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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE DIREITO
DIREITO CIVIL I - Prof. Eduardo Tavares

• Apresentação do Programa; Objetivos do Curso; Metodologia de Trabalho;


• Plano de Aulas
• Calendário
• Indicação Bibliográfica
• Objetivos da Universidade, MEC, OAB

PLANEJAMENTO – PLANO DE AULAS E CALENDÁRIO

AULA CONTEÚDO
1 Apresentação da disciplina
O Código Civil Brasileiro;
A Constitucionalização do Direito Civil
2 • Direitos da Personalidade
• Modalidades
• Aplicação de Princípios Constitucionais
3 • Fatos Jurídicos;
• Classificação
• Teorias
• Ato-Fato
4 • Ato Jurídico e Negócio Jurídico
• Existência, Validade e Eficácia
• Ato Jurídico stricto sensu
5 • Negócio Jurídico – Elementos Essenciais
• Teoria da declaração, da vontade e da confiança
• Classificação
• Forma
• Interpretação
• Motivo e Causa
• Pressuposição
6 • Modalidades do Negócio Jurídico; elementos acidentais
• Condição – Efeitos e Proibições; Modo e Condição: distinção
• Cláusulas perplexas
• Termo – Efeitos
• Encargo – conceito e efeitos
• APLICAÇÃO DE AV-1
7 • Defeitos do Negócio Jurídico
• Erro, Dolo, Coação
• Conceitos, requisitos e espécies
8 • Continuação dos defeitos do Negócio Jurídico
• Lesão, estado de perigo e Fraude Conta Credores
• Conceitos, requisitos e efeitosDiferenças ente as figuras jurídicas
semelhantes
9 • Invalidade do Negócio Jurídico
• Inexistência Jurídica
• Ineficácia e Invalidade
• Nulidade e Anulabilidade
• Conversão
• Simulação – conceito, requisitos e feitos
• Simulação Objetiva e Subjetiva. Absoluta e Relativa
10 • Atos Ilícitos
• Elementos, Culpa, Teorias
• Conseqüência do ato ilícito
• Dano
• Excludentes
• Abuso de Direito
11 • Prescrição e Decadência
• Diferenciação: direitos subjetivos e direitos potestativos
• Regras gerais e prazos de prescrição e Decadência
• Impedimento, Suspensão e Interrupção da Prescrição
APLICAÇÃO DE AV-2
12 Revisão
APLICAÇÃO DE AV-3

AULA 1

O CÓDIGO CIVIL E A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL

Código Civil Brasileiro: histórico, as reformas do Código,


o Novo Código Civil: estrutura, Constituição Federal e o Código Civil

1 - Fontes:
- Direito Romano, legislação Justianéia;
- Ordenações do Reino – Filipinas; somadas às leis pós Brasil Império;
- Código Napoleônico de 1804;
- Código Alemão de 1896;
- Consolidação de Teixeira de Freitas.

2 - Histórico:
- É a legislação portuguesa que maior influência trouxe ao Código de 1916.
- Após a Independência em 1822, lei de 20/10/1823 determinou que continuasse a
vigorar a legislação do Reino, ou seja, as ordenações Filipinas ( 1603 ). Fato
interessante é que estas vigoraram em sua origem até 1863, quando revogadas. No
Brasil vigorou até a entrada do Código Civil em 1916.
- Na Constituição do Império, em 1824, determinava em seu artigo 179 , nº 18, a
organização de um código civil fundado na equidade e na justiça.
- O primeiro passo foi o esboço de Teixeira de Freitas, que só se efetivou em 1859,
resultou em estudo com 5.000 artigos, não aproveitado no Brasil. Porém, foi a grande
obra na Argentina do Direito Civil.
- Já na República, foi incumbido por Campos Sales, então Ministro da Justiça, um novo
projeto da autoria de Coelho Rodrigues; não foi convertido em lei.
- Como presidente da República, Campos Sales escolheu Clóvis Beviláqua para
elaborar novo projeto, baseado nos estudos de Coelho Rodrigues. No mesmo ano, o
jurisconsulto apresentou o projeto ( 1899 ) que , após quinze anos de debates, se
converteu no Código Civil Brasileiro, promulgado em 1916, entrando em vigor a 1º
de Janeiro de 1917.

3 – O Código Civil de 1916


- As reflexões da evolução da sociedade brasileira no antigo código;
- O papel da mulher na sociedade, A Constituição de 1988 e as relações sócio-
econômico trouxeram verdadeira revolução no interior do Código ( Fato Social –
Valor e Norma ).
- Resultado disto foi sua permanente atualização por legislação complementar à
CRFB/88 e até mesmo pela jurisprudência
- As relações entre o direito civil e o direito comercial
- A origem do direito do trabalho no direito civil ( contratos de prestação ); o
questionamento entre direito público e direito privado

4 – As reformas do Código de 1916


- Na década de 1940 – tentativas de implementação do código das obrigações:
Orozimbo Nonato; Philadelpho Azeredo; Hahnemann Guimarães – converteu-se na
parte geral dos direitos das obrigações.
- Várias leis de 1950 a 1977, dentre estas destacam-se a Lei 4.121/62 – Estatuto da
Mulher casada e a lei 6.515/77 – Lei do Divórcio.
- Início da década de 1960, nova tentativa por Orlando Gomes e Caio Mário da Silva
Pereira; buscava suprimir a parte geral, recebendo muitas críticas; sendo o projeto
revisto e incorporado ao Novo Código Civil

5 - O Novo Código Civil


- Formada Comissão em 1969 para elaborar um projeto de Novo Código Civil;
apresentação de anteprojeto de autoria de Moreira Alves, Arruda Alvim e Silvio
Marcondes, com supervisão geral de Miguel Reale.
- Este anteprojeto sofreu diversas emendas, tendo sua versão final data de 1975,
consolidando-se no projeto de lei 634/75 e enviado ao Legislativo.
- Muitos debates na Câmara resultaram no projeto de lei de nº 634-B, sendo obrigado a
aguardar a nova CRFB/88.
 Novos institutos entram na pauta, tais como:
 proteção à família surgida fora do casamento;
 igualdade ente os cônjuges;
 igualdade entre os filhos naturais e adotivos;
 ampliação do divórcio.

- Finalmente, é o projeto aprovado no legislativo, sancionado em 10/01/2002;


publicado em 11/01/2002; vaccacio legis de 01 ano.
- Consta o Novo Código de duas partes: Geral e Especial
- PARTE GERAL: dividido em três livros
o Livro I - Teoria das Pessoas: sujeito de direito, personalidade civil, capacidade,
personalidade jurídica, domicílio e ausência.
o Livro II – Classificação dos Bens
o Livro III Fatos e Atos Jurídicos ( relações jurídicas )
- PARTE ESPECIAL: dividido em cinco Livros:
o Livro I – Direito das Obrigações;
o Livro II - Direito da Empresa;
o Livro III – Direito das Coisas;
o Livro IV – Direito de Família;
o Livro V - Direito das Sucessões.

- Contém um novo livro somente sobre o direito de empresa; trata da Comissão;


Contratos de agência e distribuição; corretagem; transporte – sendo todos
relacionados à atividade comercial.
- Seu conteúdo é composto de regras sobre a pessoa, a família e o patrimônio; tutela da
personalidade humana, disciplinando a personalidade jurídica, a família, o patrimônio
e a sua transmissão ( Francisco Amaral ).

6 – Princípios Básicos:
- Socialidade
- É o sentido social do Código, tendo como contraponto a visão individualista que
prevalecia no Código de 1916; prevalece o interesse coletivo sobre o individual, sem
deixar de lado o valor fundamental da pessoa humana. Ocorre a revisão de direitos e
deveres em relação ao proprietário, ao contratante, ao empresário, ao pai de família e
ao testador ( REALE).
- Eticidade
- Há uma prioridade à Boa-Fé, à equidade e à justa causa; funda o juiz, a sua decisão,
em valores éticos; quebra-se o formalismo de 1916; o código não pode prever tudo e
dispor sobre tudo. A pessoa humana é a fonte de todos os valores. Exemplo: situações
imprevisíveis do contrato

- Operabilidade
- É a efetividade que o código deve ter para que as normas sejam aplicadas. Melhor
exemplo é a diferenciação entre prescrição e decadência. O legislador deve atuar para
o indivíduo em sua situação específica.

