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Revista Especial de Educação Física – Edição Digital nº.

2 – 2005
Anais do IV Simpósio de Estratégias de Ensino em Educação/Educação Física Escolar – 7 a 9 de dezembro – 2004

A “UNIVERSIDADIZAÇÃO” DA DANÇA – PRODUÇÕES ESCRITAS E COREOGRÁFICAS NOS TEXTOS E CONTEXTOS DO


CAMPUS CATALÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Alessandra Luiza Pereira de Lacerda


Kélica Pereira Borges
Talita Cristina Leão
Graduandas do Curso de Educação Física da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão (UFG/CAC)
alplacerda@hotmail.com
kelicaborges@bol.com.br
talitaleao2001@yahoo.com.br
Patrícia do Prado
Professora Mestre do Curso de Educação Física UFG/CAC
patipra@yahoo.com.br

Resumo
Esta pesquisa analisa o processo de universidadização da dança e seu significado na formação de acadêmicos, considerando produções escritas e coreográficas do curso de
Educação Física da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão, desde 1993. Entendemos que mesmo sendo tratada na escola de modo assistemático, não pedagógico
a dança tem aparecido na universidade com o importante elemento de nossa cultura a partir da vivência dos ex-escolares. Para tanto, utilizaremos o método das Ciências
Sociais (história de vida) para conhecer o significado da dança na formação de pessoas envolvidas diretamente com o nosso objeto de estudo, a dança, contribuindo assim,
para o enriquecimento do acervo cultural por meio da cultura corporal de movimento na universidade e na vida.

Introdução

A dança, elemento da cultura corporal de movimento tratado pedagogicamente pela Educação Física e pelas Artes, principalmente
no âmbito da escola, tem ganhado cada vez mais espaço na formação de nossos alunos que, em geral, preferem o aprendizado e a prática do
esporte e de jogos diversos. Longe de iniciarmos polêmica quanto a qual área – se a Educação Física ou se as Artes - a dança deve ser ensinada,
criticada e recriada devemos tratá-la como elemento da cultura que contribui para o entendimento de nossa sociedade.

No crescente processo de escolarização da dança movimentos surgem para consolidar sua importância no que se refere ao acervo cultural
e de movimentação corporal. Pesquisadores têm se preocupado em romper com a visão tradicionalmente romântica daqueles que visualizam a
dança somente como manifestação de louvor aos deuses, à natureza ou à própria humanidade. Problematizações, reflexões e novas pesquisas em
diversas áreas temáticas têm surgido de experiências das salas de aulas do cotidiano de alunos e de professores. Além disso, a escola vem
promovendo espaços extra-curriculares de manifestação da dança, como festas organizadas por grêmios estudantis e apresentações de dança em
datas comemorativas, onde os alunos interagem entre si e contribuem para a manutenção da dança como elemento de nossa cultura.

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O ensino da dança nas aulas de Educação Física tem relação direta com a formação do profissional vinculado à escola. É comum
ouvirmos discursos de professores que não tiveram a dança como conteúdo em sua formação curricular e, por isso, não sentem-se seguros para
desenvolvê-la como práticas pedagógicas. Isto porém, não é justificativa para eliminá-la destas práticas. Por outro lado, a partir do nosso trabalho
docente desde 1999 1 , identificamos que as produções escritas e coreográficas na área de dança, tem crescido nos últimos cinco anos no âmbito do
curso de Educação Física da Universidade Federal de Goiás, campus Catalão (UFG/CAC).

Isto pode resultar numa possível transformação do tratamento da dança pelos profissionais da área de Educação Física onde irão atuar ou
já atuam, seja na escola ou na academia, sob o ponto de vista do processo pedagógico. Ou seja, entendida enquanto elemento de nossa cultura a
dança deve receber um tratamento pedagógico que desmistifique expressões como “não sei dançar”, “eu tenho vergonha”, “o que vão pensar de
mim” e tratada como conteúdo a ser sistematizado para ser desenvolvido em qualquer série do ensino na vida de uma pessoa. Se a ausência da
dança ocorre no processo ensino-aprendizagem dificilmente escapará de sua presença nos espaços sociais como festas de aniversário, encontro de
amigos, casamentos, dentre outros. Portanto, a dança é parte da cultura da humanidade. A cultura entendida como:

[...] um sistema de trocas simbólicas, cujos significados se refletem nas ações sociais dos sujeitos que compõem uma
sociedade, portanto, não é possível identificar o que é do indivíduo e o que é da coletividade, pois sua construção é dinâmica e
integradora. (PRADO, 2003, p.10)

A cultura é eminentemente simbólica, pois segundo Geertz (1989) ela representa


[...] sistemas entrelaçados de signos interpretáveis [...], a cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos
casualmente os acontecimentos sociais, os comportamentos, as instituições ou os processos; ela é um contexto, algo dentro do
qual eles podem ser descritos de forma inteligível - isto é, descritos com densidade. (p.24)

Neste contexto de signos interpretáveis que é a cultura encontramos também a dança. Em nossa pesquisa anterior apresentamos a congada
- tipo de dança popular da cidade de Catalão-GO e existente também em outros estados do Brasil -, como elemento significativo para que
relações sociais fossem determinadas, construídas, reinventadas e “re-significadas”. A partir da congada a sociedade local se organiza para
festejar a fé católica, o lazer, a economia, a organização política-social criando signos que vão estruturar as técnicas corporais das pessoas
envolvidas.

