Ingo Wolgang Sarlet, conceitua dignidade da pessoa humana
como sendo uma “qualidade intrínseca e distintiva de cada
ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existentes mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos ”. Mas em meu entendimento a dignidade da pessoa humana não é apenas isso, embora este “apenas” dê um significado de algo pequeno e restrito, mas não é. Ele é muito mais abrangente do que este conceito, pois, engloba também a confiança, uma vez que ela não se delega de forma alguma.
O fato de confiar em alguém vai muito além do que
heterogeneidades econômicas, sociais e culturais, tratam-se também de uma interação social, ligadas às bases biológicas para a formação de elos sociais e afetivos entre indivíduos mesmo que estes sejam presenciais ou não. E é por esse motivo que associo a confiança à dignidade da pessoa humana.
E ela é primordial em todas as relações jurídicas, inclusive
naquela que envolve o consumidor em si, independente do meio ou o local.
Quando falamos em dignidade da pessoa humana,
englobamos o conceito de direitos fundamentais e direitos humanos, constituindo um critério de unificação de todos os direitos aos quais os homens se reportam. Após esse exame, concluímos que a Dignidade da Pessoa Humana não é um direito absoluto, trata-se, portanto, de um princípio que: “identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito à criação, independentemente da crença que se professe quanto à sua origem. A dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como com as condições materiais de subsistência. Não tem sido singelo, todavia, o esforço para permitir que o princípio transite de uma dimensão ética e abstrata para as motivações racionais e fundamentadas das decisões judiciais. Partindo da premissa anteriormente estabelecida de que os princípios, a despeito de sua indeterminação a partir de certo ponto, possuem um núcleo no qual operam como regra, tem-se sustentado que no tocante ao princípio da dignidade da pessoa humana esse núcleo é representado pelo mínimo existencial. Embora existam visões mais ambiciosas do alcance elementar do princípio, há razoável consenso de que ele inclui pelo menos os direitos à renda mínima, saúde básica, educação fundamental e acesso à justiça.