- CLÁUSULAS GERAIS – conceito e função


- são normas “abertas” que tem por objetivo melhor adequar a aplicabilidade da norma
ao caso concreto de forma a estar de acordo com a Constituição e com o Código Civil.

7 – Direito Civil - Constituição Federal – Microssistemas Jurídicos


- A lei ordinária e a Lei Maior devem conviver harmoniosamente, pois compõem o
mesmo sistema jurídico pátrio. A lei ordinária é construída a partir de diretrizes
constitucionais e assim devem andar juntas de forma a delinear os conflitos na
sociedade.
- Para tanto, há que se utilizar da sistemática interpretativa do Código Civil segundo a
Constituição. Neste aspecto há que se registrar duas linhas de raciocínio. Uma em
relação aos diversos sentidos que a norma possa produzir e buscar aquele que mais se
aproxima com a vontade constitucional; a outra em relação à interpretação dada pelo
legislador às diretrizes constitucionais e que conduz à norma ordinária, o que implica
em sua utilização pelo julgador, diante de várias possibilidades interpretativas (Luís
Roberto Barroso).
- No processo de atualização legislativa, face a permanente dinâmica da sociedade,
nasce um rol de leis especiais, autônomo, denominado microssistemas jurídicos,
descentralizando numa pluralidade de estatutos autônomos. Trata-se de legislação
específica, setorial, destinada a regular institutos isolados, afastando a incidência do
Código Civil.
- Neste aspecto, cresce em importância a aplicação da Constituição Federal,
harmonizando e unificando o sistema, criando o Direito Civil Constitucional, através
da aplicação de princípios e normas superiores de Direito Civil, consagradas na
própria Constituição Federal.

8 – A Constitucionalização do Direito Civil


- A Constituição Federal é dotada de vários princípios: Dignidade da Pessoa Humana,
Valorização Social do Trabalho, Igualdade e proteção dos Filhos, Exercício Não
Abusivo da Atividade Econômica, Função Social da Propriedade, dentre outros.
- Na aplicação do Direito Civil, direito privado, há que se fazer uma reflexão a partir de
uma interpretação segundo a Constituição, ou seja, a compatibilidade com a Lei
Maior.
- Ocorre, assim, um cotejamento dos princípios constitucionais numa releitura da
norma privada, preservando-a no que tange a sua compatibilização.
- Assim, a norma privada deve permitir mais de uma interpretação para que se verifique
aquela que melhor se adequa aos comandos constitucionais.

9 – Caso Concreto nº 1

10 – Exercícios
Aula 2

DIREITOS DA PERSONALIDADE

1 – FDUNDAMENTAÇÃO
• Artigos 11 a 21 do Código Civil
• Fundamento: art. 5º, X da CRFB/88; art. 220 da CRFB; art. 5º, IV e V da CRFB/88.
• Pressuposto: existência de direitos extra-patrimoniais nas relações interprivadas.
Possibilita a pessoa atingida um instrumento para a sua defesa e reparação de danos
(lesão ou ameaça de lesão). Proteção à pessoa humana: direitos subjetivos privados.
• No antigo CC havia proteção ao patrimônio e à circulação de riquezas; tratava das
liberdades públicas e não da proteção à pessoa no âmbito privado.

2 - PERSONALIDADE X DIREITO DA PERSONALIDADE

LIVRO I, Título I:
Capítulo I – Da personalidade e da Capacidade
Capítulo II – Dos Direitos da Personalidade

- No capítulo I tem-se a personalidade como aptidão genérica para adquirir direitos e


contrair obrigações na vida civil; confunde-se com a capacidade de direito que é a
titularidade das relações jurídicas.
- Ângulo Externo: personalidade enquanto capacidade de adquirir direitos e contrair
obrigações no meio social; do homem em relação aos demais integrantes da sociedade.

- Já no Direito de Personalidade tem-se a Personalidade como um conjunto de


características e atributos da pessoa humana considerada como objeto de proteção por
parte do ordenamento jurídico; tutela dos direitos personalíssimos da pessoa; lesão ou
ameaça de lesão provocada em face da personalidade da pessoa humana.
- Ângulo Interno: interior do próprio homem com uma visão de necessidades e
direitos básicos enquanto cidadão;
• Direitos da Personalidade: intransmissibilidade e irrenunciabilidade.
• Reparabilidade a lesão ou ameaça de lesão;
• Cessação dos atos danosos;
• Proteção ao corpo, à vida, ao nome e ao patrimônio, ao pseudômino,
à privacidade e intimidade.

3 - CARACTERÍSTICAS:
- generalidade; extrapatrimonialidade, caráter absoluto, inalienabilidade,
imprescindibilidade e intransmissibilidade, imprescritíveis, impenhoráveis, vitalícios,
necessários e oponíveis erga omnes
** inatos: duas correntes: ínsitos ao próprio homem X dependem de lei para nascerem, o
que prevalece
- os efeitos patrimoniais dos direitos da personalidade são transmissíveis.

OBSERVAÇÃO:
- Direitos Originários: são os direitos inatos às pessoas que se impunham ao Direito e ao
Estado;
- Direitos do Homem: são próprios de qualquer pessoa, tendo como critério identificador a
titularidade exercida pelo sujeito do direito, pessoa natural;
- Direitos Personalíssimos: são os insusceptíveis de serem transmitidos de um titular para
outro;
- Direitos Pessoais: são aqueles quem não tem natureza real.

4 - CLASSIFICAÇÃO:
- Direito à Integridade Física: à vida, ao próprio corpo e ao cadáver.
- Direito à Integridade Moral: honra, liberdade, recato, imagem, nome e direito moral
do autor.

5 – NO CÓDIGO CIVIL

Artigo 11:
- características gerais, salvo as exceções previstas em lei; limitação voluntária,
autorização por lei; comportamento do sujeito de direito.

Artigo 12:
- indenizatório por prejuízos materiais e morais, sem prejuízo de ações administrativas
ou penais.
- Parágrafo Único: companheiro ou companheira, na contra-mão do direito. A lei
8971/94 que trata de alimentos e sucessão para companheiros, regulando situação
específica.

Artigo 13
- trata da remoção de órgãos. Para atos praticados em vida; exigência médica ( risco de
vida presumido ); não basta autorização; médico deve atestar o procedimento.
- Contrariar os bons costumes – troca de sexo é vedada; bons costumes; depende da
região.
- Análise jurídica quanto a alteração em registro público; exames periciais e
intervenções cirúrgicas autorizadas

Artigo 14
- Objetivo científico ou altruístico ( transplante de órgãos para salvar vidas. Vontade do
doador presumida até disposição em contrário do próprio; cumpra-se à vontade do finado.
Artigo 15
- vedado o tratamento médico com risco de vida; autorização do paciente ou familiares.

Artigos 16 e 17
- nome = prenome + sobrenome;
- situação da mulher no divórcio: opção exercida pela mulher; manutenção do nome da
família é direito personalíssimo; referência com o nome dos filhos.
- Proteção ao nome veda a exposição vexatória ou vergonhosa por terceiros, independe
da intenção.
- PROTEÇÃO AO NOME: Atributo externo da personalidade; Natureza jurídica do
nome: direito da personalidade ou sinal distintivo revelador da personalidade.
- O prenome não pode ser alterado; apelidos públicos notórios; situações vexatórias;
acréscimos.
- Art. 56 da lei 6015 – pode ser alterado no primeiro ano após atingir a maioridade civil
desde que não haja prejuízo aos apelidos de família: inclusão de sobrenome materno,
supressões, traduções ; sempre por sentença do juiz, ouvido o MP. Lei 9807/99 -

Artigo 18
- autorização prévia do portador do nome; proteção à utilização do nome, pessoa física
ou jurídica; a marca está aqui incluída.

