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Agro 354 / 01

AVAPInt – APICULTURA, VARROOSE, AMBIENTE E PROTECÇÃO INTEGRADA

CONVIVER COM A VARROA EM PORTUGAL

- Um contributo para a adopção de boas práticas apícolas de convivência com a varroa -

Universidade de Évora
A n t ó n i o M ur i l h a s e Jo ã o C a s a ca
Índice de conteúdos

Introdução 1 Conviver com a varroa 17

Monitorizando e vigiando 17
Deveres dos apicultores 2 Objectivos do controlo 17

Tipos de luta 17
A varroa 3 Métodos biotecnológicos 18
Tratamentos químicos 19
Ciclo de vida 3
Varroacidas fortes , varroacidas fracos 20
Esperança de vida 4 Varroacidas homologados 20
Tratamentos alternativos 20
Como se dissemina 4
Varroacidas utilizados na União Europeia 22
Sintomas que apresenta 4
Aplicação de tratamentos 23
Efeitos sobre as abelhas 4

Associação com vírus e com micose 5 Redução da pressão de reinfestação 23

Efeitos sobre as colónias 5 Resíduos de tratamentos 23

Sinais de morte eminente de colónias 5 O ‘último recurso’ 24

Mecanismos de reinfestação 6 Populações resistentes 24


Estaremos a seleccionar varroas resistentes? 24
Dificuldades de detecção 6
Como atrasar o aparecimento de resistências? 25
Como procurar activamente 6 Avaliação de resistências: o teste de ‘Beltsville‘ 25

Impacto da varroose 11 A protecção integrada e a varroose 27

Mortalidade de colónias 11 Protecção integrada: um modo de contar a história 27

População de varroas nas colónias 11 Protecção integrada na luta contra a varroa 27

Taxas de mortalidade de varroas 13 Benefícios da protecção integrada 28

Impacto sobre as colónias 14 Esquemas de protecção integrada 29

Impacto sobre a produção de mel 16 Opções para um esquema de protecção integrada 29

Pontos chave para a convivência com a varroa 30

Informação útil 31
Legislação 31

Endereços 32
Índice de figuras

Figura 1. Varroa fêmea (adulta) 3

Figura 2. Varroa macho (adulto) 4

Figura 3. Varroas sobre larvas 4

Figura 4. Varroas sobre obreiras adultas 4

Figura 5. Obreira com varroas e asas deformadas 5

Figura 6.Criação afectada pela varroose 5

Figura 7. Introdução de Apistan para procura de varroas 10

Figura 8. Tabuleiro usado para a recolha de varroas 10

Figura 9. Varroas caídas sobre os tabuleiros 10

Figura 10. Colheita de amostras de criação de obreira 10

Figura 11. Colheita de amostras de abelhas 10

Figura 12. Procurando varroas na criação de zângão 10

Figura 13. Evolução do número de colónias que sobreviveram à varroose no Alentejo 12

Figura 14. Evolução da distribuição de varroas em colónias mantidas no Alentejo 12

Figura 15. Evolução das taxas diárias de queda de varroas em colónias mantidas no Alentejo 14

Figura 16. Evolução da população de abelhas adultas em colónias mantidas no Alentejo 15

Figura 17. Evolução da quantidade de criação operculada em colónias mantidas no Alentejo 15

Figura 18. Evolução da quantidade de mel operculado armazenado em colónias mantidas no Alentejo 16

Figura 19. Tabuleiro de recolha de varroas, sendo retirado de uma colónia em monitorização 17

Figura 20. Criação de zângão, usada na atracção e posterior remoção de varroas da colónia 19

Figura 21. Aplicação de ácido fórmico em ‘bolachas’ Mitegone 21

Figura 22. Aplicação de ácido oxálico 21

Figura 23. Aplicação de timol, através de 2 produtos comerciais (Apiguard e Thymovar) 21

Figura 24. Desenvolvimento induzido de resistência ao varroacida X 24

Figura 25. Materiais e utensílios requeridos para a realização do teste de Beltsville 26

Figura 26. Recipiente (‘kit’) usado em testes de campo para avaliação de resistências ao Apistan 26

Figura 27. Caixa de transporte de ‘kits’ NBU usada na realização de testes de campo para avaliação
de resistências ao Apistan e ao Apivar em Portugal 26
Conviver com a varroa em Portugal 2004

Capítulo

Introdução
A varroose é uma doença das abelhas (Apis
mellifera L.), causada pelo ácaro Varroa
destructor (varroa). Este parasita é actualmente
considerado como o maior estrangulamento à
actividade apícola em quase todo o mundo,
causando elevada mortandade de colónias ou,
pelo menos, graves prejuízos económicos.

A informação constante neste documento


pretende alertá-lo para a importância actual da
varroa na economia das explorações e na
viabilidade da actividade apícola em Portugal.
Tentaremos mostrar como se desenvolvem as
populações de varroa em Portugal
continental, e como interferem com o normal
desenvolvimento das colónias. Procuraremos
informá-lo acerca dos principais métodos de
combate à doença que melhor se poderão
adaptar ao contexto apícola nacional,
considerando simultaneamente ‘métodos
convencionais’ (que recorrem à utilização de
acaricidas sintéticos) e ‘novos métodos
alternativos’ (que beneficiam da utilização de
substâncias naturalmente presentes nas
colónias, ou da manipulação destas). Por fim,
tentaremos sensibilizá-lo para a conveniência
em praticar, na sua exploração apícola, um
esquema de controlo da varroose sustentado
em várias práticas, diferentes tipos de
‘medicamentos’, e algumas manipulações
passíveis de serem efectuadas em colónias
infestadas com varroa.

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Capítulo

Deveres dos apicultores


Uma necessidade e um imperativo de ética

A varroose é uma doença impossível de  se consigam sincronizar a maioria dos


erradicar no actual estado do conhecimento tratamentos aplicados numa dada época e
humano. Se o apicultor poderá aspirar a ter região, obviamente sem prejuízo para a
alguma certeza no âmbito da sua actividade aplicação de tratamentos isolados de
apícola, essa será a de que, mais tarde ou mais emergência
cedo, terá de aplicar medidas para reduzir as
populações de varroas hospedadas nas suas  se decida, pelo menos a nível regional,
colónias. Acresce que o deverá fazer por um esquema efectivo de alternância de
garantindo simultaneamente aspectos de ética princípios activos que reduza a frequência
e segurança animal, humana e ambiental. com que surgem populações de varroas
resistentes a esses mesmos princípios
Esta luta contra a varroa será mais fácil de
manter se nos conseguirmos organizar  se adopte a prática de avaliação dos
colectivamente, afastando-nos das medidas resultados concretos obtidos com cada
predominantemente ‘individuais’ que temos medida de luta contra a varroa
privilegiado. Medidas de combate adoptadas  se estabeleçam maiores trocas de
individualmente em determinado período são informação entre apicultores, e entre estes e
frequentemente comprometidas pela os serviços oficiais com responsabilidade
ausência/insuficiência de semelhantes acções nesta área
tomadas por outros apicultores. Por exemplo,
um tratamento eficaz aplicado pelo apicultor A prática destas medidas permitiria enormes
A poderá ser rapidamente ‘desperdiçado’ face impactos positivos sobre as economias das
a elevadas taxas de reinfestação com varroas explorações e a ética da produção. As muitas
originárias de colónias do apicultor B, que preocupações sobre temas dominantes da
não tratou na mesma altura (ou fê-lo actualidade [como, por exemplo, o impacto
ineficazmente) as suas colónias. das quantidades e tipos de acaricidas usados
pela globalidade dos apicultores na economia
Importa assim, para o ‘bem comum’, que os das explorações apícolas, na saúde e bem-
apicultores se esforcem no sentido de se estar das suas colónias, na qualidade e
criarem condições para que, por exemplo: segurança dos produtos que estas originam,
ou na poluição ambiental que a apicultura
 se conheçam genericamente as também ironicamente poderá gerar] seriam
populações de varroa existentes nas colónias certamente reduzidas.
dos seus apiários, e nas dos apiários da sua
região

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Capítulo

A varroa
Neste capítulo serão abordadas matérias movimenta entre as abelhas e se dissemina
relacionadas com a varroa, enquanto ser vivo entre as colónias. Os principais sinais de
individual, descrevendo e caracterizando o infestação com varroa, visíveis nas abelhas e
seu ciclo de vida e a forma como se nas colónias, serão também apresentados.

Nome científico Varroa destructor (antes designada por Varroa jacobsoni)

Hospedeiro Abelha europeia (Apis mellifera L.), nas suas várias subespécies

Insuficiência dos mecanismos naturais de defesa da abelha


Principal problema europeia. As colónias infestadas não (ou mal) tratadas pelo
Homem acabam por morrer, vítimas (in)directas do ácaro
Nome da infestação Varroose

Identificação em Portugal Comprovadamente identificada em 1986

Estatuto mundial Presente em todos os continentes


Endémica em Portugal continental (presente em praticamente
Estatuto nacional
todos os apiários)

Ciclodevida
A varroa é um parasita externo que vive ovos. Estes originarão ácaros que acasalarão
exclusivamente em abelhas, alimentando-se (irmão com irmãs), durante o período de
da sua hemolinfa (‘sangue’). As varroas operculação, dentro do alvéolo.
fêmeas adultas têm forma achatada e cor
castanho - avermelhada, com corpos de
forma oval de aproximadamente 1.6 x 1.1
mm. Para se reproduzir, a fêmea adulta
penetra numa célula de criação (antes de esta
começar a ser operculada), aí permanecendo
até ao final do período de operculação.
Durante este período, alimenta-se da
hemolinfa da abelha imatura (pré-
pupa/pupa), sobre ela iniciando a postura de Figura 1. Varroa fêmea (adulta)

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colónias não apresentam criação, poderão


viver durante muito mais tempo. Contudo,
isoladas das abelhas, não sobreviverão além
de poucos dias.

Comosedissemina
A varroa depende das abelhas adultas para se
Figura 2. Varroa macho (adulto) deslocar entre colónias, através dos
fenómenos naturais de enxameação, e/ou de
As fêmeas adultas abandonam a célula
pilhagem, e/ou de deriva, e/ou ‘livre-trânsito’
quando a abelha nasce, enquanto os ácaros
de zângões.
machos e as fêmeas imaturas morrerão pouco
tempo depois. Quando estamos perante
colónias muito infestadas, duas ou mais
fêmeas adultas podem entrar em cada uma
das células de criação para procriar. Neste
caso, os acasalamentos entre ácaros poderão
não envolver irmãos.

Figura 4. Varroas sobre obreiras adultas

Contudo, os apicultores muito têm também


ajudado a espalhar a varroa, ao mover
colónias infestadas de um local para outro,
muitas vezes percorrendo longas distâncias.

Sintomasqueapresenta
Quando o número de ácaros é baixo, não há
Figura 3. Varroas sobre larvas
nenhum efeito óbvio na colónia, e a
Os ácaros preferem reproduzir-se na criação infestação é muitas vezes imperceptível.
Contudo, nas colónias muito infestadas,
de zângão, apesar de estarem perfeitamente
adaptados à reprodução na criação de obreira podem-se observar grandes alterações aos
níveis da população adulta e da criação. As
das abelhas europeias. Durante o Inverno,
período em que a rainha diminui (ou pára) a populações de varroa aumentarão nos
apiários mal conduzidos, até atingirem níveis
postura, as varroas encontram-se sobretudo
(ou apenas) nos corpos das abelhas adultas, que as colónias não conseguem tolerar. Estas
começam então a apresentar sinais de perca
até ao reinicio da postura. Nalgumas regiões
de Portugal continental, a rainha poderá da sua organização social, acabando por
‘abandonar’ a colónia (acelerando o seu
também parar temporariamente a postura no
pico do Verão. colapso).

