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SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA REDENTOR

FACULDADE REDENTOR
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Dinâmica I

Prof. MSc. Valtency Ferreira Guimarães

EMENTA:

Dinâmica de partículas: Introdução à Dinâmica, Cinemática de Partículas, Cinética de Partículas e Cinética


de sistemas de partículas.

OBJETIVOS

GERAIS:

Com ênfase na compreensão correta dos princípios da mecânica e na sua aplicação à solução de
problemas de engenharia, esta disciplina juntamente com “Dinâmica II” tem como principal objetivo
desenvolver no estudante a capacidade de analisar quaisquer problemas de modo prático e lógico e aplicar
à solução destes alguns princípios básicos bem assimilados.

ESPECÍFICOS:

Neste curso o aluno deverá interpretar e analisar sistemas físicos que representam situações reais, além
de realizar experiências como forma de aplicação dos conceitos teóricos. Ao final do curso o aluno será
capaz de analisar a dinâmica de sistemas mecânicos envolvendo sistemas de partículas
Unidade VI. Cinética de Partículas

1 - Introdução
De acordo com a segunda lei de Newton, uma partícula irá acelerar quando estiver sujeita a forças
não equilibradas. A Cinética é o estudo das relações entre as forças desequilibradas e as
variações resultantes no movimento.

A Cinética das Partículas requer que sejam combinados os conhecimentos das propriedades das
forças e da cinemática. Com o auxílio da segunda lei de Newton, pode-se combinar esses dois
tópicos e resolver problemas de engenharia envolvendo forças, massa e movimento.

2 - Segunda Lei de Newton


A relação básica entre força e aceleração se encontra na segunda lei de Newton F = ma, cuja
verificação é inteiramente experimental.
Se uma partícula de massa for submetida à ação de uma força F1, a razão dos módulos da força e
da aceleração adquirida por essa partícula F1/a1 será algum número C1 cujo valor depende das
unidades usadas para as medidas de força e aceleração. Submetendo-se a mesma partícula a
uma força diferente F2 e medindo a correspondente aceleração a2, a razão F2/a2 dos módulos irá
novamente produzir um número C2. Essa experiência pode ser repetida inúmeras vezes.
Destaca-se que as razões da força aplicada pela correspondente aceleração são todas iguais a
um mesmo número, desde que as unidades empregadas para as medidas não sejam alteradas.
Assim: F1 F2 F
= = ... = = C
a1 a2 a

Conclui-se que a constante C é uma medida de alguma propriedade invariante da partícula. Essa
propriedade é a inércia da partícula, que é a resistência a taxas de variação de velocidade. Para
uma partícula de alta inércia (C grande), a aceleração será pequena para uma dada força F. Por
outro lado, se a inércia é pequena, a aceleração será grande. A massa m é usada como uma
medida quantitativa da inércia e, desse modo, pode-se escrever a expressão C = km, onde k é
uma constante introduzida para levar em conta as unidades empregadas. Assim, pode-se
expressar a relação obtida: F = kma
onde F é o módulo da resultante de forças atuando sobre a partícula de massa m, e a é o módulo
da aceleração resultante da partícula. A aceleração está sempre na direção da força aplicada.
Assim, a equação anterior se torna uma relação vetorial, e deve ser escrita:
r r
F = kma ou F = kma
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3 - Sistema de Unidades
É normal adotar k igual à unidade na equação anterior, colocando assim a relação na forma usual
da segunda lei de Newton:
F = ma
Um sistema de unidades para o qual k é unitário é conhecido como um sistema cinético. Assim,
para um sistema cinético as unidades de força, massa e aceleração não são independentes. Nas
unidades SI, as unidades de força (newtons, N) são obtidas da segunda le de Newton a partir das
unidades básicas de massa (quilograma, Kg) vezes aceleração (metros por segundo ao quadrado,
m/s2). Esse sistema é conhecido como absoluto, uma vez que a unidade para a força é
dependente do valor absoluto da massa.

4 - Equação de Movimento e Solução de Problemas


Quando uma partícula de massa m está sujeita à ação de forças concorrentes F1, F2, F3,... Cujo
vetor soma é ∑F, a equação se torna:
∑F = ma
Quando se aplica essa relação para resolver problemas, em geral ela é expressa em sua forma
escalar em componentes empregando um dos sistemas de coordenadas já desenvolvidos. A
escolha de um sistema de coordenadas apropriado depende do tipo de movimento envolvido, e é
uma etapa vital na formulação de qualquer problema.
A equação acima, ou qualquer uma das formas em componentes da equação força-massa-aceleração, é
comumente chamada de equação de movimento.
São encontrados dois tipos de problemas quando se aplica a equação de movimento. No primeiro
tipo, a aceleração da partícula é especificada ou pode ser determinada diretamente das condições
cinemáticas conhecidas. Determinam-se então as forças correspondentes que atuam sobre a
partícula diretamente, através da substituição na equação da segunda lei. Esse problema
geralmente é muito simples.
No segundo tipo de problema, as forças agindo sobre a partícula são especificadas e deve-se
determinar o movimen8to resultante. Se as forças são constantes, a aceleração também é
constante e é facilmente encontrada a partir da equação. Quando as forças são funções do tempo,
posição ou velocidade, a equação de movimento se torna uma equação diferencial que deve ser
integrada para determinar a velocidade e o deslocamento. Estes tipos de problemas são
normalmente mais interessantes, uma vez que a força pode ser uma função mista de duas ou
mais variáveis do movimento.

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Comentário
Existem dois tipos fisicamente de movimento, ambos descritos pela equação de movimento. O primeiro tipo
é o movimento sem restrição, em que a partícula está livre de guias mecânicos e segue uma trajetória
determinada por seu movimento inercial e pelas forças que são aplicadas por fontes externas sobre ela. Um
avião ou um foguete em voo e um elétron se movendo em um campo carregado são exemplos de movimento
sem restrição.
O segundo tipo é o movimento restrito, em que a trajetória da partícula é parcial ou totalmente determinada
por guias restritivos. Um disco de hóquei é parcialmente restrito a se mover em um plano horizontal pela
superfície do gelo. Um trem se movendo sobre seus trilhos e um cursor deslizando ao longo de um eixo fixo
são exemplos de movimentos mais restritos.
Algumas forças agindo sobre uma partícula durante o movimento restrito podem ser aplicadas por fontes
externas, e outras podem ser as reações das guias restritivas sobre a partícula. Todas as forças, tanto as
aplicadas quanto as reativas, que atuam sobre a partícula dever ser levadas em conta na aplicação da equação
de movimento ∑F = ma.