Artigo 19
- pseudômino de artistas integram a personalidade, desde que constante e legítimo, e
em atividade lícita; identificação da pessoa que o adotou.

Artigo 20
- proteção à honra, à boa fama e à respeitabilidade da pessoa para que não seja atingida
injustamente. A utilização deve se dar na forma da lei.
- Dano moral e dano material.
- Autorização expressa ou tácita, sem deixar dúvidas; renúncia à privacidade.
- Administração da Justiça: dilação probatória, por quebra de sigilo bancário, telefônico
ou fiscal ou qualquer outra prova amparada pelo segredo de justiça. Processo Judicial:
busca da verdade real.
- Autorização do Juiz competente ( administrativo e judicial ).
- Manutenção da Ordem Pública - juízo de valor da autoridade com plena convicção,
responsabilizando-se ante a pessoa do atingido; ordem pública X Direito Privado.
- Novamente no parágrafo único faltou o companheiro e companheira.

Artigo 21:
- Instrumento de proteção á vida privada, a inviolabilidade e à intimidade; é um
instrumento de proteção. Fundamenta-se no artigo 5º, XI da CRFB/88.

6 – DIREITOS DA PERSONALIDADE e CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO


DIREITO CIVIL
- Dois aspectos são relevantes quando da efetivação dos direitos da personalidade:
- Primeiramente a verificação do aspecto limitativo autorizativo pelo elemento vontade,
onde o operador do direito verificará se´é possível a disposição do direito, na forma do
artigo 11 do CC;
- Em segundo lugar, quase sempre o tema atingirá princípios constitucionais que devem
ser observados e numa primeira vista parece verdadeiro conflito normativo. Pode-se,
aqui, fazer referência a “preponderância de um princípio sobre o outro” na aplicação do
caso concreto , resguardando sempre o espírito da Lei Maior e os fundamentos do
Novo Código Civil.

7 – IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE JURISPRUDENCIAL

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

Aula 3
1 – Definições:
- O Código Civil vigente trouxe-nos uma correção no conceito de fato jurídico, ato
jurídico e negócio jurídico, de forma a facilitar a distinção entre os institutos.
- Fato Jurídico é todo o acontecimento que produz efeito jurídico: constitutivo,
conservativo, modificativo e extintivo.
- Poderá com a intervenção do homem ou não.
- Assim, teremos:
- O Fato Natural (da natureza), tais como, a chuva, o vento, o terremoto; poderá produzir
conseqüências jurídicas (perda da propriedade); O Fato Jurídico produzido pelo
homem mas que independe de sua vontade, tais como o usucapião, o nascimento, a
morte, e que produz conseqüências jurídicas; AMBOS OS CASOS SÃO Fato Jurídico
em sentido estrito;
- O Fato Jurídico produzido pelo homem através de sua vontade – SERÁ O ATO
JURÍDICO QUE PODERÁ SER LÍCITO OU ILÍCITO;
- No Código de 1916, o ato ilícito não era considerado ato jurídico por ser algo contra o
ordenamento; com o Novo Código, firma-se a posição do ato jurídico que embora
ilícito, produz efeitos jurídicos.
- Parece-nos, acompanhando a maioria dos autores, que o novo código civil veio corrigir
algumas situações que se encontravam fora desta classificação, ou seja, o ato jurídico e
ilícito que gera efeito jurídico; e ainda, os atos jurídicos que não contém intuito
negocial, mas que sendo lícitos geram efeitos jurídicos, mesmo não querendo o agente.
Assim, o agente, mesmo sem o intuito negocial, termina por gerar efeitos jurídicos com
atais atos.

2 – CLASSIFICAÇÃO:
Com o Código Civil vigente, melhor seria a seguinte classificação:

Fato Jurídico em sentido estrito

Ato Jurídico em
sentido estrito
Ato-Fato Jurídico (não negocial )
Fato Jurídico
(sentido amplo ) Lícita ( ato Jurídico
Em sentido amplo )
Negócio Jurídico

Ação Humana

Ilícita Ato Ilícito

- Fatos Jurídicos em sentido amplo – todo o acontecimento , natural ou humano que


produza efeitos jurídicos:

a) Fatos Jurídico em sentido estrito - externos ao homem – fatos que não envolvem
qualquer ato humano e que provocam o surgimento ou a modificação de relações
jurídicas. Ex.: a mudança do curso de um rio; chuva em alto mar.

i) ordinários – nascimento, morte, decurso de tempo


ii) extraordinário - , terremoto, enchente, caso fortuito, força maior

b) Ato-Fato Jurídico – não importa a vontade; efeitos produzidos pela norma; relevante é
a consequência do ato. Ex: compra de sorvete por uma criança.

i) atos-reais – resultam de situações fáticas: pintura de um quadro por um louco;

achado de um tesouro.

ii) atos-fatos indenizativos – de um ato humano decorre prejuízo a terceiros


iii) atos-fatos caducificantes – fatos jurídicos cujo efeito é a extinção de determinado
direito; ex: decadência da ação anulatória de casamento.

c) Ação Humana ( atos jurídicos )

i) Lícitos - atos jurídico em sentido amplo; conforme a lei:


ato jurídico em sentido estrito; meramente lícitos; sem intuito negocial,
mas que sendo lícitos, geram efeitos jurídicos, embora não
pretendidos pelo agente; o efeito jurídico surge como uma
circunstância acidental não imaginada pelo autor do ato. É
irrelevante o elemento vontade, pois os efeitos advém de lei. O
agente não goza de escolha dos efeitos produzidos.
Ex.: domicílio civil surgido sem a vontade do agente ( pressuposto
fático contido na norma ); o plantio em terra própria com semente
alheia, a construção do imóvel; a pintura sobre uma tela

negócio jurídico – com propósito negocial desejado pelo agente,


alcance do efeito jurídico desejado: adquirir, resguardar,
modificar ou extinguir direitos. Podem ser unilateral
( testamento ) ou bilateral ( contrato ). Há uma declaração
de vontade e um efeito pretendido.

ii) Ilícitos – atos desconformes com a lei e que produzem dano a terceiros que
devem ser indenizados, com ou sem intenção do agente ( interesse civil )

3 – O ATO-FATO JURÍDICO:
- é o fato jurídico, qualificado pela atuação humana, mas que para o direito é irrelevante se
a pessoa teve ou não a intenção de praticá-lo. Encontra-se no limiar das duas situações: é
um fato jurídico em que há atuação humana, mas que há intuito negocial, mas não há
vontade pois o direito o desconsidera. No entanto, produz consequências jurídicas: melhor
exemplo ocorre quando uma criança vai a uma sorveteria e compra um sorvete. Apesar de
haver um sentido de negócio jurídico, não há que se falar em elemento vontade, neste caso,
porém produz efeitos como verdadeiro negócio jurídico.

4 – Aquisição de Direito

- É o encontro do direito com seu titular. Pode ser originária – quando feita sem qualquer
relação com o titular anterior; ou derivada – quando há este relacionamento. Observe-
se, desde já, que “ninguém pode transferir mais do que possui”.
- Se há aquisição derivada esta uma SUCESSÃO, seja a título singular ( compra e
venda), seja a título coletivo ( herdeiro ou legatário ), ratando-se de objeto (coisa) ou
direito.
- Poderá, ainda, ser universal quando se transmite o patrimônio por inteiro ( sucessão
causa mortis ).
- Poderá ser gratuita ( sem contraprestação ) ou ( onerosa ).
- A aquisição de direitos estará sempre relacionada a um fato ou conjunto de fatos
(aquisição da propriedade por usucapião) que lhe são antecedentes.

- O Direito poderá ser atual – quando está pronto para ser exercido; ou futuro – cuja
aquisição ainda não se completou por faltar-lhe um fato, seja objetivo seja pelo tempo.
- O Direito Eventual é o direito futuro mas que já apresenta algum de seus elementos
constitutivos; já alguma relação com o presente, proteção jurídica. Alguém que vende
algo que ainda não possui e que deve adquirir para podre transmitir. O evento futuro é
inerente ao próprio negócio ao próprio direito. Há um elemento futuro que o direito
necessita para completar-se; índole interna.

