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Introdução

A violência tornou-se, nos dias atuais, uma das grandes preocupações em nível mundial,
atingindo a sociedade como um todo, grupos ou famílias, e, ainda, o indivíduo de forma isolada.
O presente trabalho visa essencialmente trazer ao de cima aquilo que são as relações de poder
entre homens e mulheres e suas influências na violência doméstica. Numa primeira estância
trarei algumas concepções sobre o poder sob ponto de vista de alguns autores, em seguida farei
alusão à aquilo que é a concepção de violência

Como de antemão se sabe que nas sociedades actuais ainda predomina o sistema social
patriarcal, que se reflecte nas relações sociais desiguais entre homens e mulheres e em relações
de poder que as afectam de forma negativa, esse sistema instituiu desde o início diferenças por
meio da divisão sexual do trabalho que caracterizou o espaço público como de responsabilidade
dos homens e o espaço privado como de competência das mulheres. A violência contra a mulher
é a maior expressão das desigualdades vividas entre homens e mulheres na sociedade. A raiz
desta violência está no sistema capitalista e patriarcal que impõem uma necessidade de controlo,
apropriação e exploração do corpo, vida e sexualidade das mulheres. Esta violência, ao mesmo
tempo em que é produto da opressão patriarcal também estrutura a subordinação das mulheres.

METODOLOGIA

A técnica de colecta de dados foi exercida através de uma pesquisa qualitativa, ou exploratória,
baseada em documentos e dados actualizados recentemente. Obteve-se com essa pesquisa apenas
uma interpretação da realidade já exposta, a definição e apresentação da realidade através de
dados verdadeiros expostos com objectividade.
Algumas concepções sobre o poder

Segundo Marcela Lagarde (1998) poder é a capacidade de decidir sobre a própria vida: como tal,
é um fato que transcende o indivíduo e se plasma nos sujeitos e nos espaços sociais: aí se
materializa como afirmação, como satisfação de objectivos, mas o poder consiste também na
capacidade de decidir sobre a vida do outro, na intervenção com fatos que obrigam,
circunscrevem ou impedem, quem exerce o poder se arroga o direito ao castigo e a postergar
bens materiais e simbólicos, dessa posição domina, julga, sentencia e perdoa. Ao fazê-lo,
acumula e reproduz o poder”. Como pode se ver, este conceito de poder vai além do poder
político, do poder formal presente no âmbito do Estado. Na verdade, o poder opera em todos os
níveis da sociedade, desde as relações interpessoais até o nível estatal. As instituições e
estruturas do Estado são elementos dentro de certas esferas de poder, cujas concepções se
fundem na complexa rede de relações de força. Nesse sentido, o poder pode ser visto como um
aspecto inerente a todas as relações económicas, sociais e pessoais.

Posto isto certamente vê-se o poder como uma prática tipicamente masculina, afinal,
historicamente as mulheres têm estado do outro lado do poder, do lado da subalternidade. Ainda
hoje, pese todas as transformações ocorridas na condição feminina, muitas mulheres não podem
decidir sobre suas vidas, não se constituem enquanto sujeitos, não exercem o poder e
principalmente, não acumulam este poder, mas sim o reproduzem, não para elas mesmas, mas
para aqueles que de fato controlam o poder, esta subalternidade, determinante na condição
feminina, é fruto do seu papel de género. A sociedade através de suas instituições, como a
cultura, as crenças e tradições, do sistema educacional, das leis civis, da divisão sexual e social
do trabalho, constroem mulheres e homens como sujeitos bipolares, opostos e assimétricos:
masculino e femininos envolvidos em uma relação de domínio e subjugação.

O que quer dizer que o domínio patriarcal (masculino) apresenta na sociedade distintas
manifestações e mais ainda continua presente no quotidiano do mundo doméstico e do mundo
público, não é preciso praticar a discriminação aberta contra a mulher ou a violência explícita
para demonstrar sua presença na medida em que esse poder de género esta assegurado através
dos privilégios masculinos e das desigualdades entre homens e mulheres. Entende se Patriarcado
é organização sexual hierárquica da sociedade tão necessária ao domínio político, alimenta-se do
domínio masculino na estrutura familiar (a nível privada) e na lógica organizacional das
instituições políticas (esfera pública) construída a partir de um modelo masculino de dominação.

Uma breve visão a cerca da violência

Há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou
indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou várias pessoas em graus variáveis, seja em
sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações
simbólicas e culturais. (Michaud, 2001, p. 11)

Sousa e Silva (2002) salienta que a violência se manifesta tanto nas relações entre as classe
sociais, quanto nas relações interpessoais, podendo estar presente nas relações de gênero, nas
relações entre homens e mulheres, entre adultos e crianças, entre brancos e negros, entre certa
identidade heterossexual e a chamada identidade homossexual.

Concepções sobre a violência contra as mulheres

A violência doméstica resulta da dominação e controlo de um indivíduo sobre outro indivíduo


sendo que na maior parte das vezes, a pessoa que agride é a pessoa com quem vivemos. A
violência doméstica não tem fronteiras, ocorre em todos os casais (hetero/ homossexuais).

