a produção é
regulada pela demanda e onde a miséria e o desemprego ocupavam um
mundo externo a ele. Esse Cosmos harmônico refletia o clima de otimismo
que imperava na época da onda de prosperidade do sistema capitalista, que
entusiasmou tanto a Inglaterra vitoriana, como a Alemanha Guilhermina,
que se deu antes da Guerra de 1914-18. A doutrina repudiava qualquer
intervencionismo estatal, fosse como regulador ou como estado-
empresário. Sua ortodoxia era a estabilidade da moeda e os orçamentos
públicos equilibrados. Além de, evidentemente, depositar uma fé quase que
religiosa nas virtudes do mercado.

Com a devastação provocada pela crise de 1929, repentinamente, o


sistema viu-se no desamparo teórico. É certo que as doutrinas liberais, tanto
as de Jean Walras como as de Böhm Bawerk, faziam referência de crises,
mas ninguém poderia prever uma igual à que ocorreu, que atingiu
dimensões diluvianas. Isso explica de certa forma por que diversos países
buscaram solucioná-la, apelando para o intervencionismo autoritário
(Alemanha em 1933, Espanha em 1936, Brasil em 1930 e, novamente em
1937, etc.) ou para um intervencionismo regulador (o caso do New Deal
nos EUA).

A mais expressiva manifestação teórica dessa nova situação, de


ressurgimento de um intervencionismo e de um abandono dos paradigmas
“clássicos”, dentro do marco capitalista, foi à teoria keynesiana. John M.
Keynes publicou sua principal obra, a “Teoria Geral” (The General Theory
of Employment. Interest and Money, 1936), em meio aos efeitos corrosivos
da crise. Para ele, deveria retomar-se a idéia do intervencionismo estatal
para superar a estagnação e o desespero em que as sociedades se
encontravam. Tratava-se de chamar de volta as forças da Ordem estatal
para livrar o Cosmos liberal do caos em que se encontrava. Esse
intervencionismo não significava o estado assumir as funções empresariais,
mas sim agir como um instrumento de recuperação da vida econômica
através de estratégicos gastos públicos. A dinamização de grandes obras, a
construção de “pirâmides”, segundo Keynes, faria com que parte da mão-
de-obra desempregada voltasse a participar do mercado. Com o retorno de
parte dos trabalhadores ao universo salarial, outros setores da economia
seriam gradativamente reativados para atenderem a demanda, saindo-se
gradualmente da crise. Rompia-se assim o ciclo de estagnação,
desemprego, queda nos investimentos. O estado chamando a si a
reordenação da vida econômica, atuava como uma alavanca, a alavanca de
Arquimedes, capaz de refazer o Cosmos atingido pela desordem.

A Teoria keynesiana desde então se tornou o novo paradigma. Foi


ela que embasou a formação dos Estados de Bem Estar Social que
começaram a ser instituídos nos países desenvolvidos do após 2ª Guerra
Mundial. Amplas políticas de proteção social foram então desenvolvidas,
baseadas em tributação elevada sobre o capital e as Rendas, transferindo-as
para atender as carências do mundo do trabalho. Apoio à saúde pública,
ampliação do lazer, redução da jornada de trabalho, aposentadorias
antecipadas, obras em infra-estrutura, etc. caracterizaram esse período, que
se estendeu até a década de 1970.

Foi então que uma nova crise se deu. Em 1973, como resultado da
Guerra do Yon Kipur entre Israel e os árabes, os principais produtores de
petróleo resolveram aumentar bruscamente seus preços. O mundo
industrializado viu-se repentinamente obrigado a pagar uma enorme conta
petróleo para manter funcionando seus parques automobilísticos e suas
indústrias petroquímicas. Ocorreu um surto inflacionário sem precedentes.
Em pouco tempo, tiveram que se decidir em continuar mantendo as
benesses do Estado de Bem-Estar Social, convivendo com altas taxas
inflacionárias ou cortar os benefícios em função da estabilidade monetária
e da conta-petróleo. Desgastou-se então o paradigma keynesiano e, por
tabela, o Estado de Bem-Estar Social.

Além disso, outro fato espetacular ajudou a projetar o


neoliberalismo. Em 1989, era derrubado o Muro de Berlim, símbolo da
divisão do mundo em duas esferas, a capitalista e a comunista, a privada e a
estatal. Com o desmantelamento da URSS, o colapso do partido comunista
e o declínio final do marxismo, que se seguiu a idéia de uma sociedade
baseada na planificação econômica centralizada, assentada num estado
todo-poderoso, ruiu por terra.