- Expectativa de Direito – é a mera possibilidade, esperança de se adquirir um direito; há


um direito em potencial. É o caso do herdeiro testamentário que aguarda a abertura da
sucessão, enquanto não ocorre o evento morte; não qualquer proteção jurídica; não há
direito.

- Direito Condicional é aquele que está sob uma condição, evento futuro e incerto. O
evento futuro é externo ao ato.
- Tais conceitos serão revistos posteriormente, quando tratarmos de validade e eficácia
do negócio jurídico.

5 – Modificação de Direito

- Os direitos podem ter modificações qualitativas ou quantitativas, seja objetiva


( dinheiro e cheque ) , seja subjetiva ( Cessão de Crédito, transferência causa mortis ).
Não confundir com a extinção de um direito e nascimento de outro ( Novação ).

6 – Defesa de Direito

- Em relação a defesa de direitos, é tratativa do direito adjetivo, processual. Porém


registre-se que o titular do direito deve ter um meio de defende-lo ou de exerce-los
caso sofram ameaça ou seja tolhido o seu exercício. ( art. 5º, XXXV da CRFB ) –
direito de ação. Legítima defesa e ação judicial ( todo o direito corresponde uma ação
que o assegura )
- O poder judiciário só se manifesta na solução de casos específicos, não o fazendo em
situações genéricas. A ação é o direito público subjetivo do cidadão contra o Estado
para obter proteção jurídica.

7 – Extinção de Direito

- Os direitos nascem, existem e se extinguem, morrem.


- Não confundir a extinção ( desaparecimento do direito para qualquer titular ) com a
perda do direito que ocorre quando o direito passa a outro titular, desligando-se do
anterior; é o caso da alienação ( com vontade ) e da desapropriação ( sem vontade ).
- No perecimento do direito, o objeto perde suas características essências, seja porque se
confunde com outro, seja porque deixou de existir, seja porque está em lugar onde não
possa ser retirado.
- A renúncia também é causa de extinção, sendo que há casos em que há aquisição do
direito pelo outro titular ( renúncia a herança ). Entende-se, assim que na realidade o
exemplo é uma alienação ( VENOSA ), pois há consentimento da parte que recebe o
direito.
- O abandono da coisa também é a renúncia com a intenção implícita.
- Assim, poderá ocorrer a extinção do direito quando: ( RODRIGUES )
- perece o objeto do direito;
• o objeto se confunde com outro;
• o objeto fica em ligar onde é difícil sua retirada;
• ocorre a perempção ( art. 268, § único do CPC )
• o direito é personalíssimo e falece o seu titular;
• ocorre a Confusão ( reúne numa só pessoa as figuras de credor e devedor art. 381 do
CC);
• a instituição jurídica fica abolida.

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

Aula 4

DO NEGÓCIO JURÍDICO – art. 104 a 114 do CC


- É o ato jurídico em que o efeito jurídico é almejado pelo sujeito; ato de vontade e
lícito.
- Indivíduo capaz de criar relações, desde que em conformidade com a ordem social; é
eficaz pois a vontade não destoa da lei.
- Autonomia da vontade: Liceidade + vontade.
- Uma vez acordado entre as partes, a lei lhe empresta sua força coercitiva o que torna a
relação jurídica estabelecida obrigatória.
- pacta sunt servanda; a convenção tem força de lei ? Rege as relações privadas, onde o
interesse público não é maior ( sempre que não colidirem com a lei de ordem pública ).
- Há cada vez mais intensamente um interesse público, o que enfrenta a autonomia da
vontade; decorrente disto as críticas ao princípio de que o contrato faz lei ente as
partes.
- Atenção para as diversas nomenclaturas dos Juristas.
OS PLANOS DA EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA DO NEGÓCIO

JURÍDICO

• Existência – atendimento a certos requisitos


• Validade – é a perfeição daqueles requisitos; aptidão legal para produzir efeitos
• Eficácia – embora válido, seus efeitos podem estar suspensos por existência de
elementos acidentais

1 – O Plano da Existência:

- Neste plano não se fala em invalidade ou de eficácia, mas tão somente sua análise
quanto a existência de certos elementos constitutivos, imprescindíveis à existência
do Negócio Jurídico.

Elementos constitutivos

a) Manifestação de Vontade:

- poderá ser expressa - através da escrita ou falada, gestos ou sinais ou ,ainda,


tácita, - através de um comportamento do agente.
- Qualquer neutralização à manifestação volitiva ( vis absoluta – violência física )
torna o ato inexistente.
- Em relação ao silêncio, em regra, não produz efeitos pela ausência de
manifestação de vontade. Porém, em situações como o mandato na doação pura,
a abstenção produzirá efeitos.
- No Código Civil, artigo 111 esclarece que o silêncio deverá ser examinado no caso
concreto.
- Por fim, no plano da validade, veremos que o silêncio de quem tem obrigação de
informar conduz à omissão dolosa ( art. 147 CC ).

b) Agente Emissor da vontade:


- somente existirá o ato com a presença do agente; a exceção para o fato jurídico

em sentido estrito.

c) Objeto:

- há necessidade de um objeto, onde estará centrado o interesse jurídico., seja uma


atividade do devedor, seja um objeto material.

d) Forma:

- É o meio pelo qual a declaração se exterioriza, chega ao mundo exterior.


- Registre-se que a simples intenção do agente não interessa ao direito.

2 – O Plano da Validade:

- É a análise qualitativa que deverá recair sobre cada um dos elementos

constitutivos do Negócio Jurídico. Observe-se que seus elementos são os mesmos da

Existência, porém com a respectiva qualidade necessária que lhe dá validade.

Pressupostos de Validade do Negócio Jurídico

a) manifestação de vontade livre e de boa-fé;


- deve ser livre; não pode estar impregnada pela malícia ou pela má-fé; caso não,
poderá o negócio jurídico ser anulado por vício ( defeitos do negócio jurídico –
artigo 138 a 165 do CC ).
- Tal pressuposto esta regido por dois princípio: boa-fé e autonomia privada.
- A autonomia privada, liberdade de negociar, possui sua limitação centrada na
Constituição, princípios constitucionais ( função social da propriedade, exercício
da atividade econômica, defesa do consumidor, etc ); art. 421do CC – função
social do contrato.
- Individualismo selvagem X Solidarismo Social
- Boa-Fé subjetiva (posseiro; pagamento ac redor putativo) – e Boa-Fé objetiva,
caracterizada pela diligência e probidade; padrão ético objetivo de confiança
recíproca; deveres mínimos de lealdade. Ex.: compra de maquinaria de alta
tecnologia e indispensável assessoria técnica que não é prestado e o contato é
silencioso –poderá ser anulado por violação à boa-fé objetiva.

b) agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio;


capacidade do agente – Representação, Assistência; o intuito é dar proteção àqueles que
não possuem capacidade ( art. 105 do CC ), devido a ausência de vontade ou a falta de
aperfeiçoamento desta.

IMPEDIMENTO – apesar de capaz, o agente poderá estar impedido, ou seja, não possuir
legitimidade para proceder o negócio jurídico naquele caso concreto: tutor; o excluído da
herança por indignidade; a consequência desta violação é a nulidade do negócio jurídico
por violação à norma cogente.

LEGITIMAÇÃO – aptidão para atuar em negócio jurídico que tenham determinado objeto,
em função de uma relação em que se encontra o interessado em face do objeto. Ex.: o tutor
e os bens objetos de sua gestão; o condômino e o seu quinhão em coisa indivisível ( art.
504 do CC ); ascendente e a venda a descendentes art. 496 do CC ). Assim, a Legitimação
é instituto relacionado ao processo civil, ou seja, pode-se adquiri-la desde que cumpridas
certas condições processuais.

c) objeto lícito, possível e determinado ( ou determinável );

- o objeto não pode estar contra a lei, a moral ou os bons costumes, sendo estes interesse
da sociedade que não podem ser colididos; deve ser juridicamente possível. Atenção
para os objetos de contratos que são tolerados pela sociedade ( ex.: contrato de locação
em casas de prostituição )
- Quando o objeto é ilícito, ou quando se atua em juízo em busca da própria torpeza,
caberá ao magistrado buscar a justiça e a conveniência, fundando-se nos artigos 150,
182 e 885 do CC

d) forma adequada ( livre ou legalmente prescrita ).


