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Pablo
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PERSONALIDADE JURÍDICA
NASCITURO
TEORIAS DO NASCITURO
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a personalidade só é adquirida no nascimento com vida e ainda, teria mera expectativa de
direito.
Art. 2º do CCB – A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a
lei põe a salvo, desde a concepção os direitos do nascituro.
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CAPACIDADE
INCAPACIDADE
Se uma pessoa é interditada, mas praticar um ato num momento de lucidez, este ato
será válido?
R: Uma vez interditado, mesmo que venha celebrar um ato em momento de lucidez, este
não terá validade. (material de apoio)
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III – os que mesmo que por causa transitória não puderem exprimir sua
vontade - não havia no código anterior: fator exógeno externo, não há enfermidade mental.
Ex: pessoa em estado de coma por acidente automobilístico (transitória e permanente),
intoxicação fortuita.
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MAIORIDADE CIVIL
EMANCIPAÇÃO
- Voluntária - (art. 5º, parágrafo único, inciso I, 1ª parte, do CC) – dada por ambos
os pais, quando o menor tiver 16 anos, independente de homologação judicial.
A emancipação voluntária tem que ser dada por ambos os pais, é ato conjunto e
irrevogável.
Existe posicionamento em doutrina no sentido de que, na emancipação voluntária,
os pais, para evitar que a vítima fique irressarcida, podem ser responsabilizados
solidariamente pelos danos causados pelo filho que emanciparam.
- Judicial – (art. 5º, parágrafo único, inciso I, 2ª parte, do CC) – concedida pelo juiz,
ouvido o tutor, a emancipação é um ato irrevogável e que torna a pessoa plenamente
capaz para o exercício de todos os atos da vida civil;
- Legal – (art. 5º, parágrafo único, incisos II a V, do CC) – as formas de
emancipação legal são aquelas taxativamente expressas em lei, quais sejam:
II – casamento (caso haja separação ou divórcio não se desfaz a emancipação).
A capacidade para o casamento no código novo, para o homem ou para a mulher, vem aos
16 anos. O art. 1520, CC permite o casamento, em 02 casos excepcionais, com menores de
16 anos.
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A demissão retorna à situação de incapacidade??
Se um menor púbere é demitido, não cessa a emancipação porque causaria insegurança
jurídica.
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Ocorre com a morte (art. 6º, CC) marcada pela morte encefálica. A morte
real é comprovada por meio de uma declaração clínica e registrada no livro de óbito.
Maria Helena Diniz coloca que, em regra, a morte é marcada pela parada
definitiva cardio-respiratória.
Em geral, a morte deve ser atestada por profissional da medicina,
ressalvando-se a possibilidade de 02 testemunhas o fazerem, se faltar especialista (arts. 77 a
88, da Lei de Registros Públicos)
Quando o corpo não é encontrado a morte é presumida (art. 7º, CC).
O art. 7º do CC é inovador, pois trouxe 02 situações de morte presumida,
que poderá ser declarada por meio de 01 procedimento de justificação (ouve-se
testemunhas, coligir provas para uma sentença que será registrada no registro de óbitos),
semelhante à morte real.
Parágrafo único não se confunde com a morte presumida da ausência (art.
6º, 2ª parte, CC).
Comoriência
A morte simultânea ou comoriência está definida no art. 8º do CC. No caso
de comoriência, não se sabe informar o instante da morte, tem-se que morreram juntos,
aplica-se o art. 8º (um não herda do outro) e abrem-se duas cadeias sucessórias distintas.
Obs: se o examinador indicar a ordem das mortes, não se aplica a regra da comoriência, só
se aplica essa regra se não for possível determinar a ordem cronológica das mortes.
PESSOA JURÍDICA
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Outras expressões para a Pessoa Jurídica;
ente de existência ideal (Teixeira de Freitas)
corpos morais;
pessoas coletivas;
pessoas abstratas;
pessoas místicas.
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ATO CONSTITUTIVO
Obs: nos termos do art. 45, CC, o Registro Público da Pessoa Jurídica seria
declaratório ou constitutivo?? Constitutivo, pois somente com ele a PJ passa a ter
personalidade.
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Partidos Políticos;
Organizações Religiosas.
Art. 2031 – O prazo para as pessoas jurídicas anteriores ao novo CC se adaptarem a ele não
é mais de 01 ano e sim de 02 e já transcorreu esse prazo. Partidos políticos e organizações
religiosas não estão mais obrigados a se adaptarem ao novo CC.
Cumpre salientar que os partidos políticos e as organizações religiosas são
espécies de associações, tendo recebido regulamentação diferenciada das demais pessoas
jurídicas por questões de ordem política.
ASSOCIAÇÕES
SOCIEDADES
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São espécies de corporações, dotadas de personalidade jurídica, instituída
por meio de contrato social, tendo o propósito de partilhar lucros.
Diferentemente das associações, as sociedades são constituídas por um
contrato social e tem finalidade lucrativa. Não existem mais as sociedades em fins
lucrativos. Atualmente sociedade sempre tem finalidade lucrativa e econômica.
As sociedades foram disciplinadas no Livro do Direito de Empresas, a partir
do art. 981, CC.
Tradicionalmente as sociedades são classificadas em civis e mercantis. Tais
conceitos foram considerados obsoletos.
- Sociedade civil – não praticavam atos de comércio.
- Sociedade mercantil – praticavam atos de comércio.
Desta forma os conceitos foram substituídos por Sociedades simples/antiga civil e
Sociedades Empresárias/ antiga mercantis.
Para ser considerada empresária a sociedade precisa de dois requisitos (art.
982, CC):
Material – realizar atividade empresária (produção e circulação de bens e serviços – art.
966, CC);
Formal – registro na junta comercial.
Não preenchendo tais requisitos será considerada simples.
Somente sociedades empresárias são abrangidas pela nova lei de falência.
A sociedade simples, em geral, tem registro no Cartório de Registro Civil de
Pessoas Jurídicas e são sociedades prestadoras de serviços.
Sociedade Anônima é sempre considerada empresária e as cooperativas são
sempre consideradas simples.
Obs: Sociedades de Advogados sempre é simples e deve ser registrada na OAB.
A lei trouxe uma restrição no art. 977 do CC, para a sociedade de pessoas
casadas entre si, pois proíbe a formação de qualquer tipo de sociedade para os cônjuges
casados em regime de comunhão universal de bens ou separação obrigatória.
Tais pessoas têm contra si uma presunção de fraude, o que é
inconstitucional, pois as fraudes têm que ser provadas em concreto, contudo, o DNRC –
Departamento Nacional de Registro e Comércio, órgão que instrui a junta comercial exarou
uma parecer jurídico que esse artigo não prejudicaria as sociedades anteriores.
OBS: se os sócios vierem a se casar não se prejudicam pela norma do art. 977, pois ele
proíbe a contratação entre pessoas casadas entre si e nesse caso, a sociedade é pré-existente
ao casamento. A restrição não admite interpretação ampliativa.
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FUNDAÇÕES DE DIREITO PRIVADO
ALTERAÇÃO DO ESTATUTO.
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Denomina-se também de dissolução e pode ser de 03 espécies: convencional,
administrativa e judicial.
Convencional – é aquela deliberada entre os próprios sócios (fazem um distrato), usada
mais para as sociedades;
Administrativa – resulta da cassação da autorização de funcionamento. Ex; Liquidação de
Banco.
Judicial – decorre de ato do juiz em um processo (art. 1218, CPC, Lei de Falência).
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O art. 50 do CC não exige demonstração do dolo específico do sócio ou
administrador no cometimento do ilícito. Preferiu-se uma orientação mais objetiva segundo
a doutrina do Prof. Fábio Konder Comparato.
CDC, art. 28 – reconheceu no Direito Civil a desconsideração das pessoas
jurídicas que tratassem de relações de consumo.
O novo CC trouxe essa doutrina no art. 50, para qualquer pessoa jurídica
(por desvio de finalidade ou confusão patrimonial). Não é necessário provar o dolo
específico do sócio ou administrador.
Segundo o CC, para desconsiderar a pessoa jurídica exige a conjugação de
dois fatores:
Empresa insolvente – não há como pagar seus débitos.
Demonstração dos pressupostos legais – abuso caracterizado pelo desvio de finalidade ou
confusão patrimonial.
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fraudadora. Esse fenômeno ocorre muito na área da família, como meio de fugir da partilha
na dissolução da sociedade conjugal.
DOMICÍLIO CIVIL
Conceito – O domicílio civil da pessoa natural é lugar onde estabelece residência com
ânimo definitivo convertendo-o em centro de sua vida jurídica (art. 70, CC).
O princípio da segurança jurídica justifica à elaboração do conceito de
domicílio.
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DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS – Art. 75, CC.
ESPÉCIES –
Voluntário – é o comum, fixado por vontade do agente, regra geral, para fixado por ato de
vontade;
Legal ou necessário – art. 76, CC – domicílio imposto pela lei, incapaz, de origem serviço
público, com força permanente, militar onde servir, o marítimo da marinha mercante
onde o navio estiver matriculado, o preso onde cumprir a sentença (prisão cautelar não
gera domicílio legal).
Quanto ao servidor público haverá domicílio legal apenas no lugar em que exerça
função permanente e efetiva. Estando de fora deste conceito o lugar em que exerça
função temporária ou de confiança.
Não se deve confundir o marinheiro militar com o marítimo marinheiro da marinha
mercante (particular)
Especial ou de Eleição – É denominado foro contratual, aquele domicílio previsto no
contrato – art. 78, CC – deve ser interpretado conjuntamente com o art. 111 do CDC.
É valida para uma corrente doutrinária (Silvio Salvo Venoza) a cláusula de eleição
em contratos de consumo em detrimento do consumidor, desde que aceita previamente.
Prof. Pablo não concorda, pois geralmente vem um contrato de adesão, então é nula de
pleno direito (abusiva).
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Consideramos abusivas à cláusula de eleição, que escolha domicílio diverso do
consumidor, causando-lhe prejuízo (art. 51, inciso IV, CDC). Existem precedentes no
STJ, admitindo que, o juiz, no caso possa declinar da competência de ofício (AgRg. No
Ag 455965/MG e Resp 201195/SP)
BEM JURÍDICO
Conceito - Os bens jurídicos podem ser definidos como toda a utilidade física ou ideal, que
seja objeto de um direito subjetivo.
Entendemos a despeito da controvérsia que a palavra bem é genérica,
abrangendo utilidades materiais e imateriais; já a palavra coisa traduz apenas utilidades
materiais ou corpóreas.
Preferimos, na linha do Direito Alemão, identificar a “coisa” sob o aspecto
de sua materialidade, reservando o vocábulo aos objetos corpóreos. Os “bens”, por sua vez,
compreenderiam os objetos corpóreos ou materiais (coisas) e os ideais (bens imateriais).
Dessa forma, há bens jurídicos que não são coisas: a liberdade, a honra, a integridade
moral, a imagem, a vida.
Bens imóveis – são aqueles que não podem ser transportados de um lugar para outro sem
alteração de sua substância (um terreno).
Bens móveis – são os passíveis de deslocamento, sem quebra ou fratura (um computador,
v.g.). Os bens suscetíveis de movimento próprio, enquadráveis na noção de móveis, são
chamados de semoventes (um cachorro, v.g.).
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I – os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II – o direito à sucessão aberta.
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Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força
alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da
demolição de algum prédio.
Bens fungíveis – são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade (dinheiro).
Bens infungíveis – por sua vez, são aqueles de natureza insubstituível. Exemplo: uma obra
de arte.
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade.
Bens consumíveis – são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, bem como aqueles destinados à alienação (um sanduíche).
Bens inconsumíveis – são aqueles que suportam uso continuado (um avião).
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
Bens divisíveis – são os que se podem repartir em porções reais e distintas, formando cada
uma delas um todo perfeito (uma saca de café).
Bens indivisíveis – não admitem divisão cômoda sem desvalorização ou dano (um cavalo).
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
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Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da
lei ou por vontade das partes.
Bens singulares – são coisas consideradas em sua individualidade, representadas por uma
unidade autônoma e, por isso, distinta de quaisquer outras (um lápis, um livro).