As origens do Neoliberalismo

Suas raízes teóricas mais remotas encontram-se na chamada Escola


Austríaca – reconhecida por sua ortodoxia no campo do pensamento
econômico – que se centralizou em torno do catedrático da faculdade de
Economia de Viena, Leopold Von Wiese, na segunda metade do séc. XIX,
conhecido por seus trabalhos teóricos sobre a estabilidade da moeda,
especialmente o publicado com o título de “O valor natural” (1889).
O neoliberalismo aflorou pela primeira vez, em 1947, resultado de
um encontro de um grupo de respeitáveis intelectuais conservadores em
Monte Pelerin, na Suíça, onde formaram uma sociedade de ativista para
combater as políticas do Estado de Bem-Estar Social. Elas tiveram início
em 1942, com a publicação na Inglaterra do Relatório Benveridge.
Segundo o documento, vencida a guerra, a política inglesa deveria inclinar-
se preferencialmente para uma programação de distribuição de renda,
baseada no tripé da Lei da Educação, da Lei do Seguro Nacional de Saúde
(associados aos nomes de Butler, Beveridge e Bevan). A defesa desse
programa tornou-se a bandeira com a qual o Partido trabalhista inglês
venceu as eleições de 1945, colocando em prática os princípios do Estado
de Bem-Estar Social.

Para Friedrich Von Heyek esse programa levaria o país ao retrocesso.


Escreveu então um livro inflamado que pode ser considerado como o
Manifesto do Neoliberalismo – O caminho da Servidão. Nele expôs os
princípios mais gerais da doutrina, assegurando que o crescente controle do
estado levaria fatalmente à completa perda da liberdade, a firmando que os
trabalhistas conduziriam a Grã-Bretanha pelo mesmo caminho dirigista que
os nazistas haviam imposto à Alemanha. Isso serviu de mote à campanha
de Churchill, pelo Partido Conservador, que chegou ao ponto de dizer que
os trabalhistas eram iguais aos nazistas.

A outra vertente do neoliberalismo surgiu nos Estados Unidos,


concentrando-se na chamada Escola de Chicago de, Milton Friedman.
Combatia a política de New Deal do presidente F. D. Roosevelt por ser
intervencionista e pró-sindicatos. Friedman era contra qualquer
regulamentação que inibisse as empresas e condenava até o salário-mínimo
na medida em que alterava artificialmente o valor da mão-de-obra pouco
qualificada. Também se opunha a qualquer piso salarial fixado pelas
categorias sindicais, por considerá-lo imposto por fatores extra-
econômicos, não determinados pelo mercado e que terminavam aviltando
os custos produtivos, gerando alta de preços e inflação.

Devido à longa era de prosperidade – quase 40 anos de crescimento –


que impulsionou o mundo ocidental depois da Segunda Guerra, graças às
diversas adoções das políticas keynesianas e sociais-democratas, os
neoliberais ficaram à sombra. Mas ao detonar a crise do petróleo de 1973,
seguida pela onda inflacionária que surpreendeu os Estados de Bem-Estar
Social, voltaram à cena. Denunciaram a inflação como resultada do estado
demagógico, perdulário, chantageado ininterruptamente pelos sindicatos e
pelas diversas associações de classe. Responsabilizaram os impostos
elevados e os tributos excessivos, juntamente com a regulamentação das
atividades econômicas, como os culpados pela queda da produção. O mal,
pois se devia a essa aliança espúria entre o Estado de Bem-Estar Social,
dominado por uma burocracia voraz e os sindicatos. A reforma que
apregoam passa, portanto, pela substituição do Estado de Bem-Estar Social
e pela repressão ou neutralização dos sindicatos.

O estado deveria ser gradativamente desativado, senão inteiramente


desmontado, com a diminuição dos tributos e a privatização das empresas
estatais, tornando-se um estado-mínimo; os sindicatos, por sua vez, seriam
esvaziados por uma retomada da política de desemprego, contraposta à
política keynesiana do pleno emprego. Enfraquecendo a classe trabalhadora
e suas instituições, haveria novas perspectivas de investimento, porque a
pressão dos operários sobre os lucros diminui, atraindo os capitalistas de
volta ao mercado, fazendo-os desovar seus capitais, confinados nos
paraísos fiscais.