- A liberdade da forma é a regra, porém se a lei determinar deve Ter a forma solene
estabelecida ( Ex.: compra de bem imóvel ) – art. 107 e 108 do CC; art. 1640 do CC
- Objetivo da forma solene: facilidade da prova; garantia de autenticidade do ato;
dificuldade de se ter vício por dolo ou coação; seriedade do ato.
- No caso de forma solene, forma e ato se confundem. Art. 109 do CC.
- Na dúvida sobre a vontade da parte, deve o juiz buscar saná-la no processo, buscando a
efetiva vontade das partes. Porém a vontade não poderá ser maior do que a declaração
clara e insusceptível de dúvidas.

Interpretação do Negócio Jurídico

- Na interpretação do negócio jurídico, art. 112, 113 e 114 do CC, ganha em

importância a manifestação de vontade; trata-se da Boa-fé objetiva, já tratada no

item acima.

A Causa no Negócio Jurídico:

- Tema polêmico, não se deve confundir, no direito pátrio, a causa com o motivo,
sendo este um elemento móvel subjetivo, irrelevante para o direito; somente terá
sentido analisar-se a causa se esta possui relevância jurídica.

a) corrente subjetivista: é a razão determinante, fim imediato que determina a

declaração de vontade; caráter finalístico: Ex na venda do imóvel é o recebimento

do preço, não importando para quê vende-se o imóvel.

b) corrente objetivista: é a significação social do negócio e sua função (Orlando

Gomes); caberá ao direito tutelar atos socialmente úteis. Ex.: num contrato de

seguro, a transferência lícita do risco é a função prática social do negócio.


- Há, ainda aqueles doutrinadores que não defendem a importância atribuída à
causa, bem como aqueles que a função social do negócio não se confunde com a
sua causa..
- O Código Civil, em seu art. 166, III, coloca a causa como pressuposto de validade
( e não de existência) - por tratar-se de “motivo relevante”.

- E ainda no art. 140 do CC trata do falso motivo – como razão determinante,


aderindo à corrente subjetivista – tratando de finalidade negocial típica que
poderá levar à anulabilidade do negócio se não atendido. Ex.: aquisição de imóvel
por entidade filantrópica para transformar em asilo, obtendo, assim abatimento
no preço; ´se desvirtuado este fim, poderá o negócio ser anulado pela atitude
dolosa de desvirtuar a expressa razão do negócio.

3 – O Plano da Eficácia:

- será verificado quando estudarmos os Elementos Acidentais no Negócio Jurídico.


- conceitualmente pode-se afirmar que o negócio jurídico que existe e é válido,
poderá estar sujeito a certos acontecimentos acordados ente as partes e que
influenciarão a eficácia do negócio jurídico. Ex.: Dou-lhe um carro se voc~e
passar na faculdade.

Classificação dos Negócios Jurídicos:


a) Negócios Unilaterais e Bilaterais:
- Unilateral – declaração de vontade de uma das partes para que o negócio se aperfeiçoe.
Ex.: testamento;
- Bilateral – manifestação de vontade de ambas as partes. Ex.: Contrato

b) Negócio Oneroso e Gratuito


- Oneroso – à vantagem obtida corresponde um sacrifício; reciprocidade entre as partes.
Ex.: compra e venda, locação
- Gratuito – sacrifício ocorre somente com uma das partes, pois a outra somente se
beneficia. Ex.: doação
- Todo negócio oneroso é bilateral, mas nem todo negócio bilateral é oneroso. Ex.:
comodato, mandato, doação.

c) Negócios causa mortis e inter vivos :


- causa mortis – negócio em que o efeito são produzidos após a morte do agente. Ex.:
testamento, doação causa mortis.
- inter vivos – são os negócios cujos os efeitos ocorrem durante a vida dos interessados.
d) Negócios Solenes e Não-Solenes:
- Solenes – são aqueles que para se aperfeiçoarem necessitam de uma forma prescrita em
lei. Ex.: testamento, adoção
- Não-Solenes – independem de forma determinada, podendo as partes recorrer a
qualquer delas. Ex.: compra e venda de bens móveis.

DA REPRESENTAÇÃO – art. 115 a 120 do CC; 653 a 692 do CC

- A representação pode ser adquirida por lei ou por parte interessada.


- A manifestação de vontade pelo representante vincula o representado, desde que
emitida nos limites dos poderes autorizados.
- A representação quando expressa pela parte interessada deve se dar na forma de
mandato ( Outorgante ou Outorgado; Mandante e Mandatário ), art. 38 do CPC
(poderes adjudicia e extra )
- É vedado o contrato consigo mesmo. Caso em que um único indivíduo adquire duas
modalidades jurídicas diferentes, ou seja, atua em seu próprio nome e em nome de
outrem. Ver art. 497, I, IV do CC e
- Exceção quando a venda é feita pelo próprio mandatário e ainda com o consentimento
e em que não haja conflito de interesses – art. 117 do CC e Súmula 165 do STF

Atos praticados contra o interesse do Representado, pois causam prejuízo – art. 118.
- Interesse do Representado X Interesse do Terceiro de Boa-Fé – art. 119

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

Aula 5

Capítulo III: Elementos Acidentais: da Condição, do Termo e do Encargo

1 – Definições:

São elementos acidentais; não são indispensáveis, porém alteram as consequências do ato
jurídico; afetam o negócio jurídico, sempre por ajuste entre as partes.
Encontra-se no plano da Eficácia do Negócio Jurídico; eficácia do ato negocial
Normalmente, são verificados os planos da existência e da validade, para após tratar-se do
plano da eficácia.
Não é qualquer eficácia do negócio, mas aquela eficácia determinada pela vontade das
partes.
Um negócio jurídico TERÁ ELEMENTOS DE EXISTÊNCIA E DE VALIDADE,
podendo ainda ser composto com ELEMENTOS ACIDENTAIS ( EFICÁCIA ).
Podem ser: a condição, o termo e o encargo.
OBSERVAÇÃO: poderá o ato nulo ou anulável produzir efeitos jurídicos, com
repercussões no plano da eficácia. Ex: Casamento Putativo; Ato-Fato Jurídico.

2 - A Condição ( artigo 121 do CC )


- A eficácia do negócio jurídico depende de evento futuro e incerto. O negócio já existe
desde logo (existência do negócio jurídico), porém a sua eficácia é que se subordina a
um evento futuro e incerto. Superado tal evento, o negócio gera os seus efeitos;
frustrado, o negócio se desfaz.
- Possui dois elementos: incerteza e futuridade.
- Trata-se da incerteza originada no próprio fato e não ao período do tempo. Ex.: a morte
poderá ser Termo ou Condição. Se no exemplo tratar-se de “quando a pessoa morrer” –
é termo, pois todos vamos morrer um dia. Mas se o exemplo tratar de morte em cinco
dias – é condição pois não se tem certeza da ocorrência do evento.
- Portanto, o evento é considerado relevante em função da vontade entre as partes.
- As condições necessárias ao negócio jurídico (conditiones juris) não se enquadram da
categoria de elemento acidental.Ex.: formalidade exigida por negócio jurídico. Existem
situações que fazem parte do ato, tal como a outorga de escritura quando na compra –
venda de imóvel, não se tratando de condição. Não se trata de evento futuro e incerto,
mas uma consequência necessária do próprio ato.

ATENÇÃO:
- A condição passada faz do negócio puro e simples.
- Tratando-se de evento certo, não é condição, mas TERMO.
- Há negócios que não permitem qualquer condição. Ex: Casamento, Emancipação,
Sucessão. A questão maior é o risco para institutos protegidos pela sociedade.

