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A ALTERNATIVA CLANDESTINA: UM ESTUDO SOBRE OS GRUPOS DE


FÁBRICA DE CAMPINAS E REGIÃO (1984-1991)

Fagner Firmo de Souza Santos1

1 INTRODUÇÃO

Ao longo da sua existência enquanto classe, os trabalhadores enfrentaram situações


diversas impostas pela dinâmica da luta de classes. Buscando responder a essas situações
criaram formas de se organizarem. A despeito do fracasso ou das impossibilidades históricas
da transformação radical, essas foram experiências das quais as lutas que se sucederam se
espelharam ou as criticaram na busca de evitar novos fracassos.
As Organizações de Base são uma das principais formas adotadas historicamente.
Estas se distinguiram, e se distinguem, pelo caráter que assumem frente às relações de
trabalho: ora assumindo um caráter reformista de integração do capital (por exemplo, as ‘co-
gestões’ em vários países da Europa, como a Alemanha) ora assumindo um caráter
socialista, de questionamento das relações capitalistas de produção.
Na esteira da segunda característica, surgiram outras experiências de Organizações
de Base, como os Grupos de Fábrica. Esses se caracterizam por priorizar formas
clandestinas e restritas de organização no chão da fábrica, adotadas, sobretudo, em
momentos de restrita ou total ausência de liberdade política. Os Grupos, a despeito de toda
discussão ou mesmo disputa (entre classes) pela organização no local de trabalho, dão um
sentido qualitativamente diferente para essas organizações. Têm um corte classista em
defesa de interesses imediatos da classe trabalhadora, bem como representam um núcleo
restrito que busca difundir as contradições no interior das empresas, expressas no cotidiano
e, portanto, fazendo a ponte com suas necessidades históricas. Além disso, podem
representar um germe de uma organização mais avançada também com corte classista,
dependendo para isso do momento histórico em que se encontra a luta de classes.
Filho (1997) define assim os Grupos de Fábrica:

/.../ pequena organização informal na empresa, que emerge no instante das


greves, deixando traços impessoais de uma linha de lutas de base talvez
contínua, mas difícil de reconstruir (...) resultam da subjetividade operária
em oposição às condições objetivas do processo de trabalho, e expressam
em suas ações as condições de exploração da força de trabalho em um

1
Mestrando em Sociologia pela Faculdade de Ciências e Letras da UNESP – Campus de Araraquara. End.: R
Joaquim Mendonça, 282, Jd Nsa Sra de Fátima, Hortolândia – SP. Tel. 19-38873925. E-mail:
fagnerfdss@yahoo.com.br.
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determinado momento da produção social, como as contradições inerentes


às relações sociais de produção.

2 OBJETIVOS E METODOLOGIA

Tendo em vista essas definições, ou traços gerais, de uma organização de base


clandestina, esta pesquisa tem como objeto os Grupos de Fábrica dos metalúrgicos de
Campinas e Região. Ali os Grupos foram adotados como estratégia de organização em plena
redemocratização, sobretudo a partir de 1985. Porém, o marco da adoção dessa estratégia
organizativa é 1984, quando a oposição sindical assume a diretoria do Sindicato. A partir de
então os militantes de oposição e uma ampla parcela do conjunto dos trabalhadores têm o
desafio de romper com as práticas pelegas e assistencialistas vigentes desde 1964 e dar uma
nova direção de luta ao conjunto dos trabalhadores da categoria. É no bojo dos desafios
assumidos pela oposição que surgem as necessidades de lançar outras bases de organização.
Até então, predominava como forma de organização da categoria a Pastoral
Operária. Sem lançar mão desse importante instrumento organizativo, o movimento
operário da região passou a pleitear as organizações de chão de fábrica, dentre eles os
Grupos de Fábrica clandestinos.
Tentaremos entender os motivos pelos quais o movimento operário de campinas
optou pela forma clandestina num momento em que o país se redemocratizava. Da mesma
forma, tentaremos entender como esses grupos enfrentaram as primeiras iniciativas de
reestruturação produtiva que surgiram no período. Este trabalho tenta avaliar ainda qual a
relação dessa categoria com o sindicalismo-CUT, do qual fazia parte.
Para tanto contamos até aqui com a consulta aos boletins dos Grupos de Fábrica e do
Sindicato, com entrevistas, jornais e bibliografia sobre a temática, inserindo-as no contexto
histórico, relacionando a particularidade do objeto estudado com a totalidade dos
acontecimentos sociais, econômicos e políticos do período.

