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INTRODUÇÃO

GÁLATAS
Autoria
Com exceção de poucos teólogos do século XIX, desde sua introdução ao cânon, a carta ou livro
de Gálatas é atribuída à autoria do apóstolo Paulo, como fica claro no versículo que abre a obra
(1.1).
Na época
p em qque essa epístola
p foi escrita,, a expressão
p Galácia era usada normalmente em dois
sentidos: geográfico e político. No primeiro sentido, referia-se à parte centro-norte da Ásia Menor,
ao norte das cidades de Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe; no segundo, tinha a ver com
a organização da província, por volta do ano 25 a.C., e que incluía essas cidades e mais alguns
distritos ao sul, sob o comando geral e absoluto do Império Romano.

Propósitos
O grande propósito de Paulo ao escrever esse tratado foi instruir os cristãos da região da Galácia
sobre a justificação exclusiva e absoluta em Jesus Cristo, o Messias e Filho de Deus.
Os mestres cristãos judaizantes tinham procurado convencer os gálatas a se revoltarem contra
Paulo e seus ensinos e os estavam orientando a praticar todos os principais rituais da lei, pois,
como eram gentios, tinham que ser circuncidados (5.2 – 6.12-15) e, segundo esses mestres,
deviam também viver um cristianismo baseado nas ordenanças e na tradição judaica, a fim de
serem salvos (4.10).
Os judaizantes eram cristãos judeus que não conseguiam compreender a nova realidade da
salvação pela graça de crer no sacrifício único, suficiente e vicário do Senhor Jesus. Eles criam
que Jesus era o Messias prometido, mas também acreditavam no dever de cumprir as ordenanças
mosaicas e, especialmente, todos os cerimoniais. Logo após a cruzada missionária de Paulo na
Galácia, os judaizantes recrudesceram quanto ao legalismo teológico, por influência e receio de
serem perseguidos pelos judeus zelotes. E começaram a obrigar os gentios, novos convertidos ao
cristianismo, a passar também pelos ritos de circuncisão, acepção de alimentos, guarda do sábado,
demais dias sagrados etc. (6.12). Os judaizantes iam além e procuravam difamar a pessoa e o
ministério de Paulo, alegando que o apóstolo não era um genuíno membro do grupo original dos
primeiros discípulos de Cristo, e que havia suavizado as ordenanças de Deus, a fim de tornar sua
mensagem e doutrina mais atraentes aos gentios.
Paulo vindica a sua plena autoridade apostólica e condena os ensinos dos judaizantes como
legalismo anticristão.
Os crentes em Jesus Cristo, quer judeus ou gentios (povos de todas as etnias e culturas), conforme
a doutrina paulina, desfrutam em Cristo da absoluta e eterna salvação, porquanto foram justificados
(3.6-9), adotados (4.4-7), renovados (4.6; 6.15) e transformados em plenos herdeiros de Deus,
segundo as próprias promessas da aliança abraâmica (3.15-18). Portanto, a fé no sacrifício e no
culto do Cristo na Cruz nos liberta para sempre da necessidade de buscar justificação e salvação
mediante as obras e, especialmente, por meio do cumprimento de rituais e datas cerimoniais. Essa
busca se torna destituída de poder visto que a Lei não produz salvação, mas morte (3.10-12),
porquanto não fora criada com propósito salvífico (3.19-24). Confiar apenas nas obras e na Lei,
com o fim de ser salvo, nos conduz à mesma escravidão sob a qual vive o povo judeu que ainda
não recebeu a Cristo, como Salvador e Senhor de suas vidas (4.21-24). Por essa razão, os crentes
não devem procurar voltar às tradições judaicas, ao cumprimento das exigências de leis religiosas
como base de segurança para sua salvação, porquanto, agindo erroneamente dessa forma, estarão
perigosamente submetendo suas vidas a uma escravidão da qual já fomos libertos por Jesus Cristo
(5.1-4). Os cristãos devem, isso sim, depositar plena fé e segurança na liberdade que Cristo nos
outorgou, servindo a Deus e aos semelhantes mediante o poder do Espírito de Deus, como novos
seres humanos, livres em Cristo (5.13-18) e, assim, cumprindo com júbilo espiritual a vontade do
nosso Salvador (6.2).

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Data da primeira publicaçãoç
Certamente, essa carta de Paulo aos Gálatas começou a circular entre os cristãos por volta dos
anos 48 e 58 d.C. Contudo, ainda não há evidências mais precisas, pois o estabelecimento exato
da data depende
p do pprimeiro destino da carta. Os pprimeiros estudiosos afirmavam qque Paulo
havia enviado esta epístola
p de Éfeso,, entre os anos de 53 e 57 d.C.,, endereçando-a
ç pprimeiro às
igrejas localizadas no centro-norte da Ásia Menor (Pessino, Ancira e Távio). Outros historiadores
acreditam que Gálatas foi escrita preferencialmente às igrejas fundadas pelo apóstolo em sua
primeira viagem missionária, na região sul da província romana da Galácia (Antioquia da Pisídia,
Icônio, Listra e Derbe). Alguns, ainda, defendem que essa carta teria sido escrita em Antioquia da
Síria ou Corinto, por volta do ano 50 d.C, depois dessa primeira viagem, mas antes da reunião do
Concílio de Jerusalém (At 15).

Esboço geral de Gálatas


1. Saudação de Paulo, apóstolo de Cristo, aos Gálatas (1.1-5)
2. Paulo procura trazer as ovelhas do Senhor de volta ao bom aprisco (1.6-9)
3. A plena autoridade apostólica de Paulo e sua idoneidade (1.10 – 2.21)
A. Paulo só pregava o Evangelho que Cristo lhe revelara (1.10-24)
B. A mensagem de Paulo reconhecida pelos demais apóstolos (2.1-10)
C. Paulo, sob o poder do Espírito, repreende a Pedro (2.11-21)
4. Como ser salvo após a vinda e obra de Jesus Cristo, o Messias? (3.1-4.31)
A. A salvação é só pela fé em Cristo, não por meio de obras (3.1-14)
B. A salvação em Cristo é pela Promessa, não fruto da Lei (3.15-22)
C. Todos os crentes são promovidos a filhos de Deus (3.23 – 4.7)
D. Paulo suplica aos crentes para que tenham bom senso (4.1-7)
E. Não há inteligência nem fé em voltar à escravização (4.8-11)
F. Por que se revoltar contra o apóstolo do Senhor? (4.12-20)
G. Confiar só na Lei é voltar a ser escravo do pecado (4.21-31)
5. O caminho da verdade e da plena liberdade (5.1 – 6.18)
A. Não sacrificar a boa liberdade pela algema do legalismo (5.1-12)
B. Liberdade não é libertinagem ou falta de disciplina (5.13-26)
C. A verdadeira liberdade é o serviço cristão dedicado (6.1-10)
D. A vida cristã é feita de sacrifícios voluntários por Jesus (6.11-18)

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GÁLATAS
Saudação apostólica anjo dos céus vos anuncie um evangelho