- As Condições podem ser assim classificadas:

a) quanto à sua natureza: necessárias (conditiones juris )e voluntárias.


b) quanto ao modo de atuação: suspensivas e resolutivas.
c) quanto ao plano fenomenológico: positivas ( ocorrência do fato ) e negativas ( fato
que deixa de ocorrer ).
d) quanto a sua licitude: lícitas e ilícitas. ( perplexas, puramente e simplesmente
potestativas )
e) quanto à possibilidade: possíveis e impossíveis (física e juridicamente )
f) quanto á sua origem ( causais, potestativas e mistas )

- Vamos nos deter nas de maior relevância:


- As condições podem ter sua eficácia adiada a um evento futuro e incerto, tratando-se
de Suspensivas: – quando impede que o negócio se aperfeiçoe até que ocorra a
condição; o ato negocial subordina a aquisição de direitos e deveres obrigacionais; na
vigência de uma condição, não se terá adquirido direito; assim no caso de pagamento
antecipado, cabendo a ação de repetição de indébito ( ação in rem verso – por
pagamento indevido ).
- Condição Suspensiva ( art. 125 do CC )
- A eficácia fica subordinada a evento futuro e incerto. Se ocorrer, adquire-se o direito.
Ex.: carro se passar na faculdade
- Atos conservatórios da coisa ( art. 130 do CC ) – direito eventual.
- A existência de condição suspensiva faz com que não se possa dispor da coisa de forma
a descaracterizá-la. ( art. 126 do CC )

- Ou ainda, quando este evento futuro e incerto determina a suspensão da eficácia do


negócio jurídico, como Resolutiva: – torna sem efeito o negócio na medida que a
condição ocorre.. A condição resolutiva poderá ser tácita (opera-se de pleno direito ) ou
expressa ( necessidade de haver interpelação judicial ). Ex: contatos bilaterais sem
cláusula de resolução com a ocorrência do inadimplemento ( futuro e incerto ). Poderá
o credor pleitear a dissolução do negócio jurídico; para tanto deverá promover a
interpelação judicial do inadimplente.
- Condição Resolutiva ( art. 127 do CC )
- A eficácia do negócio é imediata, e durará enquanto a condição resolutiva não advier.
- Desfaz-se, assim o negócio jurídico.

Condição causal, potestativa ou mista


- causal: evento alheio à vontade das partes; caso fortuito ou ao acaso; e ainda, a
condição que depende da vontade exclusiva de um Terceiro.
- Potestativa: quando depende da vontade de uma das partes, que pode provocar ou
impedir sua ocorrência, inteiro arbítrio ( puramente potestativas ). As simplesmente
potestativas são válidas: acontecimento + vontade. Ex: viagem ao redor do mundo;
Locatário na renovação.
- Mista: é condição que depende de uma das partes e de um terceiro. Ex.: constituição de
uma Sociedade.

- Ainda em relação às condições potestativas:


- As condições simplesmente potestativas estão relacionadas a um grande esforço ou
determinado trabalho de uma das partes (WALD) são aceitas em nosso ordenamento:
doação de determinado livro que o donatário irá escrever, venda de determinado
objeto, aquisição de determinado bem, conclusão de um curso;
- Já nas condições puramente potestativas verifica-se a presença de certos termos, tais
como: se eu quiser, caso seja de meu interesse, se na data aprazada o declarante tiver
condições de fazer. Nestas há um arbítrio exclusivo e não um esforço, prejudicando a
boa fé objetiva.

ATEJÇÃO: venda a contento ( não é considerada potestativa ) , mas sim uma venda que se
efetiva na medida em que o comprador provar e gostar, e só assim querer comprar;
satisfação do adquirente.

Condições Lícitas e Ilícitas


- Todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes são
lícitas.
- Exemplos contra o direito e a moral: proibição de se casar, proibição de locomover-se;
proibição de mudar de religião – todas promovem a nulidade do negócio jurídico ( art.
123 c/c 166, VII do CC ).

São proibidas as seguintes condições: ( art. 123 do CC )


I. que privarem de todo o efeito do ato
II. que o sujeitarem ao arbítrio de uma das partes
III. Impossíveis, fisicamente, juridicamente e contrárias à moral e aos bons costumes.

As condições perplexas ( incompreensíveis ou contraditórias são aquelas que inviabilizam


o próprio negócio jurídico: Ex.: empresto o imóvel desde que você não more nem o alugue.

Condições Possíveis e Impossíveis:

- Impossibilidade Física – subordina a evento que contradiz a natureza das coisas. Ex.:
Jamais chover na Terra. É condição inalcançável por TODAS as pessoas. É condição
inexistente ( art. 124 do CC )
- Juridicamente Impossível – condição que colide com a lei, a moral ou os bons
costumes. É invalidado o ato a ela subordinado ( art. 123 do CC ), contamina todo o
contrato, tornando-o nulo.
Ex.: a questão de não contrair casamento de forma geral pode ferir a liberdade ou ser
altruísta. Com certa pessoa não ( Silvio Rodrigues ). Também por doença é contraditório.

- Registre-se que, a qualquer tempo, o critério classificatório interage, ou seja é possível


ter-se diversas classificações no mesmo caso concreto: voluntária, suspensiva, fisicamente
possível e lícita.

Da Condição Maliciosa ( art. 129 do CC )


- Poderá ocorrer quando se impede a realização ou quando lhe é forçada o advento.
- Na condição suspensiva, o credor acelera a ocorrência e o devedor atrasa;
- Na condição resolutiva, o titular do direito evita a ocorrência e o credor força a
aparição.
- Nestes dois casos a lei desconsidera a realidade e estabelece o contrário do se passou .
- Observa-se a presença de dolo por parte da parte que provocou o ato maliciosamente.

Da Retroatividade da Condição
- A regra geral é de que a condição não retroage, ou seja, os efeitos produzidos antes de
suprida a condição não são considerados.
- A exceção à regra só deverá ser considerada quando convencionado pelas partes ou se
lei específica estabelecer. Ex.: atos de disposição durante a pendência da condição
suspensiva ( art. 126 do CC );
- Prevalecerá sempre o princípio da Boa-Fé. ( art. 128, in fine do CC )
3 – O Termo ( art. 131 do CC )
- Está relacionado à eficácia do ato jurídico; é o dia em que começa ou que termina sua
eficácia;
- Há negócios jurídicos em que a eficácia é instantânea, de exigibilidade imediata;
- É acontecimento futuro e certo. Possui duas características: futuridade e certeza
- Diferencia-se da condição pelo fato deste ser direito eventual, podendo ou não se
realizar.
- Já no termo, o direito pertence ao credor, é certo, é deferido; ocorre apenas a suspensão
da eficácia do negócio jurídico.
- O termo inicial, termo suspensivo, dies a quo – é aquele que suspende o exercício do
direito; a eficácia negocial é protraída para data certa, a partir da qual as obrigações são
exigíveis, onde começa a eficácia de um ato jurídico; compara-se à condição
suspensiva. Suspende o exercício mas não a aquisição do direito ( art. 130 do CC ). A
exigibilidade do negócio é transitoriamente suspensa, mas as partes adquirem desde já
os direitos e deveres do negócio jurídico. Pode haver o cumprimento antecipado da
obrigação, não se caracterizando enriquecimento sem causa, pois há direito. A
subordinação é apenas do exercício, exigibilidade, que está suspensa..
- O termo final, termo resolutivo ou extintivo, dies ad quem – é o que dá o término a um
direito; as partes podem acordar a data certa, onde termina a eficácia do ato jurídico;
compara-se a condição resolutiva. ( art. 135 do CC )

- O termo poderá ser certo; há certeza na ocorrência, podendo ser uma data ou um lapso
temporal
- Porém , também poderá ser incerto, sendo certo que existirá ( “quando José morrer !”)
- O termo poderá ser convencional, legal ou de graça ( fixado por decisão judicial ).

