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Histórico

Em 1857 Jastrezebowisky publicou um artigo intitulado "ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho". O


tema é retomado quase cem anos depois, quando em 1949 um grupo de cientistas e pesquisadores se
reunem, interessados em formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência.

Em 1950, durante a segunda reunião deste grupo, foi proposto o neologismo "ERGONOMIA", formado
pelos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (regras). Funda-se assim no início da década de '50, na
Inglaterra, a Ergonomics Research Society.

Em 1955, é publicada a obra "Análise do Trabalho" de Obredane & Faverge, que torna-se deciciva para a
evolução da metodologia ergonômica. Nesta publicação é apresentada de forma clara a importância da
observação das situações reais de trabalho para a melhoria dos meios, métodos e ambiente do trabalho.

Em referência as publicações científicas que marcaram o início da produção dos conhecimentos em


ergonomia, podemos citar:

1949 Chapanis com a aplicação da Psicologia Experimental


1953 Lehmann, G.A. Prática da Fisiologia do Trabalho
Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de
1953 Floyd & Welford
Equipamentos

Ergonomia no Brasil

A ergonomia no Brasil começou a ser evocada na USP, nos anos 60 pelo Prof. Sergio Penna Khel, que
encorajou Itiro Iida a desenvolver a primeira tese brasileira em Ergonomia, a Ergonomia do Manejo.
Também na USP, Ribeirão Preto, Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia.
Nesta época, no Rio de Janeiro, o Prof. Alberto Mibielli de Carvalho apresentava Ergonomia aos
estudantes de Medicina das duas faculdades mais importantes do Rio, a Nacional (UFRJ) e a ciencias
Médicas (UEG, depois UERJ); O Prof. Franco Seminério falava desta disciplina, com seu refinado estilo,
aos estudantes de Psicologia da UFRJ. O maior impulso se deu na COPPE, no início dos anos 70, com a
vinda do Prof. Itiro Iida para o Programa de Engenharia de Produção, com escala na ESDI/RJ. Além dos
cursos de mestrado e graduação, Itiro organizou com Collin Palmer um curso que deu origem ao primeiro
livro editado em português.

http://www.ergonomia.com.br/htm/historico.htm

Conceituação
Algumas definições para a ergonomia...

Montmollin, M. - A Ergonomia é a tecnologia das comunicações homem-máquina (1971).

Grandjean, E. - A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a psicologia do


trabalho, bem como a antropometria é a sociedade no trabalho. O objetivo prático da Ergonomia é a
adaptação do posto de trabalho, dos intrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às
exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho
e um rendimento do esforço humano (1968).

Leplat, J - A Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência, cujo objeto é a organização dos sistemas
homens-máquina (1972).

Murrel, K.F. - A Ergonomia pode ser definida como o estudo científico das relações entre o homem e o seu
ambiente de trabalho (1965).

Self - A Ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia e psicologia, e das ciências vizinhas aplicadas ao
trabalho humano, na perspectiva de uma melhor adaptação ao homem dos métodos, meios e ambientes
de trabalho.

Wisner - A Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários a


concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de confôrto
e eficácia (1972).

A Ergonomia é considerada por alguns autores como ciência, enquanto geradora de


conhecimentos.Outros autores a enquadram como tecnologia, por seu caráteer aplicativo, de
transformação.Apesar das divergências conceituais, alguns aspectos são comuns as várias definições
existentes:

• a aplicação dos estudos ergonômicos;


• a natureza multidisciplinar, o uso de conhecimentos de várias disciplinas;
• o fundamento nas ciências;
• o objeto: a concepção do trabalho.

OBJETO E OBJETIVO DA ERGONOMIA

Se, para um certo número de disciplinas, o trabalho é o campo de aplicação ou uma extensão do objeto
próprio da disciplina, para a ergonomia o trabalho é o único possível de intervenção.

A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos específicos sobre a atividade do trabalho humano.

O objetivo desejado no processo de produção de conhecimentos é o de informar sobre a carga do


trabalhador, sendo a atividade do trabalho específica a cada trabalhador.

O procedimento ergonômico é orientado pela perspectiva de transformação da realidade, cujos resultados


obtidos irão depender em grande parte da necessidade da mudança. Mesmo que o objetivo possa ser
diferente de acordo com a especialização de cada pesquisador, o objeto do estudo não pode ser definido a
priori, pois sua construção depende do objetivo da transformação.

Em ergonomia o objeto sobre o qual pretende-se produzir conhecimentos, deve ser construido por um
processo de decomposição/ recomposição da atividade complexa do trabalho, que é analisada e que deve
ser transformada.

O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do trabalho real. Quanto mais ergonomia
aprofunda o seu questionamento sobre a realidade, mais ela é interpelada por ela mesma.

http://www.ergonomia.com.br/htm/conceitos.htm

Cronologia
Cronologia...
Mundial Brasileira
Jastrezebowisky publica o artigo
1857 "ensaios de ergonomia ou ciência do 1857 -
trabalho"
Primeira reunião do grupo de pesquisas
1949 para retomada dos estudos sobre 1949 -
ergonomia e ciência do trabalho.
Adoção do neologismo "Ergonomia"
1950 durante a segunda reunião do grupo de 1950 -
estudos.
Fundação da Ergonomics REsearch
1951 1951 -
Society, na Inglaterra.
Publicação dos trabalhos: Prática da
Fisiologia do Trabalho de Lehmann,
1953 G.A.; e Fadiga e Fatores Humanos no 1953 -
Desenho de Equipamentos de Floyd &
Welford
A European Productivity Agency (EPA),
uma subdivisão da Organization for
1955 European Economics Cooperation, 1955 -
estabelece uma Human Factors
Section.
A EPA visita os Estados Unidos para
1956 observar as pesquisas em Human 1956 -
Factors.
Seminário técnico promovido pela
própria EPA, na University of Leiden,
"Fitting the Job to Worker". Durante o
seminário formou-se um comitê para
1957 1957 -
analisar as propostas e organizar uma
associação internacional que adotou a
denominação International Ergonomics
Association.
Encontro especial, em Paris, em
setembro, para Análise de um
regimento preliminar para a associação.
1958 Decidiu-se, então, dar continuidade aos 1958 -
trabalhos de organização da associação
e realizar um Congresso Internacional,
em 1961.
O comitê passou a se denominar
Comittee for the International
Association of Ergonomics Scientists. O
1959 comitê se reuniu em Oxford, decidiu 1959 -
manter o nome International
Ergonomics Association, e aprovou o
regimento e o estatuto.
Abordagem do tópico "O produto e o
homem" por Ruy Leme e Sérgio Penna
1960 - 1960
Kehl na disciplina Projeto de Produto
(Eng. Humana) na Politécnica da USP.
I Congresso Trianual da IEA, em
1961 1961 -
Estocolmo, na Suécia.
II Congresso Trianual da IEA, em
1964 1964 -
Dortmund, FRG.
Aplicações da Ergonomia no curso de
1966 - 1966
projeto de Produto ESDI/UERJ.
"Introdução à Ergonomia" no curso de
III Congresso Trianual da IEA, em
1967 1967 Psicologia Industrial II, na USP - Ribeirão
Birmingham, na Inglaterra.
Preto - Paul Stephaneck.
Livro "Ergonomia: notas de aulas", de
1968 - 1968 Itiro Iida e Henri Wierzbicki, lançado em
São Paulo, pela Ivan Rossi.
Disciplina de Ergonomia no Mestrado de
Eng. de Produção da COPPE-UFRJ/
IV Congresso Trianual da IEA, em
1970 1970 Ergonomia na área de Psicologia do
Strasbourgo, na França.
Trabalho-Isop/FGV Franco Lo Presti
Seminério
Tese de Doutorado "A Ergonomia do
manejo", defendida por Itiro Iida, na
Politécnica da USP./ Curso de
Ergonomia na ESDI/UERJ - Itiro Iida./
1971 - 1971
Área de concentração em Ergonomia
treinamento e Aperfeiçoamento
Profissional no mestrado em Psicologia
do Isop/FGV
Ergonomia como disciplina nos cursos
V Congresso Trianual da IEA, em
1973 1973 de Engenharia de Segurança e Medicina
Amsterdam, na Holanda.
do Trabalho da Fundacentro.
1o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no
Rio de Janeiro, promovido pela ABPA
1974 - 1974
(Associação Brasileira de Psicologia
Aplicada) e pelo Isop/FGV.
Publicação de "Aspectos ergonômicos
do urbano" de Itiro Iida -
MIC/STI/COPPE./ Curso de
1975 - 1975
especialização em Ergonomia, na FGV.
Grupo de Estudos Ergonômicos do
Isop/FGV - Franco Lo Presti Seminério.
Fundação do GAPP (Grupo Associado
VI Congresso Trianual da IEA, em
1976 1976 de Pesquisa e Planejamento Ltda.) -
College Park, nos Estados Unidos.
Sérgio Penna Kehl.
Ergonomia como disciplina do currículo
mínimo da graduação em Desenho
VII Congresso Trianual da IEA, em
1979 1979 Industrial./CEBERC - Centro Brasileiro
Varsóvia, na Polônia.
de Ergonomia e Cibernética Isop/FGV -
Ued Maluf.
VIII Congresso Trianual da IEA, em
1982 1982 -
Tokio, no Japão.
Fundação da ABERGO - Associação
1983 - 1983 Brasileira de Ergonomia, em 31 de
agosto
2o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no
Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO
1984 - 1984 - Isop/FGV./ Inauguração do Laboratório
de Ergonomia do INT - Diva Maria P.
Ferreira.
IX Congresso Trianual da IEA, em Implantação do setor de Ergonomia da
1985 1985
Bornemouth, Inglaterra. Fundacentro - Leda Leal Ferreira
Curso de Especialização em Ergonomia,
1986 - 1986 Departamento de Psicologia
Experimental USP - Regina H. Maciel.
3o Seminário Brasileiro de Ergonomia e
1o Congresso Latino-Americano de
1987 - 1987
Ergonomia, em São Paulo, promovido
pela ABERGO/Fundacentro.
X Congresso Trianual da IEA, em
1988 1988 -
Sidney, Austrália.
4o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no
1989 - 1989 Rio de Janeiro, promovido pela
ABERGO/FGV.
Segundo livro do Professor Itiro Iida,
"Ergonomia: projeto e produção", pela
Editora Edgard Blucher, de São Paulo.
1990 - 1990 Fundação da ERGON PROJETOS, o
primeiro escritório dedicado a consultoria
e desenvolvimento de projetos em
Ergonomia.
Fundação da ABERGO/RJ, Associação
Brasileira de Ergonomia, seção Rio de
XI Congresso Trianual da IEA, em Paris,
1991 1991 Janeiro, em 23 de maio. / 5o Seminário
França.
Brasileiro de Ergonomia, em São Paulo,
promovido pela ABERGO/Fundacentro.
1o Encontro Carioca de Ergonomia, no
1992 - 1992 Rio de Janeiro, promovido pela
ABERGO-RJ/UERJ.
6o Seminário Brasileiro de Ergonomia e
2o Congresso Latino-Americano de
1993 - 1993
Ergonomia, em Florianópolis, promovido
pela ABERGO/Fundacentro.
XII Congresso Trianual da IEA, em
1994 1994 -
Toronto, Canadá.
IEA World Conference 1995./ 3o
Congresso Latino-Americano de
Ergonomia and 7o Seminário Brasileiro
1995 - 1995
de Ergonomia, no Rio de Janeiro,
promovido pela ABERGO e pela
International Ergonomics Association.
XII Congresso Trianual da IEA, em
1997 1997 -
Tampere, Finlândia.

http://www.ergonomia.com.br/htm/crono.htm

Métodos e Técnicas

A Ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho humano.