As técnicas corporais 2 , segundo Mauss apud Prado (2003) aparecem como reflexo do pensamento de um grupo social. Elas são, antes de

1
Como professora do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão (UFG/CAC), na cidade de Catalão/GO.
2
“Marcel Mauss (1974) utiliza o termo técnicas corporais para designar todo e qualquer movimento do homem que é repleto de cultura; a forma pela qual o homem aprende a
utilizar seu corpo na sociedade na qual está inserido. Além disso, o estudo das técnicas corporais possibilita compreender o movimento deste homem no interior da sociedade
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tudo, técnicas culturais, pois como afirmamos anteriormente, a cultura representa o sistema de trocas simbólicas que, à medida em que se repete,
definirá hábitos e ações das pessoas a partir da eficácia do movimento corporal. E à medida em que tais pessoas interagem entre si e com outra
sociedade ocorrerá transformações e “novas” técnicas corporais podem surgir, mas não deixarão de ser um meio de expressão dos valores de uma
sociedade.

Segundo Prado (2003) Marcel Mauss defende a idéia do “homem total”, onde todos os aspectos integram uma pirâmide e sustentam o ser
humano. Os alicerces desta pirâmide são constituídos pelos elementos presentes na natureza social, biológica e psicológica do indivíduo que
interage na sociedade manifestando-se culturalmente. Isto quer dizer que os significados apresentados pelos sistemas simbólicos de um povo
tornam-se públicos e devem ser analisados e interpretados a partir das ações das pessoas que o compõem.

Geertz (1989) afirma que a cultura é pública. Ele utiliza um exemplo sobre o ato de piscar que pode ser associado a qualquer outro
movimento corporal num dado contexto cultural. No exemplo, há dois garotos que piscam rapidamente o olho direito. “Num deles, esse é um
tique involuntário; no outro, é uma piscadela conspiratória a um amigo.”(GEERTZ, 1989, p.16) Um terceiro garoto “[...] imita o piscar do
primeiro garoto de uma forma propositada, grosseira, óbvia, etc.” (GEERTZ, 1989, p.16). E este último, pode ainda ensaiar a piscadela em frente
a um espelho, treinando o movimento. O autor nos chama a atenção para as diversas intencionalidades de cada sujeito presentes no mesmo ato de
piscar. Para os comportamentalistas, a piscadela seria o ato de contrair rapidamente a pálpebra do olho direito, desconsiderando “[...] o que está
por trás” (GEERTZ, 1989, p.16) deste ato. Pelo fato das intenções serem distintas para o mesmo ato, a descrição densa – um recurso
metodológico de pesquisa antropológica social - seria um importante meio para “decifrar” os significados do exemplo dado.

Os exemplos apresentados por Geertz (1989) sobre o ato de piscar, cujo significado pode ser variado (ação involuntária; treinamento do
ato de piscar; ação intencional com sentido de chamar a atenção de alguém; ação intencional com sentido de copiar a piscadela de modo a
ridicularizá-la; ação copiosa no sentido de debochar o sujeito que tem tique nervoso) permitem refletir:
[...] qual é a sua importância: o que está sendo transmitido com a sua ocorrência e através da sua agência, sela um ridículo ou
um desafio, uma ironia ou uma zanga, um deboche ou um orgulho. (GEERTZ, 1989, p.20-21).

Neste sentido, a dança como manifestação cultural pode ser interpretada a partir do seu mundo conceitual, ou seja, os conceitos que
explicam e/ou expressam os códigos de comunicação descrevem as pessoas e suas ações na cultura.

em que vive, pois é por meio da ‘herança’ adquirida no âmbito das relações familiares e sociais que o corpo se expressa e dá significado ao movimento deste mesmo homem.
A essa “herança” chamamos cultura.” (PRADO, 2003, p.03)
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Entendemos que as análises se desenvolvem a partir de estudos já realizados, conceitos estabelecidos e caminhos que devem ser seguidos;
os estudos se constróem a partir de outros estudos. Por mais que estejamos inclinadas a criar um caminho metodológico na produção do
conhecimento, não podemos nos restringir apenas às experiências vividas na dança. É preciso encontrar discursos que reforcem nossas
concepções e sustentem nossas ações construindo novos signos e significados no desafio do movimento corporal em nossa cultura.