Esperançadevida Efeitossobreasabelhas
As abelhas muito infestadas com varroa são
Durante o Verão, as fêmeas de varroa podem
viver por um período de 2 a 3 meses. No danificadas durante o seu desenvolvimento.
Os efeitos mais prejudiciais incluem a
Inverno, ou durante os períodos em que as
diminuição da esperança de vida, a perda de

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peso, deformidades nas asas e nas patas, e, Associaçãocomvírusecommicose


possivelmente, a redução das resistências Nas colónias muito infestadas com varroa, alguns
naturais às infecções. vírus (normalmente considerados inofensivos, ou
cujos efeitos não se fazem facilmente notar),
provocam estragos consideráveis. Actualmente
pensa-se que muitos dos danos provocados pela
varroose podem resultar destas viroses, mais do
que dos danos directamente causados pela varroa
através da espoliação efectuada sobre parte
considerável dos indivíduos das colónias.

Convém referir que não existe tratamento


específico para os vírus das abelhas, mas sabemos
Figura 5. Obreira com varroas e asas deformadas que na ausência da varroa, normalmente não são
causadores de grandes prejuízos económicos.
Assim, se o apicultor tiver o cuidado de fazer
Efeitossobreascolónias tratamentos eficazes contra a varroa, não deverá
Regra geral, as colónias muito infestadas sofrer grandes prejuízos devidos a viroses nas suas
podem não mostrar sinais óbvios de colónias.
infestação até final do verão, podendo
inclusive obter-se ‘boas’ produções. Contudo, Em Portugal, a varroose favorece também o
um olhar mais atento mostrará ácaros nas desenvolvimento de muitas micoses em colónias
abelhas adultas e uma grande infestação na infestadas, o que contribui para acelerar o colapso
criação de obreira e de zângão (se existente), dessas colónias.
muitas vezes com mais de uma varroa por
célula. As infestações mais graves dificultam
consideravelmente a substituição das abelhas
mais velhas, por outras mais novas. O colapso Sinaisdemorteeminentede
de colónias pode ocorrer rapidamente colónias
(frequentemente num intervalo de 2 a 4 Nalgumas colónias bastante infestadas com
semanas), podendo surpreender alguns varroa, o apicultor poderá cruzar-se com
apicultores menos experientes. Muitas das sinais evidentes de entrada na fase de colapso.
colónias morrem durante o Outono, Sendo eminente a sua morte, estas colónias
enquanto outras sucumbirão durante o apresentam alguns sintomas típicos desta
Inverno. situação, nomeadamente:

 um decréscimo muito acentuado (anormal,


para a altura do ano) na população de abelhas
adultas

 uma relação anormalmente pequena entre


o número de abelhas e a área ocupada com
criação

 muitas abelhas com asas e/ou abdómens


deformados
Figura 6.Criação afectada pela varroose
 a presença de numerosas varroas nas
abelhas sobreviventes e nas células de criação

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 a observação de muitas anomalias na Dificuldadesdedetecção


criação [pupas desoperculadas, criação muito As varroas passam normalmente
salpicada, pedaços de criação negligenciada ou despercebidas ao olhar dos apicultores menos
morta (não retirada pelas abelhas), etc.] experientes, até ao ponto de provocarem
infestações muito graves nas colónias. Por
Mecanismosdereinfestação esta razão, devem-se inspeccionar
A passagem, através das abelhas adultas, de regularmente as colónias à procura de varroas.
varroas hospedadas em colónias muito Mesmo quando não se observam varroas
infestadas (ou à beira da morte) para outras sobre as abelhas adultas, poderão existir na
colónias, é uma das formas mais comuns de colónia centenas a milhares delas ‘escondidas’
disseminação da varroose. Esta ‘contaminação na criação operculada. À medida que a
natural’ pode-se dar em qualquer altura do quantidade de criação vier a diminuir na
ano. colónia, será então cada vez maior a
probabilidade de observar varroas sobre as
Frequentemente, os fenómenos de pilhagem abelhas adultas. Infelizmente, a facilidade de
(assalto às reservas de mel de outras colónias) observação de varroas sobre as abelhas surge
ocorrem entre colónias do mesmo apiário, associada ao início do colapso das colónias,
aproveitando-se as colónias mais fortes do que é um processo frequentemente
mel das colónias mais enfraquecidas. As irreversível. Nesta situação, o resultado final
varroas das colónias pilhadas acompanham as tenderá a ser a perda das colónias (mesmo
obreiras invasoras e instalam-se em colónias que venham a ser tratadas com varroacidas
vizinhas, aumentando o número de varroas eficazes), como consequência de infecções
nas colónias pilhantes. secundárias.

Em áreas de grande densidade de colónias, e Comoprocuraractivamente


com focos importantes de varroose, a taxa de Existem vários tipos de métodos que poderão
reinfestação com varroa pode ser muito auxiliar o apicultor a ter uma noção do nível
elevada, pelo que as populações de ácaros de infestação com varroa das suas colónias.
podem crescer de forma preocupante durante Os mais frequentemente usados beneficiam
determinados períodos do ano, mesmo em do uso de produtos homologados para a luta
colónias recentemente tratadas (podendo contra a varroose, da avaliação dos níveis de
inclusive nelas provocar estragos e prejuízos infestação em abelhas adultas e/ou criação
elevados). Por exemplo, no Alentejo são operculada, da preferência da varroa pela
frequentes grandes picos de reinfestação (não criação de zângão, ou do número de varroas
raramente até 40 varroas por dia e por que morrem ‘naturalmente’ nas colónias.
colónia) durante uma ou duas semanas dos Infelizmente, qualquer um destes métodos
meses de Dezembro/Janeiro. deve ser usado em várias colónias de cada
apiário, de modo a permitir uma avaliação
Também a deriva (‘adopção’, por uma
representativa do estado geral do apiário,
colónia, de obreiras nascidas noutras colónias)
relativamente aos níveis de infestação com
e a ‘livre circulação’ de zângãos entre colónias
varroa. Acresce ainda a impossibilidade
poderão contribuir relevantemente para,
prática de definir valores indicativos genéricos
pouco a pouco, ir aumentando o número de
a partir dos quais as colónias devam ser
varroas importadas por uma dada colónia.
tratadas (estes valores dependem muito do
contexto concreto inerente a cada colónia, o
qual varia com o apicultor, apiário e ano).

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Uso de Apistan/Apivar na procura activa de varroas Prós e contras


muito sensível, capaz de
 Utilize estrados/tabuleiros especiais de recolha de varroa, desenhados
detectar a existência de
para impedir as abelhas de removerem as varroas que venham a cair
poucas varroas nas colónias
 Introduza nas colónias as tiras de medicamento, segundo as indicações do dá uma ideia geral do
fabricante. Retire-as 24 horas depois, procurando nesta altura por varroas nível de infestação, ao
mortas (ou moribundas) que possam existir no estrado/tabuleiro mesmo tempo que poderá
 Se caírem mais de 50 (no inicio da Primavera) ou 250 (no início do verão), ser convertido num
deverá tratar as suas colónias (mesmo se isto significar a impossibilidade tratamento (mantendo as
de as vir a crestar nesse ano, ou de ter de antecipar a cresta) tiras nas colónias, se os
níveis de infestação forem
 Estes medicamento são geralmente muito eficazes e rápidos no modo considerados elevados)
como matam as varroas. Contudo, se tiver populações de varroas
utilização de químicos
resistentes aos princípios activos destes varroacidas, deverá substituí-los
sintéticos, que poderá
por outros igualmente eficazes (por exemplo, o timol), ou por um outro
contribuir para a criação de
método de procura de varroas
resistências

Nível de infestação em criação operculada na procura activa de varroas Prós e contras


 De um quadro com criação operculada, sacuda (para dentro da colmeia) relativamente rápido de
as abelhas que se encontram sobre ele. Seleccione uma área com cerca de efectuar, particularmente se
30 cm2 de criação operculada (preferencialmente de zângão) nos dois as amostras forem colhidas
lados do favo. Tome nota da colmeia de onde foi retirada a amostra no âmbito de inspecções de
rotina efectuadas às
 Com uma faca serrilhada corte, se possível evitando os arames do colónias
quadro, esse pedaço de criação e guarde-o de modo a não se amachucar
durante o transporte fornece indicações
aproximadas do nível de
 Já fora do apiário, calcule (em cm2) e anote a área efectivamente ocupada infestação das colónias,
com criação operculada. Multiplique este valor por 4.2 (caso se trate de sugerindo (ou não) a
criação de obreira), ou 2.9 (caso se trate de criação de zângão), para obter necessidade de as tratar no
o número de células operculadas da sua amostra curto/médio prazo (1 a 3
meses)
 Seguidamente, desopercule a criação (por exemplo, usando uma lâmina),
colocando-a sobre um crivo superior (cuja malha deverá ter cerca de 5 não tem impacto
mm), que deverá, por sua vez, ser previamente colocado sobre um outro significativo sobre o
crivo de malha bastante mais fina (0.5 mm, ou malha maior mas coberta desenvolvimento das
por um pano branco e fino) colónias, se efectuado até 6
vezes ao ano
 Lave bem a criação contida no pedaço de favo com um chuveiro, até
toda ela sair dos alvéolos. Deixe escorrer um pouco e, seguidamente, falível na identificação de
conte o número de varroas adultas (de cor castanho-escuro avermelhado) níveis relativamente baixos
encontradas no crivo inferior de infestação
 O nível aproximado de infestação da sua amostra (em %) será igual a a amostragem deverá ser
cem vezes o resultado do número de varroas adultas encontradas no efectuada em pelo menos
crivo inferior, dividido pelo número de células operculadas da amostra um quarto das colónias de
cada apiário (escolhidas ao
 Valores de infestação superiores a 15 % (na criação de obreira) ou 30 % acaso), de modo a se avaliar
(na criação de zângão) significam a necessidade de aplicar tratamentos o nível médio de infestação
bastante eficazes contra a varroa do apiário com varroa

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Nível de infestação em abelhas adultas na procura activa de varroas Prós e contras


 Encontre a rainha da colónia e certifique-se que não a inclui na amostra fácil de efectuar se as
 De um quadro com criação, recolha entre 100 a 200 abelhas (obreiras amostras forem colhidas no
e/ou zângões) para dentro de um pequeno frasco de boca larga. Tape-o âmbito de inspecções de
imediatamente com uma tampa segura e à prova de ar. Todas as abelhas rotina e as rainhas forem
deverão estar mortas antes de iniciar as análises rapidamente encontradas
pelo apicultor
 Seguidamente, passe-as para um frasco maior (por exemplo, um frasco
para embalar mel), onde deverá inserir cerca de 100 ml de uma solução fornece alguma
de 1 litro de água com uma colher de sopa de detergente da loiça. Tape o informação sobre o nível
frasco e agite-o durante cerca de 1 minuto geral de infestação,
podendo ajudar na decisão
 Verta a solução e todas as abelhas sobre um crivo superior (cuja malha de tratar ou não as colónias
deverá ter cerca de 5 mm), que deverá, por sua vez, ser previamente contra a varroa
colocado sobre um outro crivo de malha bastante mais fina (0.5 mm, ou
malha maior mas coberta por um pano branco e fino) não tem impacto
significativo sobre o
 Certifique-se que não ficam varroas nos frascos (usados na colheita de desenvolvimento das
amostras/lavagem das abelhas) ou, não sendo este o caso, não se esqueça colónias, se efectuado até 6
de as adicionar ao número de varroas que irá contar no ponto seguinte vezes ao ano
 Lave bem as abelhas com um chuveiro, pelo menos durante 1 minuto. pouco fiável na
Deixe escorrer um pouco e conte o número de varroas adultas (de cor identificação de níveis
castanho-escuro avermelhado) encontradas no crivo inferior baixos/médios de
infestação
 Caso tenha encontrado alguma varroa adulta, conte também o número
de abelhas (obreiras e zângões) existentes na amostra a amostragem deverá ser
efectuada em pelo menos
 O nível aproximado de infestação da amostra (em %) será igual a cem um quarto das colónias
vezes o resultado do número de varroas adultas encontradas no crivo (escolhidas ao acaso) de
inferior (eventualmente adicionado ao de varroas retidas nos frascos de cada apiário, de modo a se
colheita/lavagem), dividido pelo número de abelhas da amostra poder avaliar o nível médio
de infestação do apiário
 Valores de infestação superiores a 3 % significam a necessidade de aplicar
com varroa
tratamentos bastante eficazes contra a varroa

