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Frutas do Brasil, 3 Mamão Produção

DOENÇAS E SEU
CONTROLE
Antônio Alberto Rocha Oliveira
Cristiane de Jesus Barbosa
Hermes Peixoto Santos Filho
Paulo Ernesto Meissner Filho

O
mamoeiro é afetado por um com conseqüente tombamento e morte das
grande número de doenças, plântulas (Figura 17).
dentre as quais serão destaca-
Medidas de controle
das aquelas de maior importância econômica.
1. A sementeira deve ser feita em local
ESTIOLAMENTODE ensolarado, com espaçamento pouco den-
SEMENTEIRAS,TOMBAMENTO so, mais ou menos 2 cm entre sementes (no
DAS MUDAS OUDAMPING-OFF momento oportuno, desbastar cerca de 10 cm
ou 15 cm entre plantas) e 30 cm entre
Essa doença é causada por um com- fileiras, em solo permeável e utilizado pela
plexo de fungos de solo tais como primeira vez para essa cultura, longe de
Rhizoctonia, Phytophthora Pythium e Fusarium
que podem atuar juntos ou separadamente.
O estiolamento tem ocorrência esporá-
dica e, embora tenha sido observado em
áreas de plantio, o seu aparecimento é mais
comum em sementeiras, não causando, en-
tretanto, no Brasil, problemas acentuados.
O tombamento de plântulas do mamoeiro
acontece principalmente em época quente e
úmida, sendo muito intenso quando elas
estão amontoadas na sementeira. Esse pro-
blema ocorre também no replantio, quando
os campos têm, pelo menos, três anos de
cultivos sucessivos com mamoeiro, ou quando
se tratar de áreas com solos extremamente
argilosos. Altas temperaturas e período chu-
voso são consideradas condições muito fa-
voráveis à doença. O aparecimento da doen-
ça também é favorecido em solos com gran-
de capacidade de retenção de umidade, com
má aeração, altos teores de nitrogênio dispo-
níveis no solo, semeadura profunda e locais
pouco ensolarados.
Sintomatologia
Os sintomas mais comuns são:
encharcamento dos tecidos na região do
colo da planta, seguido de constrição da Figura 17. Tombamento das mudas ou damping-off
área afetada e o apodrecimento das raízes, (Foto: Antônio Alberto R. Oliveira).
Mamão Produção Frutas do Brasil, 3

plantações que possam transmitir doenças Phytophthora também podem estar envolvi-
comuns. das na etiologia da doença.
2. O solo contaminado deve ser trata- Sintomatologia
do antes do estabelecimento da sementeira,
A doença aparece com mais freqüên-
e o tratamento deve ser feito por: a) fumi- cia no colo das plantas, onde podem ser
gação com brometo de metila na dosagem vistas manchas aquosas, que posteriormen-
de 42 g do produto por m2, em faixas de 1 m te coalescem, apodrecem e envolvem todo
de largura; b) esterilização do solo a 82°C, o caule (Figura 18). Em estádios mais avan-
por duas horas. A fumigação e a esteriliza- çados, os tecidos mais tenros são decom-
ção do solo também eliminam os fungos postos, aparecendo os tecidos fibrosos, que
micorrízicos que são benéficos no incre- exsudam goma. A circulação da seiva é
mento da absorção de nutrientes. Esses interrompida e aparece uma série de outros
fungos devem ser reinoculados no substrato
de formação das mudas.
3. As sementes devem ser tratadas
com Captan, na dosagem de 450 g/100 kg
de sementes.
4. A irrigação deve ser moderada, e
com água livre de contaminação.
5. No aparecimento dos primeiros sin-
tomas, aplicar — com intervalo de uma
semana, regando no solo — produtos à
base de Chlorotalonil, na dosagem de 400 g/
100 l de água ou Metalaxil, na dosagem de
600 g/100 l de água.

PODRIDÕES DE
PHYTOPHTHORA
Essas podridões de raízes, do caule e
dos frutos ocasionam enormes perdas e
ocorrem em todas as regiões cultivadas
Figura 18. Podridão de Phytophthora.
com mamoeiro. Duas espécies de
(Foto: Hermes P. Santos Filho).
Phytophthora são citadas como causadoras
de podridões em mamão: P. palmivora Butler
e P. parasitica Dastur. Nas sementeiras, a sintomas, como: amarelecimento de folhas,
doença chama-se “tombamento” ou queda prematura de frutos, murcha-do-
damping-off. topo, tombamento e morte da planta.