3 O HISTÓRICO DAS ORGANIZAÇÕES DE BASE

É difícil entender a complexidade das formas de organizações dos operários sem


situá-las historicamente. Dessa forma, no Brasil, a importância dos Grupos de Fábrica só foi
reconhecida após 1964, quando eles assumem um papel estratégico que será o germe das
oposições sindicais.
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No entanto, a estratégia de organizações de base já tinha uma longa história de lutas


no país. Segundo Filho (1997), as organizações de base já estavam presentes desde a década
de 1910. Nessa época, foi hegemonizada pelos ideais anarquistas, os quais assumiam
reivindicações estritamente corporativas e tinham como estratégia de luta as ações
espontâneas que buscavam justapor com um “/.../ complô insurrecional com o objetivo de
destruir o Estado e instaurar a sociedade libertária, através de um único e grande ato”
(FILHO, 1997, p. 24).
O tipo de organização empreendida pelos anarquistas até os anos 1920 foi marcado
pela ausência de compromisso entre patrões e trabalhadores. Isto porque os mecanismos de
negociação eram precários. A tentativa de reconhecimento das organizações operárias feita
pelo Estado se deu em 1907, iniciativa que buscava influenciar ideologicamente os
trabalhadores, afirmando a necessidade de evitar os conflitos. Porém, essa tentativa
fracassou frente à rejeição dos anarquistas (id).
Enquanto estiveram à frente das lutas, os anarquistas privilegiaram as organizações
de base, e avançavam para formas mais complexas, como as comissões interfábricas, etc.,
quando a conjuntura lhes proporcionavam. Essa estratégia foi favorecida no pós-primeira
Guerra Mundial (1917-1920), quando os têxteis, por exemplo, empreenderam mobilizações
exemplares, que não duraram muito em função da depressão econômica e da repressão
policial. Ao término desse período os trabalhadores puderam colher alguns avanços em
termos de organização: voltava à cena a mobilização pelas Comissões de Fábrica,
estimulada pelos Comitês de Organização do 1º de maio de 1919; a Federação Operária de
São Paulo que surge da greve geral de 1917; além, é claro, do exemplo e estímulo da vitória
dos Bolcheviques na Rússia (id).
Este último acontecimento iria influenciar sobremaneira a direção das lutas operárias
no país. Ao longo de quase duas décadas os anarquistas tiveram muitas dificuldades em
tornar suas organizações efetivas e legitimá-las ante aos trabalhadores. Com o exemplo do
leste-europeu, até mesmo eles passaram a levantar análises sobre a Revolução. Se
espelhando no êxito russo, em 1919 criam um partido, o PC libertário. Cada vez mais
alinhado com a Terceira Internacional, sobretudo após o III Congresso de 1920, o Partido
que abrigava anarquistas e comunistas passou a sofrer com a dissensão, visto que os
primeiros alertavam para burocratização, e o esvaziamento do caráter libertário. No que
tange às organizações de base, abandonou-se aos poucos a discussão sobre a autogestão
favorecendo os delegados de base com vistas a fortalecer os sindicatos. Dessa forma,
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segundo Filho, as alianças políticas engendradas pelos Comunistas alinhados com a III
Internacional, contribuíram para enfraquecer as organizações autônomas de base, sobretudo
as Comissões timidamente criadas até então (id, p. 37).
À revelia das cisões no seio do proletariado, o governo de Artur Bernardes lançava
suas políticas repressivas para conter o movimento operário e tenentista, recorrendo ao
Estado de sítio. Sob Washington Luiz não foi diferente. Tentando estreitar a relação com o
movimento operário o governo afasta o PCB colocando-o na ilegalidade, visto que o Partido
tinha forte influência sobre os trabalhadores.
Sucintamente, do surgimento do movimento operário combativo e minimamente
organizado até o período getulista, esses foram os desafios lançados. Quanto às
organizações de base, os movimentos ao longo desse período não conseguiram efetivá-las.
Filho (1997) avalia que as medidas editadas pelos governos e a repressão foram
determinantes pela inércia das Comissões. Desse modo, os Grupos de Fábricas clandestinos
ganharam importância diante da ausência de formas mais avançadas de organização, pois
defendia os interesses mais imediatos dos trabalhadores2.
Ainda segundo esse autor, os “grupos informais” expressavam a contradição própria
do mercado de trabalho e respondiam “/.../ às expectativas conscientes ou não do próprio
instinto da classe” (FILHO, 1997, p. 39).
Segundo a avaliação que o autor faz da ação dos grupos, esses se restringiam às
respostas dadas aos patrões, ao menos é esse o papel que tiveram os Grupos de Fábrica na 1º
República. Muito embora isso não tenha tirado a sua importância, visto que foram eles os
responsáveis por grandes mobilizações como as de 1917 e 1919 mediando os Comitês.
Durante toda a década de 1930 e até a primeira metade da década de 1940, o
movimento operário conseguiu muitos avanços no que concerne a compra e a venda da
força de trabalho. Em forma de outorga, deixando a imagem de “pai dos pobres”, Getúlio
Vargas concedeu várias das reivindicações que o movimento operário exigia desde o início
da década de 1920 (Vianna, 1978). Mas a mudança mais drástica se deu no âmbito da
organização dos trabalhadores.
No período getulista cresceu a influência do Estado nas questões trabalhistas e
sindicais. As organizações que até então adotavam táticas coletivas de mobilização, passam