Bens coletivos ou universalidades – são aqueles que, em conjunto, formam um todo
homogêneo (universalidade da fato – um rebanho, uma biblioteca; universalidade de direito
– o patrimônio, a herança).
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais.
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à
mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações
jurídicas próprias.
Principal - é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente (a árvore em relação ao
fruto).
Acessório – é o bem cuja existência supõe a do principal (fruto em relação à árvore)
São bens acessórios:
a) os frutos – trata-se das utilidades renováveis, ou seja, que a coisa principal
periodicamente produz, e cuja percepção não diminui a sua substância (café, soja, laranja).
Classificam-se em:
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c) civis – são utilidades que a coisa frugífera periodicamente produz, viabilizando a
percepção de uma renda (juros, aluguel).
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Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de
suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito
privado.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da
lei.
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for
estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
BEM DE FAMÍLIA
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Obs: De forma inovadora o Novo Código Civil estabelece limites de valor para instituição
do o bem de família voluntário (um terço do patrimônio líquido), muito embora haja a
natural dificuldade de se demonstrar o respeito a esse limite.
Na forma do artigo 1715 a impenhorabilidade do bem de família voluntário é
limitada ou relativa, eis que poderá haver execução por dívidas tributárias ou condominiais.
Nos termos do artigo 1717 outro efeito do bem de família voluntário é que
não poderá servir a outra finalidade. Só podendo ser alienado, mediante consentimento dos
interessados, ouvido o MP (alvará judicial).
O artigo 1712 permite que, na instituição do bem de família voluntário,
possam ser afetados e protegidos rendas ou valores mobiliários. Se para a manutenção do
bem de família o indivíduo necessite da sua renda, a lei permite que seja abrangida essa
renda, como forma indireta de proteção do bem de família. Se assim não fosse, não
adiantaria a instituição do bem de família, posto que penhorando a renda, não seria possível
manter o bem.
Obs: o STJ no Resp 439920 firmou o entendimento no sentido de que mesmo alugado a
terceiros, o único imóvel residencial, não pode ser penhorado.
A extinção do bem de família voluntário vem prevista no artigo 1722, do
CC. Se dá com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não
sujeitos a curatela.
Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo – tese desenvolvida por Luiz Edson Fachin,
sustenta que em uma perspectiva civil-constitucional, à luz do princípio da dignidade da
pessoa humana, as normas civis devem buscar resguardar para cada pessoa um mínimo de
patrimônio afim de que tenham uma vida digna ( A Lei do Bem de Família é exemplo
disso).
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Art. 1°, parágrafo único - Tal isenção compreende o imóvel sobre o qual se assentam as
construções, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos,
inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarneçam a casa, desde que quitados.
São situações previstas para o bem de família legal, entretanto, pode ser
aplicado ao bem de família voluntário.
A impenhorabilidade, como dispõe o art. 3° da Lei n. 8009/90, é oponível
em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista, ou de outra
natureza, salvo se movido:
I) em razão de créditos de trabalhadores da própria residência (trabalhadores domésticos ou
contratados diretamente para pequenas reformas pelo dono do imóvel) e das respectivas
contribuições previdenciárias;
II) pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do
respectivo contrato;
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Súmula 308 – STJ – entende que a cláusula que autoriza a construtora a penhorar os
imóvel ao banco, não tem valor se o proprietário quitou sua dívida junto à mesma.
Não se pode confundir a hipótese do inciso II, com a Súmula 308 do STJ.
Obs; O STJ em primeiro julgamento entendeu que o devedor solteiro não goza da proteção
do bem da família, entretanto, atualmente prevalece o entendimento que o devedor solteiro
também goza da proteção legal (Resp 450989/RJ), pois o que justifica tal proteção, não é
somente o resguardo da família, mas o direito constitucional da moradia.
FATO JURÍDICO
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- extraordinário – fatos incomuns, inesperados (terremoto, maremoto,
enchentes), muitos entendem que caso fortuito e força maior enquadram-se nesse fato.
Negócio jurídico – muito mais do que um simples comportamento humano, traduz uma
declaração de vontade, emitida segundo a autonomia privada, pela qual à parte auto
disciplina os efeitos jurídicos que escolheu. Existe liberdade auto negocial (Ex: contratos,
testamentos).
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ATO-FATO JURÍDICO
NEGÓCIO JURÍDICO
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O negócio jurídico pode ser analisado em 03 planos:
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c) eficácia; são pressupostos de eficácia;
- condição;
- termo;
- encargo;
Vícios de Consentimento:
a) erro; art. 138, do CC – No CC, erro e ignorância tem as mesmas conseqüências, qual
seja a anulação do Negócio Jurídico. Embora recebam o mesmo tratamento a doutrina
distingue os dois conceitos:
erro – é um estado de espírito positivo, ou seja, uma falsa representação ou percepção da
realidade.
ignorância – é um estado de espírito negativo, traduzindo desconhecimento das
circunstâncias do negócio.
A doutrina clássica afirma que para o erro ser anulável tem que ter duas
características; tem que ser essencial/substancial e perdoável ou escusável.
Substancial – diz respeito à essência do negócio.
Perdoável – erro que mesmo a pessoa diligente não cometeria.
A doutrina moderna (consultar Enunciado 12 das Jornadas de Direito Civil)
sustenta a dispensabilidade do segundo requisito com base no princípio da confiança e pela
dificuldade de sua prova.
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O erro de direito não traduz recusa intencional à aplicação da lei, mas sim a
situação em que o agente, de boa-fé, equivoca-se quanto ao alcance permissivo da norma
jurídica. É o caso do importador, que de boa-fé, equivoca-se quanto à licitude do ingresso
do produto proibido no Brasil.
Obs: A diferença entre erro e vício redibitório consiste no fato de que o erro, causa de
anulação do negócio jurídico, encontra-se encerrado no psiquismo do agente, é um estado
psicológico de equívoco (compra-se gato por lebre), é um erro interno do sujeito que
compra, já o vício redibitório, que tem conseqüências específicas, traduz um defeito oculto
existente no próprio objeto que se quer adquirir, que diminua o valor ou prejudique a sua
utilização.
b) dolo; Art. 145, do CC, em sentido mais analítico, o dolo, causa de anulação de negócio
jurídico, é o artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro, com o
propósito de prejudicar outrem.
A doutrina afirma que o dolo para anular deve ser principal, deve ser aquele
que ataca a causa do negócio. O dolo acidental, que ataca as características secundárias do
negócio jurídico, não impedido sua celebração, não gera sua anulação, gera apenas
obrigação de pagar perdas e danos.
Dolo acidental – art. 146, CC – o negócio seria realizado, embora de outro modo.
Dolus bonus – admitido pelo direito, aceito pela sociedade, muito utilizado como técnica
de publicidade. Ex; tamanho do sanduíche, propaganda de shampu, de sabão em pó, etc.
Não se deve confundir o dolus bônus com a propaganda enganosa que é prática abusiva
pelo Código de Defesa do Consumidor.
As mensagens subliminares podem também traduzir publicidade enganosa e
abusiva.
Dolus malus – é o que gera a responsabilidade civil.
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Quando o dolo parte de terceiro o negócio jurídico também pode ser
anulado, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento, nos termos
do art. 148, do CC. Se o beneficiário não tivesse conhecimento do dolo, ou não tivesse
como saber devidas as circunstâncias, o negócio é mantido, respondendo o terceiro por
todas as perdas e danos.
Dolo negativo – Art. 147, do CC – omissão intencional que traduz quebra da boa-fé
objetiva, viabilizando a anulação do negócio.
d) lesão; inovação do CC/02, art. 157, - vício do negócio jurídico que traduz a
desproporção entre as prestações do negócio, em face do abuso da necessidade ou da
inexperiência de um dos declarantes. A doutrina costuma dizer que a lesão é composta de
dois elementos:
Objetivo – é a desproporção entre as prestações.
Subjetivo - é a necessidade ou inexperiência da parte mais fraca (devedora) aliada ao dolo
de aproveitamento da parte que se enriquece.
Dolo de aproveitamento – intenção de explorar.
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Histórico legislativo
A primeira lei brasileira que cuidou da lesão, foi uma lei penal – Lei de
Economia Popular 1.521/51 – que considerava crime a usura (lesão). Na falta de lei civil
específica, a doutrina utilizava como base à lei penal, para invalidar o negócio jurídico,
fundamentando a nulidade pela ilicitude do objeto. (Resp 434687 RJ)
40 anos mais tarde foi editado o CDC que, em seu artigo 51, inciso IV,
consideraria abusiva a obrigação que colocasse o consumidor em desvantagem exagerada.
Consagrou, assim, a lesão como causa de nulidade absoluta do contrato ou cláusula do
contrato de consumo.
No CDC a lesão é objetiva, dispensando-se prova do dolo de aproveitamento
do fornecedor do produto ou serviço. Já no CC, a lesão é tratada como causa de anulação
do negócio jurídico (art. 157 e 171, II, do CC).
No novo CC, a lesão também é objetiva, não necessitando a prova da
intenção de prejudicar. Na apreciação da lesão, não se utilizou o sistema do tarifamento, eis
que, não há critérios objetivos para se apreciar o defeito.
e) estado de perigo. Art. 156 – É uma aplicação do estado de necessidade no direito civil.
Trata-se de uma causa de anulação do negócio jurídico que ocorre quando o agente diante
de uma situação de perigo conhecida pela outra parte, emite declaração de vontade para
salvaguardar direito seu ou de pessoa próxima, assumindo prestação excessivamente
onerosa. Ex; emissão de cheque caução como condição para atendimento emergencial.
A Agência Nacional de Saúde (ANS) proíbe o uso de cheque caução,
promissórias ou quaisquer outros títulos de crédito junto aos usuários de plano de saúde.
Tal conduta, inclusive, é passiva de representação perante o MPF (Resolução normativa nº
44/03).
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Vícios Sociais:
a) fraude contra credores
Hipóteses legais de fraude contra credores – Art. 158, do CC – rol não exaustivo.
b) Remissão de dívidas – O devedor insolvente deve certa quantia para o credor e tem uma
quantia menor para receber de terceiro. Assim o devedor pede para o terceiro pagar-lhe por
fora e ele perdoa a dívida do mesmo. O seu credor pode atacar o perdão do devedor
alegando fraude contra credores.
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c) contratos onerosos do devedor insolvente – Ex: compra e venda. Possui dois
requisitos:
- quando a insolvência for notória; e
- houver motivos para a insolvência ser conhecida do outro contratante.
Nessa hipótese provar a fraude e mais difícil, porque o devedor vende seus
bens, diferentemente da outra hipótese onde ele doa seus bens.
Nessa hipótese além de provar o consilium fraudis e o prejuízo terá que
provar que a insolvência é notória ou ao menos conhecida da outra parte. Tem que provar
um requisito a mais.
É mais difícil impugnar um contrato oneroso celebrado pelo devedor do que
um contrato gratuito, uma vez que o credor prejudicado precisará provar que a insolvência
era conhecida.
O ônus da prova é todo do credor.
e)outorga de garantia de dívida - dada a um dos credores, em detrimento dos demais (art.
163, CC). Nesse caso a má-fé é presumida.
Obs: no caso de instituição fraudulenta de garantia, a exemplo da hipoteca instituída em
favor de um dos credores quirografários, os outros prejudicados poderão impugnar o ato.
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O Direito Brasileiro desde o Código Anterior trata a fraude como causa de
anulação do negócio jurídico (art. 165, do CC), razão porque a sentença seria
desconstitutiva.
Somente pela ação pauliana pode ser anulado o negócio jurídico – Súmula
195 – STJ. Não pode discutir fraude contra terceiros em outro tipo de ação (Embargos de
Terceiro).
Existe uma respeitada corrente minoritária sustentada por Yussef Said
Cahali, que entende que a sentença na ação pauliana não seria anulatória, mas apenas uma
sentença declaratória da ineficácia do ato fraudulento, já que o negócio celebrado, em
essência, é perfeitamente válido (objeto lícito, agente capaz). A ineficácia seria dirigida
apenas ao credor prejudicado. O vício do negócio está no plano de eficácia.
b) simulação;
Declaração enganosa de vontade, segundo Clóves Bevilaqua. É o que revela
sempre a maior frieza de ânimo.