Encontramos Marques (2003) que defende a dança como “arte e não como movimento, terapia ou recurso educacional.” (2003, p.28).
Arte entendida, ao nosso ver, como revolucionária e meio de (des)construir, (re)significar, (re)inventar o cotidiano cultural abrindo novos
caminhos para a compreensão de nossas ações, do sentido estético e das construções de movimentação corporal por meio da dança.

A autora apresenta dois termos relacionados ao trabalho do professor de dança que, em nosso entendimento, também pode ser abarcado
por outros profissionais como o professor de Educação Física: contextos e textos da dança.

Ao tratarmos dos contextos da dança, estamos incluindo os elementos históricos, culturais e sociais da dança como história,
estética, apreciação e crítica, sociologia, antropologia, música, assim como saberes de anatomia, fisiologia e cinesiologia. Ou
seja, estão aqui incluídos os saberes sobre a dança, ou conhecimento indireto na arte (Reid, 1983). Articulados às outras
formas de conhecimento, estes contextos específicos possibilitam um distanciamento da produção artística que, elucidando
outros aspectos que também fazem parte do mundo da dança, complementam, elaboram, articulam e até mesmo alteram nossa
experiência direta com ela (Marques, 1999). (MARQUES, 2003, p.30)

Os contextos da dança referem-se, portanto, aos saberes – preferimos conhecimentos sistematizados - produzidos não necessariamente
para a dança, mas que a explicam dando significados na cultura. Diferente de conhecimentos produzidos para a dança, como repertórios,
concepção de improvisação, composição coreográfica que são apresentados como textos.

Para explicar os textos Marques (2003) está fundamentada em Preston-Dunlop (1992) que

“[...] chamou os textos da dança os repertórios dançados. Em se tratando de um contexto educacional, poderíamos expandir
esta noção de texto para todas aquelas proposições que trabalham com o aluno o mundo da dança, ou seus processos: a
improvisação, a composição coreográfica, o próprio repertório. Portanto, diferentemente de uma proposta que visa a uma
educação do/pelo movimento, o trabalho com os textos possibilita uma prática e compreensão da dança em si (Marques,
1999). (MARQUES, 2003, p.30)

A dança em si pode ser entendida como a conjunção de todos os elementos presentes na cultura que lhe atribui significados sociais, quer
seja pela produção sistematizada do conhecimento, quer seja pelas técnicas corporais apresentadas pelas pessoas envolvidas em sua criação. São

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as técnicas corporais que contribuem para as construções dos significados das composições coreográficas apresentadas profissional ou
popularmente. Os significados podem ser conduzidos por um diretor, um coreógrafo, pelo professor-artista (MARQUES, 2003) ou pela própria
pessoa diante de seus pares na cultura. Neste momento, cabe explicitarmos a concepção de nossa pesquisa no âmbito da universidade.

O interesse em problematizar a universidadização 3 da dança envolve a compreensão da mesma como elemento educativo, capaz de
estimular as pessoas a reconhecer a importância da arte e às constantes produções nesta área, considerando o espaço da universidade. Para tanto,
utilizaremos como referencial teórico básico a autora Isabel Marques (1999; 2003) que tem produzido conhecimento na área de dança na escola,
defendendo espaços pedagógicos para sua criação e permanência como saber escolar. Da área de Antropologia elegemos o autor Clifford Geertz
para abordarmos a cultura como um sistema de trocas simbólicas no qual as pessoas, a partir da comunicação, constróem símbolos e significados
tornando-os públicos e é neste sentido que o autor afirma que a cultura é pública. Para a metodologia da pesquisa adotamos o método da pesquisa
qualitativa apresentada por Howard Becker (1994) da área de Ciências Sociais. Este autor defende que o pesquisador crie caminhos (tenha
autonomia) para o desenvolvimento de sua pesquisa, partindo do que já existe enquanto recurso metodológico.

Isto posto, pretendemos compreender como a dança tem sido desenvolvida, tematizada, propagada, compreendida, incorporada na
universidade por seus acadêmicos e (re)significada em suas vidas sociais investigando as produções escritas e coreográficas entendidas como
textos e contextos da dança ali presentes. Neste sentido, pretendemos investigar de que forma a dança, elemento da cultura corporal de
movimento tratado pedagogicamente no curso de Educação Física por meio do ensino e da extensão universitária, tem contribuído para a
formação dos acadêmicos do campus de Catalão, da Universidade Federal de Goiás?

Objetivo geral

Analisar o processo de universidadização da dança e seu significado na formação dos acadêmicos a partir de investigações das produções
escritas e coreográficas do curso de Educação Física e por meio dos projetos de extensão, do campus Catalão da Universidade Federal de Goiás,
desde o ano de 1993.