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Segundo Filho: “/.../ a invisível ação direta dos operários nas fábricas tinha como alvo o padrão privativo da
dominação patronal e estatal – os conflitos inerentes à oposição entre a subjetividade da vida operária e as
condições determinadas pela sua submissão aos elementos objetivos e materiais do processo de produção”
(FILHO, 1997, p. 39).
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a responder a um conjunto de normas jurídicas previstas nas leis do trabalho. Somente os


sindicatos que cumprem um conjunto de normas previstas em lei são reconhecidos, e passa a
vigorar a Unicidade Sindical. Cada trabalhador responde, a partir de então, individualmente
aos seus direitos e deveres nas relações de trabalho, em detrimento das ações coletivas.
As medidas getulistas favoreceram o PCB e a sua tática de ocupar as diretorias
sindicais, fazendo dos sindicatos as correias de transmissão do partido. Os comunistas
tinham desde então apenas os “ministerialistas” como concorrentes, visto que com as
mudanças na legislação sindical a influência anarquista declinou.
As organizações de base deixam de ser o eixo estratégico, favorecendo o
esvaziamento dos movimentos de massa. Durante mais de uma década e meia, que vai da
“posse” de Getúlio até a redemocratização no pós Segunda Guerra, o movimento operário se
vê órfão desse tipo de organização. Evidentemente, a ditadura do “Estado Novo” também
contribui sobremaneira com a desmobilização. Segundo Filho (1997), o período ditatorial
afastou a concorrência do PCB nos sindicatos.
O movimento operário retomaria as lutas em 1945/46. Inspirado pela luta contra os
nazistas, a população almejava maior abertura política. Ao término da Guerra algumas
categorias entram em greve reivindicando melhorias nas condições de trabalho e aumento
salarial. Esse é um movimento que ressurge das bases, por fora dos sindicatos. O embrião
das Comissões de Fábrica colocou uma nova reivindicação em pauta nas lutas dos operários,
a autonomia sindical, pois passaram questionar a estrutura sindical consolidada durante
Estado Novo (ANTUNES&NOGUEIRA, 1982).
Diante do crescimento das mobilizações, o governo Dutra, cada vez mais
pressionado pelos empresários, passa a dar respostas. O governo passa a se utilizar do
potencial desmobilizador dos sindicatos que passam a interferir nos assuntos conflituosos,
sem abrir mão, é claro, do aparelho repressivo (ANTUNES&NOGUEIRA, 1982; FILHO,
1997).
O PCB, por sua vez, procura manter certo controle sobre as bases, inclusive com
tentativas de transformar as comissões de fábrica em células partidárias, além de às vezes
compor direção de sindicato com os “ministerialistas”. Em 1947, diante do impasse do
governo com o movimento grevista é posto na ilegalidade novamente (FILHO, 1997).
Diante da conjuntura, as greves ficam a cargo das comissões (e intercomissões), que
ganham maior prestígio com as bases, embora circunscrito à duração das greves. E apesar
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dos limites impostos, as comissões multiplicaram-se, principalmente a partir de 1948,


inclusive “/.../ invocando a possibilidade de substituir a estrutura do sindicalismo oficial”
(id, p. 46).
Em 1953 são retomadas as ações grevistas. Soerguidas pelas bases, o movimento
operário lançaria uma ofensiva ao longo da década, amadurecendo suas organizações. As
experiências dos anos anteriores tinham sido fundamentais para essa retomada. No caso
específico da greve de 1953, conhecida como “greve dos 300 mil”, ela foi “/.../ um
momento de unificação [das] lutas parciais e locais da classe operária e as comissões
contribuíram para o trabalho de conscientização da massa através de piquetes, discussões na
fábrica, etc.” (ANTUNES&NOGUEIRA, 1982, p. 88). Desse movimento nasce o PUI
(Pacto de Unidade Intersindical) derivado de uma comissão intersindical da greve, com forte
presença das comissões.
Embora tenha contado com o amadurecimento de suas organizações, o cupulismo, ao
final da década de 50 e começo da de 60, acabou predominando. Antunes&Nogueira (1982)
apontam que a relação entre base e sindicatos no Brasil sempre foi muito débil. Para os
autores os sindicatos sempre sobressaíram como os condutores das reivindicações dos
trabalhadores, enfraquecendo as organizações de base e restringindo a atividade sindical à
um círculo restrito de ativistas. Filho (1997) assinala, como exemplo do triunfo do
cupulismo na década de 1950, a criação do PUA (Pacto da Unidade e Ação), que juntamente
ao o PUI seria a base de sustentação da CGT (Comando Geral dos trabalhadores).
Predominou nessas estruturas as decisões dos dirigentes sindicais, reforçando a debilidade
da relação com as bases. Quando veio o Golpe em 1964 os trabalhadores estavam
desarticulados nos locais de trabalho. Desse modo, quando veio o Golpe em 1964 os
militares não enfrentaram resistência massiva, para consolidar o Golpe bastou tomar os
sindicatos (FILHO, 1997).