O primeiro governo ocidental democrático a inspirar-se abertamente


em tais princípios foi a da Sra. Tatcher, primeira-ministra eleita pelo
Partido Conservador na Inglaterra, a partir de 1980. Ela enfrentou os
sindicatos, fez aprovar leis que lhes limitavam a atividade, privatizou
empresas estatais, afrouxou a carga tributária sobre os ricos e sobre as
empresas e estabilizou a moeda. O governo conservador de Tatcher serviu
de modelo para todas as políticas que se seguiram no mesmo roteiro.
Tornou-se o novo paradigma. A hegemonia do neoliberalismo hoje é
tamanha, que países de tradições completamente diferentes, governados por
partidos os mais diversos possíveis, aplicam a mesma doutrina.

Alguns princípios básicos do neoliberalismo

Filosofia: na teologia neoliberal os homens não nascem iguais, nem


tendem à igualdade; “Deus não é socialista!” Logo, qualquer tentativa de
suprimir com a desigualdade é um ataque irracional à própria natureza das
coisas. Deus ou a Natureza dotou alguns com talento e Inteligência, mas foi
avaro com os demais. As políticas de justiça social tornam-se inócuas, visto
que novas desigualdades fatalmente ressurgirão. A desigualdade deve ser
vista de uma maneira positiva, como um estimulante que faz com que os
mais talentosos desejem destacar-se e ascender, ajudando dessa forma o
progresso geral da sociedade. Tornar iguais os desiguais é
contraproducente e conduz à estagnação. Segundo W. Blake, “A mesma lei
para o leão e para o boi é opressão.”

Exclusão e pobreza: a sociedade é o cenário da competição, da


concorrência. Se aceitarmos a existência de vencedores, conclui-se que
deve ter perdedores. A sociedade teatraliza em todas as instâncias a luta
pela sobrevivência. Inspirados num neodarwinismo, que afirma a soberania
do mais apto, concluem que somente os fortes sobrevivem, cabendo aos
mais fracos conformar-se com sua exclusão; ela é natural. Esses, por sua
vez, devem ser atendidos não pelo bem-estar, que estimula o parasitismo e
a irresponsabilidade, mas pela caridade feita por associações e instituições
privadas, que amenizam, através de uma política de filantropia privada, a
vida dos infortunados. Qualquer política assistencialista mais intensa joga
os pobres nos braços da preguiça e inércia. Deve-se abolir o salário mínimo
e os custos sociais, porque falsificam o valor da mão-de-obra, encarecendo-
a, pressionando os preços para o alto, dificultando a ocorrência e gerando
inflação.

Os ricos: eles são a parte dinâmica da sociedade. Deles é que saem


as iniciativas racionais de investimentos baseados em critérios lucrativos.
Irrigam com seus capitais a sociedade inteira, assegurando sua
prosperidade. A política de tributação sobre eles deve ser amainada o
máximo possível para não lhes ceifar os lucros, o que terminava por inibi-
los em seus projetos de investimento. Igualmente a política de taxação
sobre a transmissão de heranças deve ser moderada para não afetar seu
desejo de amealhar patrimônio e de legá-lo ais seus herdeiros legítimos. Na
doutrina neoliberal, o papel ativo dos ricos, voltando ao mercado de
investimentos, substitui o estado intervencionista keynesiano. Dessa forma,
enquanto Keynes imaginava agilizar o estado como uns elementos
anticíclicos, para retirar a sociedade da crise, e, depois, matem-la num
ritmo de prosperidade permanente, os neoliberais o substituem pela
plutocracia.

Crise: é resultado das demandas excessivas feitas pelos sindicatos


operários que pressionam o Estado. Esse, sobrecarregado com a política
previdenciária e assistencial, é constrangido a ampliar progressivamente os
tributos. O aumento da carga fiscal sobre as empresas e os ricos, sobre o
capital em geral, reduz as taxas de lucro e faz com que os investimentos
gerais diminuam. Sem haver uma justa remuneração, o dinheiro é
entesourado ou enviado para o exterior. Somam-se a isso os excessos de
regulamentação da economia motivados pela contínua burocratização do
Estado, complicando a produção e sobrecarregando os custos. A crise deve-
se, pois, à falta de boas perspectivas para o investimento, devido a uma
política tributária demagógica.

Inflação: resultado do descontrole da moeda, o qual, por sua vez, se


dá devido ao aumento constante das demandas sociais (previdência,
seguro-desemprego, aposentadorias especiais, redução de jornada de
trabalho, aumentos salariais além da capacidade produtiva das empresas,
encargos sociais, férias, etc.), que não são compensadas pela produção
geral da sociedade.
Por mais que o setor produtivo aumente a riqueza, a gula e a
voracidade sindical vão em frente, fazendo sempre mais e mais exigências.
Não há, pois, orçamento que resista. A coluna dos Gastos sempre supera a
da Arrecadação. Ocorre então o crescimento do déficit público, que é
coberto com a emissão de moeda.