3
O neologismo foi desenvolvido baseado no termo escolarização que refere-se a transformação de elementos da cultura que integram o contexto da escola e que necessitam
serem tratados pedagogicamente, apesar de não serem prioritários no currículo da mesma. Neste sentido, a universidadização vem no sentido de apropriação da dança como
elemento de construção social pela comunidade universitária, produzindo subjetividades a partir das inter-relações dos textos e contextos vinculados ao mundo da dança.
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Objetivos específicos

- identificar as produções escritas – monografias, artigos, projetos de extensão e outros textos e escritos 4 – que envolvem o tema dança no
âmbito do campus de Catalão;

- localizar, identificar e registrar as produções artísticas e/ou coreográficas referentes a dança, principalmente, decorrentes do processo de
ensino-aprendizagem do curso de Educação Física;

- coordenar e participar do desenvolvimento do trabalho de dança amador do grupo SE DANÇA! do campus de Catalão, que tem como
integrantes os universitários;

- promover espaços de discussão 5 sobre a dança, com vistas a divulgação e socialização de trabalhos produzidos no campus e na
comunidade;

- conhecer o significado da dança ou sua contribuição na formação dos acadêmicos do campus, tendo a dança como elemento da cultura
corporal de movimento e promotora de conhecimento;

- editoração das imagens da dança na universidade.

Procedimentos metodológicos

A dança na universidade vem atraindo, a cada ano, um número maior de acadêmicos e pessoas da comunidade com fins de aprendizado
para desenvolvê-la no mundo social. Isto tem contribuído para o interesse de acadêmicos da área da Educação Física em produzir monografias de
final de curso voltadas para o tema dança, seja na escola, na academia ou no âmbito da própria universidade.

Investigamos as produções, tendo em vista, o levantamento bibliográfico na biblioteca do campus de Catalão/UFG, considerando o ano de
criação do curso de Educação Física no próprio campus, assim como os registros das atividades de dança no âmbito da universidade e das escolas
nas quais realizamos projetos de extensão. Tais registros serão feitos por meio de imagens (fotografia e/ou filmagem) e será editorado para fins
de pesquisa. A pesquisa, portanto, é qualitativa, pois nela identificamos sujeitos que elaboram conhecimento e produzem práticas que orientam

4
Trata de qualquer comentário sobre a dança num dado contexto na universidade. Por exemplo, a programação da calourada em 2004.
5
Periodicamente têm acontecido reuniões com os monitores dos projetos de extensão em dança para discutirmos as experiências como professor(a), as dificuldades da própria
prática pedagógica e debate sobre autores selecionados conforme a modalidade da dança e a necessidade de formação do professor(a).
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suas ações individuais e formam concepções de vida para atuar no coletivo. Utilizamos o método da observação-participante intervindo nos
diversos espaços da universidade nos quais a dança se faz presente. Para Becker (1994) “uma vez que tenhamos alguma compreensão sociológica
da relação entre pesquisadores e sujeitos potenciais de estudo, talvez possamos elaborar métodos analiticamente apropriados de ganhar acesso
aos grupos em estudo” (1994, p.37).

Neste sentido, objetivamos compreender, utilizando dos referenciais teóricos e por meio da análise dos dados obtidos nos questionários
que serão aplicados durante as vivências em dança, o significado da dança apreendida na universidade para a vida das pessoas. Como
amostragem, selecionaremos doze pessoas, sendo: dois acadêmicos do curso de Educação Física que cursaram a disciplina Dança-Educação; dois
monitores e dois ex-monitores de projetos de extensão e dois participantes e dois ex-participantes de diversos projetos de extensão realizados ou
em vias de realização, assim como dois acadêmicos que estejam produzindo seus trabalhos monográficos em dança, com vistas ao entendimento
da mesma em cada campo de atuação passado/presente no UFG/CAC. Em 2004, uma aluna da 4ª série está produzindo sua monografia contando
a história do balé em Catalão, GO.

Realizamos um seminário interno de dança em 2004 com os monitores, participantes dos projetos de extensão, acadêmicos que estão
produzindo suas monografias em dança e interessados no tema, na perspectiva de discutir as produções artísticas desenvolvidas nos diversos
espaços pedagógicos, assim como estimular novas produções tendo em vista a possível superação das dificuldades em realizar apresentações de
caráter criativo e estético. Neste sentido, privilegiaremos a análise da formação universitária a partir do tema dança no UFG/CAC.