4 A RETOMADA DAS AÇÕES PELA BASE: DO GOLPE DE 64 À


REDEMOCRATIZAÇÃO

Paradoxalmente, após o Golpe a possibilidade de recomeçar um trabalho de base foi


dada. No contexto de total ausência de liberdade política, os Grupos de Fábrica voltaram a
ser priorizados. Mais uma vez, a exemplo da década de 1910, as lutas dos Grupos voltam a
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pautar-se pelos problemas encontrados no cotidiano das empresas e suas ações são,
basicamente, respostas contingenciais aos desmandos dos patrões.
Mas, embora tenham sido ações restritas ao espaço fabril, as experiências de
organizações de base foram se espalhando. As experiências esparsas de resistências
(“pequenas lutas”) no interior das fábricas possibilitaram a aglutinação de forças
empreendida pela Igreja Católica. O “chão de fábrica” e a paróquia passam a ser os espaços
privilegiados pelos pequenos grupos de militantes de esquerda.
O trabalho de base, como já dissemos, é privilegiado por esses grupos, sendo o
germe das oposições sindicais3.
Ao final de 1968, o governo colocaria em prática uma política de repressão ainda
mais dura, visando eliminar os germes de oposição ao Regime, através do AI-5. Porém, as
pequenas ações não cessaram. No interior das empresas a sabotagem da produção,
“operações tartaruga”, entre outras, formavam um conjunto de ações de protesto que se
tornou recorrente.
Com o acirramento da repressão e das perseguições políticas, cresce ainda mais a
importância das CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base) que, segundo Rodrigues (1997)
foram se tornando a única forma de organização popular, que amparava inclusive setores
residuais da esquerda e aos poucos se tornando num movimento popular articulado no Brasil
inteiro.
A confluência dos segmentos da esquerda junto aos católicos daria origem às duas
principais correntes do movimento sindical: a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo e
o Sindicato de São Bernardo do Campo, juntas dariam início em 1978, contando com forte
dose de espontaneísmo das bases que se rebelavam contra a situação de superexploração
(ANTUNES, 1988), ao movimento grevista da região do ABC e Grande São Paulo e
posteriormente à CUT.

5 O MOVIMENTO DE OPOSIÇÃO EM CAMPINAS

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Ainda em 1967 um movimento com essas características surge em Contagem-MG. Insatisfeitos com a
política salarial centralizada pelo governo que provocava cada vez mais arrocho, com os sindicalistas que
privilegiavam o assistencialismo, bem como com desemprego galopante, os metalúrgicos desencadeiam uma
greve. Segundo Weffort (1972), a greve foi espontânea, ou seja, uma greve em que a massa decide e realiza
por si própria pela paralisação (WEFFORT, 1972, p. 22). Porém, a origem desse movimento estava nas
comissões de fábrica e nos movimentos de bairros, cineclubes, na participação dos estudantes, da igreja, etc.
que possibilitou o seu desencadeamento por fora da estrutura sindical, em abril de 1968.Da mesma forma, em
Osasco no mesmo ano, os metalúrgicos através de um movimento de base articulado com a diretoria eleita na
esteira da oposição sindical, desencadearam um movimento grevista (id).
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O movimento de oposição sindical em Campinas guardou algumas semelhanças com


os dois principais movimentos, de São Paulo e de São Bernardo. Ele também foi fruto de
pequenas ações no interior das fábricas e articulava-se, nos bairros, através das CEB’s, além
de abrigar militantes de várias tendências, vinculadas a partidos e mesmo ao sindicato. As
lutas no interior das fábricas foram responsáveis pela inquietação de um número cada vez
maior de trabalhadores perante a diretoria do sindicato.
Em 1978, quando o movimento grevista estoura em São Bernardo, em Campinas
funcionários de várias empresas também paralisam (Singer, Cobrasma, GE e Tornitec).
Essas eram greves que, embora não tenham arrebanhado o conjunto da categoria, serviram
para mostrar a política desmobilizadora e contrária aos interesses dos operários, que não
tiveram suas reivindicações atendidas (POSSAN, 1996).
Nas eleições que ocorreriam ainda naquele ano para a diretoria, a oposição, embora
derrotada, demonstrou ter ganho força junto à categoria. A Chapa 2, de oposição, fruto da
aliança entre os militantes da esquerda católica da JOC (Juventude Operária Católica) e
os do PCdoB, conseguiu 3.148 votos contra 8.761 votos da Chapa 1 da situação, encabeçada
por Cid Ferreira. Quase todos os membros da Chapa 2 tinham participado das greves de
maio/junho daquele ano. Ao término do processo eleitoral todos foram demitidos na política
de desgaste do movimento empreendida pelo patronato em aliança com o presidente do
Sindicato eleito que contou ainda com a criação das “listas negras” de trabalhadores que se
vinculavam ao movimento (id, p. 83).
Além disso, as divergências entre os segmentos que compunham a oposição se
acentuaram. As diferentes formas de concepção estratégica diante do desafio de romper com
a estrutura sindical impossibilitaram ações conjuntas daqueles militantes4.
A cisão ficou evidente em 1981 quando nas eleições o PCdoB abandonou a Chapa 2
de oposição para compor com o Cid Ferreira. Os militantes comunistas avaliaram que a
oposição não ganharia, então decidiram pela composição com Cid, para “/../ roer o cara por
dentro”, como disse um militante5. Quanto à oposição, composta pelos católicos de esquerda