A podridão-do-pé, podridão-do-colo As lesões no caule também podem


ou gomose do mamoeiro é muito comum aparecer na área da coluna dos frutos, que
em solos argilosos, mal drenados, e se de- caem prematuramente, ocorrendo, então,
senvolve rapidamente em períodos de alta o tombamento do topo da planta.
umidade e calor. O problema ainda é mais Os frutos em maturação ou completa-
sério pelo fato de o seu agente etiológico mente maduros podem apresentar manchas
também utilizar 80 espécies como hospe- aquosas, por onde exsuda látex, seguindo-se o
deiras, entre as quais os citros, o cacau, o escurecimento dos tecidos. Com o progresso
coqueiro, a mamona e o abacaxi, com o da doença, o tecido descorado endurece e se
agravante de que outras espécies de recobre de uma massa esbranquiçada de
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esporos, que confere ao fruto um aspecto Sua nocividade para a economia é


mumificado. Esses frutos caem, deixando no muito grande, pois os frutos atacados pela
solo grande número de esporos que são car- antracnose tornam-se imprestáveis para a
regados pela água e pelo vento, contribuindo comercialização e o consumo. Ainda que
para a infecção de novas plantas sadias. frutos colhidos não apresentem sintomas
da doença, ela se manifesta na fase de
Medidas de controle
embalagem, transporte, amadurecimento e
1. Evitar plantios em solos muito argi- comercialização, causando grande percen-
losos, nas regiões com alta pluviosidade e tagem de perdas.
em áreas que foram sucessivamente planta-
O fungo sobrevive de um ano para
das com mamoeiros.
outro nas lesões velhas da cultura, principal-
2. Utilizar solos virgens para encher a mente nas folhas. Os ferimentos causados
cova ou sulco de plantio, ou seja, solos nos frutos, por insetos ou por via mecânica,
removidos de campos que nunca foram favorecem a penetração do fungo.
ocupados com a cultura do mamoeiro.
Sintomatologia
3. Caso os sintomas indiquem que as
plantas não poderão se recuperar, elas de- Os frutos jovens, quando atacados,
vem ser erradicadas. Para a reutilização da cessam o seu desenvolvimento, mumifi-
cova, o solo deve ser tratado por solarização, cam e caem. Com o aumento da precipita-
e receber uma calagem pesada (2 kg de cal/m2), ção e da umidade relativa, aparecem na
ficando em repouso por um período míni- casca dos frutos pequenos pontos pretos,
mo de dois meses. que aumentam de tamanho, formando
manchas deprimidas, que podem medir até
4. Pulverizar as plantas com Fosetil-Al 5 cm de diâmetro (Figura 19). Em torno das
na dosagem de 250 g/100 l de água, em três manchas, forma-se um halo de tecido aquoso,
aplicações anuais. A primeira deve ser efe- com coloração diferente da parte central.
tuada no período de maior desenvolvimen- Quando em grande quantidade, as manchas
to vegetativo e no surgimento dos primei- podem coalescer. Espalham-se, então, pela
ros sintomas; a segunda, noventa dias após, superfície do fruto, penetram e aprofundam-se
e a terceira, somente se for necessária, no na polpa, ocasionando a podridão-mole. A
caso em que alguma planta ainda manifeste frutificação do fungo concentra-se na parte
sintomas. Deve ser observado o período de central da lesão, que toma um aspecto gela-
carência de 30 dias. tinoso de coloração rósea.
5. Efetuar tratamento cirúrgico das le-
sões, caracterizado pela raspagem das áreas
afetadas e aplicação de pasta cúprica a 5%.
6. Aplicar nas lesões dos frutos, pre-
ventivamente, produtos à base de cobre,
como sulfato de cobre tribásico ou
Mancozeb.
ANTRACNOSE
Esta é uma doença causada pelo fungo
Colletotrichum gloeosporioiedes Penz., que pode
atacar os frutos em qualquer estádio de desen-
volvimento, porém ocorre com maior inten-
sidade nos frutos maduros. É considerada a
principal doença dos frutos do mamoeiro no
Havaí, no Brasil e em muitos outros países. Figura 19. Antracnose. (Foto: Hermes P. Santos Filho).
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Medidas de controle clara no centro, cercadas por linhas concên-