A inserção de acadêmicas 6 neste trabalho é fundamental para iniciação à pesquisa realizando investigação, registro, coleta e análise de
dados, inserção crítica e participação dos espaços pedagógicos da dança do CAC/UFG. Além disso, o seminário previsto como etapa da
metodologia de investigação, representa um momento crucial de debate e expansão do universo da dança para as pessoas envolvidas e
interessados em compreender as produções artísticas e momentos de reflexão sobre o tema, procurando responder ao significado da dança na
formação de acadêmicos do campus de Catalão.

6
Neste momento, vivenciamos a transição da autora Talita Cristina Leão (retirou-se da pesquisa devido a obtenção de trabalho remunerado em outra área), e a inserção das
acadêmicas Alessandra Luzia Pereira de Lacerda e Kélica Pereira Borges como voluntárias, pois esta pesquisa não possui bolsa remunerada.
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Levantamento de Dados

Em 1990, pela Resolução nº 300/90 do Conselho Coordenador de Ensino e Pesquisa da Universidade Federal de Goiás - CCEP/UFG, foi
criado o curso de Licenciatura em Educação Física no UFG/CAC 7 . Em 1993, ano de encerramento da primeira turma, nenhuma produção
monográfica foi registrada dentre as produções escritas.

No processo de levantamento de dados identificamos no Livro nº1 Protocolo de Projetos de Extensão - Coordenação e Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão do campus de Catalão (livro – 50 fl.) 27/09/1994, os seguintes projetos de extensão desenvolvidos sob coordenação de
professores do curso de Educação Física do CAC/UFG:

Ano 1994-1995
- Dança Expressiva, projeto nº 016/94 (out/94 a jun/95);
- O significado do movimento humano e da cultura corporal da criança na escola, projeto nº 017/94 (nov/94 a jun/95);
- I Mostra de Arte e Cultura no Arraiá do Campus, projeto nº 024/94 (abr/94 a jun/04);
- Dança Hip-Hop, projeto nº 028/94 (out/94 a maio/95);
- Dança Expressiva, projeto nº 032/95 (out/94 a maio/95).

Ano 1995-1996
- IV Mostra de Dança do CAC e I do Sudeste Goiano, projeto nº 062/96 (nov/95 a maio/96).

Ano 1996-1997
- I FEST-RITMO – Festival de Ritmo e Movimento Corporal (abr/97);
- V Mostra de Dança do CAC e II do Sudeste Goiano, projeto nº 110/97 (nov/96 a jul/97);
- II Mostra de Arte e Cultura do CAC, projeto nº 111/97 (mar/96 a jul/97);
- VI Mostra de Dança-Educação do CAC e III do Sudeste Goiano, projeto nº 137/97 (dez/97);
- III Mostra de Arte e Cultura do CAC, projeto nº 138/97 (dez/97);
- III FEST-RITMO – Festival de Ritmo e Movimento Corporal (abr/97 a jul/97).

Ano 1997-1998
- Movimentando a Cultura Corporal no CAC, projeto nº 152/98 (mar/98);

7
Segundo Ferreira (2000) a Resolução nº 283/88 cria o Curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal de Goiás em 1º de setembro de 1988 (com
funcionamento na cidade de Goiânia) e a Resolução nº 300/90 amplia o mesmo currículo criando o curso na cidade de Catalão, no campus avançado da UFG.
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- IV FEST-RITMO – Festival de Ritmo e Movimento Corporal, projeto nº 177/98-2 (out/98).

Ano 2000
- Movimentando a Cultura Corporal no CAC-Catalão: prática pedagógica e produção de conhecimento nos espaços de intervenção
social da Educação Física, projeto nº 268/00-2 (abr/00);
- Projeto Dançarte 2000 8 - Danças de salão: do aprendizado à cultura do lazer, registro 9 nº 321/00 (jul/00 a dez/00);
- Projeto Dançarte 2000 – Metodologia para dança-educação: a experiência da dança contemporânea no CAC/UFG, registro nº
322/00 (jul/00 a dez/00);
- Atividades Físicas – Brincadeiras e Dança na 3ª Idade, registro nº 328/00 (jun/00 a 12/00);
- Projeto Dançarte 2000 – Dança do Ventre: da herança histórica à construção da cultura catalana, registro nº 329/00 (jul/00 a
dez/00);
- Capoeira: Nova era dos velhos tempos, registro nº 330/00 (ago/00 a dez/00). Este projeto compreendia a dança não apenas como
jogo, mas dança, brincadeira e, principalmente, pertencente à cultura popular com origem na etnia negra brasileira;
- Oficina de Dança-Afro, registro nº 341/00 (set/00). Esta oficina teve seu registro cancelado no livro, porém decidimos mantê-la
em função da professora pesquisadora ser coordenadora da mesma. A oficina foi ministrada por um professor convidado da cidade
de Uberlândia, MG. Entendemos que não houve justificativa plausível para cancelamento de seu registro e também, defendemos
que sua realização justifica o registro na história da dança no CAC/UFG por meio desta pesquisa.