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Havia três principais tendências no movimento grevista que propunham diferentes tipos de ações: os
militantes trotskistas vinculados às correntes “O Trabalho” e Convergência Socialista que defendiam a
criação de um sindicato paralelo; os militantes do PCdoB que defendiam a participação intensa em
assembléias, mecanismo que achavam ser a saída para mostrar para os trabalhadores quem era Cid Ferreira e
por essa via conquistar o sindicato; e a Pastoral Operária que defendia a organização de base, como via para
conquistar o sindicato.
5
Depoimento de Valdemir J. Martinhago à M. Possan (1986).
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e dos militantes trotskistas, saiu derrotada das eleições, embora fortalecida. Possan (1996)
coloca que a falta de um “/.../ projeto solidificado no interior da categoria configurado como
alternativa para o sindicato, no sentido de superar a proposta assistencialista da direção”
comprometeu a vitória dos oposicionistas (POSSAN, 1996, p. 148). Porém, se consolidaram
como uma alternativa dentro do movimento sindical de Campinas e Região.
Sem superar as divisões da última eleição, o movimento de oposição sindical
continuou a realizar seus trabalhos. As correntes político-partidárias, trotskistas e militantes
do PCdoB, priorizavam um programa pré-definido. Já a Pastoral Operária buscava engrossar
a organização através da fé e da liberdade dos militantes ocuparem outros espaços, como os
sindicatos, de forma independente. Assim coloca Possan (1996):

/.../ ao contrário da Pastoral Operária, que nesse momento se voltava


exclusivamente para a organização de base no meio operário-sindical e na
construção de uma concepção de sindicalismo autônomo e independente, o
PCdoB realizava um trabalho que privilegiava a formação dos quadros
partidários, em detrimento de um trabalho por assim dizer ‘formativo’, nos
moldes da Pastoral (POSSAN, 1996, p.134).

Sendo assim, a Pastoral Operária começou a encabeçar, juntamente com os


trotskistas, um “/.../ esforço no sentido de fortalecer um trabalho de coordenação visando
uma melhor estruturação interna do Movimento”. (id, p.152). Esforço esse que articulava o
trabalho no “chão da fábrica” e nos bairros, ou seja, pela base. Porém, todo trabalho
realizado pela Pastoral e trotskistas até então concentrava-se mais na conscientização do
trabalhador, buscando formar sua consciência no sentido da solidariedade de classe. Foi
preciso avançar qualitativamente nos esforços feitos até então. É nesse contexto que
passam a

/.../ concentrar os seus esforços com o propósito de realizar um trabalho


de análise da realidade socioeconômica e de avaliação das situações
particulares da região, buscando principalmente elaborar definições,
orientações e formas de organização, visando com isso incentivar e
qualificar seus militantes no sentido de interferir efetivamente nas
relações de poder no interior dos sindicatos. (POSSAN, 1996, p.157).

O Movimento da Pastoral tornou-se ainda mais importante quando, na conjuntura


socioeconômica de 1983, em que empresas passaram a demitir em escala, seus militantes, à
revelia do sindicato que só homologava as demissões, se organizam no sentido de denunciar
a postura imobilista da direção sindical e resistir às políticas de corte dos patrões. Aquele foi
o momento em que o movimento intensificou as chamadas
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e campanhas de sindicalização e organização no interior das fábricas, incentivando não


apenas os Grupos de Fábrica permanentes (clandestinos), mas as Comissões de Fábrica que
encaminhariam as lutas, como por exemplo as campanhas de readmissão (id).
Em 1984, com o avanço das lutas, o movimento iria consolidar o processo iniciado
em 1978. Mesmo sem contar com os militantes do PCdoB, que em março daquele ano na
convenção da oposição sindical exigiu a presidência da Chapa e por falta de acordo
impossibilitou uma frente única, a Chapa 3, encabeçada por Durval de Carvalho, e composta
por militantes da Pastoral Operária e os trotskistas, venceu as eleições (id).