tricas, de margens marrom-escuras ou pre-
Nos plantios onde houver uma fonte
tas. Na face superior das folhas, ocorrem
de inóculo muito grande, os frutos atacados
pequenas manchas de forma arredondada,
devem ser retirados das plantas e enterra-
de cor pardo-clara, cercadas por um halo
dos. A colheita deve ser feita com os frutos
amarelo (Figura 20).
ainda em estado verdoengo, e devem ser
desinfetados os galpões de armazenamento Quando ocorre intenso ataque da do-
e os vasilhames de transporte e embalagens. ença, os sintomas podem ser amareleci-
mento, queda prematura das folhas, e retar-
O controle da antracnose deve ser damento do crescimento e da vitalidade das
realizado de forma preventiva com pulveri- plantas. A queda de grande quantidade de
zações quinzenais, utilizando produtos à folhas pode provocar queimaduras nos fru-
base de cobre, benzimidazol mais tos, devido ao contato direto com o sol.
chlorotalonil ou mancozeb.
Os primeiros sintomas da doença nos
PINTA-PRETAOUVARÍOLA frutos verificam-se quando estes, ainda pe-
quenos e verdes, apresentam nos tecidos
A varíola é a doença mais comum do áreas circulares com aspecto encharcado,
mamoeiro e ocorre tanto em pomares co- em cujo centro notam-se pontos
merciais como em pomares domésticos. O esbranquiçados, tornando-se posteriormen-
agente etiológico é o fungo Asperisporium te pardacentos e salientes (Figura 21). O
caricae (Speg) Maubl. tamanho das manchas acompanha o desen-
Ainda que não ocasione sérios prejuízos volvimento dos frutos, adquirindo colora-
como outras podridões, pelo fato de as man- ção mais escura e atingindo apenas a cama-
chas se limitarem à superfície dos frutos, o da externa do fruto, que fica mais endureci-
grande número de lesões causa mau aspecto da, porém sem alcançar a polpa.
e resulta em grande desvalorização comercial. Medidas de controle
Sintomatologia Apesar de o fungo ser de fácil controle
A pinta-preta é uma infecção que se com a utilização de fungicidas, é necessário
inicia nas folhas inferiores da planta, mas
algumas vezes pode começar nas folhas
novas e nos frutos. Na parte inferior das
folhas, o fungo desenvolve frutificações
pulverulentas, circulares e levemente angu-
losas. As manchas têm coloração cinza-

Figura 20. Pinta-preta ou varíola na folha. (Foto: Antônio Figura 21. Pinta-preta ou varíola-fruto.
Alberto R. Oliveira). (Foto: João Roberto P. Oliveira).
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que se apliquem os produtos na época tante em plantas adultas, somente em casos