Ano 2001-2003
- Projeto Dançarte 2001 – Metodologia para dança-educação: a experiência da dança contemporânea no CAC, registro nº 349/01
(mar/01 a dez/01);
- Atividades Físicas, Brincadeiras, Arte e Dança na 3ª Idade, registro nº 409/02 (mar/01 a 11/03).

Ano 2002
- I Semana Científica do CAC/UFG, registro nº 407/02 (out/02).

8
Especificamente no ano 2000, com a entrada de vários acadêmicos no curso de Educação Física que possuíam vivências em dança de diversas modalidades, foi possível
ampliar o número de vagas e de modalidades oferecidos à comunidade em geral. Isto significou um novo momento da dança no UFG/CAC, pois permitiu um entrosamento e
reflexão sobre as diversas experiências, tanto dos acadêmicos quanto de professores envolvidos nos projetos de extensão, dando início ao projeto Dançarte.
9
Após decisão da Câmara de Extensão, os projetos de extensão desenvolvidos nos campi CAC e CAJ (Campus Avançado de Jataí) passaram a ser cadastrados pela Pró-
reitoria de Extensão do Campus Samambaia, em Goiânia, subsistindo um número interno anotado no Livro-Protocolo na Coordenação de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão
do CAC somente com fins de organização. O número mantido junto ao termo registro, trata-se portanto, do número interno do CAC.
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Ano 2003
- Dançarte 2003, registro nº 462/03 (ago/03 a nov/03);
- Iniciação a dança-afro, registro nº 474/03 (dez/03);
- III ARRAIEF – Arraiá da Educação Física, registro nº 443/03 (maio/03 a jul/03);
- Semana Cultural 2003 - Escola Rural Arminda Rosa de Mesquita, registro nº 470/03 (out/03);
- Dia da Criança em Corumbaíba (GO), registro nº 471/03 (out a nov/03).

Ano 2004
- IV ARRAIEF – Arraiá da Educação Física, registro nº 491/04 (abr/04 a nov/04);
- Oficinas Corporais na Morada da Criança, registro nº 499/04 (abr/04 a nov/04);
- Atividades Esportivas, Culturais e de Lazer para funcionários e familiares da Copebrás, registro nº 508/04 (maio/04 a out/04);
- Danças de Salão, registro nº 509/04 (maio/04 a dez/04);
- Dança do Ventre, registro nº 510/04 (maio/04 a dez/04);
- VIII Semana Científica da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão, registro nº 515/04
(maio/04 a dez/04);
- A dança e o ritmo na escola – estágio escolar, registro nº 463/04 (ago/03 a nov/03).

Os projetos de extensão apresentados acima serão analisados paralelamente à fase de aplicação do roteiro de entrevista às pessoas que
representam nossa amostra na pesquisa. A análise desses projetos é interessante sob diversos pontos de vista: a) período em que aconteceu; b)
identificação do desenvolvimento do trabalho da coordenação e dos monitores; c) participação de pessoas da comunidade; d) produção de
conhecimento, dentre outros.

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Quanto às produções coreográficas desenvolvidas a partir da disciplina Dança-Educação, em 1999 ao assumirmos a função de professora
substituta no mês de setembro, conseguimos desenvolver trabalhos coreográficos vinculados aos conteúdos da mesma. O significado do interesse
da dança pelos alunos da turma daquele ano (1999), resultou na participação - após o aceite ao convite de um professor de outra universidade -
para apresentamos dois trabalhos durante o Painel de Dança do Curso de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
realizado em dezembro daquele ano no ginásio do próprio curso na cidade de Uberlândia, MG. Um dos trabalhos apresentou a modalidade dança-
afro e o outro a dança contemporânea. É importante ressaltar que tais apresentações não tiveram contribuição direta da professora na construção
do movimento; os acadêmicos puderam desenvolvê-lo a partir dos estímulos dados na disciplina durante as aulas práticas e também pelo
interesse do grupo acessando o acervo bibliográfico disponível, além da cultura corporal de movimento decorrente da vivência de cada membro
da turma, uma vez que não pudemos contemplar aulas práticas de dança-afro.

Em relação às produções escritas (monográficas), no ano de 1996 duas produções deste tipo são desenvolvidas na perspectiva da dança
como elemento educativo enfatizando o desenvolvimento infantil (ARAÚJO, 1996; INOCÊNCIO, 1996). Em 1999, cinco novas produções
monográficas são produzidas na área de dança, cujos temas são: a coreografia de um terno da congada na cultura local (CARVALHO, 1999); a
dança como construtora de identidade social (MATEUS, 1999); a dança como expressividade corporal catalana (ROSA, 1999); a dança para
mulheres adultas e a dança na escola (SILVA, 1999) e a dança na escola (SOUSA, 1999) 10 .