A estratégia utilizada pela Ergonomia para apreender a complexidade do trabalho é decompor a atividade
em indicadores observáveis (postura, exploração visual, deslocamento).

A partir dos resultados iniciais obtidos e validados com os operadores, chega-se a uma síntese que
permite explicar a inter-relação de vários condicionantes à situação de trabalho.

Como em todo processo científico de investigação, a espinha dorsal de uma intervenção ergonômica é a
formulação de hipóteses.

Segundo LEPLAT "o pesquisador trabalha em geral a partir de uma hipótese, é isso que lhe permite
ordenar os fatos". São as hipóteses que darão o status científico aos métodos de observação nas
atividades do homem no trabalho.

A organização das observações em uma situação real de trabalho é feita em função das hipóteses que
guiam a análise, mas também, segundo GUERIN (1991), em função das imposições práticas ou das
facilidades de cada situação de trabalho.

Os comportamentos manifestáveis do homem são freqüentemente observáveis pelos ergonomistas, como


por exemplo:

Os deslocamentos dos operadores - esses podem ser registrados a partir do acompanhamento dos
percursos realizados pelo operador em sua jornada de trabalho. O registro do deslocamento pode explicar
a importância de outras áreas de trabalho e zonas adjacentes. Exemplo; em uma sala de controle o
deslocamento dos operadores até os painéis de controle está relacionado à exploração de certas
informações visuais que são fundamentais para o controle de processo; o deslocamento até outros colegas
pode esclarecer as trocas de comunicações necessárias ao trabalho.

Técnicas utilizadas na análise do trabalho

Pode-se agrupar as técnicas utilizadas em Ergonomia em técnicas objetivas e subjetivas.

• Técnicas objetivas ou diretas: - Registro das atividades ao longo de um período, por exemplo, através de
um registro em video. Essas técnicas impõem uma etapa importante de tratamento de dados.

• Técnicas subjetivas ou indiretas:- Técnicas que tratam do discurso do operador, são os questionários, os
check-lists e as entrevistas. Esse tipo de coleta de dados pode levar a distorções da situação real de
trabalho, se considerada uma apreciação subjetiva. Entretanto, esses podem fornecer uma gama de dados
que favoreçam uma análise preliminar.

Deve-se considerar que essas técnicas são aplicadas segundo um plano preestabelecido de intervenção
em campo, com um dimensionamento da amostra a ser considerado em função dos problemas abordados.

Métodos diretos

Observação

É o método mais utilizado em Ergonomia pois permite abordar de maneira global a atividade no trabalho.

A partir da estruturação das grandes classes de problemas a serem observados, o Ergonomista dirige suas
observações e faz uma filtragem seletiva das informações disponíveis.

Observação assistida

Inicialmente considera-se uma ficha de observação, construída a partir de uma primeira fase de
observação "aberta".

A utilização de uma ficha de registro permite tratar estatisticamente os dados recolhidos; as freqüências de
utilização, as transições entre atividades, a evolução temporal das atividades.

Em um segundo nível utiliza-se os meios automáticos de registro, áudio e video.


O registro em video é interessante à medida que libera o pesquisador da tomada incessante de dados, que
são, inevitavelmente, incompletos, e permite a fusão entre os comportamentos verbais, posturais e outros.
O video pode ser um elemento importante na análise do trabalho, mas os registros devem poder ser
sempre explicados pelos resultados da observação paralela dos pesquisadores.

Os registros em video permitem recuperar inúmeras informações interessantes nos processos de


validação dos dados pelos operadores. Essa técnica, entretanto, está relacionada a uma etapa importante
de tratamento de dados, assim como de toda preparação inicial para a coleta de dados (ambientação dos
operadores), e uma filtragem dos períodos observáveis e dos operadores que participarão dos registros.

Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situação de trabalho (postura,
exploração visual, deslocamentos etc).

Direção do olhar

A posição da cabeça e orientação dos olhos do indivíduo permite inferir para onde esse está olhando.

O registro da direção do olhar é amplamente utilizado em Ergonomia para apreciação das fontes de
informações utilizadas pelos operadores. As observações da direção do olhar podem ser utilizadas como
indicador da solicitação visual da tarefa.

O número e a frequência das informações observadas em um painel de controle na troca de petróleo em


uma refinaria, por exemplo, indicam as estratégias que estão sendo utilizadas pelos operadores na
detecção de presença de água no petróleo, para planejar sua ação futura.

Comunicações

A troca de informação entre indivíduos no trabalho podem ter diversas formas: verbais, por intermédio de
telefones, documentais e através de gestos.

O conteúdo das informações trocadas tem se revelado como grande fonte entre operadores, esclarecedora
da aprendizagem no trabalho, da competência das pessoas, da importância e contribuição do
conhecimento diferenciado de cada um na resolução de incidentes.

O registro do conteúdo das comunicações em um estudo de caso no Setor Petroquímico da Refinaria


Alberto Pasqualini, Canoas - RS, mostrou a importância da checagem das informações fornecidas pelos
automatismos e pelas pessoas envolvidas no trabalho, através de inúmeras confirmações solicitadas pelos
operadores do painel de controle.

O conteúdo das comunicações pode, além de permitir uma quantificação de fontes de informações e
interlocutores privilegiados, revelar os aspectos coletivos do trabalho.

Posturas

As posturas constituem um reflexo de uma série de imposições da atividade a ser realizada. A postura é
um suporte à atividade gestual do trabalho e um suporte às informações obtidas visualmente. A postura é
influenciada pelas características antropométricas do operador e características formais e dimensionais
dos postos de trabalho.

No trabalho em salas de controle, a postura é condicionada à oscilação do volume de trabalho. Em


períodos monótonos a alternância postural servirá como escape à monotonia e reduzirá a fadiga do
operador. Em períodos perturbados a postura será condicionada pela exploração visual que passa a ser o
pivô da atividade. Os segmentos corporais acompanharão a exploração visual e excutarão os gestos.

Estudo de traços

A análise é centralizada no resultado da atividade e não mais na própria atividade. Ela permite confrontar
os resultados técnicos esperados e os resultados reais.
Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicação sobre os custos humanos no
trabalho mas, entretanto, não conseguem explicar o processo cognitivo necessário à execução da
atividade. O estudo de traços pode ser considerado como complemento e é usado, com freqüência, nas
primeiras fases da análise do trabalho. O estudo de traços pode ser fundamental no quadro metodológico
para análise dos erros.

Métodos subjetivos

O questionário é pouco utilizado em Ergonomia pois requer um número importante de operadores.


Entretanto a aplicação de questionário em um grupo restrito de pessoas pode ser utilizada para
hierarquizar um certo número de questões a serem tratadas em uma análise aprofundada.

As respostas dos questionários podem ser úteis para a contribuição de uma classificação de tarefas e de
postos de trabalho. O questionário, entretanto, deve respeitar a amostra e as probabilidades de aplicação.

Deve-se ressaltar que com o questionário se obtém as opiniões, as atitudes em relação aos objetos, e que
elas não permitem acesso ao comportamento real.

Segundo PAVARD & VLADIS (1985), o questionário é um método fácil e se presta ao tratamento
estatístico, e, se corretamente utilizado, permite coletar um certo número de informações pertinentes para
o Ergonomista.

Tabelas de avaliação

Esse tipo de questionário permite aos operadores avaliarem, eles mesmos, o sistema que utilizam. O
objetivo é apontar os pontos fracos e fortes dos produtos. No caso de avaliação de programas, uma tabela
de avaliação deve cobrir os aspectos funcionais e conversacionais.

Entrevistas e verbalizações provocadas

A consideração do discurso do operador é uma fonte de dados indispensável à Ergonomia. A linguagem,


segundo MONTMOLLIN (1984), é a expressão direta dos processos cognitivos utilizados pelo operador
para realizar uma tarefa.

A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa (pede-se ao operador para explicar o que ele faz,
como ele faz e por que).

Entrevistas e verbalizações simultâneas

As entrevistas podem ser realizadas simultaneamente à observação dos operadores trabalhando em


situação real ou em simulação.

A análise se concentra nas questões sobre a natureza dos dados levantados, sobre as razões que
motivaram certas decisões e sobre as estratégias utilizadas.

Dessa maneira o Ergonomista revela a significação que os operadores tem do seu próprio comportamento.
As verbalizações devem ser aplicadas com cuidado e de maneira a não alterar a atividade real de trabalho.

http://www.ergonomia.com.br/htm/metodos.htm
A Ergonomia é tão antiga quanto o homem. Todas as vezes
que algum objeto era inventado, o homem tentava adaptá-lo
visando conforto e eficiência.

A Ergonomia está presente na vida de cada ser humano,


não apenas no ambiente de trabalho mas na vida como um
todo.

A conscientização da existência da Ergonomia surgiu mais


recentemente, após a Segunda Guerra Mundial, pela
necessidade da reindustrialização, podendo ser definida das Sylvia Volpi
mais variadas formas: Professora e Conslutora
de Ergonomia

· Wisner: "Conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e suas necessidades


para conceber utensílios, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com a máxima
eficiência, segurança e conforto".

· Associação Internacional de Ergonomia: "A Ergonomia integra o conhecimento derivado


das ciências humanas para adaptar o trabalho, sistemas, produtos e ambiente às
capacidades físicas e mentais, assim como às limitações das pessoas".

A finalidade de Ergonomia não se limita a fatores do trabalho determinados por cada


atividade. Seu objetivo principal é a melhoria das condições do trabalho, proporcionando
acima de tudo bem estar ao trabalhador, evitando que o trabalho se constitua um risco para
sua saúde física e psicológica.

Visa fazer do trabalho uma atividade agradável, gratificante e produtiva.

A Ergonomia utiliza-se do bom senso, não importando apenas o que convencionalmente é


certo ou errado, pois cada indivíduo é único. Os indivíduos possuem limites, características,
métodos e ritmos de trabalhos diferenciados e próprios.

Na análise ergonômica devem ser estudados todos os elementos que de qualquer maneira
integram a tarefa numa situação de trabalho, complementando-se tais estudos com os
aspectos sociais, econômicos e psicológicos inerentes a cada indivíduo.

Utiliza-se as convenções como base de estudo, como "ponto de partida, mas nunca como
de chegada".

É importante se contemplar o problema como um todo, levando-se em conta a importância


de cada elemento.

Por esta razão dizer-se que a Ergonomia é uma ciência multidisciplinar.(quadro)


Em um estudo interdisciplinar se questionam os problemas relativos ao que projetar e como
articular as possíveis interações dos usuários aos produtos.

A Ergonomia pode ser preventiva quanto utilizada na concepção de postos de trabalhos ou


sistemas. E de manutenção quando se torna corretiva.

E sempre é necessária em qualquer situação.

Ciências utilizadas pela Ergonomia.

Aspectos Referem-se a... Ciências


Condições materiais, Engenharia, física, fisiologia,
Físicos segurança, ambiente psicologia
de trabalho e higiene e estatística
Conteúdo Psicologia,
Mentais do sociologia, engenharia
trabalho e fisiologia
Organização Economia, engenharia,
Sociais do psicologia, sociologia
trabalho e legislação.

http://www.sylviavolpi.com.br/artigos/artigo_04.htm
5 ERGONOMIA

Em 1959, a recomendação n0 112, da OIT - Organização Internacional do Trabalho, dedica-se aos serviços
de Saúde Ocupacional definidos como serviços médicos instalados em um local de trabalho ou suas
proximidades, com as seguintes finalidades :

• proteger o trabalhador contra qualquer risco à sua saúde e que decorra do trabalho ou das
condições em que ele é cumprido
• concorrer para o ajustamento físico e mental do trabalhador a suas atividades na empresa, através
da adaptação do trabalho ao homem e pela colocação deste em setor que atenda às suas aptidões
• contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico e
mental dos trabalhadores ( SAAD, 1993).