certa. Como a doença aparece inicialmente de alta incidência, recomenda-se a aplicação
nas folhas mais velhas, deve-se monitorar o de produtos químicos, principalmente à base
pomar localizando as lesões que aparece- de enxofre, tendo-se o cuidado de aplicá-los
rem neste tipo de folha, as quais devem ser com temperaturas abaixo de 21oC, senão
retiradas e destruídas no local, não devendo pode ocorrer queima nos frutos.
ser arrastadas pelo pomar, evitando-se a
dispersão de esporos. As pulverizações — OUTRAS DOENÇAS
com os mesmos fungicidas recomendados FÚNGICAS
para o controle da antracnose — devem
começar quando a lesão inicial ainda tem Os fungos Phoma caricae papaya (Tarr)
coloração pardacenta. Realizando-se um Punith e Lasiodiplodia theobromae El. & Ev.
efetivo controle das lesões nas folhas, não é provocam a podridão terminal do caule do
necessário pulverizar os frutos. mamoeiro, bem como as podridões do
pedúnculo e dos frutos durante o período
OÍDIO de armazenamento e maturação. O fungo
Colletotrichum gloesporioides afeta o mamoeiro
O agente etiológico é Oidium caricae causando, além da antracnose e da podri-
Noack. É uma doença que tem ocorrência dão-peduncular, a doença denominada
generalizada, especialmente em viveiros mancha-chocolate. Os fungos Ascochyta
muito sombreados e nos meses mais frios caricae e Colletotrichum gloesporioides, ao produ-
do ano. Geralmente, a planta pode superar zirem enzimas que degradam a parede celu-
essa doença; entretanto, o ataque muito lar, também ocasionam podridão-
intenso pode causar danos nas folhas, nos peduncular de frutos. Também merece des-
frutos e em toda a planta. taque a podridão-interna do mamão, causa-
Sintomatologia da por um complexo fúngico (Cladosporium
sp., Fusarium spp., Alternaria sp., Corynespora
Quando as folhas da parte superior sp. e Phoma sp.).
são atacadas, a planta sofre uma redução do
crescimento, ocorrendo perda de vigor. As Sintomatologia
folhas mais velhas, localizadas na parte Quando ocorre o ataque de Phoma sp.,
inferior da planta, são muito sensíveis e, inicialmente, observa-se um número limi-
quando afetadas, mostram manchas de co- tado de folhas na parte terminal do caule, o
loração mais clara (verde-amarelada), ten- que impede o crescimento normal da planta
do contornos irregulares. Essas áreas des- e até causa a sua morte. Os sintomas típicos
coloridas juntam-se, coalescem e apresen- do ataque desse fungo são caracterizados
tam-se recobertas na sua superfície inferior por uma margem estreita e firme, seguida
por uma massa pulverulenta branca (massa por um tecido negro e quebradiço, local
de esporos) formada pela frutificação do onde os picnídios estão separados e embe-
fungo em seu crescimento. bidos no tecido. Sobre as lesões mais velhas
Quando o ataque do fungo é intenso, aparece um micélio esponjoso acinzentado.
ocorre enfraquecimento da planta devido à Nos frutos, a podridão de Phoma aparece na
retirada de nutrientes das células da super- forma de pequenas pregas na superfície dos
fície das folhas. Como conseqüência, as frutos e lesões com margens translúcidas
folhas caem, deixando os frutos descober- marrons. Quando a doença é causada por
tos e sujeitos a queimaduras provocadas Lasiodiplodia, ocorre podridão terminal
pelos raios solares. do caule e podridões na superfície dos
frutos. Ao atingir o fruto, o fungo provoca
Medidas preventivas e controle uma margem larga, mole e úmida com
Como a doença se mostra pouco impor- uma maior descoloração interna de cor
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preto-azulada. Inicialmente, surge uma man- antracnose. Tratamentos pós-colheita dos


cha aquosa em torno do pedúnculo, que frutos, antes da embalagem, também po-
progride ao longo da extremidade do cau- dem ser realizados. Para a podridão-interna
le; uma faixa dura se desenvolve entre os dos frutos, o tratamento deve ser preventi-
tecidos afetados e os sadios, surgindo uma vo, iniciando-se na época da floração.
lesão semelhante à causada pela antracnose,
recoberta por uma massa de esporos de VIROSES
cor rósea.
MANCHA ANELAR DO
Os sintomas típicos da doença man-
cha-chocolate são caracterizados por man- MAMOEIRO
chas marrom-escuras nos frutos, cuja inci- No Brasil esta virose é conhecida como
dência é favorecida por períodos de elevada o mosaico do mamoeiro, sendo causada
umidade. pelo vírus da mancha anelar do mamoeiro
O complexo fúngico (Cladosporium sp., (papaya ringspot virus, PRSV). O mosaico
Fusarium spp., Alternaria sp., Corynespora sp. ocorre em todas as regiões nas quais o
e Phoma sp.), responsável pela podridão mamoeiro é cultivado.
interna do fruto do mamão, induz o amadu-
O PRSV infecta cucurbitáceas (abó-
recimento precoce, caracterizado por um
bora, melancia, pepino), chenopodiáceas e
amarelecimento anormal e uniforme na
parte apical, estendendo-se até a parte medi- mamoeiro, possuindo duas estirpes (vari-
ana, provocando sua queda prematura. In- antes): a estirpe PRSV-p, que infecta ma-
ternamente os frutos com essas característi- moeiro e cucurbitáceas, e a estirpe PRSV-w,
cas apresentam uma podridão carpelar, atin- que infecta somente cucurbitáceas. O vírus
gindo as sementes e os tecidos adjacentes a é transmitido de um mamoeiro a outro por
elas, os quais se apresentam cobertos por várias espécies de pulgões (afídeos) e não
micélio e conídios dos fungos (Figura 22). passa pelas sementes de plantas infectadas.

