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Disciplina Direito Civil III – Teoria Geral dos Contratos e Responsabilidade Civil
Professor Marco Túlio de Carvalho Rocha
1. Atos unilaterais
Os negócios jurídicos são unilaterais se na sua composição participa uma só parte.
Quanto à eficácia podem ser:
a) absolutos – não repercutem na esfera jurídica de outrem (ex.: abandono,
renúncia);
b) relativos – repercutem na esfera jurídica alheia (ex.: reconhecimento,
denúncia, revogação). Nestes casos somente conferem a terceiro direito,
pretensão, ação ou exceção.
No direito brasileiro, de acordo com o princípio da autonomia da vontade, não se
pode excluir a existência de negócios jurídicos unilaterais não previstos em lei
(atípicos) (PONTES DE MIRANDA, Tratado..., v. 31, p. 6).1
Os negócios jurídicos unilaterais podem ser:
a) autônomos;
b) dependentes de outros negócios.
O Código designa “atos unilaterais” os negócios jurídicos unilaterais que têm
existência autônoma:
a) Promessa de recompensa (854-860);
b) Gestão de negócios (861-875);
c) Enriquecimento sem causa (884-886),2
d) Pagamento indevido (876-883);
e) Títulos de crédito (887-926).
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Diferentemente, em alguns sistemas europeus há regra expressa no sentido da tipicidade, como o
art. 457 do Código Civil português e o art. 1.987 do Código Civil italiano.
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O enriquecimento sem causa pode decorrer de fatos que não têm natureza negocial.
Exemplos: promessa para a descoberta de criminoso (D. L. 5, 11, 47, 10); para quem
devolver animal ou coisa pedida; ao aluno que não faltar a nenhuma aula (promessa por fato
omissivo).
Distinções:
a) Proposta de contrato: ao contrário da promessa de recompensa, até que seja
aceita, não obriga o proponente, nem cria direitos para o destinatário, salvo o de
concluir o contrato. Depois de aceita, dá origem a contrato. Torna-se irrevogável
depois que chega ao conhecimento do destinatário (427). (ex.: oferta ao público,
429).
b) Promessa unilateral: visa à realização de um contrato definitivo, não à atribuição
de uma prestação ou benefício como ocorre na promessa de recompensa.
c) Direito à recompensa a que faz jus aquele que acha e devolve bem alheio (art.
1.234 – descoberta, invenção). Diferentemente da promessa de recompensa, que
advém de ato de vontade, tal direito de recompensa decorre da lei.
4. Requisitos
a) Capacidade
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EDUARDO ESPÍNOLA. Dos Contratos Nominados no Direito Civil Brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro:
Conquista, 1956, p. 158. AGOSTINHO ALVIM. Da Doação, cit., p. 26. Sem razão SERPA LOPES ao
admitir a doação feita pelo maior de 16 anos.
a.1) Destinatário: quem cumpre a condição ou pratica determinado ato,
mesmo que não tivesse conhecimento da promessa (855).
É pessoa meramente determinável (ad incertam personam). A promessa de
recompensa deve ser dirigida a duas ou mais pessoas; se feita a determinada
pessoa configura-se oferta ou promessa unilateral.
• O incapaz que realizar o ato pode exigir a recompensa?
O incapaz adquire o direito e a pretensão, mas deve ser assistido ou representado
quando da cobrança (PONTES DE MIRANDA, p. 312).
b) Forma:
Deve assegurar certa publicidade (dirigir-se a várias pessoas indeterminadas).
Qualquer meio de veiculação de mensagens pode ser utilizado: imprensa escrita,
rádio, televisão, internet, documentos particulares, entre outros. Pode ser tácita (ex.:
pau-de-sebo).