1 Paulo apóstolo, não da parte de ho-


mens, nem por intermédio de qualquer
ser humano, mas por Jesus Cristo e por
diferente do que já vos pregamos, seja
considerado maldito!
9 Conforme já vos revelei antes, declaro
Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos,1 uma vez mais: qualquer pessoa que vos
2 e todos os irmãos que estão em minha pregar um evangelho diferente daquele
companhia, às igrejas da Galácia:2 que já recebestes, seja amaldiçoado!
3 A todos vós, graça e paz da parte de 10 Porventura, procuro eu agora o lou-
Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo, vor dos homens ou aprovação de Deus?
4 que se entregou voluntariamente pelos Ou estou tentando ser apenas agradável
nossos pecados, a fim de nos resgatar às pessoas? Se ainda estivesse buscando
deste atual e perverso sistema mundial, agradar a homens, não seria servo de
segundo a vontade de nosso Deus e Pai, Cristo!4
5 a quem seja toda a glória pelos séculos
dos séculos. Amém!3 Paulo foi convocado por Cristo
11 Caros irmãos, quero que saibais que o
Só há um Evangelho Evangelho por mim ensinado não é de
6 Estou chocado de que estejais vos des- origem humana.
viando tão depressa daquele que vos cha- 12 Porquanto, não o recebi de pessoa algu-
mou pela graça de Cristo, para seguirem ma nem me foi doutrinado; ao contrário,
outro evangelho, eu o recebi diretamente de Jesus Cristo
7 que na verdade, não é o Evangelho. O por revelação;
que acontece é que algumas pessoas vos 13 pois já ouvistes como fora o meu proce-
estão confundindo, com o objetivo de dimento no judaísmo, como persegui vio-
corromper o Evangelho de Cristo. lentamente a Igreja de Deus, procurando
8 Contudo, ainda que nós ou mesmo um destrui-la.5

1 Paulo defendia sua convocação apostólica, especialmente contra os judaizantes (v.7), que questionavam sua chamada
ministerial - como missionário e mensageiro de Cristo – devido ao fato de ele não pertencer ao primeiro grupo apostólico que
caminhou com Jesus pelas terras da Palestina. Por isso, fazia questão de apresentar suas credenciais: chamado por Cristo para
ser seu embaixador em missões evangelísticas (1Co 1.1; At 9.1; Fp 3.4-14). A ressurreição de Jesus é a afirmação mais importante
da fé cristã. E, como Paulo havia visto o Cristo ressurreto, e recebido dele a delegação missionária e o poder espiritual para
ministrar, tinha as qualificações necessárias para exercer o apostolado (At 1.22; 2.32; 17.18; Rm 1.4; 1Co 15. 8,20; 1Pe 1.3).
2 Essa era uma carta circular dirigida a várias igrejas para instrução e edificação do povo de Deus. Paulo se refere aqui à
província romana da Galácia, região ao sul da Ásia Menor, incluindo as igrejas de Antioquia, Listra e Derbe, lugares que percorreu
em sua primeira viagem missionária (At 13.14 – 14.23).
3 Paulo reafirma o cerne do Evangelho: a morte expiatória de Cristo em nosso lugar, cujo poder nos tira das garras desse
sistema mundial corrupto e corruptor, e nos posiciona no Reino de Deus (Cl 1.13; 1Pe 2.24). O atual período da história mundial é
marcado pela iniqüidade, ao contrário da era do porvir (o momento mais importante da era messiânica) que, em breve, chegará
de forma repentina (2Co 4.4; Ef 2.2; 6.12).
4 Se simplesmente preferisse agradar a sua família, mestres e amigos, Paulo não teria pago um preço tão alto por abandonar
as amarras da tradição judaica e rabínica em função da liberdade em Cristo. Nesta vida, sempre seremos servos de um de dois
senhores (Mt 6.24; 1Ts 2.4). Paulo, no passado, carregava o “jugo da escravidão” (5.1), mas, uma vez tendo sido liberto do
poder do pecado pela redenção que há em Cristo, passou a ser escravo da justiça, servo (no original grego doulos) de Deus
(Rm 6.18,22).
5 O judaísmo é a fé e o modo de vida do povo israelita desenvolvido durante os séculos que separaram AT do NT, chamado
também de período interbíblico. Até hoje, nacionalidade, língua, religião e política são partes indissociáveis da vida de um judeu
fiel em qualquer parte do mundo. O termo é derivado de Judá, o reino do Sul que se extinguiu por volta do séc. 6 a.C. com o
exílio na Babilônia (onde hoje se situa o Iraque). A Igreja de Deus no NT equivale à Assembléia do AT (Nm 16.21), à comunidade
do Senhor (Nm 20.4).

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GÁLATAS 1, 2 4

14 E, no judaísmo, eu superava a maioria está proclamando a mesma fé que outro-


dos judeus da minha idade, e agia com ra procurava destruir”.
extremo zelo em relação às tradições dos 24 E louvavam a Deus por minha causa.
meus antepassados.
15 Todavia, Deus me separou desde o ven- Tiago, Pedro e João confirmam
tre de minha mãe e me chamou por sua o apostolado de Paulo
graça. Quando, então, foi do seu agrado,
16 revelar o seu Filho em mim, para
que eu o proclamasse entre os não-
2 Passados catorze anos, subi uma vez
mais a Jerusalém, e, nessa ocasião, em
companhia de Barnabé e levando tam-
judeus, parti imediatamente e não pedi bém Tito comigo.1
orientação a pessoa alguma.6 2 Rumei para lá por causa de uma revela-
17 Nem mesmo subi a Jerusalém para me ção, e apresentei diante deles o Evangelho
aconselhar com os que já eram apóstolos que ensino entre os gentios, fazendo-o, no
antes de mim, mas sem me deter, segui entanto, em particular aos que pareciam
rapidamente para a Arábia e depois re- mais influentes, para que de algum modo
tornei a Damasco.7 não corresse ou não houvesse me esforça-
18 Passados três anos, subi a Jerusalém a do inutilmente.
fim de conhecer Pedro pessoalmente, e 3 Mas nem mesmo Tito, que estava em
estive com ele durante quinze dias.8 minha companhia, foi obrigado a circun-
19 Não vi nenhum dos outros apóstolos, cidar-se, muito embora fosse grego.
a não ser Tiago, irmão do Senhor.9 4 Essa questão foi suscitada devido ao
20 Sobre tudo quanto vos escrevo, afirmo fato de alguns falsos irmãos judeus te-
diante de Deus que não há qualquer pa- rem se infiltrado em nosso meio, com
lavra mentirosa de minha parte. o propósito de espionar a liberdade que
21 Em seguida, fui para as regiões da Síria temos em Cristo Jesus e nos reduzir à
e da Cilícia.10 condição de escravos.2
22 E, até então, não era conhecido pessoal- 5 Contudo, nem por um momento cede-
mente pelas igrejas de Cristo na Judéia. mos, ou nos submetemos a eles para que
23 Eles apenas haviam ouvido a notícia: a verdade do Evangelho permanecesse
“Aquele que antes nos perseguia, agora convosco.

