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Iniciamos esta semana a série de posts que tratará do , a etiqueta no
. A
demora pela publicação de novos posts aqui no Karate Sciencese deu devido aos
compromissos do semestre e a demora para construir todo este material que irei
postando semanalmente sobre a etiqueta. Espero que beneficie a todos, principalmente
aos iniciantes que às vezes tem dificuldades de encontrar bons materiaissobre isto.
Tentarei apresentar matériais mais gerais, evitando algumas especificidades de dos
estilos. Fora esta limitação que temos, espero contribuir para a melhora na qualidade das
atividades de todos, boa leitura!
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(pronúncia: ritsu-ree)
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Toda vez que um exercício é encerrado, o instrutor profere dois comandos: Yame (parar)
e Yasume (descansar)
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Na prática dos exercícios de luta (um e), ao posicionar-se frente à frente com um
colega, deve-se realizar o r su-re (saudação em pé) toda vez que for dado início ao
exercício ou quando este acaba. O mesmo deve acontecer numa competição, onde os
adversários se saúdam no início e no final de cada disputa.
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A saudação em pé (r su-re) é realizada no início das categorias, no início de cada
disputa, ao término de cada disputa e ao término de cada categoria. Os árbitros
sinalizam o momento apropriado para realização da saudação e esta ocorre também
durante a abertura oficial.
A
O estado de alerta, concentração e foco de atenção (¦anshn) deve ser demonstrado
durante toda competição pelo ara e-a como sinal de sobriedade e comprometimento
com o evento. Falta de ¦anshn acarretará derrota no a a e possivelmente
desclassificação no um e antes do fim da disputa. Esta atitude também deve ser
perseguida em todos os treinamentos, onde o ara e-a realmente pode cultivá-la.
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Bom pessoal, seguimos falando dos procedimentos formais para etiqueta noj, esta
semana as saudações e exercícios na posição sentado, ou . Boa leitura.
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Os homens devem sentar com os joelhos afastados, repousando as palmas das mãos
sobre as coxas, com as pontas dos dedos para dentro.
As mulheres, por sua vez, posicionam os joelhos de forma que os mesmos se toquem e
apontem para frente, repousando as mãos sobre os joelhos com as pontas dos dedos para
frente.
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Para iniciar o ritual de saudação, após o alinhamento dos alunos, o professor comandará
ÎSe¦a (sentar-se).
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ÃSU!
Bem pessoal, vamos encerrando hoje nossa série de posts sobre o reigi, a etiqueta do
ara e-Do. Há alguns aspectos que não abordaremos por serem mais interessantes ao
longo de outras análises, mas fecho hoje com uma abordagem de aspectos culturais
sobre dois gestos usados no Karate, oriundos de contextos históricos não menos
interessantes. Boa leitura
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Certa vez um aluno me questionou: ÎSense, porque fazemos essa saudação estranha e
simplesmente não damos a mão? Talvez a maioria dos professores fosse responder
(como acabei fazendo): ÎAh, isso é costume de japonês. Mas não é bem por aí, esse
movimento característico surgiu no Japão apenas depois de 1200 d.C., com a
solidificação de uma classe social chamada ue. O ue era formado pelos ush (os
guerreiros). Após diversos acontecimentos importantes (um processo que levou alguns
séculos) esta classe guerreira tornou-se de longe a mais poderosa do país, tendo
inclusive direitos assegurados pela lei como o de matar qualquer um que desrespeitasse
um de seus membros. Até aí tudo bem, todos sabemos que os ³samura´ (termo oriundo
da expressão hra-¦amoura que surgiu muito depois de ush e não era muito usado)
controlavam o Japão, então você pode perguntar: Îo que isso tem a ver com etiqueta?
Tudo pequeno gafanhoto Devido a esse poder ameaçador, garantido por lei, todas as
pessoas de outras classes deviam prostrar-se perante um ush, fazendo exatamente o
mesmo gesto que fazemos até hoje numa sessão de treinamento ou competição de arte
marcial japonesa. A flexão de coluna à frente, acompanhada por um olhar de
recolhimento, era a forma que os populares tinham de dizer ao guerreiro: ÎConfio-lhe
minha vida, portanto se desejares decapita minha cabeça. E ai de quem não se
prostrasse diante de um guerreiro que tinha conseguido uma lâmina nova e estava louco
para testá-la...
c su-re é, portanto, uma alegoria que nos remete à repressão dos samura (ou melhor,
dos ush, membros do ue) à população, em especial aos hemn (camponeses).
