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- Gianfrancesco Guarnieri foi um ator, diretor e dramaturgo ítalo-brasileiro nascido em 1934 na Itália e radicado no Brasil a partir de 1936.
- Sua estreia como dramaturgo foi em 1958 com a peça Eles Não Usam Black-Tie encenada pelo Teatro de Arena, que abordava uma greve operária e os conflitos entre gerações.
- Ao longo de sua carreira destacou-se no teatro de arena e no cinema novo, abordando temas políticos de forma a
- Gianfrancesco Guarnieri foi um ator, diretor e dramaturgo ítalo-brasileiro nascido em 1934 na Itália e radicado no Brasil a partir de 1936.
- Sua estreia como dramaturgo foi em 1958 com a peça Eles Não Usam Black-Tie encenada pelo Teatro de Arena, que abordava uma greve operária e os conflitos entre gerações.
- Ao longo de sua carreira destacou-se no teatro de arena e no cinema novo, abordando temas políticos de forma a
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- Gianfrancesco Guarnieri foi um ator, diretor e dramaturgo ítalo-brasileiro nascido em 1934 na Itália e radicado no Brasil a partir de 1936.
- Sua estreia como dramaturgo foi em 1958 com a peça Eles Não Usam Black-Tie encenada pelo Teatro de Arena, que abordava uma greve operária e os conflitos entre gerações.
- Ao longo de sua carreira destacou-se no teatro de arena e no cinema novo, abordando temas políticos de forma a
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Guarnieri (Milão Milão,, 6 de Agosto de 1934 — São Paulo,, 22 de Julho de 2006 Paulo 2006)) foi um ator ator,, diretor diretor,, dramaturgo e poeta ítalo ítalo--brasileiro brasileiro.. Por conta do fascismo que tomava conta da Itália, seus pais, o maestro Edoardo Guarnieri e a harpista Elsa Martinenghi, Martinenghi, decidiram vir para o Brasil em 1936 e se estabeleceram no Rio de Janeiro. Janeiro. No início dos anos 50 a família se mudou para São Paulo. Líder estudantil desde a adolescência. Guarnieri começou a fazer teatro amador com Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha) e um grupo de estudantes de São Paulo, e em 1955 criaram o Teatro Paulista do Estudante, Estudante, com orientação de Ruggero Jacobbi.. Jacobbi No ano seguinte, o TPE uniu- uniu-se ao Teatro de Arena de São Paulo, fundado e dirigido por José Renato. Renato. Dessa fusão resultou o Teatro de Arena, Arena, que se celebra como grande marco da dramaturgia nacional comprometida com os interesses populares. TEATRO Sua peça de estréia, como dramaturgo, foi Eles Não Usam Black--Tie, Black Tie, encenada em 1958 pelo Teatro de Arena. A direção foi de José Renato e o elenco contou com grandes talentos que começavam a despontar no teatro brasileiro, como o próprio Guarnieri, Lelia Abramo, Abramo, Miriam Mehler, Mehler, Flavio Migliaccio e Milton Gonçalves. Gonçalves. O sucesso foi imenso, a peça e o autor premiados pelo então governador de São Paulo, Paulo, Jânio Quadros, Quadros, e o Arena foi salvo da crise financeira que há tempos assolava o grupo. Paralelamente, o diretor Roberto Santos dava o pontapé inicial no Cinema Novo com o filme O Grande Momento, Momento, protagonizado por Guarnieri e Miriam Pérsia, Pérsia, um clássico do nosso cinema. O diretor Sandro Polloni encomendou uma peça a Guarnieri para ser encenada pela companhia de Maria Della Costa, Costa, esposa de Sandro e de cuja companhia teatral ele era o diretor. Guarnieri saiu do Arena por um tempo para poder realizar esse trabalho com Maria Della Costa e em 1959 veio à luz Gimba, Presidente dos Valentes. Valentes. Era o primeiro trabalho de Guarnieri em palco italiano e a direção ficou a cargo de Flávio Rangel. Rangel. Levava à cena de maneira pioneira a realidade dos morros cariocas, em forma de musical, inspirando- inspirando-se em parte na sua própria experiência de vida. A encenação foi espetacular e a peça passou os meses seguintes excursionando a Europa Europa,, sendo apresentada no Festival das Nações, Nações, na França França.. A Semente estreou em 1961 no TBC e também contou com a direção de Rangel. A peça, de cunho abertamente político e inteiramente fora dos padrões do TBC, abordava de forma contundente a militância comunista, criticando tanto a direita quanto a esquerda.