5 OS NOVOS DESAFIOS E A ALTERNATIVA CLANDESTINA

Quando se iniciou a década de 80 o Regime Militar já dava mostras de que estava


desgastado. A política econômica fundada no II PND que privilegiava o setor de meios de
produção fez a dívida externa crescer, conseqüência da incapacidade do Estado de financiar
os investimentos. Com o aumento da dívida os militares passaram a adotar medidas
recessivas para conter a inflação galopante: de imediato inibem o consumo de bens
importados ou exportáveis; e posteriormente, no período de 1984 a 1986, a alta de salários e
do nível de emprego elevou os níveis de inflação, levando o governo a adotar um plano
heterodoxo para contê-la que contou com reforma monetária, congelamento de preços,
salários e câmbios. Embora os trabalhadores tenham contado ao final desse segundo período
com alta nos salários, a política de Estado estava ainda voltada para o superávit na balança
comercial. Ou seja, não foi priorizado um projeto de crescimento alternativo e o Plano
Cruzado foi comprometido (MATTOSO, 1995).
Os impactos no plano social se mostravam cada vez mais desastrosos, com o
aumento da concentração de renda, desemprego, queda no poder de compra e na qualidade
de vida. Já no plano político emerge o novo sindicalismo que busca aumentar direitos de
participação e enfrentar a condição de superexploração nas fábricas, que ainda contava com
o modelo de produção enrijecido do fordismo (ALVES, 2000).
Inseridas no contexto de recessão econômica as empresas adotam o que Alves
(2000) denominou de racionalização defensiva, ou seja, a combinação de demissões em
massa com intensificação do trabalho para aumentar a produtividade. Somado a isso,
empresários brasileiros já adotavam algumas técnicas gerenciais, como os CCQ’s (Círculos
de Controle da Qualidade) e o sistema JIT/Kanbam (ajuste da produção à demanda).
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Envoltos no discurso ideológico da participação dos trabalhadores e da qualidade, esses


programas são instaurados no Brasil na década de 80, não como componentes da
“modernização produtiva”, mas como recurso de controle do trabalho (id, p. 127).
No entanto, três fatores contribuíram para restringir a adoção dos princípios
japoneses de produção no Brasil: a combatividade operária que denunciava o objetivo
manipulatório dos programas; a crise do capitalismo que se arrastou por toda a década; e o
autoritarismo do empresariado brasileiro, sobretudo de gerentes e supervisores. Por esses
motivos, o toyotismo restrito não conseguiu subsumir a subjetividade operária à lógica do
capital, ou seja, não conseguiu articular controle do trabalho e comprometimento operário.
Nem mesmo após o período de maior incremento tecnológico (1984-1986), o empresariado
conseguiria resolver o impasse junto aos trabalhadores. As tecnologias incorporadas,
segundo Alves (2000), não foram capazes de instaurar o consentimento operário. A
reestruturação produtiva no Brasil dos anos 80 não conseguiria empreender uma nova
hegemonia do capital na produção, por não conseguir o comprometimento operário6.
Persistia, a despeito dos arranjos institucionais da “nova república” e gerencias do
toyotismo, o autoritarismo. Ao longo de toda a década de 80 foram dadas demonstrações de
que os movimentos organizados mais radicalizados eram tratados com truculência pela
aliança entre empresas e o aparato repressivo do Estado, seja o exército ou a polícia militar.
E mesmo a “nova república” estava pautada na política de alianças entre as classes, ou o
“pacto social”, necessária para conter a crise, mas ao preço dos trabalhadores terem que
abrirem mão das lutas.
Ao menos essa era a avaliação feita pelos metalúrgicos de Campinas, no primeiro
Congresso realizado em outubro de 1985. Nas resoluções tiradas do Encontro, eles criticam
o “pacto social” proposto por Tancredo Neves. Dizem que aquela era uma tática de todos os
setores da burguesia (PMDB, Frente Liberal, PCB, PCdoB e MR-8) e do imperialismo de
superar a falência do regime militar e conter o movimento operário e popular que surgiram

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Estudiosos do toyotismo como Thomas Gounet (1999) e B. Coriat (1994) apontam que a iniciativa principal
da reestruturação é a eliminação de excessos (estoques, matérias primas, pessoal, etc.). No entanto, o êxito da
eliminação depende diretamente do maior envolvimento dos operários com a produção, uma vez que a
dinâmica do mercado (demanda) dita o ritmo de trabalho. Dessa forma, todo arranjo gerencial é voltado para
dar maior autonomia de decisões aos trabalhadores no espaço de produção. Assim, ao invés de depender de
comandos de chefes e supervisores, a produção é ativada, ou o ritmo é reduzido conforme um sistema de luzes,
placas, etc. Portanto, o sistema montado só é possível se os operários mantiverem uma disciplina que atenda
aos fluxos mercantis. Para tanto, é criado um aparato ideológico que busca atingir a subjetividade do
trabalhador, bem como são dadas algumas contrapartidas, geralmente atreladas a níveis de produtividade.
Portanto, se os trabalhadores não se enquadram na conduta disciplinar do toyotismo, o sistema tende a
fracassar.
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reivindicando melhorias de suas condições de vida (Resoluções do 1º Congresso dos


Metalúrgicos de Campinas e Região, Campinas, 1985).
As greves daquele ano tinham sido, ainda segundo os metalúrgicos, uma decisão
acertada dos trabalhadores diante da política conciliatória proposta pela burguesia. Segundo
eles:
/.../ a morte e Tancredo foi um abalo ao sistema montado, mas a postura
dos trabalhadores [greves] demonstrou-se correta, pois: 1. O Governo se
propõe convocar uma Assembléia Nacional Constituinte para dar uma
nova ordem jurídica para o país. No entanto, esta Constituição será
elaborada a partir de um ante-projeto de uma ‘Comissão de Notáveis’,
escolhidos a dedo pelo sistema e liderados por um conhecido reacionário,
Afonso Arinos, que já prestou serviço ao regime militar; (...) 4. O Ministro
do Trabalho vem a público apresentar uma “nova” Lei de Greve, repetindo
as mesmas exigências das leis anteriores. Para melhorar as aparências,
trocam-se termos que não refletem em alterações interessantes aos
trabalhadores (a greve não será mais ilegal, mas improcedente); 5. Todas
as propostas de redemocratização aparecem com sua verdadeira face na
hora em que o Ministro do Exército anuncia que vai investigar a infiltração
de ‘subversivos’ no Projeto de Reforma Agrária. O aparelho de repressão
que funcionou nestes 21 anos de ditadura continua intacto, funcionando e
ameaçando , usando atualmente novas formas, como demissão em massa
de militantes (cassação branca de cipeiros, membros de comissão de
fábrica e dirigentes sindicais) (id).

