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ÍNDICE

Conteúdo Págs.

01 Linguagem Literária....................................................................................... 03
02 Figuras de Linguagem.................................................................................... 03
03 Gêneros Literários.......................................................................................... 04
04 Formas Literárias............................................................................................ 05
05 Literatura........................................................................................................ 06
06 Estilo............................................................................................................... 06
07 Romantismo no Brasil.................................................................................... 07
08 Antonio Gonçalves Dias................................................................................. 08
09 José de Alencar............................................................................................... 09
10 O Realismo no Brasil..................................................................................... 09
11 Machado de Assis........................................................................................... 10
12 O Naturalismo................................................................................................ 10
13 Aluízio de Azevedo........................................................................................ 10
14 Pré-Modernismo............................................................................................. 11
15 Monteiro Lobato............................................................................................. 11
16 O Modernismo................................................................................................ 12
17 Manoel Bandeira............................................................................................ 14
18 Mário de Andrade........................................................................................... 15
19 Carlos Drummond de Andrade....................................................................... 16
20 Cecília Meireles.............................................................................................. 17
21 Jorge Amado................................................................................................... 19
22 José Lins do Rêgo........................................................................................... 20
23 Graciliano Ramos........................................................................................... 19
24 Érico Veríssimo.............................................................................................. 20
25 Clarice Lispector............................................................................................ 24
26 João Cabral de Melo Neto.............................................................................. 24
27 Tendências Contemporâneas.......................................................................... 26
28 Lista de Obras para Leitura............................................................................ 29
29 Textos para Interpretação............................................................................... 30
30 Produção de Texto – Dissertação................................................................... 38
31 Gramática – Verbos Irregulares – Exercícios ................................................ 43
32 Concordância Verbal...................................................................................... 48
33 Concordância Nominal................................................................................... 50
34 Regência Verbal............................................................................................. 52
35 Palavras e Expressões que Apresentam Dificuldades.................................... 55
36 Quadro de Resposta dos Exercícios............................................................... 60
37 Bibliografia..................................................................................................... 63
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1 - LINGUAGEM LITERÁRIA

A linguagem literária tem várias funções ou finalidades, de acordo com as intenções do


emissor (autor do texto ou da fala).
Uma mesma palavra pode ter vários sentidos, num texto ou numa fala, conforme o contexto
em que se encontra. Observe:

Levei uma fruta doce para o meu doce amor.

Denotação Conotação

Temos denotação quando a Temos conotação quando a


palavra é empregada no seu palavra assume um sentido fora
sentido real, comum, literal. É do real, um sentido figurado,
usada na linguagem científica, poético. A conotação é muito
informativa, sem preocupação usada na linguagem poética.
literária.

1.1- Figuras de Linguagem (resumo)

Há uma grande quantidade de figuras de linguagem, um uso da língua que é literário


exatamente porque foge às normas e torna mais rica a expressividade. Há figuras de
palavras, de construção e de pensamento. Não levaremos em conta esta divisão.
Destacaremos as mais decorrentes nos textos literários.

Metáfora - A vida é um combate. (Machado de Assis)


Comparação - A vida é como combate.
Metonímia - Ganhar o pão com o suor do rosto. (suor em vez de trabalho)
Sinestesia - Aqueles dias de luz tão mansa. (Mário Quintana).
Antítese - Desculpe-me por ter sido longo porque não tive tempo de ser breve. (Vieira)
Prosopopéia ou Personificação - As estrelinhas cantam como grilos... (Mário Quintana)
Onomatopéia - Sino de Belém, bem-bem-bem/ Sino da Paixão, bate bão-bão-bão. (Manoel
Bandeira).
Aliteração - Vozes veladas veludosas vozes. (Cruz e Sousa). /z/, /v/.
Assonância - Minha terra tem palmeiras/ Onde canta o sabiá. (Gonçalves Dias) /a/.
Hipérbole - Você me faz morrer de rir.
Ironia - Eis o grande esforço que fizeste: tiraste nota dois na prova.
Eufemismo - Pedro passou desta para melhor. (Morreu)
Perífrase - conheci a Cidade Maravilhosa. (Rio de Janeiro)
Catacrese - O velho apoiou-se no braço da cadeira. (braço = parte do objeto)
Pleonasmo - Com meus olhos curiosos, vi seu corpo pela primeira vez.
Elipse - A mãe vestia uma roupa azul; a filha, uma roupa verde. (foi omitido o verbo "vestia" na
segunda opção).
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E X E R C Í C I O Nº 1

1.1 - Diga em que sentido foi empregada a palavra assinalada (denotativo ou conotativo).
a) Ele é o cabeça da revolução.
b) Doía-lhe a cabeça e nem o médico descobria a causa.
c) A margem esquerda do rio era coberta por densa floresta.
d) Vivia à margem da sociedade, fugindo de todos.
e) Madame entregou as jóias.
f) Ela é uma jóia de menina.

1.2 - Identifique as figuras de linguagem dos períodos seguintes:


a) O amor é como um raio. (Djavan)
b) O amor é fogo que arde sem se ver. (Camões)
c) Não tinha teto para se abrigar.
d) O luar amacia o mato sonolento.
e) Estou esperando há um século, meu amor!
f) O marceneiro consertou o pé da mesa.
g) Ela é uma mulher da vida.
h) O vento afagava carinhosamente os seus longos cabelos.
i) Seu coração era um gelo.
j) Foram servidos mais de trinta pratos.
k) Pegou o carro e saiu voando estrada afora.
l) O rei do futebol já não é mais ministro.
m) Quem muito quer, nada tem.
n) O sol beijava seu corpo na areia da praia.

2 - GÊNEROS LITERÁRIOS

Gêneros são as diversas modalidades de expressão literária.


Conforme as características predominantes dos conteúdos das obras literárias, elas podem
ser classificadas em três gêneros: lírico, épico (narrativo) e dramático.

2.1 Gênero Lírico


O gênero é lírico quando predominam, na obra literária, os sentimentos e as emoções. O
escritor revela o seu mundo interior, o seu modo próprio de pensar, de sentir e de interpretar o
mundo, as pessoas, as coisas. Por esse motivo, o gênero lírico é subjetivo.
O gênero lírico aborda, geralmente, estes temas: Deus, o amor, o ódio, a natureza,
admiração, alegria, tristeza.
A palavra lírico deriva de lira, instrumento musical usado pelos antigos gregos.
Nessa época, dava-se o nome de lírica à canção entoada ao som da lira.

2.2 Gênero Épico ou Narrativo

Damos o nome de épico ou narrativo ao texto em que alguém (o narrador) conta uma
história na qual há personagens que executam suas ações num determinado espaço físico durante
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certo tempo. O encadeamento dos fatos forma o enredo da narrativa. O texto narrativo pode ser
escrito em verso ou em prosa.
2.3 Gênero Dramático

O gênero dramático é um gênero representativo, isto é, atores representam (encenam) um


texto. Para dar vida e movimento ao texto, o gênero dramático recorre a luzes, sons, cores, cenários,
vestimentas apropriadas, coreografias etc. As representações teatrais apresentam cenas trágicas
(tragédia) ou cômicas (comédia), geralmente com intenção de criticar certos costumes da sociedade
ou a vida política.

Observação
Dificilmente uma obra se enquadra em apenas um gênero literário. Os
romances, por exemplo, apesar de narrativos (épicos, portanto), estão cheios de
lirismo.

3 - FORMAS LITERÁRIAS

Somente para você diferenciar as formas literárias.

3.1 Prosa

Como caracterizar a prosa?

Prosa é a forma de linguagem usada normalmente ao conversarmos, ao escrevermos uma


carta, ao fazermos uma redação. Em prosa são escritos os trabalhos científicos, as reportagens de
jornal e revistas, os romances, as novelas, as histórias em quadrinhos, as mensagens dos anúncios.
Em prosa, ainda, contamos piada, damos recados e fazemos convites.
A característica mais notória de um texto escrito em prosa é sua divisão em parágrafos.
Parágrafos são partes do texto compostas de período, orações ou frases que desenvolvem
uma única idéia.
Num texto, a cada idéia diferente, acrescentada à anterior para fazer o assunto progredir,
deve também corresponder um parágrafo diferente. Um novo parágrafo deve sempre indicar um
pensamento a mais.
Por isso, na prosa, é essencial o uso correto da pontuação e paragrafação para obtermos um texto
que transmita nossas idéias de modo correto, claro, coerente e agradável de ler.
A pontuação e a paragrafação vão tornar mais compreensíveis para o leitor os diálogos entre as
personagens, as descrições, as narrativas e as exposições de idéias em torno de determinado tema.
(Ver texto Uma Vela para Dario, pág. 38)

3.2 Verso

Como são os textos em verso?


A simples apresentação dos textos em verso, ou poemas, permite sua imediata identificação.
Cada linha de um poema é um verso e cada bloco de versos forma uma estrofe. (Ver texto Poema
de Sete Faces, pág. 36)
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4 - LITERATURA

A palavra literatura surgiu do latim littera (letra) e significa, hoje, a arte que se expressa
através da escrita, explorando todas as suas potencialidades, todas as possibilidades dos signos
lingüísticos, dando-lhes um valor singular e combinando-os criativamente.
Antigamente, no entanto, denominava-se "literatura" tudo que se referisse à escrita, tanto
que esse termo chegou a ser considerado sinônimo de gramática. Só a partir do século XVIII, esses
conceitos se separam, tornando-se a gramática "o ensino da língua" e a literatura "a arte de se
expressar livremente através da palavra, usando a imaginação".

Literatura é ficção, é invenção ou recriação de uma realidade, através de palavras.

Em textos literários procuramos diferenciar estilo individual ou estilo de época.

4.1 Estilo individual


É o modo próprio e pessoal de cada um se expressar, de acordo com as possibilidades
fornecidas pela linguagem que utiliza. No caso da literatura, a escolha da qual resulta o estilo
individual é feita entre as possibilidades fornecidas pelo vocabulário, pela sintaxe, pela sonoridade,
pelo ritmo da língua.

4.2 Estilo de época


É o conjunto de características semelhantes empregadas por vários indivíduos numa
determinada época. O estilo de um época pode ser observado no comportamento, na maneira de
vestir, nos costumes e, principalmente, na arte dessa época.

4.3Estilos de época no Brasil

1500 1601 1768 1836 1881 1893 1902 1922


Realismo/
Literatura de Pré-
Barroco Arcadismo Romantismo Naturalismo/ Simbolismo Modernismo
informação Modernismo
Parnasianismo

I - A literatura brasileira ao longo do período colonial


1. A literatura do descobrimento e dos primeiros tempos da colonização. Século XVI.
2. Manifestações da literatura barroca. Século XVII, desde 1601, com a publicação de
Prosopopéia, de Bento Teixeira, na primeira metade do século XVIII.
3. A literatura arcádica. Manifestações pré-românticas. Segunda metade do Século XVIII, a partir
de 1768, com a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manoel da Costa (alterações
profundas na situação brasileira e, conseqüentemente, na literatura ocorrem com a chegada da
família real, em 1808: tem início o período em que já aconteceram manifestações pré-
românticas).
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II - A literatura brasileira após a independência

1. O Romantismo (a partir da publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de


Magalhães, em 1836).
2. O Realismo e as tendências paralelas (a partir da publicação de O Mulato, de Aluísio Azevedo,
em 1881, e Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis).
3. O Simbolismo (a partir da publicação de Broquéis e Missal, de Cruz e Souza, em 1893).
4. O Pré-Modernismo (a partir do início do século, com a movimentação literária que divergia do
parnasianismo de das tendências de gostos dominantes na época).
5. O Modernismo (desde a realização da Semana da Arte Moderna, em 1922).
6. A nova literatura moderna da "década de 30" (desde a publicação, em 1928, de A Bagaceira, de
José Américo de Almeida)
7. O Pós-Modernismo (desde o surgimento da "geração de 45" até o presente)

Observação: Iniciaremos o estudo das Escolas Literárias a partir do Romantismo

5 - O ROMANTISMO NO BRASIL (1836 - 1881)

Começa o Romantismo no Brasil em 1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e


Saudades, de Gonçalves Magalhães. Aparece também nessa época a revista Niterói, com idéias
românticas de Gonçalves Magalhães, Porto Alegre e Torres Homem.
O Romantismo no Brasil abrange o período que vai de 1836 a 1881.
Durante esse período de quase meio século dominaram as letras brasileiras o eu, o
sentimentalismo, o nacionalismo, o indianismo e o liberalismo.
A literatura romântica no Brasil apresentou várias tendências:
a) o indianismo e o nacionalismo: valorização do índio, de nossa fauna e flora;
b) o regionalismo (ou sertanismo), que aborda o nosso homem do interior, caracterizando a
região em que vive, com o seu folclore, seus costumes e tipos característicos;
c) O chamado “mal do século” ou byronismo, marcado pela melancolia, tristeza, sentimento de
morte, pessimismo, cansaço da vida;
d) A realidade política e social (o abolicionismo, as lutas humanitária, sentimentos liberais, o
poder agrário);
e) Os problemas urbanos surgidos com o relacionamento indústria-operário, a corrupção e o
materialismo.

5.1 Poesia
Três gerações sucederam-se ao longo do Romantismo no Brasil.
a) 1ª Geração
Obras de temática religiosa e mística; poesia da natureza marcada por forte sentimento
nacionalista.
• Gonçalves de Magalhães
• Gonçalves Dias
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b) 2ª Geração
Obras que revelam acentuado individualismo e subjetivismo. É a poesia da dúvida, da
desilusão, do negativismo diante da vida (mal do século).
Os poetas dessa geração também são chamados de byronianos, graças à influência neles
exercida por Lorde Byron, poeta inglês que cultuou a temática do amor e da morte.
• Álvares de Azevedo
• Cassimiro de Abreu
• Junqueira Freire
• Fagundes Varela

c) 3ª Geração (condoreira)
O nome provém de condor, ave que voa a grandes altitudes. A poesia condoreira busca palavras
de sentido vasto e elevado, de grande força expressiva, traduzindo a idéia de imensidão e infinito.
Temas de natureza social, como abolicionismo, inspiram seus autores.
• Castro Alves

5.2 Ficção
A prosa de ficção romântica foi constituída pelo romance, uma nova forma narrativa que
entre nós apresentou as seguintes variantes:

a) Romance Indianista: a natureza brasileira é o cenário desse tipo de romance que faz dos
indígenas as personagens centrais da trama, geralmente fantasiosa e poetizada.
• José de Alencar

b) Romance Urbano: ambientado na Corte do Rio de Janeiro, constituiu o registro da moral e dos
bons costumes da sociedade burguesa do Segundo Império.
• José de Alencar
• Joaquim Manoel Macedo
• Manoel Antônio de Almeida (obra ambientada no Vice-Reinado)

c) Romance Regionalista: surgido nos fins do Romantismo, retrata os costumes, as crenças, a


linguagem e a geografia das diversas regiões do país.
• José de Alencar
• Bernardo Guimarães
• Franklin Távora
• Visconde de Taunay

d) Romance Histórico: encontra seus temas e personagens na sociedade fidalga dos tempos
coloniais. Bandeirantes e aventureiros se destacavam na reconstituição imaginosa de nosso
passado histórico.
• José de Alencar

5.3 Para você conhecer

ANTONIO GONÇALVES DIAS (lirismo e indianismo)


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Estudou direito em Coimbra, leu os clássicos e os principais autores europeus, foi jornalista,
professor do Colégio Dom Pedro Segundo, no Rio de Janeiro, pesquisou os costumes e a língua dos
índios e foi um grande poeta romântico.
Acham-se presentes em seus versos:
• O ambiente e a terra brasileira;
• As tradições, a valentia e a honra dos índios;
• O amor lírico impulsivo e veemente, a saudade, a tristeza, a solidão, a religiosidade.

Obras:
Primeiros Cantos, Segundos Cantos, Últimos Cantos, Sextilhas do Frei Antão, Os Timbiras,
Dicionário da Língua Tupi etc.

JOSÉ DE ALENCAR

Alencar é considerado o maior romancista romântico de nossa literatura. Tem estilo poético,
lírico, livre, muito pessoal. Seus romances trazem os aspectos históricos da formação do nosso
povo, da nossa gente, com sua linguagem e seus costumes.
O meio ambiente e a paisagem são valorizados e o ser humano aparece integrado neles. Seus
romances abordavam vários aspectos, podendo mesmo ser catalogados assim:
a) romances indianistas, em que focaliza os primeiros donos do Brasil e seus contatos com a
civilização portuguesa colonizadora;
b) romances históricos, em que aparece o nosso passado histórico, com aspectos coloniais e
sentimento nativista
c) romances regionalistas, em que aparecem aspectos regionais, como o folclore, os costumes,
tipos tradicionais, as paisagens características;
d) romances urbanos, em que se revela o meio social carioca do tempo do Segundo Reinado. Ele
mostra o materialismo, a corrupção da alta sociedade da época.

Obras:
1- Romances indianistas: O Guarani, Iracema, Ubirajara.
2- Romances históricos: As Minas de Prata, A Guerra dos Mascates, Alfarrábios.
3- Romances regionalistas: O Gaúcho, o Sertanejo, o Tronco do Ipê, Til.
4- Romances urbanos: Cinco Minutos, A Viuvinha, Diva, Lucíola, Senhora, A Pata da Gazela,
Sonhos d'Ouro, Encarnação.
5- Crônica: Ao Correr da Pena.
6- Poema: Os Filhos de Tupã.
7- Teatro: Demônio Familiar, Verso e Reverso, As Asas de um Anjo, Mãe, O Jesuíta.