6 O vocábulo original “gentios” significa literalmente “povos” ou “nações”, no entanto, comumente seu sentido designava
“estrangeiros” e, portanto, “pagãos” (não adeptos da religião judaica) ou “sem fé em Deus”. A expressão “pessoa alguma” pode
ser traduzida literalmente por “carne e sangue”, que no NT sempre se refere a “fraqueza e ignorância humanas” (Mt 16.17; 1Co
15.50; Ef 6.12).
7 Jerusalém sempre foi o centro religioso do judaísmo e o berço cultural do cristianismo. Paulo lembra que assim que recebeu
a conversão e o chamado missionário, partiu para pregar nas regiões da Arábia, dominada pelo rei Aretas, no reino nabateu da
Transjordânia, que se estendia de Damasco ao Suez, a sudoeste. Damasco foi a antiga capital da Síria (chamada de Ará no AT).
Paulo foi convertido por Cristo na estrada que ligava Jerusalém a Damasco (At 9.1-9).
8 Esta visita corresponde à mencionada por Lucas em At 9.26-30. O nome grego Petros “Pedro” é baseado na tradução do
nome aramaico Kepha “Cefas”, que significa “pedra” ou “rocha”. Tal nome designa uma das qualidades do seu portador (Mt
16.18; Jo 1.42).
9 Tiago foi um dos filhos de Maria e José, e portanto, irmão de Jesus (Tg 1.1). Foi também líder dos presbíteros da Igreja do
Senhor em Jerusalém (At 21.18; Lc 8.19).
10 A Cilícia, nessa época, estava anexada à Síria e sob o domínio do império romano. A principal cidade da Cilícia era Tarso,
onde Paulo nasceu e foi criado, e agora lhes anunciava o Evangelho de Cristo (At 9.30).
Capítulo 2
1 Depois de catorze anos de sua conversão, Paulo tem seu segundo encontro com Pedro e os demais líderes do cristianismo
da época. Dois irmãos e amigos acompanham o apóstolo nessa importante reunião: Barnabé, cujo nome significa “encorajador”
ou “aquele que incentiva”. Seu primeiro nome era José, e era levita da ilha de Chipre (At 4.36). Foi grande companheiro de Paulo
na primeira viagem missionária (At 13.1 – 14.28). Tito, por sua vez, era discípulo de Paulo e missionário em Corinto, mais tarde,
enviado para Creta com o objetivo de liderar espiritualmente a Igreja que se reunia ali (Tt 1.5).
2 Paulo considerava “falsos” os judeus que haviam passado pelo batismo cristão, mas defendiam crenças judaizantes (At 15.1),
isto é, eram legalistas militantes e queriam a todo custo implantar na Igreja todos os costumes e tradições rabínicas quanto à

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5 GÁLATAS 2

6 E aqueles que pareciam ser influentes, 12 Porque antes de chegarem alguns da


ainda que o tenham sido no passado, parte de Tiago, ele fazia suas refeições
isso não faz diferença para mim, pois na companhia dos gentios; todavia,
Deus não julga segundo as aparências quando eles chegaram, Pedro foi se
humanas. Esses, que pareciam ser muito afastando até se apartar dos incircun-
importantes, nada me acrescentaram. cisos, apenas por temor aos que defen-
7 Ao contrário, reconheceram que a mim diam a circuncisão.
havia sido confiada a proclamação do 13 E os outros judeus de igual modo se
Evangelho aos incircuncisos, assim como uniram a ele nessa atitude hipócrita, de
a Pedro aos circuncisos.3 modo que até mesmo Barnabé se deixou
8 Porquanto Deus, que operou por meio influenciar.
de Pedro como apóstolo aos judeus; da 14 Contudo, assim que percebi que não
mesma forma, operou por meu intermé- estavam se portando de acordo com a
dio para o apostolado aos gentios. verdade do Evangelho, repreendi a Pe-
9 E quando reconheceram a graça que dro, diante de todos: “Se tu, sendo judeu,
me havia sido outorgada, Tiago, Pedro vives como os gentios, e não conforme a
e João, respeitados como sustentáculos, tradição judaica, por que obrigas os gen-
estenderam a mão direita a mim e a Bar- tios a viver como judeus?
nabé em sinal de comunhão fraternal. E, 15 Nós, judeus de nascimento e não ‘pe-
concordemente, ficou estabelecido que cadores como os gentios’,5
nós buscaríamos os não judeus, e eles, 16 estamos plenamente conscientes, en-
os circuncisos. tretanto, que o ser humano não pode
10 E nos recomendaram apenas que não ser justificado pela prática da Lei, mas
nos esquecêssemos dos pobres, o que somente por meio da fé em Jesus Cris-
também tenho me esforçado por fazer. to. Sendo assim, nós também viemos
a crer em Cristo Jesus a fim de sermos
Paulo cobra coerência a Pedro justificados pela fé em Cristo, e de forma
11 Quando, porém, Pedro chegou a An- alguma pela prática da Lei, porquanto é
tioquia, eu o enfrentei face a face, por certo que por praticar a Lei ninguém será
causa da sua atitude reprovável.4 capaz de ser justificado.6

Lei de Moisés (At 15.5; 2Co 11.26), especialmente à circuncisão e às restrições alimentares. O termo original, aqui traduzido por
“espionar”, consta da Septuaginta (tradução grega do AT), com o mesmo sentido militar de “observar um território para eventual
ataque” (2Sm 10.3; 1Cr 19.3). Na carta aos Gálatas, a palavra “liberdade” e suas derivações são expressões fundamentais da
teologia paulina sobre a vida diária do cristão (3.28; 4.22,23,26,30,31; 5.1,13).
3 Paulo tinha o hábito de se dirigir à sinagoga local sempre que chegava a uma nova cidade. Como Jesus (Mt 4.23), valia-se da
tradição rabínica de, como mestre visitante, poder fazer uso da palavra, e pregava o Evangelho (At 13.5-14). Entretanto, sentia em
seu coração um chamado especial para evangelizar os “gentios”; assim chamados pelos judeus, de sua época, todos quantos
não haviam nascido ou se convertido ao judaísmo (Rm 11.13).
4 Pedro havia experimentado a plena liberdade que há na fé em Jesus Cristo, depois da visão que o Senhor lhe proporcionou
em At 10.10-35. Começou a conviver sem preconceitos com os gentios em Antioquia (principal cidade da Síria e, juntamente com
Roma e Alexandria, uma das mais importantes cidades do Império Romano, de onde Paulo partiu para suas viagens missionárias
– At 13.1-3; 14.26) e desenvolveu grande e fraterna comunhão cristã com todos, participando alegremente das refeições em
grupo e das festas evangélicas. Contudo, quando vieram os judaizantes de Jerusalém, Pedro, hipocritamente, deixou de seguir
as orientações de convivência e fraternidade cristãs ministradas a ele pelo próprio Senhor. Pedro temeu a crítica dos líderes do
partido dos legalistas circuncisos e procurou esconder-se para evitar constrangimentos. Paulo é usado por Deus para confrontar
o pecado de um dos principais líderes da igreja cristã de sua época; seu amigo e irmão em Cristo, mas – como todos nós – um
ser humano passível de ambigüidades e erros. Pedro jamais disse que era infalível (como pensam alguns teólogos). Ao contrário,
até seus últimos anos defendeu, humildemente, a erudição e a autoridade espiritual de Paulo (2Pe 3.15-16).
5 Paulo apenas evoca o tradicional conceito que os judeus tinham em relação aos gentios. Do ponto de vista de um judeu fiel
e consciente, todos os que não guardavam a Lei eram considerados “pecadores” (Mt 11.19; Mc 2.15-17; 14.41; Lc 15.1,2). Esse
é o mesmo sentido da expressão no versículo 17.
6 Esse é um dos versículos-chave da epístola, cujo tema geral: “justificação” é revelado aqui pela primeira vez e comentado
durante todo o decorrer da carta: ninguém pode ser justificado pela observância da Lei; somente por meio da fé em Cristo é