5 - Diagrama de Corpo Livre


Quando se aplica qualquer uma das equações de movimento força-massa-aceleração, deve-se
levar em conta todas as forças atuando sobre a partícula. Forças que podem ser desprezadas são
aquelas cujos módulos são muito pequenos quando comparados com outras forças agindo sobre
a partícula, como os módulos das forças de atração entre duas partículas comparadas às atrações
devidas a corpos celestiais, como a Terra e o Sol. A soma ∑F da equação significa a soma
vetorial de todas as forças atuando sobre a partícula em questão.

A maneira confiável de levar em conta, de forma consistente, todas as forças é isolar a partícula
em consideração de todos os corpos em contato que a influenciam e substituir os corpos
removidos pelas forças que eles exercem sobre a partícula isolada.
O objetivo principal do diagrama de corpo livre é mostrar as forças que atuam em um corpo de
forma clara, lógica e organizada. Consiste em separar o “corpo de interesse” de todos os corpos
do sistema com o qual ele interage. Neste corpo isolado (partícula) são representadas todas as
forças que nele atuam assim como as forças de interação.

O emprego cuidadoso e consistente do método do diagrama de corpo livre é a mais importante


das lições a ser aprendida no estudo da engenharia mecânica.

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A palavra livre enfatiza a idéia de que todos os corpos adjacentes ao estudado são removidos e
substituídos pelas forças que exercem no corpo em questão.
¾ Destaca-se que sempre que há o contato entre dois corpos deve-se levar em conta o
princípio da ação e reação.

Exemplos de corpos e representações dos diagramas de corpo livre para análises dos
movimentos:

Observação:
Deve-se enfatizar acentuadamente a partícula a ser isolada e sua representação através de correto diagrama de
corpo livre. Somente após esse passo ter sido completado, pode-se avaliar adequadamente a equivalência
entre as forças externas e suas resultantes. De igual importância na análise de movimentos retilíneos ou
curvilíneos, é a compreensão da cinemática envolvida. Muito frequentemente as dificuldades experimentadas
nesses estudos estão relacionadas diretamente com cinemática. Deve ser reconhecido, na formulação da
solução de um problema que as direções de certas forças ou acelerações não sejam conhecidas no começo, de
tal modo que, seja necessário fazer hipóteses iniciais cujas validades serão aprovadas ou desaprovadas,
quando a solução é efetuada. É essencial, entretanto, que todas as hipóteses feitas sejam coerentes com o
princípio da ação e reação e com quaisquer requisitos cinemáticos, que também são chamados de condições
de construção.

6 - Movimento Retilíneo
Aplicam-se agora os conceitos discutidos aos problemas de movimento de partículas, iniciando
com o movimento retilíneo. Serão analisados corpos que podem ser tratados como partículas;
para isso será fonte de estudo apenas o movimento do centro de massa do corpo. Nesse caso,
pode-se considerar as forças como concorrentes no centro de massa.

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Se a direção x, por exemplo, for escolhida como a direção do movimento retilíneo de uma
partícula de massa m, as acelerações nas direções y e z serão nulas e as componentes escalares
da equação ∑F = ma tornam-se :
∑Fx = max
∑Fy = 0
∑Fz = 0

Para os problemas em que não há liberdade de escolha da direção ao longo da qual ocorre o
movimento, tem-se o caso geral de todas as três equações das componentes:
∑Fx = max
∑Fy = may
∑Fz = maz

Onde a aceleração e a resultante de forças são dadas por:


r
a = a x iˆ + a y ˆj + a z kˆ
2 2 2
a = ax + a y + az
r
ΣF = ΣFx iˆ + ΣFy ˆj + ΣFz kˆ
ΣF = (ΣFx ) 2 + (ΣFy ) 2 + (ΣFz ) 2

Exercício resolvido 1
Um caixote de 50 Kg é lançado ao longo do chão com uma velocidade inicial de 7 m/s em x = 0. O
coeficiente de atrito dinâmico é 0,40. Calcule o tempo necessário para o caixote parar e a
correspondente distância x percorrida.

Resolução
Após desenhar o diagrama de corpo livre para o caixote aplica-se a equação do movimento para
as direções x e y.

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⎧ Σ F y = 0 → N − mg = 0; N = mg ⎫
⎨ ⎬
⎩ Σ F x = ma x → − Fatrito = ma x → − μ din N = ma x ⎭
− μ din mg = ma x ⇒ a x = − μ din g = − ( 0 , 4 )( 9 ,81 ) = − 3,92 m / s 2

Aplicando a cinemática ao problema, temos:

v = v 0 + at v 2 − v02 = 2a( x − x0 )
0 = 7 − 3,92 t 0 − 7 2 = 2(−3,92)( x − 0)
t = 1,784 s x = 6,24m

Exercício resolvido 2
Suponha agora que o caixote do exercício anterior seja lançado para baixo em um plano inclinado,
como mostrado, com velocidade inicial de 7 m/s. Determine o tempo t necessário para o caixote
parar e a correspondente distância x percorrida se θ = 15º.

Resolução
⎧ΣFy = 0 : N − Py = 0 → N − mg cos θ = 0; N = mg cos θ ⎫
⎨ ⎬
⎩ΣFx = ma x : Px − Fatrito = ma x → mgsen θ − μ din mg cos θ ⎭
a x = g ( sen θ − μ din cos θ ) ⇒ a x = 9,81( sen15 º −0,4 cos 15 º
a x = −1,251m / s 2

Aplicando a cinemática ao problema, temos:


v = v0 + at v 2 − v02 = 2 a ( x − x0 )
0 = 7 − 1,251t 0 − 7 2 = 2( −1,251)( x − 0)
t = 5,59 s x = 19,58 m

Exercício resolvido 3
Qual fração n do peso do avião a jato deve ser o empuxo (empuxo no bocal T menos a resistência
do ar R) exigido para que o avião se eleve com uma aceleração a na direção de voo em um
ângulo θ com a horizontal?

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Resolução
O diagrama de corpo livre para o avião (considerado uma partícula) indica as forças que agem
sobre ele. Aplicando a 2ª lei na direção do movimento, temos:

W
ΣFx = ma x : T − R − Wsen θ = a
g
T −R a
n= = senθ +
W g

Exercício resolvido 4
Um homem de 75 Kg se encontra parado sobre uma balança de mola em um elevador. Durante os
primeiros 3 segundos do movimento a partir do repouso a tração T no cabo de sustentação do
elevador é de 8300 N. Encontre a leitura R da balança em Newtons durante esse intervalo de
tempo. A massa total do elevador, do homem e da balança é de 750 Kg.

Resolução
A força registrada na balança depende da aceleração do elevador, que é constante durante o
intervalo para o qual as forças são constantes.