Diante desses e demais pontos, o movimento sindical campineiro se dispunha a


organizar o movimento de modo que os trabalhadores pudessem construir uma proposta
própria. O ponto de partida naquele momento era participar e discutir a Constituinte, visto
que, embora não representasse a solução significava um avanço. Para isso, era preciso ir aos
bairros e fábricas difundindo as discussões através de boletins e seminários. Além disso, era
preciso defender o rompimento com o FMI, repudiar o “pacto social”, defender um reforma
agrária radical e o direito de greve que não diga quando e como podem ser feitas (id).
Em termos de organização, a categoria, agora com um sindicato politicamente
orientado para as lutas dos trabalhadores, mantém os Grupos de Fábrica já existentes
durante a ditadura. Além disso, se filiam à CUT, por avaliarem que a central representava
uma ruptura com a velha estrutura sindical e que estava comprometida com a luta dos
trabalhadores. Mantidos os Grupos, a prioridade era avançar para as Comissões de Fábrica,
porém, sem abandonar as organizações clandestinas que segundo eles “/.../ garantiam maior
dificuldade para que os patrões destruam ou controlem a organização dos trabalhadores”
(id). As organizações informais tinham sido fundamentais nas greves de 1985, e a
articulação com o Sindicato proporcionou um salto qualitativo nos embates com patrões e
13

Governo. Segundo o boletim específico da campanha Salarial daquele ano, já em fevereiro


25% da categoria paralisou (cerca de 25 mil trabalhadores). Embora, numericamente, seja
pouco, o movimento lançou bases para além de mensurações, pois fez transbordar uma série
de reivindicações ao longo de todo o ano que passaram a circular em boletins montados
pelos Grupos, nas empresas de pequeno, médio e grande porte. Além de dar um passo
importante para legitimar a nova diretoria que, por propor a ruptura com práticas
assistencialistas, era vista com desconfiança por uma parcela significativa de trabalhadores.
Subsidiado pelos Grupos, a nova diretoria do Sindicato conseguia se aproximar dos
problemas cotidianos enfrentados pelos operários, que por sua vez podiam contar com um
sindicato mais disposto a encarar os problemas ao lado dos trabalhadores. Essa era uma
relação que segundo as teses defendidas no 1º Congresso se diferenciava das duas principais
correntes da CUT: por um lado a Executiva Estadual defendia as comissões sindicais de
base; por outro, a Oposição Metalúrgica – SP era a favor dos conselhos de delegados
sindicais. A primeira, segundo eles, vinculava a Comissão de Fábrica à estrutura sindical e a
segunda contemplava as Comissões, mas criava uma dupla representação. Diante das duas
propostas, os Metalúrgicos de Campinas propunham a existência de um canal efetivo e
permanente entre os Conselhos de Representantes eleitos proporcionalmente nas empresas e
o Sindicato, garantindo assim a troca de experiências e o encaminhamento das lutas gerais
da categoria e da classe trabalhadora em geral. Dessa forma, “/.../ a relação dos Conselhos
com o sindicato poderá ser crítica diante das direções imobilistas e pelegas, ou de apoio às
direções efetivamente comprometidas com a luta dos trabalhadores” (id). Embora naquele
momento não houvesse Conselhos eleitos nas fábricas, em virtude das condições já
apontadas (perseguição dos patrões, demissões, etc.) os Grupos de Fábrica desempenharam
esse papel, levando ao Sindicato os problemas internos dos operários das empresas.
Se em 1985 a opção em manter a clandestinidade nos locais de trabalho parecia
apenas conjuntural, visto que patrões e Governo mantinham uma política ainda truculenta
com os movimentos populares organizados. No decorrer da segunda metade da década,
mantê-los poderia parecer extemporâneo.
Em setembro de 1986, aconteceu o segundo Congresso da categoria, cuja pauta era o
encaminhamento de lutas, sobretudo a respeito da Constituinte e da campanha salarial
daquele ano. Foi reafirmada a descentralização das campanhas e conseqüentemente bairros
e chão de fábricas foram os espaços privilegiados para compor a plataforma de mobilização.
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Nesse momento em algumas empresas como Mercedes e Singer, as condições para