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GÁLATAS 2, 3 6

17 Contudo, se buscando ser justificados recebestes o Espírito Santo, ou pela fé


em Cristo, descobrirmos que nós mes- naquilo que ouvistes?
mos somos pecadores, será Cristo então 3 Estais tão enlouquecidos assim, a
ministro do pecado? De forma alguma! ponto de, tendo começado pelo Espí-
18 Ora, se procuro reconstruir aquilo que rito de Deus, estar desejando agora vos
já destruí, provo que sou transgressor. aperfeiçoar por meio do mero esforço
19 Pois, por intermédio da Lei eu morri humano?2
para a própria Lei, com o propósito de 4 É possível que vos tenha sido inútil
viver tão somente para Deus. sofrer tudo o que sofrestes? Se é que isso
20 Fui crucificado juntamente com foi por nada!
Cristo. E, desse modo, já não sou eu 5 Aquele que vos dá o seu Espírito, e que
quem vive, mas Cristo vive em mim. E realiza milagres entre vós, será que assim
essa nova vida que agora vivo no corpo, procede pelas obras da Lei, ou por meio
vivo-a exclusivamente pela fé no Filho da fé com a qual recebestes a Palavra?
de Deus, que me amou e se sacrificou 6 Considerai, pois, o exemplo de Abraão:
por mim. “Ele creu em Deus, e isso lhe foi credita-
21 Não torno inútil a Graça de Deus; do como justiça”.
porquanto, se a justiça pudesse ser estabe- 7 Estejais certos, portanto, de que os que
lecida pela Lei, então, Cristo teria morrido são da fé, precisamente estes, é que são
em vão!”7 filhos de Abraão!3
8 E a Escritura, prevendo que Deus iria
A fé
f em Cristo supera
p a Lei justificar os não-judeus pela fé, anun-

3 Ó gálatas insensatos! Quem vos enfei-


tiçou? Ora, não foi diante dos vossos
olhos que Jesus Cristo foi exposto como
ciou com antecedência as boas novas a
Abraão: “Por teu intermédio, todas as
nações serão abençoadas”.4
crucificado?1 9 Desse modo, os que são da fé são aben-
2 Quero tão-somente que me respondais: çoados juntamente com Abraão, homem
Foi por intermédio da prática da Lei que que realmente creu.

possível receber e viver plenamente o dom da justificação. Paulo não deprecia a Lei do AT, mas argumenta contra usá-la como
fundamento para nossa aceitação diante de Deus (Rm 7.12; 3.20-28; Fp 3.9).
7 O legalismo, ainda que amparado pela Lei, não pode ser misturado à teologia da Graça, sob pena de se distorcer o verdadeiro
significado da Graça e fazer do maior evento da história da humanidade: a crucificação, morte e ressurreição de Jesus, o Cristo,
apenas um ato incoerente e sem qualquer valor metafísico (5.24; 6.14; Rm 6.7-10; 7.4-6; 1Tm2.6; Tt 2.14).
Capítulo 3
1 A expressão grega original, aqui traduzida por “insensatos”, não traz o sentido de qualquer limitação mental, mas a falta de
juízo e de bom senso (Lc 24.25; Rm 1.14; 1Tm 6.9; Tt 3.3). O termo grego original, aqui traduzido por “enfeitiçou”, tem o sentido de
“magia ou sedução maléfica”. Paulo também usa o verbo “exposto” da mesma forma que fora usado para comunicar a maneira
como Moisés “expôs em público” a serpente de bronze (Nm 21.9; 1Co 23; 2.2).
2 Os gálatas haviam abraçado a fé em Cristo de uma maneira pura e sincera. No entanto, depois de algum tempo, influenciados
pelos judaizantes, estavam criando e pregando regras e doutrinas baseadas na Lei, como forma de se alcançar maiores bênçãos
de Deus. Paulo os alerta sobre essa tamanha falta de sabedoria, enfatizando que tanto a salvação quanto a santificação são obras
do Espírito Santo (ao qual ele se refere 16 vezes em toda essa carta). Paulo usa literalmente a expressão grega “por meio da
carne” para significar “a natural e inconseqüente fraqueza humana”. Buscar conquistar a justificação por meio do cumprimento
de leis, rituais e boas obras, incluindo a circuncisão judaica, faz parte do caráter de todos os homens, mas é absolutamente inútil
em relação à Salvação eterna e à verdadeira comunhão com Deus.
3 Deus fez de Abraão o pai biológico e espiritual de toda a raça judaica (Gn 15.6; Jo 8.33-53; At 7.2; Rm 4.12). Paulo enfatiza,
entretanto, que todos os crentes sinceros (judeus e não-judeus) são chamados de filhos espirituais dele, e também são
apresentados no NT como “descendentes” de Abraão (v.16; Hb 2.16).
4 Paulo personifica a Bíblia (...a Escritura, prevendo...) com o propósito de ressaltar a origem divina da Palavra de Deus (1Tm
5.18). Os judaizantes se valiam do texto bíblico de Gn 17 para afirmar que as bênçãos divinas foram prometidas somente a Abraão
e aos seus filhos (Gn 12.3; 18.18; 22.18). Para ser incluído na linhagem de Abraão, era indispensável ser circuncidado. Paulo nega
veementemente essa interpretação racista e obtusa da Palavra de Deus, declarando que o mais importante não é ser “filho na
carne”, mas no Espírito, pela fé em Cristo (Rm 4.9-12; Hb 11.8-19).

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7 GÁLATAS 3

10 Pois todos os que são das obras da Lei mas exclusivamente: “Ao seu descenden-
estão debaixo de maldição. Porquanto te”, transmitindo a informação de que se
está escrito: “Maldito todo aquele que não trata de uma só pessoa, isto é, Cristo.7
persiste em praticar todos os mandamen- 17 Em outras palavras: A Lei, que veio
tos escritos no Livro da Lei”.5 quatrocentos e trinta anos depois, não
11 É, portanto, evidente que diante de anula a aliança previamente estabelecida
Deus ninguém é capaz de ser justificado por Deus, de maneira que venha a invali-
pela Lei, pois “o justo viverá pela fé”. dar a promessa.8
12 A Lei não é fundamentada na fé; ao 18 Porquanto, se a herança provém da
contrário, “quem praticar esses manda- Lei já não depende mais da promessa.
mentos, por eles viverá”. Deus, entretanto, outorgou a herança
13 Foi Cristo quem nos redimiu da mal- gratuitamente a Abraão por intermédio
dição da Lei quando, a si próprio se tor- da promessa.
nou maldição em nosso lugar, pois como 19 Qual era, então, o propósito da Lei?
está escrito: “Maldito todo aquele que for Ora, a Lei foi acrescentada por causa das
pendurado num madeiro”.6 transgressões, até que viesse o Descen-
14 Isso aconteceu para que a bênção de dente a quem se referia a Promessa, e foi
Abraão chegasse também aos gentios em promulgada por meio de anjos, pela mão
Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos a de um mediador.
promessa do Espírito Santo pela fé. 20 Entretanto, o mediador não representa
somente um, mas Deus é um só.9
A Lei e a graça da Promessa 21 Sendo assim, pode a Lei ser contrária
15 Caros irmãos, eu vos falarei em termos às promessas de Deus? De forma alguma!
simplesmente humanos. Assim, mesmo Pois, se tivesse sido outorgada uma lei
considerando que um testamento seja que pudesse conceder vida, com toda a
feito por mãos humanas, ninguém o po- certeza a justiça resultaria da lei.
derá anular depois de haver sido ratifica- 22 Contudo, a Escritura colocou tudo
do, nem ao menos lhe acrescentar algo. debaixo do pecado, para que a promessa
16 Desse mesmo modo, as promessas fo- fosse concedida aos que crêem por meio
ram feitas a Abraão e ao seu descendente. da fé em Jesus Cristo.
A Escritura não declara: “E aos seus des- 23 Antes que essa fé chegasse, estávamos
cendentes”, como se referindo a muitos, sob a custódia da Lei, nela aprisionados,