Embora contasse com atores consagrados (como Leonardo Villar,
Villar, Cleyde Yáconis,, Stênio Garcia e Natália Timberg, Yáconis Timberg, além do próprio Guarnieri, entre outros), fosse uma montagem grandiosa e contasse com o aval da crítica, a peça teve problemas homéricos com a censura, o que acabou esfriando o interesse dos freqüentadores do então chamado "Templo Burguês do Teatro Paulista" e a peça saiu rapidamente de cartaz.
Nesse mesmo ano, ainda no TBC, Guarnieri participou de duas montagens
de Flávio Rangel: Almas Mortas, Mortas, de Gogol e a primeira montagem de A Escada,, de Jorge Andrade. Escada Andrade. Em 1962 ele voltou para o Arena, não só como ator e autor, mas como dono. José Renato se alternava entre vários trabalhos no Rio e em São Paulo, e o Teatro de Arena acabou se tornando uma sociedade entre Guarnieri, Augusto Boal, Boal, Paulo José, José, Juca de Oliveira e o cenógrafo Flávio Império. Império. Várias peças nessa nova fase, como A Mandrágora, Mandrágora, de Maquiavel (1962 1962)) e O Melhor Juíz, o Rei, Rei, de Lope de La Vega (1963 1963). ). O Filho do Cão, Cão, de 1964 1964,, primeiro texto de Guarnieri desde A Semente, Semente, tratava da questão do misticismo religioso e da reforma agrária já em um turbulento contexto político (ano do Golpe Militar). Militar). Opta então por utilizar uma linguagem metafórica e alegórica que tomaria corpo em montagens como os musicais Arena conta Zumbi e Arena conta Tiradentes, Tiradentes, feitos em parceria com Augusto Boal. Boal. Na década seguinte daria prosseguimento a esse estilo em peças como Castro Alves Pede Passagem 1971 e principalmente Um Grito Parado no Ar 1973 (que encenava as dificuldades da classe artística naquele período) e Ponto de Partida 1976 (onde utilizava uma vila da Idade Média como pano de fundo para focalizar a repressão a partir da morte do jornalista Wladimir Herzog), Herzog), pontos capitais do teatro brasileiro nos anos 70. Na década de 80, sua carreira como autor de teatro se tornaria cada vez mais esparsa, lançando poucos textos. Em 1988 escreveu Pegando Fogo Lá Fora; Fora; em 1995 viria A Canastra de Macário, Macário, que é o momento em que sua saúde lhe dá o primeiro susto, com um aneurisma na aorta. Em 1998 escreve com o filho Cláudio a peça Anjo na Contramão, Contramão, e sua última peça foi A Luta Secreta de Maria da Encarnação,, realizada em 2001 Encarnação 2001.. Televisão A partir do final dos anos 50, passou a conciliar sua bem- bem- sucedida atividade no Teatro com uma presença cada vez maior na televisão e no cinema. Virou, assim, um dos nossos melhores e mais populares atores. Em TV, atuou em novelas como A Muralha (1968) e Mulheres de Areia (1973 (1973--74), Éramos Seis (1977), Jogo da Vida (1981(1981-- 82), Cambalacho (1986), Rainha da Sucata 1990 e A Próxima Vítima (1995), Sol de Verão (1982 (1982--83), Vereda Tropical (1984--85), Mandala (1987 (1984 (1987--88), e Que Rei Sou Eu? 1989 1989,, além de minisséries como Anos Rebeldes 1992 1992,, e Incidente em Antares 1994 1994,, baseada no livro homônimo de Érico Veríssimo. Veríssimo. O público mais jovem provavelmente o reconhece pelo papel do carinhoso e divertido avô Orlando Silva da série juvenil Mundo da Lua (1991 (1991--92), escrita por Flávio de Souza. Souza. Não Usam Black- Black-Tie 22/ 2/ 1958 - São Paulo/SP Teatro de Arena Época: 1958 Período: Modernismo Brasileiro – 3ª fase Divisão: 3 atos Gênero: Dramático Protagonista: Tião (Sebastião) Tema: A greve da metalúrgica PERSONAGENS Tião – Filho de Otávio. Fura a greve (criado pelos padrinhos) Maria – Noiva de Tião ( grávida) Romana – Mãe, sofredora, lavadeira Otávio – Pai, agitador de greve – piqueteiro Chiquinho – Irmão, aprontador, vive dormindo e de namoro com Terezinha. Terezinha – Namorada de Chiquinho João – Irmão de Maria Bráulio – Amigo de Otávio e braço direito da greve Jesuíno – Parente de Otávio – Fica dos dois lados na greve Outros: Eulália ( vizinha), Dalva ( namorico de Jesuíno), Juvêncio (Músico) Os personagens possuem aprofundamento psicológico – somente os mais importantes – referentes a sua história de vida. Análise Eles não usam black- black-tie situa