6 - O REALISMO NO BRASIL (1881 - 1893)

O movimento literário chamado Realismo teve início no Brasil a partir da publicação de


Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em 1881. O Realismo brasileiro sofreu a
influência do Realismo francês. A nova mentalidade literária é motivada pela últimas conquistas da
filosofia e das ciências, cujos representantes eram, então, Augusto Comte (filósofo francês
positivista), Charles Darwin (cientista inglês e evolucionista), Spender, Claude Bernard e outros.
O Realismo surgiu como uma reação ao subjetivismo e ao individualismo e eu românticos.
Em seu lugar surgem o objetivismo e o impersonalismo do artista. A razão, a pesquisa, a ciência
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vêm ocupar o lugar do sentimentalismo. Os realistas procuram retratar o homem e a sociedade a


partir da observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, dos comportamentos, procurando as
causas dos fatos e fenômenos que abordam.

MACHADO DE ASSIS

Machado de Assis é considerado o maior romancista brasileiro. A primeira fase da obra


machadiana ainda se ressente dos traços do romantismo. Essa primeira fase vai até a publicação de
Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881.
Machado de Assis sobressaiu no romance e no conto, gêneros em que teve um desempenho
magistral. Em sua obra, principalmente na segunda fase, revela o gosto pela análise psicológica dos
personagens e a idealização das causas mais profundas que motivam o comportamento humano.
Transparece um tom de humorismo, ironia e pessimismo em relação à natureza humana, que se
deixa levar pelo egoísmo, falsidade, jogo de interesses, segundas intenções.

Suas obras da primeira fase são:


a) Romances: Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá Garcia.
b) Contos: Contos Fluminenses, Histórias da Meia-Noite.
c) Poesias: Crisálidas, Falenas, Americanas.
d) Teatro: Os Deuses da Casaca, O Protocolo, Queda que as Mulheres têm pelos Tolos, Quase
Ministro, Caminho da Porta.

São obras da segunda fase, na qual o autor chega à maturidade literária e entra de fato no
Realismo:
a) Romances: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó,
Memorial de Aires.
b) Contos: Papéis Avulsos, Histórias sem Data, Relíquias de Casa Velha, Páginas Recolhidas,
Várias Histórias.
c) Crônica: A Semana.
d) Poesia: Ocidentais.
e) Crítica: crítica literária, crítica teatral.

6.1 O Naturalismo

Os ideais do Realismo levados às últimas conseqüências originaram o que chamamos de


Naturalismo, que considera o ser humano um produto biológico, profundamente marcado pelo meio
ambiente, pela educação, pelas pressões sociais e pela hereditariedade. Todos esses fatores
determinam a sua condição, o seu comportamento. O escritor naturalista observa, estuda, segue o
seu personagem de perto, para entender as causas do seu comportamento e chegar ao conhecimento
objetivo dos fatos e situações. O Mulato, de Aluísio de Azevedo, publicado em 1881, foi o primeiro
grande romance naturalista brasileiro.
Os escritores brasileiros obedecem aos cânones dessa estética. Aluísio Azevedo, Adolfo
Caminha, Inglês de Souza, Júlio Ribeiro juntaram os procedimentos realistas às convicções
científicas. Abordando os aspectos da realidade com os olhos da razão e da ciência, negavam
qualquer gratuidade dos eventos. Interessava entender as leis que regem o mundo, a natureza (e não
transcendências, incapazes de explicá-los, tampouco a teologia ou abstrações de qualquer espécie).

6.2 Para você conhecer


ALUÍSIO DE AZEVEDO
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Aluísio foi dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Escreveu muito, por
necessidade econômica. Sua linguagem simples (usa muito a ordem direta da frase) torna-o
comunicativo. Seus temas são os conflitos humanos, vistos à luz dos princípios do naturalismo (o
ser humano é produto do meio, da educação, dos joguetes do destino).
Suas obras principais são:
O Mulato, O Cortiço, Casa de Pensão (consideradas suas obras-primas), O Homem, O
Coruja, Uma Lágrima de Mulher, A Condessa Vésper, O Livro de uma Sogra, A Mortalha de
Alzira.
O Cortiço foi levado às telas do cinema, sob a direção de Francisco Ramalho Jr., com a atriz
Betty Faria, representando a personagem Rita Baiana.

7 - PRÉ-MODERNISMO (1902 -1920)

O Pré-Modernismo é o período cultural que abrange as duas primeiras décadas do século


XX (República Velha). Nele, vamos encontrar ainda escritores românticos, parnasianos, realistas e
simbolistas. Contudo, alguns poucos, desligados de escolas literárias, passaram a expor em suas
obras uma visão crítica dos problemas brasileiros. Entre esses escritores, podemos apontar:

1. Euclides da Cunha, em sua obra Os Sertões, expõe os problemas do homem do sertão, a


existência de vários “Brasis” que ainda não foram descobertos.
2. Graça Aranha, na obra Canaã, aborda os problemas dos imigrantes europeus, especialmente
os alemães.
3. Lima Barreto, numa linguagem simples, enfoca os problemas dos operários do Rio de
Janeiro, dos moradores dos subúrbios e das favelas. Escreveu: Triste Fim de Policarpo
Quaresma e Recordações do Escrivão Isaías Caminha.
4. Monteiro Lobato, preocupado com o progresso do Brasil, faz-nos refletir sobre os problemas
brasileiros, como a saudade, a instrução, a situação do caboclo etc. Escreveu, entre outras
obras, Cidades Mortas, Urupês, O Escândalo do Petróleo.

Podemos ainda apontar alguns autores de destaque nesse período:

Raul de Leoni, Augusto dos Anjos, Coelho Neto, Afrânio Peixoto, João Simões Lopes Neto,
Alcides Maia, Afonso Arinos, Valdomiro Silveira, Hugo de Carvalho Ramos, Alberto Torres,
Oliveira Viana, Farias Brito, Carlos Leat, Jackson de Figueiredo e Nestor Vitor.

7.1 Para você conhecer

MONTEIRO LOBATO (1882 - 1948)

Após ter sido fazendeiro por alguns anos, vende a fazenda, vem para São Paulo e entrega-se
às atividades literárias. Como editor, fez campanhas nacionalistas, sobretudo a favor do petróleo, do
ferro, da educação e da saúde. Monteiro Lobato é considerado o nosso maior escritor de literatura
infanto-juvenil.

Obras:
Urupês, Problemas Vitais, Cidades Mortas, Idéias de Jeca Tatu, Negrinha, A Onda Verde, O
Macaco que se Fez Homem, Mundo da Lua, O Choque das Raças ou O Presidente Negro, Ferro,
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América, O Escândalo do Petróleo, Reinações de Narizinho, Emília no País da Gramática,


Geografia de Dona Benta, O Saci, O Marquês de Rabicó, Caçadas de Pedrinho, Histórias de Tia
Nastácia, Fábulas etc.

8 - MODERNISMO

8.1 A Semana

No dia 29 de janeiro de 1922, O Estado de S. Paulo noticiava o seguinte:

Por iniciativa do festejado escritor Sr. Graça Aranha, da Academia Brasileira de


Letras, haverá em São Paulo uma "Semana de Arte Moderna", em que tomarão parte
os artistas que, em nosso meio, representam as mais modernas correntes artísticas".

Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, realizou-se a
histórica Semana, com recitais, conferências, musicais e exposições.
Vejamos como Manoel Bandeira reportou os acontecimentos importantes da Semana e seus
desdobramentos:

"Enchera-se à cunha o Teatro Municipal, os poetas deram ruidosos vaiados, mas sua ação
continuou depois da Semana, nas páginas da revista Klaxon e outras que se foram
sucedendo. Culminou a ousadia, degenerando em tumulto, quando no próprio seio da
Academia Brasileira e com grande escândalo de seus confrades acadêmicos, Graça
Aranha proferiu em 1924 um discurso inflamado, proclamando que a fundação da
Academia fora um 'equívoco e um erro'. Mas já que existia, acrescentava, 'que viva e se
transforme', admitisse nela as coisas desta terra informe, paradoxal, violenta, todas as
forças ocultas do nosso caos" (...).

• O Romantismo (1836 - 1881), no século XIX; e


• O Modernismo (1922 - 1945), no século XX.

Esse momento já havia sido preparado pelo Pré-Modernismo. A sucessão intempestiva das
vanguardas européias difundiu pelo mundo seus manifestos e suas pretensões.
A Semana de Arte Moderna foi o evento que assinalou oficialmente o início do Modernismo
brasileiro. No campo da literatura, surgiam Oswald e Mário de Andrade; na pintura, Anita
Malfatti, Tarsila do Amaral e Di Cavalcante; na música, Villa-Lobos; na escultura, Victor
Brecheret; e na arquitetura, Antônio Moya.
Antes dessa data, houve tentativas de inovação no plano formal, mas não com tanta força. O
Modernismo apresentou uma ruptura radical com os movimentos anteriores, desconhecendo desta
vez Portugal, pura e simplesmente. O tema da nacionalidade voltou a ocupar o primeiro plano nas
manifestações artísticas. A transplantação e a importação cultural deveriam urgentemente ser
revistas. Para tanto, o evento de 22 seria decisivo.
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8.2 Características

Dada a natureza complexa e contraditória do Modernismo, não se podem apontar as


características que, somadas, dêem um quadro geral que defina esse movimento.
É possível, porém, relacionar certos traços que, com diferentes combinações, podem
caracterizar este ou aquele texto modernista:

• Atitude irreverente em relação aos padrões estabelecidos;


• Reação contra o passado, clássico e estático;
• Temática mais particular, individual e não tanto universal e genérica;
• Preferência pelo dinamismo e velocidade vitais;
• Busca o imprevisível e do insólito;
• Abstenção de sentimento fácil e falso;
• Comunicação direta das idéias: linguagem cotidiana;
• Esforço de originalidade e autenticidade;
• Interesse pela vida humana interior (estados de alma, de espírito, fenômenos psíquicos,
subconscientes e inconscientes);
• Aparente hermetismo, expressão indireta, sugestão e associação verbal em vez da absoluta
clareza;
• Valorização do prosaico e do bom humor;
• Liberdade formal: verso livre (verselibrismo), ritmo livre, sem rima, sem estrofação
preestabelecida.

Observe:

De natureza complexa e contraditória, o Modernismo apresenta traços, que com diferentes


combinações podem caracterizar os textos modernistas.
Considerando o texto acima, é incorreto afirmar-se com respeito ao Modernismo no Brasil
que:
A. o tema da nacionalidade deixou de ocupar o primeiro plano nas manifestações artísticas;
B. teve seu início oficialmente marcado pela Semana de Arte Moderna;
C. cultua a liberdade formal – verso livre, sem rima, sem estrofação preestabelecida e ritmo livre;
D. representou uma ruptura radical com os movimentos anteriores.
(Suplência 1998)

8.3 Modernismo (1ª Fase)

O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente em


conseqüência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Daí
o caráter anárquico dessa primeira fase modernista e seu forte sentido destruidor, assim definido por
Mário de Andrade:

"... se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento. Isto é o seu sentido
verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros processos de idéias
novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor. (...)
Mas esta destruição não apenas continha todos os germes da atualidade, como era
uma convulsão profundíssima da realidade brasileira. O que caracteriza esta realidade que
o modernismo impôs é, a meu ver, a fusão de três princípios fundamentais: o direito
permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira e a
estabilização de uma consciência criadora nacional."
14

Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se


manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa das fontes quinhentistas, a
procura de uma "língua brasileira" (a língua falada pelo povo nas ruas), as paródias, numa tentativa
de repensar a história e a literatura brasileira, e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro. É
o tempo dos manifestos nacionalistas do Pau-Brasil e da Antropofagia, dentro da linha comandada
por Oswald de Andrade, e dos manifestos do Verde-Amarelismo e do grupo da Anta, que já trazem
as sementes do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.
Como se percebe já ao final da década de 20, a postura nacionalista apresenta duas vertentes
distintas: de um lado, um nacionalismo crítico, consciente de denúncia da realidade brasileira,
identificado politicamente com as esquerdas; de outro, um nacionalismo ufanista, utópico,
exagerado, identificado com as correntes políticas de extrema direita.
Entre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo e que continuaram a produzir
nas décadas seguintes destacaram-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manoel Bandeira,
Antônio de Alcântara Machado, além de Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de
Almeida e Plínio Salgado.

8.4 Para você conhecer

MANUEL BANDEIRA

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife, em 1886. Buscou na própria
vida inspiração para seus grandes temas: de um lado, a família, a morte, a infância no Recife, o rio
Capibaribe; de outro, a constante observação da rua por onde transitam os mendigos, as prostitutas,
os pobres meninos carvoeiros, as Irenes pretas, os carregadores da feira-livre, todos falando o
português gostoso do Brasil. E, em tudo, o humor, certo ceticismo, uma ironia por vezes amarga, a
tristeza e a alegria dos homens, a idealização de um mundo melhor - enfim, um canto de
solidariedade ao povo.
A trajetória poética da Bandeira revela a busca constante de novas formas de expressão. Para
ter idéia desse dinamismo do escritor, leia dois fragmentos que tratam do mesmo assunto. Observe a
data de publicação de cada um deles:

De A Cinza das Horas (1917)


É noite. A lua, ardente e terna.
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna melancolia...

De Estrelas da Tarde (1963)


A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite
Desmetaforizada,
Desmitificada
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
15

O astro dos loucos e dos enamorados.


Mas tão-somente
Satélite.

MÁRIO DE ANDRADE

Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo, em 1893, e morreu em 1945.
Além da participação ativa na Semana de Arte Moderna, dedicou-se a várias atividades
culturais, tendo sido inclusive diretor do Departamento de Cultura do Município de São Paulo.
O volume de estréia de Mário de Andrade - Há uma Gota de Sangue em Cada Poema -,
publicado em 1917, retrata a Primeira Guerra Mundial e mostra-nos o autor ainda influenciado
pelas escolas literárias anteriores à Semana, com poesias que obedecem às normas estéticas, como a
metrificação e a rima, de nítida influência parnasiana. Sua poesia manifesta-se modernista a partir
do livro Paulicéia Desvairada, rompendo com todas as estruturas ligadas ao passado. O livro tem
como musa inspiradora, ou melhor, como objeto de análise e constatação, a cidade de São Paulo e
seu provincianismo, o rio Tietê, o largo do Arouche, o Anhangabaú, a burguesia, a aristocracia, o
proletariado; uma cidade multifacetada, uma colcha de retalhos, uma roupa de arlequim - uma
cidade "arlequinal".

8.5 - Modernismo (2ª Fase)

Recebendo como herança todas ao conquistas da geração de 1922, a segunda fase do


Modernismo brasileiro se estende de 1930 a 1945.
Período extremamente rico tanto quanto à produção poética como à prosa, reflete um
conturbado momento histórico: no plano internacional, vive-se a depressão econômica, o avanço
do nazi-facismo e a Segunda Guerra Mundial; no plano interno, dá-se a ascensão de Getúlio Vargas
e a consolidação de seu poder com a ditadura do Estado Novo. Assim é que, a par das pesquisas
estéticas, o universo temático se amplia e o artista apresenta-se preocupado com o destino dos
homens, o "estar-no-mundo".
Em 1945, com o fim da guerra, as explosões atômicas, a criação da ONU e, no plano nacional,
a derrubada de Getúlio Vargas, abre-se um novo período na história literária do Brasil.

Poesia

A poesia dessa segunda fase do Modernismo representa um amadurecimento e


aprofundamento das conquistas e da geração de 1922, percebendo-se, inclusive, a influência
exercida por Mário e Oswald de Andrade sobre os jovens que iniciaram suas produções poéticas
após a realização da Semana de Arte Moderna. Lembramos, a propósito, que Carlos Drummond de
Andrade dedica seu livro de estréia, Alguma Poesia (1930), a Mário de Andrade; Murilo Mendes,
com seu livro Histórias do Brasil, segue a trilha aberta por Oswald, representando a nossa história
com muito humor e ironia:

Festa Familiar
"Em outubro de 1930
Nos fizemos - que animação! -
Um pic-nic com carabinas"

Formalmente, os novos poetas continuam a pesquisa estética iniciada na década anterior,


cultivando o verso livre, a poesia sintética:

Cota zero
16

"Stop
A vida parou ou foi o automóvel!?"
(Carlos Drummond de Andrade)
Destacaram-se, entre outros, nesta fase:

• Carlos Drummond de Andrade


• Cassiano Ricardo
• Cecília Meireles
• Augusto Frederico Schmidt
• Jorge de Lima
• Manuel Bandeira
• Vinícius de Moraes

8.6 - Para você conhecer melhor

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902, em Itabira, Minas Gerais, região rica em
ferro.

"Alguns anos vivi em Itabira.


Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas".

(Confidência do Itabirano)

Fez seus primeiros estudos em Minas Gerais. Em 1918, estuda como interno no Colégio
Anchieta, da Companhia de Jesus, em Friburgo, sendo expulso no ano seguinte, após um incidente
com seu professor de Português. Forma-se em Farmácia, mas vive de lecionar Português e
Geografia em Itabira. Em 1934, transfere-se para o Rio de Janeiro, assumindo um cargo público no
Ministério da Educação.
A partir da década de 1950, Drummond dedica-se integralmente à produção literária. Além
de novos livros de poesia, contos e algumas traduções, intensifica o seu trabalho de cronista. Morre
no Rio de Janeiro, em 1987.
Carlos Drummond de Andrade é, sem dúvida, o maior nome da poesia contemporânea
brasileira. Sua obra poética acompanha a evolução dos acontecimentos, registrando todas as
"coisas" (síntese de um universo fechado, despersonificado) que o rodeiam e que existem na
realidade do dia-a-dia. São poesias que refletem os problemas do mundo, do ser humano brasileiro e
universal diante dos regimes totalitários, da Segunda Guerra Mundial, da Guerra Fria.
Entretanto, é na temática que se percebe uma nova postura do artista, que passa a questionar
com maior vigor a realidade e – fato extremamente importante – passa a se questionar tanto como
um indivíduo em sua "tentativa de exploração e de interpretação do "estar no mundo" como em seu
papel da artista. O resultado é uma literatura mais construtiva e mais politizada, que não quer e não
pode se afastar das profundas transformações ocorridas nesse período; daí também o surgimento de
um corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo, como fruto dessa inquietação: é o
caso de Cecília Meireles, de uma fase de Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius de Morais.
17

E X E R C Í C I O Nº 2

Observe:
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou
o povo sumiu,
.............................
se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro, José!
...............................
você marcha, José!
José, para onde?