Nessa conceituação de serviços de Saúde Ocupacional, verifica-se a presença do conceito de ergonomia :


adaptação do trabalho ao homem.

Em 1960, a OIT - Organização Internacional do Trabalho, define ergonomia como sendo a " aplicação das
ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento do
homem ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar" ( MIRANDA,1980).

Para LAVILLE ( 1977), a ergonomia é definida como sendo : " o conjunto de conhecimentos a respeito do
desempenho do homem em atividade, a fim de aplicá-los à concepção das tarefas, dos instrumentos, das
máquinas e dos sistemas de produção".

WISNER (1987), assim se coloca : a ergonomia constitui o conjunto de conhecimentos científicos relativos
ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser
utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia.

VIDAL( 1994), assim define ergonomia : " é a disciplina que se preocupa com a reestruturação do trabalho,
buscando conciliar a atividade produtiva - ditame da subsistência - à vida - ditame da sobrevivência. Neste
sentido ela é uma das disciplinas que estuda as pessoas no trabalho e um referencial para uma das
dimensões da Engenharia, a Engenharia do Trabalho".

5.1 - AS GERAÇÕES DA ERGONOMIA

A ergonomia, ao longo do tempo, tem evoluído, evidentemente, acompanhando a evolução da organização


do trabalho e as inovações tecnológicas.

A ergonomia evoluiu dos esforços do homem em adaptar ferramentas, armas e utensílios às suas
necessidades e características. Porém, é a partir da Revolução Industrial, que propiciou o surgimento da
fábrica e a intensificação do trabalho, que a ergonomia vai encontrar sua maior aplicação ( TAVEIRA
FILHO, 1993).

5.1.1 - A PRIMEIRA GERAÇÃO DA ERGONOMIA : A INTERFACE HOMEM-MÁQUINA

O primeiro estágio histórico da ergonomia estabeleceu-se à partir da II Guerra Mundial, principalmente com
o projeto ergonômico de estações de trabalho industriais na Europa e no Japão ( reconstrução do pós
guerra), e na indústria aeroespacial dos Estados Unidos.

Rapidamente, a ergonomia se expandiu até alcançar, também, os sistemas de transporte, os produtos de


consumo, aspectos de segurança, etc.

Esta primeira geração da ergonomia enfocou o projeto das interfaces HOMEM- MÁQUINA, que incluíram
os comandos e controles, displays, arranjos do espaço de trabalho e o ambiente físico do trabalho. A
grande maioria das pesquisas enfocava as características físicas perceptuais do homem e a aplicação
destes conhecimentos no projeto de máquinas e equipamentos. Por esta razão, este primeiro estágio foi
considerado o estágio da ergonomia física e denominado " tecnologia da interface HOMEM- MÁQUINA"
( HENDRICK,1986 ).
Ao se referir ao sistema HOMEM- MÁQUINA de TIFFIN e MCCORMICK, VIDAL (1994), assim se coloca : "
neste cenário, dois psicólogos americanos propõem um tratamento sistêmico para a Ergonomia onde
todos podem se enxergar: a ergonomia seria a ciência de sistemas homens- máquinas. Sua idéia era de
considerar tanto o ser humano quanto as máquinas industriais domínios de disciplinas distintas da
ergonomia : as ciências do homem individual e a engenharia de máquinas.

Neste sentido eram problemas que não caberiam na episteme desta disciplina nascente. Esta teoria um
domínio bem definido, a zona de relacionamento entre o ser humano e seus objetos e instrumentos de
trabalho, não importando a forma ou instância desse relacionamento. Advogando por uma sociedade
futurista e acreditando no mito da eliminação do trabalho dito manual, eles colocam...." os anos recentes e
particularmente os da Segunda Grande Guerra produziram um crescimento bastante sensível do número
de pesquisas aplicadas ao problema da concepção de máquinas visando uma melhor utilização pelo ser
humano. O termo americano Engenharia de Fatores Humanos aparece para designar o estudo e a
realização das máquinas, dos postos de trabalho e mesmo dos ambientes que possam corresponder às
capacidades e limites do homem. A finalidade da Ergonomia[ neste paradigma] é, portanto, de conceber
equipamentos, ritmos e ambientes de trabalho que possam facilitar ao processos de informação, de
decisão e de execução para obter um rendimento máximo do conjunto do sistema HOMEM- MÄQUINA.

(.....) o modelo de sistema homem-máquina se aplica a um reduzido número de situações de trabalho onde
o campo da atividade humana se resume a um conjunto de ações sobre as interfaces de um processo
produtivo; no entanto não se presta para descrever atividades onde o objeto de trabalho é parte essencial
no desenvolver da atividade( VIDAL, 1994).

5.1.2 - A SEGUNDA GERAÇÃO DA ERGONOMIA: INTERFACE USUÁRIO-SISTEMA

Num segundo momento evolutivo da ergonomia ocorre uma mudança na preocupação central do aspecto
do homem, deixa-se de ter como ponto principal os aspectos físicos e perceptuais do trabalho e passa-se
para a sua natureza cognitiva, esta alteração se reflete em decorrência de uma presença mais intensiva de
sistemas computacionais no meio de trabalho e, consequentemente, o uso de processamento de
informação tornou-se uma preocupação central (TAVEIRA FILHO,1993).

As ciências cognitivas(inteligência natural) e a inteligência artificial começaram a ser estudadas, mais ou


menos ao mesmo tempo, aos fins dos anos 50. Formalismos, ferramentas e programas são as três áreas
de desenvolvimento em inteligência artificial. O casamento da Psicologia Cognitiva com a inteligência
artificial permitiu que diversos desses formalismos relativos à representação do conhecimento em
mecanismos inerentes ao processo relativo à aquisição desses conhecimentos fossem utilizados como
Modelo Teórico para a psicologia ( SANTOS,1991).

Este segundo estágio é considerado, então, o estágio da ergonomia de software e denominado estágio da
" tecnologia de interfaces usuário- sistema". Importantes contribuições na melhoria e no desenvolvimento
de produtos e sistemas tem sido alcançados com este enfoque, que como primeiro continua a ter grande
aplicação atualmente ( HENDRICK,1991a).

5.1.3 - A TERCEIRA GERAÇÃO DA ERGONOMIA : INTERFACE ORGANIZAÇÃO - HOMEM - MÁQUINA

A terceira geração da ergonomia, isto é, a macroergonomia surge devido às constantes mudanças


decorrentes da organização do trabalho e pelo desenvolvimento tecnológico, e se caracteriza pela
aplicação de conhecimentos sobre pessoas e organizações ao projeto, implementação e uso de tecnologia
( TAVEIRA FILHO,1993).

Para HENDRICK (1987a), a tecnologia da ergonomia é a tecnologia da interface MOMEM-SISTEMA, isto


é, enquanto ciência a ergonomia lida com as capacidades humanas e em como esses fatores se
relacionam com o projeto das interfaces entre as pessoas e os demais componentes do sistema.

"Esta terceira geração vem em resposta a importantes mudanças que estão afetando o trabalho do
homem, particularmente com relação a : 1) tecnologia( o rápido desenvolvimento de novas tecnologia nas
indústrias de computadores e das telecomunicações afetará profundamente a organização do trabalho e
as interfaces homem-máquina 2) mudanças demográficas( aumento da idade média da população e a
extensão da vida produtiva dos trabalhadores levando a um contexto de trabalhadores mais experientes,
melhor preparados e profissionalizados, exigindo organizações menos formalizadas e processos de
tomada de tomada de decisão mais descentralizados 3) mudanças de valores( trabalhadores atualmente
valorizam e esperam ter um maior controle sobre o planejamento e execução do seu trabalho, maior
responsabilidade de tomada de decisão e tarefas mais largamente definidas, de forma a permitir maior
senso de responsabilidade e realização e 4) aumento da competitividade mundial( a sobrevivência de
qualquer grande empresa no futuro dependerá da eficiência de operação e a produção de produtos de
qualidade ( HENDRICK,1993b).

Para BROWN JR (1990) : " a macroergonomia entende as organizações como sistemas sócio-técnicos e
incorpora conceitos e procedimentos da teoria dos sistemas sócio-técnicos ao campo da ergonomia".

A macroergonomia, portanto, entendendo as organizações como sistemas abertos, em permanente


interação com o ambiente e evidentemente, passando por processos de adaptação e, ao mesmo tempo,
passíveis de apresentar disfunções organizacionais, que se refletem nas suas performances e muito
particularmente, no subsistema social , através da metodologia própria da ergonomia - a análise
ergonômica do trabalho - desenvolve a análise do trabalho, e promove o tratamento da interface MÁQUINA
- HOMEM - ORGANIZAÇÃO.

5.2 - A ERGONOMIA PARTICIPATIVA

A ergonomia participativa propicia uma perspectiva na macroergonomia.

O termo foi originalmente proposto pelos pesquisadores KAGEYU NORO e ANDREW IMADA, em 1994 e,
desde então, tem se firmado como " a nova tecnologia para disseminação da ergonomia" ( NORO, 1991).

Tem sido, também, considerada como a abordagem mais apropriada e mais aplicada dentro do contexto
da macroergonomia ( BROWN, 1993).

O processo participativo inclui quatro áreas específicas : declaração de objetivos, tomada de decisões,
solução de problemas e planejamento, e condução das mudanças organizacionais ( SASHKIN, 1986).

A participação do trabalhador tem tido uma grande diversidade de significados, formas e motivos no curso
do século vinte. Muitos termos diferentes são usados para descrever - ou prescrever - o envolvimento ativo
do trabalhador na tomada de decisão no trabalho : participação do trabalhador, democracia industrial,
controle dos trabalhadores, auto-gerenciamento, democracia no local de trabalho, co-determinação,
envolvimento dos empregados, qualidade de vida no trabalho. Esta diversidade reflete não somente
períodos históricos, tradições nacionais ou teorias acadêmicas, mas a realidade do conflito e significado,
discutidos sobre a natureza do trabalho, a distribuição do poder e, muito freqüentemente, o futuro da
própria sociedade industrial ( SIRIANI, 1987).

Em sua evolução conceitual, verifica-se que a ergonomia, hoje, se constitui numa ferramenta de gestão
empresarial. De nada adianta a certificação de processos e produtos, se não se consegue certificar
sentimentos, crenças, hábitos, costumes, isto é, certificar o homem. Uma das formas de compatibilizar os
sistemas técnico e social, é evidentemente, o que preceitua a ergonomia : a visão antropocêntrica.

O centro das atenções no homem, isto é, a antropocentricidade da Ergonomia, favorece não só mudanças
organizacionais, como também alavanca mudanças no conceito de produtividade, este sendo visto à partir
da qualidade de vida no trabalho, observando, dentre outros parâmetros : a participação do trabalhador, a
liberdade para a criação e a valorização do saber fazer.

5.3 - ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

SANTOS (1995), propõe para o desenvolvimento da análise ergonômica do trabalho, uma abordagem
metodológica, composta de três grandes etapas.

A primeira etapa consiste numa análise das referencias bibliográficas sobre o homem em atividade de
trabalho, como também a respeito do objeto do estudo a ser desenvolvido. Deve-se consultar as revistas e
periódicos especializados, os livros- textos publicados mais recentemente, assim como relatórios de
trabalhos de intervenção realizados em situações próximas ou análogas àquela que será abordada.