No ano de 2001, uma monografia é produzida na área de dança do ventre a partir da reflexão sobre a influência da cultura árabe na cidade
de Catalão (FRANCO, 2001); outra apresenta o funk como possível construtor de identidade sexual (RIBEIRO, 2001); um terceiro tema
monográfico é defendido por Silva (2001) pesquisando o "re-significado" do ato de dançar num baile para idosos.

Para 2002, identificamos que nenhuma monografia foi produzida sobre o tema dança. Talvez isto seja reflexo do afastamento para
qualificação nível mestrado em março e, em seguida, licença-maternidade da pesquisadora em julho. Cabe destacar que desde 2000 houve
orientação de uma acadêmica em sua produção monográfica sobre o tema exclusão das aulas de Educação Física, defendida em 2002.

Em 2003, novas produções monográficas em dança foram apresentadas como trabalho final de curso. A primeira tratava da dança do
ventre como fator de libertação da mulher em nossa cultura (FERREIRA, 2003), contrapondo a cultura-tradição (WARNIER, 2003); na área
escolar, outra monografia questionou a ausência da dança como conteúdo da Educação Física escolar na rede estadual e municipal de Catalão
(ARTONI, 2003). Um autor (SANTOS, 2003) apresentou o tema danças de salão e os efeitos no corpo, investigando as sensações e interações do
corpo que dança. Por fim, um trabalho inovador no campo da dança, apresentando a experiência em dançaterapia para crianças e adolescentes
com Síndrome de Down numa escola especial de Catalão (ALMEIDA, 2003). Cabe destacar também que, neste ano, um autor (BRANQUINHO,

10
Cabe destacar que a maioria das orientações desses trabalhos, foi realizada por um professor de Antropologia que ministra aula no curso de Educação Física e, que somente
no último trimestre de 1999 é que iniciamos nosso trabalho como docente no ensino superior.
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2003) discutiu a capoeira sob o enfoque da ludicidade e da dança e não apenas como forma de luta, questionando o modo como ela vem sendo
transformada em mercadoria pelo trabalho promovido pela indústria cultural 11 .

Em relação aos demais cursos do Campus de Catalão da Universidade Federal de Goiás, a História também tem produzido monografias
com temas relacionados à dança. Ribeiro (1996), analisa e questiona se a congada é ritual ou espetáculo dentro da cultura popular de Catalão;
Ferreira (1996) pesquisa a Festa do Rosário em Catalão, que tem como auge à apresentação de ternos de congo dançando pelas ruas da cidade.
Silva (2000) investiga a construção desta mesma festa dando ênfase à tradição da cultura local. Estas produções, portanto, têm contribuição para
compreendermos a dança e a cultura popular como elementos de formação dos egressos do curso de História da Universidade Federal de Goiás.

No início de 2003, atendendo ao convite dos organizadores do 1º Simpósio do Grupo de Estudo Gaisofia idealizado por um grupo de
professores do curso de Pedagogia do CAC, para apresentar uma produção artística-cultural na abertura do evento, surge o grupo de dança
amador SE DANÇA! composto, principalmente por graduandos 12 do curso de Educação Física do CAC. Este grupo procurou reunir-se ao longo
deste ano para discutir referenciais teóricos e desenvolver trabalhos práticos que pudessem contemplar a vivência e a experimentação de técnicas
específicas na modalidade de dança contemporânea. Em 2004, o grupo teve dificuldade em relação à própria organização das atividades das
quais participaram e decidiu, portanto, reduzir o encontro para apenas 2 horas, uma vez por semana, contemplando teoria e prática. Este espaço
tem sido bastante criativo e “flutuante”, pois pessoas circulam pela sala e espiam pelas janelas para conhecer o trabalho, inserem-se no grupo e,
ao final do ano 2004, três pessoas tiveram que sair do grupo por questões particulares e profissionais. E, uma pessoa participa eventualmente
devido ao fato de morar em outra cidade da região.

Em 2004, durante a VIII Semana Científica da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás realizada no Campus
Catalão, entre 07 e 09 de outubro, houver a abertura com o Festival de Cultura Corporal. Neste festival, várias apresentações de dança, ginástica
e música foram apresentadas ao público no anfiteatro do campus de Catalão. Das apresentações de dança, as modalidades foram: axé; balé
moderno; jazz; tango; danças de salão e dança contemporânea. As pesquisadoras participaram da apresentação O Corpo que (se) dança! na
modalidade dança contemporânea pelo grupo de dança amador SE DANÇA!.

A experiência foi significativa sob o ponto de vista pessoal, pois representa uma oportunidade de tornar público o trabalho desenvolvido
pelo coletivo a partir das vivências corporais de cada integrante. Como pesquisadoras e membros do grupo de dança amador SE DANÇA!
entendemos que o trabalho desenvolvido foi fundamental para continuarmos a olhar para a dança como possibilidade de formação humana nos
espaços de produção de conhecimento científico e não apenas de saberes sociais.