5 Paulo se refere a todos os legalistas, pois recusam a Graça de Deus e insistem em tentar obter a justiça ou merecer os favores
de Deus por meio da prática metódica de leis, rituais e boas obras. Paulo ensina que não é possível ao ser humano (depois da
Queda – Gn 3) guardar a Lei com perfeição, e, portanto, todos aqueles que se acham “bons, justos ou cumpridores das leis”,
desprezam a Graça e estão sob a maldição da Lei que, certamente os condenará, pois ninguém é capaz de cumprir todos os man-
damentos do Senhor. Além disso, não basta observar a Lei, é preciso não ter qualquer contato com alguém em pecado, sob pena
de assumir para si a maldição de outrem e suas penalidades (Hb 2.15). A bênção do Senhor não é concedida por merecimento,
mas pela misericórdia de Deus ao coração humilde e desejoso de salvação (Dt 27.26; Tg 2.10). Não há nada que possamos fazer
para que Deus nos ame mais, porém, não há nada que façamos que possa diminuir o amor de Deus por nós em Cristo Jesus.
6 É Cristo quem nos “redimiu” (no original grego exegorasen – com o sentido de “comprou para pôr em liberdade”) da maldição
a que estávamos condenados pela Lei (Rm 8.3). Paulo usa o grego clássico no sentido de comunicar a morte de Cristo na cruz do
Calvário, em analogia ao terrível suplício da empalação romana por meio de varas e estacas (At 5.30; 10.39; 1Pe 2.24). Portanto,
quem viver pela fé pela fé será julgado, quem viver pela Lei, pela Lei já está condenado (Hb 2.4; Lv 18.5; Dt 21.23).
7 Isaque era em si incapaz de transportar as bênçãos de Deus para todos os povos (v.8). Portanto, Jesus Cristo é a verdadeira
“semente” (no singular em Gn 12.7; 22.17,18), em que as promessas têm o seu perfeito cumprimento.
8 O princípio da fé é anterior à própria Lei e mais importante do que as ordenanças mosaicas. O período em que o povo de
Israel viveu como escravo no Egito (sem contar a peregrinação no deserto) é designado em números redondos pela Septuaginta
(a tradução do AT em grego – Êx 12.40,41; Gn 15.13; At 7.6).
9 O “Descendente” refere-se outra vez a Jesus Cristo. A Lei foi interpolada para que os judeus pudessem perceber claramente
e reconhecer suas transgressões e pecados (Rm 3.20). Em contraste com a Promessa, a Lei foi declarada aos homens por meio
de anjos (At 7.38,53), mas a pessoa de Deus ficou à parte. Em Cristo, entretanto, o próprio Deus vem diretamente até o crente e
lhe abençoa com o Seu Espírito Santo (v.14).

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GÁLATAS 3, 4 8

até que a fé que haveria de vir fosse re- 3 Da mesma forma nós, quando éramos
velada.10 menores, estávamos debaixo de um sis-
24 Desse modo, a Lei se tornou nosso tema que nos escravizava aos princípios
tutor a fim de nos conduzir a Cristo, básicos deste mundo.
para que por intermédio da fé fôssemos 4 Todavia, quando chegou a plenitude
justificados. dos tempos, Deus enviou seu Filho, nas-
25 Agora, no entanto, havendo chegado a fé, cido de mulher, nascido também debaixo
já não estamos mais sujeitos a esse tutor.11 da autoridade da Lei,1
5 para resgatar os que estavam subjuga-
Filhos de Deus mediante Cristo dos pela Lei, a fim de que recebêssemos a
26 Porquanto, todos vós sois filhos de Deus adoção de filhos.
por meio da fé que tendes em Cristo Jesus, 6 E, porque sois filhos, Deus enviou o Es-
27 pois todos quantos em Cristo fostes pírito de seu Filho para habitar em vos-
batizados, de Cristo vos revestistes. sos corações, e ele clama: “Abba, Pai!”.2
28 Não há judeu nem grego, escravo ou 7 Portanto, tu não és mais escravo, mas
livre, homem ou mulher; porque todos filho; e sendo filho, és igualmente pleno
vós sois um em Cristo Jesus. herdeiro por decreto de Deus.
29 E, se sois de Cristo, então, sois descen-
dência de Abraão e plenos herdeiros de Zelo por uma doutrina sadia
acordo com a Promessa.12 8 No passado, quando não conhecíeis a
Deus, éreis escravos daqueles que, por
Não mais escravos, mas filhos! natureza, não são deuses.

4 Afirmo porém que, durante todo o


tempo em que o herdeiro é menor
de idade, ele em nada é diferente de um
9 Agora, entretanto, que já conheceis a
Deus, ou melhor, sendo conhecidos por
Ele, como é que podeis pensar em retro-
escravo, mesmo sendo o dono de tudo. ceder a esses princípios insignificantes,
2 No entanto, está sujeito a tutores e ad- fracos e pobres, aos quais de novo desejais
ministradores até o tempo determinado servir?
por seu pai. 10 Guardais dias, meses, tempos e anos.3

10 Estar sob custódia (detenção) da Lei, ou prisioneiro do pecado, em termos práticos resulta na mesma falta de liberdade e
condenação, porquanto a Lei revela e estimula o pecado (4.3; Rm 7.8; Cl 2.20). Paulo se refere à “Escritura” para mostrar seu
embasamento teológico acerca de que a Lei é secundária; outorgada para provar o quanto somos pecadores e merecedores da
condenação eterna por nossas afrontas a Deus e aos nossos semelhantes, e a fé é prioritária e vital, pois nos concede a vida.
11 A expressão original grega paidagõgos (da qual se deriva “pedagogo”) refere-se a um tipo especial de escravo, também
chamado de “aio”, cuja principal responsabilidade era acompanhar os filhos do seu amo na execução dos seus deveres
escolares, bem como na sua formação acadêmica e cultural. Fazia parte de suas funções caminhar e seguir seus pupilos por
todos os lugares, sempre zelando por sua educação e segurança (1Co 4.15). A Lei, portanto, pode conduzir o ser humano a
Cristo, porém somente Jesus é capaz de tirar o poder do pecado da alma humana e ser seu Advogado (Jo 14.16-21).
12 Todos os cristãos sinceros são adotados por Deus e se tornam seus filhos, plenamente justificados, adultos e dignos da
herança eterna com todos os privilégios (e deveres) decorrentes (4.1-7; Rm 8.14-17). A união com Cristo transcende todas as
diferenças raciais, culturais, políticas e sociais (Rm 10.12; 1Co 12.13; Ef 2.15,16). Portanto, os crentes verdadeiros são os des-
cendentes espirituais de Abraão.
Capítulo 4
1 A “plenitude dos tempos” ou “época determinada” descreve o ponto central da história universal, o momento escolhido por
Deus para revelação da Sua pessoa em Cristo Jesus, Seu Filho; para resgate eterno de todos os que nele crêem, transformando
seus “filhos menores” em “herdeiros adultos” (Jo 1.14; 3.16; Rm 1.1-6; 1Jo 4.14). Ao salientar que o Cristo nasceu de mulher,
Paulo ratifica a plena humanidade do Senhor e, portanto, sujeição à Lei.
2 Deus concedeu o seu próprio Espírito, como selo real de paternidade e novo guardião, para habitar permanentemente na
alma dos cristãos sinceros (Rm 8.2-9; Ef 1.13,14). O verbo original grego, aqui traduzido por “clama”, expressa profunda emoção,
como no brado final de Jesus na cruz (Mt 27.50). O vocábulo aramaico “Abba” corresponde à forma carinhosa e respeitosa da
nossa expressão “papai”, transmitindo a idéia de um relacionamento especialmente íntimo com Deus (Mc 14.36; Rm 8.15).
3 Os judeus tinham que guardar vários dias e épocas cerimoniais como parte do cumprimento da Lei. Por exemplo: o Shabbãth
(todos os preparativos e rituais que envolviam a celebração do sábado). O número de detalhes a serem observados é tão grande,