A partir do diagrama de corpo livre do elevador, da balança e do homem considerados juntos, a


aceleração é:
[ ∑Fy = may ] T – P = may → 8300 – 7360 = 750ay ; ay = 1,257 m/s2

Sabendo que a balança lê a força para baixo exercida sobre ela pelos pés do homem, e que a
reação R é igual a esta ação (mostrado no diagrama de corpo livre do homem sozinho com o seu
peso), a equação do movimento para ele fornece:
[ ∑Fy = may ]
R – Phomem = m.ay → R – 736 = 75.(1,257) ; R = 830 N
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Exercício resolvido 5
Calcule a aceleração vertical a do cilindro de 150 Kg para cada um dos dois casos ilustrados.
Despreze o atrito e as massas das polias.

Resolução
Representam-se as forças que agem sobre os corpos nas duas situações:

ΣF = ma
(150 Kg ) : T − 150 (9,81) = 150 a ΣF = ma
( 200 Kg ) : 200 (9,81) − T = 200 a 200 (9,81) − 150(9,81) = 150 a
50(9,81)
Resolvendo simultaneamente: a= = 3,27 m / s 2
150
T = 1682 N
a = 1,401m / s 2

Atividades
1. Durante um teste de frenagem, um carro para a partir de uma velocidade inicial de 100 Km/h
em uma distância de 50 m. Se todas as quatro rodas contribuem igualmente para o teste,
determine a força de frenagem F em cada uma das rodas. Suponha uma desaceleração constante
para o carro de 1500 Kg.
R: F = 2890 N

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2. O avião A de 340 t tem quatro motores, cada um dos quais produzindo um empuxo quase
constante de 200 kN durante a decolagem. Uma pequena aeronave B taxia em direção à
extremidade da pista de decolagem com uma velocidade vB = 25 Km/h. Determine a velocidade
que A parece ter relativamente a um observador em B 10 segundos depois que A inicia sua
corrida de decolagem. Despreze as resistências do ar e ao rolamento.
R: vA/B = – 29,5 i – 3,47 j (m/s)

3. Determine a tração P no cabo que irá fornecer ao bloco de 50 Kg uma aceleração permanente
de 2 m/s2 para cima no plano inclinado.
R: P = 227 N

4. Uma bola de aço é suspensa no chassi acelerado por duas cordas A e B. Determine a
aceleração a do chassi, que faz com que a tração em A seja o dobro daquela em B.
R: a = g√3/9

5. O coeficiente de atrito entre a caçamba plana de um caminhão e o caixote que ele transporta é
de 0,30. Determine a menor distância de parada s que o caminhão pode ter a partir da velocidade
de 70 Km/h, com desaceleração constante, se o caixote não deve deslizar para frente.
R: s = 64,3 m

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6. Pequenos objetos são liberados para a rampa inclinada de 2 m por uma esteira A que se move
a uma velocidade v1 = 0,4 m/s. Se a esteira B possui velocidade v2 = 0,9 m/s e os objetos são
liberados para ela sem deslizamento, calcule o coeficiente de atrito μd entre os objetos e a rampa.
R: μd = 0,558

7. Durante um teste de confiabilidade, um placa de circuito de massa m é presa a um vibrador


eletromagnético e submetida a um deslocamento harmônico x = X sen ωt, onde X é a amplitude
do movimento, ω é a frequência do movimento em radianos por segundo e t é o tempo. Determine
o módulo Fmáx da força máxima horizontal que o vibrador exerce sobre a placa de circuito.
R: Fmáx = mXω2

8. Um motor para propulsão no espaço profundo é projetado para produzir um empuxo de 2,5 N
por longos períodos. Se o motor deve mover uma espaçonave de 70 t para uma missão
interplanetária, calcule o tempo t necessário para um aumento de velocidade de 40000 Km/h para
65000 Km/h. Admita que a espaçonave está se movendo em uma região remota do espaço, onde
o empuxo do seu motor é a única força atuando sobre a espaçonave na direção do seu
movimento. R: t = 2251 dias ~ 6,16 anos

9. Em um teste de resistência ao movimento em um banho de óleo, uma pequena bola de aço de


massa m é liberada do repouso na superfície (y = 0). Se a resistência ao movimento é dada por
R = kv, onde k é uma constante, desenvolva uma expressão para a profundidade h necessária
para a bola atingir a velocidade v. (Não é necessário expressar h em termos de ln)
R: a = g – (k/m)v

10. Para que valor(es) do ângulo θ a aceleração do bloco de 35 Kg será 9 m/s2 para a direita?
R: θ = 11,88º ; 41,3º

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Unidade VII. Cinética de Partículas – Trabalho e Energia

1 - Introdução
Vimos a segunda lei de Newton F = ma estabelecida para vários problemas de movimento de
partículas para estabelecer a relação instantânea entre a força líquida atuando sobre a partícula e
a resultante aceleração da partícula. Quando se necessitava determinar a variação na velocidade
ou o correspondente deslocamento da partícula, integrava-se a aceleração calculada através do
uso das equações cinemáticas apropriadas.
Veremos que pode-se incorporar os resultados dessas integrações diretamente nas equações do
movimento, de tal modo que se torne desnecessário resolvê-las para obter a aceleração.
A integração de forças desequilibradas com relação ao deslocamento da partícula leva às equações de
trabalho e energia.

2 - Definição de Trabalho
A figura mostra uma força F atuando sobre uma partícula em A que se move ao longo da trajetória
mostrada. O vetor posição r medido a partir de alguma origem O conveniente localiza a partícula
conforme ela passa pelo ponto A, e dr é a diferencial do deslocamento associada a um movimento
infinitesimal desde A até A’.
O trabalho realizado pela força F durante o deslocamento dr é definido como: U = F.dr

O módulo desse produto escalar é dU = F.ds.cosα, onde α é o ângulo entre F e dr e onde ds é o


módulo de dr.

A expressão dU = F.ds.cosα pode ser interpretada como o deslocamento multiplicado pela


componente de força Ft = Fcosα na direção do deslocamento, como representado pelas linhas
tracejadas na figura abaixo.

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Alternativamente, o trabalho dU pode ser interpretado como a força multiplicada pela componente
de deslocamento ds.cosα na direção da força, como representado pelas linhas cheias na figura.

Com essa definição de trabalho, deve-se notar que a componente normal ao deslocamento Fn = F.senα não
realiza trabalho. Assim, o trabalho dU pode ser escrito como: dU = Ft ds

Destaca-se que o trabalho é positivo se a componente que realiza trabalho Ft está no sentido do
deslocamento, e negativo se ela está no sentido contrário.
As forças que realizam trabalho são denominadas forças ativas. As forças de restrição que não realizam
trabalho são ditas forças reativas.
As unidades SI de trabalho são aquelas de força (N) vezes deslocamento (m), ou N.m; que recebe o nome
especial de joule (J).