situa--se numa favela, nos anos 50, e tem como tema a greve, e ao lado da greve a peça tem como pano de fundo um debate sobre as grandes verdades eternas, reflexões universais sobre a frágil condição humana, sobre os homens e seus conflitos. É a história de um choque entre pai e filho com posições ideológicas e morais completamente opostas e divergentes, o que, por sinal, dá a tônica dramática ao texto. O pai, Otávio, é operário de carreira, um sonhador, um idealista, leitor de autores socialistas e, ao mesmo tempo um revolucionário por convicção e consciente de suas lutas. Forte e corajoso entre os seus companheiros, experimentou várias lideranças, algumas prisões, com isso ganha destaque entre os seus transformando- transformando-se num dos cabeças do movimento grevista. O filho, Tião, em razão das prisões do pai grevista, é criado praticamente, na cidade, longe do morro, com os padrinhos, sem conviver com esse mundo de luta e reivindicação da classe operária. Hoje adulto e morando no morro com os pais, vive um dos maiores conflitos de sua vida. Em primeiro lugar não quer aderir à greve, pois acha que essa é uma luta inglória, sem maiores resultados para a classe. Em segundo lugar pretende se casar com Maria, moça simples, porém determinada e leal ao seu povo, e está esperando um filho seu.
Desta forma, Tião está mais preocupado com o seu futuro do que com a luta de seus companheiros, que sonham com melhores salários. Para Tião, greve é algo utópico. Ele não tem tempo para esperar, precisa resolver seus problemas de imediato, ou seja, se casar. Tiäo, ao contrário de seu amigo Jesuíno, malandro, fraco e oportunista, é um jovem corajoso, mesmo porque fura a greve sem medo dos companheiros, achando que está agindo corretamente. Por essa atitude, acaba perdendo a amizade de todos de seu grupo, restando apenas um colega da fábrica e João, irmão de Maria, um homem ponderado e maduro capaz de compreender a situação conflitante vivida pelo amigo Tião e ainda apoiar sua irmã neste momento difícil. Tião não tem medo do confronto com o inimigo. O seu medo é outro, é o grande medo de toda a sociedade, o medo de ser pobre, por isso quer subir na vida e deixar para trás a condição difícil e miserável do morro, que, por sinal, é desafiada cotidianamente pela coragem e bravura de Romana, sua mãe, mulher de pulso e determinação e responsável pelo equilíbrio da casa e da família. Eles não usam black- black-tie é um texto político e social, sempre atual no qual Gianfracesco Guarnieri criou de um lado, personagens marcantes e populares como Terezinha, Chiquinho, Dalvinha e Jesuíno que nos revelam um mundo alegre, descontraído e aparentemente feliz.
Já por outro lado a peça se apresenta forte e densa revelando de maneira
real os conflitos que atormentam personagens como Otávio, Romana, Tião, Maria e Bráulio. São tais encontros e são esses momentos alegres e comoventes , que nos provocam o riso e a dor, alegria e tristeza.
Assim, se por um lado mostra um olhar profundo dentro da sociedade
brasileira, por outro esse olhar vem embalado por um valor poético materializado na visão romântica do mundo de seus personagens. O drama social da peça é de natureza épica e por isso mesmo uma contradição em si mesma. Aqui, novamente Guarnieri quebrou também outra regra essencial, presente nos manuais do "bom drama": ao invés de trazer personagens "superiores" como protagonistas, ele se utilizou de gente humilde, trabalhadores comuns, para conduzir sua história. Mesmo as mais simples metáforas, foram pinçadas nos mais básicos valores de nossa cultura popular, como por exemplo, na metáfora do amor, o feijão, prato massivo na América do Sul, teria um "coração de mãe". A temática não é política, muito menos panfletária. O que discorre são relações de amor, solidariedade e esperança diante dos percalços de uma vida miserável. Assim, a peça alia temas como greve e vida operária com preocupações e reflexões universais do ser humano. Sob o olhar de Karl Marx, em um retrato iluminado por um feixe de luz na parede do cenário, o debate entre a coletividade e o individualismo, simultaneamente cru e sensível, vai crescendo.