Inspecção da criação de zângão na procura activa de varroas Prós e contras


 Seleccione uma região do favo, onde exista criação operculada de zângão rápido e fácil de utilizar
 Com um garfo desoperculador, espete e retire as pupas de zângão pode ser feito durante
inspecções de rotina
 Caso estejam presentes, algumas varroas serão facilmente observadas
sobre a cor pálida das pupas de zângão. Repita este procedimento até dá uma indicação
analisar pelo menos 100 células operculadas com pupas de zângão instantânea do nível de
infestação
 Estime a proporção de pupas que têm varroas sobre si. De uma forma
geral, 5% da criação de zângão afectada representa uma infestação leve. dificilmente poderá
Acima de 30% de pupas infestadas considera-se que a colónia está indicar níveis baixos de
gravemente infestada infestação

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Estimativa do número aproximado de varroas hospedadas numa colónia


1. Número aproximado de varroas alojadas em criação operculada
 Quadro a quadro, avalie e anote a área ocupada com criação de obreira e/ou zângão em cada uma das
suas faces (por exemplo, usando os seguintes índices de ocupação: 0%, 20%, 40%, 60%, 80% ou 100%).
Adicione todas as avaliações parciais (índice de ocupação em cada uma das faces) de modo a obter um
único valor final de ocupação com criação para cada colónia. Caso existam na colónia quadros de meia-
alça ocupados com criação operculada, deverá também considerá-los naquela adição, reduzindo
primeiro a metade a soma dos índices de ocupação dos quadros de meia-alça
 Calcule o número total de células de criação operculada existentes na colónia, multiplicando o valor final
de ocupação com criação por 20 (em colmeias reversível) ou 30 (em colmeias Langstroth)
 Multiplique o número total de células de criação operculada pelo nível aproximado de infestação na
criação operculada de obreira (se a criação de zângão for maioritária na colónia, deverá usar o nível
aproximado de infestação na criação de zângão). Divida o resultado dessa multiplicação por 100, de
modo a ficar com uma noção sobre o número de varroas alojadas na criação operculada da colónia
Exemplo:
Colónia abrigada em colmeia de modelo Langstroth, ocupando bem (isto é, com índice médio de ocupação superior a 70%)
9 quadros de ninho e 4 quadros de meia-alça com abelhas adultas. A colónia apresenta sobretudo criação operculada de
obreira, espalhada por 5 quadros de ninho e 2 quadros de meia-alça. Os níveis aproximados de infestação em abelhas
adultas e em criação operculada de obreira foram calculados em 3% e 15%, respectivamente. A avaliação efectuada sobre
cada uma das faces dos quadros de ninho conduziu aos seguintes índices de ocupação com criação: 20%; 40%; 60%; 60%;
80%; 100%; 80%; 80%; 40%; 40%. A avaliação efectuada sobre cada uma das faces dos quadros de meia-alça
conduziu aos seguintes índices de ocupação com criação: 80%; 100%; 100%; 60%. Neste exemplo,
 o valor final de ocupação com criação desta colónia é de 770 [ou seja, 20 + 40 + 60 + 60 + 80 +
100 + 80 + 80 +40 +40 + (80 + 100 + 100 + 60)/2]
 o número total de células de criação operculada da colónia é de 23100 (ou seja, 770 x 30)
 o número de varroas alojadas na criação da colónia é de 3465 (ou seja 23100 x 15 /100)

2. Número aproximado de varroas alojadas sobre abelhas adultas


 Observe o número de quadros (de ninho e, eventualmente, de meia-alça) bem ocupados com abelhas
(ou seja, índice médio de ocupação com obreiras/zângões superior a 70%)
 Calcule o número total de abelhas existentes no ninho da colónia, multiplicando o número de quadros
de ninho bem ocupados com abelhas por 1500 (em colmeias reversível) ou por 2000 (em colmeias
Langstroth). Calcule o número total de abelhas eventualmente existentes na(s) meia(s)-alça(s) da colónia,
multiplicando por 1000 o número de quadros bem ocupados com abelhas (colmeias Langstroth)
 Adicione o número total de abelhas sobre quadros do ninho ao número total de abelhas sobre quadros
de meia-alça, de modo a ter uma noção sobre o número total de abelhas existentes na colmeia.
Multiplique este valor por 1.4, de modo a ter uma estimativa do número de abelhas existentes na colónia
 Multiplique o número de abelhas existentes na colónia pelo valor do nível aproximado de infestação em
abelhas adultas. Divida o resultado dessa multiplicação por 100, de modo a estimar o número de varroas
existentes sobre a população adulta da colónia
Exemplo (continuação) Neste exemplo,
 o número total de abelhas existentes na colónia é de 30800 {ou seja, [(9 x 2000)+ (4 x 1000)] x 1.4}
 o número de varroas sobre a população adulta da colónia é de 924 (ou seja 30800 x 3 /100)

3. Número aproximado de varroas hospedadas na colónia


 Para ter uma noção do número de varroas hospedadas na colónia, adicione ao número de varroas
alojadas na criação operculada, o número de varroas existentes sobre as abelhas adultas
Exemplo (conclusão) Neste exemplo,
 o número total aproximado de varroas hospedadas na colónia é de 4389 (ou seja, 3465 + 924)

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Monitorização da mortalidade natural das varroas Prós e contras


 Mantenha as colmeias com estrados/tabuleiros de recolha de varroas capaz de detectar a
presença de relativamente
 Quinzenalmente examine os estrados/tabuleiros. Conte as varroas e poucas varroas, sem
converta este resultado numa taxa diária de queda, dividindo-o pelos dias praticamente perturbar as
passados desde a última contagem (ou introdução dos tabuleiros) colónias
 No caso de existir uma grande quantidade de detritos nos implica a utilização de
estrados/tabuleiros, poderá ser difícil a contagem de varroas. Neste caso,
equipamento extra e requer
misture tudo com álcool, num recipiente largo. A maioria das varroas a protecção das colmeias
flutuarão, enquanto as partículas de cera e própolis se afundarão contra o acesso de formigas
(que poderão remover as
 A queda natural de varroas adultas está parcialmente associada ao varroas) aos seus estrados
número de varroas existentes na colónia. Frequentemente, colónias que
não são (eficazmente) tratadas morrem antes do fim da próxima época requer dispêndio extra de
de produção (Agosto/Setembro) se a queda diária de varroas exceder os tempo e maior frequência
seguintes valores: Outubro/Novembro: 3 varroas; Dezembro /Janeiro: de deslocações ao(s)
10 varroas; Fevereiro/Abril: 15 varroas; Maio/Junho: 20 varroas apiário(s)

Figura 7. Introdução de Apistan para procura de varroas Figura 8. Tabuleiro usado para a recolha de varroas

Figura 9. Varroas caídas sobre os tabuleiros Figura 10. Colheita de amostras de criação de obreira

Figura 11. Colheita de amostras de abelhas Figura 12. Procurando varroas na criação de zângão

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Capítulo

Impacto da varroose
Alguns dos resultados obtidos no âmbito da períodos de tempo muito mais dilatados do
investigação efectuada neste projecto que outras). Contudo, todas as colónias em
permitem agora, pela primeira vez, conhecer que, durante este projecto, se deixaram
o padrão quantitativo de crescimento das desenvolver naturalmente as populações de
populações de varroas hospedadas em varroa, vieram a morrer nos primeiros 18
colónias portuguesas, bem como quantificar meses pós-infestação.
alguns dos maiores prejuízos associados à
varroose. Por outro lado, foram também Populaçãodevarroasnascolónias
criadas as condições necessárias para a Na figura 14, representam-se os padrões
implementação de esquemas de protecção médios de crescimento populacional da
integrada, eficazes na luta contra a varroose varroa em colónias nacionais, bem como o
no nosso contexto apícola concreto (tipo de modo como esta tende a distribuir-se entre
clima e flora, subespécie dominante de abelha abelhas adultas, criação de obreira e criação de
utilizada, tipo de maneio praticado zângão.
regionalmente, etc.) e mais respeitadores do O aparente decréscimo que, a partir do mês
ambiente e da segurança alimentar associada de Abril, se observou nas populações médias
aos produtos das colónias. de varroa hospedadas nas colónias não é -
infelizmente para os apicultores - real. Resulta
Mortalidadedecolónias simplesmente da morte das colónias mais
Todos os apicultores experientes reconhecem infestadas, que deixaram assim de contribuir
que a sobrevivência das suas colónias está com elevadas populações de varroa para a
actualmente dependente da aplicação de população média de varroas existentes nas
tratamentos contra a varroa. Todavia, talvez colónias sobreviventes. Deste modo, os
seja surpreendente para alguns que, nas valores apresentados a partir de Abril de 2003
nossas condições, cerca de metade das representam exclusivamente a situação
colónias não tratadas tendam a morrer um observada em colónias que sobreviveram
ano após receberem as primeiras varroas mais tempo à varroose, por hospedarem
(contrariamente a colónias eficazmente menores números de varroas. Se fosse
tratadas contra a varroa, onde a mortalidade possível manter artificialmente vivas as
anual tenderá a ser muito menor). Esta colónias mais infestadas, a população média
situação é ilustrada pelo gráfico da figura 13, de varroas continuaria a crescer, mês após
onde se poderá também observar uma mês... Ainda assim, foram observadas várias
notável variabilidade nos períodos de vida de colónias que hospedavam entre vinte cinco
colónias infestadas com varroa (com mil a trinta mil varroas (nos meses de
semelhantes números iniciais de varroa, Abril/Maio 2003, pouco antes de morrerem).
algumas colónias sobrevivem durante

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Figura 13. Evolução do número de colónias que sobreviveram à varroose no Alentejo