3 - Cálculo do Trabalho
Durante um movimento finito do ponto de aplicação de uma força, a força realiza uma quantidade
de trabalho igual:
U = ∫ F.dr
U = ∫ (Fxdx + Fydy + Fzdz)
U = ∫ Ft ds
De modo a resolver essa integração, é necessário conhecer a relação entre as componentes de
força e suas respectivas coordenadas ou a relação entre Ft e s.

- Trabalho de Molas Lineares


Um exemplo comum do trabalho realizado sobre uma partícula por força variável é encontrado na
ação de uma mola fixada a um corpo móvel. Considera-se aqui a mola linear simples de rigidez k,
onde a força F na mola, de tração ou compressão, é proporcional à sua deformação x, de tal modo
que: F = kx.

A figura abaixo mostra os dois casos em que o corpo é colocado em movimento por uma força P
e, então estica ou comprime a mola uma distância x. Como a força exercida pela mola sobre o
corpo em cada caso está no sentido contrário ao do deslocamento

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Como a força exercida pela mola sobre o corpo em cada caso está no sentido contrário ao do
deslocamento, ela realiza trabalho negativo sobre o corpo. Assim, tanto para a mola se esticando
quanto se comprimindo o trabalho realizado sobre o corpo é negativo, e é dado por:

x2 x2 1
U1− 2 = − ∫ Fdx = − ∫ kxdx = − k ( x22 − x12 )
x1 x1 2

Observação: A expressão F = kx é, na verdade, uma relação escalar válida apenas quando os elementos da
mola não têm reação. O comportamento dinâmico de uma mola quando sua massa é levada em consideração
é um problema ligeiramente mais complexo, que não trataremos. Deve-se proceder que a massa da mola é
pequena quando comparada com as massas das outras partes do sistema, e nesse caso a mola linear estática
não envolverá um erro apreciável.

- Trabalho e Movimento Curvilíneo


Considera-se o trabalho realizado sobre uma partícula de massa m movendo-se ao longo de uma
trajetória curva sob a ação de uma força F, que representa a resultante ∑F de todas as forças
atuando sobre a partícula. A posição de m é especificada pelo vetor posição r, e seu
deslocamento ao longo da trajetória durante o intervalo de tempo é representado pela variação dr
em seu vetor posição.

O trabalho realizado por F durante um movimento finito de uma partícula do ponto 1 até o ponto 2
é igual: 2 r r s2
U1− 2 = ∫ F .dr = ∫ Ft ds
1 s1

onde os limites especificam os pontos inicial e final do deslocamento.


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Quando se substitui a segunda lei de Newton F = ma, a expressão para o trabalho de todas as
forças se torna:
2 r r 2 r r
U1− 2 = ∫ F .dr = ∫ ma.dr
1 1

mas a.dr = atds, onde at é a componente tangencial da aceleração de m. Em termos da velocidade


v da partícula, sabemos que atds = vdv. Assim, a expressão para o trabalho de F se torna:
2 r r v2 1
U1− 2 = ∫ F .dr = ∫ mv.dv = m(v22 − v12 )
1 v1 2
onde a integração é desenvolvida entre os pontos 1 e 2 ao longo da curva, nos quais as
velocidades possuem módulos v1 e v2, respectivamente.

4 - Princípio do Trabalho e da Energia Cinética


A energia cinética T de uma partícula é definida como: T = ½ mv²
Ela representa o trabalho total que deve ser feito sobre uma partícula para levá-la do estado de repouso para
uma velocidade v. A energia cinética T é uma grandeza escalar com unidades N.m ou Joules (J) no SI. A
energia cinética é sempre positiva, independentemente do sentido da velocidade.

A relação entre trabalho e energia pode ser escrita da forma: U1-2 = T2 – T1 = ΔT


Que é a equação de trabalho-energia para uma partícula. Essa equação estabelece que o trabalho total
realizado sobre todas as forças atuando sobre a partícula conforme ela se move de um ponto 1 até um ponto 2
é igual à correspondente variação na energia cinética da partícula.

Apesar de T ser sempre positiva, a variação ΔT pode ser positiva, negativa ou nula. Quando
escrita na forma U1-2 = T2 – T1 = ΔT essa relação diz que o trabalho sempre resulta em uma
variação na energia cinética.
Alternativamente, a relação trabalho-energia pode ser expressa como a energia cinética inicial T1
mais o trabalho realizado U1-2 igual à energia cinética final T2, ou
T1 + U1-2 = T2

Observação: A maior vantagem do método trabalho e energia é que ele evita a necessidade de calcular a
aceleração e fornece diretamente as variações de velocidade como funções das forças que realizam trabalho.
Além disso, a equação de trabalho-energia envolve apenas aquelas forças que realizam trabalho e, dessa
forma, contribuem para as variações no módulo das velocidades.

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5 - Potência
A capacidade de uma máquina é medida pela taxa de variação no tempo na qual ela pode realizar
trabalho ou liberar energia. O trabalho total ou a energia de saída não é uma medida dessa
capacidade, uma vez que um motor, não interessando o quão pequeno ele seja, pode liberar uma
grande quantidade de energia se for dado tempo suficiente. Por outro lado, é preciso ter uma
máquina grande e potente quando se necessita liberar uma elevada quantidade de energia em um
curto período de tempo. Assim, a capacidade de uma máquina é caracterizada pela sua potência,
que é definida como a taxa de variação no tempo do trabalho realizado.
De acordo com a definição, a potência P desenvolvida por uma força F que realiza uma
quantidade de trabalho U é:
P = dU/dt = F.dr/dt
como dr/dt é a velocidade v, pode-se escrever: P = F.v

Exercício resolvido 1
Calcule a velocidade v de um caixote de 50 Kg quando ele atinge o final do plano inclinado em B
se ele tem uma velocidade inicial de 4 m/s no topo do plano. O coeficiente de atrito dinâmico é
0,30.

Resolução
O diagrama de corpo livre do caixote é desenhado e inclui a força normal N e a força de atrito
dinâmico Fat calculadas da maneira usual. O trabalho realizado pela componente do peso para
baixo no plano é positiva, enquanto o trabalho realizado pela força de atrito é negativo.