Estado: não há teologia sem demônio. Para o neoliberalismo, ele se


apresenta na forma do Estado: o estado intervencionista. Tanto o de raiz
keynesiana, como o abominável estado socialista. Dele é que partem as
políticas restritivas à expansão das iniciativas. Incuravelmente paternalista,
tenta demagogicamente solucionar os problemas de desigualdade e de
pobreza, por meio de uma política tributária e fiscal que provoca
descontrole inflacionário e desajustes orçamentários. Seu zelo pelas classes
trabalhadoras e pelos desvalidos em geral leva-o a uma prática filantrópica
que se torna um poço sem fim. As demandas por bem-estar e melhoria da
qualidade de vida não terminam nunca, fazendo com que seus custos
sociais sejam cobrados dos investimentos e das fortunas.
Ao intervir como regulador ou mesmo como estado-empresário, ele
se desvia das suas funções naturais, limitadas à segurança interna e externa,
à saúde e à educação. O estrago maior ocorre devido à sua filosofia
intervencionista. O mercado auto-regulado e auto-suficiente dispensa
qualquer tipo de controle. É um Cosmos próprio, com leis próprias,
impulsionadas pelas leis tradicionais da economia (oferta e procura, taxa
decrescente dos lucros, renda da terra, etc.).
O Estado deve, pois, ser enxugado, diminuído em todos os sentidos.
Deve-se limitar o número de funcionários, desestimulando-se a função
pública.

Mercado: se há um inferno, existe também um Céu. Para o


neoliberalismo esse local divino é o Mercado. Ele é quem tudo regula, faz
os preços subirem ou baixarem, estimula a produção, elimina o
incompetente e premia o sagaz e o empreendedor. Ele é uma divindade,
ainda que pagã, da economia moderna, tudo vê e tudo ouve onisciente e
onipresente. Seu poder é ilimitado e qualquer tentativa de controlá-lo é uma
heresia, na medida em que é ele que fixa as suas próprias leis e o ritmo em
que elas devem seguir. O mercado é um deus, um deus calvinista que não
tem contemplação para com o fracassado, com o perdedor. A falência é sua
condenação aos infernos, enquanto que ao bem-sucedido reserva-se-lhe um
lugar no Édem.

Socialismo: segundo demônio, ainda que em baixam da teologia


neoliberal. É um sistema político completamente avesso aos princípios da
iniciativa privada e da propriedade privada. É essencialmente demagógico
na medida em que tenta implantar uma desigualdade social entre os
homens, quando se sabe que a Natureza os fez desiguais. É
fundamentalmente injusto, porque premia da mesma forma o capaz e o
incapaz, o útil e o inútil, o trabalhador e o preguiçoso. Reduz a sociedade
ao nível de pobreza e, graças à igualdade e a política de salários
equivalentes, estimula a inércia, provocando a baixa produção. Ao excluir
os ricos da sociedade, perde sua elite dinâmica, e seu setor mais
imaginativo, passando a ser conduzido por uma burocracia fiscalizadora e
parasitária.

Regime político: o neoliberalismo afina-se com qualquer regime que


assegure os direitos da propriedade privada. Para ele é indiferente, pelo
menos até bem pouco tempo, se o sistema é democrata, autoritário ou
mesmo ditatorial. Sua preferência política recai sobre o governo que
consegue neutralizar os sindicatos e diminuir a carga fiscal sobre os lucros
e fortunas, ao mesmo tempo em que desregula ao máximo possível a
economia. Pode conviver tanto com a democracia parlamentar inglesa,
como durante o governo da Sra. M. Tatcher, como com a ditadura do Gen.
A. Pinochet, no Chile. Essa associação com regimes autoritários é vista
como uma necessidade tática e justificada dentro de uma situação de
emergência (evitar uma revolução social ou a ascensão de um grupo
revolucionário). A longo prazo o regime autoritário, ao assegurar os
direitos privados, mais tarde ou mais cedo dará lugar a uma democracia.

Bibliografia

AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. 2. ed. São Paulo: Globo, 2008.
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BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
DEANE, Phyllis. A Evolução das Idéias Econômicas. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1980.
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Pioneira – USP, 1989.
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MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. 26ª Ed. Atual. Pelo Prof. Miguel Alfredo
Maluf Neto. São Paulo: Saraiva, 2003.
SCHILLING, Voltaire. As grandes correntes do pensamento/ Da Grécia antiga ao
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WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. São Paulo; Martin Claret, 2006.

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