A segunda etapa consiste na análise ergonômica do trabalho, propriamente dita, e é constituída de três
fases : análise da demanda, análise da tarefa e análise das atividades.
Numa primeira fase é realizada a análise da demanda, cujo objetivo é definir o problema a ser estudado, a
partir de uma negociação com os diversos atores sociais( individuais e coletivos) envolvidos. Nesta fase,
os primeiros dados da situação de trabalho são levantados, permitindo a formulação das hipóteses de
primeiro nível( hipóteses preliminares), a serem consideradas na realização do estudo : tipo de tecnologia
utilizada, organização do trabalho implantada, principais características da mão -de -obra disponível,
principais aspectos sócio- econômicos da empresa e, enfim, os diversos pontos de vista a respeito do
problema formulado pela demanda.

Na terceira fase desta segunda etapa, é realizada a análise das atividades desenvolvidas pelos
trabalhadores, face às condições e aos meios que lhe são colocados à disposição. Trata-se da análise dos
comportamentos de trabalho : posturas, ações, gestos, comunicações, direção do olhar, movimentos,
verbalizações, raciocínios, estratégias, resoluções de problemas, modos operativos, enfim, tudo que pode
ser observado ou inferido das condutas dos indivíduos. Os dados assim obtidos poderão ser confrontados
com os das fases precedentes, comprovando as hipóteses anteriormente formuladas ou, ainda, permitindo
a formulação de novas hipóteses, para a elaboração de um pré-diagnóstico da situação de trabalho
analisada.

A terceira etapa consiste na síntese ergonômica do trabalho. Esta etapa é dividida em duas fases : o
estabelecimento do diagnóstico da situação de trabalho e a elaboração do caderno de encargos de
recomendações ergonômicas.

Na primeira fase, todos os dados levantados na análise ergonômica do trabalho são reagrupados,
confrontados uns com os outros, sintetizados e interpretados na forma de sintomas. É, somente neste
estágio, que as conclusões podem se tiradas e um diagnóstico estabelecido.

Finalmente, na segunda fase, pode-se elaborar um caderno de encargos de recomendações ergonômicas,


baseado em dados ergonômicos normativos gerais e dados ergonômicos específicos da situação de
trabalho analisada.

Wisner, coloca que ao desenvolver a análise do trabalho, o ergonomista tem contato com a situação
técnica, econômica e social da empresa, como também com o sistema de produção. Todo comportamento
é verificado, seja ele um comportamento referente à ação (controle do sistema), observação ou,
comunicação (Wisner,1994).

Evidentemente, se previamente, o ergonomista conhecer as disfunções organizacionais provocadas pelo


desequilíbrio existente entre os fatores ambientais externos à organização e os fatores internos a esta,
tornará a análise do trabalho mais rica e qualificada, pois que terá à sua disposição dados valiosos a
respeito da interação desta organização com o ambiente e que serão levantados através do estudo da sua
biografia.

O estudo da biografia de uma organização, portanto, como uma fase que antecede à análise ergonômica
do trabalho, consubstancia e consolida os conceitos da terceira geração da ergonomia - a macroergonomia
- propostos por Hendrick (1987), que incluiu a organização e formação no objeto de estudo da ergonomia.

A detecção das disfunções organizacionais, portanto, que aparece na literatura especializada como um
processo de análise organizacional, não deixa de ser, todavia , um procedimento de apoio ao ergonomista,
e que qualifica e otimiza a análise ergonômica do trabalho, na medida em que propicia o entendimento
mais preciso da interação HOMEM - SISTEMA.

http://www.eps.ufsc.br/disserta98/bezerra/cap5.htm
Introdução

Os novos modos de produção, condicionados por sucessivas mutações (demográficas, económicas,


tecnológicas, de organização social) vieram tornar cada vez mais interdependentes:

• as condições de execução do trabalho;

• e a condição do trabalhador.

Assim, a vocação da Ergonomia evoluiu e ao longo das últimas cinco décadas tem sido objecto de reflexão e de
debate.

Até aos anos 70, a intervenção ergonómica centrava-se sobre o trabalho penoso, o trabalho nocivo,
características da maioria das situações industriais.

A partir da década de 70, com a evolução tecnológica e, consequentemente, das condições de trabalho, tem-se
vindo a observar uma profunda alteração das exigências do trabalho.

Este período (a partir dos anos 70), pode considerar-se marcado essencialmente por três tipos de evolução:

• uma evolução técnica;

• uma evolução da organização do trabalho;

• uma evolução do pessoal.

A evolução técnica é caracterizada:

o pela maior eficiência das máquinas,

o pela miniaturização de certos produtos;

o por uma informatização cada vez mais difundida;

o por uma automatização.

Estes aspectos estão cada vez mais presentes em certos ramos da indústria, mas também, em muitos outros
sectores de actividade.

Quanto à evolução da organização do trabalho podemos dizer que ela se verificou essencialmente a partir
de:
o novas modalidades de repartição de tarefas, criando exigências notáveis devido ao carácter
parcelar destas e á frequente sujeição a ritmos de funcionamento técnico.

No que respeita à evolução do pessoal, pode dizer-se que foi essencialmente marcada:

o pelo prolongamento da escolaridade;


o pela formação técnica e profissional;

o que conduziu naturalmente

o a diferentes expectativas em relação ao trabalho;


o e a uma inadequação dos modelos de gestão tradicionais.

Sintetizando, pode dizer-se que este desenvolvimento provocou, inevitavelmente, uma alteração na
paisagem laboral, verificando-se:

o Uma imposição da mecanização, desencadeando novos agentes agressores frequentemente


presentes nos locais de trabalho.

o Uma progressiva abolição do trabalho físico dinâmico (através das ajudas mecânicas, o que
acarretou, em certa medida, uma degradação biológica do Homem).

o Uma implementação de um trabalho estático, prolongado, utilizando pequenos grupos musculares,


geralmente numa posição fixa, com um ritmo de trabalho intenso e requerendo, por vezes, um
elevado grau de precisão.

Assim, estas alterações da natureza do trabalho vieram provocar um número de problemas de ordem vária,
que têm vindo a aumentar com implicações para o indivíduo, na sua vida profissional e social, assim como
no sistema produtivo.

A nível dos operadores estas consequências reflectem-se, normalmente, no seu estado de saúde, não só
no que respeita às já consideradas doenças profissionais, mas a tantas outras identificadas com a situação
de trabalho.

A nível do sistema produtivo, estas consequências podem ser objectivadas:

o pelo aumento do absentismo;


o pelo aumento do número de acidentes;
o pela necessidade de recolocação profissional;

e, consequentemente,

o Pela diminuição da produtividade, do ponto de vista qualitativo e quantitativo.

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• Ergonomia – Conceitos Gerais

O termo Ergonomia, deriva do grego,' "ERGON", que significa Trabalho e "NOMOS" que significa Leis ou Regras,
atribuindo-se a sua denominação a MURREL, um Engenheiro inglês, no ano de 1949.

De facto, a Ergonomia procura optimizar as condições de trabalho, segundo critérios de eficiência, conforto e
segurança.
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Evolução histórica da Ergonomia

A Ergonomia como disciplina, teve as suas origens na Segunda Guerra Mundial, mais propriamente em 1949,
quando falharam as formas tradicionais de resolução do conflito entre homens e máquinas - a selecção e o treino.

Foi nessa época, que se evidenciam as incompatibilidades entre o progresso humano e o progresso técnico. Os
equipamentos militares exigiam dos operadores, decisões rápidas e execução de actividades novas (aviões mais
velozes, radares e submarinos) em condições críticas, o que implicava complexidade e riscos de decisão.

A guerra solicitou e produziu máquinas novas e complexas, inovações essas, que não corresponderam ao que delas
se desejava porque, na sua concepção, não foram tomadas em consideração, as características e as capacidades
humanas.

Surgiu, então, a necessidade do aparecimento de uma nova ciência, a Ergonomia.

Tal como nos diz Chapanis, na sua importante lição sobre Engenharia, "as máquinas não lutam sozinhas".

Por exemplo, o radar foi chamado "o olho da armada"; mas o radar não vê. Por mais rápido e preciso que seja, será
quase inútil, se o operador não puder interpretar as informações apresentadas no écran e decidir a tempo.
Similarmente um avião de caça, por mais veloz e eficaz que seja, será um fracasso se o piloto não puder pilotá-lo
com rapidez, segurança e eficiência. Cabe ao ser humano avaliar a informação, decidir e agir.

Foi, pois, nos meios militares britânicos, que a Ergonomia teve o seu grande incremento, com a criação de um grupo
de estudos sobre a capacidade produtiva dos trabalhadores nas fábricas de munições (Health of Munitions Workers
Committee).

Vivia-se um momento dúbio: por um lado, existia uma grande necessidade de aumentar a produção de armas e de
munições; por outro, existia uma escassa mão-de-obra, pelo facto da maior parte do operariado se encontrar na
guerra.

A partir do início da década de 50, com a criação, em Inglaterra, da Ergonomics Research Society, a Ergonomia
começou a sua expansão no mundo industrializado, desenvolvendo-se, assim, o interesse pelos problemas inerentes
ao trabalho humano.

Entre 1960 e 1980 assistiu-se a um rápido crescimento e expansão da Ergonomia para além das fronteiras militares,
pois o meio industrial tomou consciência da importância da Ergonomia na concepção dos produtos e dos sistemas de
trabalho (equipamentos, ferramentas, ambiente físico, ambiente químico, organização do trabalho, etc.).

Mais tarde, a Ergonomia foi aplicada com o objectivo de optimizar o trabalho humano.

Os primeiros estudos centraram-se no aperfeiçoamento das máquinas, às quais os trabalhadores se tinham de


adaptar, algumas vezes à custa de uma longa e difícil aprendizagem.

No entanto, com o aumento da complexidade e dos custos das máquinas, e simultaneamente, com a imposição do
valor da vida humana, surgiu a preocupação de:

• conceber máquinas adaptadas ao homem;


• criar condições de realização do trabalho mais adaptadas às características humanas, do ponto de vista
antropométrico, biomecânico, fisiológico, psicológico, de formação, de competência, etc.

Nesta evolução, alguns países europeus fundaram a Associação Internacional de Ergonomia, para congregar as
várias Sociedades de Factores Humanos e de Ergonomia que foram surgindo.
A Ergonomia continuou a crescer a partir dos anos 80, particularmente, devido às novas tecnologias informatizadas.

A tecnologia informatizada propiciou novos desafios à Ergonomia. Os novos dispositivos de controlo, a apresentação
de informação por écran e, sobretudo, o impacto da nova tecnologia sobre o homem, constituem áreas de análise e
de intervenção para o ergonomista, sobre as quais iremos falar nas próximas aulas.

O papel do profissional de Ergonomia nas indústrias nucleares e de controlo de processos, cresceu após os
acidentes de Three Mile Island, nos Estados Unidos, e de Bhopal, na Índia.

Em Portugal, por esta altura, a Ergonomia é ainda praticamente inexistente. No entanto, as necessidades sociais
criadas com a integração europeia e o cumprimento das normas comunitárias relativamente à regulamentação do
trabalho e das suas condições ambientais, provocou uma certa inquietação para o desenvolvimento da formação
nesta área.

Basta recordar o 1º parágrafo do Decreto-Lei nº 441/91: "A realização pessoal e profissional encontra na qualidade
de vida do trabalho, particularmente a que é favorecida pelas condições de segurança, higiene e saúde, uma matriz
fundamental para o seu desenvolvimento", para se perceber que, sem a implementação de uma prática ergonómica,
esta qualidade de vida no trabalho, dificilmente será alcançada.

Numa perspectiva histórica, consideram-se três pontos fundamentais na evolução da Ergonomia:

 Um primeiro, em que o estudo se centrava sobre a máquina, à qual o trabalhador se tinha de adaptar.
Procurava-se seleccionar e formar o operador de acordo com as exigências e características das máquinas,
ainda que por vezes, à custa de uma longa e difícil aprendizagem.