O trabalho total realizado sobre o caixote durante o movimento é


[U = F.s] U1-2 = [50(9,81)sen15º – 142,1]10 = – 151,9 J
A variação na energia cinética é T2 – T1 = ΔT
[T = ½mv²] ΔT = ½(50)(v² – 4²)
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A equação de trabalho-energia fornece
[U1-2 = ΔT] -151,9 = 25(v² – 16)
v² = 9,93 → v = 3,15 m/s

Exercício resolvido 2
A mola se encontra na sua posição não deformada quando x = 0. Se o corpo se move a partir da
posição inicial x1 = 100 mm para a posição final x2 = 200 mm, (a) determine o trabalho realizado
pela mola sobre o corpo e (b) determine o trabalho realizado sobre o corpo por seu peso.

Resolução
1 1
(a) [U1-2 = - ∫ kx dx] U1− 2 = k ( x12 − x22 ) → U 1− 2 = (4000)(0,12 − 0,2 2 ) = −60 J
2 2

(b) [U1-2 = ∫ mg dy] U 1− 2 = mg ( y1 − y2 ) → U 1− 2 = 7(9,81)(0,1.sen 20 0 ) = 2,35 J

Exercício resolvido 3
O bloco de 50 Kg em A está montado sobre roletes, de tal modo que se move ao longo da guia
horizontal com atrito desprezível sob a ação de uma força constante de 300 N no cabo. O bloco é
liberado do repouso em A, com a mola que está conectada a ele estendida de uma quantidade
inicial x1 = 0,233m. A mola tem rigidez k = 80 N/m. Calcule a velocidade v do bloco quando ele
atinge a posição B.

Resolução
O diagrama de forças ativas para o sistema composto pelo bloco e pelo cabo é mostrado para
uma posição genérica. A força F = 80x na mola e a tração T = 300N são as únicas forças externas
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a esse sistema que realizam trabalho sobre o sistema. A força exercida pelo bloco pela guia, o
peso e a reação da pequena polia sobre o cabo não realizam trabalho sobre o sistema, e não
estão incluídos no diagrama de forças ativas.

Conforme o bloco se move de x = 0,233 m até x = 0,233 + 1,2 = 1,433 m, o trabalho realizado pela
força da mola atuando sobre o bloco é negativo e igual a:
1, 433
[U = ∫ F dx] U
1− 2 = − ∫ 80 x.dx = − 40 x 2 = − 80 J
1, 433
0 , 233
0 , 233

O trabalho realizado sobre o sistema pela força constante de 300 N no cabo é a força vezes o
movimento horizontal líquido do cabo sobre a polia C, que é x² = (1,2)² + (0,9)² - 0,9 → x = 0,6 m
Assim, o trabalho é igual a:
U = F.s → U = 300.(0,6) = 180 J

Aplica-se agora a equação de trabalho-energia ao sistema e obtém-se:


[U1-2 = ΔT] - 80 + 180 = ½(50)(v² - 0) → v = 2 m/s

Exercício resolvido 4
Um satélite de massa m é colocado em uma órbita elíptica em torno da Terra. Em um ponto A, sua
distância da Terra é h1 e sua velocidade é v1. Determine uma expressão para a velocidade v2 do
satélite quando ele atinge o ponto B, a uma distância h2 da Terra.

Resolução
O satélite está se movendo fora da atmosfera da Terra, de modo que a única força atuando sobre
ele é a atração gravitacional da Terra. Com a massa e o raio da Terra expressos por mT e R,
respectivamente, a lei gravitacional fornece F = GmmT/r² = gR²m/r² utizando a substituição
76
GmT = rR². O trabalho realizado por F é devido apenas à componente radial do movimento ao
longo da linha de ação de F, e é negativo com o aumento de r.
r2 h2 dr ⎛1 1⎞
U1− 2 = − ∫ F .dr = −mgR 2 ∫ 2
= mgR 2 ⎜⎜ − ⎟⎟
r1 h1 r ⎝ h2 h1 ⎠
Utilizando a equação de trabalho-energia U1-2 = ΔT, temos:
⎛1 1⎞ 1
mgR 2 ⎜⎜ − ⎟⎟ = m(v22 − v12 )
⎝ h2 h1 ⎠ 2
⎛1 1⎞
v22 = v12 + 2 gR 2 ⎜⎜ − ⎟⎟
⎝ h2 h1 ⎠

Atividades
1. Um pequeno corpo apresenta uma velocidade vA = 5 m/s no ponto A. Desprezando o atrito,
determine a sua velocidade vB no ponto B após ele ter sido elevado 0,8 m. O conhecimento do
formato da trajetória é necessário?
R: vB = 3,05 m/s
B

2. Um caixote de 30 Kg desliza para baixo da trajetória curva no plano vertical. Se o caixote possui
uma velocidade de 1,2 m/s para baixo no plano inclinado em A e uma velocidade de 8 m/s em B,
calcule o trabalho Uat realizado sobre o caixote pelo atrito durante o movimento de A até B.
R: Uat = - 827 J

3. Um guindaste de demolição está se movendo com uma velocidade constante de 3 Km/h


quando subitamente pára. Calcule o ângulo máximo θ que o cabo da bola de demolição oscila.
R: θ = 6,23 º

77
4. No projeto de um pára-choque com mola para um carro de 1500 Kg, deseja-se que o carro pare
a partir de uma velocidade de 8 Km/h em uma distância igual a 150 mm de deformação da mola.
Especifique a rigidez k necessária para cada uma das duas molas atrás do pára-choque. As molas
estão sem deformação no início do impacto.
R: k = 164,6 kN/m

5. Um pequeno cursor de massa m é liberado do repouso em A e desliza para baixo, na haste


curva no plano vertical, com atrito desprezível. Expresse a velocidade v do cursor quando ele
atinge a base B em termos das condições dadas.
R: v = √2gh

6. Um carro de 1200 Kg desce a uma ladeira com inclinação de 8 % a uma velocidade de 100
Km/h. O motorista aplica os freios, de modo a levá-lo para uma velocidade de 25 Km/h em uma
distância de 0,5 Km medidos ao longo da estrada. Calcule a perda de energia Q dissipada pelos
freios na forma de calor. Despreze qualquer perda por atrito a partir de outras causas, como a
resistência do ar.
R: Q = 903 kJ

7. O vetor posição de uma partícula é dado por r = 8t i + 1,2t2 j – 0,5(t3 – 1) k, onde t é o tempo em
segundos a partir do início do movimento e onde r é expresso em metros. Para a condição em que
t = 4s determine a potência P desenvolvida pela força F = 40i – 20j – 36 k (N) que atua sobre a
partícula.
R: P = 0,992 kW

78
8. Pequenos blocos de metal são descarregados com uma velocidade de 0,45 m/s em uma rampa
pela esteira superior, como mostrado. Se o coeficiente de atrito dinâmico entre os blocos e a
rampa é de 0,30, calcule o ângulo θ que a rampa deve fazer com a horizontal de modo que os
blocos sejam transferidos sem deslizar para a esteira inferior se movendo a velocidade de
0,15 m/s.
R: θ = 16,62 º

6 - Energia Potencial Gravitacional


Considera-se inicialmente o movimento de uma partícula de massa m próxima da superfície da
Terra, onde a atração gravitacional (peso) mg é essencialmente constante.

