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EM BUSCA DO
PARAÍSO PERDIDO
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A TEORIA DOS TIPOS HUMANOS
NO SISTEMA OUSPENSKY-GURDIEFF
DE MARCOS S. QUEIROZ
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2 conhecemos outra tipologia que tenha se preocupado em alcançar
estes três níveis de realidade. Mesmo Jung, cuja tipologia nos é de
PREFÁCIO inestimável valor, não se aventurou tanto, talvez pelos limites
impostos pela ciência oficial da época, ainda bastante influenciada
O livro do antropólogo Marcos A Queirós. vem acrescentar à pelos pressupostos positivistas. O leitor poderá fazer disso a leitura
literatura especializada a divulgação de uma nova teoria tipológica, que lhe convier: simbólica, mística ou fenomenológica. Contudo, ele
mas também de uma verdadeira e completa teoria da essência e não poderá deixar de admitir que, seja qual for a vertente escolhida,
personalidade humanas. Trata-se da teoria do filósofo e matemático essa teoria traz novos subsídios práticos para um melhor
russo Peter Ouspensky (1878-1947) acrescida das contribuições de entendimento da pessoa em si mesma e do seu universo de relações
seu discípulo Rodney Collin e enriquecido, neste trabalho, com interpessoais.
interpretações, exemplos e aplicações praticas dadas pelo próprio Vivemos hoje em um mundo repleto de conflitos incessantes
autor. gerados em grande parte pela intolerância e desrespeito à
O saber humano, como é divulgado atualmente no meio individualidade. A teoria dos tipos proposta por Ouspensky –Collins
acadêmico. É ilimitado na sua fragmentação, porque sempre haverá pode nos permitir uma melhor compreensão das dificuldades na
algo a acrescentar ao conhecimento vigente. Faltam a ele propostas aproximação entre tipos opostos (por exemplo, ente o mercurial e o
unificadoras que tragam uma compreensão mais abrangente do ser marcial), mas também sugerir formas de superação dessas
humano. Como demonstra o autor em seu texto, um dos “mitos” do dificuldades, seja pela indicação de exercícios que o autor
racionalismo tem sido a ilusão de se chegar ao conhecimento cautelosamente sugere, seja pelo respeito prudente das diferenças
completo do homem pelo acúmulo quantitativo de informações. tipológicas individuais na formação de pares ou grupos, ou apenas
Neste sentido, a tipologia apresentada nesta obra não pretende ser pela tomada de consciência dessas diferenças.
apenas um saber a mais que se dilui entre outros existentes. Ela se O trabalho do professor Queiróz nos dá uma visão geral da
distingue como um instrumento que pretende estimular o teoria. Mas é suficiente para que os profissionais e leigos,
autoconhecimento e, com isso, elevar o nível de ser do homem. Um interessados no conhecimento da natureza humana, dele se
saber com tal objetivo não pode ser adquirido mecanicamente, mas beneficiem não só pela ampliação do conhecimento mas, quem sabe,
emerge do grau de evolução da consciência. Depende do nível de pela aplicação imediata e pratica em seu cotidiano.
“ser” e não do “ter”. Parabenizo o autor pela ousadia de trazer assunto tão
A teoria de Ouspensky-Collin é uma aproximação nova e polêmico ao meio acadêmico, que, infelizmente, com freqüência o
antiga ao mesmo tempo, que tem o mérito de propor uma tipologia percebe pelo prisma de um certo preconceito cartesiano.
que contempla três planos de realidade: o biológico, o psicológico e
o cósmico, na medida em que os tipos se relacionam a certas Professor Dr. Joel Sales Giglio, Professor do Departamento de
glândulas endócrinas (que imprimem um certo padrão de Psicologia Clínica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas
comportamento) e estas, por sua vez, a determinados corpos celestes. da UNICAMP e Coordenador do Núcleo de Estudos Psicológicos
Com exceção da antiga tipologia dos gregos, com seus quatro UNICAMP.
tipos básicos (sanguíneo, fleumático, bilioso e melancólico), não
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