Figura 14. Evolução da distribuição de varroas em colónias mantidas no Alentejo

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Este valor dá uma boa indicação do número aumentos nas taxas médias diárias de
de varroas que podem ser transferidas para mortalidade natural da varroa sucedem (com
outras colónias, a partir do colapso de uma um atraso médio aproximado de um mês) aos
única colónia negligenciada num dado apiário. grandes acréscimos médios de populações de
Uma outra ilação que poderá também ser varroas hospedadas nas colónias.
retirada da análise da figura 14, é a de que Compreende-se deste modo que o
tratamentos efectuados, a colónias com acompanhamento das taxas médias diárias de
criação, durante curtos períodos de tempo mortalidade natural nas colónias de um dado
(uma/duas semanas) tenderão a ser muito apiário possa ser utilizado para avaliar sobre a
pouco eficazes no nosso contexto apícola, necessidade (ou não) de aplicar medidas de
dado o número de varroas sobre as abelhas luta contra a varroa nesse mesmo apiário.
representar, regra geral, apenas uma pequena Colónias onde surjam valores de mortalidade
proporção do numero total de varroas natural superiores a 10 varroas por dia devem
existentes nas colónias. Esta é também a ser tratadas a curto prazo (no máximo, até 2
razão pela qual só se torna relativamente fácil meses).
diagnosticar a varroose pela observação de
varroas sobre as abelhas, quando as colónias No caso de colónias praticamente mantidas
se aproximam rapidamente da fase de livres de varroas pela aplicação permanente de
colapso. Infelizmente, nesta fase, já não varroacidas com elevada eficácia terapêutica, a
existem boas hipóteses de as salvar, mesmo se maioria das poucas varroas que possam
aplicando então métodos muito eficazes de hospedar não sobrevivem por tempo
luta contra a varroa. suficiente para se tornarem reprodutivamente
activas. Neste caso, as taxas diárias médias de
Taxasdemortalidadedevarroas mortalidade reflectem dominantemente o
As varroas que vão morrendo nas colónias número de varroas importadas para dentro da
que parasitam, resultam dos efeitos colónia (por deriva, pilhagem ou ‘livre trânsito
acumulados da eventual aplicação de uma de zângões). Por outras palavras, reflectem a
medida de luta (por exemplo, um varroacida), dimensão dos níveis locais de reinfestação de
de alguns fracos mecanismos de defesa da colónias. Como se poderá deduzir da figura
colónia contra as varroas (por exemplo, 15 (no caso de colónias sem varroa), no Sul
algumas acções bem sucedidas de limpeza do país o principal pico de reinfestação das
mútua entre grupos de obreiras, que poderão colónias com varroa surge durante o mês de
causar danos fatais a algumas varroas), e da Dezembro, com valores médios aproximados
mortalidade natural a que todos os indivíduos de 8 ‘novas varroas’ entradas em cada colónia
de uma qualquer população estão sujeitos. por cada dia que passa (cerca de 250 varroas
num mês, que, reproduzindo-se, originam
No caso de colónias infestadas que não estão rapidamente um ou dois milhares de varroas
sob o efeito de medidas de luta contra a em poucos meses). Em alturas de elevadas
varroa, as taxas diárias médias de mortalidade pressões de reinfestação com varroa, as
da varroa (número médio de varroas que colónias deverão estar tratadas com
morrem por dia nas colónias) tendem a estar varroacidas eficazes e com elevada
relacionadas com o número total de varroas persistência na colónia (5 a 8 semanas) ou,
vivas existentes nessas mesmas colónias alternativamente, deverão estas ser ‘ajudadas’ -
(ainda que também dependentes do número no período de um a dois meses - com
de células de criação operculada que vai medidas eficazes de luta contra a varroa. Esta
nascendo, dia após dia, nas colónias). Esta necessidade resulta de um crescimento, mais
situação foi confirmada pela investigação rápido do que o esperado, das populações de
efectuada neste projecto, onde os maiores varroa, significando que a não observação

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

desses cuidados levará muitos apicultores percentagem de colónias antes da próxima


menos empenhados a perderem uma grande inspecção de rotina que vierem a efectuar.

Figura 15. Evolução das taxas diárias de queda de varroas em colónias mantidas no Alentejo

Impacto sobreascolónias infestadas, não mais recuperando dos


Na sua fase inicial de ‘instalação’ nas colónias, elevados níveis de infestação (que nesta altura
a varroa passa facilmente despercebida, se associam inequivocamente ao conceito de
sendo, nesta fase, muito questionável se se doença).
trata efectivamente de uma doença (uma vez Já quanto ao impacto da varroa sobre a
que não causa sintomas/prejuízos específicos quantidade total de criação operculada de
e significativos às colónias que parasita). obreira (figura 17), é notório o esforço que as
Contudo, e apenas alguns meses depois, os colónias infestadas fazem para tentar
efeitos negativos do crescimento populacional recuperar as respectivas populações adultas
da varroa tornam-se geralmente por demais que, conforme se referiu anteriormente, são
evidentes, nomeadamente ao nível das bastante prejudicadas com o desenvolvimento
populações adultas (obreiras e zângões) das da varroose. Contudo, este ‘mérito’ é apenas
colónias parasitadas. Esta situação é aparente, uma vez que, em termos reais,
claramente revelada pela figura 16, onde se muita da criação operculada existente em
torna óbvio um impacto muito negativo colónias muito infestadas não sobreviverá até
sobre as colónias logo no início da Primavera à fase adulta [sucumbindo a insuficiências
seguinte a se terem infestado com varroa (o alimentares prévias, deficiente regulação dos
que aconteceu durante o verão anterior). Um valores ambientais, ou infecção com outros
ano após se terem infestado, as colónias com microorganismos que se aproveitam do
varroose tendem a apresentar apenas cerca de estado de debilidade de colónias muito
metade da população média de colónias não infestadas com varroa].

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Figura 16. Evolução da população de abelhas adultas em colónias mantidas no Alentejo

O impacto negativo do desenvolvimento das manifesta-se claramente, sobretudo durante a


populações de varroa sobre a criação de principal época de acasalamento de rainhas
zângão que é produzida nas colónias (Abril a Junho, como é patente na figura 17).

Figura 17. Evolução da quantidade de criação operculada em colónias mantidas no Alentejo

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

De facto, a maioria das colónias jovens poderá ser colocado em causa (pela
consideravelmente infestadas com varroa insuficiência de zângões para a cópula, ou
tendem a produzir menos de metade dos pelo menor número de espermatozóides
zângões gerados, em idêntico período, por produzidos por zângões oriundos de colónias
colónias não (ou pouco) infestadas. Como muito infestadas), com acrescidas implicações
consequência, em regiões globalmente muito negativas para a produtividade e/ou
infestadas com varroa, o sucesso final dos sobrevivência de colónias nessas regiões.
voos de acasalamento realizados por rainhas

Impactosobreaproduçãodemel
Dados as severas implicações da varroa sobre ilustrativo, poder-se-á referir que um núcleo
as colónias que as hospedam, não é de produzido este ano, no qual não seja
estranhar que, também ao nível da capacidade eficazmente controlado o desenvolvimento
de armazenamento de mel operculado, as populacional da varroa, virá apenas a produzir
colónias infestadas com varroa venham até metade do mel que, de outro modo,
progressivamente a denotar menores produziria no próximo ano. Pior ainda,
aptidões, comparativamente a colónias não correrá o sério risco de vir a morrer pouco
(ou muito pouco) infestadas, como é antes, ou pouco depois, da época de cresta.
evidenciado na figura 18. A título meramente

Figura 18. Evolução da quantidade de mel operculado armazenado em colónias mantidas no Alentejo

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Capítulo

Conviver com a varroa


Introduzem-se nesta secção algumas de eficazes varroacidas sintéticos, seríamos
situações/conceitos/métodos associados à capazes de erradicar a varroa da generalidade
inevitável convivência com a varroa. dos nossos apiários, rapidamente se
A ‘ilusão inicial’ que sugeria que, com a ajuda desvaneceu. A varroa chegou para ficar...
Monitorizandoevigiando
Ao longo do ano devem-se estimar variar muito entre colónias e apiários. Por
periodicamente as populações de varroas isso, vigiar uma só colónia ou um só apiário
existentes nas colónias, monitorizando desta (caso possua mais do que um) é
forma a evolução da infestação. Esta evoluirá manifestamente insuficiente.
mais rapidamente nuns anos do que noutros,
e certamente mais depressa nuns apiários, do Objectivosdocontrolo
que noutros. O objectivo principal do controle das varroas
é manter as populações de ácaros abaixo de
um nível comprometedor para a
sobrevivência das nossas colónias. Para o
alcançar, não é necessário matar todas as
varroas existentes nas colónias. Contudo,
quantas mais varroas sobreviverem, mais
rápido serão repostas as populações e mais
depressa se atingirão, de novo, níveis de
infestação considerados perigosos e capazes
de provocar estragos graves nas colónias.
Figura 19. Tabuleiro de recolha de varroas, Acresce que, para os apicultores comerciais, é
sendo retirado de uma colónia em monitorização ainda absolutamente relevante manter as
populações de varroa aquém do nível em que
Do mesmo modo, um programa concreto de
começam a surgir impactos negativos
controlo que foi eficaz num ano, poderá não
consideráveis sobre a capacidade produtiva
o ser no seguinte. A vigilância apertada das
das colónias, com repercussões ao nível da
populações de varroas nas colónias indica
economia da exploração apícola.
como a infestação está a evoluir, podendo e
devendo esta informação ser utilizada para
decidir qual a estratégia de tratamento a Tiposdeluta
utilizar numa dada situação concreta. Existem duas grandes classes de métodos de
É aconselhável vigiar (monitorizar) cerca de luta contra a varroa, geralmente designados
20 a 30 % das colónias que tiver em cada por ‘métodos biotecnológicos’ e por
apiário, pois os níveis de infestação podem ‘tratamentos químicos’. Os métodos
biotecnológicos servem-se de técnicas de
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Conviver com a varroa em Portugal 2004

maneio que reduzem as populações de varroa princípios activos com que estão
nas colónias, tirando proveito das impregnadas). É obviamente na classe dos
particularidades do ciclo de vida da varroa tratamentos químicos que se encontram quer
e/ou do comportamento das obreiras. os tratamentos homologados (testados,
Os tratamentos químicos utilizam substâncias aprovados e autorizados pelas entidades
acaricidas para matar as varroas. Estas competentes), quer outros não homologados
substâncias podem ser veiculadas através dos (frequentemente implementados por alguns
alimentos, aplicadas directamente sobre as apicultores, mas sem suficientes garantias de
abelhas (por exemplo, por pulverização, eficácia terapêutica ou de segurança para o
gotejamento, fumigação, evaporação / utilizador, para a colónia, para a qualidade
sublimação), ou transferidas para as abelhas a alimentar dos seus produtos, ou para o
partir de tiras de plástico (ou outras ambiente).
substâncias retardadoras da libertação dos

Vantagensedesvantagens
Vantagens Desvantagens
Métodos não requerem o uso de substâncias geralmente são insuficientes para evitar
biotecnológicos químicas os prejuízos causados pela varroa, se
podem ser combinados/integrados utilizados sozinhos (não integrados num
com as actividades de maneio esquema de protecção integrada)
normalmente baratos a sua aplicação requer muito tempo
são necessários bons conhecimentos de
apicultura e boas técnicas de maneio
uma má utilização pode prejudicar
consideravelmente as colónias
são particularmente eficazes em
infestações de nível baixo/médio
Tratamentos  regra geral, são eficazes e seguros as varroas podem desenvolver níveis
químicos  fáceis de aplicar nas colónias crescentes de resistência
homologados  podem ser utilizados de forma poderão acarretar problemas de
exclusiva (sozinhos, mas de preferência resíduos apícolas, se forem mal utilizados
alternando produtos de diferentes classes tendencialmente caros, em comparação
farmacológicas) com os outros tipos de luta
Tratamentos podem ser bastante eficazes na risco acrescido de introdução de
químicos não eliminação de varroas resíduos nos produtos apícolas
homologados frequentemente muito baratos as varroas podem desenvolver níveis
poderão ser produtos ‘naturais’ acrescidos de resistências
muitas vezes são produtos sintéticos maior risco para o apicultor, para as
usados no combate a pragas, noutras abelhas, para o consumidor de produtos
espécies animais e/ou vegetais apícolas, ou para o ambiente
nalguns casos, a eficácia terapêutica
poderá ser muito variável