4 – Prazos ( art. 132 do CC)


- Lapso de tempo entre a declaração de vontade e o advento do Termo; é o período de
tempo entre o termo inicial e final;
- Forma: exclui-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. ( art. 132 ).
- Vencimento no Sábado, feriado ou Domingo, prorroga-se para o primeiro dia útil.
- Quando não se estabelece o prazo, os atos são exequíveis de imediato. (art. 134 CC).

5 – Encargos ( art. 136 do CC )


- É um ônus que diminui a liberalidade; uma limitação trazida ao negócio, quer para dar
destino ao objeto, quer para trazer uma contraprestação.
- Clóvis Beviláqua: “determinação acessória” pela imposição de prestação, de um ônus.
- Não atua sobre a eficácia, mas poderá ocorrer se o disponente impor, o que torna uma
condição suspensiva. ( art. 562 do CC );
- A aquisição do direito se dá desde logo, mas existe um ônus a ser cumprido. ( art. 553
do CC ).
- O encargo poderá ser exigido pela via judicial; seu descumprimento não gera a
invalidade do negócio, mas uma cobrança judicial.
- Art. 137 do CC – diferença de não escrito e invalidade do negócio jurídico – Ex.:
Viagem a marte X casa doada para prostituição ).

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

Aula 6

Defeitos do Negócio Jurídico – Erro, Dolo e Coação

1 – Introdução:
- A vontade, no ato jurídico deve ser livre e consciente. É elemento essencial; se não,
ocorre o ato está defeituoso.
- A vontade pode não se manifestar, gerando ato nulo ou inexistente.
- A nova abordagem do Código Civil: Erro, Dolo, Coação, Estado de Perigo, Lesão e
Fraude contra Credores.
- Simulação passa ao capítulo da invalidade do Negócio Jurídico.
- A Lesão é retomada como Defeito do Negócio Jurídico.
- O negócio terá vida jurídica até ser anulado.
- PRAZO DECADENCIAL PARA ATOS JURÍDICOS EIVADOS DE VÍCIOS, na
forma do artigo 178, I, II e III do CC; prazo da pretensão; a partir que cessar a
incapacidade; simulação com prazo imprescritível – ato nulo.

São Vícios de Consentimento:


- O Erro, o Dolo, a Coação, a Lesão e o Estado de Perigo incidem sobre a vontade, não
permitindo ao agente externá-la conforme seu desejo. A vontade encontra-se
prejudicada pela ignorância ou engano, pelo comportamento malicioso e pela ameaça.
Há uma disparidade entre a vontade e a declaração, surgindo o defeito de
consentimento. A lei protege o autor da declaração

São Vícios Sociais:


- A Fraude contra Credores e a Simulação; a vontade do agente se efetiva pelo
consentimento. Não há diferença entre a declaração e a vontade; o fim é de ludibriar
terceiros; é consciente; não há constrangimento. A lei protege terceiros interessados

TEORIAS DA DECLARAÇÃO, DA VONTADE E DA CONFIANÇA:

Vontade Real X Declaração


- A proteção conferida ao autor da declaração e o conflito com a necessária segurança
das relações sociais que protege pessoas que imaginaram como válido o negócio
jurídico.
Posições Doutrinárias:
a) Teoria da Vontade Real – Individualista, formulada por Savigny, atende somente o
autor da declaração, ignorando a sociedade; deve prevalecer a vontade e não a
declaração, quando em disparate. Tal tese poderá trazer insegurança social, vez que
atinge pessoas de boa-fé, pelo desfazimento do negócio.

b) Teoria da Declaração – é o lado oposto, desconsiderando a vontade; almeja assegurar


a estabilidade das relações sociais; protege a pessoa a quem a declaração se dirige.

c) Teoria da Responsabilidade – Moderada entre os dois extremos anteriores. Torna a


declaração eficaz quando o vício provém de culpa ou dolo do declarante, vinculando-o,
apesar de não querer. Não se pode utilizar da própria torpeza ( dolo ) ou de sua
ignorância ( culpa ) para retirar a eficácia do ato, prejudicando terceiros. Ainda é
insuficiente para atender ao terceiro de boa-fé, pois poderá manter o prejuízo à
sociedade.

d) Teoria da Confiança – melhor protege a pessoa a que se destina a declaração;


considera preponderante o princípio da Boa-Fé de quem é atingido pela declaração da
vontade. Verifica-se a possibilidade do contratante, com um mínimo de investigação
descobrir o vício; caso ocorra a hipótese, prevalecerá a vontade real; caso não
prevalecerá a declaração. É, de certa forma, medida a consciência com que se efetiva o
negócio jurídico, afastando a negligência. Esta é a solução adotada pelo legislador no
Código Civil Brasileiro.

2 – O Erro ( art. 138 a 147 do CC )


- é uma idéia falsa da realidade fazendo com que o declarante, por desconhecimento ou
ignorância produza um efeito, pelo ato jurídico, que não o faria se o conhecesse. A
vontade está viciada e o negócio inválido. Pressupostos necessários:
a) ser o erro substancial ( da substância do Negócio Jurídico )
b) ser escusável; ( perdoável dentro do que se espera do homem médio )
c) não ser susceptível de ser conhecido pelo outro contratante. ( pois neste caso
caracteriza o dolo )

Não estão incluídos na invalidade do ato jurídico:


- se o erro for acidental;
- se o erro foi produzido por imprudência, imperícia ou negligência e há benefício
quando da anulação;
- se há conhecimento do erro, com mínima diligência, pelo contratante, que não poderá
alegar boa-fé.

OBS:
I. O erro grosseiro é inescusável, tendo como parâmetro o homem comum, ou
que pode ser percebido por pessoa de diligência normal; a referência maior é
a declaração de vontade;
II. A posição do declaratário deve ser considerada pois encontrava-se de boa-fé,
não colaborou para a situação de erro; por isso deve ser escusável o erro do
declarante.
III. O erro deverá ser examinado na situação concreta considerando o homem
normal, a declaração de vontade, a diligência exigida.

Erro Substancial:
- É aquele que, se fosse conhecida a verdade, o consentimento não se externaria. (art.138
do CC ).
- Na forma do art. 139 do CC, ocorre erro substancial quando o engano:
a) Erro da natureza do ato: venda e doação.
b) Erro sobre o objeto da declaração: troca de imóvel por outro na mesma quadra.
c) Erro em relação a qualidades essenciais do objeto: quadro original; cavalo de corrida.
d) Erro em relação à pessoa: doação a pessoa errada ( intuitu personae )

Erro Acidental – sanável; incapaz de viciar o ato

Erro e Vícios Redibitórios


- O erro está relacionado à declaração de vontade; anulável o negócio jurídico; é
subjetivo;
- Já o vício redibitório atrela-se ao vício oculto no objeto; poderá ser anulado ( ação
redibitória ) ou diminuído o preço ( ação quanti minoris ); é objetivo. Se o defeito é
visível não há que se falar em redibição.

Erro Escusável:
- Não é estabelecido pelo lei, pois esta o coloca implícito no termo Erro. Dependerá da
situação da parte que a alega, se tinha obrigação de conhecer a verdade. Verifica-se a
diligência necessária para o ato jurídico. Ex.: compra de terreno com recuo que
inviabiliza a construção.

Erro conhecido pelo outro contratante


- Se o contratante encontra-se de má-fé, não fará jus a proteção jurídica, se não atuou
com o mínimo de diligência. ( art. 138, in fine do CC ).
- Situação similar quando a declaração é feita por representante; deve haver diligência.