Os trechos acima pertencem ao poema José, de Carlos Drummond de Andrade. Baseando-se


nos fragmentos, pode-se reconhecer o traço característico da obra, que é:

A. o passado que ressurge na poesia;


B. figuras familiares que povoam as lembranças do autor;
C. indagação filosófica sobre o sentido da vida;
D. a acusação de acontecimentos banais da vida.
(Suplência - 1998)

CECÍLIA MEIRELES

Cecília Meireles inicia-se na literatura participando da chamada corrente espiritualista, sob a


influência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa, de inspiração neo-simbolista.
Posteriormente, afasta-se desses artistas, sem, contudo, perder as características intimistas,
introspectivas, numa permanente viagem interior. Em vista desses fatores, sua obra reflete uma
atmosfera de sonho, de fantasia e, ao mesmo tempo, de solidão e padecimento.
Um dos aspectos fundamentais da poética de Cecília Meireles é sua consciência de
transitoriedade das coisas. Por isso mesmo, o tempo é personagem central em sua obra: o tempo
passa, é fugidio.
Ao lado de uma linguagem que valoriza os símbolos, de imagens sugestivas com constantes
apelos sensoriais, uma das marcas do lirismo de Cecília Meireles é a musicalidade de seus versos.

Motivo

Eu canto porque o instante existe


E a minha vida está completa
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
18

Irmão das coisa fugidias,


não sinto gozo nem tormento
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico.
Se permaneço ou me desfaço.
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.


Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
– mais nada.

Nessa espécie de programa literário, a autora antecipa duas características fundamentais de


sua obra:

1) a musicalidade
"Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada."

2) preocupação com a fugacidade do tempo e a precariedade dos seres e das coisas


"Irmão das coisas fugidias".
Atravesso noites e dias
no vento"

Da consciência dessa fragilidade de tudo decorre o tom melancólico de muitos de seus


poemas.
És precária e veloz. Felicidade.
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.

O descritivismo de muitos de seus textos resulta do aproveitamento literário da natureza.


Não se trata, contudo, de um descritivismo exterior; na realidade, o mundo exterior é apenas o
motivo que desperta as emoções, sentimentos e reflexões do poeta.

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,


assim calmo, assim triste, assim magro
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida
a minha face?
19

(Meireles, Cecília. In: Flor de Poemas. 6ª ed. Rio de Janeiro,


Nova Fronteira. 1984. p.63)

Os dois textos de Cecília Meireles são marcados por uma preocupação constante em sua
obra: a fugacidade do tempo. Repare nos versos "Irmão da coisas fugidas", "Atravesso noites e
dias no vento" "- em que espelho ficou perdida a minha face?

EXERCÍCIO Nº3

Pesquise e resolva:

Em boa parte da obra de Cecília Meireles, a realidade exterior transportada para o poema
reduz-se quase exclusivamente a elementos móveis, etéreos, instáveis, efêmeros.
Esses elementos são metáforas para a falta de duração de tudo e, conseqüentemente, a falta de
sentido da própria existência.
Quando abandona esse recorte do mundo natural acima citado, e volta-se para nosso passado
histórico, Cecília Meireles produz a obra considerada por muitos o melhor livro da escritora. Essa
obra é:
a) Espectros
b) Retrato Natural
c) Escolha o seu Sonho
d) O Romanceiro da Inconfidência

Prosa

Período de construção, com idéias literárias inovadoras e coerentes. Abrem esta fase
construtiva Mário de Andrade, com a obra Macunaíma, e José de Almeida, com A Bagaceira. São
autores de relevo desta segunda etapa:
Na ficção regional: Érico Veríssimo, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins Faria, José
Geraldo Vieira, Cornélio Pena.

8.7 - Para você conhecer melhor

JORGE AMADO

Jorge Amado introduziu mudanças na ótica do regionalismo. É evidente, em sua obra, a


proximidade afetiva entre o narrador e a matéria narrada. À medida que vai tendo curso o seu
caminho literário, a observação realista deixa a contemplação apaixonada - e será essa uma das
chaves da empatia que se estabelece ente o leitor e o texto desse escritor tão popularizado. Os
aspectos terríveis descritos em Seara Vermelha, em Jubiabá, em Capitães da Areia (trata-se ainda
de literatura da região) tornam-se paulatinamente um espaço mágico, em que tudo é possível, e em
20

que se misturam o sagrado e o profano, o homem e o mito, a realidade e o sonho (veja-se A Morte e
a Morte de Quincas Berro D'água) e dão contorno de lenda a uma gente e a uma geografia.

JOSÉ LINS DO REGO

O autor apela constantemente para as recordações de sua infância e adolescência para


compor seu ciclo da cana-de-açúcar (Menino de Engenho, Doidinho, Bangüê, Usina), série de
romances de caráter memorialista que retratam a zona da mata nordestina num período crítico de
transição: a decadência dos engenhos esmagados pelas poderosas usinas. Em todo o ciclo, o cenário
é o engenho Santa Rosa, do velho Coronel Zé Paulino, avô de Carlos de Melo (o narrador de
Menino de Engenho, que, em muitas passagens, é o próprio José Lins do Rego). Além deles,
povoam o Santa Rosa do tio Juca, os moleques – filhos dos empregados – que vivem soltos pelos
engenhos e brincam com os meninos – filhos dos proprietários – na ingênua igualdade da infância,
apesar dos preconceitos dos adultos.
Esses títulos foram lançados entre 1932 e 1936. Entretanto, em 1943, José Lins publicaria
um romance que é considerado a síntese de todo o ciclo: Fogo Morto.
Além do ciclo da cana, José Lins abordou outros aspectos típicos da vida nordestina, como o
misticismo e o cangaço, presentes em Pedra Bonita e Cangaceiros. A provável fonte temática, bem
como a oralidade da narrativa, nesses casos, teria sido a literatura de cordel, como afirma o próprio
autor:

"Os cegos cantadores, amados e ouvidos pelo povo, porque tinham o que
dizer, tinham o que contar. Dizia-lhes então: imagino meus romances, tomo sempre
como modo de orientação o dizer das coisas como elas surgem na memória, com o
jeito e as maneiras simples dos cegos poetas."

Água-mãe e Euridice são os únicos romances de José Lins ambientados fora do Nordeste.

GRACILIANO RAMOS

Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo, Alagoas, em 1882. Estréia em livro em 1933,


com o romance Caetés; nessa época trabalha em Maceió, dirigindo a Imprensa Oficial e a
Instituição Pública, trava conhecimento com José Lins do Rego, Raquel de Queirós e Jorge Amado.
Em 1936 é preso por atividades consideradas subversivas, sem, contudo, ter sido acusado
formalmente; após sofrer humilhações de toda sorte e percorrer vários presídios, é libertado em
janeiro do ano seguinte. Essas experiências pessoais são retratadas no livro Memórias do Cárcere.
Em 1952, viaja para os países socialistas do Leste Europeu, experiências descritas em Viagem.
Falece no Rio de Janeiro, em 1953. Graciliano Ramos é considerado hoje por grande parte da crítica
nosso melhor romancista moderno. E mais, é tido como o autor que levou ao limite o clima de
tensão presente nas relações homem/meio social, tensão essa geradora de um relacionamento
violento, capaz de moldar personalidades e transfigurar o que os homens têm de bom. Nesse
contexto violento, a morte é final trágico e irreversível, decorrente de um relacionamento
impraticável; encontramos suicídios em Caetés e São Bernardo, assassinato em Angústia, e a morte
de Papagaio e da cadela Baleia em Vidas Secas.
A luta pela sobrevivência, portanto, parece ser o grande ponto de contato entre todos os
personagens; a lei maior é a da selva. Em conseqüência, uma palavra se repete em toda obra do
21

escritor: bicho, ou, como no início de Vidas Secas, viventes, ou seja, aqueles que só têm uma coisa
a defender - a vida.

ÉRICO VERÍSSIMO

Érico Veríssimo é o representante gaúcho dentro do regionalismo modernista. Parte de seus


romances, que engloba desde Clarissa até Saga, passando por Música ao Longe, Caminhos
Cruzados e Olhai os Lírios do Campo, retrata a vida urbana da provinciana Porto Alegre, a crise da
sociedade moderna, onde a nota marcante é a falta de solidariedade, o cotidiano caótico. Seus
personagens, com destaque para Clarissa e Vasco, reaparecem em várias situações e em vários
momentos, o que levou o crítico Wilson Martins a reconhecer um "Ciclo de Clarissa". Como seu
eixo se repete ao longo de vários romances, o autor tem sido acusado de redundante, o que vai
tornar evidente o seu maior defeito: a superficialidade tanto na abordagem psicológica como social.
Entretanto, esses primeiros romances são responsáveis pela popularidade alcançada pelo autor,
igualando-se, em termos de aceitação pública, a Jorge Amado.
A classificação de sua obra por temas compreende ainda a trilogia épica de O Tempo e o
Vento, voltada para a formação do Rio Grande do Sul, remontando ao passado histórico desde o
século XVIII, à disputa da terra e do poder, e às famílias Amaral, Terra e Cambará. Desse painel
saltam alguns personagens heróicos como Ana Terra e o Capitão Rodrigo. O Tempo e o Vento
aparece dividido em O Continente, que cobre o período histórico do século XVIII até 1895, com as
lutas do início da República; O Retrato, que enfoca as primeiras décadas do século XX; e O
Arquipélago, narrativa mais contemporânea, chegando até o governo Vargas.
Poderíamos reconhecer, ainda, uma terceira fase da produção de Veríssimo, mais
empenhada com temas de momento, como é o caso de O Senhor Embaixador, O Prisioneiro e
Incidente em Antares.

EXERCÍCIO Nº 4

Observe:

- Eu podia mandar lhe prender.


- Podia, coronel. Podia também mandar me enforcar. Mas não manda nem uma coisa nem outra.
.............................................................................................................................................
Ricardo hesitou por um instante, acariciou nervosamente o cabo da faca, e disse:
- Vosmecê não tem o nosso jeito. Sou um homem...

Os fragmentos, retirados da obra de Érico Veríssimo O Tempo e o Vento, apresentam:


a) as famílias Amaral, Terra e Cambará disputam o poder político;
b) o escritor explora o absurdo e o fantástico, tendo como pano de fundo a história mais recente
do Brasil;
c) a ação sucede na região de Ilhéus e prende-se à luta pela conquista de terras para o cultivo
do cacau;
d) o típico herói quixotesco, Capitão Vitorino, que, conduzido pela sede de justiça, apanha da
política e dos coronéis. Porém, mantém sua dignidade altiva quando enfrenta os poderosos.
22

(Suplência, 1998)

E X E R C Í C I O Nº 5

Em Terra do Sem Fim, considerado o melhor romance de Jorge Amado, pode-se afirmar que
nele:
a) As famílias Amaral e Cambará disputam o poder político;
b) O escritor explora o absurdo e o fantástico, tendo como pano de fundo a história mais recente do
Brasil;
c) A ação sucede na região de Ilhéus e prende-se à luta pela conquista de terras pelo cultivo do
cacau. Dessa contenda surge a rivalidade entre o Coronel Horácio da Silveira e Juca Badaró,
chefe de uma família de plantadores de cacau;
d) O típico herói quixotesco, Capitão Vitoriano, que conduzido pela sede de justiça, apanha da
política e dos coronéis. Porém mantém sua dignidade altiva quando enfrenta os poderosos.

8.7 Modernismo (3ª Fase)


A partir de 1945, alguns autores rompem com o esquema romantesco de 30 e partem para um
super-regionalismo, na denominação de Antonio Cândido. É o caso de João Guimarães Rosa e
Clarice Lispector. Embora haja muitas diferenças entre a obra de cada um, eles partiram para uma
pesquisa do instrumento de expressão: a linguagem. Ambos universalizam o romance nacional,
dando a seus personagens uma dimensão mais psicológica e mais profunda. Guimarães Rosa
mantém o enredo e subverte o código lingüístico, com a criação freqüente de neologismos, com o
aproveitamento de recursos poéticos, como aliterações, onomatopéias, rimas internas, elipses,
deslocamento de sintaxe e associações etimológicas esquecidas pelo uso.
Clarice Lispector, por seu lado, ainda que mantivesse o código mais tradicional, abandonou
a trama romantesca e mergulhou em profundidade para dentro dos personagens, isolados e
problemáticos.
Mas o maior representante dessa nova tendência ficcionalista brasileira foi, sem dúvida,
Guimarães Rosa, com Sagarana (1946), e depois com Grande Sertão: Veredas (1956). Com essas
e outras obras, o genial mineiro procurou valorizar a paisagem novamente, criar personagens
típicas, reaproveitar as falas do sertanejo e atualizar o folclore.
Muitos historiadores preferem reservar o nome Modernismo para as duas primeiras fases do
movimento (1922-30; 1930-45), denominando Pós-Modernismo ao período de 45 até os nossos
dias.
Preferimos chamar de terceira fase o período compreendido entre 45 e 60 e reservar o nome
de tendência contemporânea para o período compreendido de 60/70 até a atualidade. As duas
designações são aceitas e correntes na história de nossa literatura.
A produção da terceira fase pode ser assim resumida, numa visão esquemática:

Prosa
Enriquecida por grande número de contos, crônicas e romances, a prosa do período dá
seqüência às três tendências básicas já observadas no segundo momento modernista, mas com
considerável renovação formal.
23

a) Prosa urbana:
Tratando do conflito entre o indivíduo e o meio social, aparece sobretudo nos contos. Dalton
Trevisan é o nome mais importante surgido na terceira fase. Destacam-se ainda as crônicas de
Rubem Braga e os romances e contos de Lygia Fagundes Telles.
b) Prosa intimista:
Também chamada de prosa de sondagem psicológica, concentra-se na análise do mundo
interior das personagens. Esboçada na segunda fase, a tendência intimista amadurece, gerando
textos cada vez mais complexos e penetrantes. Clarice Lispector é a melhor representante dessa
prosa. Destacam-se ainda Lygia Fagundes Telles e Antonio Olavo Pereira.
c) Prosa regionalista:
Uma das tendências mais duradouras de nossa literatura, a prosa regionalista - que surgira no
século XX com Bernardo Guimarães - vai ser retomada, porém, com grandes inovações
temáticas e lingüísticas. Destacam-se Humberto Sales, Mário Palmério, Bernardo Éllis, José
Cândido de Carvalho e Adonias Filho. Mas nenhum deles produziu prosa regionalista tão
inovadora e ousada como Guimarães Rosa, o grande renovador de nosso regionalismo.
É preciso não esquecer que grande parte dos escritores da fase anterior continuava em plena
produção artística

Poesia
Além da permanência de poetas das fases anteriores, muitos deles renovando-se
continuamente, a grande novidade do período foi um grupo de escritores que se autodenominaram
"Geração de 45".
No ano de 1944, publicou-se o livro Testamento de Uma Geração, em que 40 personalidades
de nossa vida cultural faziam um balanço de sua situação pessoal na cultura brasileira. Um dos
assuntos mais comentados por cada um dos entrevistados foi a Semana de 22, da qual se fazia agora
um retrospecto: a impressão geral de todos era de que o movimento pertencia ao passado.
A nova geração rompia com o movimento de 22, mas, ao mesmo tempo, reconhecia herdar
dele não só defeitos, mas qualidades.
Em 1948, realizou-se em São Paulo o I Congresso Paulista de Poesia. Nele, um poeta,
analisando a produção recente da poesia, defendia que 1945 fora o ano em que se pôde considerar
implantado um novo regime da poesia brasileira (...) o modernismo foi ultrapassado. Cabe,
portanto, aos poetas novos prosseguir o rumo que se anuncia, sem transigência com o passadismo e
sem compromisso com a Semana da Arte Moderna. Esse mesmo crítico empregaria pela primeira
vez a expressão "Geração 45". A literatura produzida por esses poetas revela as seguintes tendências:
1) Com reação ao que considerava "excessos" de 22, propunham a precisão de linguagem, o
equilíbrio de forma, o abandono do prosaísmo (falta de poesia no verso). Isso tudo implicava, de
certa forma, o abandono do verso livre e a retomada da metrificação.
2) O universalismo em oposição ao regionalismo dos poetas da primeira fase.
3) A poesia foi considerada agora um artefato, resultante da precisão formal e da correção de
linguagem. Repeliam-se, conseqüentemente, o poema-piada e as infrações à norma culta, que
eles consideravam um "falso" abrasileiramento da linguagem.

Muitos críticos viam nessas propostas um retorno ao Parnasianismo; por isso, a geração não define
com exatidão o grupo dos poetas do período, a heterogeneidade de posturas e tendências. Deve ser
entendido apenas como um marco cronológico para agrupar os que estrearam por volta daqueles anos. As
publicações que divulgaram os novos poetas foram a Revista Brasileira de Poesia, em São Paulo, e a
Revista Orfeu, no Rio de Janeiro. Entre muitos outros, surgiram nesse momento Bueno de Rivera,
Péricles Eugênio da Silva Ramos, Alphonsus de Guimaraens Filho, Ledo Ivo, Paulo Bonfim, Geir
Campos, Thiago de Mello. Além desses, três poetas desse período sobressaíram: Ferreira Gullar,
José Paulo Paes e o mais importante dos poetas dessa "geração", João Cabral de Melo Neto.
24

Balanço

Na prosa da terceira fase, sobressaem Clarice Lispector e Guimarães Rosa; na


poesia, João Cabral de Melo Neto.