Métodosbiotecnológicos
São particularmente indicados para garantem maior sucesso, são os que
apicultores de pequena dimensão que consistem em ‘apanhar’ as varroas dentro da
queiram deixar de utilizar (ou reduzir a criação. Esta, depois de operculada, será
utilização de) tratamentos químicos nas suas retirada da colónia antes do ‘nascimento’ das
colónias. Os métodos que geralmente abelhas, que conduzirá à saída das varroas.
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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Alguns métodos biotecnológicos podem ser obtenha um controlo suficientemente eficaz,


muito eficazes, atrasando consideravelmente pelo que terá que utilizar produtos químicos.
o crescimento da população de varroas, e
reduzindo significativamente a utilização de
químicos por parte dos apicultores. Para a
aplicação de alguns destes métodos é
necessário que os apicultores sejam
experientes, sob pena de não se obterem bons
resultados. Todos os métodos deste tipo
exigem muita disponibilidade da sua parte, e
técnicas de maneio correctas. Se os seus
apiários estiverem muito infestados, estes
métodos não serão suficientes para que Figura 20. Criação de zângão, usada na atracção e
posterior remoção de varroas da colónia
Algunsmétodosbiotecnológicos
Método O que fazer Principais aspectos
Remoção de  No início da Primavera, coloque um ou dois quadros com fácil de utilizar
criação de tiras de cera moldada (cerca de 5 cm de largura) no ninho
zângão (junto aos quadros com criação), permitindo que, a partir não necessita de equipamento
delas, as abelhas construam células de criação de zângão. próprio
Alternativamente poderá usar também cera moldada
estampada com células de zângão. não utiliza químicos
 Quando a maior parte da criação de zângão estiver
operculada, separe-a do resto do quadro (antes da eclosão bem tolerado pela colónia
dos zângãos) e destrua-a. O quadro pode ser imediatamente
consome algum tempo e poderá
reutilizado na colónia para outra fase de atracção e remoção
implicar muito esforço
de varroas em criação de zângão.
 Repita este processo várias vezes durante a Primavera útil, mas de eficácia limitada.
(época de maior postura e de ocorrência natural de Ajuda a atrasar o crescimento das
zângãos), de modo a aumentar a eficácia deste método. populações de varroa
Bloqueio de  Mantenha a rainha confinada a um quadro de criação (A), pode ser muito eficaz na redução
postura através da utilização de caixas apropriadas (à venda nas casas da população de varroas da colónia
da especialidade).
 Nove dias depois, confine a rainha a um outro quadro de não utiliza químicos
criação (B), deixando o quadro A no ninho de forma a que a
criação nele presente seja infestada por varroas. consome muito tempo, sobretudo
 Após outros 9 dias, retire o quadro A (já operculado) e na primeira vez (quadro A) e se as
confine a rainha a um outro quadro de criação (C), deixando rainhas não forem facilmente
o quadro B no ninho. identificáveis/identificadas
 Após mais 9 dias, retire o quadro B (já operculado). Liberte
ou substitua a rainha, deixando o quadro C no ninho. requer muita experiência por parte
 Após 9 dias, retire o quadro C. do apicultor

Nota: Os quadros removidos (A, B e C) poderão ser trocados pode prejudicar ou enfraquecer a
com outros produzidos em colónias pouco infestadas e colónia, se utilizado de forma
mantidas tratadas com acaricidas contra a varroa. inapropriada

Tratamentosquímicos
Os acaricidas são produtos capazes de varroose, ou seja os especialmente indicados
provocar a morte de ácaros. Os acaricidas para a destruição de varroas, são designados
mais eficazes utilizados no combate à por varroacidas.

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Varroacidas fortes,varroacidas fracos não está autorizada em Portugal. O propósito


Alguns apicultores gostam de distinguir e justificativo da sua inclusão neste documento
separar os varroacidas em ‘fortes’ e ‘fracos’. é o de referir alguns dos varroacidas usados
Os primeiros são aqueles cujas substâncias na UE, bem como ilustrar as consideráveis
activas são substâncias químicas de síntese, diferenças de utilização existentes entre os
enquanto por fracos se designam vários Estados Membros.
frequentemente os constituídos por outras
substâncias químicas que podemos também Atenção
encontrar espontaneamente na natureza. Por
exemplo, alguns ácidos orgânicos (como os Os princípios activos dos produtos
ácidos fórmico, láctico, oxálico, etc.) ou comerciais usados na luta contra a varroa
alguns óleos essenciais (como o timol, o foram inicialmente desenvolvidos para
eucaliptol, etc.). Contudo, esta divisão é combater pragas das culturas ou do gado.
incorrecta, pois muitos dos varroacidas Quando comercializados como
considerados fracos serão bastante varroacidas, esses produtos estão
prejudiciais (às varroas, mas também às especificamente formulados para uma
colónias), se utilizados em concentrações utilização segura e eficaz em apicultura.
excessivas. A distinção ideal será então entre As ‘mezinhas’ e outras ‘receitas
varroacidas homologados para utilização em apicultura caseiras’ feitas com os mesmos
(medicamentos com eficácia e segurança ‘ingredientes’ (muito frequentemente
cientificamente confirmadas na luta contra a disponíveis como pesticidas para uso
varroose), e varroacidas não homologados, ou seja, agrícola) devem ser rejeitadas, dado que
substâncias utilizadas em colónias de abelhas podem inclusivamente ser muito
sem que as consequências do seu uso tenham prejudiciais às próprias abelhas. Por
previamente sido (suficientemente) testadas. exemplo, sabe-se hoje que a utilização
indevida destas práticas está directamente
Varroacidas homologados relacionada com as resistências que as
Os varroacidas utilizados em Portugal para varroas têm vindo a desenvolver aos
combater a varroose devem estar produtos homologados, na maioria dos
homologados, constando das listas de países europeus, incluindo Portugal.
produtos de uso veterinário publicadas pela Podem também acarretar graves prejuízos
Direcção Geral de Veterinária (DGV), de à saúde dos consumidores de produtos das
acordo com o Decreto-Lei nº 184/97, de 26 colónias, independentemente do impacto
de Julho. Estas autorizações requereram a negativo incalculável que poderão vir a
apresentação de estudos científicos acarretar ao comércio de produtos apícolas,
exaustivos, nos quais se recolheram a nível nacional e/ou internacional.
elementos que permitiram concluir pela
eficácia, qualidade e segurança do produto
(para as abelhas, para o consumidor e para o Tratamentosalternativos
ambiente). Por ‘tratamentos alternativos’ de luta contra a
É de salientar que as leis da União Europeia varroa entende-se a utilização de substâncias
(UE) em vigor não permitem que um pertencentes a classes tais como a dos ácidos
produto veterinário homologado num dado orgânicos ou a dos óleos essenciais. O
Estado Membro, esteja automaticamente estabelecimento de limites máximos de
autorizado para utilização nos outros Estados. resíduos (LMR) relativos à utilização dos
Assim, a tabela ‘Varroacidas utilizados na ácidos fórmico, láctico e oxálico (ou do timol)
União Europeia’, que se apresenta em apicultura (actualmente contemplados no
seguidamente, incluí acaricidas cuja utilização Anexo II do Regulamento do Conselho

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

número 2377/90), facilita consideravelmente


a possibilidade de utilização legal destas
substâncias na luta contra a varroa. Por
exemplo, no caso do ácido oxálico, cada
Estado Membro da UE poderá solicitar a
aprovação oficial desta substância (ou
produtos que a contenham, como principio
activo) para combater a varroa em colónias de
abelhas. Em termos práticos, isto significa que
o ácido oxálico poderá vir a ser utilizado Figura 21. Aplicação de ácido fórmico em ‘bolachas’
legalmente como tratamento ‘ecológico’ Mitegone
alternativo na luta contra a varroose em
Portugal.

Independentemente desta situação,


considerando que (i) todos estes produtos são
constituintes naturais dos méis e que, (ii) em
condições normais de utilização nas colónias,
não colocam riscos à saúde dos consumidores
de produtos apícolas, a tendência dominante
na maioria dos Estados Membros da UE tem
sido a de não colocar entraves à sua utilização
na luta contra a varroose.
Figura 22. Aplicação de ácido oxálico
Para a maioria destas substâncias
(nomeadamente para os ácidos fórmico e
oxálico, e para o timol) foram efectuados
inúmeros estudos comprovativos da sua
eficácia no combate à varroa, sobretudo em
países de clima mais temperado da Europa
central e do norte. Nas condições climatéricas
de Portugal só recentemente se iniciaram (na
Universidade de Évora, e em parceria com a
Évoramel, CRL) os trabalhos de avaliação da
eficácia destas substâncias na luta contra a Apiguard
varroa.
Os resultados obtidos são extremamente
encorajadores da utilização destas substâncias
no nosso contexto nacional, com eficácias
globais que permitem remover cerca de 80 %,
70 % e 90 % do número total de varroas
existentes numa dada colónia,
respectivamente através de tratamentos com
ácido fórmico (65%, em esponjas Mitegone),
ácido oxálico (duas aplicações, 3.5 % em Thymovar

solução de 1 kg de sacarose num litro de Figura 23. Aplicação de timol, através de 2 produtos
água) e timol (duas aplicações, Apiguard ou comerciais (Apiguard e Thymovar)
Thymovar).

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

VarroacidasutilizadosnaUniãoEuropeia
Homologado Forma de Época preferencial
Nome Princípio activo Aplicação Alguns aspectos a considerar
em (1) actuação de aplicação
P, D, A, B, E, Fi, Outono ou início da
Apistan Fluvalinato Tiras de plástico, suspensas entre os Regra geral, muito eficaz. Sendo muito similar ao Bayvarol,
F, G, H, I, It, Contacto Primavera, durante 6 a 8
(Vita Europe) (piretróide) quadros não deve ser usado em conjunto com este de forma alternada
RU, S, Si semanas
Outono, Primavera, ou
Apivar Amitraz Tiras de plástico, suspensas entre os Contacto Regra geral, muito eficaz. Pode ser usado durante os períodos
P, B, E, F, It início do Verão, durante
(Biové) (amadina) quadros Sistémico de entrada de néctar
6 semanas
Gel com libertação retardada de Muito eficaz em condições adequadas. Depende da
Inicio da Primavera ou
Apiguard União Europeia, Timol timol, colocado num recipiente sobre Evaporação temperatura ambiente (utilizável com temperaturas diárias
fim do Verão (depois da
(Vita Europe) Si, A, H (óleo essencial) os quadros. Tratamento com duas Contacto superiores a 15 oC) e do nível de actividade das abelhas (taxa
cresta)
aplicações de consumo do gel)
Tiras de esponja com libertação Muito eficaz em condições adequadas. Depende da
Inicio da Primavera ou
Thymovar Timol retardada de timol, colocadas sobre Evaporação temperatura ambiente (utilizável com temperaturas diárias
Si, A, H fim do Verão (depois da
(Andermatt Bio.) (óleo essencial) os quadros. Tratamento com duas Contacto máximas compreendidas entre 12 a 30 oC) e do nível de
cresta)
aplicações actividade das abelhas (ventilação)
Timol, eucaliptol, Outono, durante 3 a 4 Eficácia razoável em condições adequadas. Depende da
Apilife VAR Itália, A, Si, Hu, Tabletes de vermiculite, colocadas Evaporação
mentol e cânfora semanas, em 3 a 4 temperatura ambiente (utilizável com temperaturas diárias
(ChemicalsLAIF) RC, USA sobre os quadros Contacto
(óleos essenciais) aplicações repetidas máximas compreendidas entre 18 a 30 oC)
Outono ou início da
Bayvarol Flumetrina Tiras de plástico, suspensas entre os Regra geral, muito eficaz. Sendo muito similar ao Apistan, não
D, A, I, It, RU Contacto Primavera, durante 6
(Bayer) (piretróide) quadros deve ser usado em conjunto com este de forma alternada
semanas
Solução derramada sobre as abelhas, Fim do Outono, Necessita de ausência de criação na colónia, para apresentar
Apitol Cimiazole Contacto
A, E, G, H, It ou administrada com alimentação Inverno, ou em períodos bons resultados. Requer temperatura ambiente superior a
(Vita Europe) (derivado de tiazolidina) Sistémico
artificial das colónias de ausência de criação 10 oC
Fim do Outono,
Perizin Cumafos Contacto Necessita de ausência de criação na colónia, para apresentar
D, E, G, It Solução derramada sobre as abelhas Inverno, ou em períodos
(Bayer) (Organofosfato) Sistémico bons resultados. Requer temperatura ambiente superior a 5 oC
de ausência de criação
Eficácia boa a muito boa, dependente das temperaturas
Geralmente administrado retido em máximas diárias (que deverão variar entre 10 e 25 oC). Risco
Tolerado em Solução de ácido
suportes porosos de vários tipos, ou Evaporação Início da Primavera ou de morte de algumas rainhas/criação, se utilizado
Ácido fórmico vários países da fórmico a 65%
em aplicadores desenvolvidos para Contacto Outono indevidamente (quantidades e/ou taxas de libertação
UE (ácido orgânico)
moderar as suas taxas de libertação excessivas). Utilização com perigos significativos para o
apicultor (queimaduras ou irritações graves)
Administrado em solução de
Tolerado em Solução de ácido sacarose 50% (p/v), contendo 3.5% Início da Primavera ou Muito eficaz em colónias sem criação. Fraca a razoável
Ácido oxálico muitos países da oxálico a 3.5% de ácido oxálico. Solução derramada Contacto Outono, e em períodos eficácia em colónias com muita criação. A sua utilização
UE (ácido orgânico) sobre as abelhas (5 ml por cada de ausência de criação requer alguns cuidados por parte do apicultor
espaço entre quadros com abelhas)
(1) A=Áustria, B=Bélgica, D=Alemanha, E=Espanha, F=França, Fi=Finlândia, G=Grécia, H=Holanda, Hu=Hungria, I=Irlanda, It=Itália, P=Portugal, RC=República Checa, RU=Reino Unido, S=Suécia, Si=Suiça,
USA=Estados Unidos da América do Norte
Nota: Para informações actualizadas sobre os produtos homologados em Portugal, contacte a DGV (ver última página)