Conceito – Na simulação, celebra-se o negócio jurídico que tem aparência normal, mas
que, na verdade, não pretende atingir o efeito que deveria produzir.
Existem dois tipos de simulação:
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Obs: reserva mental é quando o agente mantém escondido na sua mente a vontade de não
realizar o ato. Enquanto a reserva está enterrada na psique não tem relevância jurídica,
passando a ter importância pelo Direito somente quando externada. Dependendo da forma
como é externada pode dar ensejo à anulação por dolo ou por simulação (quando a outra
parte se mancomuna com o agente).
É mais técnico dizer invalidade como gênero, do qual decorre duas espécies:
Nulidade absoluta – negócio nulo – ataca interesse público, norma cogente. É
valorativamente mais grave do que nulidade relativa.
Nulidade relativa ou anulabilidade – negócio anulável – ataca interesse particular,
normas dispositivas. É valorativamente menos grave do que a nulidade absoluta.
NULIDADE ABSOLUTA
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Causa é a finalidade, razão típica de ser.
1 – pode ser apontada por qualquer pessoa, pelo MP, ou até mesmo reconhecida de ofício
pelo Juiz, tamanha sua gravidade (art. 168, do CC).
2 – negócio nulo não admite confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo, ou seja,
é imprescritível (art. 169, do CC).
Obs: embora o ato nulo será impugnável a qualquer tempo, vez que é imprescritível,
entretanto, os efeitos patrimoniais prescrevem. No CC o prazo máximo prescricional é de
10 anos.
Vale ressaltar que a imprescritibilidade refere-se à declaração da nulidade,
uma vez que eventuais efeitos patrimoniais prescrevem no prazo máximo de 10 anos.
3 – a sentença declaratória de nulidade absoluta tem efeitos ex tunc, ou seja, ataca o
negócio na origem.
Conseqüências da anulabilidade
1 – somente pode ser desconstituído mediante ação anulatória proposta pelos legítimos
interessados (art. 177, do CC).
2 – diferentemente da nulidade absoluta, a anulabilidade somente pode ser atacada nos
prazos decadenciais dos arts. 178 e 179, ambos do CC. O prazo geral da anulatória é de 04
anos, admitindo-se, na ausência de prazo legal (Ex: art. 496, do CC), o prazo supletivo de
02 anos.
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3 – por ser de menor gravidade, a negócio anulável admite confirmação (art. 172 a 174, do
CC).
Obs: A sentença anulatória tem efeitos ex nunc, entretanto, vários autores, dentre os quais
Humberto Teodoro Júnior discorda dessa posição, entendendo que a sentença anulatória
tem eficácia ex tunc, com base no art. 182, do CC (restituir as partes ao statu quo ante).
A despeito da polêmica é razoável o entendimento de Humberto Teodoro
Júnior, amparado no art. 182, do CC, no sentido de que a sentença anulatória, embora
desconstitutiva, tem efeitos ex tunc.
Teoria tratada por Pontes de Miranda, João Alberto Schultzer Del Nero,
Carlos Bitar, dentre outros.
A conversão trata-se de uma medida sanatória do negócio inválido, por meio
da qual aproveitam-se os elementos materiais do negócio nulo ou anulável, convertendo-o
em outro negócio válido e de fins lícito. (art. 170, do CC).
O art. 170, do CC refere-se apenas ao negócio nulo, posto que a
anulabilidade possui outros remédios para o salvamento do negócio.
Um exemplo didático da conversão é aquele que se converte um contrato de
compra e venda inválido por vício de forma em uma promessa de compra e venda. Vale
dizer, aproveitam-se os elementos da compra e venda transformando-o em promessa de
compra e venda.
PLANO DE EFICÁCIA
CONDIÇÃO
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Fato passado não traduz condição. Um acontecimento só é condição se
houver incerteza quanto à sua ocorrência. Ex: só te dou um carro se você casar com minha
sobrinha.
Obs: A morte, em regra, não é uma condição, posto que é um acontecimento futuro e certo.
Poderá ser uma condição se for estabelecido um prazo para a ocorrência da morte. Ex; te
darei um carro se fulano morrer dentro de 03 meses.
38
circunstanciais. Ex: Diretor do clube de futebol doará certa quantia em dinheiro se o
jogador for artilheiro no campeonato. Não depende do exclusivo arbítrio, mas sim de uma
série de condições como tempo, nível dos jogadores do outro time, etc.
TERMO
ENCARGO
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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Prescrição
A doutrina clássica sustentava que a prescrição atacava a ação, e por
conseqüência prejudicava o direito material (Cloves Bevilaqua, Carvalho Santos, Orlando
Gomes, Eduardo Espínola).
Obs; A prescrição extingue a ação. Expressão que prevaleceu por ocasião da vigência da
teoria da ação proposta por Savigni. Atualmente não se utiliza mais.
O direito de ação, público, processual e abstrato, entendido como “o direito
de pedir ao Estado um provimento jurisdicional” não prescreve nunca.
No dia em que o direito é violado nasce para o credor um direito de se
ressarcir dos danos causados pela violação do direito.
Violado o direito nasce para o credor o poder jurídico de coercitivamente
exigir o cumprimento da obrigação, dentro do prazo prescricional. Este poder prescritível
denomina-se pretensão. É a pretensão que prescreve (art. 189, do CC).
A prescrição ataca a pretensão que nasce da violação do direito a uma
prestação.
Decadência ou Caducidade
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Características para a distinção entre prescrição e decadência
A interrupção da prescrição somente poderá ocorrer uma única vez (art. 222,
do CC).
I – despacho do juiz, mesmo que incompetente, que ordena a citação.
Vale lembrar que a interrupção da prescrição poderá retroagir à data da
propositura da ação, na forma do artigo 219, do CPC, desde que a parte tome a
providências da citação.
II – ação cautelar de protesto;
III – protesto cambial; Sumula 153 – STJ revogada.
IV – habilitação de crédito em inventário ou execução coletiva.
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V – ato judicial que constitua o devedor em mora.
VI – ato inequívoco de reconhecimento do direito pelo devedor, ainda que extrajudicial.
Os prazos prescricionais são sempre legais e não podem ser alterados pela
vontade das partes. Os prazos prescricionais estão previstos nos arts. 205 e 206 do CC.
Todos os demais prazos previsto no CC, são prazos decadenciais.
Contagem de prazo.
42
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES
ESTRUTURA DA OBRIGAÇÃO
Para a doutrina a obrigação possui 03 elementos:
Elemento ideal – vinculo jurídico que liga credor ao devedor.
Elemento subjetivo – sujeitos da obrigação, que devem ser determinados ou ao menos
determináveis. A doutrina admite obrigação com sujeito indeterminado desde que a
indeterminabilidade seja relativa. Ex: promessa de recompensa, que cria uma obrigação
com sujeito ativo indeterminado. Outro exemplo de sujeito ativo indeterminado é o do
título ao portador. Como exemplo de indeterminabilidade relativa do sujeito passivo
podemos citar; Obrigação de pagar taxa de condomínio (que recai sobre o dono, que poderá
mudar com o tempo), obrigação de pagar IPTU (obrigação propter rem)
Obs; obrigação propter rem são aquelas obrigações que se atrelam ao imóvel,
independentemente de quem seja seu proprietário, quem o for deverá cumprir a obrigação
(indeterminabilidade passiva relativa).
Elemento objetivo – é a prestação. É o objeto da relação obrigacional. Não é o bem
concreto em si, mas sim a atividade do devedor de natureza patrimonial voltada à satisfação
do crédito (prestação de dar, fazer ou não fazer). Para a doutrina a obrigação para ser
considerada válida e eficaz, precisa ser lícita, possível e determinada ou determinável.
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A regra do res perit domino é aplicável especialmente quando a coisa se
perde por caso fortuito ou força maior; caso haja culpa a regra geral é de que o culpado
assumirá a responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa.
coisa incerta – é também chamada de obrigação genérica e tem por objeto coisas indicadas
apenas pelo gênero e quantidade (art. 243, do CC).
Álvaro Vilaça e parte da doutrina sustentam que a palavra gênero deveria ser
substituída por espécie.
Nas obrigações genéricas falta a escolha da qualidade da coisa. Ex;
obrigação de entregar duas cabeças de gado, porém, não é indicada a raça do gado.
A indeterminabilidade da coisa é relativa, acabando por ocasião do
cumprimento da obrigação, posto que a parte deverá fazer a escolha da qualidade da coisa.
O nome que a doutrina deu à operação por meio da qual a qualidade é
escolhida é concentração do débito.
Regra geral, a escolha é feita pelo devedor (art. 244, do CC) e deverá ser
feita pela média.
A um princípio que diz que o gênero não perece nunca (art. 246, do CC). O
projeto de reforma do Código Civil, entretanto, poderá alterar esse princípio para isentar o
devedor se “a dívida genérica for limitada, e se extinguir toda a espécie dentro da qual a
prestação está compreendida”.
Negativa – de não fazer. São aquelas que tem por objeto à abstenção do devedor
(comportamento omissivo). O descumprimento da obrigação negativa se dá através de uma
obrigação positiva. Ex; obrigação de não construir se descumpre construindo.
Regra geral, na teoria geral das obrigações, havendo descumprimento
fortuito, a obrigação simplesmente é extinta; caso, todavia, o descumprimento seja culposo,
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resolve-se em perdas e danos, se não for o caso de tutela jurídica específica (art. 250, do
CC).
PRISÃO CIVIL
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A prisão civil é uma medida de exceção, meio coercitivo para forçar o
cumprimento da obrigação, mediante o cerceamento da liberdade do devedor.
Art. 5º, LXVII, da CF. – admite somente duas formas de prisão civil: decorrente de
alimento e depositário infiel.
Prisão civil nos alimentos – É a única albergada pelo art. 7º, item 07, da Convenção
Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica).
Art. 733, do CPC – citação do devedor para pagar, justificar no prazo de 03 dias, sob pena
de prisão.
Súmula 309 do STJ – equívoco a ser corrigido – só cabe prisão em relação às 03 últimas
prestações anteriores à citação e as que se vencerem durante o processo.
A doutrina tem criticado à súmula 309 do STJ argumentando que o devedor
poderá se esquivar da citação, prejudicando o cumprimento da obrigação alimentar.
Recentemente essa súmula foi alterada para permitir que a prisão civil possa
abranger às 03 prestações anteriores ao ajuizamento da execução.
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No STF ainda prevalece a idéia de que o Banco pode pedir prisão civil na
alienação fiduciária, embora o julgamento do RE 349703 RS possa mudar a mentalidade do
STF.
PAGAMENTO
Condições do Pagamento:
Subjetiva – estuda quem deve pagar e a quem se deve pagar.
Quem deve pagar:
Em primeiro plano, quem deve pagar é o devedor ou o presentante dele. A
lei brasileira reconhece legitimidade para o pagamento ser feito por 3º (arts. 304/305, do
CC). Há 02 tipos de terceiro:
Terceiro interessado – é aquele que tem interesse jurídico no pagamento. Ex: fiador,
avalista. O fiador se sub-roga nos direitos do credor. Quando o 3º interessado paga, ele
assume o posto do credor primitivo, sub-rogando-se nos seus direitos e garantias.
Terceiro não-interessado – é aquele desprovido de interesse jurídico. Tem um interesse
moral no pagamento das obrigações.
Se o terceiro não interessado pagou em nome próprio, ele tem direito de
cobrar o que pagou, mas não vai se sub-rogar nos direitos do credor. Assim, quando o
terceiro não interessado paga em seu próprio nome, tem pelo menos, direito de reembolso,
não se sub-rogando no posto de credor.
Se o terceiro não interessado pagar em nome do devedor, ele não terá direito
a nada.
O devedor pode se opor ao pagamento feito por terceiro, na fórmula do art.
306, do CC. Alguns argumentos que fundamentam a oposição do devedor: que a dívida já
está paga, a dívida já está prescrita.
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- se o credor ratificar o pagamento:
- se houver prova que o pagamento se reverteu em proveito do credor.
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O artigo 316, do CC, ao admitir aumento progressivo de prestações
sucessivas, norma de aplicabilidade discutível no direito do consumidor, acaba fortalecendo
os defensores da tabela price.
A prova do pagamento opera-se por meio da quitação (art. 320, do CC).