se avançar nas organizações em termos de legitimidade junto ao conjunto dos trabalhadores
estavam dadas. Porém, manobras das chefias impediam que Comissões de Fábrica fossem
instaladas. No caso da Mercedes o excesso de desconfiança dos diretores do Sindicato
também contribuiu para que o Conselho de Representantes não vingasse7 (Boletins
Específicos dos Grupos de Fábrica da Mercedes e Singer, Campinas, 1986).
A organização em Grupos de Fábrica se espalhou nas empresas da Região. Em
pequenas, médias e grandes indústrias a mobilização crescia, contribuindo para legitimar
uma prática sindical que buscava romper com a estrutura varguista. Os patrões tentavam
através da repressão ou da coação desmobilizar os trabalhadores, ações essas dificultadas
pela forma de organização adotada. Muitas empresas menores tentaram junto ao Ministério
do Trabalho desvincular-se dos setores os quais o sindicato representava.
No 3º Congresso realizado em 1990 a tese vencedora buscava manter os Grupos de
Fábrica. Os cursos de formação haviam se ampliado e os subsídios de informação da Sub-
seção do DIEESE armava os militantes que compunham essas organizações de um arsenal
de informações que dificultava a cooptação ou manobras de patrões ou Governo. As críticas
feitas à modernização das empresas, com a adoção das novas técnicas gerenciais, difundidas
via boletins, assembléias ou reuniões abertas, impediu a incorporação de trabalhadores em
círculos de qualidade, ou acordos visando metas de produtividade. Não há registros no
período de programas de qualidade implantados com êxitos8.

Conclusão

Esta pesquisa carece ainda de um balanço conclusivo sobre a atuação dos Grupos de
Fábrica no período estudado. De qualquer forma, entendemos que a manutenção de
organizações informais na Região não foi extemporânea. Toda e qualquer empresa conta
com um aparato punitivo legitimado pelas leis que regem as relações entre capital e
trabalho. João Bernardo (2000) denomina as empresas de um modo geral, como Estado

7
A justificativa se baseou na conduta manipulatória da chefia da Mercedes. Já estavam em curso naquela
empresa algumas iniciativas de espaços dedicados à participação dos trabalhadores em assuntos de qualidade.
Essa prática já vinha sendo denunciada pelos Grupos das fábricas em que eram instalados os programas. O
receio é que a Comissão de Fábrica fosse incorporada aos interesses da empresa.
8
E mesmo hoje o impasse continua. O Sindicato não faz acordos com as empresas visando metas. As políticas
de participação nos lucros e resultados não contam com o aval do órgão, que defende a bandeira dos reajustes
salariais (Ver FAJARDO, 2005).
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Amplo. Não só por exercerem maior poder do que o Estado Restrito, mas também por
reproduzirem as estruturas de poder deste diretamente sobre os trabalhadores no interior das
empresas. Dessa forma, a manutenção dos Grupos informais em Campinas mesmo após a
redemocratização dotou os trabalhadores de informações essenciais a respeito das novas
técnicas gerenciais, denunciando sua faceta manipulatória, bem como expondo, com
fundamentação teórica, a elevação da exploração e a conseqüente redução nos níveis de
emprego, dificultando o maior controle do capital sobre os trabalhadores.
Não foi a toa que no biênio 1990-91 os boletins das empresas que contavam com
atuações dos Grupos e mesmo os boletins do Sindicato estavam recheados de notícias de
perseguição e repressão policial, onde os casos mais flagrantes foram os da Singer,
Cobrasma e Bosch. A solução encontrada pelos patrões, para ganhar a disputa pela
subjetividade dos trabalhadores foi eliminar os focos combativos através da rotatividade da
mão-de-obra e do uso do aparato policial.
Por fim, podemos afirmar até aqui que os momentos de ofensiva das lutas operárias
no Brasil coincidiram com a descentralização das decisões, ou seja, organização
horizontalizada com maior autonomia.

REFERÊNCIAS

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ANTUNES, R & NOGUEIRA, A. O que são comissões de fábrica. São Paulo: Brasiliense,
1982, 2º Ed.
CORIAT, B. Pensar pelo avesso. Rio de Janeiro: Revan:UFRJ, 1994.
FAJARDO, R C A. Qualidade e trabalho: um estudo de caso em sindicato de trabalhadores
sobre os programas de controle de qualidade total. São Carlos, 2005. Dissertação de
Mestrado – Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia.
FILHO, V S P. Comissões de fábrica: um claro enigma. São Paulo:
Entrelinhas/Cooperativa Cultural da UFRN, 1997.
GOUNET, T. Fordismo e toyotismo na civilização do automóvel. São Paulo: Boitempo,
1999.
BERNARDO, J. Transnacionalização do capital e fragmentação dos trabalhadores. São
Paulo: Boitempo, 2000.
MATTOSO, J. A desordem do trabalho. São Paulo: Editora Página Aberta LTDA, 1995.
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POSSAN, M A. A malha entrecruzada das ações. Campinas: Área de Publicações


CMU/Unicamp, 1997.
RODRIGUES, I J. Sindicalismo e política. São Paulo: Scritta, 1997.
VIANNA, L W. Liberalismo e sindicato no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
WEFFORT, F C. Participação e conflito industrial. São Paulo: Cebrap, 1972.

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