Eles não usam black-
black-tie é um marco do teatro de temática social. Foi com a encenação de Eles não usam black- black-tie tie,, que se iniciou uma produção sistemática e crítica de textos dispostos a representar as classes subalternas, com ênfase para a representação do proletariado. Nesse sentido, a peça de Guarnieri insere- insere-se num quadro que se ampliou a partir da década de 1950, quando surgiu uma dramaturgia com preocupações ligadas à representação de uma camada específica da sociedade brasileira e, para além disso, em busca da construção de uma identidade nacional pautada em variedades culturais internas. SINOPSE Tudo começa com uma noite de chuva que Tião recebe a notícia de sua namorada Maria que estava grávida. Por esse motivo, marcam noivado para 10 dias. O pai chega e sabe da novidade, além de avisar Tião que a greve da metalúrgica era quase certa. Romana, sua esposa, acorda e briga com todos, pois terá que se levantar cedo para trabalhar. Dias depois começa o preparativo da festa. Pouca bebida e pouca comida. Chiquinho usa o dinheiro da champanhe para comprar figurinhas e recebe uns supapos do pai e da mãe, apesar de Terezinha defendê- defendê-lo Otávio tenta arrumar a vitrola para a festa e consegue. Otávio e Romana lembra da falecida Jandira. Maria chega para ajudar Romana, enquanto que os outros colocam bandeirinhas. Tião chega com cartão de cineasta Antônio De Rocca Tião e Otávio discutem sobre a greve. Tião tem medo, pois vai se casar. Otávio fica preocupado com o filho – não se acostuma com o morro. Seu João vem representar a acamada mãe, para autorizar o noivado. Os demais convidados chegam e a vizinha vai dar luz aos gêmeos. Surge a história do cinema, pois Jesuíno tb. Tem cartão. Há o pedido de noivado e todos saem para dançar. Jesuíno e tião discutem sobre a mentira e sobre o andamento da greve. Eles querem boa posição – não irão aderir a greve e Jesuíno fica encima do muro. Bráulio traz notícias da assembléia – haverá a greve . No dia seguinte, piquete. Romana chama a atenção do filho por ter brigado com o pai – chamou chamou--o de ingrato. E conversam sobre a festa de noivado e a bebedeira. Tião diz que está preocupado com o casório daqui a um mês. Romana diz para não se preocupar. Ele quer morar fora do morro. Chiquinho e Terezinha conversam. Romana chama a atenção de Chiquinho porque anda sem dinheiro e deixou roubar mantimento do armázem (D. Amélia e a turma do Tuca) . Otávio briga com o Antônio do boteco que diz que os grevista são vagabundos. Jesuíno e Tião conversam sobre como vão fazer para ganhar com a guerra. A polícia prendem os cabeças da greve: Tito, Onofre e Mafra. Pela manhã Romana faz café e tião sai mais cedo para a Fábrica – fugir do piquete. Não espera o pai. Otávio levanta procurando as cuecas e conversa com Romana sobre Tião que está estranho. Vai para o piquete na fábrica. Romana lê cartas e fica preocupada. Chiquinho levanta para ir trabalhar, somente ele come pão. Terezinha traz para ele leite. Terezinha conversa com Romana sobre a tia que cobra mais caro para lavar as roupas. Maria espera Romana no quintal e conta que está grávida e está preocupada com Tião sobre a greve. Tião fura a greve e Bráulio vem tirar satisfação. Romana descobre a traição . Tião diz que não podia arriscar o emprego pq vai se casar. Romana soube por Terezinha que Otávio está preso no DOPS. Tião e João conversam sobre o episódio. João chama a atenção de Tião dizendo que seu pai iria expulsá- expulsá-lo de casa. Tião está preparado para alugar um quarta na cidade e depois vem pegar Maria. Maria aparece preocupada e vem avisar que Otávio está subindo o morro. Todos chegam, Tião está no quarto e falam sobre a prisão. Otávio está confiante na greve e vê Tião na porta. Tião quer conversar com ele. Todos saem e eles conversam. A conversa é feita em terceira pessoa, pois Otávio se passa por um amigo dele mesmo. A tensão aumenta e Otávio diz que Tião teve coragem, pois não escondeu a sua traição, como fez Jesuíno. Otávio se despede e pede para ele se retirar da casa dele. Porém manda conversar com Romana. Mãe e filho se despedem. Maria conversa com Tião e diz que não vai sair do morro, o lugar dela é ali. Tião vai embora. Otávio e Romana conversam que um dia Tião voltará para casa quando o filho ver melhor a