Todavia, o legislador admite presunções relativas de pagamento (art. 322 a 324, do CC)
Quitação – é o ato jurídico do pagamento.
Recibo – é o documento que comprova o exercício do ato jurídico do pagamento.
Imputação do pagamento
Segundo Álvaro Villaça, é a determinação feita pelo devedor, dentre dois ou
mais débitos da mesma natureza, positivos e vencidos, devidos a um só credor, indicando
qual das dívidas será solvida.
Na realidade não é uma forma de pagamento, mas sim uma indicação do
pagamento, onde o credor aponta qual a dívida está pagando.
Regra geral, a escolha da dívida na qual se imputa o pagamento recai sobre o
devedor (art. 352, do CC). Caso o devedor não faça a indicação, a escolha recai no credor
(art. 353, do CC).
Havendo capital e juros, o pagamento imputa-se primeiro aos juros e após ao
capital, salvo estipulação em contrário (art. 354, do CC).
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Não havendo imputação, nem pelo devedor, nem pelo credor, quem imputa é
a lei (art. 355, do CC).
No caso da imputação legal, imputa-se primeiro na dívida vencida a mais
tempo, e também na mais onerosa.
O art. 433, do Código Comercial era aplicado por analogia, nos casos das
dívidas líquidas, vencidas ao mesmo tempo e igualmente onerosa, determinando que o
pagamento fosse rateado entre as dívidas. Todavia, tal artigo foi revogado pelo art. 2.045 do
CC/02, de maneira que fica a sugestão doutrinária da mantença da mesma regra.
COMPENSAÇÃO
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Legal – É aquela que exige requisito da lei sendo declarada pelo juiz quando provocado.
São requisitos da compensação legal:
- reciprocidade das dívidas - Para haver compensação legal, as partes da
relação jurídica devem reciprocamente, ser credora e devedora uma da outra (a única
exceção é a do fiador, na forma do artigo 371, do CC).
- liquidez da dívida – dívida certa, determinada.
- vencimento das dívidas – só se compensam por força de lei, as dívidas
vencidas.
- homogeneidade das dívidas – as dívidas devem ser da mesma natureza.
NOVAÇÃO
Requisitos da Novação – Para que haja novação é preciso a comungação dos seguintes
requisitos.
1º - existência de dívida anterior, exceto as obrigações nulas ou extintas. Pode ser novada
obrigações anuláveis, já que estas admitem confirmação.
2º - criação de uma obrigação nova, substancialmente diversa da primeira.
3º - animus novandi, intenção de novar.
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Objetiva – art. 360, inciso I, do CC. As mesmas partes criam obrigação
nova.
Subjetiva – Mudam-se os sujeitos, considerando-se criada obrigação nova, a
partir da mudança, subdivide-se em:
Ativa – Art. 360, inciso III, do CC – Mudança de credores.
Passiva – Art. 360, inciso II, do CC – Mudança de devedores. Pode se dar de duas formas:
Expromissão - Art. 362, do CC – O devedor não participa do ato novatório.
O devedor é expulso da relação obrigacional.
Delegação- O devedor participa do ato novatório, havendo um consenso
com o credor.
Obs: No pagamento com sub-rogação a obrigação é a mesma, os prazos são os mesmos, o
objeto é o mesmo. Já na novação cria-se uma nova obrigação, mudando-se uma das partes
da dívida anterior.
A novação extingue a obrigação principal e, regra geral, os acessórios e
garantias também (art. 364 e 366, do CC).
A opção pelo REFIS tem sido encarada como novação (RESP 522.903).
Cláusula abusiva em contrato bancário pode ser rediscutida, mesmo tendo
havido novação. (RESP 537.029 - RS) – Súmula 286-STJ.
REMISSÃO
CONFUSÃO
TRANSAÇÃO
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No CC/16 a transação era tratada como uma espécie de extinção de
obrigação, o Novo Código Civil, entretanto, preferiu tratar a transação como uma espécie
de contrato.
Requisitos da Transação:
Espécies de Transação:
Forma da Transação – Art. 842, do CC. Em geral, admite-se transação por instrumento
particular, entretanto, se os direitos estão sendo discutidos em juízo, deverá ser feita por
escritura pública ou por termo nos autos.
Objeto da Transação – Art. 841, do CC. Somente pode ser direitos patrimoniais
disponíveis.
Características da Transação:
Indivisibilidade – Art. 848, “caput”, do CC – Se uma cláusula for nula toda a transação
será nula.
Interpretação restritiva – Art. 843, do CC – Não cabe interpretação extensiva, nem
analogia.
Natureza Declaratória - Regra geral, salvo a previsão do art. 845, do CC. Admite-se a
transferência de direitos por meio de transação.
53
Transação no Direito de Família
TEORIA DO INADIMPLEMENTO
54
Dano moral in re ipsa – é o dano moral presumido, é implícito na situação. O STJ tem
tendido a reconhecer esse dano moral. Ex; Inscrição do nome no SPC/SERASA. Não
precisa provar o prejuízo.
Obs; A negativação do nome de forma indevida, mesmo já estando o devedor negativado,
gera direito à percepção das perdas e danos por dano moral in re ipsa.
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
Ação de In Rem Verso – são todas as ações que visam impedir o enriquecimento ilícito.
Em geral, é uma ação indenizatória. A ação de repetição de indébito também é uma espécie
de ação de In Rem Verso.
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A ação de In Rem Verso é sempre subsidiária. Tendo ação específica para se
ressarcir do prejuízo, não cabe ação de In Rem Verso. A própria Lei do Cheque, no artigo
61, faz referência à ação indenizatória no caso de cheque prescrito (ação de In Rem Verso).
Obs: Os Tribunais entendem que mesmo ultrapassado o prazo da ação indenizatória do art.
61, da Lei do Cheque, poderá a parte se valer da Ação Monitória. Assim, no caso do cheque
a ação subsidiária é a monitória.
MORA
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2º Perpetuatio Obligationis (responsabilidade pelo risco de perecimento ou destruição
da coisa) – O devedor estando em mora responde pela integridade da coisa (art. 399, do
CC). Deve ficar claro no artigo 399, do CC, que o devedor fica isento de responsabilidade
em duas hipóteses:
- Provado que não houve culpa na mora:
- Provado que o dano ocorreria mesmo que a obrigação fosse oportunamente
desempenhada.
Súmula 284 – STJ – A purga da mora nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida
quando já pagos pelos menos 40% do valor financiado.
Súmula 245 – STJ – A notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas
por alienação fiduciária dispensa a indicação do valor do débito.
CLÁUSULA PENAL
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Luiz Edson Facchim sustenta que pode ser estabelecido juros e cláusula
penal num mesmo contrato.
A cláusula penal compensatória visa estipular uma indenização prévia. A
cláusula penal compensatória não poderá ter valor superior ao da obrigação principal. A
vantagem de se estipular a cláusula penal é de economia processual.
Na forma do artigo 410, do CC, que segue a linha do artigo 1.152, do CC da
Espanha, o credor não pode, cumulativamente, exigir o valor da cláusula penal
compensatória e ao mesmo tempo exigi-lo em ação ordinária, sob pena de incorrer em bis
in idem.
A indenização suplementar só é possível se tal possibilidade foi prevista no
contrato (art. 416, parágrafo único, do CC). A indenização suplementar exige prova do
credor.
Se o juiz verificar que o valor é manifestamente excessivo ou o devedor
cumprir em parte à obrigação, poderá reduzir o valor da cláusula penal (art. 413, do CC).
Essa matéria é tratada pelo artigo 812, do CC de Portugal. A penalidade deve ser reduzida
eqüitativamente.
A cláusula penal pode ser reduzida de ofício, embora, essa questão seja
extremamente polêmica. A luz de um direito civil mais publicizado, mais preocupado com
o princípio da função social do contrato, o Juiz poderia reduzir de ofício a cláusula penal.
Outra linha de doutrinadores entende que a cláusula penal refere-se à autonomia privada,
exigindo que o Juiz seja provocado para que possa reduzi-la.
58
O CC/16 só regulava a cessão de crédito. O CC/02 não regulou a cessão de
contrato.
Cessão de crédito – Art. 286, do CC - Consiste em um negócio jurídico por meio do qual
o credor (cedente) transmite o seu crédito a um terceiro (cessionário), mantendo-se a
mesma relação obrigacional com o devedor (cedido). A obrigação é a mesma, só muda o
credor. Não é um pagamento com sub-rogação porque a cessão de crédito pode ser gratuita.
Pode ser gratuita ou onerosa, sendo a mais comum a onerosa.
Art. 286, do CC – Regra geral, o credor pode ceder o crédito, salvo em 03 exceções:
- se houver dissonância com a natureza da obrigação. Ex: Alimentos;
- quando houver oposição da lei. Ex: art. 1749, inciso III, do CC;
- quando houver proibição expressa no contrato.
Vale lembrar que a cessão de direito hereditários exige escritura pública (art.
1793, do CC).
A lei brasileira, nos termos do artigo 290, do CC, não exige autorização do
devedor (cedido), mas sim a sua notificação (ciência) para imprimir eficácia à cessão do
crédito realizada.
Em uma perspectiva civil-constitucional, a notificação do devedor é
decorrência da cláusula geral de boa fé objetiva e do dever anexo de informação.
Na forma do art. 292, do CC, o devedor que pagou ao credor primitivo, antes
de ser for notificado, não pode ser compelido a pagar novamente. Havendo mais de uma
cessão, a regra geral é de que o devedor paga a quem lhe apresentar o contrato de cessão.
Cessão pro soluto x Cessão pro solvendo – Esse tema está relacionado à
Responsabilidade Civil pela Cessão.
Na cessão, regra geral, o credor originário só responde pela existência do
crédito cedido, mas não é responsável pela solvência do devedor, ou seja, é uma cessão pro
soluto.
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Na cessão pro solvendo o credor responde pela existência do crédito e pela
solvência do devedor, só existindo quando houver previsão expressa no contrato.
Na cessão pro soluto, regra geral do direito brasileiro (art. 295, do CC), o
credor originário somente responde pela existência do crédito; nada impede, todavia, que se
pactue que o credor primitivo responda também pela solvência do devedor, hipótese de
cessão pro solvendo (art. 296 e 297, do CC).
60
CORREÇÃO MONETÁRIA
Foi implanta em 1964, mas somente foi regulamentada em 1981, por meio
da Lei 6.899.
A correção monetária visa atualizar o valor de um débito, corrigir o poder
aquisitivo da moeda. Não é um acréscimo.
O Brasil teve e ainda tem diversos índices de correção monetária. As partes,
no contrato, pode optar por índices oficiais, como, por exemplo, IGPM.
Para alguns especialistas o melhor índice, atualmente, para se atualizar o
valor da moeda é o INPC. Ë o índice calculado segundo variação de preço e divulgado pelo
IBGE.
A correção monetária, regra geral, conta-se a partir do vencimento da dívida,
quando esta for certa (Luiz Antonio Scavone Jr.). Nas obrigações extracontratuais, conta-se
a partir da consumação do ilícito, embora existam várias divergências a esse respeito.
Regra geral, a correção monetária não pode ter por base a variação cambial
(art. 318, do CC e Lei 10.921/01), entretanto, existem exceções a essa regra em legislações
extravagantes (Lei. 8.880/94, DL 857/69). Ex: contratos de importações e exportações de
mercadorias.
JUROS
Classificação de Juros:
61
SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Criada pelo Governo para remunerar
aqueles que investes em títulos da dívida pública federal. Hoje (24.04.2006) a taxa está em
15.75%.
Obs: Regra geral, se a taxa SELIC é alta, a taxa de juros também é alta, daí o consumidor
compra menos e mantém a inflação em baixa. Abaixando a taxa, os juros também caem,
com isso o consumidor compra mais e conseqüentemente aumenta a inflação.
A esmagadora maioria dos autores (ver enunciado ao art. 406, das Jornadas
de Direito Civil) tem sido contra a aplicação da taxa SELIC para o cálculo de juros
moratório, por considera-la insegura. É uma taxa que muda periodicamente. O STJ, embora
não tenha pacificado a matéria, possui um acórdão (Min. Eliana Calmon) favorável à
SELIC. (RESP 792.760 PE)
A doutrina sugere que se utilize o artigo 161, § 1º, do CTN, o qual diz que o
juro legal moratório é no máximo 1% (um porcento) ao mês.
