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(“ CATEGORIZAÇÃO “ :
UM ENSAIO SOBRE A DEFENSORIA PÚBLICA)
1. INTRODUÇÃO
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E, já de antemão, que fique claro que não é nosso objetivo sequer pensar em
chegar perto de uma divisão sistemática das instituições chamadas “ carreiras
jurídicas”. Todavia, longe de ser a conclusão de uma idéia, estas linhas apenas
alvitram fazer-nos refletir sobre uma necessidade, digamos, de certa forma
semântica, de se abordar um fenômeno, com certo exercício filosófico a seu
respeito, na medida em que busca-se, despretensiosamente, melhor compreender
certa realidade, para ordenar o campo de pesquisa e limitar o foco de análise.
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Com isso, a Defensoria Pública não mais pode desde então ser incluída,
mesmo em linguajar não técnico, no rol dos “Advogados Públicos”, o que para
alguns pode pouco significar, mas o que, no nosso sentir, salvo melhor juízo,
muito passa a representar para a consolidação da Instituição em âmbito nacional,
por meio de uma melhor compreensão do seu verdadeiro alcance e espaço jurídico-
político.
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Com isso, embora situada no mesmo espaço na Carta de 1988 (artigo 134),
os Defensores Públicos, quando integrantes de Instituição que funcione segundo
os ditames da Lei Complementar Federal nº 80/94 e das regras Estaduais
pertinentes acabam saindo do universo que, na doutrina e nas discussões
acadêmicas, envolvia um gênero até então chamado de “advocacia pública” para
um espaço próprio, ímpar, exclusivo, ou seja, passam a ocupar, com a sua
atuação, com o seu munus constitucional peculiar, o seu lugar incomunicável a
qualquer outro seguimento, qual seja, aquele imanente à instituição a que
pertencem: a Defensoria Pública !
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Assim, acaba sendo lógico e natural que se tenha em mente que a Defensoria
Pública pós Emenda Constitucional nº 19/98 acaba se assemelhando, agora, mais
do que nunca, sob certo prisma, ao Ministério Público (e, como corolário, se
distanciando cada vez mais do gênero “advocacia”, mais particularmente da
chamada “advocacia pública”), reclamando e, na verdade, devendo ocupar um seu
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Convém, contudo, agora lembrar que o artigo 1º antes referido diz que são
“atividades privativas da advocacia” (1) “a postulação a qualquer órgão do
Poder Judiciário e aos juizados especiais” e (2) “as atividades de consultoria,
assessoria e direção jurídicas”, que o parágrafo 1º, do artigo 3º, diz que os
integrantes da Defensoria Pública “exercem atividade de advocacia” e que o
artigo 4º diz que “são nulos os atos privativos de advogado praticados por
pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e
administrativas”..
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- 1º. -
atividade privativa não significa atividade exclusiva;
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Aliás, para os que possam estranhar ab initio tal rumo de idéias e apenas
para argumentar, cabe lembrar e sem mais detida análise, que o Ministério Público
também provoca a jurisdição, postulando e exercendo o seu munus sem
mandato...
Haveria quem pensasse se não praticariam “atos de advocacia” os membros do
Ministério Público quando atuam, particularmente fora das ações criminais, como,
verbi gratia, nas Ações Civis Públicas e na defesa do meio ambiente, etc ? Afinal
de contas, ouve-se, advogar é postular, é provocar a jurisdição...E não consta haja a
respeito qualquer idéia de se os submeter, para tal espectro de atuações, ao regime
da OAB (na verdade a origem para tais atribuições está na Carta Política de 1988 e
nas demais normas de regência da matéria) !
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do Rio de Janeiro), que dentre outras normas jurídicas regem a Defensoria Pública
do Rio de Janeiro, em nenhum momento exigem para a atuação do Defensor
Público ou para o ingresso na carreira a inscrição nos quadros da OAB ! A
propósito, o artigo 26, §2º, daquela norma federal complementar o faz quando trata
da Defensoria Pública da União.
Até nesse ponto cresce em solidez o contexto das idéias até aqui suscitadas,
vez que a Lei 8.906/94 (o Estatuto da OAB) tem status de lei ordinária (federal) e,
portanto, sabidamente, mesmo sem nos debruçarmos longamente sobre o que
consta da doutrina mais autorizada, não poderia dispor sobre a Defensoria
Pública.
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A propósito, não seria demais dizer que a idéia contida no parágrafo anterior
cresce em importância para os Defensores Públicos investidos na função após 12
de janeiro de 1994, quando editada a Lei Complementar (Federal) nº 80/94, pois os
mesmos enfrentam ainda vedação para o exercício da advocacia privada (ou seja,
fora das atribuições institucionais) - destaque-se que tal consideração fazemos
aqui nos valemos ainda da idéia ainda hoje mais difundida, mas que neste ensaio
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Com isso, é crível, estamos diante de uma nova realidade diante do universo
daqueles que tem a capacidade de provocar a atividade jurisdicional.
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Com isso, não fica difícil sustentar que o Defensor Público, ao atuar, não
pratica modalidade de “advocacia”, nem mesmo de “advocacia pública”, mas um
ato próprio e de uma modalidade que somente ele, Defensor Público, poderá
praticar, qual seja, aquele a que ora nos permitimos sustentar hoje como um “ato
de Defensoria Pública ”, como “advogado” da “causa do público
hipossuficiente”... estando a expressão “advogado” aqui empregada da forma mais
genérica possível., intercedendo na esfera jurídica a favor dos hipossuficientes...
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E, em razão disso entendemos que este estudo tem lugar, por mais que
despretensioso seja, alvitrando apenas, só e tão-somente, argumentar criticamente,
mas sem esgotar o assunto, temas tão sutis e relevantes, de modo que possa vir a
ser tratada a atuação do Defensor Público como um ato de uma categoria própria,
com nuances próprias e por defendermos que “justiça gratuita não é favor, é
direito”. (Rio de Janeiro, Dezembro/2002
Direitos Autorais registrados)
(rogdevisate@bol.com.br e rogdevisate@ig.com.br)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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