11
Dentre os cinco autores com publicação sobre a dança em 2003, quatro foram orientados pela professora pesquisadora.
12
Cláudia Pereira da Silva (4ª série), Fernanda Souza Pacheco (1ª série), Irineu Rosa de Oliveira Netto (3ª série), Marco Antonio Oliveira Lima (1ª série) e a Professora
Patrícia do Prado do CAC/UFG.
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Em 10/12/2004, realizamos seminários internos no grupo denominado GAT (Grupo de Trabalho Ampliado em Dança) que é composto
por monitores de projetos de extensão em dança e a pesquisadora coordenadora. Neste espaço de discussão, cada grupo de monitores dos projetos
apresenta um seminário sobre temas específicos indicados pela coordenadora. Garantimos temas como a dança na escola; a estética na dança e o
corpo na filosofia a partir de Spinoza. Nosso objetivo para 2005, é realizar um Seminário de Dança aglutinando todos os participantes vinculados
aos projetos e interessados para que possamos estabelecer um espaço permanente de discussão da dança na universidade, inclusive com a
participação de dançadores de congo e pessoas vinculadas à congada local.

Ainda em 2004, realizamos a I Mostra de Dança e de Ginástica do CAC/UFG, no dia 21 dezembro, no anfiteatro do CAC/UFG. Este
evento teve como principal foco a possibilidade de ampliar a cultura da dança para o público em geral. Contou com a participação: de
acadêmicos da 1ª série do curso de Educação Física, apresentando seus trabalhos produzidos em três disciplinas (Dança-Educação, Ritmo e
Movimento Criativo e Ginástica I) e da comunidade em geral participante dos projetos de extensão em 2004 e seus monitores (acadêmicos de
todos os anos do curso de Educação Física).

Neste sentido, vemos como significativa para o aumento do interesse pela dança, a criação de espaços problematizadores e de produção
de conhecimento no âmbito da universidade – quer seja no interior do curso de Licenciatura em Educação Física, quer seja no âmbito de outros
cursos ou da própria extensão desenvolvida no campus 13 -, contribuindo assim, para que a dança seja compreendida como parte do acervo
cultural da humanidade e, portanto, necessária à reflexão para compreender o movimento corporal no mundo e a organização social das pessoas
envolvidas num contexto cultural, utilizando-se de contextos e textos.

Resultados parciais

Algumas etapas da pesquisa foram contempladas pelas pesquisadoras, como: fichamento de duas obras, sendo elas: Dançando na Escola,
de Izabel Marques e Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais, de Howard S. Becker; produção do roteiro de entrevista aos acadêmicos e,
também a continuidade do levantamento das produções artísticas (fotografias e filmagens) que foram realizadas no campus Catalão pelos
acadêmicos e professores. A partir desse material visual, temos como meta, a edição de uma fita que contemple a discussão realizada ao longo da
pesquisa sobre o processo de universidadização da dança.

13
Como exemplo, podemos citar o evento em comemoração aos 15 Anos do Campus de Catalão idealizado pela Diretoria daquela gestão e realizado em dezembro de 2001,
onde apresentamos na praça central da cidade, as várias modalidades de dança desenvolvidas pelos projetos de extensão com participação da comunidade em geral.
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Outra fonte de dados importante, foi a catalogação do material selecionado por um grupo de pesquisa do curso de Educação Física do
UFG/CAC, cujos dados obtidos sobre as monografias em dança no curso e apresentados no tópico levantamento de dados desta pesquisa,
justificam o aumento significativo do interesse pela modalidade por parte dos acadêmicos.

A etapa que está sendo desenvolvida trata da composição do roteiro de entrevista para os entrevistados citados anteriormente, na
perspectiva de encontrar significados em suas construções de vida que contribuam para consolidar a dança como elemento importante do acervo
cultural promovido, principalmente no meio acadêmico e expandido para o universo cultural nos quais se inserem.

Para encerrar este artigo, ressaltamos que a pesquisa – ainda em andamento - busca compreender a dança como forma de manifestação
construída a partir da cultura da casa, da rua, da escola e da universidade. Ao integrar-se num sistema de trocas simbólicas a dança possibilita a
pessoa atingir um novo contexto social e crítico, a partir do desafio de si mesmo. Mas, este tema é para dança textual...

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Endereço para correspondência:


Patrícia do Prado
Av. Gerson Barbosa de Melo, 1046 – Bairro Santa Cruz
75.706-600 - Catalão - GO

Kélica Pereira Borges


Rua Joaquim de Carvalho, 20 – Centro
Pires do Rio - GO

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