Os juros legais compensatórios foram regulados no artigo 591, do CC, o qual
remete ao artigo 406, do CC. A doutrina segue o mesmo entendimento dos juros
moratórios, o qual deverá ser também no máximo 1% (um porcento) ano mês, com base no
artigo 161, § 1º, do CTN.
Convencionais – É o juro contratado segundo a vontade das partes. Pode ser moratório ou
compensatório.
O limite máximo do juro convencional moratório, segundo a Lei de Usura
(art. 1º e 5º do Decreto 22.626/33) é de 1% (um porcento), ao mês.
A doutrina raciocina que se a taxa máxima para juro convencional moratório
é de 1%, ao mês, a taxa máxima para juros convencionais compensatórios também deve ser
de 1% ao mês.
Juros Bancários
62
No Brasil existe resistência e proibição ao anatocismo (juros sobre juros) no
sentido da capitalização de juro sobre juro mês a mês (art. 591, do CC). Entretanto, desde
2000 existe uma MP que autoriza a capitalização de juro sobre juro mês a mês pelas
instituições bancárias.
Existe no Brasil permissivo para que os bancos possam cobrar os juros
capitalizados mensalmente (anatocismo) nos termos da MP 1963/36 muito embora não
possa cumular comissão de permanência com juros e correção monetária (Súmula 30 – STJ
e RESP 630916 - RS).
RESPONSABILIDADE CIVIL
63
Obs: pode haver responsabilidade civil decorrente de ato lícito.(Windscheid, Paulo Lôbo,
Von Tuhr, Martinho Geruz). Ex: desapropriação, passagem forçada.
Dano ou prejuízo – Não existe responsabilidade civil sem dano ou prejuízo. O dano traduz
uma lesão a um interesse jurídico material ou moral. O dano não pode ser hipotético nem
abstrato, deve ser sempre certo.
Nexo de causalidade – (notas sobre o nexo de causalidade – artigo de Gustavo
Tepedino – publicado na revista trimestral de Direito Civil, em junho/01) – Não basta a
conduta humana, nem tão pouco o dano, mas há necessidade de haver um vínculo entre a
conduta e dano. Esse vínculo é chamado de nexo de causalidade. O homem só será
responsável se for possível estabelecer um vínculo entre sua conduta e o dano causado.
Existem 03 teorias básicas sobre nexo de causalidade, quais sejam:
Teoria da Equivalência de condições (conditio sine qua) – Essa teoria sustenta que todo
antecedente que concorra para o resultado é causa. O maior problema desta teoria é que ela
pode levar o regresso ao infinito. Essa teoria é adotada pelo Código Penal, atualmente
mitigada pela Teoria da Imputação Objetiva. Essa teoria é repelida pela maioria dos
Civilistas.
Teoria da Causalidade Adequada – Para essa teoria nem tudo é causa, considera-se causa
apenas aquele antecedente abstratamente idôneo à consumação do resultado. É amplamente
aplicada, como se pode notar, na obra de Sérgio Cavalieri Filho (Programa de
Responsabilidade Civil), é também a teoria adotada pelo Código Civil da Argentina.
Teoria da Causalidade Direta e Imediata – Gustavo Tepedino e Carlos Roberto
Gonçalves – Essa teoria é mais objetiva do que a anterior, é menos abstrata. Para essa
teoria causa seria apenas o antecedente que ligado necessariamente ao evento danoso,
determinado este último como conseqüência sua, direta e imediata. Aparentemente o CC
adotou essa teoria (art. 403), embora existam muitos defensores da teoria da causalidade
adequada, que é mais abstrata.
Obs: O art. 403 do CC trata do nexo de causalidade.
64
Obs: A definição do abuso de direito, consagrada no artigo 187, do CC, adota critério
finalístico ou teleológico para sua configuração, diferentemente do artigo 186, do CC, que,
ao definir ato ilícito, invoca a noção de culpa (responsabilidade subjetiva).
A responsabilidade objetiva no CC se dá em duas situações:
- nos casos especificados em lei especial – A primeira lei que consagrou a
Responsabilidade Objetiva foi o Decreto 2681/1912; Leis de Acidente de Trabalho;
DPVAT (6.194/74); Responsabilidade do Estado (art. 37, § 6º, da CF); Legislação
Ambiental; CDC e etc.
- ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar risco para
os direitos de outrem – Inovação do CC/02. O autor que melhor desenvolveu a tese de
culpa ao risco foi Alvino Lima. O advérbio “normalmente” nos dá a dica de que não é
qualquer atividade de risco que produzirá a responsabilidade objetiva, mas sim à atividade
empreendida com habitualidade. Para a boa doutrina (Alvino Lima e Cavalieri Filho) o
risco que justifica a responsabilidade objetiva é o risco-proveito.
Não obstante exerçam atividade de risco, profissionais liberais (Ex: médicos
e advogados) não respondem objetivamente, por força do artigo 14, § 4º, do CDC, que
exige a culpa profissional.
65
1 - Estado de Necessidade – causa excludente da responsabilidade civil, prevista no artigo
188, inciso II, do CC, consiste na situação de agressão a um direito alheio, em virtude de
uma situação de perigo iminente, e quando as circunstâncias não autorizem outra forma de
atuação.
2 – Legítima Defesa – causa excludente da responsabilidade civil, opera-se quando o
agente, usando dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou eminente, a direito
seu ou de outrem (art.188, inciso I, primeira parte, do CC).
Na forma dos artigos 929 e 930 do CC, tanto no estado de necessidade
quando na legítima defesa, se terceiro inocente vier a ser atingido, deverá ser indenizado,
cabendo ação regressiva em favor daquele que pagou (RESP 124.527-00).
3 – Estrito Cumprimento do Dever Legal – é uma manifestação de exercício regular de
direito. É matéria mais desenvolvida em Direito Penal.
4 – Exercício Regular de Direito – Art. 188, inciso I, segunda parte, do CC. A pessoa que
atual em exercício regular de direito não pratica um ilícito, não gera responsabilidade civil.
O STJ entende que o não pagamento pelo banco de cheque irregular com endosso irregular
é exercício regular de direito (RESP 304192 MG). O STJ não tem admitido como exercício
regular de direito a detenção do empregado suspeito de furto (RESP 164391 – RJ).
5 - O caso fortuito e a força maior também exclui a responsabilidade civil.
6 – Culpa Exclusiva da Vítima – Em direito do consumidor é a defesa mais comum das
empresas. Para o STJ a culpa exclusiva da vítima exige comprovação no processo (RESP
439408 – SP). É diferente da culpa concorrente, já que a culpa exclusiva exclui totalmente
a responsabilidade.
7 – Fato de terceiro – A atuação causal de um terceiro pode romper o nexo de causalidade,
excluindo a responsabilidade civil. No caso de um terceiro arremessar o seu veículo sobre
outro, fazendo-o atingir inocente, primeira corrente sustenta a responsabilidade integral do
terceiro (STJ RESP 54444 SP); todavia, outra corrente sustenta a responsabilidade do
causador do dano, a quem cabe ação regressiva contra o terceiro (RT 646/89 e 437/127).
Obs: Vale lembrar, quanto ao fato de terceiro, que a súmula 187 do STF não permite que o
transportador alegue essa defesa.
DANO MORAL
66
- a incerteza do dano moral.
Essa tese aos poucos foi caindo, sendo dado importância ao Dano Moral.
Caio Mario foi quem desenvolver melhor a idéia de Dano Moral no Brasil.
Já num segundo momento, embora não se admitisse autonomia na sua
reparação, passou-se a reconhecer a possibilidade de se indenizar o dano moral, se fosse
conseqüência de um dano patrimonial sofrido (chamados por alguns de dano moral
indireto).
Mesmo na vigência do CC/16, artigo 159, a reparação do dano moral não
estava proibida, porém, somente com a CF/88 é que o dano moral passou a ser reparado de
forma autônoma (art. 5º, inciso V e X da CF).
67
Responsabilidade Civil nas relações de família e o dano moral.
Na Filiação – Hoje discute-se muito a reparabilidade do dano moral por abandono efetivo.
Alexandre Fortes ingressou com uma demanda contra o pai, alegando que foi abandonado
nos momentos mais importantes da sua vida. Em momento algum seu pai deixou de lhe
pagar a pensão alimentícia. O seu pai foi condenado, em primeira instância, à pagar a
quantia equivalente de R$ 52.000,00 (cinqüenta e dois mil reais). O STJ reformou a decisão
entendo que a reparação do dano moral é decorrente de um ato ilícito, não cabendo
indenização por abandono efetivo. O abandono efetivo levaria somente à perda do poder
familiar.
A eventual reparação por dano moral no abandono efetivo não guarda co-
relação com o pagamento de alimentos. Busca a punição pela inobservância de um dever
legal, qual seja o de educação, que segundo a doutrina compreende o dever de afeto, razão
pela qual é possível à reparação.
A doutrina entende que a reparação nesse caso tem caráter pedagógico, é
punitiva (Teoria do Punitive Damage) e não compensatória. Essa Teoria justifica também
altos valores de indenização, tendo em vista seu caráter punitivo.
68
O projeto de reforma do CC abre brecha para a Teoria do Punitive Damage
ao acrescentar um parágrafo segundo ao artigo 944, do CC, dispondo que a indenização por
dano moral deve compensar a vítima e “desestimular” o lesante.
Em conclusão, é razoável admitir-se que a indenização fixada a maior seja
revertida a uma instituição de caridade ou entidade beneficente, para evitar o
enriquecimento sem causa.
Responsabilidade Civil por Ato de Terceiro (comentários ao artigo 932, do CC) – Para
a doutrina, nesse artigo, existe responsabilidade solidária passiva entre as pessoas
envolvidas.
I – pais em relação aos filhos – No CC/16 era dado tratamento diferenciado aos filhos
relativamente e absolutamente incapaz. Os relativamente incapazes eram equiparados a
maior de 21 anos, respondendo solidariamente com os pais. Não havia disposição legal
sobre a responsabilidade dos menores absolutamente incapazes, eles eram inimputáveis,
respondendo somente os pais, esse era o mesmo tratamento dado aos alienados mentais.
Preliminarmente, vale lembrar que o NCC passou a admitir a
responsabilidade do incapaz, compreendendo-se também o absolutamente incapaz.
Os pais que respondem solidariamente com os filhos são aqueles que os tem
sob sua autoridade e companhia.
Apesar de o inciso I, do artigo 932, do CC, remeter o interprete a uma
primeira análise no sentido de que apenas o detentor da guarda do menor é responsável, o
princípio que impõe a reparação da vítima deve orientar no sentido de que ambos os pais
são responsáveis.
69
No ECA, uma das medidas sócio-educativas que podem ser impostas ao
adolescente infrator é a medida de reparação pecuniária, esse é um exemplo que o
representante não tem obrigação de indenizar a vítima, sob pena de descaracterização da
medida.
Embora o incapaz possa ser responsabilizado não se pode ser esgotado (art.
928, parágrafo único, do CC).
IV – donos de hotéis e congêneres, mesmo que para fins de educação, pelos seus
hóspedes, moradores e educandos – José de Aguiar Dias afirma que tudo depende do
caso concreto para analisar a responsabilidade do dono dos hotéis e congêneres em relação
aos seus hóspedes e moradores.
É objetiva também a responsabilidade dos donos de hotéis e
estabelecimentos congêneres pelos danos causados a seus hóspedes ou a terceiros por
outros hóspedes, por imperativo de um dever de segurança.
V – Os que participam nos produtos do crime – até o limite da quantia de sua
participação.
Ação regressiva – Art. 934, do CC – Nas hipóteses acima citadas caberá ação regressiva,
salvo se o causador do dano for descendente seu absoluta ou relativamente incapaz.
70
Responsabilidade pelo Fato da Coisa ou do Animal – tudo hoje, incrementa o risco,
assim como os animais. Esta matéria foi melhor desenvolvida no Direito Francês. O
proprietário da coisa ou do animal é responsável por presunção.
Fundamenta este tipo de responsabilidade uma Teoria desenvolvida na
França, introduzida no Brasil por Teixeira de Freitas, segundo a qual a responsabilidade
recai na pessoa que detém o poder de comando sobre a coisa ou o animal (guardião). O
proprietário, regra geral, é o guardião da coisa, mas poderá não sê-lo.