• Um segundo, em que, face aos problemas levantados pelos erros humanos, o estudo começou a centrar-se
no Homem. Procurava-se uma modificação das máquinas, tendo em consideração os limites próprios do
Homem.

• Um terceiro, ou seja, o actual, em que se considera a análise do Sistema Homem – Máquina, ou mais
correctamente, Homem – Trabalho.

Em Portugal, a Ergonomia surgiu no ano de 1987, com a introdução de um curso no Instituto Superior de Educação
Física (ISEF), a actual Faculdade de Motricidade Humana.

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Conceitos de Ergonomia

Muitos são os conceitos de Ergonomia já publicados. Passando em revista várias definições, é possível admitir que a
Ergonomia engloba um conjunto de actividades que tendem a adaptar o trabalho ao Homem, consistindo essa
adaptação, numa optimização do Sistema Homem - Trabalho.

Eis uma pequena revisão da literatura:

• "A Ergonomia é um conjunto dos conhecimentos científicos relativos ao Homem e necessários para
conceber os utensílios, as máquinas e os dispositivos que possam ser utilizados com o máximo conforto,
segurança e eficácia" (WISNER);
• "A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar que compreende a psicologia do trabalho, a antropologia e a
sociologia do trabalho. O alvo prático da Ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos utensílios, das
máquinas, dos horários e do meio ambiente às exigências do Homem. A realização dos seus alvos a nível
industrial, dá lugar a uma facilitação do trabalho e a um aumento do rendimento do esforço humano"
(GRANDJEAN);
• "A Ergonomia é uma disciplina científica que estuda o funcionamento do homem em actividade profissional"
(A. LAVILLE);
• "A Ergonomia é uma tecnologia que agrupa e organiza os conhecimentos de modo a torná-los úteis para a
concepção dos meios de trabalho" (A. LAVILLE);
• "A Ergonomia é uma arte quando trata de aplicar os conhecimentos para a transformação de uma realidade
existente ou para a concepção de uma realidade futura" (A. LAVILLE);
• "A Ergonomia é entendida como o domínio científico e tecnológico interdisciplinar que se ocupa da
optimização das condições de trabalho visando de forma integrada, a saúde e o bem estar do
trabalhador e o aumento da produtividade" (Departamento de Ergonomia da Faculdade de Motricidade
Humana).

Para terminar, são referidos, ainda, os conceitos ditados por duas grandes organizações de renome internacional:

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE: "A Ergonomia é uma ciência que visa o máximo rendimento, reduzindo os
riscos do erro humano ao mínimo, ao mesmo tempo que trata de diminuir, dentro do possível, os perigos para o
trabalhador. Estas funções são realizadas com a ajuda de métodos científicos e tendo em conta, simultaneamente, as
possibilidades e as limitações humanas devido à anatomia, fisiologia e psicologia".

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE TRABALHO: "A Ergonomia consiste na aplicação das ciências biológicas do
Homem em conjunto com as ciências de engenharia, para alcançar a adaptação do homem com o seu trabalho
medindo-se os seus efeitos em torno da eficiência e do bem estar para o Homem".

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Principais Correntes

Os debates e as reflexões a que se tem vindo a assistir nos últimos 20-30 anos, conduziram à preocupação da
complementaridade dos fundamentos das duas principais correntes em Ergonomia.

Na opinião de Montmolin, a primeira corrente, a mais antiga, a Anglo-Saxónica considera a Ergonomia como a
utilização de algumas ciências para melhorar as condições de trabalho humano.

A título de exemplo, a Anatomia e a Fisiologia permitem conceber assentos, écrans e horários mais adaptados ao
organismo humano e a Psicologia permite, por exemplo, uma melhor apresentação das informações.

Esta corrente orienta a Ergonomia para a concepção de dispositivos técnicos (máquinas, utensílios, postos de
trabalho, ecrãs, impressoras, programas, etc.)

A segunda corrente, a mais recente, a Europeia, considera a Ergonomia como o estudo específico do trabalho
humano com vista a melhorá-lo.

Sem querer pretender constituir uma "Ciência do Trabalho", completamente autónoma, a Ergonomia reivindica, no
entanto, a autonomia dos seus métodos.

Nesta perspectiva, a Ergonomia preocupar-se-á menos com o assento ou com o ecrã isolado do que com o conjunto
da situação de trabalho e do trabalhador em questão.

Nesta perspectiva, a sua fadiga e os seus erros só podem ser realmente explicados e minorados se a sua tarefa
particular e a forma como ela é realizada (a sua actividade) forem analisadas pormenorizadamente nos seus
locais específicos.

Ergonomia está pois, nesta corrente orientada essencialmente para a organização do trabalho, levantando
questões como, por exemplo:

Quem faz? O que faz? Como faz? Como poderia fazer? Etc.
Em síntese, podemos dizer que a corrente Americana centra-se sobre o factor humano, considerando o Homem
como uma componente do sistema de trabalho e que a corrente Europeia centra-se sobre a actividade humana,
considerando o Homem como um actor do sistema de trabalho.

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Classificação em Ergonomia

Numa empresa ou organização, em que a competitividade e a força do mercado onde esta opera, são parâmetros
fundamentais de Gestão, a Ergonomia é uma das as áreas de formação passíveis de lhe acrescentar valor.

Assim, modalidades de intervenção ergonómica serão diferentes, em termos de objecto, objectivo, contexto e
dimensão da intervenção.

É Objecto

No que respeita ao objecto de intervenção, podemos distinguir:

• a Ergonomia de Produção;
• a Ergonomia do Produto.

A Ergonomia da Produção está vocacionada para a procura das condições de trabalho adequadas, em termos
organizacionais, de posto e ambiente de trabalho, adaptados às características e capacidades dos trabalhadores.

A Ergonomia do Produto, centra-se na área de estudos e pesquisas, colaborando com o sector comercial, em
estudos de mercado; com o sector de produção, na avaliação dos custos da produção e na definição da sua
finalidade; e com outros sectores da concepção do produto, desde o "design" ao controlo da qualidade.

É Objectivo

Quanto ao objectivo, fala-se em:


• Ergonomia de Concepção,

• Ergonomia de Correcção.

A Ergonomia de Concepção permite agir desde a fase inicial, sobre um produto ou posto de trabalho, criando
condições de trabalho adaptadas e perspectivadas no sentido da eficácia, da segurança e do conforto.

A Ergonomia de Correcção dá resposta às inadaptações, que se traduzem por problemas na segurança e no


conforto dos trabalhadores, ou na qualidade e quantidade da produção.

É Contexto

Seja qual for o objecto ou o objectivo, a intervenção ergonómica desenvolve-se nos mais variados contextos, tais
como: industrias, hospitais, escolas, transportes, construção e obras públicas, etc.
É Dimensão

Numa perspectiva de dimensão da intervenção, podemos classificar a Ergonomia em Macro, Meso e Micro:

• A Macro-Ergonomia considera o sistema integral Homem-Máquina, ou seja, uma organização cujas


componentes são os Homens e as Máquinas, trabalhando em conjunto para alcançar um fim comum,
estando ligadas por uma rede de comunicações;

• A Meso-Ergonomia centra-se sobre um utensílio ou uma máquina, estudando a interdependência entre os


dispositivos metrológicos e os indicadores, as alavancas de comando e de regulação, assim como, a sua
disposição em função da velocidade e da sucessão das operações;

• A Micro-Ergonomia estuda os diversos elementos específicos de uma situação de trabalho, tais como, a
insonorização de uma máquina, a iluminação de uma sala de trabalho informatizado, etc.

Deste modo, a Ergonomia tem uma acção concreta sobre melhoria das condições de trabalho em geral, promovendo
a saúde do trabalhador. Contribuindo para a diminuição de absentismos por acidentes de trabalho e doenças
profissionais, a Ergonomia procura manter e/ou aumentar a qualidade e, consequentemente, a produtividade.

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A Ergonomia no Trabalho

A Ergonomia é uma disciplina que fundamenta a sua acção numa perspectiva científica do trabalho humano. Pelos
seus métodos, a Ergonomia permite uma outra inteligibilidade do funcionamento dos sistemas produtivos, a partir da
compreensão de toda a actividade de trabalho do homem. Para tal, torna-se imperioso o conhecimento do
funcionamento humano, nos diversos planos.

1.
2. Tarefa e Actividade

Numa situação de trabalho, há que distinguir o conceito de tarefa e de actividade.

A tarefa ou trabalho prescrito abrange tudo o que, na organização, define o trabalho de cada operador, ou seja:

• os objectivos a atingir em contrapartida da remuneração;


• a maneira de os atingir, as indicações e os procedimentos impostos;
• os meios técnicos colocados à disposição (instrumentos, máquinas, ferramentas);
• a repartição das tarefas entre os diferentes trabalhadores;
• as condições temporais do trabalho (horários, duração, pausas);
• as condições sociais (qualificação, salário);
• o envolvimento físico do trabalho.

Quer a empresa seja de grande ou de pequena dimensão, existe sempre uma parte implícita, um trabalho esperado,
do qual os responsáveis e os trabalhadores têm a sua própria representação.
Sendo a tarefa uma prescrição, um quadro formal, é o trabalho real dos trabalhadores ou actividade, que permite a
produção.

De uma maneira mais simplificada diz-se que, a actividade se refere às condutas e comportamentos dos
trabalhadores, na execução de uma determinada tarefa.

Em todos os planos definidos pela organização do trabalho, manifestam-se diferenças entre o prescrito e o real, pois
o trabalho real dos trabalhadores nunca é o puro reflexo da tarefa, nem uma mera execução.

A distinção entre tarefa e actividade é importante, na medida em que:

• põe em evidência as falhas de organização;


• ajuda a hierarquizar os constrangimentos da situação de trabalho;
• permite explicar as relações entre as condições internas (inerentes ao trabalhador) e as condições externas
(respeitantes ao envolvimento de trabalho);
• ajuda a compreender as consequências sobre a saúde.

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Prática Ergonómica

Considerando:

• que em Ergonomia o homem que trabalha não é um simples executante, mas um operador, na medida em que
gere as suas dificuldades, aprende, actuando, adapta o seu comportamento às variações do seu estado interno e
dos elementos da situação de trabalho, decide quais as melhores maneiras de proceder, adquire habilidades
específicas para melhorar a eficácia, enfim, opera.

• que a actividade real de trabalho desenvolvida pelo operador difere sempre da tarefa prescrita pela organização
do trabalho, pois não é uma simples resposta a um estímulo, mas a expressão de um saber e de uma vivência
profissional, que é o resultado de uma história individual e colectiva e se inscreve num determinado contexto sócio-
económico.

• que a compreensão da actividade de trabalho como uma experiência particular da relação do homem com
o seu envolvimento impõe um método próprio dirigido à relação das condicionantes "externas" da
actividade do trabalhador com a realidade do seu próprio Corpo entendido como sede original da capacidade
produtiva e da auto-estima na segurança e conforto no trabalho.

• que em Ergonomia não se pode fazer um diagnóstico à distancia baseado em sintomas descritos e em
resultados de análise, mas deve observar-se o operador em actividade, ouvi-lo, analisar elementos da
situação de trabalho, interpretar resultados, fazer um diagnóstico para estudar as transformações
necessárias.

 que a transformação de uma situação de trabalho não pode consistir numa aplicação directa dos
conhecimentos científicos gerais relativos ao homem, sem que antes sejam confrontados com a
especificidade de cada situação.

• que a compreensão da actividade real de trabalho é o verdadeiro fundamento da acção ergonómica.