vida. Chiquinho e Terezinha conversam sobre Juvêncio que fez uma música “Eles não usam black--tie” e outro roubo e ficou com toda a black fama. FIM. “Maria: Bobagem, namorado como tu era... Tião: Era, agora não sô mais. Maria: Sei, fingido. Quando ocê vivia na cidade, lá no Flamenco, namorava uma filhinha- filhinha-do do--papai.. Tião: Tá bom, já vi que ocê sabe demais. Maria: Sei que era um grande mentiroso. Vivia dizendo que era estudante. Um dia ela te pegou como babá, tentasse esconde e deixou cai a criança no chão. E levasse uma surra dos teus padrinhos. Tião: É mentira, eu nunca escondi que não era cria de meus padrinhos, principalmente praquela chata. Quem te conto isso? Maria: Não digo. Tião: Quem te falo isso?( isso?( Chiquinho se mexe) “ “Tião: Deram parte, e porque todos aderiram. Mas agüentá o ranço sozinho, ninguém. Otávio: Espera a assembléia de hoje e vai ver se tem peito ou não! Eu avisei, ano passado entraram em acordo com o patrão e olha o que deu, parte da comissão amoleceu Tião: E por que entraram em acordo? Otávio: Porque eles eram pelego. A turma topava. Tião: Não, pai. Pro senhor, quem não pensa como o senhor é pelego. Otávio: Nada disso! Eram pelego no duro. Tá aí a prova. Tá tudo bem arrumado na fábrica. Tudo chefe e fiscal. O que é isso? Peleguismo, traidores da classe operária... Tião: Então a metade da turma da fábrica é pelego. Otávio: (gritando) Não diz besteira, seu idiota! A turma é a mesma do ano passado. Tião: E por isso mesmo tão cansados e não querem arriscá o emprego... Otávio: Tá discutindo como um safado, pois fica sabendo que lá tem operário e não menino- menino-família pra medrá.Tu vai vê o resultado da assembléia. Tião: Os pelego que furaram a greve o ano passado tão bem de vida hoje. Otávo: Tão é na merda, merda moral que é pior. Se venderam.” “Otávio: Me desculpe, mas seu pai ainda não chegou. Ele deixou um recado Comigo, mandou dizê pra você que ficou muito admirado, que se enganou. E pediu pra você tomá outro rumo, porque essa não é casa de fura- fura-greve! Tião: Eu vinha me despedir e dizer só uma coisa: não foi por covardia! Otávio: Seu pai me falou disso. Ele também procura não acreditá que seja covardia. Ele acha até que você teve peito. Furou a greve e disse pra todo mundo, não fez segredo. Ele acha que você não é traído por covardia e sim por convicção. Tião: Queria que o senhô desse um recado pra ele... Otávio: Vá dizendo... Tião: Que o filho dele não é um filho da mãe. Que o filho dele gosta de sua gente, que que o filho dele tinha um problema e quis resolvê esse problema de maneira segura. Otávio: Seu pai tem outro recado pra você. Seu pai acha que a culpa de pensá desse jeito não é só sua, mas dele também. “ “Otávio: (Num rompante) Deixa ele acreditá nisso. A dor é menor. Vai pensar que o filho caiu na merda sozinho.. Vai pensar que o filho dele é safado de nascença. (acalma (acalma--se) Seu pai manda mais um recado.... Diz que não precisa aparecê mais. E deseja boa sorte pra você. Tião: Diga a ele que vai ser assim. Não foi por covardia e não me arrependo de nada. Até um dia. ( vai para a porta) Otávio: (ao quarto) Tua mãe talvez quer falá contigo... Até um dia. (entra)” Maria: Eu acreditei...que você ia agi direito. Não tinha razão pra brigá com o mundo. Tu tinha emprego...se perdesse aquele...tinha o cinema...tu é moço. Tião: (irrita (irrita--se) Mariinha, não adiantava nada. Eu tive... Maria: medo! Tião: (desabafando) Está bem Maria, medo. Eu sempre tive medo! A história do cinema é mentira. Eu disse porque queria sê alguma coisa. Tinha medo de nunca sê nada. Fazê greve é sê mais operário ainda. Maria: Sozinho não adianta. Sozinho tu não resolve nada. Tião: Não chora minha Miss Leopoldina, eu te quero bem. Eu queria que a gente fosse como nos filmes. Que tu risse sempre! Maria: Tião! Tião: Minha dengosa. (atira sobre ela. Abraçam- Abraçam-se_) O que vamos fazê? Maria: Não posso deixa o morro. Tião: Não posso ficá ,Maria. Maria: (pára de chorar) Então , vai embora. Eu fico. Eu fico com Otavinho. Crescendo aqui ele não vai tê medo. E quando tu acreditá na gente, por favor...volta. (sai) Tião: Maria, espera! ( corre atrás dela.) Otávio: (entrando) Já acabou? Romana: Vá falá com ele ,Otávio! Otávio: Enxergando melhô a vida, ele volta. (entra no quarto e entra Chiquinho e Terezinha)