No CC/02, a responsabilidade é objetiva na forma do art. 936, do CC
(animal). No que tange a responsabilidade pelo fato da coisa, o CC/02 disciplinou duas
situações de coisas que podem causas dano:
- ruína de construção (art. 937, do CC); A ruína pode ser total ou parcial.
A doutrina entende que se houver ruína é porque havia necessidade de
reparo sendo a responsabilidade objetiva.
- objetos lançados ou caídos (art. 938, do CC); a responsabilidade recai naquele que
habitar no imóvel.
A ação proposta em razão de objetos lançados se chama “actio de effusis et
dejects”.
Se não for possível identificar quem lançou o objeto a responsabilidade recai
no condomínio, excluindo-se as unidades nas quais seria impossível o arremesso.
Obs: tendo havido alienação de um carro, sem registro no detran, a responsabilidade é do
novo adquirente, nos termos da Súmula 132, do STJ.
71
Obs: com relação à transfusão de sangue como única medida para salvar a vida do paciente,
o Código de Ética Médica e a Resolução 1.021/80 do Conselho Federal de Medicina
determinam a atuação do médico. Há entendimento contrário, dizendo ser mais importante
a crença religiosa do que a vida.
72
Súmula 194 – STJ – prazo prescricional para pleitear reparação civil é de 20 anos. Esta
súmula caiu em desuso porque no CC/02 não há mais prazo de 20 anos.
O parágrafo único, do art. 618 se refere aos vícios de qualidade da obra,
assim, o prazo a que se refere este artigo diz respeito ao direito potestativo de reclamar por
vícios de qualidade da obra.
Caso ocorra dano ou acidente proveniente de falha na solidez ou segurança
da obra, par ao consumidor o prazo é de 05 anos (art. 27, do CDC) e para o não consumidor
o prazo é de 03 anos (art. 206, do CC).
73
3 – em face de terceiros – quando o terceiro é vítima da atividade bancária, a
responsabilidade é objetiva. Ex: pessoa tem documentos roubados e um indivíduo utiliza os
documentos para abrir conta corrente.
Bystander – é o terceiro que não consumidor que sofre o efeito danoso de uma relação de
consumo. Art. 17, do CDC.
Assalto em terminais eletrônicos – a instituição bancária responde, pois deveria dar
esperança aos seus clientes. O STJ afirmou a idéia de que se o assalto ocorre no interior da
agência, ainda que fora do horário de expediente, a responsabilidade é do banco; se ocorre
em via pública, é do Estado; se o terminal bancário estiver num posto de gasolina, a
responsabilidade é solidária. Se o terminal estiver em quiosque (calçadão da praia) a
responsabilidade continua sendo do banco.
CONTRATOS
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Em geral o contrato é um negócio jurídico bilateral. Rege o princípio da
liberdade da forma (art. 107, do CC). O contrato que tem valor superior a 10 salários
mínimos só pode ser provado por meio de prova escrita.
Vale lembrar que o artigo 108, do CC, exige a forma pública para as
situações que envolvam direitos imobiliários.
Contratação entre ausente; (ver item 03 do material de apoio 01) – O artigo 433, do
CC, na formação do contrato entre ausentes, acaba por nos remeter à idéia de que o contrato
só se forma quando a resposta é aceita, sem arrependimento do aceitante.
`
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PRINCÍPIOLOGIA DO CONTRATO
Princípio da força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda) – traduz a idéia de que
o contrato é a lei entre as próprias partes. Esse princípio foi relativizado, especialmente pela
denominada Teoria da Imprevisão.
Teoria da Imprevisão – Essa teoria já tinha referência na Lei 48, do Código de Amurab.
Ela desenvolveu-se modernamente a partir da cláusula rebus sic stantibus, do Direito
Canônico. Essa teoria só se desenvolveu após a 1ª Grande Guerra Mundial, já que ela
busca o reequilibrio contratual e a Guerra desequilibrou muitos contratos.
Darcy Bessone nos lembra que a teoria da imprevisão nasceu na França por
influência do Conselho de Estado Francês, valendo lembrar que a 1ª lei no mundo que
consagrou essa Teoria, foi Francesa (Lei Failliot de 1918), fruto do rearranjo econômico e
político deflagrado pela Primeira Grande Guerra Mundial.
Essa teoria busca ressurgir a equivalência material entre os contratantes.
Conceito – A teoria da imprevisão sustenta que a ocorrência de um acontecimento
superveniente que desequilibre a base econômica do contrato justificaria, por equidade, a
sua revisão ou resolução.
Essa teoria só se aplica a contratos de médio e longo prazo (de execução
continuada ou diferida).
76
Elementos:
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Princípio da Boa-fé Objetiva – tem raiz na bona fides do direito romano. Coube aos
alemães a propagação da boa-fé objetiva – treu und glauben – valor objetivo na relação
jurídica. Boa-fé objetiva x Boa-fé subjetiva, esta é o estado psicológico, de ânimo interno,
de inocência, já aquela, diferentemente, traduz uma verdadeira regra de comportamento
observável pelas partes, de conteúdo ético e exigibilidade jurídica.
É uma clausula implícita em qualquer contrato.
A boa-fé objetiva tem função criadora de deveres anexos de proteção. O
contrato é fonte de obrigação (dar, fazer, não fazer), mas possui deveres paralelos, anexos,
que mesmo não estando estampados no contrato são deveres implícitos. Ex: dever jurídico
de assistência, dever de sigilo, dever de informação, dever de aconselhar, dever de prestar
contas, etc.. Para professora Judith Martins Costa “acabou o tempo de contratos
inteligíveis”.
Hoje, se houver descumprimento da ação principal não se analisa culpa, ou
seja, a doutrina moderna (Enunciado ao art. 422), sustenta que a responsabilidade
decorrente da ruptura da boa-fé objetiva independe da análise da culpa.
A responsabilidade é objetiva. O art. 422, do CC, diz menos do que deveria:
a boa-fé objetiva deve ser observada na fase pré-contratual, na conclusão do contrato e na
execução do contrato.
Pós eficácia objetiva da obrigação – a boa-fé objetiva deve ser observada mesmo após a
conclusão do contrato. Ex: ex-empregado de empresa deve guardar sigilo quanto à mesma
(direito civil novo, preocupado com a ética).
ARRAS
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Nas arras penitencias não é cabível indenização suplementar.
Art. 420, do CC – arras com função indenizatória. A parte que havia recebido as arras, no
caso de seu arrependimento, deverá devolver as mesmas, mais o pagamento de seu
equivalente (restituição em dobro).
Súmula – 412, do STF.
EVICÇÃO
Elementos:
1 – celebração de contrato oneroso ou arrematação em hasta pública;
2 – perda da posse da propriedade da coisa (vale lembrar que a evicção pode ser parcial, na
forma do artigo 455, do CC).
3 – sentença judicial ou ato administrativo que determine a perda da coisa.
Em primeiro plano, quem responde pela evicção ocorrida em hasta pública é
o devedor, pessoa de cujo patrimônio saiu o bem perdido pelo arrematante. Araken de
Assis, Fredie Didier adotam uma tese ampliativa. Eles sustentam que se o bem é perdido
por evicção poderá ser responsabilizado o devedor e o credor. E ainda quando a evicção
ocorre em hasta pública, o arrematante poderá responsabilizar o Estado.
Art. 450, do CC – a despeito de ser uma garantia legal, as partes podem alterar o âmbito de
responsabilidade da evicção (art. 488, do CC), ou seja, a lei brasileira permite que o
contrato pode excluir a garantia da evicção.
A exclusão da garantia da evicção aparentemente não é algo justo,
ressalvada a hipótese do art. 457, do CC.
Art. 449, do CC – contrato com clausula de exclusão de garantia da evicção, o evicto tem
direito de pelo menos receber o preço que pagou pela coisa evicta. Assim, na forma deste
artigo, se o contrato constar cláusula excludente da garantia, ainda assim, terá o evicto
direito de receber o preço de volta, a não ser que também assuma o risco de perder a coisa.
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VICIO REDIBITÓRIO
Ação quanti minoris – nesta ação o adquirente não vai rejeitar o contrato, ele pedirá um
abatimento no preço. O que não pode acontecer é a cumulação de pedidos, ou seja, a ação
redibitória não pode ser cumulada com ação quanti minoris.
Prazo para ações edilícias – é uma das poucas hipóteses que o prazo foi dilatado no
CC/02. Art. 445, do CC.
Prazos decadenciais: contados da entrega efetiva. Se o adquirente já estava na posse do
bem, o prazo é contado da alienação e reduzido à metade. O legislador entende que o prazo
deve ser menor, posto que o adquirente já conhece bem a coisa.
Móvel – 30 dias
Imóvel – 01 ano
Se o alienante der posse do bem estando de má-fé, o juiz sabedor disso
poderá dar o prazo integral.
O parte final do artigo 445, do CC, abre brecha para fraude ao não estipular
um prazo mínimo de posse que justifique a perda da metade do prazo legal.
80
Art. 445, § 1º, do CC – vício conhecido mais tarde, o prazo será contado a partir do
conhecimento do vício, até o prazo máximo:
Móvel – 180 dias
Imóvel - 01 ano.
No CDC, art. 26, os prazos são diferenciados, contados a partir da ciência do
consumidor, quais sejam:
Bem não durável – 30 dias;
Bem durável – 90 dias.
Art. 50, do CDC – a garantia contratual é complementar à legal. Ex; a empresa dá garantia
de 05 anos para a TV. Assim durante o prazo de garantia contratual, o prazo de garantia
legal não corre. Mas, se durante o prazo de garantia contratual aparecer algum vício, o
adquirente deve informar o alienante no prazo de 30 dias, sob pena de perder a garantia
legal.
EXTINÇÀO DO CONTRATO
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clássica diferencia os institutos, preferindo falar resolução ou rescisão conforme o caso
concreto.
O inadimplemento acarreta resolução automática. Se a cláusula resolutiva é
expressa a resolução do contrato é automática; todavia, não havendo cláusula expressa,
ainda assim o contrato poderá ser desfeito mediante interpelação judicial (art. 474, do CC).
DIREITOS REAIS
POSSE
82
2 – Teoria Objetiva – Ihering – É a Teoria adotada pelo CC/02, consoante podemos
observar no art. 1196, muito embora encontremos dispositivos que sofrem a influência de
Savigny.
O possuidor comporta-se como se dono fosse. O possuidor é pessoa que
exerce de fato, poderes inerentes à propriedade.
A posse é uma situação de fato, tutelada pelo Direito, segundo posição
majoritária (RT 46883, RT 578213, Resp 34756-0).
A posse não é um direito real para a doutrina dominante. A análise da posse
antecede os direitos reais.
Objeto da Posse
A posse tem como objeto coisas corpóreas, tangíveis e com consistência para
o Código Alemão e Grego (§ 90, do Código Alemão e art. 933, do Código da Grécia). Hoje
já se admite a posse de energia elétrica, ou seja, a doutrina evolui para adaptar a idéia de
posse a bens semicorpóreos e até mesmo a alguns incorpóreos (gás, fundo de comércio).
Num primeiro momento, a tese de posse de direito era muito acatada pela
doutrina (Rui Barbosa, Pontes de Miranda). Atualmente a tese da posse de direitos é
admitida penas excepcionalmente. A quem sustente que se tenha posse sobre os direitos
autorais.
Para o direito brasileiro tem-se posse de linha telefônica, que pode ser
adquirida por meio de usucapião.
Classificação da Posse
1 – Quanto ao exercício:
- Direta – art. 1.197 do CC – A posse direta é daquele que tem contato físico direto com a
coisa.
- Indireta – possuidor não tem contato físico com a coisa. Ex; locador.
Os possuidores direto e indireto têm direitos possessórios. O possuidor direto
pode entrar com ação de manutenção de posse contra o possuidor indireto.
2 – Quanto ao vício:
- Justa – quando não é clandestina, violenta ou precária.
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- Injusta – quando a posse é clandestina, violenta ou precária. Durante o exercício da
violência o esbulhador não tem a posse. Esta só passa a existir a partir da cessação da
violência, sendo a posse injusta.