A energia potencial gravitacional Vg da partícula é definida como o trabalho mgh realizado contra o campo
gravitacional para elevar a partícula a uma distância h acima de algum plano de referência arbitrário, onde Vg
é tomado como zero. Assim, podemos escrever a energia potencial como:
Vg = mgh

Esse trabalho é chamado de energia potencial, porque pode ser convertido em energia se a
partícula for liberada a realizar trabalho sobre um corpo que a sustente enquanto retorna ao seu
plano de origem, abaixo da posição de partida. Ao se deslocar de um nível em h = h1 para um
nível mais elevado em h = h2, a variação na energia potencial se torna:
ΔVg = mg(h2 – h1) = mgΔh
O correspondente trabalho realizado pela força gravitacional sobre a partícula é – mgΔh. Assim, o trabalho
realizado pela força gravitacional é o simétrico da variação na energia potencial.
79
7 - Energia Potencial Elástica
O segundo exemplo de energia potencial ocorre na deformação de um corpo elástico, tal como
uma mola. O trabalho que é realizado sobre uma mola para deformá-la é armazenado na mola e é
denominado energia potencial elástica Ve. Essa energia é recuperada na forma de trabalho
realizado pela mola sobre um corpo conectado a sua extremidade móvel durante sua liberação ou
deformação.
Para uma mola linear unidimensional de rigidez k, a força suportada por ela com qualquer
deformação x, de tração ou compressão, a partir da posição não-deformada é F = kx. Assim,
define-se a energia potencial elástica da mola como o trabalho realizado sobre ela para deformá-la
de uma quantidade x, e tem-se:
x 1 2
Ve = ∫ kx.dx = kx
0 2

Se a deformação, seja de tração ou compressão, de uma mola aumentá-la de x1 para x2 durante o


movimento, então a variação na energia potencial da mola é o seu valor final menos seu valor
inicial, ou 1
Ve = k ( x22 − x12 )
2
que é positivo.
Ao contrário, se a deformação da mola diminui durante o intervalo de movimento, então a variação
na sua energia potencial se torna negativa.
Como a força exercia sobre a mola pelo corpo móvel é igual e oposta à força F exercida pela mola sobre o
corpo, segue-se que o trabalho realizado sobre a mola é o simétrico do trabalho realizado sobre o corpo.

8 - Equação de Trabalho-Energia
Sendo U’1-2 o trabalho de todas as forças externas além das forças gravitacionais e de molas,
pode-se escrever a relação entre trabalho e energia como:
U’1-2 = ΔT + ΔVg + ΔVe

Essa forma alternativa da equação de trabalho-energia normalmente é mais conveniente do que


U1-2 = ΔT, uma vez que o trabalho das forças gravitacionais e de molas é levado em conta ao se
prestar atenção nas posições inicial e final da partícula e nos comprimentos inicial e final da mola
elástica. Assim, o caminho seguido entre essas posições inicial e final não terá consequência na
avaliação de ΔVg e Δve.
A equação pode ser reescrita na forma equivalente:
T1 + Vg1 + Ve1 + U’1-2 = T2 + Vg2 + Ve2
80
Pode-se reescrever ainda a relação trabalho-energia alternativa para uma partícula como:

U '1− 2 = Δ (T + Vg + Ve ) = ΔE

onde ΔE = T + Vg + Ve é a energia mecânica total da partícula. Esta equação estabelece que o trabalho
líquido realizado sobre o sistema por todas as forças, além das forças gravitacionais e forças elásticas, é igual
à variação na energia mecânica total do sistema.

Para problemas em que as únicas forças são as gravitacionais, elásticas e forças de restrição que
não realizam trabalho, o termo U’ é nulo, e a equação da energia se torna simplesmente:
ΔE = 0 ou E = constante (lei da conservação da energia dinâmica)
Quando E é constante, nota-se que pode haver transferência entre a energia cinética e a energia potencial,
enquanto a energia mecânica total não varia.

Exercício resolvido 1
Um cursor de 1,2 Kg é liberado do repouso na posição A e desliza sem atrito no plano vertical ao
longo da guia mostrada. Determine a velocidade vB do cursor quando ele passa pela posição B.

Resolução
Como não há atrito e força de contato cursor-guia é perpencidular ao movimento (e por isso não
realiza trabalho), pode-se considerar apenas as variações de energia devido ao trabalho realizado
pela força peso. Observando que há conservação de energia, e tomando o ponto A como posição
padrão, escreve-se:

TA + VA = TB + VB
1 2
0+0 = mvB − mghB
2
vB = 2 ghB = 2(9,81)(4,5) = 9,4m / s

81
Exercício resolvido 2
O cursor de 3 Kg é liberado do repouso no ponto A e desliza, com atrito vertical, em um plano
vertical ao longo da haste circular. A mola conectada possui rigidez de 350 N/m e um comprimento
não-deformado de 0,6 m. Determine a velocidade do cursor quando ele passa na posição B.

Resolução
O trabalho realizado pelo peso e pela mola sobre o cursor será tratado com a variação nas
energias potenciais, e a reação da haste sobre o cursor é normal ao movimento e não realiza
trabalho. Assim, U’1-2 = 0. As variações nas energias potencial e cinética para o sistema de cursor
e mola são:

ΔVe =
1
2
1
k ( x B2 − x A2 ) = (350)
2
[{ (0,6) + (0,6)
2 2
} ]
− 0,6 − (0,6) 2 = −52,2 J

Δ V g = W Δ h = 3(9,81)( − 0,6 ) = − 17 ,66 J


1 1
ΔT = m ( v B2 − v A2 ) = 3( v B2 − 0 ) = 1,5v B2
2 2

[ ΔT + ΔVg + ΔVe = 0] ⇒ 1,5vB2 − 17,66 − 52,2 = 0 → vB = 6,82m / s

Exercício resolvido 3
Uma haste leve é pivotada em O e carrega as partículas de 2 e 4 Kg. Se a haste é liberada do
repouso em θ = 60º e oscila no plano vertical, calcule a velocidade v da partícula de 2 Kg pouco
antes de atingir a mola na posição tracejada.