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Aplicaçãodetratamentos
O apicultor deve sempre seguir as indicações partir de colónias infestadas existentes nas
constantes no rótulo/embalagem dos proximidades. Podemos minimizar este risco se
medicamentos/substâncias que utilizar. tratarmos sempre todas as colónias do mesmo
Frequentemente, é no fim do Inverno e/ou apiário, ao mesmo tempo e da mesma forma.
após a cresta (Verão/Outono) que se aplicam a Combinar as épocas de tratamentos com os
maior parte dos tratamentos. Contudo, outros apicultores vizinhos é também um
nalgumas zonas do país os tratamentos óptimo contributo para reduzir os níveis de
poderão ser efectuados noutra altura do ano reinfestação. Para tal, poderá ser conveniente a
(por exemplo, em Julho). Quando aplicados no ajuda das organizações de apicultores da sua
fim do Verão/início do Outono, os períodos região. De qualquer maneira, não espere pelos
concretos de tratamento das colónias contra a apicultores seus vizinhos para tratar as suas
varroa dependem mais do tipo de princípio abelhas, no caso de necessitar de tratamentos
activo escolhido pelo apicultor. Por exemplo, de emergência.
os tratamentos com princípios activos cuja Finalmente evite, na medida do possível, a
eficácia terapêutica depende da taxa de saída e perda de enxames. Estes poderão
evaporação (por exemplo, de temperaturas estabelecer-se como colónias silvestres nas
mais elevadas para serem mais eficazes) devem proximidades dos seus apiários, as quais
ser aplicados mais cedo. Por outro lado, constituir-se-ão numa boa reserva de varroas
princípios activos que requerem ausência de que, mais tarde ou mais cedo afectarão as suas
(ou muito pouca) criação deverão ser aplicados colónias. Sempre que lhe for possível, siga os
mais para o fim do ano (Novembro / enxames emitidos pelas suas colónias,
Dezembro, dependendo da região). Nalgumas encontre-os, abrigue-os e trate-os.
regiões do país, poderão a generalidade das
rainhas suspender temporariamente a postura Resíduosdetratamentos
durante o Verão, pelo que se pode considerar a Os resíduos de produtos químicos no mel (e
hipótese de realizar, nesta altura, os tratamentos restantes produtos apícolas) poderão não ser
que requeiram ausência de criação (e desde que um problema se seguir as seguintes regras:
não entrem em conflito com a época de cresta).
Sempre que o grau de infestação o justificar, respeite sempre as instruções constantes nas
dever-se-ão realizar tratamentos de emergência. embalagens dos medicamentos
Nas colónias muito infestadas com varroa, nunca faça tratamentos imediatamente antes
estes tratamentos devem ser aplicados numa e/ou durante os principais fluxos de néctar, ou
altura em que ainda seja possível proteger um quando as alças estiverem colocadas, a não ser
número suficiente de ciclos de criação, que, por que isso seja expressamente permitido pelas
sua vez, possam recuperar a colónia. Acresce instruções do medicamento
que estes tratamentos de emergência poderão
use apenas varroacidas quando tal for
implicar que o mel dessas colónias não seja
absolutamente necessário. A vigilância das
passível de vir a ser consumido pelo Homem,
colónias ajudará a tomar as decisões correctas,
sobretudo se os tratamentos coincidirem com
na altura certa
os períodos de produção intensa de
néctar/melada. utilize medidas de luta eficazes, às quais se
reconhecem fiabilidade e segurança. Decline
Reduçãodapressãodereinfestação pretensas ‘soluções alternativas’, onde se
Seja qual for a eficácia dos varroacidas que desconhecem as consequências da sua
venham a ser utilizados, inevitavelmente outras aplicação, ou não se pode recomendar o seu
varroas voltarão a entrar nas colónias tratadas, a uso em apicultura

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

O‘últimorecurso’
Apicultores que não têm disponibilidade de a ele são mais susceptíveis, reduzindo
tempo (ou ainda não adquiriram suficiente drasticamente a competição reprodutiva que
experiência) para vigiar as populações de varroa estas faziam às varroas resistentes. Aliviadas
nas suas colónias, deverão informar-se sobre (i) desta competição, as varroas resistentes ficam
como o fazem os apicultores da sua região, e com o caminho livre para se reproduzirem cada
(ii) que resultados obtém. Se perdem muitas vez mais, eventualmente passando de minoria a
colónias, é possível que as populações médias maioria na colónia.
de varroas sejam elevadas, e que muitos deles
estejam a fazer os tratamentos de forma Estaremosaseleccionarvarroasresistentes?
inadequada. Para apicultores pouco experientes, A pressão de selecção para o desenvolvimento
e como solução de último recurso, aconselha-se de varroas resistentes, que é criada pela
a utilização alternada dos produtos utilização continuada de varroacidas de síntese,
homologados (Apistan, Apivar e Apiguard), em poderá facilmente conduzir a populações de
dois tratamentos anuais: - um no fim do varroas em que as características individuais
Inverno e outro no fim do Verão. Se/quando a que conferem resistências a esses mesmos
mortalidade nas colónias diminuir, poderá varroacidas podem começar a ser dominantes.
passar a efectuar o segundo tratamento durante Quando tal acontece, reduz-se muito a eficácia
o Outono. desses tratamentos, a qual poderá facilmente
conduzir a elevada mortalidade por varroose
Populaçõesresistentes em apiários com eles tratados. Actualmente,
As populações de varroa tenderão, com o existem em Portugal múltiplos casos de
passar dos anos, a desenvolver resistências às resistência aos princípios activos do
substâncias (princípios activos) contidas nos Apistan/Klartan e Apivar/Acadrex.
varroacidas, particularmente no caso de serem
repetidamente usados acaricidas sintéticos. A
variabilidade individual que naturalmente
ocorre nas populações de varroas, significa a Aplicação de varroacida X
existência de um pequeno número de varroas
com características que lhes conferem maior Aplicação de varroacida X
resistência aos tratamentos (por exemplo, uma
cutícula mais espessa que dificulta a entrada dos
princípios activos, ou um metabolismo que Aplicação de varroacida X
melhor contraria os efeitos dos tratamentos).
Esta maior resistência ao(s) varroacida(s) é, em
grande parte, determinada geneticamente, pelo Aplicação de varroacida X
que se transmite à descendência. Contudo, as
varroas com estas características têm
geralmente maiores dificuldades em reproduzir- Varroas susceptíveis ao varroacida X
se, quando têm que competir com outras Varroas resistentes ao varroacida X
varroas não resistentes coexistentes na colónia. Figura 24. Desenvolvimento induzido de resistência ao
Por esta razão, as varroas resistentes aos varroacida X, pela sua utilização continuada
acaricidas são, em natureza, apenas uma Inicialmente poucas são as varroas resistentes ao acaricida X.
pequena minoria na população total de varroas Contudo, estas irão sobreviver aos sucessivos tratamentos,
reproduzindo-se (assim como parte dos seus descendentes). Após um
existentes numa colónia. Contudo, a utilização
período de tempo variável, serão bastante mais abundantes.
em larga escala de acaricidas inicialmente muito Eventualmente tornar-se-ão na maioria da população de varroas da
eficazes contra a varroa, elimina as varroas que colónia, tronando ineficaz a continuação do uso do acaricida X.

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Esta situação surgiu porque as populações  aplicar sempre as doses máximas de


nacionais de varroa estiveram sujeitas a uma varroacida recomendadas pelas entidades
continuada exposição a estes tipos de responsáveis pela comercialização de
varroacida, que progressivamente foram produtos homologados para uso apícola
deixando apenas as varroas a eles menos
susceptíveis (as mais resistentes) para se  no final do período de tratamento, retirar
reproduzirem. Os tratamentos homologados sempre das colónias as tiras de varroacida
em Portugal são considerados muito eficazes, usadas
mas não evitam totalmente esta pressão de
selecção (apesar dos períodos de tratamento  não reutilizar tiras já usadas em
recomendados serem relativamente curtos). A tratamentos anteriores, pois elas serão
possibilidade de desenvolvimento de ineficazes na luta contra a varroa, e poderão
populações de varroa resistentes aos acaricidas conduzir à morte as colónias com elas
é uma óptima razão para respeitar tratadas. Acresce que essa reutilização
escrupulosamente as instruções constantes das contraproducente só contribuíra para
embalagens, relativamente à posologia seleccionar varroas cada vez mais resistentes
(quantidades de acaricida a aplicar) e duração aos varroacidas usados
dos tratamentos, não ‘poupando’ nas
quantidades a usar por colónia, nem deixando  alternar tratamentos com substâncias
as tiras de acaricida para além do período activas de classes diferentes (por exemplo,
especificamente recomendado. usando rotativamente Apistan / Apivar /
Apiguard)
Comoatrasaroaparecimentoderesistências?
Varroas resistentes a um acaricida, muito Avaliaçãoderesistências: otestede‘Beltsville‘
provavelmente serão resistentes a acaricidas Este teste, desenvolvido pelo Departamento de
semelhantes (da mesma família de princípios Agricultura dos Estados Unidos da América do
activos). Por exemplo, as varroas resistentes ao Norte, serve para estimar a eficácia do Apistan
fluvalinato (princípio activo do Apistan), tendo contra determinada população de varroas.
aparecido primeiro em Itália, rapidamente se Para o efectuar, dever-se-á:
espalharam por vários outros países europeus.
Estas varroas são também frequentemente
 cortar um pedaço de uma tira de Apistan
resistentes a outros piretróides (classe a que
(com 9 x 25 mm) e agrafá-lo ao centro de
pertence o fluvalinato) como, por exemplo, o
um pedaço de cartão (com 75 x 125 mm)
existente no Bayvarol (flumetrina). Como
anteriormente referido, em Portugal existem
actualmente populações de varroas muito  colocar esse cartão num recipiente com
resistentes ao fluvalinato (Apistan/Klartan) e, cerca de 500 ml de capacidade (por
em menor grau, ao amitraz (Apivar/Acadrex). exemplo, um frasco), com a tira virada para
o centro do recipiente
Para impedir / atrasar / reverter o
desenvolvimento de populações de varroas  preparar uma rede metálica,
resistentes aos acaricidas contra elas usados, preferencialmente com 2-3 mm de malha,
devem os apicultores proceder da seguinte para o recipiente
forma:
 efectuar tratamentos apenas quando forem  recolher as abelhas de 1 ou 2 quadros da
absolutamente necessários, face ao número colónia numa tampa de colmeia (com os
de varroas presentes nas colónias devidos cuidados para não incluir a rainha)