8.8 Para você conhecer

CLARICE LISPECTOR

Obra:
Romances: Perto do Coração Selvagem (1949); O Lustre (1946), A Cidade Sitiada (1949);
A Maçã e o Escudo (1961); A Paixão Segundo G. H. (1964); Uma Aprendizagem ou Livro dos
Prazeres (1969); A Hora da Estrela (1977).
Contos e crônicas: Laços de Família (1960); A Legião Estrangeira (1964); Felicidade
Clandestina (1971); Imitação da Rosa (1973); A Via Crucis do Corpo (1974); A Bela e a Fera
(1979). Escreveu ainda literatura infantil.
O objetivo da escritora é atingir as regiões mais profundas da mente das personagens para ir
sondar complexos mecanismos psicológicos. É essa procura que determina características
específicas de seu estilo.
1) O enredo tem importância secundária. As ações - quando ocorrem - destinam-se a ilustrar
características psicológicas das personagens. São comuns em Clarice Lispector histórias sem
começo, meio ou fim. Por isso, ela se dizia, mais que uma escritora, "sentidora" porque
registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias, seus livros apresentam impressões.
2) Predomina, em suas obras, o tempo psicológico, visto que o narrador segue o fluxo do
pensamento das personagens. Logo, o enredo pode fragmentar-se.
3) Os espaço exterior também tem importância secundária uma vez que a narrativa concentra-se no
espaço mental das personagens.
4) As características físicas das personagens ficam em segundo plano. Muitas personagens
apresentam sequer nome.
5) As personagens criadas por Clarice Lispector descobrem-se num mundo absurdo; esta
descoberta dá-se normalmente diante de um fato inusitado - pelo menos inusitado para a
personagem. Esse fato provoca um desequilíbrio interior que mudará a vida da personagem para
sempre.

Para Clarice:
• "Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como
aços espelhados".
• "Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com as palavras
as entrelinhas".

JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1920 - 1999)

Obras:
Pedra de Sono (1942), O Engenheiro (1945), Psicologia da Composição (1947), O Cão Sem
Plumas (1950), O Rio (1954), Morte e Vida Severina (1956), Paisagem Com Figuras (1956), Uma
Faca só Lâmina (1956), A Educação pela Pedra (1966), Museu de Tudo (1975), Auto do Frade
(1984), Agrestes (1985), Crime na Calle Relator (1987), Sevilha Andando (1990).
Em 1994, a editora Nova Aguilar publicou, em volume único, a obra completa do escritor.
25

João Cabral de Melo Neto inaugurou um novo modo de fazer poesia em nossa literatura. A
essência de sua atividade poética mostra a tentativa de desvendar os elementos concretos da
realidade, que se apresentam como um desafio para a inteligência do poeta. Sempre guiado pela
lógica, pelo raciocínio, seus poemas evitam a análise e exposição do eu e voltam-se para o universo
dos objetos, das paisagens, dos fatos sociais, jamais apelando para o sentimentalismo. Por isso, o
prazer estético que sua poesia pode provocar deriva, sobretudo, de uma literatura racional, analítica,
não do envelhecimento emocional com o texto.
Essas características levaram a crítica a ver na obra de João Cabral uma "ruptura com o
lirismo" ou a considerar sua expressão poética "antilírica". Não devemos, entretanto, supor que essa
relação do poeta com o mundo concreto, objetivo, produza apenas textos descritivos. Na verdade,
suas descrições ora acabam adquirindo valor simbólico ora acabam denunciando a crítica social que
o poeta pretende levar a efeito.
Apresentamos uma visão esquemática - portanto, simplificada - de sua trajetória poética,
através de comentários de algumas obras.
1) Pedra do Sono, o seu primeiro livro, apresenta elementos do surrealismo, a começar pelo título
(sono). Leia um fragmento desse livro:

Mulheres vão e vêm nadando


Em rios invisíveis.
Automóveis como peixes cegos
Compõem minhas visões mecânicas.

Segundo o próprio poeta, o que se prendeu nesse livro foi "compor um buquê de imagens
em cada poema; as imagens revelam matéria surrealista no sentido de oníricas, subconscientes...".
O sono e o sonho são temas freqüentes e importantes nessas obras.
O próprio autor considera sua primeira obra "um livro falso", cujo rendimento artístico não o
satisfez.

2) O Engenheiro, embora inclua ainda poemas de caráter surrealista, traz já as bases de sua nova
concepção de poesia, segundo a qual o poema deve resultar de uma atitude racionalista,
objetiva, diante da realidade concreta. Uma atitude de quem controla racionalmente as emoções.

O Engenheiro

A luz, o sol o ar livre


Envolvem o sonho do engenheiro
O engenheiro sonha coisas claras:
Superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel;
O desenho, o projeto, o número:
O engenheiro pensa o mundo justo,
Mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos


ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).

A água, o vento, a claridade,


26

De um lado o rio, no alto as nuvens,


Situavam na natureza o edifício
Crescendo de suas forças simples.

9 - TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS

9.1 Prosa política


A ação da censura sobre os meios de comunicação de massa - em especial a televisão e o
jornal - favoreceu o surgimento dessa tendência da literatura contemporânea no Brasil. Como a
informação jornalística era controlada, a literatura foi o veículo escolhido "para dizer o que a
censura impedia o jornal de dizer" (Flora Süssekind). Tudo ocorria como se o romance estivesse
suprindo um dos objetivos do jornal: registrar o dia-a-dia da história.
Surgem daí as duas modalidades da prosa política:

a) Romance-reportagem
São obras que empregam a linguagem jornalística, criando enredos baseados em fatos
fictícios ou reais, em que se denuncia a violência social e política a que o país ficou submetido
durante longo período. Em meio ao relato de torturas, personagens e temas servem como veículo
para o protesto contra a opressão. Tudo num estilo direto, seco e objetivo.
Destacam-se Ignácio de Loyola Brandão (Zero, Não Verás País Nenhum), Antônio Calado
(Quarup, Reflexos do Baile); Roberto Drumont (Sangue de Coca-Cola); José Louzeiro (Lúcio
Flávio, o Passageiro da Agonia); Márcio Souza (Galvez, o Imperador do Acre), entre muitos
outros. Essa literatura é também conhecida como literatura-verdade.
Muitas vezes há obras escritas num estilo que carrega propositalmente e ao exagero os
traços narrativos, descritivos, numa linha hiper-realista. E o caso de alguns contos de Rubem
Fonseca, um dos mais importantes prosadores da atualidade.

b) Realismo fantástico.
Outros escritores preferem empregar uma técnica diferente para denunciar o mesmo estado
de coisas. Suas obras apresentam situações irreais, absurdas, que funcionam como metáfora para a
situação do país.
O pioneiro dessa tendência é Murilo Rubião (O Ex-Mágico, O Pirotécnico Zacarias).
Destacam-se ainda José J. Veiga (Sobra dos Reis Barbudos, A Hora dos Ruminantes) e Moacir
Scliar (A Balada do Falso Messias, Carnaval dos Animais), entre outros.

9.2 Prosa urbana


Trata dos grandes centros urbanos, com seus problemas específicos: progresso, violência,
solidão, marginalização. Destacam-se Luiz Vilela, Ricardo Ramos e, principalmente, Dalton
Trevisan e Rubem Fonseca.

Dalton Trevisan (1925)


Paranaense, de Curitiba, formou-se advogado, mas dedica-se ao comércio.
Tem a tortura da língua: escreve e critica, e reescreve e torna a criticar, numa procura
constante de um despojamento total de todo termo desnecessário.
Fundou e dirigiu a revista Joaquim (1946 - 1948), vanguarda da época.

Obras:
27

Novelas Nada Exemplares (1959), A Morte na Praça (1964), Cemitério de Elefantes (1964),
O Vampiro de Curitiba (1968), Desastres do Amor (1968), A Guerra Conjugal (1969), O Rei da
Terra (1972), O Pássaro de Cinco Asas (1974), A Faca no Coração (1975), Abismo de Rosas
(1976), A Trombeta do Anjo Vingador (1977), Crimes da Paixão (1978), Virgem Louca, Loucos
Beijos (1979), Lincha Tarado (1980), Contos Eróticos (1984).
9.3 Prosa intimista
Na mesma linha de sondagem psicológica de Clarice Lispector, esse tipo de narrativa
apresenta personagens angustiadas, cujo interior o autor vasculha.
Enquadraram-se nessa tendência Lygia Fagundes Telles, Autran Dourado, Osman Lins, Lya Luft.

Observação:
Lygia Fagundes Telles, em grande parte de sua obra, apresenta personagens mergulhadas em
si mesmas, através das quais vasculha o interior do ser humano.

9.4 O conto e a crônica


A crônica, que geralmente se prende ao registro do cotidiano, tornou-se um dos gêneros
mais cultivados contemporaneamente, com lugar reservado nos grandes jornais do país. O mesmo
acontece com o conto. Destacam-se na crônica Fernando Sabino, Rubem Braga, Carlos Heitor
Cony, Luís Fernando Veríssimo, entre muitos outros.

9.5 Desdobramentos da poesia da "Geração de 45"


A "Geração de 45" deixou marcas profundas na poesia, herança que iria direcionar sua
trajetória posterior de que se ensaia, aqui, classificação provisória.
O legado dessa geração é um texto em que o eu lírico é partícipe consciente da realidade
histórica, o que determina o aparecimento da poesia empenhada.
Exemplificam essa direção os poemas candentes de Jomar Moreis Souto, Thiago de Mello,
Jamil Almansur Haddad e Carlos de Queirós Telles.
A poesia de Ferreira Gullar (Romances de Cordel, 1962/1967; Poema Sujo, 1976; Na
Vertigem do Dia, 1980) abriga textos em que idéia e sangue estão empenhados. São poemas claros,
que recusam a descontinuidade de pensamento e expressão e ganham força estética no ritmo, que
abre as portas às idéias que se vão pondo. O poeta traz, intenso, o gosto de estar vivo ("a vida sopra
dentro de mim/pânica (...) e pode/subitamente/cessar."); é o sopro tão prezado de vida que dilata a
sedução pelas criaturas e o desejo de conquistar uma condição que não foi corrompida pelas forças
sociais que o capital enfureceu.

9.6 A poesia concreta


Na obra de Ferreira Gullar e do poeta Mário Faustino (Poetas, 1966), encontram-se
procedimentos afins à poesia concreta ("Somos concretistas", dissera Oswald de Andrade no
Manifesto Antropófago). Surgindo em São Paulo, em 1956, o concretismo foi instaurado e teorizado
por Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Segundo seus autores, essa
tendência dá por encerrado o "ciclo do verso como unidade rítmico-formal" e entende o espaço
gráfico do poema como um de seus agentes estruturais. A relação entre poema e o leitor far-se-á por
meio de comunicação mais visual que verbal, ou não-verbal.
O poema poderia ser considerado um "objeto útil", isto é, o visual deveria fazer parte do poema.
Coca-cola

Beba coca cola


Babe
Beba coca
Babe cola caco
Caco
Cola
Cloaca

Décio Pignatari
28

O concretismo apresenta como características principais:

• O poema como resultado de investigação verbal.


• A incorporação do espaço geográfico (a página) como elemento estrutural do poema.
• Ampliação do poema pela comunicação não-verbal.
• Máxima valorização da palavra em si mesma, contra o verso como unidade rítmica
convencional.
• Combate ao excesso lógico-discursivo.
• Rejeição do lirismo e do tema.
• Valorização do som, da forma visual e da carga semântica da palavra e suas funções-
relações no poema.
• Decomposição e montagem de palavras.
• Ampla utilização de recursos tipográficos.
• Possibilidade de múltiplas leituras, pela abolição do verso tradicional: leitura
vertical, horizontal, diagonal etc.
• Utilização do ideograma (sinal de notação das escritas analíticas, como o hieróglifo
egípcio e os símbolos da escrita chinesa, por exemplo) como modelo de composição.

A vanguarda tende a atribuir ao significante o papel de significado. Na poesia concreta - e em


quase todos os movimentos de vanguarda (concretismo, 1956; neoconcretismo, 1958; poesia praxis,
1962; poesia processo, 1967; poesia progressiva) - o modo de dizer não se limita a valer tão-
somente como conjuntos de elementos codificados; a forma deixa de fazer apenas alusão, de ser
mera portadora de significados. As vanguardas tendem a transformar o próprio texto em realidade,
que o leitor deve experimentar e conhecer. De tal maneira, a leitura vai deixando de ser a tradicional
forma de conhecimento da realidade para apresentar-se como sistema fechado que é essa própria
realidade: a obra torna-se fenômeno a que se refere.
Paralelamente, caminha a produção sempre agilizada de poetas como Carlos Drummond de
Andrade, cuja origem literária, como se viu, remonta à década de 30, e ocorre o empenho de
renovação de um poeta de 22 – Cassimiro Ricardo –, que incorpora procedimentos da poesia práxis.
A tendência atual parece ser – depois de um período de resistência que a metáfora tornou possível
iniciando em 1964, e que se criou em 1968 - momento que vulnerabilizou a poesia contida nos
versos da canção popular (vejam-se letras de música de Chico Buarque de Holanda, de Geraldo
Vandré, de Caetano Veloso, de Milton Nascimento, de Ivan Lins...) – a tendência atual parece ser,
então, a de um certo desaforo, sentindo já a partir do fim da década de 70, conquistando a duras
penas, que provavelmente indicará a poeta, prosadores e letristas de músicas caminhos menos
tensos e estreitos do que aqueles aqui a resistência diuturna obrigava.

9.7 TEATRO E CINEMA

O golpe militar de março de 1964 praticamente não molestou a produção cultural até 1969.
A esquerda continuou exercendo uma grande hegemonia cultural, mas o governo Castello Branco
tomou cuidado para que essa cultura não atingisse as massas. O teatro teve seu ponto alto com
espetáculos, como o Opinião, que denunciava a ditadura e a penúria das camadas populares.
O cinema estourava com o Cinema Novo. A música atraía grandes massas de estudantes aos
palcos para acompanhar os festivais promovidos pela televisão.
29

Para se compreender melhor, o moderno teatro brasileiro, é necessário retroceder até


1943, quando é encenando o texto Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com a competente
direção do polonês Zienbinki. A montagem é considerada um marco da encenação moderna em
palcos brasileiros. Em 1948, surge em São Paulo o Teatro Brasileiro de Comédia (TCB),
responsável pela formação de um sem-número de artistas quase sempre trabalhando com técnica e
texto importados. O teatro moderno, no entanto, assume sua função social, voltando-se para o
questionamento da realidade brasileira: em 1958, o grupo do Teatro de Arena encena Eles Não
Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. A década de 60 assiste a uma proliferação de grupos
teatrais espalhados por todo o Brasil que intensificam sua atividades após o movimento de 1964.
Entre os mais importantes estão, além do Teatro de Arena, o grupo de teatro Oficina, que teria seu
grande momento com a encenação, revolucionária sob todos os aspectos, do texto de Oswald de
Andrade O Rei da Vela, sob direção de José Martinez Corrêa, e o Grupo Opinião, do Rio de
Janeiro, que em 1965 apresenta Liberdade, Liberdade, montagem baseada em textos de Flávio
Rangel e Millôr Fernandes, entremeados com canções de protestos. Com o AI-5 e os ataques de
grupos de extrema-direita, desmantela-se o teatro de resistência; os nomes importantes, como
Augusto Boal e José Celso, vão para o exílio. Apesar de tudo, como Gianfrancesco Guarnieri, Dias
Gomes, Chico Buarque de Holanda, Rui Guerra, Ferreira Gullar, Paulo Pontes e Plínio Marcos
continuam a produzir textos.

10 - LISTA DE OBRAS PARA LEITURA

José de Alencar
José de
Senhora e/ou Iracema

Machado de Assis
Dom Casmurro

Dalton Trevisan
Vampiro de Curitiba

Graciliano Ramos
Vidas Secas

João Cabral de Melo Neto


Morte e Vida Severina
30

11 - APÊNDICE

Textos para interpretação e estudos lingüísticos

Texto nº 1

O ASSALTO

Quando a empregada entrou no elevador, o garoto entrou atrás. Devia ter uns dezesseis anos,
dezessete anos. Desceram no mesmo andar. A empregada com o coração batendo. O corredor
estava escuro e a empregada sentiu que o garoto a seguia. Botou a chave na fechadura da porta de
serviço, já em pânico. Com a porta aberta virou-se de repente e gritou para o garoto:
– Não me bate!
– Senhora?
– Faça o que quiser, mas não me bate!
– Não senhora, eu...
A dona da casa veio ver o que estava havendo. Viu o garoto na porta e o rosto apavorado da
empregada e recuou, até pressionar as costas na geladeira.
– Você está armado?
– Eu? Não.
A empregada, que ainda não largara o pacote de compras, aconselhou a patroa sem tirar os
olhos do garoto:
– É melhor não fazer nada, madame. O melhor é não gritar.
– Eu não vou fazer nada, juro! - disse a patroa, quase aos prantos - Você pode entrar. Pode
fazer o que quiser. Não precisa usar de violência.
O garoto olhou de uma mulher para a outra. Apalermado. Perguntou:
– Aqui é o 712?
– O que você quiser. Entre. Ninguém vai reagir.
O garoto hesitou, depois deu um passo para dentro da cozinha. A empregada e a patroa recuaram
ainda mais. A patroa esgueirou-se pela parede até chegar à porta que dava para a saleta de almoço. Disse:
– Eu não tenho dinheiro, mas meu marido deve ter. Ele está em casa. Vou chamá-lo. Ele lhe
dará tudo.
O garoto também estava com os olhos arregalados. Perguntou de novo:
– Este é o 712? Me disseram que era para pegar umas garrafas no 712.
A mulher chamou com voz trêmula:
– Henrique!
O marido apareceu na porta do gabinete. Viu o rosto da mulher, o rosto da empregada e o
garoto e entendeu tudo. Chegou a hora, pensou. Sempre me indaguei como me comportaria no caso
de um assalto. Chegou a hora de tirar a prova.
– O que você quer? - perguntou, dando-se conta em seguida do ridículo da pergunta. Mas
sua voz estava firme.
– Eu disse que você tinha dinheiro - falou a mulher.
– Faço um trato com você - disse o marido ao garoto - dou tudo de valor que tenho em casa,
contanto que você não toque em ninguém.
E se as crianças chegarem de repente? pensou a mulher. Meu Deus, o que esse bandido vai
fazer com as minhas crianças? O garoto gaguejou:
31

– Eu... eu... é aqui que tem umas garrafas para pegar?