Uma importante simbologia dentro dos a a Jion, Ji'in, Jitte e Chinte é oriunda de seu
gesto técnico de abertura e finalização. Esse gesto, onde uma mão fechada é coberta
pela outra mão, remete a um cumprimento chinês, que representava na antiguidade
Îrespeito aos sábios e aos homens das artes marciais , onde a mão cerrada simbolizava
os guerreiros e a mão aberta, que a cobria, os sábios. Com a ascensão do Império Ming
(1368 d.C. a 1644 d.C., período em que Okinawa era um Estado vassalo a esse
Império), esse gesto mudou de significado. A partir de então, a mão curvada
representava o dia e a mão cerrada representava a Lua, os símbolos usados no
ideograma para Ming. A ascensão da dinastia Ming foi importante para a China, pois
representou o fim da dinastia Yuan, através da qual os mongóis governavam o Îpaís do
meio . Vale lembrar que foi exatamente no período desta dinastia que militares como
Kung Sian Chun (ushanu) estiveram em Okinawa nos Sapposh, ensinando artes
marciais. Entendemos, portanto, que esse gesto é mais uma alegoria que corrobora para
percebermos a grande influência do uan Fa chinês no desenvolvimento do ara e-Do,
pois um gesto da etiqueta das artes marciais chinesas ainda está presente nos a a de
Karate, mesmo após um longo processo de Îniponização da arte.
c
FUNAKOSHI, G.
! : Texto Introdutório do Mestre. São Paulo:
Cultrix, 1999.
FUNAKOSHI, G.
! : The Master Text. Tóquio: Kodansha
International, 1973.
GOULART, J.
"
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. Rio de Janeiro, Distribuidora Record de
Serviços de Imprensa S.A., 1963.
: o paradoxo das artes marciais.
São Paulo: Cultrix, 2004.
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A
Osu
Oi pessoal, hoje estou lançando o último post sobre a etiqueta deste nosso ano de 2010. Vamos tentar
colocar mais alguns detalhes sobre o assunto e adicionei também uma figura que, acredito,vai clarear um
pouco mais nossas ideias sobre o que está sendo discutido.
Como vimos ao longo dos posts, a prática do Karate tem pouco ou nada a ver com o pensamento militar
ou ligado a uma ideia de intervenção pedagógica liberal tradicional observada na atuação de muitos
professores (como no estudo de Lopes e Tavares que ocorreu no Espírito Santo em 2008). Em primeira
instância lembramos a própria organização tradicional dos praticantes num dōjō (o salão de prática e
treinamento): enquanto que em artes voltadas a um aspecto militar, como a maioria das artes chinesas, em
que os praticantes se organizam em fileiras atrás do professor (da mesma forma que os soldados se
organizam nos pelotões) em um ambiente que reflete a matriz cultural japonesa a organização se dá em
uma espécie de círculo (veja a comparação na figura). O sense fica numa extremidade (que podemos
chamar de norte, a direção principal ou shomen), onde fica o am¦a (local elevado); os alunos adiantados
ficam no leste, ou no jōse, o assento superior; os praticantes novatos, por ordem de graduação vão se
colocando na direção sul, de frente para o shomen, no shmo¦a, até ocupar o espaço da direção oeste,
denominado shmo¦e. Como pode uma prática que difere tanto do modelo militar e da educação liberal
tradicional ter sido distorcida produzindo o Karate que vemos hoje? Espero ter apontado a maioria das
razões nos posts, mas ainda retomaremos várias delas em uma série de artigos onde lançaremos um olhar
psicológico sobre o nosso Karate, e que sirvam de reflexões para repensarmos, enquanto professores de
Karate, de artes marciais, nossa prática profissional.
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GOULART, J. *
!. Portal Judô Fórum. Disponível em: judoforum.com/blog/joseverson/. Acesso em 15 jul 2009.
NAKAZATO, J.; OSHIRO, N.; MIYAGI, T.; TUHA, K.; KOHAGURA, Y.; HIGAONNA, M.; TAIRA, .; SAKUMOTO, T.$ /
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! . Okinawa: 2003. Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2005.