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9 GÁLATAS 4

11 Temo que eu talvez tenha ministrado sofrendo como que com dores de parto
inutilmente para convosco. por vossa causa, e isso até que Cristo seja
12 Caros irmãos, rogo-vos que vos torneis formado em vós.
parecidos a mim, da mesma maneira que 20 Eu bem que gostaria de estar pesso-
eu me tornei semelhante a vós. Em nada almente convosco e mudar o tom desse
me ofendestes; meu discurso, pois estou atônito em
13 e sabeis que foi por causa de uma relação ao vosso comportamento.
enfermidade física que vos preguei o
Evangelho pela primeira vez.4 A Lei e a Promessa: as alianças
14 E não desprezastes nem rejeitastes 21 Dizei-me vós, os que quereis perma-
aquilo que no meu corpo era uma tribu- necer subjugados à Lei: Acaso não tendes
lação para vós; ao contrário, me recebes- ouvido com clareza a Lei?
tes como se eu fosse um anjo de Deus, 22 Porquanto está escrito que Abraão teve
como o próprio Cristo Jesus. dois filhos, um da mulher escrava e outro
15 Ora, onde está aquele vosso júbilo? da livre.6
Porquanto, eu mesmo sou testemunha de 23 O que era filho da escrava nasceu de
que, se fosse possível, teríeis arrancado os modo natural, porém o filho da mulher
próprios olhos para oferecê-los a mim. livre nasceu mediante uma promessa.
16 Será possível que me tornei vosso 24 Pois bem, uso essa história aqui como
inimigo apenas por vos declarar a ver- uma ilustração; pois essas mulheres pre-
dade?5 figuram duas alianças. Uma aliança pro-
17 Aqueles que se mostram fazendo tanto cede do monte Sinai e pode gerar apenas
esforço para vos agradar não agem com filhos para a escravidão; esta é Hagar.7
boas intenções, mas seu real propósito é 25 Hagar representa o monte Sinai, na
vos isolar a fim de que sejais constran- Arábia, e corresponde à atual cidade de
gidos a demonstrar vosso cuidado para Jerusalém, que vive como escrava com os
com eles. seus filhos.8
18 É muito bom que sejais sempre zelo- 26 Entretanto, a Jerusalém do alto é livre,
sos do bem, e não apenas quando estou e esta é a nossa mãe!9
presente. 27 Pois está escrito: “Alegra-te, ó estéril,
19 Meus amados filhos, novamente estou tu que não davas à luz; irrompe em bra-

mesmo em nossos dias, especialmente em Israel, que geralmente as crianças são encarregadas, na sexta-feira, de preparar
pedaços de papel higiênico e disponibilizá-los para uso nos banheiros de suas casas, pois a lei judaica proíbe rasgá-los no
sábado. E ainda, o Dia da Expiação (dia dez de Tisrei – conforme Lv 16.29-34), Luas Novas (Nm 28.11-15; Is 1.13,14), a Páscoa
(Êx 12.18), as Primícias (Lv 23.10), o Ano Sabático (Lv 25.4). Os fariseus observavam meticulosamente milhares de ordenanças e
ritos religiosos com o objetivo de conquistar méritos diante de Deus e, então, se sentirem autorizados a fazer suas reivindicações
ao Senhor.
4 Paulo conheceu os gálatas e lhes pregou o Evangelho por ocasião da sua primeira viagem missionária (At 13.14 – 14.23).
Nessa época, a região de Perge, no litoral da Ásia Menor foi afligida por um surto de malária. Paulo pode ter contraído essa
doença e foi acolhido e tratado pelos gálatas que presenciaram sua luta contra o que chamou de seu “espinho na carne” (2Co
12.7), embora não haja registro claro de que mal era esse.
5 Ao falar a verdade, ainda que com amor e cuidado, corremos o risco de perder alguns amigos. Paulo era muito estimado
pelos gálatas, mas por causa da influência desastrosa dos judaizantes e sua doutrina legalista e altamente restritiva, a igreja havia
perdido a espontaneidade, a alegria, a hospitalidade e o grande respeito que já havia demonstrado pelo apóstolo de Cristo.
6 Abraão teve dois filhos: Ismael, nascido da escrava Hagar (Gn 16.1-16), e Isaque, nascido de Sara, que não era escrava
(Gn 21.2-5).
7 A antiga aliança, com a Lei que regulamentava a vida e a religiosidade do povo de Israel foi estabelecida no monte Sinai e
entregue a Moisés para que a ministrasse aos israelitas e a todos os povos (Êx 19.1; 20.1-17).
8 Jerusalém, ainda hoje, pode ser equiparada ao próprio monte Sinai por representar o centro do judaísmo em todo o mundo,
cujo povo ainda vive, onde estiver, como escravo da antiga Lei promulgada no alto de um monte, no meio do deserto do Sinai;
um lugar ermo e árido, para onde eram banidos os criminosos e indesejados das cidades.
9 Desde a antigüidade, a doutrina rabínica ensinava que a Jerusalém do alto era o arquétipo da cidade celestial que seria
baixada e estabelecida na Terra por ocasião do advento messiânico (Ap 21.2). Paulo se refere aqui à cidade espiritual de Deus, na