– Tenho um pouco de dinheiro. Minha mulher tem jóias. Não temos cofre em casa, acredite
em mim. Não temos muita coisa Você quer o carro? Eu dou a chave.
Errei, pensou o marido. Se sair com o carro ele vai querer ter certeza de que ninguém
chamará a polícia. Vai levar um de nós com ele. Ou vai nos deixar todos amarrados. Ou coisa pior...
– Vou pegar o dinheiro, está bem - disse o marido.
O garoto só piscava.
– Não tenho arma em casa. É isso que você está pensando? Você pode vir comigo.
O garoto olhou para a dona de casa e para a empregada.
– Você está pensando que elas vão aproveitar para fugir, é isso? - continuou o marido. - Elas
podem vir junto conosco. Ninguém vai fazer nada. Só não queremos violência. Vamos todos para o
gabinete.
A patroa, a empregada e o Henrique entraram no gabinete e depois de alguns segundos o
garoto foi atrás. Enquanto abria a gaveta chaveada de sua mesa, o marido falava:
– Não é para agradar, mas eu compreendo você. Você é uma vítima do sistema. Deve estar
pensando: "Esse burguês cheio da nota está querendo me conversar", mas não é isso não. Sempre
me senti culpado por viver bem no meio de tanta miséria. Pode perguntar para minha mulher. Eu
não vivo dizendo que tenho casa. Não somos ricos. Somos, com alguma boa vontade, da classe
média alta. Você tem razão, qualquer dia também começamos a assaltar para poder comer.
Tem que mudar o sistema. Tome.
O garoto pegou o dinheiro meio sem jeito.
– Olhe, eu só vim pegar as garrafas...
– Sônia, busque as suas jóias. Ou melhor, vamos todos buscar as jóias.
Os quatros foram para a suíte do casal. O garoto atrás. No caminho ele sussurrou para a
empregada:
– Aqui é o 712?
– Por favor, não! - disse a empregada, encolhendo-se.
Deram todas as jóias para o garoto, que estava cada vez mais embaraçado.
O marido falou:
– Não precisa nos trancar no banheiro. Olhe o que eu vou fazer.
Arrancou o fio do telefone da parede.
– Você pode trancar o apartamento por fora e deixar as chaves lá embaixo. Terá tempo de
fugir. Não faremos nada. Só não queremos violência.
– Aqui não é o 712? Me disseram para pegar umas garrafas...
– Nós não temos mais nada, confie em mim. Também somos vítimas do sistema. Estamos
do seu lado. Por favor, vá embora!
A empregada espalhou a notícia do assalto por todo o prédio. Madame teve uma crise
nervosa que durou dias. O marido comentou que não dava mais para viver nessa cidade. Mas
achava que tinha se saído bem. Não entrara em pânico. Ganhara um pouco da simpatia do bandido.
Protegera o seu lar da violência. E não revelara a existência do cofre com grosso dinheiro, inclusive
os dólares e marcos, atrás do quadro da odalisca.
(Veríssmo, Luiz Fernando. O Analista de Bagé. 14. Ed. Porto Alegre: L & M, 1984)

EXPLORANDO O TEXTO 1

1) Luiz Fernando Veríssimo consegue com o tema relativamente comum, como é o caso de um
assalto, construir uma história bastante original ao centrá-la num "mal-entendido". Qual foi esse
"mal-entendido"?
2) Pouco a pouco o "mal-entendido" vai envolvendo a empregada, a patroa, o marido da patroa.
Como e por que se dá essa "reação em cadeia"?
32

3) As ações dos personagens e suas emoções vão crescendo em intensidade. Tudo começa por um
susto inicial. O que acontece na seqüência?
4) Ao longo de toda a narrativa há um contraste entre a atitude do suposto assaltante e dos supostos
assaltados. Que atitudes são essas?
5) O texto faz supor que a incidência de fatos de violência seja tão grande que o medo de ser assaltado
persiga a todo instante o personagem da narrativa. Comprove essa idéia com frase do texto.
6) Depois de afirmar pertencer à classe média alta, o dono da casa diz: "Qualquer dia também
começamos a assaltar para poder comer". O que o dono da casa objetivou com tal frase?
7) O texto acaba por retratar uma situação ridícula. Algumas frases situam esse ridículo.

Observe o exemplo:
"A empregada, que ainda não largara o pacote de compras, aconselhou a patroa..."
Retire do texto pelo menos mais duas frases semelhantes.
Refletindo sobre o texto 01
No texto, o marido agiu como um indivíduo precipitado, entregando as jóias e o dinheiro a
quem não tinha a menor intenção de assaltar e, no final da narrativa, considera-se um herói de
grande esperteza por impedir que o "assaltante" levasse seus dólares e marcos que estavam
guardados no cofre. O que você acha dessa atitude do marido?

Texto nº 02

POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto


desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo, mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
33

Eu não devia te dizer


mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como diabo.
(Carlos Drummond de Andrade)
(Prova - Exames Supletivos, 1997)
Explorando o texto 02

1) Sabe-se que cada linha é chamada de verso e o conjunto de versos forma estrofes.
O "Poema de Sete Faces" apresenta (marque a alternativa correta):
A. Sete estrofes, equivalentes a "sete faces" a que se refere o título.
B. Vinte e nove versos que narram um fato ocorrido na vida do poeta
C. Sete estrofes que narram a vida de Carlos e Raimundo.
D. Vinte e nove versos, equivalentes às sete partes de uma única face do poeta.

2) No poema, Drummond se diz impotente diante do mundo. O verso em que ele faz essa
afirmação é :
A. "Vai, Carlos! ser gauche na vida".
B. "se sabias que eu era fraco".
C. "Porém meu olhos não perguntam nada".
D. "Tem poucos, raros amigos".

3) Observe:
" Não, meu coração não é maior que o mundo
É muito menor
Nele não cabem nem as minhas dores".
(Drummond).

Ao comparar os versos dessa questão com versos extraídos do "Poema de Sete Faces",
verifica-se a existência de sentimentos contrários em:
A. "A tarde talvez fosse azul
Não houvesse tantos desejos".
B. "O bonde passa cheio de pernas
pernas brancas pretas amarelas".
C. "Tem poucos, raros amigos.
O homem atrás dos óculos e do bigode".
D. "Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração".

4) É comum os escritores citarem, em suas obras, passagens de outros livros. No "Poema de Sete
Faces", Drummond vale-se de uma passagem bíblica em:
A. "Se sabias que eu não era Deus".
B. "Botam a gente comovido como o diabo".
C. "Meu Deus, por que me abandonaste".
D. "Quando nasci, um anjo torto".

5) Observe:
"A tarde talvez fosse azul...". Nesse verso, o poeta passa a idéia de:
34

A. aspiração e desejo
B. monotonia e tradição
C. tranqüilidade e beleza
D. agitação e correria

Texto nº 03

UMA VELA PARA DARIO

Dario vinha apressado, de guarda-chuva no braço esquerdo e assim dobrou a esquina,


diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi escorregando por ela, de costa,
sentou-se na calçada ainda úmida da chuva de descansou no chão o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se não estava se sentindo bem. Dario abriu a
boca, moveu os lábios, mas não se ouviu a resposta. Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele
devia sofrer de ataque.
Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na calçada, o cachimbo ao seu lado tinha
apagado. Um rapaz de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o respirar. E abriu-lhe o
paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiraram os sapatos, Dario roncou pela garganta e
um fio de espuma saiu do canto da boca.
Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos pés, embora não pudesse ver. Os moradores
da rua conversavam de uma porta a outra, as crianças foram acordadas e vieram de pijamas à janela.
O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda fumaça do cachimbo e
encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado dele.
Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario estava morrendo. Um grupo transportou-o
na direção do táxi estacionado na esquina. Já tinham introduzido no carro a metade do corpo,
quando o motorista protestou: e se ele morresse na viagem? A turma concordou em chamar a
ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado na parede. Não tinha mais os sapatos e o
alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou que na outra rua havia uma farmácia. Carregaram Dario até a esquina; a
farmácia era no fim do quarteirão e, além do mais, ele estava muito pesado. Foi largado ali na porta
de uma peixaria. Imediatamente, um enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizessem o
menor gesto para espantá-las. Dario ficara torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o
relógio de pulso. Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os documentos. Vários objetos foram
retirados de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo seu nome, idade, cor
dos olhos, sinais de nascença, o endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se tumulto na multidão de mais de duzentos curiosos que a essa hora ocupava
toda a rua e as calçadas: era a polícia. O caro negro investiu contra o povo e várias pessoas
tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo – os bolsos vazios. Restava
apenas a aliança de ouro na mão esquerda que ele - quando vivo - não podia retirar do dedo se não
umedecendo-o com sabonete.
Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A última boca repetiu: - "Ele morreu, ele morreu", e então a gente começou a se dispersar.
Dario havia levado quase duas horas para morrer e ninguém sequer acreditava que estivesse no fim.
Agora, os que podiam olhá-lo viam que ele tinha todo ar de um defunto.
Um senhor, por piedade, despiu o paletó de Dario para sustentar-lhe a cabeça. Cruzou suas
mãos no peito. Não lhe pôde fechar os olhos nem a boca, onde as bolhas de espuma haviam
desaparecido. Era apenas um homem morto e a multidão se espalhou rapidamente, as mesas de café
voltaram a ficar vazias.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia
morto há muito anos, quase um retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecharam-se uma a uma
35

as janelas e, três horas depois, lá estava Dario esperando o rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o
paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagando-se às primeiras
gotas de chuva, que voltara a cair.
(Dalton Trevisan)

Explorando o texto nº 03

As cinco questões são de interpretação. Leia o texto, com atenção, antes de respondê-las.

1) Assinale a alternativa que contém o tema abordado por Dalton Trevisan.


A. Participação coletiva total nos pequenos dramas do dia-a-dia.
B. Solidariedade instintiva ao sofrimento alheio.
C. Insensibilidade e alheamento das pessoas diante dos dramas que não lhe tocam.
D. Compaixão da humanidade pela dor alheia.

2) A multidão concordou com a ponderação do motorista de táxi, porque:


A. Dario já estava morto.
B. A morte de Dario no táxi poderia causar-lhe dor de cabeça.
C. A polícia ainda não havia chegado e o corpo não podia ser removido.
D. Seria melhor esperar uma ambulância.

3) Na situação em que se encontrava Dario, o exame de seus documentos foi:


A. Inútil, pois o endereço era de outra pessoa.
B. Produtivo, pois dizia quais os sinais de nascença.
C. Bastante útil, pois a polícia concluiu que a sua morte fora acidental.
D. Proveitoso, pois todos ficaram conhecendo a sua doença.

4) A escolha do título justifica-se, pois:


A. Em todos os velórios costuma-se acender-se velas.
B. O povo mandou acender uma vela para Dario.
C. Um menino, num gesto piedoso, acendeu uma vela ao lado do cadáver.
D. O rabecão costuma acender velas quando alguém morre na rua.

5) "A cabeça agora na pedra, sem o paletó, o dedo sem aliança". (último parágrafo)
Lendo o texto com atenção e analisando o período acima chegamos à conclusão de que:
A. Dario era solteiro, pois não usava aliança.
B. Antes de morrer, Dario deixara cair a aliança e o paletó.
C. O povo, de forma impiedosa, praticou fria e macabra rapinagem contra o inerte
Dario.
D. O povo, num gesto de solidariedade humana, retirou a aliança e o paletó para
entregá-los à família.

Texto nº 04 (Suplência 1998)

VOLTA ÀS AULAS

As empresas nunca investiram tanto


na escolaridade de seus empregados
(Daniel Nunes Gonçalves)
36

A concorrência estrangeira tem lá seus defeitos, mas ao menos já implantou algumas


maravilhas globalizadas na indústria nacional. Nunca as empresas foram tão informatizadas,
confeccionaram produtos tão bons e operaram a custos tão baixos. Outra novidade ocorre no campo
da educação. Cresce, a olhos vistos, o número de empresas que decidiram investir mais detidamente
na escolaridade de seus empregados. A Sadia investe 8 milhões de reais por ano para, até o ano
2000, ter todos os seus funcionários com o 1º grau completo. Calcula-se que 40.000 trabalhadores
estejam de volta aos bancos escolares incentivados pelas empresas em que trabalham.
Diante do estrago gigantesco a ser consertado, são números mínimos. Entre trabalhadores
com carteira assinada, 43% são analfabetos ou possuem o 1º grau incompleto. O trabalhador no
Brasil permanece na escola por um período muito curto, inferior a quatro anos - menos que na
Argentina, com nove, ou na Coréia, com 10 anos. Não é à toa que as empresas nacionais acabam
levando um banho de eficiência dos concorrentes. O programa de educação nas fábricas envolve
não só as empresas, mas também fundações e mais de 1.000 ONGs (Organizações não
governamentais), além de alguns governos estaduais e o federal, que entram com o dinheiro.
Investir em mão-de-obra é compensador por vários motivos. Na Nestlé o numero de
acidente de trabalho diminuiu porque os operários passaram a entender melhor o funcionamento das
máquinas. Também caiu o índice de faltas, porque o empregado passou a ter um motivo a mais para
comparecer ao trabalho. "Um funcionário com mais estudo entende melhor os processos de trabalho
e resolve problemas inesperados com mais facilidade", resume Carlos Augusto Costa e Silva,
superior de educação da Volkswagen. Programas assim produzem resultados objetivos como os que
descreve o supervisor, mas também melhoram a auto-estima do empregado - o que é muito bom. O
mecânico de manutenção da Volkswagen Mário Antonio de Moraes, de 45 anos, voltou aos estudos
depois de 26 anos e concluirá o 2º grau em dois meses. "Agora, trabalho melhor e vivo melhor.
Compro jornal todos os domingos”, afirma.

Explorando o texto nº 04

1) Observe:
"Esse time percebeu que firma de primeira não pode ter funcionários de segunda".

De acordo com o texto:


A. Somente a firma de segunda deve investir na escolarização de seus funcionários.
B. Toda firma deve despedir os funcionários que não possuem escolarização.
C. Toda firma deve investir na escolarização de seus funcionários.
D. Nenhuma firma necessita de funcionários escolarizados.

2) Observe:
"as empresas nacionais acabam levando um banho de eficiência dos concorrentes."
De acordo com o texto, este fato ocorre porque o trabalhador brasileiro:
A. É muito preguiçoso e não possui o 1º grau completo.
B. Permanece na escola por um período inferior a quatro anos.
C. É analfabeto e mal remunerado.
D. Não é bem orientado para desempenhar suas funções.

3) Segundo o texto "Volta às Aulas", a ocorrência da diminuição dos acidentes de trabalho e o


menor índice da faltas entre os empregados devem-se ao fato:
A. De as empresas investirem na mão-de-obra e o trabalhador motivar-se para o
trabalho.
B. Do aumento do salário que as firmas proporcionam aos empregados.
C. Do melhor funcionamento das máquinas modernas.
D. De 57% dos trabalhadores serem alfabetizados.
37

4) Algumas frases do texto foram modificadas. Entre elas, a que se apresenta gramaticalmente
incorreta é:
A. São, diante do estrago gigantesco a ser consertado, números mínimos.
B. Agora, trabalho e vivo melhor.
C. Nunca as empresas foram tão informatizadas, confeccionaram produtos tão bons,
operaram a custos tão baixos..
D. O trabalhador no Brasil permanece na escola por um período curtíssimo.
5) Para evitar repetições de palavras, parte das frases extraídas do texto foi substituída por
pronomes. Entre as alternativas abaixo, a que se apresenta incorreta é:
A. Um funcionário com mais estudo entende-os melhor...
B. ... duas dezenas de colégios nas imediações da fábrica para atendê-los.
C. O compro todos os domingos.
D. ... convênios com duas dezenas de colégios nas suas imediações...

Texto nº 05 (Suplência de 1998)

TEXTO PUBLICITÁRIO

Eles chegaram aqui no início do século. Uma gente brava, com a bagagem cheia de
esperança.
Em pouco tempo, os imigrantes descobririam um país receptivo à experiência e à cultura que
eles traziam no sangue.
Mas também descobriram um grande desafio.
E não perderam tempo. Dotados de um vontade férrea, trabalharam duro. E além de
sobrenome, legaram a seus descendentes a crença do ideal de progredir e vencer.
Estrangeiros que descobriam que para ser brasileiros bastava gostar do Brasil. Que
escreveram a história contemporânea deste país. Na indústria. Nos campos. Nas cidades.
Joaquins, Giovannis, Toshiros, Peters, Ganthers, Samires e Juans. Todos. Sem exceção.
A Shell veio para o Brasil mais ou menos nessa época. E, 75 anos depois, pode avaliar a
trajetória daqueles que se dispuseram a atravessar o mundo em busca de um futuro melhor.
E faz questão de homenagear as todos. Que vieram e ficaram.
(Revista Veja, nº 845. 1989)

Explorando o texto nº 05

1) Em "Eles chegaram aqui no início do século..." O pronome "Eles", que inicia a frase, no
texto, refere-se a:
A. Brasileiros.
B. Imigrantes.
C. Estrangeiros.
D. B e C estão corretas

2) Em: "E faz questão de homenagear a todos". O sujeito do verbo fazer, na frase acima,
retirada do texto é:
A. Brasil
B. Shell
C. Mundo
38

D. Futuro

3) De acordo com o texto, é correto afirmar que:


A. a Shell chegou após o período de imigração;
B. a Shell chegou ao Brasil 75 anos depois dos imigrantes;
C. a Shell e os estrangeiros chegaram ao Brasil depois da imigração;
D. a Shell e os estrangeiros chegaram ao Brasil quase juntos.
4) No sexto parágrafo, pelo nome das pessoas, pode-se saber o seu país de origem. Entre
eles, pode-se destacar.
A. Inglaterra, Japão, Espanha
B. Rússia, Alemanha, Inglaterra
C. Itália, França, Japão
D. Alemanha, Grécia, Portugal

5) As frases do texto foram alteradas. Entre elas a que apresenta sinonímia incorreta é:
A. ... à experiência e a cultura que eles traziam consigo.
B. ... parece querer homenagear a todos.
C. ... transmitiriam a seus descendentes a crença...
D. ... dotados de uma vontade inflexível.