Distinguimos na prática da Ergonomia duas fases: uma primeira, chamada de ANÁLISE ERGONÕMICA e, a
segunda, denominada de INTERVENÇAO ERGONÓMICA, entendendo-se que:
1. Análise Ergonómica consiste na identificação e compreensão das relações existentes entre as condições
organizacionais técnicas, sociais e humanas que determinam a actividade de trabalho e os efeitos desta
sobre o operador e o sistema produtivo.
2. Intervenção Ergonómica consiste na operacionaIização de planos de acção resultantes da análise
ergonómica. Pode situar-se a diferentes domínios de actuação: concepção e/ou reformulação, formação
profissional, higiene, segurança e saúde ocupacional.

Deve-se pois:

a. COMPREENDER O TRABALHO, entendido como expressão da actividade humana, ou seja, como algo que
põe em jogo capacidades físicas, psicológicas, de competência, de experiência,…
b. TRANSFORMAR O TRABALHO a partir da concepção de um projecto centrado sobre o Homem no
Trabalho, com vista a proporcionar-lhe conforto, segurança e bem estar mas, ao mesmo tempo, favorecer a
eficácia e a produtividade.

a. Voltar ao início

Análise e Intervenção Ergonómica

Importa, pois, começar por entender o que é Análise do Trabalho.

Definir Análise do Trabalho não é tarefa fácil. Uma reflexão sobre à análise do trabalho não deve fazer-se sem uma
atenção especial sobre o entendimento do objecto desta análise - o trabalho.

O conceito de trabalho assume pontos de vista diferentes, dentro e fora da empresa.

O economista falará do resultado do trabalho em termos do valor produzido. O sociólogo verá no trabalho, as
normas e os valores sociais e concentrar-se-á nas relações entre os operadores. O representante sindical,
reportar-se-á a "uma situação vivida", global, donde emergem as necessidades dos trabalhadores.

Apercebemo-nos, assim, que o termo "trabalho" designa, quer o resultado de uma acção, quer as condições de
realização, quer ainda, a função ou a actividade do operador que a realiza e neste sentido, admite-se que
existam traços típicos de análise do trabalho, bem como, modalidades várias.

Sendo objectivo da Ergonomia, conceber situações de trabalho adaptadas às características dos operadores, ao
trabalho que lhe é confiado e às condições em que o trabalho é realizado, a análise ergonómica do trabalho tem
como objecto, o estudo das exigências e das condições de trabalho, das atitudes e das sequências
operatórias que emergem aquando da realização de uma determinada tarefa.

A título de exemplo, a análise psicológica visa, essencialmente, analisar os mecanismos da actividade (preceptivos,
sensório-motores e cognitivos) presentes na situação de trabalho, enquanto a análise ergonómica visa analisar a
situação de trabalho no sentido de a transformar, sendo a Psicologia uma das suas dimensões mas não,
necessariamente, a principal.

A análise ergonómica ao procurar dar resposta a questões fundamentais, como "qual o trabalho a executar?",
"como é que o operador executa o trabalho?", afasta-se da análise tradicional do trabalho, dado que esta se limita
a enumerar o que o operador deveria fazer e não o que o operador faz, isto é, considera apenas o trabalho prescrito e
não o trabalho real, podendo esta diferença ser essencial para a transformação de uma determinada situação de
trabalho.

A análise ergonómica reside, então, numa análise realista do trabalho, efectuada momento a momento sobre o
terreno, partindo das exigências do trabalho, sendo esta, a única forma de melhorar as verdadeiras causas de
desadaptação, nomeadamente, da carga de trabalho suportada pelo indivíduo.
Este tipo de análise distingue-se das que só consideram os dados relativos ao trabalho prescrito e dos que
contemplam apenas as declarações dos agentes do trabalho.

Uma análise ergonómica do trabalho não poderá, de modo algum restringir-se a estes dados, mas integrá-los numa
análise mais ampla da actividade.

É neste sentido que falamos em Análise do Trabalho, como Método de Análise Ergonómica do Trabalho
formalizado em 1955 por Ombredane e Faverge.

Actualmente, diz-se que a Análise do Trabalho caracteriza a Ergonomia, porque constitui uma etapa indispensável
para todo o estudo ergonómico e toda a intervenção ergonómica.

Segundo alguns autores, a Análise do Trabalho confronta uma dupla perspectiva, a do "quê" e a do "como". Refere
ainda que, considerando a evolução da organização do trabalho importa ainda saber, "quem faz?" e "quem faz o
quê?".

Diz-nos que a Análise do Trabalho se fixa sobre duas abordagens complementares a da Tarefa e a da Actividade.

TAREFA indica o que é para fazer; evoca a ideia de obrigação: "um objectivo a alcançar em condições
determinadas"; é o trabalho prescrito.

ACTIVIDADE indica o que realmente é feito por um operador para executar uma tarefa precisa num dado momento.
A actividade reporta-se portanto às condutas, aos processos operatórios do indivíduo, ou seja ao trabalho real.

Entre uma e outra há, invariavelmente diferenças, por vezes profundas e que são reveladas pela análise da
actividade. Mas porque a primeira condiciona a segunda, a análise da diferença torna-se extremamente importante.

Neste sentido, que esta análise permite:

• Pôr em evidência as falhas da Organização


• Ajuda a hierarquizar os constrangimentos da situação de trabalho
• Explicar as relações entre as condições internas e externas
• Ajuda a compreender as consequências sobre a saúde

Podemos sintetizar dizendo que a Análise do Trabalho comporta sempre, em paralelo:

• uma descrição da Tarefa


• uma descrição da Actividade

Neste sentido a actividade de trabalho constitui o elemento central organizador e estruturante das duas
componentes implicadas na situação de trabalho:

 • por um lado, os operadores, com as suas características próprias, no momento em que realizam a
actividade ou seja, a idade, o sexo, o seu estado de saúde do ponto de vista físico e psíquico, a formação,
experiência, competência, etc.

• por outro, a empresa, que define:

- o espaço de trabalho: dimensões do posto de trabalho, áreas de deslocamento.

- as características dos meios materiais de trabalho: dimensões, manuseamento das ferramentas, das máquinas, dos
comandos, modalidade de apresentação das informações.

- as características dos objectos de trabalho: documentos, peças a montar, a transformar.

- os ambientes físicos: iluminação, ruído, vibrações, calor ou frio, poeiras.

- imposições temporais: horários e duração do trabalho, rendimento.

- a organização do trabalho: repartição das tarefas, ordens operatórias.


- os sinais a respeitar para assegurar a segurança, a qualidade e a quantidade de produção.

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Domínios de Análise e Intervenção Ergonómica

Neste capítulo pretende-se revelar um pouco de como e onde o Ergonomista tem a sua acção, consistindo esta
acção ergonómica em colocar à disposição dos orgãos de gestão uma informação precisa e operacional sobre a
realidade de trabalho para que, desta forma, todas as decisões organizacionais, técnicas, sociais e humanas
visem alcançar eficiente e eficazmente os objectivos definidos.

Como principais domínios da análise ergonómica referiremos:

1. Actividade de Trabalho
2. Efeitos sobre o Operador e o Sistema Sócio-Técnico

Actividade de Trabalho

Com base nestes dados, os domínios da análise ergonómica são centrados na actividade de trabalho humano,
permitindo identificar, descrever e quantificar os comportamentos observáveis, nomeadamente:

• acções exercidas directamente sobre o objecto de trabalho e/ou dispositivos técnicos;


• a comunicação interpessoal;
• os deslocamentos no envolvimento de trabalho;
• a recolha de informação directamente sobre o objecto de trabalho e/ou dispositivos técnicos;
• as posturas de trabalho;

Desta forma, a Análise Ergonómica da actividade identifica as funções sensoriais, motoras e cognitivas subjacentes
aos comportamentos observáveis.

1.
2. - Efeitos sobre o Operador e o Sistema Sócio-Técnico

Para além de uma análise centrada no estudo e compreensão da Actividade de Trabalho, é igualmente oportuna uma
análise sobre os Efeitos desta Actividade no Homem e no Sistema Socio-técnico que o envolve.

Nesta análise, os dados técnicos a recolher referem-se a:

Ao operador

• Saúde e capacidade funcional


• Erros e omissões
• Lesões decorrentes de acidentes de trabalho
• Carga de trabalho
• Competência
• Satisfação e motivação

Aos elementos técnicos

• Manifestação de disfuncionamentos ao nível técnico


• Eficiência

Ao sistema sócio-técnico

• Cultura organizacional
• Produtividade
• Qualidade
• Acidentes de trabalho
• Segurança
• Inovação e flexibilidade

Concretamente sobre o Operador, é necessária a recolha de dados relativos a:

• características pessoais (físicas, sensoriais, motoras, cognitivas, etc.) e biográficas


• competência (formação base, experiência e formação profissionais, criatividade e iniciativa, etc.)
• estado funcional momentâneo (fadiga, ritmos biológicos, etc.)
• aspectos relevantes da vida extra-profissional (organização do tempo extra-profissional, tempo gasto nos
transportes de e para o local de trabalho, etc.)

No que se refere à recolha de elementos relativos ao Sistema Socio-Técnico, é importante conhecer:

• o objectivo das tarefas (performances exigidas, normas de produção, resultados visados, etc.)
• as exigências da situação (físicas, sensoriais, motoras, cognitivas…)
• os meios técnicos disponíveis (máquinas, ferramentas, suportes de informação, normas…)
• os procedimentos ou modos operatórios prescritos (forma como o operador deve atingir os objectivos
definidos)
• as condições temporais (horário, pausas e ritmos de trabalho, flutuações temporais,…)
• meios humanos e condições sociais (estrutura organizacional, políticas sociais, avaliação de desempenho,
plano de carreiras, cultura organizacional...)

Tendo por base a recolha e análise ergonómica de todos os elementos anteriormente referenciados, estamos em
posição de avançar para uma "transformação do trabalho", isto é, a chamada Intervenção Ergonómica.

A Intervenção Ergonómica consiste na operacionaIização de planos de acção resultantes da Análise Ergonómica,


podendo situar-se nos seguintes domínios de actuação: concepção e/ou reformulação, formação profissional,
higiene, segurança e saúde ocupacional.

Como principais domínios da Intervenção Ergonómica referiremos:

1. Concepção e Reformulação
2. Formação Profissional
3. Higiene, Segurança e Saúde Ocupacional

1.Concepção ou Reformulação

Um dos domínios em que se poderá centrar a Intervenção Ergonómica é na Concepção ou Reformulação de


situações de trabalho, como seja:

• Fornecendo informações sobre novos cenários da actividade de trabalho;


• Participando na concepção de produtos, serviços e/ou sistemas produtivos ao nível:
• Forma, dimensão, disposição, acessibilidade, funcionalidade e inteligibilidade;
• Dos suportes informacionais e respectivos fluxos de informação.
• Optimizando, sob o ponto de vista ergonómico, o interface operador/sistema técnico;
• Desenvolvendo e implementando as especificações ergonómicas nos produtos e/ou serviços, tendo em vista
a satisfação das necessidades dos utilizadores/clientes alvo;
• Colaborando na implementação de novas formas de organização do trabalho.

2.Formação Profissional

Outro nível de Intervenção Ergonómica, e não menos importante, é a Formação Profissional.

Neste domínio, a Intervenção Ergonómica visa desenvolver, implementar e avaliar programas de formação
centrados:

• na compreensão do funcionamento do sistema sócio-técnico;


• na utilização segura e eficiente dos materiais, ferramentas e máquinas;
• na adaptação à utilização de novas tecnologias;
• na adaptação aos postos de trabalho dos colaboradores com "handicaps" ou dificuldades;
Ainda neste domínio, promove acções de formação visando a sensibilidade para a Análise e Intervenção
Ergonómicas.