Antes de ano e dia cabe liminar. Após ano e dia, tem-se direito de entrar com
ação possessória e com antecipação de tutela.
Obs: posse precária – é aquela concedida a título de favor, ilícita, que pode durar vários
anos, mas a pessoa não irá usucapir.
A concessão da posse precária é perfeitamente lícita, entendendo-se esta
como aquela posse concedida a título de favor, a exemplo da posse exercida pelo
comodatário.
O possuidor precário não irá usucapir porque não tem o animus domini.
Todavia, caso o possuidor se recuse a restituir o bem, passa a exercer posse injusta por
precariedade, passando inclusive a contar o prazo de usucapião.
Efeitos da Posse
1 – Percepção dos frutos – Art. 1.214, do CC.
Fruto – é uma utilidade renovável cuja percepção não diminui a substância da coisa
principal.
Todo fruto percebido durante o tempo em que o sujeito estava de boa-fé é
dele. Já, os frutos pendentes são devolvidos com a coisa, sendo o sujeito de boa-fé
indenizado pelas despesas com a coisa.
Os frutos estantes também são devolvidos, a lei não diz que se indeniza, mas
esta evita o enriquecimento sem causa.
O possuidor de má-fé responde por todos os frutos até mesmo aqueles que a
parte deixou de colher (percipiendo – fruto que deverita ter sido colhido mas não foi), mas
é indenizado pelas despesas.
Produto – é utilidade que não se renova, ou seja, que se esgota. Em relação ao tratamento
jurídico dado aos produtos, existem duas correntes:
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1ª corrente – Arnaldo Wald – Aplica-se o art. 1.232, do CC. Corrente positivista.
2ª corrente - Clóvis Bevilaqua defende que se pode aplicar analogicamente, em favor do
possuidor de boa-fé a disciplina dos frutos.
PROPRIEDADE
Leon Duguit dizia que a propriedade deixou de ser absoluta, para se tornar
uma função social.
85
A propriedade é um direito real, complexo, definido no artigo 1.228, do CC
e compreensivo das faculdades de usar, gozar, fruir, dispor ou reivindicar a coisa, segundo
a sua função social.
A propriedade plena é formada pelos poderes de usar, gozar, fruir, dispor ou
reivindicar a coisa.
Características:
- Direito complexo;
- Absoluta – oponível “erga omnes”;
- Perpétua – não se extingue pelo não uso;
- Exclusiva;
- Elástica – a propriedade pode ser distendida ou contraída para formar outros direitos
reais. Ex: Usufruto.
Autotutela da Posse – ocorre nos casos de turbação e esbulho. Legítima defesa e desforço
incontinenti respectivamente.
86
Havia uma teoria que se chamava Teoria da Pré-Ocupação, que dizia que
aquele que tinha construído primeiro é que tinha razão. Mas, o que se deve utilizar é o
Princípio da Primazia do Interesse Público.
Ação de Dano Infecto – demanda em que o proprietário, na iminência de sofrer um
prejuízo, exige caução (garantia) do proprietário vizinho (art. 1.280, do CC).
Direito de Construir – é um direito básico. Art. 1.299, do CC. A lei brasileira proíbe que
se abra janela, sacada e congêneres a menos de metro e meio do terreno vizinho, Mas, a
jurisprudência permite que se possa abrir janela a menos de metro e meio com vidro opaco.
A porta pode ser feita a menos de metro e meio, porque fica abaixo do muro.
Esta distancia, na zona rural é de 03 metros.
Art. 1301, do CC – as pequenas aberturas de ar e de luz podem ser construídas a menos de
metro e meio. Ex: elemento vazado (10x20).
A proibição de construção de janela a menos de metro e meio é porque
janela é frontal. No caso de janela obliqua, Luiz Edson Facchim, entende que não se aplica
a distância mínima.
A súmula 414, do STF, proibia tanto a visão direta quanto a visão obliqua,
entretanto essa súmula perdeu eficácia com o disposto no art. 1.301, § 1º, do CC, o qual
prevê que as janelas não podem ser abertas a menos de 75 cm. Isso se aplica às janelas
obliquas e não as frontais.
Em face da obra proibida poderá ser interposto Ação de Nunciação de Obra
Nova (ação que serve para embargar a obra). Se a obra já foi concluída, tem se ano e dia
para ingressar com a ação demolitória (REsp 311507 – AL). Art. 1302, do CC.
87
1 – Registro Imobiliário – não é o único modo de aquisição da propriedade vez que existe
o usucapião e a acessão. O CC adota o sistema romano que afirma que para se adquirir a
propriedade é preciso adquirir: título + modo (registro imobiliário) é a solenidade. Na
França, para ser proprietário basta o título. Quem não registra, no Brasil, não é dono. O
registro imobiliário tem fé pública e firma uma presunção relativa absoluta de veracidade.
Art. 227, da Lei de Registros Públicos.
Formação de ilhas – art. 1.248, do CC. Se uma ilha aparecer no meio do rio, o proprietário
das duas margens terão direito à metade da ilha.
Avulsão – Art. 1.251, do CC – É a forma mais violenta. É quando uma força natural
desloca uma porção de terra que se agrega no território vizinho. O proprietário prejudicado
tem o prazo decadencial de 01 ano para reclamar o terreno de volta.
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USUCAPIÃO
Usucapião extraordinário;
Prazo – 15 anos;
Não exige título, nem boa-fé. Deve haver o animus domini (possuir como
seu um imóvel). O juiz declarará por sentença. O CC/16 trazia o prazo de 20 anos.
Usucapião Rural;
Prazo – 05 anos ininterruptos.
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Também chamado de usucapião pro labore. A área a ser usucapida deve ter
no máximo 50 hec.
Usucapião Urbano;
Prazo – 05 anos.
Também chamado de usucapião pro misero, só pode começar a fluir o prazo
a partir da CF/88, segundo entendimento do STF no julgamento do RE 209433, só
começou a fluir com a entrada em vigor da CF. Área usucapida deve ser de 250 m2 .
Usucapião coletivo urbano – art. 10, do Estatuto da Cidade – Moreira Salles critica essa
norma dizendo que haverá perpetuação das favelas. O prof. Pablo não concorda com esse
posicionamento. O juiz ao reconhecer um usucapião coletivo urbano, cria um condomínio
entre dois usucapidos.
Usucapião Ordinário;
Prazo – 10 anos.
O possuidor tem em seu favor justo título e boa-fé.
Obs; O programa bolsa família considera família pobre aquela em que a renda mensal por
pessoa é de R$ 120,00 (cento e vinte reais). E, família extremamente pobre aquela em que a
renda mensal por pessoa é de R$ 60,00 (sessenta reais).
Usucapião de linha telefônica – é admitido conforme Súmula 193, do STJ. Ex: compra-se
uma casa que tinha linha telefônica e passou a usa-la. O prazo de usucapião de bem móvel é
de 05 (cinco) anos.
Ladrão – Raul Chaves afirma em sua obra “A Usucapião e o Crime”, que o ladrão pode
usucapir, porque a usucapião extraordinária apaga tudo. A doutrina entende que enquanto
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estiver correndo a prescrição penal o bem é produto de crime, não podendo o ladrão ter seu
direito reconhecido. Todavia, vencida a prescrição penal ou a ação sendo extinta, o ladrão
adquire o bem, ou seja, pode ter seu direito reconhecido, contando o reconhecimento desde
o dia do evento (Ex: furto).
O STJ diz que não se adquire por usucapião ordinário veiculo furtado.
Assim, reconhece somente o usucapião extraordinário.
DIREITO DE FAMÍLIA
CASAMENTO
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- instituto não contratual – Maria Helena diz que o casamento não é um
contrato.
Há quem sustente que o casamento é uma instituição, um Estatuto de
Normas. Outros já afirmam que é um negócio complexo.
Não há unanimidade no direito brasileiro, mas desde Bevilaqua a
predominância no Brasil é de que o casamento é um Contrato (Silvio Rodrigues, Orlando
Gomes). O núcleo do casamento é o consentimento, por isso fala-se em contrato.
Capacidade para casar- Idade núbil 16 anos para homem ou mulher. Equiparação
constitucional. Art. 1517, do CC. Entre os 16 e 18 anos deve haver autorização dos pais ou
suprimento judicial. O Juiz pode autorizar casamento de pessoas abaixo de 16 anos no caso
de gravidez ou para evitar o cumprimento ou imposição de ação penal. Porém, este último
caso, a Lei 11.106/05 revogou o instituto que dizia que o casamento extinguiria a
punibilidade.
92
O que o CC/16 cuidava como sendo impedimento relativos, o CC/02 trata
em vários artigos como causa de anulação do casamento. Uma das causa de anulamento é o
erro essencial quanto à pessoa do outro (art. 1.556 e 1587, do CC). Ex; transexual, mesmo
que tenha mudado de sexo, não pode esconder isso da outra pessoa porque pode configurar
erro essencial sobre a pessoa do outro.
Art. 1556, III, do CC – defeito físico irremediável: ex: impotência física coeundi, AIDS,
etc.
Art. 1.556, do IV, do CC- doença mental grave existente antes do casamento. Saiu desse rol
à virgindade da mulher para o casamento porque era inconstitucional, vez que não era
exigido o mesmo para o homem.
Causas suspensivas do casamento – Art. 1.523, do CC. Quando o casamento for contraído
com algumas das causas suspensivas, a conseqüência é a imposição do regime de separação
obrigatória de bens. O inciso III é novidade, hoje a pessoa pode se divorciar sem separar os
bens.
Deveres do casamento:
1 – fidelidade recíproca;
2 – vida em comum no domicílio conjugal;
3 – mútua assitência;
4 – sustento, guarda e educação dos filhos;
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5 – respeito e consideração mútuos.
Coabitar - significa viver sob o mesmo teto e o dever sexual.
Infidelidade – é um gênero no qual está inserido o adultério. Frank Pittman diz que a
infidelidade é a desonestidade no casamento.
Adultério – pressupõe conjunção carnal. Ato sexual fora do casamento.
Infidelidade virtual – cyber sexo – Trata-se da relação intima travada por pessoa casada
com terceiros, pela via eletrônica. Uma pesquisa feita pela Universidade da Flórida diz que
83% dos entrevistados não consideram infidelidade a relação intima pela via eletrônica.
Mas 30% dessas relações se tornam reais. Isso pode gerar a separação. A prova obtida
ilicitamente pode ser utilizada se o advogado invocar o Princípio da Proporcionalidade
comprovando/demonstrando que essa é a única prova possível de ser obtida.
UNIÃO ESTÁVEL
A união livre entre pessoas de sexos distintos sempre fez parte da história da
humanidade. Os gregos, os romanos, já conheciam o concubinato. Os romanos os
consideravam como um casamento de segundo grau. Foi a Idade Média – Consilium de
Trento – que passou a ver com maus olhos o concubinato. A França é a pátria do direito
concubinário, a 1a lei é a francesa, de 1.912.
No Brasil, o reconhecimento do concubinato foi longo e difícil. A ordem
jurídica brasileira (CC/16) desprezava o concubinato, discriminava a figura da concubina.
O primeiro ramo do direito brasileiro que se preocupou com a concubina foi
o direito previdenciário – LOPS – 31.
O segundo passo foi dado pelo direito civil: direito à indenização por
serviços prestados (serviços domésticos); isso substituía uma pensão alimentícia que a
concubina não tinha.
O terceiro passo foi: se a concubina provasse o esforço na aquisição do
patrim6onio, teria direito proporcional ao esforço à parcela do patrimônio adquirido.
Súmula 380, do STF – Teoria da Sociedade de Fato.
Foi com a CC/88 que o concubinato se transformou em união estável
recebendo proteção do direito de família – entidade familiar.
Lei nº 8.971/94 – estabelece requisitos objetivos;
Lei nº 9.278/96 – acabou com os requisitos objetivos.
Hoje o conceito de união estável é aberto, devendo o juiz preenchê-lo no
caso concreto.
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Súmula 382, do STF – não se exige a coabitação. Não se exige prole comum e não há
tempo mínimo de convivência.
Quem forma a união estável no Brasil são pessoas desimpedidas, respeitando
a monogamia. Assim, pode-se ter união estáveis sucessivas e não simultâneas.