Medidas de controle O PRSV produz o amarelecimento


das folhas mais novas do terço superior da
O controle das podridões externas é copa, clareamento das nervuras e também
realizado no campo, com a aplicação de mosaico intenso nas folhas (com áreas
fungicidas à base de cobre ou carbamatos, amareladas e outras esverdeadas)(Figura 23).
ao mesmo tempo que se controla a As folhas podem ficar deformadas, e, mui-
tas vezes, a lâmina foliar praticamente desa-
parece, ficando reduzida à nervura central
(fio-de-sapato). Nos frutos aparecem man-
chas redondas que formam anéis (Figura 24).O
pecíolo foliar apresenta estrias oleosas ou
de aparência aquosa, estendendo-se até o
caule (Figura 25). Os sintomas foliares po-
dem ser confundidos com os causados pelo
ataque de ácaros. Dependendo da estirpe
de vírus presente, pode ocorrer a morte das
plantas infectadas.
Plantas de todas as idades são suscetí-
veis ao vírus, sendo que os sintomas apare-
cem cerca de três semanas após a infecção.
Figura 22. Frutas de mamão apresentando podridão As perdas de produção são variáveis, alcan-
interna (Foto: Hermes P. Santos Filho). çando até 72%. O mosaico também provoca
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Figura 23. Amarelecimento e mosaico. (Foto: Paulo E. Meissner Filho).

Figura 24. Anéis nos frutos. (Foto: Cleômenes N. Tôrres).


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Figura 25. Estrias oleosas no pecíolo. (Foto: Paulo E. Meissner Filho).

perdas qualitativas, por reduzir o grau Brix Em mamoeiro Solo, provoca o


dos frutos produzidos em plantas infectadas amarelecimento das folhas do terço superior
e por depreciar o seu valor comercial, uma da planta e retorcimento do ponteiro
vez que eles apresentam anéis necróticos na (Figura 26). Com o passar do tempo as
casca. folhas murcham e morrem, causando a
morte da planta. Nos pecíolos ocorrem
AMARELOLETALDO depressões longitudinais e as nervuras apre-
MAMOEIRO SOLO sentam lesões necróticas na face inferior.
Em outras variedades, os sintomas são
O vírus do amarelo letal do mamoeiro semelhantes, sem ocorrer o retorcimento do
Solo (papaya lethal yellowing virus, PLYV) já ponteiro e a morte das plantas infectadas. Os
foi relatado em Pernambuco, Bahia, Rio frutos podem apresentar manchas circulares
Grande do Norte, Ceará e Paraíba, ocor- verde-claras que amarelecem com o passar
rendo nos pomares afetados com uma inci- do tempo, sendo que a polpa fica empedrada
dência que variou de 25% a 90%. O PLYV e com maturação retardada (Figura 27).
até o momento só foi encontrado no Brasil.
O vírus do amarelo letal só infecta
mamoeiros e a sua dispersão é pouco
eficiente. Até o momento não foi en-
contrado nenhum vetor para esta virose.

Figura 27. Sintomas do vírus do amarelo


Figura 26. Sintomas do vírus do amarelo letal do mamo- letal do mamoeiro: frutos com manchas
eiro: amarelecimento das folhas. (Foto: Juvenil Enrique circulares amareladas na casca. (Foto:
Cares). Francisco Canindé).
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O PLYV pode sobreviver por algum tem-


po no solo, em volta das plantas infectadas,
e na superfície de sementes obtidas de
frutos infectados. Não há, porém, nenhu-
ma evidência de que este vírus seja transmi-
tido pelas sementes.