3.Higiene, Segurança e Saúde Ocupacional

Tendo por base toda a avaliação realizada, quer sobre as variáveis que influenciam a situação de trabalho e do
correspondente impacto na Saúde e Bem-Estar do trabalhador, quer sobre a própria Actividade de Trabalho, no
domínio da Higiene, Segurança e Saúde Ocupacional, a Intervenção Ergonómica visa:

• desenvolver estratégias de melhoria das condições de trabalho;


• definir e divulgar critérios e acções para o desenvolvimento da educação sanitária e de uma atitude de
prevenção;
• promover a aplicação de normas relativas à higiene, segurança e saúde ocupacional;
• projectar alterações tendentes a melhorar o funcionamento do sistema organizacional no âmbito da higiene,
segurança e saúde ocupacional.

Postura e Força

Quando é exigido algum esforço, na realização de uma tarefa, o trabalhador tende a adoptar uma determinada
postura, que pode não ser a mais adequada.

Em trabalho ou em repouso, o corpo pode assumir três posturas básicas:

• deitado;
• sentado;
• de pé.

Interessa-nos, pois, as posturas geralmente adoptadas em situação de trabalho.

Definimos postura como sendo a posição e orientação dos segmentos corporais no espaço.

A postura está, então, dependente da força, sendo esta, o resultado de um conjunto de contracções musculares
que se realizam, no sentido de executar uma acção.

Um trabalho que obriga uma pessoa a assumir a postura de pé durante todo o dia, exige grandes esforços,
principalmente das pernas, que incham.

Os trabalhos que requerem uma grande força muscular, mobilidade e um grande alcance, devem muitas vezes, ser
executados de pé.

De seguida, são indicados alguns procedimentos a considerar, quando se trabalha de pé:

• devem ser evitadas todas as inclinações do corpo, pois a manutenção destas posturas, implica grandes
esforços ao nível dos músculos das pernas, da coluna e dos ombros. Os músculos da coluna ficam em
tensão e quando a pessoa se endireita, sente-se rígida e endurecida;
• a altura da superfície de trabalho, deve ser ajustada à altura do trabalhador, de modo a estar ao nível dos
cotovelos, quando se está direito, de pé e com os ombros descontraídos;
• deve-se poder estar parado e direito, em frente e perto da superfície sobre a qual se trabalha e com o
peso do próprio corpo, igualmente distribuído sobre os pés. Deve haver espaço suficiente para as pernas ou
pés;
• a natureza especial de um trabalho, pode obrigar a mudar a altura do plano de trabalho;
• os controlos e outros objectos necessários à realização do trabalho, devem encontrar-se a uma altura
inferior à dos ombros;
• se possível, o trabalhador deve ter a possibilidade de alternar entre a postura de pé e sentado;
• se o trabalho se faz parcialmente sentado, deve-se poder dispor de uma cadeira móvel ou equivalente;
• a superfície sobre a qual o trabalhador permanece de pé, deve ser adequada às condições de trabalho;
• sapatos adequados diminuem os esforços ao nível das pernas e coluna lombar.

Os trabalhos que não requerem grandes esforços musculares e que se podem executar dentro de uma área limitada,
devem ser feito na postura de sentado. A área de trabalho deve estar ao alcance, sem haver necessidade de fazer
esforços excessivos.

Para trabalhar sentado numa posição correcta, deve haver possibilidade de estar sentado direito, em frente e perto
do local em que se realiza o trabalho. A mesa e a cadeira de trabalho, devem ser desenhadas, de modo que a
superfície sobre a qual se trabalha, fique ao nível dos cotovelos, quando a pessoa está sentada, com o tronco direito
e ombros descontraídos.

Quando se faz um trabalho de precisão, deve haver um apoio ajustável para os cotovelos, antebraços ou mãos.

Os princípios fundamentais da postura de sentado, são:

• o tronco, a cabeça e os membros devem estar numa posição natural e relaxada, devendo ser evitada a cifose
da coluna lombar;
• as frequentes alterações de posição, são importantes na prevenção da fadiga;
• a superfície de apoio deve ser ampla, para que seja mínima a pressão por unidade de superfície;
• a altura do assento deve ser ligeiramente inferior ao comprimento da perna, estando o pé completamente
apoiado no solo e o joelho flectido num ângulo recto; a profundidade do assento deve ser tal, que o seu bordo
não exerça pressão contra a parte posterior do joelho;
• as cadeiras devem ter um encosto que proporcione um apoio à região lombar, permitindo o relaxamento da
musculatura lombar;
• os cotovelos do indivíduo que trabalha sentado, devem ter, com a sua mesa de trabalho, a mesma relação
que haveria se estivesse de pé. A altura do plano de trabalho, varia de acordo com a pressão que precisa de
ser exercida.

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Manipulação e Transporte de Cargas

No dia-a-dia, são vulgares as situações de transporte e/ou levantamento de cargas, seja em contexto industrial, de
comércio, de serviços ou mesmo no domicílio.

As situações de manipulação e transporte de cargas podem trazer consequências graves na saúde e


segurança dos indivíduos, se os mesmos não tiverem cuidados especiais quando estão a manipular e/ou
transportar cargas. Aliás, esta tem sido uma das mais frequentes causas de acidentes e de doenças profissionais.
Daí que, é um problema que merece grande atenção.

É do conhecimento geral que o levantamento e o transporte manual de cargas devem ser evitados e realizados por
equipamentos mecânicos. Se isso não for possível, várias pessoas devem trabalhar em conjunto, sendo importante
que todas elas utilizem os métodos correctos de levantamento.

A penosidade das tarefas de manipulação de cargas está dependente de vários factores, como:
• O peso da carga;
• O volume e forma da carga;
• A existência ou não de pegas;
• A localização da carga;
• A postura adoptada;
• A técnica de manipulação adoptada;
• A frequência de ocorrência;
• O tempo dedicado a esta tarefa;
• As condições fisiológicas do(s) operador(es).

Relativamente à manipulação de cargas, as situações de trabalho podem ser classificadas em dois tipos:

Manipulação Esporádica, quando está relacionado com a capacidade muscular dos indivíduos para manipular e
levantar as cargas.

Manipulação Repetitiva, relacionada com três factores:

• a duração do trabalho;
• a capacidade energética do trabalhador;
• a fadiga física.

Qualquer que seja o tipo de manipulação, o levantamento correcto de cargas de obedecer ao seguinte:

• utilização da musculatura das pernas e não da coluna;


• ombros para trás e costas direitas;
• carga mantida o mais próximo possível do corpo;
• pés separados e peso do corpo correctamente distribuído;
• joelhos flectidos;
• pescoço e costas alinhadas;
• pernas distendendo-se lentamente;
• manutenção da carga simétrica, apoiada nas duas mãos;
• carga a, aproximadamente, 40-50 cm acima do chão;
• remoção de todos os obstáculos que possam atrapalhar os movimentos, antes de levantar um peso.

Um outro aspecto importante a considerar, é o transporte de uma carga de um local para outro:

• durante o transporte do peso, a coluna vertebral deve ser mantida na vertical;


• devem-se manter os pesos próximos do corpo;

• as cargas assimétricas devem ser evitadas, pois exigem um esforço adicional da musculatura dorsal para
manter o equilíbrio (usar cargas simétricas);

• quando a carga apresenta uma forma longa, esta deve ser transportada na vertical.

Quando a carga a transportar é volumosa ou pesada, deverão ser solicitados os dois membros superiores, dando-
se atenção aos seguintes aspectos:

• a carga deve ser mantida à altura da cintura;


• os braços devem ser conservados estendidos: o transporte da carga com os braços flectidos, aumenta a
carga estática dos músculos;
• sempre que possível, deve ser mantida uma simetria de cargas, com os dois braços carregando,
aproximadamente, o mesmo peso. No caso de cargas grandes, compridas e desajeitadas, devem ser usados
dois carregadores para facilitar essa simetria;

• o corpo deve estar ligeiramente inclinado para trás, de modo a que o centro de gravidade da carga se
aproxime da linha vertical do corpo;
• de acordo com a altura da superfície onde irão ser colocados os objectos transportados, assim se flectem
mais ou menos os joelhos e nunca a coluna.

No caso de se tratar de transportar uma carga tipo fardo, então deve-se:

• colocar o mais perto possível do lado anterior ou posterior do tronco, e se possível utilizar alças ou correias,
que distribuam o peso entre os ombros e a pélvis;
• sem dispositivos de ajuda, recomenda-se que segure a carga com os braços na linha média;
• o levantamento deste tipo de carga deve ser feito com a flexão dos joelhos, elevando-a até um dos ombros e
segurando-a com ambas as mãos.

Existem outras formas de transporte, como o puxar e o empurrar. As consequências ao nível da coluna vertebral,
serão diferenciadas para cada uma destas situações:

• é sempre melhor empurrar ou puxar qualquer objecto, quando este desliza sobre o chão, ajudado por
rodas;quando se utilizam carros de transporte pequenos, a sobrecarga para a coluna lombar é menor a
empurrar do que a puxar;
• em geral, quando se puxa, adopta-se uma postura assimétrica e em rotação, o se traduz em perigo para a
coluna;
• para mover um objecto grande e pesado, é melhor empurrá-lo com os pés separados, um adiantado em
relação ao outro, mantendo-se firme contra o chão, devendo contrair activamente os abdominais,
aproveitando o próprio peso do corpo para a frente, como força adicional;

• o puxar, especialmente às sacudidelas, é muito perigoso pela grande sobrecarga lombar que origina.

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Problemas por Movimentos Repetitivos

Actualmente, existem formas de organização do trabalho, particularmente, na indústria, que determinam a execução
de tarefas repetitivas e de elevadas exigências de precisão.

Este tipo de tarefas impõe, por um lado, a realização de gestos, que, analisados isoladamente, não representam um
esforço importante, mas a sua repetitividade ao longo do período de trabalho, confere-lhe uma carga elevada.

A repetitividade é, aliás, uma característica do trabalho em cadeia.

O trabalho em cadeia, constitui uma forma de organização do trabalho, na qual a produção é repartida por um
conjunto de postos, cada um ocupado por um operador. As correspondentes tarefas são distribuídas em função da
sua duração, que é determinada a partir da decomposição do conjunto de gestos inerentes às diferentes operações.

As consequências deste tipo de tarefas, estão bem patentes na frequência de perturbações músculo-
esqueléticas, ao nível do canal cárpico.

Estas perturbações resultam, geralmente, de um desequilíbrio entre as solicitações biomecânicas e as


capacidades individuais, existindo um nível próprio de cada indivíduo.

Existem, no entanto, diversos factores que podem influenciar o risco de desenvolver estas patologias, numa relação
directa com a duração da exposição e o número de factores acumulados. Estes factores podem intervir directa ou
indirectamente no desenvolvimento das perturbações músculo-esqueléticas.

São factores directos:


• a actividade gestual no trabalho, particularmente, se existirem solicitações de força excessiva, se as
diferentes operações implicarem posições articulares extremas e se houver repetitividade;
• o estado de saúde;
• a idade;
• o sexo;
• os factores relativos ao património genético.

Os factores indirectos no desenvolvimento das perturbações músculo-esqueléticas, são:

• a percepção subjectiva do operador, relativamente à Ergonomia, ao envolvimento do posto e à


organização do trabalho;
• o stress;
• a insatisfação profissional;
• a percepção negativa do trabalho.

A identificação destes factores de risco e, em particular, das suas causas, é essencial à sua eliminação, sem a qual
não poderá ser equacionada qualquer solução para transformação do trabalho.

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Ergonomia e Novas Tecnologias

A introdução das Novas Tecnologias Informatizadas (NTI) nas unidades produtivas, permite:

• reduzir o tempo de trabalho, com a incorporação das novas tecnologias informatizadas, em cada unidade de
produção;
• racionalizar e optimizar os processos de trabalho;
• reduzir os custos de produção;
• integrar as distintas áreas funcionais da empresa;
• flexibilizar a produção, de modo a permitir uma adequação rápida e constante às exigências do mercado;
• incrementar a produtividade no trabalho;
• controlar os processos de trabalho.