82
Resolução
Uma vez que não existem forças dissipativas pode-se considerar U’1-2 = 0, ou seja, ocorre
conservação de energia mecânica total do sistema. Sabendo que a relação entre as velocidades
angulares é ωA = ωB → vB = (RB/RA)vB
B B

A variação nas energias potencial e cinética para o sistema será:

ΔT + ΔVg = 0
1 1 300 2
(2)v 2 + (4)( v ) + 2(9,81)(0,45sen60º ) − 4(9,81)(0,3sen60º ) = 0
2 2 450
v = 1,162m / s

Exercício resolvido 4
Considerando a haste leve é pivotada em O do exemplo anterior, calcule a compressão máxima x
da mola. Admita que x é pequeno, de modo que a posição da haste quando a mola é comprimida
é essencialmente horizontal.

Resolução
Nesse caso ΔT = 0, e pode-se escrever a variação na energia total como:
ΔVg + ΔVe = 0
1
2(9,81)(0,45sen60º ) − 4(9,81)(0,3sen60º ) + (35.103 ) x 2 = 0
2
x = 0,01207 m = 12,07 mm

Atividades
1. O cursor de 4 Kg é liberado do repouso em A e desliza com atrito desprezível para baixo, na
haste circular no plano vertical. Determine a velocidade v do cursor quando ele atinge a parte
inferior em B.
R: v = 3,43m/s

2. Considerando ainda o cursor do problema anterior determine a máxima deformação x da mola.


R: x = 48,5 mm
83
3. As molas não estão deformadas na posição mostrada. Se o cursor de 6 Kg é liberado do
repouso na posição onde a mola inferior se encontra comprimida de 125 mm, determine a
compressão xB da mola superior.
R: x = 176,6 mm

4. Se o sistema é liberado do repouso, determine as velocidades de ambas as massas após B ter-


se deslocado 1 m. Despreze o atrito e as massas das polias.
R: vA = 0,616 m/s; vB = 0,924 m/s

5. Um projétil é disparado verticalmente para cima a partir do Polo Norte com uma velocidade v0.
Calcule o valor mínimo v0 que irá permitir que o projétil escape da força gravitacional da Terra,
admitindo que não exista resistência atmosférica. Adote energia potencial gravitacional igual a
mgR²/r, e que v = 0 quando r = ∞.
R: v0 = √2gR

84
6. Um satélite é colocado em uma órbita elíptica em torno da Terra e apresenta uma velocidade vP
na posição de perigeu P. Determine a expressão para a velocidade vA na posição de apogeu A.
Os raios de A e P são, respectivamente, rA e rP. Note que a energia total permanece constante.

2⎛ 1 1⎞
R: v0 = vP − 2 gR ⎜⎜ − ⎟⎟
2

⎝ rP rA ⎠

7. Os carros da montanha-russa de um parque de diversões têm velocidade v1 = 90 Km/h na parte


mais baixa dos trilhos. Determine a velocidade v2 dos carros na parte mais alta dos trilhos.
Despreze a energia perdida por atrito, e considere que a diferença de altura entre o ponto mais
baixo e o ponto mais alto igual a 27 m.
R: v2 = 9,75 m/s

Unidade VIII. Cinética de Partículas – Impulso Linear e Quantidade de Movimento

1 - Introdução
Vimos que as equações de trabalho e energia são obtidas pela integração da equação de
movimento F = ma com relação ao deslocamento da partícula. Vimos que as variações de
velocidade podem ser expressas diretamente em termos do trabalho realizado ou em termos das
variações totais na energia.
Veremos agora a equação do movimento integrada com relação ao tempo em vez de ao
deslocamento. Essa abordagem leva às equações de impulso e quantidade de movimento, que
facilitam muito a solução de alguns problemas nos quais as forças aplicadas agem durante

85
períodos extremamente curtos (como em problemas de impacto) ou ao longo de intervalos de
tempo especificados.

2 - Impulso Linear e Quantidade de Movimento Linear


Considerando novamente o movimento curvilíneo genérico no espaço de uma partícula de massa
m, onde a partícula é localizada pelo seu vetor posição r medido a partir da origem fixa O. A
velocidade da partícula é v = dr/dt e é tangente à sua trajetória, como mostrado pela linha
tracejada na figura.

A resultante ∑F de todas as forças sobre m está na direção da sua aceleração a = dv/dt. Pode-se
escrever a equação de movimento básica para a partícula como:
r r d r r r
∑ F = mv& = dt (mv ) ou ∑ F = G&
Onde o produto da massa e da velocidade é definido como a quantidade de movimento linear
G = mv da partícula.

r r&
A equação ∑ F = G estabelece que a resultante de todas as forças atuantes sobre uma partícula é igual à taxa
de variação no tempo da quantidade de movimento linear. No SI as unidades da quantidade de movimento
linear m.v consistem em Kg.m/s, que é também igual a N.s.

r r
Como se trata de uma equação vetorial, verifica-se que além da igualdade de módulos de∑ F eG&
a direção da força resultante coincide com a direção da taxa de variação da quantidade de
movimento linear, que é a direção da taxa de variação da velocidade.
Esta equação é uma das mais úteis e importantes relações na dinâmica, e é válida desde que a
massa da partícula não esteja variando com o tempo.
Pode-se escrever as três componentes escalares da equação como:

∑F = G&
x x ∑
F = G& y y
F = G&∑ z z

Essas equações podem ser aplicadas independentemente uma das outras.


86
3 - O princípio do Impulso-Quantidade de Movimento
Até aqui, tudo que foi feito é reescrever a segunda lei de Newton em uma forma alternativa, em
termos da quantidade de movimento. Agora é possível descrever o efeito da resultante de forças
∑F sobre a quantidade de movimento linear da partícula ao longo de um período finito de tempo
r r&
simplesmente pela integração da equação ∑ F = G com relação ao tempo t. Multiplicando-se a
equação por dt tem-se ∑F dt = dG, que é integrado do instante t1 ao instante t2 para obter
r r& r& r

t2
∫ Fdt = G
t1
2 − G 1 = ΔG

Aqui a quantidade de movimento linear no instante t2 é G2 = m.v2, e a quantidade de movimento


linear no instante t1 é G1 = m.v1.
O produto da força e do tempo é definido como o impulso linear da força, e a equação acima estabelece que
o impulso linear total sobre m é igual à correspondente variação da quantidade de movimento linear de m.

Obs.: A integral do impulso é um vetor que, em geral, pode envolver variações tanto no módulo
quanto na direção durante o intervalo de tempo. Sob tais condições, será preciso expressar ∑F e
G na forma de componentes e depois combinar as componentes integradas. As componentes da
r r& r& r
∫ ∑ Fdt = G
t2
equação 2 − G1 = ΔG se tornam as equações escalares:
t1

∫ ∑ F dt = (mv )
t2
x x 2 − (mvx )1
t1

∫ ∑ F dt = (mv
t2
y ) − (mv y )1
y 2
t1

∫ ∑ F dt = (mv )
t2
z z 2 − (mvz )1
t1

Essas três equações escalares de impulso-quantidade de movimento são completamente independentes. As


expressões escalares correspondentes às equações vetoriais são simplesmente o rearranjo dessas equações.