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GÁLATAS 4, 5 10

dos de júbilo, tu que não passastes pelas 2 Eu, Paulo, vos afirmo que Cristo de
dores de parto; pois os filhos da mulher nada vos servirá, se vos deixardes cir-
abandonada são mais numerosos do que cuncidar.
os daquela que tem marido”.10 3 E outra vez declaro solenemente a todo
28 Assim vós, irmãos, sois filhos da Pro- homem que se permite circuncidar, que
messa, à semelhança de Isaque. ele, desse modo, fica obrigado a cumprir
29 No entanto, assim como naquele tempo toda a Lei.
o que nasceu de modo natural perseguia 4 Vós, que vos justificais por meio da
o que nasceu segundo o Espírito, assim Lei, estais separados de Cristo; caístes
também acontece nos dias de hoje. da graça!2
30 Contudo, o que nos revela a Escritura? 5 Entretanto nós, pelo Espírito mediante
“Mande embora a escrava e o seu filho, a fé, aguardamos a justiça que é nossa
porque o filho da escrava jamais será esperança.3
herdeiro com o filho da livre”.11 6 Porquanto em Cristo Jesus, nem a circun-
31 Portanto, amados irmãos, não somos cisão nem a incircuncisão têm qualquer
filhos da escrava, mas sim filhos da li- valor; mas sim a fé que opera pelo amor.4
berdade! 7 Corríeis bem! Quem vos impediu de
obedecer à verdade?
Nossa liberdade em Cristo 8 Quem vos convenceu a agir assim, não

5 Foi para a liberdade que Cristo nos


libertou! Portanto, permanecei firmes
e não vos sujeiteis outra vez a um jugo de
procede daquele que vos chama.
9 Sabeis que “um pouco de fermento
leveda toda a massa”.5
escravidão.1 10 Quanto a vós, estou convencido no

qual Jesus Cristo reina e da qual todo cristão já é cidadão (filho), em oposição a Jerusalém da época de Paulo e de hoje em dia.
10 Paulo interpreta o regozijo profético de Isaías (Is 54.1) em relação à Jerusalém – na época do profeta confinada a um peque-
no e inexpressivo grupo de escravos no exílio, portanto, “estéril e sem filhos”, mas que ainda produziria “muitos filhos”. Profecia
cumprida por meio da grande colheita evangélica que o mundo presencia, desde a vinda do Senhor Jesus, e que se encerrará
com seu iminente e glorioso retorno.
11 Paulo usa as palavras de Sara como base bíblica para ensinar aos gálatas e a todas as igrejas cristãs que não devem tolerar
em seu meio doutrinas meramente legalistas ou qualquer ideologia judaizante (Gn 21.10). A Igreja de Cristo é livre, conduzida
pelo Espírito do próprio Deus e por Sua Palavra; adequada à cultura de cada nação e povo salvo, e não mais guiada pela obedi-
ência obrigatória e metódica à Lei e às suas ordenanças, rituais, festas e mandamentos rabínicos. O crente em Cristo é filho – com
plenos direitos, poderes e deveres – da Promessa, que é viver pela fé (3.7,29).
Capítulo 5
1 A palavra “liberdade” é enfatizada por sua localização na frase original grega, e revela nossa total independência do jugo
da Lei. No grego clássico, o verbo “sujeitar” significava “viver imobilizado por uma rede”, ou seja, emaranhado pelos poderosos
laços das exigências rigorosas das leis judaicas, a fim de conseguir o favor de Deus (At 15.10,11).
2 A expressão “cair da graça”, nesse contexto, significa que alguns cristãos, entre os gálatas, optaram por (seguindo o pensa-
mento judaizante) conquistar o favor divino pelo esforço próprio (mérito), ao tentarem cumprir, de forma legalista, as ordenanças
da Lei; em vez de, humildemente, reconhecerem a pecaminosidade e impotência humanas, e aceitar o dom gratuito de Deus por
meio de Cristo, que é a Salvação (2Pe 3.17).
3 Os gálatas haviam sido enredados por um pensamento teológico falso, de que o cristão só obteria completa salvação se
observasse toda a Lei, as datas e comemorações santas do calendário judaico e praticasse os tradicionais rituais religiosos, como
a circuncisão. Paulo faz uma afirmação escatológica, ao asseverar que o veredicto final de Deus sobre o cristão (“absolvido!”)
já nos foi outorgado em Cristo (ele pagou nossa cara fiança), e que essa decisão irrevogável e eterna de Deus está confirmada
(selada) pela presença do Espírito Santo na vida de cada convertido. Paulo afirma que é o Espírito quem nos apresentará diante
de Deus, perfeitos na justiça de Cristo (3.3; Ef 1.13).
4 Paulo não se opunha a que os judeus-cristãos continuassem a guardar a Lei e as tradições judaicas como seus pais. En-
tretanto, não podia admitir que os gentios fossem obrigados a cumprir os rituais judaicos (At 21.10). Paulo ensina que não é a
raça, tradição ou qualquer prática religiosa que conduz à salvação e aos favores de Deus, mas a fé no amor operoso de Cristo,
o Filho de Deus (Rm 5.8; 8.32). O rito em si, tanto da circuncisão como de qualquer tipo de batismo, não tem valor justificador
diante de Deus (1Co 10.1-12). A fé não é simples assentimento intelectual, mas confiança viva e responsiva na graça do Senhor;
a verdadeira fé se manifesta em amor prático (1Co 7.19; 1Ts 1.3).
5 Paulo cita um provérbio muito conhecido, e várias vezes mencionado por Jesus para ilustrar o efeito difusor do judaísmo.
Quando a palavra “fermento” é usada de forma simbólica nas Escrituras, representa a iniqüidade ou falsidade (Mc 8.15), com
exceção de Mt 13.33.

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11 GÁLATAS 5, 6

Senhor de que não pensareis de outra des, contra as quais vos advirto, como já
forma. Mas aquele que vos perturba, seja vos preveni antes: os que as praticam não
quem for, sofrerá condenação. herdarão o Reino de Deus!
11 Eu, no entanto, irmãos, se continuo 22 Entretanto, o fruto do Espírito é: amor,
pregando a circuncisão, por qual motivo alegria, paz, paciência, benignidade,
ainda sou perseguido? Nesse caso, o es- bondade, fidelidade,
cândalo da cruz estaria anulado. 23 mansidão e domínio próprio. Contra
12 Quem me dera se castrassem àqueles essas virtudes não há Lei.
que vos estão confundindo!6 24 Os que pertencem a Cristo Jesus cru-
13 Caros irmãos, fostes chamados para a cificaram a carne, com as suas paixões e
liberdade. Todavia, não useis da liberdade os seus desejos.
como desculpa para vos franquear à 25 Se vivemos pelo Espírito, andemos de
carne; antes, sede servos uns dos outros igual modo sob a direção do Espírito.
mediante o amor. 26 Não nos tornemos arrogantes, provo-
14 Pois toda a Lei se resume num só cando-nos uns aos outros e tendo inveja
mandamento, a saber: “Amarás o teu uns dos outros.
próximo como a ti mesmo”.7
15 Porém, se mordeis e devorais uns aos A mutualidade cristã
outros, cuidado para não vos destruirdes
mutuamente! 6 Irmãos, se alguém for surpreendido
em algum pecado, vós que sois espi-
rituais, deveis restaurar essa pessoa com
Viver no Espírito, não na carne espírito de humildade. Todavia, cuida de
16 Portanto, vos afirmo: Vivei pelo Espí- ti mesmo, para que não sejas igualmente
rito, e de forma alguma satisfareis as tentado.
vontades da carne! 2 Levais as cargas pesadas uns dos outros
17 Porquanto a carne luta contra o Espí- e, assim, estareis cumprindo a Lei de
rito, e o Espírito, contra a carne. Eles se Cristo.1
opõem um ao outro, de modo que não 3 Pois, se alguém se considera importan-
conseguis fazer o que quereis. te, não sendo nada, engana a si mesmo.
18 Contudo, se sois guiados pelo Espírito, 4 Mas cada indivíduo avalie suas próprias
já não estais subjugados pela Lei. atitudes, e, então, saberá como orgulhar-
19 Ora, as obras da carne são manifestas: se de si mesmo, sem viver se comparando
imoralidade sexual, impureza e liberti- com outras pessoas.
nagem; 5 Portanto, cada um deve levar seu pró-
20 idolatrias e feitiçarias; ódio, discórdia, prio fardo.2
ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e
21 inveja; embriaguez, orgias e tudo Colhemos aquilo que semeamos
quanto se pareça com essas perversida- 6 O que está sendo orientado na Palavra