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

 seguidamente, dever-se-á recolher uma


amostra de cerca de 150 dessas abelhas (por
exemplo, com uma chávena para chá) e
colocá-la no recipiente onde se encontra o
cartão com a tira de Apistan. Idealmente,
dever-se-ão efectuar duas repetições por
colónia, em pelo menos seis colónias por
apiário
 colocar um cubo de açúcar no recipiente,
que deverá ser tapado com a rede e
guardado virado para cima, num local com Figura 25. Materiais e utensílios requeridos
pouca luz e a cerca de 25 a 30 oC. A rede para a realização do teste de Beltsville
não deverá ser tapada, para que as abelhas
possam respirar
 após 6 horas, virar 3 vezes (sacudindo
ligeiramente) o recipiente sobre uma folha
de papel branca. Contar as varroas mortas
em resultado do tratamento com Apistan
 colocar o recipiente no congelador (com a
entrada virada para cima) até que as abelhas
morram (1 a 3 horas). Conte as varroas que
sobreviveram ao tratamento, usando o
método referido anteriormente para
avaliação dos níveis de infestação em
abelhas adultas (página 8; pontos 3 a 6, inclusive)
 calcular a percentagem de varroas mortas Figura 26. Recipiente (‘kit’) usado em testes de campo
com o tratamento efectuado com Apistan, para avaliação de resistências ao Apistan
dividindo o número de varroas que caíram (modelo usado pelo Centro Apícola Britânico – NBU)
durante as 24 h de tratamento, pela soma
deste número com o número de varroas
recuperadas por lavagem das abelhas
 resultados inferiores a 50% sugerem
fortemente que muitas das varroas presentes
nas suas colónias desenvolveram
resistências ao Apistan (fluvalinato)
Notas: Este teste não substitui testes
laboratoriais mais rigorosos. Teste apenas
colónias muito infestadas com varroa, e que
aparentam não responder aos tratamentos
efectuados com fluvalinato (Apistan/Klartan).
Se o número total de varroa encontradas for
inferior a quatro, considere o teste como
inconclusivo. O teste poderá ser adaptado para
testar outros varroacidas (como, por exemplo, Figura 27. Caixa de transporte de ‘kits’ NBU usada na
realização de testes de campo para avaliação de
o Apivar).
resistências ao Apistan e ao Apivar em Portugal

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Capítulo

A protecção integrada e a varroose


Neste capítulo introduz-se alguma informação deste tipo de substâncias nos vários sistemas de
associada ao conceito de protecção integrada, e produção apícola. Neste sentido, a apicultura
aborda-se a sua extensão ao domínio da luta não está sintonizada com a tendência - global,
contra a varroose, nomeadamente em regiões crescente e irreversível - de redução do uso de
de clima mediterrânico a que a maior parte de pesticidas à escala planetária. O conceito de
Portugal está sujeito. ‘pureza’ que a generalidade dos consumidores
de produtos apícolas associam a estes mesmos
Protecçãointegrada: ummodode produtos, e o maior esforço que as sociedades
ocidentais estão desenvolvendo no domínio da
contarahistória
segurança alimentar, fazem prever ‘tempos de
O uso de pesticidas tem estado continuamente
mudança’ no modo como a sanidade apícola
na ordem do dia, desde o uso generalizado de
tem sido encarada... ‘Tempos de protecção
DDT na década de 1940. Foi uma verdadeira
integrada’.
‘bala de prata’. Fácil de usar, barato e muito
eficiente. Todavia, durou apenas 15 a 20 anos
sem causar decepção... Vários foram os tipos Protecçãointegrada nalutacontraa
de insectos que desenvolveram resistências varroa
crescentes ao DDT, ao mesmo tempo que Uma das estratégias que permite reduzir
surgiam relatos de resíduos desta substância grandemente o uso de pesticidas na apicultura,
nos alimentos, nos animais e no homem. A é a adopção de práticas de protecção integrada
opinião publica começou então a compreender para combater o crescimento das populações
melhor os riscos associados à utilização de de varroa hospedadas nas colónias.
pesticidas, exigindo a redução do seu uso O esquema ‘tradicional’ de luta contra a
(sobretudo nos casos de substâncias que varroose envolve a aplicação de acaricidas, em
persistem no ambiente, que matam uma ampla determinadas alturas predefinidas do ano,
gama de insectos, e/ou que implicam danos independentemente do nível de infestação das
ambientais). Criou assim condições para que a colónias com varroa. Contrariamente, o
protecção integrada se tenha vindo a afirmar conceito de protecção integrada difere pelo
como alternativa viável (e, sobretudo, facto de usar uma variedade de técnicas que
absolutamente necessária) à utilização exclusiva mantenham os níveis de infestação abaixo de
de pesticidas no combate a múltiplas pragas um determinado patamar onde passarão a
que incidem sobre a produção animal e vegetal. causar danos económicos relevantes. Para que
Ironicamente, a grande dependência que a uma determinada técnica seja considerada
apicultura actual tem do uso de pesticidas, como adequada para ser usada no âmbito da
coloca-a (e colocá-la-á, cada vez mais) sob uma protecção integrada, ela terá ainda de ser
bateria de exigências de consumidores relativamente barata, não colocar problemas de
preocupados com a necessidade de redução resíduos nos produtos apícolas usados pelo

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Homem (nomeadamente, nos que usa como de cada apiário. Algumas sugestões para avaliar
alimentos), não induzir o desenvolvimento de da necessidade de controlar/reduzir as
populações de varroas crescentemente populações de varroa das suas colónias foram
resistentes às técnicas/substâncias usadas, e não indicadas no terceiro capítulo deste documento.
causar dados ambientais consideráveis.
Assim, a protecção integrada contra a varroa Benefíciosdaprotecçãointegrada
utiliza combinações de técnicas e métodos de A adopção e implementação de um esquema
combate, distribuídos por diferentes alturas do de protecção integrada na luta contra a
ano, e com diferentes objectivos/alvos. Poderá, varroose em Portugal, consentirá as seguintes
por exemplo, aproveitar a utilização de vantagens:
métodos biotecnológicos nos meses de
Primavera/Verão, seguidos de tratamentos  permite conciliar a apicultura com os
com varroacidas homologados no Outono, e ‘tempos actuais’, em que dominam ‘ventos
um segundo tratamento com um outro de mudança’ para a redução do uso de
produto alternativo no fim do Inverno. pesticidas, nomeadamente por razões de
Independentemente da combinação de técnicas segurança alimentar e saúde ambiental
usadas, o conceito de ‘nível de impacto  não é ‘controlo biológico’, mas permite a
económico’ é fundamental para a decisão de inclusão deste tipo de táctica no controlo da
intervir, ou não, nas colónias (de modo a varroa. Não é um programa de ‘produção
reduzir as populações de varroa que hospedam biológica/orgânica’, mas poderá facilitar a
em determinada altura do ano). No caso da produção deste tipo de produtos. Não é
varroa, este conceito corresponde ao nível a ‘fundamentalista’ face ao uso de pesticidas
partir do qual a população de varroas começa (nomeadamente os sintéticos), mas visa
(ou começaria, antes da próxima visita do reduzir a sua utilização na luta contra a
apicultor ao apiário) a causar prejuízos varroa
económicos consideráveis, superiores ao custo
de tratar as colónias.  a utilização de um método biotecnológico
Infelizmente, a definição destes ‘níveis de pode atrasar o crescimento das populações
impacto económico’ está intimamente de varroas ao ponto de contribuir para a
associada ao contexto de cada região/apiário, redução da necessidade de utilização de
sendo irrealista a definição concreta de ‘níveis varroacidas
de impacto económico’ globais. Contudo,
 várias medidas de luta, de tipos diferentes e
vários estudos sugerem níveis médios de
em diversas alturas do ano, dificultam o
impacto económico de cerca de 2000 a 3000
crescimento das populações de varroas a
varroas por colónia (ver página 9; Estimativa do
número aproximado de varroas hospedadas numa níveis tais que possam ser economicamente
colónia). prejudiciais para o apicultor.
Uma outra dificuldade ultrapassável associada à  a utilização de dois ou mais varroacidas de
implementação de esquemas de protecção famílias diferentes, torna menos provável o
integrada contra a varroose é o investimento aparecimento de populações de varroas
que terá de ser efectuado na monitorização (do resistentes a cada um deles
crescimento) das populações de varroa
hospedadas nas colónias, e sua comparação  a estratégia de controlo e o tipo de método
com o ‘nível de impacto económico’ adoptado. de luta a usar pode (e deve) ser ajustada ao
Neste caso, a melhor maneira de tomar contexto concreto de cada um dos apiários,
decisões correctas sobre quando tratar as de forma a atender às prováveis diferenças
colónias, dependerá da amostragem periódica nos padrões específicos de evolução dos
de pelo menos cerca de 20 a 30% das colónias níveis de infestação

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Esquemasdeprotecçãointegrada
Infelizmente, não existe um esquema relativamente ‘diluídas’ nessas maiores áreas de
universal/ideal de protecção integrada contra a criação. Contudo, mais tarde ou mais cedo, a
varroa, dadas as muitas variações que resultam relação entre o número total de varroas
da combinação de diferentes níveis de hospedadas na colónia e o número de
infestação, pressões de reinfestação, tipos de indivíduos que a integram (larvas, pupas e
(micro-)clima, subespécies de abelha, tipos de adultos) aumentará de modo quase fulminante,
maneio apícola praticados e sistemas, mais ou conduzindo rapidamente ao colapso das
menos intensificados, de produção. colónias onde não se tenham atempadamente
Como regra geral de elementar bom senso, aplicado medidas que tenham contrariado, de
poderá apenas referir-se que, em maneira suficientemente eficaz, a ‘silenciosa
regiões/ocasiões onde os níveis gerais de explosão populacional’ das varroas.
infestação com varroa são mais graves, será Contudo, em termos meramente ilustrativos,
necessário implementar um maior número de apresentam-se seguidamente alguns dos
medidas de luta contra a varroa. Também em métodos biotecnológicos e tratamentos
situações onde as colónias são induzidas a químicos (homologados e alternativos)
produzir e manter maiores quantidades de possíveis de utilizar, com sucesso, em Portugal.
criação, eventualmente durante uma também Um esquema eficaz de protecção integrada
maior parte do ano (por exemplo, em combinará algumas destas possibilidades (que,
consequência de alimentação artificial regra geral, não deverão ser implementadas na
estimulante ou resultante da prática de vários colónia em simultâneo), de modo a
actos de transumância) será de esperar que as disponibilizar uma solução contextualizada que
populações de varroa cresçam mais permita ir convivendo eticamente com a
rapidamente, ainda que se possam manter varroa, e sem inviabilizar economicamente a
exploração.