12- PRODUÇÃO DE TEXTO

A palavra texto vem do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento.


Essa origem aponta a idéia de que texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar
várias partes menores a fim de se obter um todo inter-relacionado, um todo coeso e
coerente.

Dissertação - A Argumentação

Imagine que você queira dissertar o seguinte tema: "O mundo moderno caminha atualmente
para sua própria destruição."
Sua primeira providência deve ser copiar este tema em uma folha de rascunho e fazer a
pergunta: POR QUÊ?
Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma possível resposta para a questão,
procure recordar-se do que já leu ou ouviu a respeito dele. É quase certo que você tenha ao menos
uma noção acerca de qualquer tema que lhe vier a ser apresentado.
O ideal, para que sua dissertação explore suficientemente o assunto, é que você obtenha
duas ou três respostas para a questão formulada. Essas respostas chamam-se possibilidade, é pensar
que o mundo pode vir a destruir-se por causa dos inúmeros conflitos internacionais que têm
ocorrido nos últimos tempos. Assim, já teríamos o primeiro argumento:

1. Tem havido inúmeros conflitos internacionais.


39

Pensando um pouco mais sobre o porquê de estarmos à beira da destruição, podem ocorrer-
nos mais dois argumentos: o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio
ecológico, e permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. Viu como é fácil? Os argumentos
selecionados são exaustivamente noticiados por qualquer meio de comunicação.
Dessa maneira, obtemos o seguinte quadro:

TEMA: "O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição."

Por 1. Tem havido inúmeros conflitos internacionais.


2. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio
Quê? ecológico.
3. Permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.

Você pode encontrar outros argumentos além desses apresentados acima que justifiquem a
afirmação proposta pelo tema. A única exigência é que eles se relacionem com o assunto sobre o
qual está escrevendo.
Uma vez estabelecido o tema e três argumentos, você já dispõe do necessário para, agora, na
folha definitiva, começar a redigir sua dissertação. Ela deverá constar de três partes fundamentais:
introdução, desenvolvimento e conclusão.
Vamos, agora, redigir o primeiro parágrafo, ou seja, a introdução, baseando-nos no quadro
da página anterior. Para compô-la, basta que você copie o tema e a ele acrescente os três
argumentos, assim como aparecem no quadro. Veja como poderia ser:

Tema

O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição.

Argumento 1

Pois tem havido inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se

Argumento 2

Ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além dos mais

Argumento 3

Permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.

Observe que, na introdução, os argumentos são apenas mencionados. Neste primeiro


parágrafo informamos o assunto de que a dissertação vai tratar. Cada argumento será
convenientemente desenvolvido nos parágrafos seguintes.
40

Repare nas palavras “pois” e “além do mais”, colocadas neste texto para ligar as diferentes
partes da introdução. São elas que reúnem o tema aos argumentos. Depois de terminado o
parágrafo da introdução, você deverá passar para o desenvolvimento, explicando cada um dos
argumentos expostos acima.
Assim, no próximo parágrafo, escreva tudo que souber sobre o fato que tem havido
inúmeros conflitos internacionais.

Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros
conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança
das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos
dias, testemunhamos conflitos no Oriente Médio que, envolvendo as grandes potências
internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de proporções
incalculáveis.
Como você pode perceber, convém, vez por outra, lançar mão de certos exemplos para
comprovar suas afirmações.
No parágrafo seguinte, desenvolve-se o segundo argumento:

Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição


desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as
águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de
tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável.

Note a presença de uma expressão "outra ameaça constante...", no início do parágrafo, que
estabelece a ligação com o parágrafo anterior. Ela deve ser colocada para evidenciar o fato de que
os parágrafos se relacionam entre si.
Falemos agora do terceiro argumento:

Além disso, enfrentaremos sério perigo relativo à utilização de energia


atômica. Quer pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas
usinas nucleares, quer por eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente
poderíamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados armamentos.

Observe a expressão "além disso...", colocada no início desse parágrafo. Ela é o elemento de
ligação com o parágrafo anterior do desenvolvimento. Estabelece a conexão entre os argumentos
apresentados.

A conclusão
Para que sua dissertação fique completa, basta apenas elaborar um único parágrafo, que se
denomina conclusão. Para isso, é preciso que analisemos suas partes constitutivas.
A conclusão pode-se iniciar-se com uma expressão que remeta ao que foi dito nos
parágrafos anteriores (expressão inicial). A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no
início da redação. No final
Em virtude do parágrafo,
dos fatos é interessante
mencionados, colocar
somos levados uma observação,
a acreditar fazendo um
na possibilidade
comentário sobre os fatos mencionados ao longo da dissertação.
Com base Expressão
nesta orientação,
inicialjá podemos redigir o parágrafo final, ou seja, a conclusão.

de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo

Reafirmação do Tema Comentário final

possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos
sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais
41

Observação:

Caso você deseje, é possível que a conclusão seja formada apenas pelo comentário final,
dispensando o início, constituído pela expressão inicial e reafirmação do tema. Eles atuam apenas
como reforço, como ênfase ao problema abordado.
Agora, reunindo todos os parágrafos escritos, temos a dissertação completa acrescida de um
título. Veja:

DESTRUIÇÃO: A AMEAÇA CONSTANTE

O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição, pois tem havido
inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio
ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.
Nessas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos
internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã
e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias testemunhamos conflitos no
Oriente Médio que, envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um
confronto mundial de proporções incalculáveis.
Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de
alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes
contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em
um local inabitável.
Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização de energia atômica. Quer pelos
acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por eventual
confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder avassalador
desses sofisticados armamentos.
Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos
a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito no sentido de
conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e construir um
mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.

Caso você deseje uma dissertação um pouco menor, basta usar dois argumentos ao invés de
três.

Observação:

Você pode substituir essa expressão inicial utilizada na sua conclusão por qualquer outra
equivalente. Aqui estão algumas sugestões.
- Dessa forma...
- Sendo assim...
- Em vista dos argumentos apresentados...
- Em virtude do que foi mencionado...
42

- Assim...
- Levando-se em conta o que foi conversado...
- Por todas essas idéias apresentadas...
- Tendo em vista os aspectos apresentados...
- Por tudo isso...
- Dado o exposto...

Sugestões para iniciar sua dissertação

1. Para iniciar a sua dissertação


- Fala-se muito atualmente sobre...
- Provável que...
- Acredita-se que...

2. Enumeração da análise do problema


- Deve-se analisar primeiramente...
- É preciso analisar que...
- A primeira observação se refere ...

2.1 Para insistir no problema


- Observa-se também que...
- Nota-se, por outro lado, que...
- Não podemos esquecer que...
- É necessário frisar também que...

3. Conclusão
- Assim sendo...
- Dessa forma...
- Concluindo...
- Nesse sentido...

Trabalhando o texto

A INVEJA

A inveja é geralmente feita de ilusões superpostas, e não corresponde absolutamente a nada


real. Quando admitimos que invejamos alguém, damos um primeiro passo. Podemos ver, então, que
na maioria das vezes o que nos incomoda é mais a possibilidade de prazer, de sucesso ou de
felicidade de outro, do que o fato de não termos o mesmo benefício. Em seguida, aprofundando, é
possível descobrir que geralmente supomos, imaginamos, as vantagens e as delícias que invejamos.
Por outro lado, podemos desfrutar prazer em despertar inveja. Supondo que somos invejados –
sabemos que não há razão para esse sentimento, por que afinal não somos tão felizes, nem estamos
num paraíso – sentimos uma secreta alegria neste papel eleito. Vivendo o papel de invejado,
descobrimos que aqueles que invejamos não desfrutam da bem-aventurança que costumamos
imaginar.
As pessoas do mesmos meio social e cultural, de idade aproximada, do mesmo sexo, tendem
vagamente a concorrer entre si. São competidores em potencial os que dispões de bens semelhantes,
atravessam as mesmas experiências ou têm interesses comuns. Nossas atenções estão concentradas
nos que se assemelham, de alguma forma, a nós mesmos. Por isso, a inveja é mais comum quando
43

temos uma proximidade qualquer com alguém que parece desfrutar do que não possuímos.
Entender isso é só começo.
(Lisboa, Luiz Carlos. O Jejum do Coração)

A dissertação obedece à seguinte estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão.


Na introdução, apresenta-se o ponto de vista sobre o assunto, a idéia central que será
trabalhada durante todo o texto:

"A inveja é geralmente feita de ilusões superpostas e não corresponde


absolutamente a nada real."
Essa frase resume de maneira clara, breve e objetiva a opinião do autor, e ao mesmo tempo,
pressupõe um desenvolvimento, exige uma fundamentação.
O desenvolvimento é a parte em que são apresentados os diferentes aspectos da idéia
central; constitui a fundamentação exigida pela primeira parte do texto.
A conclusão retorna à idéia central, agora enriquecida pela fundamentação, sintetizando-a,
resumindo-a.

Explorando o texto

1) Você concorda com a idéia expressa na introdução do texto A Inveja? Manifeste sua opinião a
respeito?

2) Proposta de redação
- Faça um texto dissertativo, subordinado ao tema A Inveja. Observe a sua estrutura. Não se
esqueça de atribuir um título adequado à dissertação que acabou de redigir.

13 - GRAMÁTICA

13.1 Verbos Irregulares (consulte uma boa Gramática)

EXERCÍCIOS

1) Complete as lacunas com os verbos entre parênteses.


Na primeira estrofe *** modo imperativo afirmativo.
Na segunda estrofe*** presente do indicativo.

BOM CONSELHO
(Chico Buarque de Holanda)

(1ª estrofe)
44

____________ um bom conselho (ouvir)


Eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
_____________sentado (esperar)
Ou você se cansa
Está provado: quem espera nunca alcança
____________meu amigo (vir)
_____________ esse regaço (deixar)
______________com meu jogo (brincar)
(2ª estrofe)

Venha se queimar
Faça como eu _____________ (dizer)
Faça como eu____________(fazer)
Aja duas vezes antes de pensar.
____________ atrás do tempo (correr)
Vim de não _____________ onde (saber)
Devagar é que não se ____________longe (vir)
Eu _____________ o vento na minha cidade (semear)
_______________ pra rua e bebo a tempestade (ir)

2) Passe para o plural cada uma das frases abaixo:

a) Sempre folheio um livro. Você não folheia nunca?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________

b) Freio com firmeza antes das curvas. Você não freia?


__________________________________________________________________________
______________________________________________________________

c) Nunca lisonjeio ninguém. Você lisonjeia?


__________________________________________________________________________
______________________________________________________________

d) Não semeio ventos para não colher tempestades. Você semeia?


________________________________________________________________________________
________________________________________________________

3) Observe o modo, o tempo, o número e a pessoa das formas verbais da frase modelo. A seguir,
complete as frases utilizando formas verbais flexionadas como as do modelo.

Não copio comportamento de ninguém; por isso, não quero que você copie.

a) Não _________________ meus produtos a prazo; por isso, não quero que
45

você____________________(negociar).
b) Não ______________ ninguém; por isso, não quero que você
_________(odiar).
c) Não ____________grandes riquezas; por isso, não quero que você
__________(ansiar).
d) Não_____________ tudo o que faço; por isso, não quero você__________(anunciar).

Verbos em IAR = irregulares somente os da


Turminha do MARIO
Mediar - Ansiar - Remediar - Incendiar - Odiar

4) Reescreva as frases abaixo, substituindo os asteriscos pelos verbos entre parênteses no tempo
verbal adequado:
a) (*) quarenta anos, Aniceto de Castro não (*) dinheiro para casar com Mercedes. (haver, ter).
b) "O amor (*) um grande laço." (ser).
c) Mercedes (*) passando na rua, quando encontrou Gastão. (estar)
d) Carlos Drummond de Andrade (*) um dos poetas de maior destaque. (ser)

5) Faça conforme do modelo:

Se eu _______________ condições _______________ aqui por alguns meses.


(tiver) (ficar)
Se eu tivesse, condições ficaria, aqui por alguns meses.

a) Se nós _______________ os responsáveis pelo acidente, _____________ nossa culpa.


(ser) (assumir)
b) Se ele _______________ ajuda, ________________ nosso carro e ____________a viagem.
(trazer) (consertar) (continuar)
c) Se as calças ____________, você _______________com elas à festa.
(caber) (ir)

d) Se ele nos _________________ um novo prazo, _______________ o trabalho


(dar) (terminar)

e) Se todos _________________ à estréia da peça, o teatro _______________ lotado.


(ir) CARINHOSO (ficar)

6) Na primeira estrofe da músicaMeuCarinhoso,


coração de Pixinguinha e João de Barro, há alguns verbos
irregulares. Observe o tempo e o modo empregados e continue a conjugar os verbos.
Não sei por quê
Bate feliz
Quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
Foges de mim.
46

a) Eu não sei por quê b) Quando eu te vejo.


Tu não ___________ por quê Quando tu________________
Ele não ___________por quê Quando ele me____________
Nós não __________ por quê Quando nós os ____________
Vós não __________ por quê Quando vós os_____________
Eles não __________ por quê Quando eles me ___________

c) E pela rua eu vou te seguindo.


E pela rua tu ____________ me seguindo.
E pela rua ele ___________ me seguindo.
E pela rua nós ___________ te seguindo.
E pela rua vós ___________ me seguindo.
E pela rua eles ___________ me seguindo.

7) Siga o modelo:

Não creio em soluções mágicas.

Presente do indicativo.

Não é possível que eles creiam.

Presente do subjuntivo

a) Não descreio dessa possibilidade.


Não é possível que você _______________
b) Não leio esse tipo de revista.
Não é possível que tu __________________
c) Sempre releio os melhores livros
Não é possível que vocês não __________________
d) Nunca perco uma boa oportunidade.
Não é possível que você__________________

8) Siga o modelo:

Quando eu _____________, __________ à Espanha.


(poder) (ir)
Quando eu puder, irei à Espanha.
47

a) Quando você se ____________, ___________ para casa de seus pais.


(recompor) (ir)

b) Quando você a ____________ na caixa, ___________ que ela não ____________.


(pôr) (perceber) (caber)

c) Quando você se _____________(opor) com veemência, ele ____________. (desistir).

9) Todas as palavras estacadas indicam ação, processo, fenômeno: indique o que for substantivo e
o que for verbo:
a) A colheita deste ano foi boa.
b) Passe a colher dados a seu respeito.
c) Seu sorriso não nos convenceu.
d) A mãe sorria satisfeita.
e) Choveu muito no sertão.
f) A chuva inundou o sertão.

10) Relacione a cada verbo destacado a idéia de ação, estado, mudança de estado, fenômeno natural:
a) O patrão botou-os para fora da terra
b) O príncipe virou mendigo.
c) A desgraça estava a caminho.
d) Relampejou durante a noite.

11) Reescreva as frases, substituindo cada asterisco pelas formas adequadas no verbo indicado entre
parênteses:
a) Não havia força que * com ela. (poder)
b) Se tivesse dinheiro certamente se * dali. (mudar)
c) Eu também fui escravo, mas não quero que meus filhos * escravos. (ser)
d) Ela estava parada na porta, olhando o retrato que o pai ainda * na parede. (pendurar)
e) Se a seca * , a plantação certamente morreria. (chegar)
f) Se a seca * , a plantação certamente morrerá. (chegar)
g) Amanhã todos * sobre a cidade para protestar. (marchar)

12) Escreva as frases, substituindo cada símbolo pelo verbo indicado, no imperativo afirmativo:
a) Já lhe avisei! # esse objeto com cuidado. (pegar)
b) Já te avisei! # esse objeto com cuidado. (pegar)
c) Vocês aí! # com mais entusiasmo! (cantar)
d) # aquela menina! Você sabe onde ela mora? (olhar)
e) # aquela menina! Tu sabes onde ela mora? (olhar)

13) Reescreva as frases, substituindo cada cifrão pela forma verbal adequada. Todos os verbos são
irregulares.
a) Talvez ele $ o vizinho. (odiar - pres. Subj)
b) Ele se $ mais uma vez. (contradizer - pret. Perf. Ind.)
c) Espero que você $ mais atenção a nós. (dar - pres. Subj.)
d) Viajem e # bastante. (passear - imperativo afirm.)
e) Êpa! Eu não $ nesta cadeirinha. (caber - pres. Ind.)
f) Se ela $ muita questão de ser educada, viria até aqui. (fazer - pret. Imperf. Subj)
g) Talvez eu também $ um casaco igual aos seus. (querer - pres. Do subj.)
h) Se nós $ sair poderíamos. (querer – pret. Imperf. Subj.)
48

i) Quando ela $ o namorado com outra, vai ficar uma fera! (ver - fut. Subj.)
j) Se ela $ aqui com o namorado, poderá se hospedar em casa. (vir - fut. Subj.)

14) Coloque as frases na voz passiva:


a) Tua teimosia separou-nos para sempre.
b) O índio fechou a porta.
c) A moça remendava a roupa dos pobres
d) Um enxame de moscas cobria o rosto.
e) O carro quase o derruba.