Falso Motivo ( art. 140 do CC )


- Ocorre quando, não sendo erro substancial, as partes elevam o erro acidental em
importância, promovendo a substancial, constituindo-se em condição de validade do
ato jurídico: ex: faturamento exposto em contrato de compra de empresa; compra de
loja em frente a uma indústria para buscar o faturamento.
- Atenção para a situação em que o motivo é colocado como condição de forma
expressa.
Erro por ignorância à lei ( art. 139, III do CC )
- Não há intenção de descumprir a lei, com agente de boa-fé: neste caso há erro de
direito. Quando o agente nunca pretendeu furtar-se ao cumprimento da lei; Ex.:
importação de mercadoria não permitida onde não há vontade de burlar a lei. Erro
júris. “A lei é humana e eqüitativa”. ( Washington de Barros)
- Ato ilícito: ninguém poderá alegar o desconhecimento da lei. Tem alcance limitado.
- Somente quando tratar-se de norma não-cogente.
- Deve ser interpretada na forma da execução por parte de quem a vontade declarada se
dirige, na forma da vontade real do manifestante. Art. 142 e 144 do CC. Princípio da
Conservação – deve o intérprete, desde que não haja prejuízo, empreender esforços
para dar eficácia jurídica ao que seria invalidado.

A Responsabilidade na anulação do negócio jurídico por erro.


- A responsabilidade é daquele que pede a anulação do negócio;
- É injusto para o declaratório: dois prejuízos: anulação do negócio e o prejuízo.
- Ex.: O autor em ação declaratório de anulação de negócio é condenado a devolver o
preço no desfazimento do negócio jurídico pela reconvenção; possível a execução,
mesmo sem a reconvenção. Prevalece o Direito Material protegido.
-
3 – O Dolo ( art. 145 a 150 do CC )
- Diferencia-se do Erro pois não é espontâneo mas provocado. Provém da
malícia imposta para ludibriar a vítima. Deverá ocorrer a demonstração do
artifício doloso.
- Há um artifício capaz de um contratante iludir o outro.
- Erro ( ignorância do declarante ) e Dolo ( malícia do declaratório );
- Dolo e Fraude ( ardiloso capaz de burlar a lei ou convenção preexistente ou
futura )

Dolo Principal
- Constitui o vício de consentimento, capaz de anular o ato jurídico;o ato não ocorreria
se não houvesse o dolo principal.

Dolo Acidental
- É o ato ilícito, mas que não anula o ato jurídico, promovendo, exclusivamente, as
perdas e danos; o ato ocorre, porém de forma diferente, mais onerosa para a vítima do
dolo; não é a razão precípua do negócio jurídico. ( art. 146 do CC )

Intensidade do Dolo.
- Dolo tolerado é aquele que uma vez efetivado poderia ser facilmente percebido pelo
contratante; não há, assim, ANULAÇÃO DO ATO, devido a ausência da gravidade;
deve o contratante possuir diligência necessária para apurar as informações trazidas.
ex.: o vendedor que exagera nas virtudes do bem que comercializa
- ATENÇÃO PARA SITUAÇÕES DO CDC, onde princípios expressamente
estabelecidos na lei retiram tal possibilidade, caracterizando-se a hipossuficiência do
consumidor. Dolo Positivo e Dolo Negativo )

Dolo por Omissão


- O dolo negativo pode ser malicioso, configurando-se em dever de agir.
- A polêmica se estabelece quando se guarda a informação quando a lei determina que
haja manifestação ou quando o julgador entende que houve abstenção dolosa, ainda
que a lei não imponha. Esta última acaba por prevalecer pois falar a verdade é dever
genérico, pela boa-fé dos contratantes.( art. 147 do CC ).
- Pressupostos necessários:
a) ato bilateral;
b) intenção do prejuízo do contratante e do benefício do autor do dolo;
c) dever de revelar circunstância relevante;
d) estar a omissão relacionada ao consentimento;
e) partir a omissão do outro contratante.

Dolo Eventual – art. 148 do CC


- Se a parte a quem aproveita não sabia e nem tinha como saber do expediente astucioso,
subsiste o negócio, embora o terceiro responda civilmente perante a parte ludibriada,
pelo fato de não ter avisado à vítima da atuação dolosa.
- Será o negócio anulado, no entanto, se o terceiro tinha conhecimento ou poderia ter
conhecimento da atuação maliciosa.

Dolo de ambas as partes


- o dolo recíproco não promove a anulação do ato jurídico (art. 150 do CC ); á a própria
torpeza presente em ambas as partes.

4 – Coação:
- A vontade deve ser livre e consciente. Ocorre a Coação quando esta vontade não se
manifestou livremente. Há uma pressão exercida sobre o indivíduo de forma a
influenciá-lo na concordância do ato. Este ato deve ser injusto.
- Violência:
vis absoluta – violência física; não há consentimento; a vontade é integralmente
neutralizada; não há ato jurídico; ato por inexistência, falta
pressuposto de existência.
vis compulsiva – violência moral; é vício de vontade; há uma escolha da vítima pelo
ato extorquido; ato anulável; temor constante e capaz de perturbar
o espírito.
- Pressupostos para caracterizar a Coação: ( art. 151 do CC )

a) Que a ameaça seja causa do ato – a violência deve ser a causa do


consentimento; é questão de prova onde deve ser demonstrado a relação de
causalidade ente a violência e o consentimento.

b) Que ela seja grave – a gravidade deve ser tamanha para o aparecimento do
temor que vicie a escolha da vítima pelo ato extorquido.
Demonstração: Critério Abstrato – compara-se ao homem médio e normal
( afasta-se a desmedida covardia) ;
Critério Concreto – examina-se a vítima e suas particularidades ( sexo, educação,
temperamento ); utilizada no Código Civil em seu artigo 152, critério subjetivo.
- O simples Temor Reverencial ( desgosto de pai e mãe, superior hierárquico;
pessoas que inspirem respeito e obediência ) não se caracteriza com a gravidade
exigida para a coação ) art. 153 do CC, vez que desacompanhado de outros
expedientes coatores; se a força moral vier acompanhada de ameaças e violência,
vicia o ato.
- Ex.: casamento, relações trabalhistas

c) Que ela seja injusta – atuação em desacordo com a lei; deve ser ilícito; a
obtenção de fim a que tem direito é lícita ( Ex.: ameaça de execução de dívida ).
- Embora a cobrança seja lícita, não pode extorquir o injusto ( Ex.: denúncia de ato
ilícito se não pagar a dívida; cobrança de hipoteca se não casar ). Art. 153 –
“normal” = exercício de direito X abuso de direito. A iliceidade está no meio
utilizado pelo agente.

d) Que ela seja atual ou iminente – deve a coação incutir no paciente o temor de
um dano iminente; deve ser atual e inevitável ( mal evitável, remoto ou impossível
não se caracteriza como coação ); deve a ameaça provocar o espírito da vítima um
temor intenso para viciar a vontade.

e) Que traga justo receio de um grave prejuízo


– união das perspectivas dos ítens a) e c).

f) Que o prejuízo recaia sobre a pessoa ou os bens do paciente ou pessoa de


sua família. – é o conteúdo da ameaça. Divide-se em direção da ameaça e
intensidade:
- Direção da Ameaça – violência à pessoa e a seus familiares e aos seus bens ( ex.:
confissão de dívida obtida por prisão; ameaça de incêndio; a ameaça pode ocorrer ao
coator pelo próprio ( suicídio ); pode haver, ainda, ameaças a terceiros que devem ser
provadas.
- Intensidade do Perigo Ameaçado – a questão é verificar se a ameaça teve a
intensidade necessária para contaminar a vontade do paciente; quando se compara bens
patrimoniais, é possível uma verificação quantitativa, mas entre espécies diferentes,
moral e material, a intensidade da contaminação deve ser verificada, não se prendendo
à comparação como requisito; problema superado com o artigo 151 do CC.
- A Coação provinda de Terceiros – somente quando a parte beneficiada pela coação
tinha conhecimento da situação.( art. 154 do CC )

- Devem estar presente TODOS os pressupostos; faltando um deles não ocorrerá a


Coação. São requisitos elementares.

Coação exercida por terceiro:


- Há aqui a indenização pelo dano havido. Funciona com similaridade do art. 148 para dolo
eventual; só se admite a anulação se o terceiro sabia ou deveria saber da coação,
respondendo solidariament4e com o terceiro por perdas e danos, na forma do artigo 154 do
CC.

8 – APLICAÇÃO DO CASO CONCRETO

9 – EXERCÍCIOS

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