Considera-se violência doméstica “qualquer acto, conduta ou omissão que sirva para infligir,
reiteradamente e com intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou económicos, de modo
directo ou indirecto (por meio de ameaças, enganos, coacção ou qualquer outro meio) a qualquer
pessoa que habite no mesmo agregado doméstico privado (pessoas – crianças, jovens, mulheres
adultas, homens adultos ou idosos a viver em comum) ou que, não habitando no mesmo
agregado doméstico privado que o agente da violência, seja cônjuge ou companheiro marital ou
ex-cônjuge ou ex-companheiro marital”. (Machado e Gonçalves, 2003)

Chauí concebe violência contra as mulheres como resultado de uma ideologia de dominação
masculina que é produzida e reproduzida tanto por homens como por mulheres, define violência
como uma acção que transforma diferenças em desigualdades hierárquicas com o fim de
dominar, explorar e oprimir. A acção violenta trata o ser dominado como objecto e não como
sujeito, o qual é silenciado e se torna dependente e passivo. Nesse sentido, o ser dominado perde
sua autonomia, ou seja, sua liberdade, entendida como “capacidade de autodeterminação para
pensar, querer, sentir e agir”.

Contextualização

A própria conceituação de violência em geral tem se baseado no vilipêndio à liberdade de acção,


expressão e desenvolvimento do outro, exprimindo alguma ascendência imposta pela força
coactiva física ou moral. Chauí dá ênfase a uma relação de forças caracterizada por dois pólos,
de forma que um deles refere-se à dominação e o outro ao do dominado, Segundo Saffioti, no
exercício da função patriarcal, os homens detêm o poder de determinar a conduta das categorias
sociais nomeadas, recebendo autorização ou, pelo menos, tolerância da sociedade para punir o
que se lhes apresenta como desvio. Ainda que não haja nenhuma tentativa, por parte das vítimas
potenciais, de trilhar caminhos diversos do prescrito pelas normas sociais, a execução do
projecto de dominação – exploração da categoria social ‘homens’ exige que sua capacidade de
mando seja auxiliada pela violência. Com efeito, a ideologia de género é insuficiente para
garantir a obediência das vítimas potenciais diante dos ditames do patriarcado, tendo este
necessidade de fazer uso da violência, Percebe-se que a violência dos homens contra as mulheres
é constatável e se espraia em diversos níveis e aspectos. No campo social exprime-se pelas
desigualdades e discriminações negativas. No âmbito axiológico revela-se pela desvalorização de
tudo que diga respeito ao feminino. Não obstante essa característica multifacetada da violência
de género, resta bastante claro tratar-se invariavelmente de um mesmo fenómeno que traduz
sempre uma atitude de vilipêndio directo e intencional à condição humana de liberdade,
igualdade e desenvolvimento das mulheres.

Conclusão

Realizado o trabalho é de se realçar que a noção de patriarcado é insuficiente para dar conta das
mudanças que vêm ocorrendo nos diferentes papéis que as mulheres em situação de violência
têm assumindo. Defendo uma abordagem da violência contra as mulheres como uma relação de
poder, entendendo-se o poder não de forma absoluta e estática, exercido por via de regra pelo
homem sobre a mulher, como quer-nos fazer crer a abordagem patriarcal, senão de forma
dinâmica e relacional, exercido tanto por homens como por mulheres, ainda que de forma
desigual. A tomada de consciência, da necessidade de proteger as Mulheres da violência que
ocorre no seio da família (ou no contexto doméstico) e de tomar medidas para punir os
agressores é recente, nomeadamente por parte das autoridades. É urgente, não só aplicar as leis
sobre esta matéria, vigentes no País, como é urgente a formação dos profissionais que lidam
diariamente com sobreviventes de violência doméstica (polícias, médicas/os, advogadas/os,
juízes e outros profissionais) no sentido de criar uma rede comunitária articulada e em particular
especializada nas áreas da Violência contra as Mulheres e não só é importante que haja serviços
de informação diversos de apoio às vítimas. Ao não reconhecer a violência contida nos actos de
disciplina corporal contra crianças, o poder judiciário reforça o papel da família na manutenção
da ordem social, ao mesmo tempo em que a utiliza para ocultar a força repressora que é derivada
das próprias leis, em nossa sociedade.

Dessa forma, podemos concluir que a aplicação do Direito, tal como está fundamentada quanto
ao que caracteriza um ato violento, não consegue abarcar situações como a violência doméstica,
muito menos situações de violência institucionalizada. Não obstante, essas duas categorias de
violência devem manter uma estreita relação, uma vez que estão à margem dos possíveis
enquadramentos legais quanto aos danos que vêm causando. Além disso, ambas são necessárias
para manter o status quo na medida em que reproduzem relações interpessoais reificadas.

Referencias Bibliográficas
CHAUÍ, Marilena; CARDOSO, Ruth; PAOLI, Maria Célia (orgs.). Perspectivas antropológicas
da mulher. Volume 4. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

Machado, Carla e Gonçalves, Rui Abrunhosa (2003), Violência e Vítimas de Crimes. Coimbra:
Quarteto.

Michaud, Y. (2001). A violência. (1a ed.). (L. Garcia, trad.). São Paulo: Ática.

SAFFIOTI, Heleith I. B. Contribuições feministas para o estudo da violência de gênero.


Disponível em www.unb.br , acesso em 28.04.2011.

Sousa e Silva, M. A. de. (2002). Violência contra crianças quebrando o pacto do silêncio. In
Ferrari, D. C. A. & Vecina, T. C. C. (orgs).O fim do silêncio na violência familiar: teoria e
prática. São Paulo: Ágora. pp. 73-80.

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