15) Substitua os asteriscos pelo presente do indicativo ou pelo presente do subjuntivo dos verbos
indicados:
a) Tu * bom. (ser)
b) Você * que ela fique aqui? (querer)
c) Talvez você não * que ela fique aqui. (querer)
d) Dedica-se à natação, embora * mesmo de futebol. (gostar)
e) Receio que todos * a mesma coisa: dormir. (desejar)

16) Reescreva as frases, substituindo cada símbolo pelo futuro do subjuntivo dos verbos indicados:
a) Se # agora, talvez cheguemos a tempo. (ir)
b) Tudo estará sob controle enquanto # a calma. (manter)
c) Quando ela # , dê-lhe a notícia. Mas tenha calma! (vir)
d) Assim que ela # as fotografias, entenderá tudo. (ver)
e) Só podemos progredir se # oportunidade, ora essa! (ter)
f) Nós só te ouviremos quando tu # aqueles objetos no mesmo lugar. (repor)
g) Todo aquele que sempre # a verdade será digno de confiança. (dizer)
h) Se não # pelo menos cem pessoas nesta sala, teremos que procurar outro lugar para encenar-
mos a peça. (caber)

13.2 - CONCORDÂNCIA VERBAL


Regra 1
Eu preciso de auxílio.
Nós precisamos de auxílio.
Conclusão: o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.

Regra 2
O professor e a professora preparam a prova.
Conclusão: O verbo vai a 3ª pessoa do plural caso o sujeito seja composto (3ª + 3ª) e anteposto ao
verbo.

Regra 3
Então falaram o aluno e a aluna.
Então falou o aluno e a aluna.
Conclusão: Se o sujeito composto é posposto ao verbo, este irá para o plural ou concordará com o
substantivo mais próximo.

Regra 4
Eu e tu sairemos de manhã.
Eu, tu e ele sairemos de manhã.
Você e ele sairão de manhã.
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Conclusão: quando o sujeito for composto de pessoas diferentes, o verbo vai para o plural, de
acordo com a pessoa mais importante. (a 1ª pessoa é mais importante que a 2ª e a 2ª mais
importante que a 3ª.)

Regra 5
Há meses que não o vejo
Havia anos que este fenômeno não ocorria.
Faz horas que o trem partiu.
Residia na fazenda fazia anos.
Conclusão: o verbo haver, no sentido de existir ou referindo-se a tempo, é impesoal, não admite
sujeito. O mesmo sucede com o verbo fazer referindo-se a tempo. Estes verbos ficam na 3ª pessoa
do singular.
Regra 6
Rui ou Mário será o vencedor.
Ônibus ou trem passam por lá.
Conclusão: Havendo exclusão, o verbo fica no singular. Se o verbo se referir aos dois sujeitos, irá
para o plural.

Regra 7
A classe levantou-se quando o diretor apareceu.
Conclusão: o sujeito coletivo singular pede o verbo no singular.

Regra 8
Um bando de papagaios sobrevoou a floresta.
(sobrevoou concorda com um bando)
Um bando de papagaios sobrevoaram a floresta.
(sobrevoaram concorda com papagaios)
Conclusão: O verbo ficará no singular ou no plural se o sujeito coletivo for especificado com o
substantivo no plural.

Regra 9
Médicos, remédios, aplicações de raios, mudanças de clima, nada pôde curá-lo.
Conclusão: quando a palavra nada vier no fim de uma enumeração (como que a resumi-la), o
verbo fica no singular.
O mesmo acontece com as palavras tudo, ninguém etc.

Regra 10
Já deram onze horas? - Não, bateram dez horas. Soaram sete horas.
O sino do morro badalou seis horas.
O relógio bateu três horas.
Conclusão: Se aparecem os sujeitos expressos relógio, sino, campainha etc., o verbo concordará
com esses sujeitos. Se não aparecem sujeitos, o verbo concordará com a palavra hora ou horas.

Regra 11
Sou eu quem pago.
Sou eu quem paga
Conclusão: O verbo das orações concordará com o sujeito eu (tu, nós ...) ou com o pronome quem
na 3ª pessoa (eu – pago; quem - paga).

Regra 12
Na infância, tudo são alegrias.
50

Conclusão: Quando o sujeito for o pronome tudo, o verbo ser concorda com o predicativo. O
mesmo ocorre com os sujeitos isto, isso, aquilo.

Regra 13
A comida eram uns pedaços de pão velho.
Conclusão: quando o sujeito é um nome de coisa no singular e o predicativo estiver no plural, o
verbo ser vai para o plural, concordando com o predicativo.

EXERCÍCIOS

Nos exercícios a seguir, faça a concordância escolhendo a forma verbal adequada. Se estiver
em dúvida, consulte a regra cujo número se encontram nos parênteses.
1) _____________, naquele dia, cinco pessoas. (faltou/faltaram) (regra 1)
2) _____________, ainda, algumas vagas. (resta/restam) (regra 1)
3) _____________ o presidente e o ministro. (discursou/discursaram) (regra 3)
4) O presidente, o ministro _____________ . (faltou/faltaram) (regra 2)
5) Jogadores, técnicos, ninguém ______________ o regulamento. (leu/leram) (regra 9)
6) Ele, tu e eu _________________. (resolvi/resolvemos) (regra 4)
7) Tu e teus amigos _______________ à reunião. (comparecestes/compareceram) (regra 4)
8) Uma multidão ______________ na frente do teatro. (protestava/protestavam) (regra 8)
9) Grande parte dos alunos ______________ à aula. (faltou/faltaram) (regra 8)
10) Fui eu quem ______________ o problema. (resolvi/resolveu) (regra 11)
11) ___________ quatro horas no relógio da matriz. (bateu/bateram) (regra 10)
12) O relógio da praça ____________ doze horas. (deu/deram) (regra 10)
13) Isto ____________ intrigas da oposição. (é/são) (regra 12)
14) Isto tudo ____________ recordação. (é/são) (regra 12)
15) A Pátria ______________ nós. (é/somos) (regra 13)
16) Progresso ______________ as exportações. (é/são) (regra 13)
17) ________________milhares de torcedores no estádio. (havia/haviam) (regra 5)
18) ________________ quatro anos que não viajo. (faz/fazem) (regra 5)
19) ________________ faz dez meses que ela não aparece. (vai/vão) (regra 5)
20) Paris ou Munique ______________ a sede da próxima assembléia (será/serão) (regra 6).
21) A música popular ou a clássica _____________ apreciadas. (é/são) (regra 6)

13.3 - CONCORDÂNCIA NOMINAL

Regra 1
" Mar, belo mar selvagem
Das nossas praias solitárias"
Conclusão: O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere.

Regra 2
As laranjas e os mamões maduros já foram colhidos
Os mamões e as laranjas maduras já foram colhidas.
51

Conclusão: O adjetivo posposto a dois ou mais substantivos de gênero e número diferentes ou vai
para o masculino plural ou concorda com o substantivo mais próximo.

Regra 3
Anotada a regra e as observações, os alunos poderiam retirar-se.
Conclusão: Anteposto a dois ou mais substantivos, o adjetivo concorda geralmente com o mais
próximo.

Regra 4
Admiro as torcidas palmeirense e corintiana.
Admiro a torcida palmeirense e a corintiana.
Conclusão: Quando dois adjetivos se referem ao mesmo substantivo precedido de artigo, podemos
escolher qualquer um dos modelos acima.
Regra 5
O mar está furioso.
Os mares estão furiosos.
Conclusão: O predicativo concorda em gênero e número com o sujeito.

Regra 6
A cobra e o jacaré são perigosos.
Conclusão: Quando o sujeito é composto de substantivos de gêneros diferentes, o predicativo terá
a forma do masculino plural.

Regra 7
Vossa Excelência está convidado.
Vossa Excelência está convidada.
Conclusão: O predicativo concorda com o sexo da pessoa a quem nos dirigimos quando o sujeito
for um pronome de tratamento.

Regra 8
É necessário prudência.
É preciso coragem
Chá de pariparoba é bom para o fígado.
Conclusão: As expressões é preciso, é necessário, é bom permanecem invariáveis quando não
houver artigo determinando o sujeito.

Regra 9
a) O juiz declarou
Nosso time vitorioso

Obj. direto predicativo do obj. direto

Os jogadores elegeram José capitão do time

Obj. direto predicativo do obj. direto

Os jogadores elegeram-no capitão do time

Obj. direto predicativo do obj. direto

b) O professor declarou o aluno e a aluna culpados

obj. direto predicativo do objeto


52

Conclusão: a) O predicativo concorda com o objeto direto em gênero e número.


b) O predicativo fica no plural se o objeto direto se constitui de elementos de gênero diferente

Regra 10
A escola é foco de onde a luz irradia, a luz que aclara os tempos e as nações.
Conclusão: O artigo concorda com o substantivo em gênero e número.

Regra 11
Abriu a porta e fechou-a de imediato
Colheu pêssegos e ameixas, comeu-os, em seguida, por estar com fome.
Conclusão: O pronome concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere; caso
tenhamos dois substantivos de gêneros diferentes, vai para o masculino plural.
EXERCÍCIOS

1) Nas frases abaixo, faça a concordância, utilizando a palavra entre parênteses:


a) Nuvens e ventos _______________ afugentaram a torcida. (ameaçador) (regra 2)
b) Há animais e plantas _____________. (desconhecidos) (regra 2)
c) ______________ a data e local, o resto será fácil. (determinada) (regra 3)
d) ______________ os treinos e a preparação, não será difícil ganhar. (feito) (regra 3)
e) Estudo _____________ portuguesa e inglesa. (a língua) (regra 4)
f) O rio e a lagoa estão _____________ . (limpo) (regra 6)
g) O caderno e a caneta são ______________. (necessário) (regra 6)
h) Considero-as ______________ (educado) (regra 9)
i) Encontrei João e Maria _____________. (animado) (regra 9)
j) Acho o cravo e a rosa ______________. (belíssimo) (regra 9)

2) Empregue os pronomes pessoais do caso oblíquo – o, os, as, a, as –, conforme a regra 11.
a) Quando acabar de ler as revistas, devolva ___________ao professor.
b) Possuía um carro e uma bicicleta. Vendeu ___________ ao ser transferido.
c) Faça o rascunho da redação. Depois passe ___________ no caderno.

3) Empregue os artigos o, a, os, as. (ver regra 10)


a) _______ Amazonas recebe muitos afluentes.
b) _______ amazonas eram mulheres que cavalgavam.
c) _______ Rádio Globo anunciou que o jogo será transferido.
d) _______ rádio está quebrado.

4) Escolha a opção correta de acordo com a regra 8:


a) É ____________ simpatia para falar com o público. (necessária/necessário)
b) Água fria é ___________ para despertar. (bom/boa)

5) De acordo com a norma culta do emprego de palavras e expressões, o correto está em:
a) É proibido a entrada de pessoas estranhas.
b) Bebida alcoólica é proibida
c) Pimenta é boa para tempero.
d) É proibido a venda de mercadorias estrangeiras.
(Suplência - 1998)

13. 4 - REGÊNCIA VERBAL


53

Chama-se regência verbal a relação de dependência, ou de subordinação, entre um verbo e


os seus complementos.
Exemplos:
1) Maria ama Pedro 2) Nós gostamos de ordem
(verbo) (verbo)

Regido termo regido


regente termo regente

Objeto direto objeto indireto

Como você observou pelos exemplos acima, há verbos que são completados com objeto
direto (exemplo 1) e verbos completados com objeto indireto (exemplo 2).

1) Aspirar - É transitivo direto com sentido de sorver, tragar:


Aspirávamos o ar da manhã
É transitivo indireto com sentido de desejar, pretender:
(alguns escritores contemporâneos usam objeto direto com aspirar na acepção de desejar).

2) Assistir - É transitivo indireto com o sentido de presenciar, estar presente:


Eu assisti ao jogo, ao filme e à novela.
É transitivo direto no sentido de prestar assistência, socorrer:
O médico assistiu o doente ate o fim.
A mãe assistia o filho doente.

3) Pagar - É transitivo direto e indireto


Pagar alguma coisa a alguém
Paguei o ingresso ao funcionário
Obj. direto Ob. Indireto

4) Esquecer/lembrar - Estes verbos admitem objeto direto ou indireto, por duas vezes com a elipse
do pronome reflexivo ou da preposição de:
Esqueci-me do recado.

Elipse do Esqueci o recado. (obj. direto)


Pronome Esqueci do recado. (obj. indireto)

5) Obedecer/desobedecer - Geralmente, são empregados com o objeto indireto, mas há escritores


modernos (e o povo em geral) que os empregam com objeto direto:
Obedecemos aos pais.
Obedecem às leis.
Desobedecem ao regulamento.

6) Perdoar - Geralmente usa-se com objeto direto de coisa e indireto de pessoa:


Perdoamos as dívidas. (coisas = obj. direto)
Não lhe perdoaram a culpa. (pessoa = obj. indireto)
Perdoamos a vocês. (pessoa = obj. indireto)
Perdoei-lhe a malvadeza.( pessoa = ob. direto, coisa = obj. indireto)
Ela lhe perdoou.(pessoa = obj. indireto)
54

7) Preferir - É transitivo indireto. Não se constrói com a locução conjuntiva do que e o adverbio
mais.
Prefiro sorvete a limonada. (Errado: do que a limonada)
Preferimos livros a revista .
Preferimos o teatro ao cinema.

8) Simpatizar - Não é pronominal. Usa-se com a preposição com:


Simpatizo muito com ela.
Simpatizei com ela. (Errado: Simpatizei-me com ela)

EXERCÍCIOS

1) Segundo a norma padrão, as frases a seguir apresentam erros quanto à regência verbal.
Reescreva-as, corrigindo:
a) Alguns alunos desobedecem o regulamento.
_________________________________________________________________
b) O médico foi no cinema para assistir o filme.
_________________________________________________________________
c) Os amigos custaram a simpatizar-se com as novas idéias.
_________________________________________________________________
d) Prefiro mais ser punido do que obedecer os preconceitos impostos.
_________________________________________________________________
e) Não aspiro os títulos e honrarias.
_________________________________________________________________
f) A esposa não perdoou o marido
_________________________________________________________________

2) Assinale a alternativa na qual a regência utilizada obedece ao padrão da norma culta.


a) (1) Aspirava o ar fino daquelas altitudes.
(2) Aspirava ao ar fino daquelas altitudes

b) (1) Prefiro passear a trabalhar.


(2) Prefiro mais passear do que trabalhar.

c) (1) Amanhã iremos assistir o jogo.


(2) Amanhã iremos assistir ao jogo.

d) (1) Nós lhe obedecíamos com prazer.


(2) Nós o obedecíamos com prazer.

e) (1) Ela o queria muito bem.


(2) Ela lhe queria muito bem.

f) (1) Havia poucos alunos na biblioteca.


(2) Haviam poucos alunos na biblioteca.

g) (1) Márcia namora com Paulo há dois anos.


55

(2) Márcia namora Paulo há dois anos.

3) Copie as frases, completando os espaços com os pronomes o ou lhe, conforme a regência do


verbo.

Obs.: Os pronomes (o/a/os/as) correspondem ao objeto direto.


O pronome (lhe) corresponde ao objeto indireto.

a) Eu _______amo
b) Somente os amigos ________ cumprimentaram pela vitória.
c) Suas palavras ________ agradaram.
d) Agradeci ________ pelo empréstimo.
e) Paguei ________ toda a divida.
f) Eu devia o ingresso. Paguei _______ antes da apresentação.
g) O padrinho queria ________ como seu próprio filho.
h) Ela não ________ quis para esposo.
i) O médico __________ assistia na hora da morte.
j) O ar desta cidade está poluído. Infelizmente, nós _________ aspiramos.
k) Não _______convidei para a festa.
l) Ensinarei ________ a gramática.

13.5 - PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE APRESENTAM DIFICULDADES

1 - Por que/porque/por quê/ porquê

Antes de mais nada, é importante que você saiba que a palavra QUE quando estiver em final
de frase é um monossílabo tônico, portanto, deve ser acentuada graficamente.
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?

1) Escreve-se por que* (separado)


a) Quando equivale a pelo qual e suas flexões.
Não encontrei o caminho por que passei.

b) Quando depois dele vier escrita ou subtendida a palavra razão **. Se ocorrer no final da frase,
deverá ser acentuado.
Por que razão você não foi à festa?
Por que ela não compareceu à reunião?
Não sabemos por que ela faltou.
Você não veio por quê?

2) Escreve-se porque (junto e sem acento). Quando de trata de conjunção explicativa ou causal.
Nesse caso, geralmente equivale a pois.
Faltou à festa porque estava doente.
Não houve aula porque o professor faltou.
56

3) Escreve-se porquê (junto com acento) quando se trata de um substantivo. Nesse caso, virá
precedido de artigo ou outro determinante.
Ninguém entendeu o porquê da briga.
Nem o próprio ministro sabe o porquê da inflação

2 - Onde/aonde

Emprega-se aonde com os verbos que dão idéia de movimento. Equivale a para onde.
Aonde vai com tanta pressa?
Aonde nos leva com tal rapidez?

Evidentemente, com os verbos que não dão idéia de movimento devemos empregar onde.
Onde você fica nas férias?
Não sei onde você mora.
3 - Mal/mau
Mau é sempre um adjetivo (seu antônimo é bom). Refere-se, portanto, a um substantivo.
O senhor não é um mau aluno.
Escolheu um mau momento para sair.

Mal pode ser:


a) Advérbio de modo (seu antônimo é bem).
Comportou-se mal na sala de aula.
Sua resposta foi mal redigida.

b) Conjunção temporal (equivale a logo que).


Mal chegou, saiu.
Mal entrou em casa, foi logo sentando.

c) Substantivo (quando procedido de artigo, ou outro determinante).


O mal não tem remédio.
A ciência ainda não descobriu a cura daquele mal.