4 - Conservação da Quantidade de Movimento Linear


Se a força resultante sobre a partícula é nula durante um intervalo de tempo, é imediato perceber
r r&
da expressão ∑ F = G que a quantidade de movimento G será constante. Nesse caso, diz-se que
a quantidade de movimento linear de uma partícula é conservada.

Consideremos então o movimento de duas partículas a e b que interagem durante um intervalo de


tempo. Se as forças de interação F e -F entre elas são as únicas forças desequilibradas atuando
sobre as partículas durante o intervalo de tempo, seque que o impulso linear sobre a partícula a é
simétrico do impulso linear sobre a partícula b.
87
r r& r& r
∫ ∑ Fdt = G
t2
Desse modo, a partir da equação 2 − G1 = ΔG a variação na quantidade de
t1
movimento ΔG total para o sistema de duas partículas permanece constante durante o intervalo
de tempo, e pode-se escrever:
ΔG = 0 ou G1 = G2
Que é o princípio da conservação da quantidade de movimento linear!

Exercício resolvido 1
Uma partícula de 0,2 Kg se move no plano y-z vertical (z para cima, y horizontal) sob a ação de
seu peso e da força F que varia com o tempo. A quantidade de movimento linear da partícula em
newtons-segundos é dada pela expressão G = 3/2(t2 +3)j – 2/3(t³ – 4)k, onde t é o tempo em
segundo. Determine a força F e seu módulo para o instante em que t = 2s.

Resolução
Expressando o peso como um vetor é -0,2(9,81)k N. Assim, a equação de força-quantidade de
movimento se torna:
r r r d ⎡3 2 ⎤
[ ∑ F = G& ] F − 0, 2(9,81) kˆ = ⎢ (t ² + 3) ˆj − (t ³ − 4) kˆ ⎥ = 3tˆj − 2t ² kˆ
dt ⎣ 2 3 ⎦
para t = 2s: r
F = 0, 2(9,81) kˆ + 3( 2 ) ˆj − 2 ( 2)² kˆ = 6 ˆj − 6,04 kˆ ( N )

F = 6² − 6,04² = 8,51N

Exercício resolvido 2
Uma bala de 50 g, deslocando-se a 600 m/s, atinge um bloco de 4 Kg centralmente e fica alojada
dentro dele. Se o bloco desliza sobre um plano liso com uma velocidade de 12 m/s na direção
mostrada antes do impacto, determine a velocidade v do bloco e da bala alojada imediatamente
após o impacto.

88
Resolução
Uma vez que a força de impacto é interna ao sistema composto pelo bloco e pela bala, e desde
que não existem outras forças atuando sobre o sistema no plano do movimento, segue que a
quantidade de movimento linear do sistema é conservada. Assim:
r
[G1 = G2] 0,050 (600 ˆj ) + 4(12)(cos 30 º iˆ + sen30 º ˆj ) = ( 4 + 0,050 )v
r
v = 10,26iˆ + 13,33 ˆj ( m / s )
a velocidade final e sua direção são dadas por:

v = v x2 + v y2 → v = (10,26)² + (13,33)² = 16,83m / s


vy 13,33
tgθ = → tgθ = = 1,299 ⇒ θ = 52,4º
vx 10,26

Exercício resolvido 3
O carro de 1500 Kg apresenta uma velocidade de 30 Km/h para cima em uma ladeira de
inclinação 10 % quando o motorista aplica mais potência por 8 s, para levar o carro a uma
velocidade de 60 Km/h. Calcule a média no tempo da força F total tangente à pista exercida sobre
os pneus durante os 8 s. Trate o carro como uma partícula, e despreze a resistência do ar.

Resolução
O diagrama de corpo-livre representa as forças que agem no carro considerado uma partícula. A
inclinação do plano pode ser calculada fazendo:
tg θ = 1/10 → θ = 5,71º

Sabendo que somente as forças F e a componente Px do peso são responsáveis pela variação da
quantidade de movimento do carro, temos:
⎛ 60 30 ⎞
[ ∫ ΣFx dt = ΔGx ] → F − 1500(9,81) sen5,71º.8 = 1500⎜ − ⎟
⎝ 3,6 3,6 ⎠
F = 3030 N = 3,03kN 89
Atividades
1. A velocidade de uma partícula de 1,2 Kg é dada por v = 1,5 t³i + (2,4 – 3t²)j + 5k, onde v está
em metros por segundos e o tempo t está em segundos. Determine a quantidade de movimento
linear G da partícula e seu módulo G quando t = 2 s.
R: G = 14,4i – 11,52j + 6k Kg.m/s; G = 19,39 Kg.m/s

2. Um projétil de 75 g se desloca a 600 m/s, atingindo e permanecendo alojado no bloco de 50 Kg


que está inicialmente parado. Calcule a energia perdida durante o impacto.
R: ΔE = 13,48 kJ

3. Um avião com propulsão a jato e massa de 10 t está voando horizontalmente com uma
velocidade constante de 1000 Km/h sob a ação do empuxo do motor T e da força de resistência
do ar R igual e oposta. O piloto aciona duas unidades motoras auxiliares, cada uma das quais
desenvolvendo um empuxo para frente T0 de 8 kN por 9 s. Se a velocidade do avião em seu voo
horizontal é de 1050 Km/h no final dos 9 s, calcule o aumento médio no tempo ΔR na resistência
do ar. A massa do combustível usado é desprezível, comparada com aquela do avião.
R: ΔR = 568 N

4. O vagão de carga A, com uma massa total de 80 t, está se movendo ao longo de um trilho
horizontal no parque de conexão a 3 Km/h. O vagão de carga B, com uma massa total de 60 t e se
movendo a 5 Km/h, ultrapassa o vagão A e é acoplado a ele. Determine a velocidade comum v
dos dois vagões quando eles se movem juntos, após terem sido acoplados.
R: v = 3,86 Km/h

5. Considerando a situação dos vagões de carga e B da atividade anterior, determine a perda de


energia |ΔE| devido ao impacto.
R: ΔE = 5,29 kJ
90
6. Um bloco de 9 Kg está se movendo para a direita com uma velocidade de 0,6 m/s sobre uma
superfície horizontal quando uma força P é aplicada a ele no instante t = 0. Calcule a velocidade v
do bloco quando t = 0,4 s. O coeficiente de atrito dinâmico é μdin = 0,3.
R: v = 1,823 m/s

91

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