Opçõesparaumesquemadeprotecçãointegrada
Melhor período de implementação (excluindo tratamentos de emergência)
Tratamento
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Remoção da criação de
zângão das colónias

Enxameação artificial

Ácido fórmico

Ácido oxálico *

Timol
(Apiguard® ou Thymovar®)

Apistan/Apivar
(alternado um com o outro)

* Sobretudo se associado a períodos em que natural ou artificialmente (enxameação ou bloqueio de postura, por
exemplo) as colónias não tenham (ou tenham muito pouca) criação operculada.
No máximo, adoptar três períodos anuais de tratamento com ácido oxálico.

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Pontoschave paraaconvivênciacomavarroa
 Tente implementar esquemas de protecção integrada para controlar as populações de varroa das
suas colónias

 Ao longo dos anos, use diferentes tipos de métodos / substâncias activas para lutar contra a varroa,
independentemente da sua complexidade / custo de aplicação. Não assuma que um só método /
substância activa continuará a ser suficientemente eficaz na luta contra a varroa, aplicação após
aplicação

 Utilize alternada e adequadamente métodos de luta biotecnológicos e químicos, de preferência com


objectivos diferentes (atrasar o crescimento, ou reduzir efectivamente as populações de varroas) e
em alturas do ano distintas (por exemplo, no início da Primavera ou no fim do Verão). Obterá
certamente melhores resultados

 Precisa de saber se as populações de varroa estão a crescer mais do que o esperado, ou se os


métodos de luta que está a aplicar estão a fazer suficiente efeito. Nunca aplique métodos de controlo
virando seguidamente as costas às suas colónias e assumindo que irão ser suficientemente eficientes.
Avalie sempre os níveis de infestação das suas colónias após o período de aplicação de determinada
medida de controlo

 Na ausência de resistências, e se pretender utilizar produtos sintéticos, utilize apenas os que estão
homologados em Portugal. Estes provaram ser eficazes contra a varroa, e, se correctamente
utilizados, são praticamente ‘inofensivos’ para as abelhas, para o apicultor, para o consumidor, e para
o ambiente. Siga escrupulosamente as recomendações constantes no rótulo das embalagens. Uma
má utilização destes varroacidas poderá conduzir ao desenvolvimento de populações de varroa a
eles resistentes, ou a um nível inaceitável de resíduos nos produtos apícolas

 Evite fazer mais tratamentos do que os estritamente necessários. Os tratamentos desnecessários


acarretam diminuições de lucro e aumentam a probabilidade de surgimento de resistências. Vigie o
nível de infestação das suas colónias, só implementando medidas de luta contra a varroa quando tal
se justificar, pelo menos em termos económicos

 Sempre que possível, alterne entre diferentes tipos de varroacidas sintéticos. Evite a utilização,
tratamento após tratamento, ano após ano, do mesmo varroacida

 Converse e troque experiências, nomeadamente com os apicultores vizinhos, sobre a forma como
convivem com a varroose. Sobretudo, tentem coordenar as épocas de tratamento, reduzindo assim
o risco de reinfestações graves entre as colónias de todos. A Organização de Apicultores da sua
região poderá ajudar na ‘sincronização’ das épocas de tratamento

 Não abandone colónias infestadas com varroa, pois acabarão por morrer. Até lá, serão uma fonte de
reinfestação para as colónias vizinhas (suas e de outros apicultores). Se tiver de as abandonar deverá,
por imperativo ético, considerar a hipótese de vender, emprestar, ou dar essas colónias a quem
disponha de melhores condições/empenhamento para as manter devidamente protegidas

 Lembre-se que soluções eficazes em anos anteriores, poderão ser insuficientes (ou mesmo
desastrosas) este ano. Seja capaz de se adaptar a ‘novos’ esquema de luta contra a varroa, de acordo
com as circunstâncias concretas do seu apiário

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Capítulo

Informação útil
Legislação
Directa ou indirectamente, a seguinte legislação nacional está associada à pratica da apicultura em Portugal.
A compilação que a seguir se apresenta, não sendo exaustiva, deverá fornecer um razoável ponto de partida para o
conhecimento do actual enquadramento normativo desta actividade.

Decreto-Lei n.º 367/88. Publicado a 15 de Outubro de Decreto-Lei n.º 37/2000. Publicado a 14 de Março de
1988 no DR n.º 239/88 Série I, pelo Ministério da 2000, no DR n.º 62 SÉRIE I-A, pelo Ministério da
Agricultura, Pescas e Alimentação. Estabelece as regras de Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.
utilização de substâncias químicas, drogas ou medicamentos Estabelece o regime jurídico da actividade apícola, relativa à
susceptíveis de deixarem resíduos nos tecidos e órgãos dos animais detenção, criação ou exploração de abelhas da espécie Apis mellifera
Portaria n.º 188/97. Publicada a 18 de Março de 1997
Decreto-Lei n.º 74/2000. Publicado a 6 de Maio de
no DR n.º 65, Pelo Ministério da Agricultura,
2000 no DR n.º 105 SÉRIE I-A, pelo Ministério da
Desenvolvimento Rural e das Pescas. Estabelece os limites
Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Cria
máximos de resíduos de pesticidas respeitantes a géneros alimentícios
normas sanitárias para defesa contra as doenças das abelhas da
de origem animal, sem prejuízo das disposições comunitárias ou
espécie Apis mellifera
nacionais relativas a géneros alimentícios destinados a uma
alimentação especial. Revoga as Portarias n.ºs 93/91, de 1 de
Fevereiro, 757/94, de 22 de Agosto, e 776/95 de 11 de Julho Decreto-Lei n.º 160/2002. Publicado a 9 de Julho de
2002 no DR n.º 156 Série I-A, pelo Ministério da
Decreto-Lei n.º 184/97. Publicado a 26 de Julho de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas. Transpõe
1997 no DR n.º 171, pelo Ministério da Agricultura, para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2001/36/CE, da
Desenvolvimento Rural e das Pescas. Aprova o regime Comissão, de 16 de Maio, introduzindo alterações aos anexos II e
jurídico da introdução no mercado, do fabrico, comercialização e da III do Decreto-Lei n.º 94/98, de 15 de Abril, relativo à colocação
utilização dos medicamentos veterinários, transpondo para a ordem de produtos fitofarmacêuticas no mercado
jurídica nacional as Directivas nº 90/676/CEE, 93/40/CEE e
93/41/CEE Portaria n.º 989/2002. Publicada a 6 de Agosto de 2002
Decreto-Lei n.º 148/99. Publicado a 4 de Maio de 1999 no DR n.º 180 SÉRIE I-B, pelo Ministério da
no DR n.º 103/99, pelo Ministério da Agricultura, Pescas Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas. Aprova o
e Alimentação. Transpõe para a ordem jurídica interna a modelo de livro de registos próprios, referidos no n.º 5 do artigo 5.º do
Directiva nº 96/23/CE, do Conselho, de 29 de Abril, relativa às Decreto-Lei n.º 150/99, de 7 de Maio, para efeitos de controlo de
medidas de controlo a aplicar a certos subprodutos e aos seus resíduos utilização de medicamentos veterinários contendo na sua composição
em animais vivos e respectivos produtos essas substâncias em animais produtores de alimentos para consumo
humano
Decreto-Lei n.º 232/99. Publicado a 24 de Junho de
1999 no DR n.º 145/99 Série I-A, pelo Ministério da Decreto-Lei n.º 214/2003. Publicado a 18 de Setembro
Agricultura, Pescas e Alimentação. Estabelece as normas de 2003 no DR n.º 216 SÉRIE I-A, pelo Ministério da
relativas ao fabrico, autorização de introdução no mercado, Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas. Transpõe
armazenamento, transporte, comercialização e utilização de produtos para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 2001/110/CE, do
de uso veterinário Conselho, de 20 de Dezembro, relativa ao mel

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Conviver com a varroa em Portugal 2004

Endereços DRAEDM
Direcção Regional de Agricultura do Entre Douro e Minho
Projecto AVAPInt Rua Francisco Duarte, nº 365 1º - APT. 373
Apicultura, Varroose, Ambiente e Protecção Integrada 4710-379 BRAGA
Website: http://www.apiculura.online.pt Tel: 253 613 294 e Fax. 253 613 293
E-mail: draedm@draedm.min-agricultura.pt
Universidade de Évora Website: http://www.min-agricultura.pt
Dep. Zootecnia, Apicultura
Centro de Estudos e Experimentação da Mitra
DRATM
7002-554 ÉVORA Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes
Tel: 266 760 866 e Fax. 266 711 163 Av. da República, nº 133
E-mail: murilhas@uevora.pt 5370-347 MIRANDELA
Website: http://www.uevora.pt Tel: 278 260 900 e Fax. 278 265 728
E-mail: dratm@dratm.min-agricultura.pt
ÉVORAMEL Website: http://www.espigueiro.pt/~dratm
Cooperativa dos Apicultores do Alentejo, CRL
Zona Industrial Horta das Figueiras, Apartado. 247
DRABL
7002-503 ÉVORA Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral
Tel: 266 771 330 e Fax. 266 771 330 Av. Fernão Magalhães, nº 465
E-mail: evoramel@clix.pt 3000-177 COIMBRA
Tel: 239 800 500 e Fax. 239 833 679
FNAP E-mail: drabl@drabl.min-agricultura.pt
Federação Nacional dos Apicultores de Portugal
Website: http://www.drabl.min-agricultura.pt
Av. do Colégio Militar, Lote 1786
1549-012 LISBOA
DRABI
Tel: 217 100 084 e Fax. 217 166 123 Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior
E-mail: fnap@sapo.pt Rua Amaro Lusitano – Est. Circunvalação, Lote 3
6001-909 CASTELO BRANCO
AVAPI Tel: 272 348 600 e Fax. 272 346 021
Associação para a Valorização Agrícola em Produção Integrada
E-mail: drabi@drabi.telepac.pt
Av. Prof. Joaquim Vieira Natividade. Apartado 167
Website: http://www. min-agricultura.pt
2461-997 ALCOBAÇA
Tel: 262 598 678
DRARO
Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste
MADRP Palheiro do Pinto – Est. Nacional 3, APT. 477
Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas
2001-096 SANTARÉM
Praça do Comércio
Tel: 243 377 500 e Fax. 243 377 545
1149-010 LISBOA
E-mail: draro@draro.pt
Tel: 213 234 600 e Fax. 13 234 601
Website: http://www.min-agricultura.pt
E-mail: recepção@min-agricultura.pt
Website: http://www.min-agricultura.pt
DRAAL
Direcção Regional de Agricultura do Alentejo
DGV Quinta da Malagueira, APT. 183
Direcção-Geral de Veterinária
7002-553 ÉVORA
Largo da Academia de Belas Artes, nº 2
Tel: 266 757 800 e Fax. 266 757 850
1249-105 LISBOA
E-mail: geral@draal.min-agricultura.pt
Tel: 213 239 500 e Fax. 213 463 518
Website: http://www.draal.min-agricultura.pt
E-mail: veterinária@mail.telepac.pt
Website: http://www.dgv.min-agricultura.pt
DRAALG
Direcção Regional de Agricultura do Algarve
LNIV Patacão, APT. 282
Laboratório Nacional de Investigação Veterinária
8001-904 FARO
Estrada de Benfica nº 701
Tel: 289 670 700 e Fax. 289 816 003
1549-011 LISBOA
E-mail: draalg@draalg.min-agricultura.pt
Tel: 217 115 200 e Fax. 217 115 380
Website: http://www.citrinosalgarve.com/draalg/draalg1.htm
E-mail: dir@lniv.min-agricultura.pt
Website: http://www.min-agricultura.pt
União Europeia (alguma legislação relacionada com apicultura)
Website: http://www.europa.eu.int/eur-lex/pt/

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