6 A expressão grega usada por Paulo, originalmente, é mais forte, e significa literalmente “cortar fora”. Em Fp 3.2, o apóstolo
emprega um verbo correspondente em referência a uma pessoa em situação semelhante à “falsa circuncisão”, ou literalmente
“mutilação”. Fica assim muito clara a ironia usada por Paulo nesse sentido.
7 Paulo ensina que temos toda a liberdade de fazer o bem, como é próprio do verdadeiro crente que ama a Deus, e demonstra
essa adoração ao Senhor por meio de atitudes práticas para com todas as pessoas à sua volta (Lv 19.18). Evidentemente, como
cristãos, não nascemos de novo para sermos licenciosos, ou seja, nos entregarmos à prática do mal (Rm 6.1; 1Pe 2.16).
Capítulo 6
1 O verbo grego “restaurar”, em seu sentido original, tem a ver com o ato de consertar as redes de pesca, ou de reunir pessoas
cujos relacionamentos foram quebrados. Paulo faz referência ao “novo mandamento” de dedicar uns aos outros o amor fraternal
movido pelo Espírito de Deus, e o denomina “Lei de Cristo” (Jo 13.34; 1Jo 4.21). Essa “nova lei” abrange todo os gomos do fruto
do Espírito (5.22,23) e cumpre todo o dever do cristão para com Deus e a humanidade (vv. 5,14; Mt 22.37-40).
2 Não devemos nos comparar com outras pessoas, quer no aspecto físico, psicológico, moral ou espiritual. Nem devemos nos
gloriar nas fraquezas ou erros cometidos pelos outros. Não somos piores ou melhores que ninguém, temos apenas algumas

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GÁLATAS 6 12

deve compartilhar tudo o que possui de dados conseguem cumprir a Lei; contu-
bom com aquele que o instrui.3 do, desejam que vós sejais circuncidados,
7 Não vos enganeis: Deus não se permite para se orgulharem do ritual que impin-
zombar. Portanto, tudo o que o ser hu- giram ao vosso corpo.
mano semear, isso também colherá! 14 Quanto a mim, no entanto, que eu
8 Pois quem semeia para a sua carne, da jamais venha a me orgulhar, a não ser na
carne colherá ruína; mas quem semeia cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por
para o Espírito, do Espírito colherá a intermédio da qual o mundo já foi cruci-
vida eterna. ficado para mim, e eu para o mundo.
9 E não nos desfaleçamos de fazer o bem, 15 Não há, de fato, o menor valor em ser
pois, se não desistirmos, colheremos no ou não ser circuncidado. O que realmen-
tempo certo. te importa é ser uma nova criação.6
10 Sendo assim, enquanto temos oportu- 16 Paz e misericórdia repousem sobre
nidade, façamos o bem a todos, princi- todos aqueles que andarem conforme
palmente aos da família da fé.4 essa ordenança, e também sobre o Israel
de Deus.7
A nova criação supera a Lei 17 Quanto ao restante, ninguém tem au-
11 Vede com que grandes letras vos escre- toridade para questionar-me, pois trago
vo de próprio punho. em meu próprio corpo as marcas de que
12 Aqueles que aspiram ostentação exte- pertenço a Jesus.8
rior vos obrigando a fazer a circuncisão,
agem dessa maneira somente para não Bênção apostólica final
serem perseguidos por causa da cruz de 18 Amados irmãos, que a graça de nosso
Cristo.5 Senhor Jesus Cristo esteja com vosso es-
13 Ora, nem mesmo os que são circunci- pírito! Amém.

diferenças e oportunidades diversas. No dia do julgamento final cada pessoa, individualmente, apresentará seu fardo com os
valores espirituais (boas e más escolhas) que foi angariando ao longo do seu tempo de vida na Terra (2Co 5.10; Rm 14.12). O v.2
fala das cargas que podemos e devemos ajudar nossos irmãos e amigos a levar (tragédias, tristezas agudas, quedas repentinas
e momentâneas, etc.), o v.5 usa uma outra palavra no grego original, e se refere ao nosso fardo particular, que não podemos
compartilhar: a responsabilidade sobre a nossa decisão pessoal de aceitar ou não o Evangelho de Cristo e adorar a Deus. Uma
resposta íntima e intransferível que todas as pessoas do mundo têm que dar um dia.
3 Os crentes têm a obrigação espiritual e moral de dividir, com seus pastores e mestres, o resultado de seus progressos
materiais, e não apenas problemas e necessidades (Fp 4.14-19).
4 Nossa prioridade em termos de obras de caridade e assistência social é para com os demais cristãos (família da fé). Nossa
principal responsabilidade para com o mundo em geral é a evangelização, o que não exclui toda a ajuda material e social possível
(Mt 28.19,20; 1Co 9.16; 1Tm 5.8).
5 Ao se constrangerem os gálatas a passar pelo ritual religioso da circuncisão, os judaizantes corriam menos risco de sofrer
oposição por parte dos inimigos judaicos do cristianismo. Paulo os critica por estarem mais preocupados com sua própria repu-
tação e interesses do que com a verdadeira edificação espiritual dos crentes (5.11).
6 Ao contrário do dito popular, nem todos são filhos de Deus. Essa é uma posição muito importante e privilegiada, somente
possível àqueles que aceitaram com fé a graça salvadora de Jesus Cristo; e, portanto, ao nascerem de novo passaram por um
processo milagroso de nova criação. Esse novo ser, criado à imagem de Cristo, precisa alimentar-se da Palavra e crescer em
sabedoria divina, amadurecer como cristão e gerar filhos e filhas espirituais (Jo 1.12; 3.3-16; 2Co 5.17).
7 A Igreja do NT, constituída de cristãos de todos os povos e culturas, judeus e gentios (não-judeus), pode ser compreendida
como a nova descendência de Abraão, herdeira de todas as bênçãos do Senhor segundo a Promessa (1Co 10.18; Rm 9.6; Fp
3.3). Paulo se refere à perfeita paz e misericórdia profetizadas ao povo israelita, agora à disposição de todos os crentes; neste
sentido, o novo Israel de Deus (Sl 125.5; 128.6).
8 Na época de Paulo, a palavra grega original, aqui traduzida por “marcas”, era usada em referência ao estigma produzido pelo
ferro em brasa ou pelo ferrete com que se costumava furar as orelhas dos escravos a fim de identificar a que senhor pertenciam.
Os muitos sofrimentos de Paulo serviam para distinguí-lo como “escravo de Cristo” (At 14.19; 16.22; 2Co 11.25; 2Co 12.7; Gl
4.13,14). Portanto, os cristãos precisam refletir sobre isso quando se apresentam à sociedade como “servos do Senhor” (1.10;
2Co 4.10).

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