MELEIRA
A meleira é, atualmente, a doença mais
grave para a cultura do mamoeiro. Foi cons-
tatada nos anos 80 em Teixeira de Freitas, no
extremo sul da Bahia. Em 1989, essa doença
foi detectada no norte do Espírito Santo
afetando até 100% das plantas nas lavouras
vistoriadas, estando presente hoje na maioria
dos pomares. Informações pessoais obtidas
de técnicos da Emcapa demonstram que
essa é a principal doença do mamoeiro no
estado do Espírito Santo, causando a
erradicação de cerca de 30% das plantas de
pomares afetados, até o final do ciclo econô-
mico da cultura. Recentemente foi observa-
da em plantios comerciais no nordeste da
Bahia, na região do submédio do São Fran-
cisco, em Pernambuco e no Ceará .
Os sintomas da meleira caracterizam-
se pela exsudação de látex mais fluido dos
frutos afetados. O látex exsudado escurece
devido à oxidação, dando um aspecto me-
Figura 28. Sintomas de oxidação do látex observados
lado ao fruto do qual deriva o nome da em plantas com meleira. (Foto: João Roberto P. Oliveira).
doença (Figura 28). Os frutos afetados tam-
bém podem apresentar manchas claras na Também constatou-se que a doença em
casca e na polpa. Sintomas da doença po- plantas cuja idade variava de 6 a 36 meses,
dem aparecer ainda em folhas de plantas apresentava no início uma distribuição ao
jovens, antes da frutificação. Neste caso, as acaso e, posteriormente, em agregados como
margens das folhas tornam-se necróticas, em geral ocorre com doenças de causa
após a exsudação de látex . biótica. Mais tarde, testes de transmissão
A etiologia da meleira foi inicialmente por injeção de látex de plantas afetadas para
atribuída à deficiência na absorção de cálcio mamoeiros sadios foram positivos e refor-
e/ou boro, resultante da falta de água no çaram ainda mais a hipótese do
solo, ou do desbalanceamento de bases no envolvimento de um patógeno, provavel-
solo. Na tentativa de associar a meleira a um mente um vírus.
agente biótico, foram realizados estudos Entretanto, foi a constatação de partí-
sobre a epidemiologia da doença no Espíri- culas virais e de formas replicativas de vírus
to Santo e verificou-se que a sua incidência (dsRNA) em tecidos de plantas afetadas,
havia aumentado nos dois últimos anos, que reforçam a associação de um vírus com
obrigando os produtores a eliminarem os a meleira. Os pesquisadores observaram ao
pomares em plena produção comercial. microscópio eletrônico a ocorrência de
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partículas isométricas, Ca.50 nm, em sus- novos distantes de outros que apresentem
pensões de látex de frutos ou das folhas e no a doença;
lúmen dos vasos lactíferos de plantas afeta- • treinar pessoal para reconhecimento
das pela meleira. Além disso, foram extraí- das plantas com sintomas de viroses, no
dos dsRNA com Ca.6 x 10 6 d de folhas e início da ocorrência. Duas vezes por sema-
frutos de plantas doentes. Testes de trans- na, vistoriar o plantio, eliminando as plantas
missão através da inoculação mecânica de com sintomas de viroses. Para que a
látex de plantas afetadas, diluído em tam- erradicação de plantas doentes dê bons re-
pão fosfato, em plantas utilizadas na sultados, é necessário que todos os produto-
diagnose de viroses, não foram positivos. O res da região façam este tipo de controle;
dsRNA tem sido observado em diferentes
tecidos de mamoeiros afetados pela meleira, • manter o pomar limpo de mato,
e em maior concentração em tecidos de eliminando assim abrigos para a formação
raízes e flores. Estes dsRNA também fo- de colônias de insetos vetores;
ram recuperados de plântulas de mamão • mergulhar, periodicamente, em de-
inoculadas com a meleira, por meio de sinfetante ou hipoclorito de sódio, os ins-
ferimentos com agulha, em casa de vegeta- trumentos de corte utilizados nos tratos
ção e gaiola antiafídica no campo. culturais e colheita;
Medidas de controle para viroses • destruir plantações velhas de ma-
O controle de viroses é feito de modo moeiros, assim como plantas isoladas;
preventivo, uma vez que não há forma • antes de instalar o viveiro, eliminar
barata e simples de curar uma planta das imediações hortaliças (abóbora, pepi-
infectada com um vírus. No caso das viro- no, melancia e solanáceas), que permitem a
ses do mamoeiro, recomenda-se uma série criação e o abrigo de insetos;
de medidas, como: • no caso do mosaico, algumas medi-
• utilizar sementes obtidas de plantas das adicionais têm dado bons resultados,
sadias para a formação de mudas, de prefe- como a produção das mudas ou até o
rência oriundas de pomares onde a doença cultivo de mamoeiro em telados a prova de
ainda não tenha sido observada; insetos. Plantar em volta e entre as plantas
• utilizar mudas sadias na implanta- do mamoeiro espécies não hospedeiras do
ção do pomar; vírus, como milho e Hibiscus;

• estabelecer os viveiros distantes de • a cultivar Cariflora possui tolerân-


plantios de mamoeiros e instalar pomares cia ao mosaico do mamoeiro.

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