Estes são exemplos habituais do que as Novas Tecnologias Informatizadas proporcionam no mundo do trabalho
actual. Por tudo isto, as diversas modalidades de automatização disponíveis na micro-informática, constituem hoje,
uma ferramenta insubstituível na modernização do mundo laboral.

Há que levar em consideração que a implementação das NTI no mundo do trabalho vai implicar inquestionavelmente
outras inovações de carácter organizacional, tanto ao nível do próprio posto de trabalho, como ao nível da
organização de todo o processo produtivo e da gestão de recursos humanos.

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Evolução das Novas Tecnologias

As NTI podem ser agrupadas de diversas formas, de acordo com o sector em que se inserem no sistema produtivo:

• a Robótica, que designa o conjunto de técnicas que permitem a concepção de dispositivos destinados a
substituir o homem em funções motoras, sensoriais e intelectuais;
• a Burótica ou Automatização de Escritórios, que se define como a aplicação da informática no trabalho de
escritório com o objectivo de tratar as mensagens formais e os textos de uma forma automatizada;
• os Sistemas Informatizados, que integram tarefas administrativas e directamente produtivas, como por
exemplo os sistemas CAD (computer aided design – desenho assistido por computador) / CAM (computer
aided manufacturing – fabricação assistida por computador).
O "símbolo" das NTI é, sem dúvida, o computador. Este é uma máquina electrónica programada para processar
informação digital.

Pode-se dizer, que o computador prolonga o cérebro humano, no que se refere ao raciocínio lógico, e que o
completa, pela sua grande velocidade de tratamento da informação, traduzindo-se pela possibilidade de poder
realizar milhões de operações por segundo, e pela extraordinária capacidade da sua potente memória, poder
armazenar e restituir informação de uma forma rápida e eficaz.

Vive-se numa sociedade informatizada e em constante evolução tecnológica, com reflexos nos hábitos das
pessoas, na sua forma de viver, de trabalhar e de relacionamento com os outros.

É a era da Informática que exige um contínuo esforço de adaptação à nova realidade. Há que aproveitar as
vantagens da informática nas mais variadas esferas da actividade económica e social (no lar, na empresa, na
escola, na administração pública, etc.), e utilizá-la no progresso da sociedade e na satisfação das necessidades
da população.

A informática é, então, a ciência do tratamento racional, nomeadamente, através de máquinas automáticas e da


informação considerada como suporte de conhecimento e de comunicação, nos domínios técnico, económico e
social.

Resumidamente, define-se informática como sendo um conjunto de técnicas e métodos mediante os quais se
trata a informação, com a ajuda dos meios automáticos.

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Interacções do Homem com as Novas Tecnologias

Não só em situações de lazer, mas principalmente em situação de trabalho, o homem interage com as novas
tecnologias.

São muitas as situações, nas quais o computador, é um meio privilegiado para desenvolver um determinado tipo de
trabalho, mas também são inúmeros os riscos, a que o trabalhador está sujeito, por utilizar um computador
durante longos períodos de tempo.

Por este motivo, faz todo o sentido que a Ergonomia tenha criado um campo de intervenção, na área das NTI e
que se tenha servido delas para intervir em outras áreas.

Assim, distinguem-se três fases de evolução até à mais recente aplicação da Ergonomia ao software:

Fase 1)

na sua origem, esta disciplina preocupava-se com:

• a postura do utilizador e o melhoria do equipamento (écrans, teclados, rato, etc.);


• a antropometria dos postos de trabalho informatizado (implantação, dimensões do posto, cadeiras, etc.);
• o envolvimento (iluminação, disposição, cor, etc.);
• a organização do trabalho (tarefas, circuitos de informação, horários, formação de pessoal).

Estes domínios são os mais conhecidos do grande público e os resultados são ainda correntemente integrados na
concepção de equipamento profissional (equipamento e material de escritório, computador, etc.).

Fase 2)

de seguida, a Ergonomia interessou-se:

• pela disposição espacial de toda a informação no écran;


• pelas cores;
• pela sua fixação;
• pela análise de melhores condições de iluminação e de contraste, etc.
Esta segunda fase não é, no fundo, mais do que a aplicação particular da investigação aos écrans dos computadores,
para um melhor conforto fisiológico.

A passagem do equipamento para o software, isto é da 1ª para a 2ª fase, carrega, nada mais, do que a semente do
fundamento da Ergonomia moderna. Pois esta mudança coloca o problema da qualidade da interacção Homem-
Computador, um termo cuja origem remonta somente a duas décadas atrás.

A imagem da Ergonomia, para os informáticos, está ainda ligada a essa época, mas o problema da apresentação da
informação no écran não é mais a questão essencial.

Fase 3)

a terceira fase da Ergonomia resulta da experiência adquirida através dos estudos da interacção Homem-
Computador, que fizeram surgir dois pontos fundamentais:

• a aparência dos écrans modifica pouco a natureza dos problemas, pois as principais dificuldades do utilizador
têm origem na estrutura interna do software;
• a efectiva melhoria das qualidades ergonómicas do software, requer uma tomada de consciência, desde as
primeiras fases de concepção do equipamento, do funcionamento intelectual das pessoas e dos hábitos de
trabalho.

Assim, a melhoria da interacção do "diálogo" entre o Homem e a máquina (o computador) impõe um melhor
conhecimento dos processos cognitivos do trabalhador e dos seus modos operatórios aquando na realização do
trabalho, ou seja, a sua actividade propriamente dita.

Entretanto a Ergonomia conserva uma abordagem global e pluridisciplinar, que se debruça no estudo dos mais
variados aspectos, relativos à introdução da informática no mundo laboral, tais como:

• elaboração da organização dos processos de trabalho;


• adaptação das funcionalidades da ferramenta às necessidades reais do utilizador;
• adaptação do diálogo Homem-Computador às características individuais dos utilizadores;
• concepção, especificação e realização do software;
• redacção de documentos e de manuais destinados ao utilizador ou às equipas de manutenção;
• organização dos diferentes postos de trabalho adaptado às tarefas específicas de cada utilizador.

Uma intervenção ergonómica, seja ela ou não, numa situação de trabalho informatizado, permite evidenciar e
considerar as dificuldades ou exigências dos utilizadores.

As proposições são formuladas e as soluções aplicadas. Os resultados práticos de tal procedimento são a
melhoria das condições de trabalho e, simultaneamente, o ganho de qualidade e eficácia, reduzindo os custos do
funcionamento.

A Ergonomia é uma resposta adaptada aos problemas específicos do terreno e não, a aplicação
estandardizada de receitas pré-estabelecidas.

Consequentemente, dizer que determinado utensílio ou processo é ergonómico, não é suficiente. Para avaliar tal
qualidade, é necessário avaliar esse utensílio / processo, em função de quem o vai utilizar e com que objectivo.

É de salientar que adaptar o trabalho ao homem, representa uma outra forma de conceber / corrigir uma
determinada situação de trabalho.

Ao servir-se do conhecimento sobre o funcionamento humano e dos métodos que melhor permitem aprender a
realidade das situações de trabalho, a Ergonomia pode contribuir para a evolução dos métodos de análise de
todo o processo de informatização.

As principais componentes a serem analisadas num sistema caracterizado por um processo de informatização ou
pelo estudo de determinada situação individual de trabalho informatizado, deve incluir sempre os subsistemas:
O estudo da interacção entre as várias componentes ou subsistemas de uma situação de trabalho, mostra uma
abordagem global dos problemas. Assim, cada situação de trabalho representa uma união às múltiplas dimensões
de uma empresa.

Os domínios de aplicação da Ergonomia dividem-se em áreas, nos diferentes contextos do trabalho informatizado.

Podem-se, então, classificar em quatro, as grandes áreas de aplicação da Ergonomia informática ou Ergonomia
do trabalho informatizado, de acordo com o âmbito de estudo específico de cada uma. São elas:

• a Ergonomia dos materiais e dos postos de trabalho;


• a Ergonomia da programação;
• a Ergonomia dos processos de informatização;
• a Ergonomia do software.

Passemos, de seguida, a caracterizar cada uma destas áreas.

• ERGONOMIA DOS MATERIAIS E DOS POSTOS DE TRABALHO

Está centrada, essencialmente, nos equipamentos que constituem o posto de trabalho informatizado e áreas que
lhe são adjacentes, nomeadamente, ao nível:

• dos periféricos (monitor, teclado, écran, rato, impressora, etc.);


• de todo o meio de trabalho (iluminação, ruído, temperatura, etc.);
• do layout (disposição física de todo o equipamento de trabalho).

Foi, e ainda é, a este nível que se situam os estudos mais vastos e em maior número, assim como, a maioria dos
pedidos de intervenção ergonómica, dado que é também a este nível que surgem as queixas mais facilmente
perceptíveis.

• ERGONOMIA DA PROGRAMAÇÃO

Esta área da Ergonomia centra-se ao nível da construção de novos programas e da manutenção informática,
no que diz respeito às linguagens de programação e à sua inteligibilidade, ou seja, propõe a facilitação da escrita e da
leitura de programas, conduzindo a uma utilização posterior, igualmente facilitada.

• ERGONOMIA DOS PROCESSOS DE INFORMATIZAÇÃO

Está centrada no processo de informatização de serviços, cujo objectivo principal consiste, não apenas em
informatizar mas, em distinguir o que deve efectivamente ser informatizado, visando uma melhor eficácia das futuras
instalações. Tenta salvaguardar, na medida do possível, todos os aspectos positivos dos hábitos dos trabalhadores
que estes desejem conservar.

• ERGONOMIA DO SOFTWARE

Está centrada nos utilizadores dos sistemas informáticos e na adequação do software às necessidades das
tarefas e simultaneamente, às capacidades do utilizador. Os problemas são inúmeros e crescentes, dada a
especificidade das tarefas. Estes colocam-se, essencialmente, a dois níveis:

• visualização do écran, no que se refere à formatação da imagem, à codificação, à estruturação dos campos,
à escolha do vocabulário e às abreviações mais significativas;
• linguagens de comando, relativamente à estrutura dos diálogos e à sintaxe da linguagem.

A linguagem de software tem por objectivo, facilitar os processos cognitivos de percepção e tratamento de
informação por meio de um diálogo mais intuitivo, entre o Homem e o computador.
O diálogo entre o Homem e o computador, tem o objectivo de mascarar o funcionamento técnico do software para
libertar o trabalhador dos problemas ligados à manipulação do utensílio.

O seu papel é de facilitar a comunicação entre os dois sistemas que assentam em modelos diferentes:

• O Homem é vivo, criativo, "adaptável", raciocina por analogia em associação de ideias e constrói os seus
modelos mentais, no decurso da sua actividade.
• O computador é algorítmico, sequencial e a sua programação é fixa.

Estes dois mundos são estranhos um ao outro e o interface deve servir de interprete para facilitar as trocas de
informação entre dois sistemas.

Do ponto de vista ergonómico, a vocação principal do diálogo é, portanto, a adaptação a todos os casos, para tornar
simples o manuseamento do utensílio informático.

Muitos conceptores de sistemas de software, acabam por perceber que o sistema que estão a criar é algo mais do
que apenas o software, e que o âmbito e o objectivo do sistema é mais vasto do que a funcionalidade proporcionada
pelo software.

Esta é, apenas, uma componente de um amplo sistema e fornece uma parte da funcionalidade pretendida. Este
amplo sistema inclui, pelo menos, outros utilizadores e outros sistemas de software.

http://www.ruijose.com/pt/ergonomia.html#Introdução

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