4 - Cessão/sessão/secção/seção
a) Cessão - Significa ato de ceder, ato de dar.
Ele confirmou a cessão dos bens a uma instituição de caridade.
A cessão do terreno para a construção do estádio agradou os torcedores.

b) Sessão - É o intervalo de tempo que dura uma reunião, uma assembléia.


Assistimos a uma sessão de cinema.
A Câmara reuniu-se em sessão extraordinária

c) Seção (ou secção) - Significa parte de um todo, subdivisão, segmento.


Lemos a notícia na seção (ou secção) de esportes.

5 - Há/a
Na indicação de tempo, empregamos:
a) Há - para indicar tempo passado (equivalendo a faz).
Ele não come carne há dois meses.
Há um ano não vejo Sandra.
57

b) A - para indicar tempo futuro.


Ele retornará daqui a uma semana.
Encontrarei Sandra daqui a uma semana.

6 - Demais/de mais

a) Demais - é advérbio de intensidade, equivalente a muito.


Eles se amam demais.

- Pode ser também pronome indefinido, significando os outros, os restantes.


Levantamo-nos e saímos; os demais continuaram ouvindo o discurso banal.

b) De mais - É locução prepositiva. Tem valor oposto a de menos. É empregada ao lado de


substantivos ou pronomes substantivos.

Nunca tive dinheiro de mais.


Não haviam feito nada de mais.

5 - Mas/mais/más
Mas e mais - É um caso muito comum de erro de ortoépia, ou seja, pronuncia errada. O povo
brasileiro em geral pronuncia sempre mais, mesmo quando deve pronunciar mas.
Daí surgem dificuldades quando se escreve. Convém lembrar que:
a) Mas - é uma conjunção adversativa, indicando, evidentemente, uma adversidade ou uma
contrariedade. Quando falamos "Eu ia ao cinema, mas ...", nem precisamos terminar a idéia,
pois a conjunção adversativa já indica que não realizamos ação em conseqüência de uma
contrariedade qualquer.

Regra prática: O MAS pode ser substituído por outra conjunção adversativa,
como: porém, contudo, todavia, entretanto etc.

b) Mais - é uma advérbio de intensidade ("Ela é a mais bonita"). Também pode dar idéia de adição
ou acréscimo.

Regra Prática: na dúvida, substitua por menos e veja se a frase continua com
sentido (obviamente, inverso). Por exemplo, a uma propaganda de um banco que
afirma: "O banco que faz mais por você". É só substituir: "O banco que faz menos por
você". Continua com sentido.

c) Más - é feminino de maus.


Venci as más tentações.
Venci os maus momentos da vida.

6 - Traz/trás
a) Traz = Verbo trazer.
O cacique traz um sorriso de vitória.
58

b) Atrás = Indica lugar.


Ela corria atrás de um namorado.

8 - Talvez/através
a) Talvez - idéia de dúvida.
Talvez seja o jacaré.
b) Através - sinônimo de pelo
Iremos através do campo.

EXERCÍCIO

1) Complete os espaços com traz ou atrás.


a) A devastação só nos ___________ prejuízo
b) Aquela área verde, _____________ da indústria, será preservada.
c) Corra, Papa Capim! A sucuri está ____________ de vocês.
d) Ele sempre me ___________ revistas de histórias em quadrinhos.
e) A garota _____________ cartazes para a professora.
2) Complete as frases abaixo empregando onde e aonde.
a) Não sei __________ você quer chegar.
b) ____________ a bóia-fria trabalha?
c) ____________ os trabalhadores vão há uma fazenda _________ todos serão assentados.
d) Sabe _________ fica o INCRA?
3) Complete as frases usando eu ou mim.
a) Para _________ sair desta fazenda, terão que me pagar todos os meus direitos.
b) Para _________, é indiferente a sua opinião.
c) Esta tarefa é muito difícil para _________ executar.
d) Enviou relatório para __________.
e) Vou pedir férias para __________ conseguir estuda neste final de ano.
f) Esta tarefa é muito fácil ___________.
4) Complete os espaço com mas, mais e más.
a) "Nossos bosques têm __________ vida". (G. Dias)
b) Distribuímos muitos boletins, ________ as fábricas continuam cortando árvores.
c) Neste ano, derrubaram ________ árvores que o ano passado.
d) Infelizmente tivemos _________ informações sobre aquela empresa.
e) Será que o desmatamento nos trará ________ conseqüências?
f) Conversei com o garoto, _________ ele continuou ferindo a árvore.
g) Já não quero _________ nada na vida.
5) Complete os espaços com talvez ou através.
a) __________ o homem repense suas agressões à natureza.
b) __________ do jornal, conheci novas técnicas de reciclagem de papel.
c) Amanhã, ____________ comprarei mais revistinhas
d) Se você se inscrever logo, __________ ainda possa participar do passeio.
e) Os alimentos chegam às folhas __________ do caule da planta.
6) Substitua os símbolos por porque, por que, porquê, por quê.
59

a) Não vejo o # de ministros morarem de graça em belas casas. (Veja).


b) Eles me viam em casa cansada, triste, de mau humor, mais não sabiam #.
c) # você está com esse ar tão triste, minha filha?
d) - Mas você é orgulhosa.
- De certo que eu sou.
- Mas # ? (Machado de Assis)
e) Não sei # sinto tanto sono. Devo estar doente
f) Explique-nos # não podemos sair agora.
g) - # será que o Tostines está sempre fresquinho?
- # vende mais.
- # vende mais?
- # Tostines está sempre fresquinho.
- Mas # tá sempre fresquinho?
- # vende mais!
- Vende mais #?
- # Tostines está sempre fresquinho
- Qual será o segredo de Tostines? Hum?
7) Observe: (Suplência - 1998).
Olha que coisa ________linda _______ cheia de graça. É ela, a menina... (Vinícius de Moraes).
O amor, quando se revela, não se sabe revelar. Sabe bem olhar pra ela, ________ não lhe sabe
falar. (Fernando Pessoa).
O preenchimento correto das lacunas acima é:
a) Mas - Mas - Mas
b) Mais - Mais - Mais.
c) Mais - Mais - Mas.
d) Mas - Mas - Mais.
8) A forma incorreta do emprego do porquê está em: (Suplência 1998)
a) Os poetas traduzem o sentido das coisas sem dizer por quê.
b) Eis o motivo porque os meus sentidos aprenderam sozinhos: as coisas têm existência.
c) As transformações por que têm passado a sociedade parecem condenar o homem à
existência num mundo dominado pela máquina.
d) Por que os filósofos pensam que as coisas sejam o que parece ser?
9) Não sei ____________ faltaram, mas sei que __________ não poderão ser atendidos.
a) Por quê - Por isso
b) Por que - por isso
c) Porque - porisso
d) Porquê - porisso
10) Em que alternativa há erros de grafia?
a) catorze - quatorze
b) Cociente - quociente
c) Cinqüenta - cincoenta
d) Secção - sessão
11) Assinale a alternativa em que não haja erro de ortografia:
a) Espero que vocês viajem bem.
b) A poetiza escreveu belos versos.
c) A lage daquela casa não é muito resistente.
d) Clementino ficou vinte anos no xadrêz.
12) Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas dos seguintes períodos:
60

Algumas pessoas não determinam _________ provém sua insatisfação porque não sabem
___________ vão os sentimentos, nem __________ mora a consideração pelo próximo.
a) Donde - onde - onde.
b) Donde - aonde - onde
c) Aonde - onde - aonde
d) Onde - onde - onde
13) Siga o modelo:
CEDER CESSÃO
a) Conceder ________________
b) Agredir __________________
c) Progredir ________________
d) Imprimir _________________
e) Transgredir _______________
14 - RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

Exercício nº 1 - Pág. 4 4) a) há
1.1 a) Conotativo b) é
b) Denotativo c) estava
c) Denotativo d) foi
d) Conotativo
5) a) fôssemos/assumiríamos
e) Denotativo
b) trouxesse/consertaria/continuaria
f) Conotativo
c) coubessem/iria
1.2 a) Comparação d) desse/terminaria
b b) Metáfora e) fosse/ficaria
c) Metonímia
6) a) sabes/sabe/sabemos/sabeis/sabem
d) Prosopopéia
b) vês/vê/vemos/vedes/vêem
e) Hipérbole
b)vês c) vais/vai/vamos/ides/vão
f) Catacrese
g) Eufemismo 7) a) descreia
h) Prosopopéia b) leias
i) Metáfora c c) releia
j) Metonímia d d) perca
k) Hipérbole
8) a) recompuser/irá
l) Perífrase
b) puser/perceberá/caberá
m) Antítese
c) opuser/desistirá
n) Prosopopéia
9) a) substantivo
Exercício nº 2 - Pág. 15 - A b) verbo
Exercício nº 3 - Pág. 19 - C c) substantivo
Exercício nº 4 - Pág. 21 - D d) verbo
Exercício nº 5 - Pág. 23 - C e) verbo
Exercício nº 6 - Pág. 24 - C f) substantivo
10) a) ação
Texto nº 2. Pág. 37 IA - 2B - 3B - 4C - 5A
b) mudança de estado
Texto nº 3. Pág. 39 IC - 2B - 3A - 4C - 5C
c) estado
Texto nº 4. Pág. 41 IC - 2B - 3A - 4D - 5C
d) fenômeno
Texto nº 5. Pág. 42 ID - 2B - 3D - 4A - 5B
e) ação
61

Verbos irregulares - Pág. 49 e 11) a) Pusesse


b) mudaria
1) Ouça/espere/venha/deixe/brinque/digo/faço/ c) sejam
corro/sei/vai/semeio/vou d) pendurava
e) chegasse
2) a) folheamos/folheiam
f f) chegar
b) freamos/freiam
g g) marcharão
c) lisonjeamos/lisongeio
d) semeamos/semeiam 12) a) pegue
i b) pega
3) a)negocio/negocie
j c) cantem
b)odeio/odeie
k d) olhe
c)anseio/anseie
l e) olha
d)anuncio/anuncie

13) a) odeie 15) somos


b) contradisse 16) são
c) dê 17) havia
d) passeiem 18) faz
e) caibo 19) vai
m f) fizesse 20) será
n g) queira 21) são
o h) quiséssemos
p i) vir Concordância Nominal - Pág. 58
q j) vier
1) a) ameaçadores
14) a) Fomos separados para sempre por b) desconhecidos/desconhecidas
sua teimosia c) determinada
b) A porta foi fechada pelo índio d) feitos
c) A roupa dos pobres era remendada e) as línguas
pela moça f) a língua
d) O rosto de Dario estava coberto g) limpos
por um enxame de moscas h) necessários
e) Ele quase é derrubado pelo carro i) educados
j) animados
15) a) és l) belíssimos
b) quer
c) queira 2) a) as
d) goste b) os
e) deseja c) o

16) a) fomos 3) a) o
r b) mantivermos b) as
s c) vier c) a
t d) vir d) o
u e) tivemos
v f) repuseres 4) a) necessário
w g) disser b) bom
x h) couberem c) a
y i) trouxer
z Regência Verbal - Pág. 60
62

Concordância Verbal – Pág. 56


1) faltaram 1) a) desobedeceram ao
2) restaram b) foi ao
3) discursou/discursam c) a simpatizar
4) faltaram d) prefiro ser punido a obedecer aos
5) reclamou e) aspiro a títulos e honrarias
6) resolvemos f) perdoou ao
7) comparecidos
8) protestava 2) a) a
9) faltou/faltaram b) a
10) resolveu c) b
11) bateram d) a
12) deu e) b
13) são f) a
14) são g) b

3) a) a/o 6) a) porquê
b) a/o b) por quê
c) lhe aa c) por que
d) lhe bb d) por quê
e) lhe cc e) por que
f) o f) por que
g) lhe g) Por que/Porque/Por que/
h) o Porque/Por que/porque
i) o/a dd Porquê/porque
j) o
k) o
l) lhe 7) C

Dificuldades da Língua Portuguesa 8) B


Pág. 64
9) B
1) a) traz
b) atrás 10) C
c) atrás
d) traz 11) A
e) traz
12) B

2) a) aonde 13) cessão/agressão/progressão/regressão/


b) onde transgressão.
c) aonde
d) onde

3) a) eu
b) mim
c) eu
d) mim
e) eu
f) mim
63

4) a) mais
b) mas
c) mais
d) más
e) más
f) más

5) a) talvez
b) através
c) talvez
d) talvez
e) através
64

15 - BIBLIOGRAFIA

CADORE, Luiz Agostinho. Curso Prático de Português. São Paulo, Ática, 1994

CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 30ª Ed.


São Paulo, Nacional, 1988.

CUNHA, Celso. Gramática Moderna, 2ª Ed. Belo Horizonte, Bernardo Alves, 1970.

FARACO, C. Emílio e MOURA, FM. Língua e Literatura 2º Grau. v.3, 3ª Ed. São
Paulo, Ática, 1993.

GRANATIC, Branca. Técnicas Básicas de Redação. 8ª Ed. São Paulo, Scipione, 1992

INFANTE, Ulisses. Do Texto ao Texto, Curso Prático de Literatura e Redação, 1ª Ed.


São Paulo, Scipone, 1991.

MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa, 5ª Ed. São Paulo,


Saraiva, 1996.

PLATÃO & FIORIN. Para Entender o Texto: Leitura e Redação. São Paulo, Ática,
1991.

TELECURSO 2000, Língua Portuguesa e Literatura - Fundação Roberto Marinho.


São Paulo, Globo, 1995.

TERRA, Ermani & NICOLLA, José de. Gramática & Leitura para o 2º Grau, São
Paulo, scipione, 1995.

TUFANO, Douglas. Estudo de Literatura Brasileira, 4ª Ed. São Paulo, Moderna,


1992.
65

DISCIPLINA: LÍNGUA BRASILEIRA E LITERATURA


BRASILEIRA - ENSINO MÉDIO

1. Interpretação de texto.
2. Fonética: Classificação dos fonemas, encontro vocálicos, encontros consonantais,
dígrafos, vocábulos quanto à sílaba tônica, divisão silábica.
3. Estrutura das palavras: raiz, radical, tema, afixos, desinências, vogal temática e
consoantes de ligação.
4. Processo de formação de palavras: composição e derivação
5. Ortografia.
6. Sinais de pontuação: emprego
7. Classes gramaticais:
7.1 Substantivo: classificação, flexão, emprego;
7.2 Adjetivo: classificação, adjetivo pátrio, locução adjetiva, flexão do
adjetivo;
7.3 Artigo: classificação, flexão, emprego (variação quanto ao emprego do
artigo "o" e "a" em alguns substantivos);
7.4 Numeral: classificação e flexão;
7.5 Pronome: classificação, flexão, emprego e colocação pronominal;
7.6 Verbo: classificação, flexão, formas nominais, vozes verbais,
conjugação verbal;
7.7 Advérbio: classificação, flexão, emprego, locução adverbial;
7.8 Preposição: classificação, combinação, contração;
7.9 Conjunção: classificação, emprego adequado;
7.10 Interjeição: classificação e locução interjeitiva;
8. Sintaxe:
8.1 Período simples: frase, oração e período, termos essenciais da oração
(sujeito e predicado); termos integrantes (objeto direto e indireto,
complemento nominal, agente da passiva, predicativo); Termos
acessórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto, vocativo);
8.2 Período composto por coordenação;: orações coordenadas sindéticas e
assindéticas;
8.3 Período composto por subordinação: orações subordinadas
(substantivas, adjetivas e adverbiais).
9. Concordância:
9.1 Nominal: principais casos especiais (mesmo, próprio, só, obrigado, meio
e anexo);
9.2 Verbal: casos gerais, casos especiais, concordância com os verbos ser,
fazer, haver;
10. Regência: termo regente, termo regido, regência nominal, regência dos verbos
visar, assistir, aspirar etc.
11. Crase (emprego), acentuação (emprego), pontuação (emprego);
12. Semântica: significante, significado, sinonímia, conotação e denotação,
polissemia das palavras;
13. Estilística:
13.1 Figuras de palavras: matáfora, metonímia, catacrese e comparação;
13.2 Figuras de construção: elipse, zeugma, pleonasmo, anacoluto,
polissíndeto, inversão, silépse;
13.3 Figuras de pensamento: antítese, prosopopéia, ironia, eufemismo,
hipérbole;
14. Discurso direto e indireto;
15. Literatura: Movimentos literários brasileiros - Barroco, Arcadismo, Romantismo,
Realismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo (características de estilos,
principais autores e obras);
16. Redação: (dissertação de 15 a 35 linhas).
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BIBLIOGRAFIA A CONSULTAR

1 - ANDRÉ, Hidelbrando, A. de. Gramática Ilustrada, 4ª Ed. SP. Moderna. 1990

2 - FARACO, Carlos Emílio e MOURA, Francisco Mário de. Literatura Brasileira. 4ª


Ed. SP, Ática, 1990.

3 - FARACO, Carlos Emílio e MOURA, Francisco Mário de. Língua e Literatura, 17ª
Ed. SP, Ática, 1991.

4 - LUFT, Celso Pedro. Moderna Gramática Brasileira. 9ª Ed. RJ. Globo, 1989.

5 - Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Novo Telecurso de 2º Grau. Fundação


Roberto Marinho e Fundação Bradesco. RJ. Rio Gráfica, 1985.

6 - MESQUITA, Roberto Melo e MARTO, Cloder Rivas. Gramática Pedagógica. 16ª


Ed. SP, Saraiva, 1989.

7 - NICOLA, José de e INFANTE, Ulisses. Gramática Contemporânea da Língua


Portuguesa, 4ª Ed. SP, Scipone, 1990.

8 - NICOLA, José de e INFANTE, Ulisses. Língua Literatura e Redação. 11ª Ed. SP,
Scipione, 1991.

7 - TUFANO, Douglas. Estudo da Literatura Brasileira. 4ª Ed. SP, Moderna. 1988.

Obs.: Outras gramáticas e livros poderão ser consultados.

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