Para se provar a união estável deve-se demonstrar a aparência de casamento.
Não há prazo mínimo.
União estável putativa – se a pessoa é casa e tem outra pessoa há concubinato impuro e
não união estável. Mas, se a pessoa é casada e a terceira pessoa não sabe disso, há união
estável putativa.
Assim, esta seria a relação mantida com companheiro de boa-fé que
desconhece o impedimento da outra parte. O STJ não tem admitido a tese (julgado de
16.02.06).
União estável em face de terceiro – a doutrina tem entendido que num eventual conflito
entre terceiro de boa-fé e o companheiro (ex: empréstimo dado com garantia hipotecária)
sugere a doutrina que se proteja o terceiro de boa-fé, cabendo ao companheiro prejudicado
direito de regresso (Arnold Wald e Humberto Theodoro Jr.).
Direitos da Concubina – (concubinato impuro). A regra geral é de que ela não tem
proteção nenhuma de direito de família. Mas, há entendimento no sentido de que a amante
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pode receber indenização (direito obrigacional), evitando o enriquecimento sem causa. A
amante não tem direito à pensão ou à herança.
REGIME DE BENS
2 – Comunhão Parcial de Bens – regime legal supletivo que cria uma separação do
passado e uma comunhão do futuro. Art. 1.658, do CC.
Art. 1659, do CC – bens que excluem-se da comunhão; Ex: bens adquiridos em razão de
herança.
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No caso de ambos concorrem para a compra do bem, mas este estiver apenas
no nome de um dos cônjuges, apenas este é o dono. O que concorreu na compra tem que
provar em juízo que também adquiriu o bem onerosamente.
5 – Separação final dos aqüestos – este regime, altamente complexo, apregoa que durante
o casamento os cônjuges atuam como se fossem casados em regime de separação. Todavia,
admite a meação dos bens adquiridos pelo casal a título oneroso (art. 1672, do CC). Este
regime pode ocasionar várias fraudes. Ex: um dos cônjuges ao comprar os bens durante a
constância do casamento pode simular a compra de modo que não se tenha como provar
que eles o possui.
Mudança de Regime de Bens – Art. 1.639, § 2º, CC – O pedido de mudança deve ser
conjunto. O juízo competente é o da Vara de Família. O Juiz deve dar ampla publicidade à
mudança, dando ciência a terceiros. Se o empresário individual quer mudar seu regime de
bens, a Junta Comercial deve ser avisada.
Crédito trabalhista – pela letra da lei não entra na comunhão parcial de bens, porque os
frutos do trabalho não entram na meação. Mas, o STJ julgou contra legem. Dessa forma, o
CC impede a meação, muito embora o STJ tenha entendimento contrário (REsp 421801).
Para a maioria dos casais brasileiros os bens se resumem aos créditos trabalhistas.
SEPARAÇÃO JUDICIAL
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como causa da separação (art. 1.576, do CC). A separação de bens pode ser feita após a
separação e até mesmo após o divórcio.
Separação Consensual – se dá por acordo de vontade dos cônjuges, devem ser casados a
mais de 01 ano. Nesta separação não precisam declinar os motivos.
Separação Litigiosa – art. 1.572, do CC – Pode ser por causa objetiva ou por causa
subjetiva, a qual está em desuso em razão do divórcio direto.
A separação por causa objetiva não analisa culpa, art. 1.572, §§ 1º e 2º, do
CC.
§ 1º - separação falência
§ 2º - separação remédio.
Efeitos da Separação:
põe fim aos deveres de coabitação,
fidelidade
perda do direito ao uso do nome na forma do art. 1.578, do CC;
alimentos, regra geral, o cônjuge culpado para alimentos ao cônjuge inocente.
Excepcionalmente, o culpado terá direito aos alimentos, se não tiver parentes e não
puder trabalhar, esses alimentos serão pagos pelo cônjuge inocente e dizem respeito
aos alimentos básicos.
A Lei 968/49 prevê que o Juiz deve designar uma audiência de conciliação.
Se esta não se der, o juiz tentará a conversão em separação consensual, sob pena de
nulidade.
DIVÓRCIO
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O Divórcio, diferentemente da separação judicial, juntamente com a morte,
dissolve o próprio vínculo matrimonial. Mas, alguns vínculos matrimoniais permanecem:
guardas dos filhos e alimentos.
O Divórcio pode ser: Art. 1.580, do CC e Art. 266, § 6º, da CF.
Divórcio Indireto – Art. 1.580, “caput”, do CC – O pedido de conversão pode ser feito por
ambos conjuntamente ou por apenas um deles separadamente.
Requisito – prazo de 01 ano, após a separação.
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O que fundamenta esta guarda em nível constitucional é o princípio da
igualdade (art. 226, § 5º, da CF).
Em Portugal, a Lei 84, de 31.08.1995, instituiu a guarda compartilhada.
Atualmente, tramita no Brasil um Projeto de Lei que visa a guarda compartilhada (PL
6.350/02). Tal projeto já foi encaminhado para o Senado em caráter conclusivo. Altera os
artigos 1.583 e 1.584, do CC.
A guarda compartilhada deve supor consenso civilizadamente entre os pais.
É desaconselhada em caso de não haver acordo entre os genitores.
UNIÃO HOMOAFETIVA
O primeiro ramo do direito que se preocupou com essa união foi o direito
previdenciário.
O direito eleitoral já vem se preocupando com essa união. Projeto de Lei
1151, da Deputada Marta Suplicy.
Não se pode afirmar que o homossexualismo é doença. O que é doença é o
transsexualismo. A homossexualidade não é uma opção, mas sim um determinismo (10%
da população mundial é gay).
Sobre a possibilidade da união homoafetiva constituir uma família, existem
divergências:
1ª corrente – trata-se de entidade familiar; deve-se reconhecer direito de família.
2ª corrente – não forma família e sim sociedade de fato, regida pelo direito obrigacional.
Corrente seguida pelo STJ. São filiados dessa corrente: Vilhaça, Venoza (REsp 502995 –
RN).
No STF – Ministro Celso Mello – ainda não houve decisão de união
homoafetiva, mas numa ADIN 3300-DF, este Ministro fala sobre a “legitimidade ético-
jurídica da união homoafetiva”. Assim, a tendência é reconhecer a união homoafetiva como
família.
PARENTESCO
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Parentesco natural – decorre de uma relação de descendência direta ou quando os
parentes derivam de um mesmo tronco comum (art. 1.591 e 1.592, do CC). O parentesco
natural ou consangüíneo pode se dar na linha reta ou colateral.
Reta – os parentes descendem uns dos outros. Não há limite de parentesco na linha reta por
consangüinidade.
Colateral – o parente deriva no mesmo tronco comum. Na linha colateral, todavia, o
parentesco é limitado até o quarto grau.
FILIAÇÃO
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entretanto, para que a prole tenha direitos sucessórios, a fecundação deve ser feito em até
02 anos após a abertura da sucessão (art. 1.800, § 4º, do CC).
Fecundação artificial heteróloga – o material fecundante é de terceiros. Para a presunção
de paternidade, é imprescindível a anuência prévia do marido. O pai por presunção será o
pai afetivo, sendo que o pai biológico, regra geral, deverá ficar no anonimato.
Excepcionalmente, poderá ser autorizado a investigação do pai biológico, entretanto, essa
autorização não dará direitos patrimoniais, como por ex: alimentos, herança.
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emancipação), impugnar o reconhecimento (art. 1.614, do CC). Há julgados no STJ
entendendo que o prazo para a interposicão da ação impugnatória é inconstitucional, já que
não se pode estabelecer prazo para se buscar a verdade. Assim há acórdãos entendendo que
esse direito é imprescritível, o que poderá gerar insegurança jurídica.
O reconhecimento voluntário de filho era regulado pela Lei 8.560/92, a qual
foi parcialmente revogada pelo CC/02. A sindicância prevista nesta lei é compatível com as
regras do NCC (Procedimento oficioso de Averiguação de Paternidade).
Reconhecimento Judicial
Vale admitir, preliminarmente, que, embora não seja a única ação de
filiação, a Investigatória de Paternidade é a mais importante de todas.
Investigatória de Paternidade
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Causa de pedir – relacionamento sexual.
O STJ, no julgamento do REsp 557365 – RO, entendeu que a fulgás relação
de “ficar” é indício de paternidade.
Instrução Probatória:
- Realização de exame de DNA;
- Realização de tipagem sangüínea; Esse exame só pode excluir a paternidade, nunca
confirmar.
O próprio STJ, no que tange ao exame de DNA, rainha das provas na
investigatória, tem admitido a produção de uma contraprova (REsp 397013 – MG).
Súmula 301 – STJ – a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção de paternidade.
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Paternidade Sócio-afetiva:
SUCESSÕES
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Herdeiros necessários: descendentes, ascendentes e o cônjuge sobrevivente.
Bens sujeitos à colação – todos os bens que em vida o falecido doou para seus
descendentes e/ou cônjuge sobrevivente. São considerados adiantamentos da legítima. É
feita à colação visando igualar os quinhões hereditários.
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Aceitação da Herança – é um ato de natureza confirmatória, pelo qual o sucessor
manifesta a vontade de receber a herança.
Já houve um tempo em que a aceitação era importante para evitar que um
herdeiro assumisse o passivo do falecido. Atualmente não há tal preocupação à luz do art.
1.792, do CC.
A aceitação da herança nunca pode ser condicional, é sempre pura. Ela pode
ainda, ser:
- expressa – quando os herdeiros assim se manifestam.
- tácita – depende do comportamento do herdeiro.
- presumida – quando decorre do silêncio do herdeiro dentro de um prazo que lhe foi
assinado para manifestar-se.
Direito de representação – existe sempre na linha reta descendente, não existindo na linha
reta ascendente. Na linha colateral somente existe uma hipótese de representação, qual seja
os sobrinhos representando o pai pré-morto na sucessão do tio.
Requisitos da Renúncia:
1 – capacidade jurídica do renunciante;
2 – forma prescrita em lei;
3 – termo judicial ou instrumento público.
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Parte da doutrina (Maria Helena) entende que é dispensável a outorga uxória
para a renúncia, já a maior parte (Silvio Rodrigues) defende a necessidade da outorga,
argumentando que a renúncia opera transferência de direito imobiliário.
Art. 1.811, do CC - Quando alguém renuncia, seus sucessores não têm direito de
representação.
Obs: a criatividade brasileira criou a renúncia translativa, que nada mais é que uma cessão
de direitos hereditários (art. 1.793 e sgs, do CC). Incidirá dois impostos o mortis causa e o
inter vivos.
CAPACIDADE SUCESSÓRIA
Art. 1.799, I, do CC - A prole eventual também pode ser beneficiada por testamento,
cabendo a um curador à administração dos bens.
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Art. 1.801, do CC – Existem pessoas impedidas de receber a herança, por falta de
legitimidade.
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
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A Lei 10.050/02 alterou o CC, para conferir, além do direito à herança, ao
descendente portador de deficiência, o direito real de habitação sob o único imóvel do
inventário.
2ª classe – é a dos ascendentes em concorrência com o cônjuge (art. 1.836, do CC). O grau
mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.
Irmão bilateral – irmão germano, quando são irmãos de pai e mãe, ou seja, os genitores
são comuns.
Art. 1.841, do CC – irmãos unilaterais herda metade do que os irmãos bilaterais herdarem.
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Herança Jacente – aquela desprovida de titular, traduzindo-se em um estado transitório em
que as normas sucessórias autorizam a administração provisória por um curador. A norma
toma providências para manter o patrimônio do de cujus e diligência no sentido de localizar
possíveis herdeiros. Não localizando herdeiros será prolatada a sentença de vacância.
Herança Vacante – A sentença de vacância incorpora a herança ao patrimônio público,
ainda em caráter resolúvel, pois a incorporação definitiva somente se dará decorridos 05
(cinco) anos da data do óbito, nos termos do artigo 1.822, do CC.
Usucapião de bens jacentes – A jurisprudência do STJ entende que é possível usucapir
bens jacentes, até a sentença de vacância, após como são incorporados ao patrimônio
público, não podem mais ser usucapidos.
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A lei não trouxe solução explícita para o caso de concorrência da
companheira viúva com filiação híbrida.
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