Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Introdução
manufaturados de maior valor agregado para que o país cresça e ofereça mais em-
pregos e amplie seu desenvolvimento.
c) Responsabilidade Social
Desde o discurso do Sr Koffi Anan ex Secretário Geral da ONU em seu pronuncia-
mento de posse em 1999, denominado Global Compact, que chamou a atenção do
mundo empresarial sobre as responsabilidades de todos com as questões sociais,
que o respeito ás pessoas, principalmente aquelas que atuam nos processos produ-
tivos passou a ser relado por todos. Sabemos de diversos casos que empresas que
utilizavam mão de obra infantil ou de forma escrava, foram penalizadas, se não pela
justiça, pela sociedade de consumo ao restringir o uso dos produtos por elas fabri-
cado.
d) Responsabilidade Ambiental
Desde a ECO RIO 92, um dos mais importantes fóruns internacionais sobre a
questão, promovido pela ONU, a questão está cada vez sendo observada. Muitas
leis, restrições e regras estão sendo implementadas. Hoje, não basta mais produzir
e entregar os produtos. É necessário, em diversos casos, desenvolver mecanismos
de recuperação ou reutilização de produtos ou embalagens após o uso ou consumo.
Como o caso das embalagens PET, Tetrapac, pneus equipamentos eletrônicos e
outros.
e) Ética
Vem a ser o conjunto de regras de conduta e posturas esperadas por uma
sociedade e seus membros. Agir e respeitar estas regras é algo que parece ser mui-
to óbvio, porém nem sempre respeitam. Importante lembrar que aqueles que ocu-
pam cargos importantes são exemplo aos demais.
LOGÍSTICA EMPRESARIAL E CADEIAS DE SUPRIMENTOS
Prof. Dr. Edelvino Razzolini Filho
A logística empresarial teve seu conceito evoluindo desde sua saída do âmbi-
to militar, de forma que acompanhasse a evolução dinâmica dos mercados e das or-
ganizações.
Existe uma entidade, com sede nos Estado Unidos da América, que congrega
profissionais, pesquisadores, organizações e todos os demais interessados no tema
logística empresarial. Essa entidade chamava-se CLM – Council of Logistics Mana-
gement e, atualmente, denomina-se CSCMP – Council of Supply Chain Manage-
ment ou seja, é o Conselho dos Administradores de Cadeias de Suprimentos. É o
CSCMP que periodicamente realiza grandes encontros para discutir a situação da
logística ao redor do mundo e, ainda, estabelecer os conceitos que são adotados
pelos profissionais e organizações.
Num primeiro momento, o conceito de logística estava mais relacionado a
questões operacionais. O então CLM definia a logística como um conjunto de ativi-
dades voltadas para a movimentação eficiente de produtos acabados desde a linha
de produção de uma organização até seus clientes finais. Em alguns casos, o con-
ceito também admitia a movimentação de materiais desde um fornecedor até o início
do processo produtivo. Esse “conjunto de atividades” a que se referia o CLM incluía
as atividades de armazenagem, transporte, gerenciamento de materiais, embala-
gens protetoras aos produtos ou materiais, o controle de inventários, previsões de
vendas e serviço a clientes.
Ou seja, em um estágio inicial o conceito de logística era essencialmente ope-
racional, implicando em um conjunto de atividades que deviam ser desempenhadas
para garantir que o produto saísse da organização e chegasse aos seus clientes.
Porém, com a evolução dos mercados e das organizações o conceito de logística foi
evoluindo, passando por estágios que permitem perceber essa evolução.
Ballou (1993), em um dos primeiros livros estrangeiros traduzidos e publica-
dos no Brasil, assim define logística:
A Logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e
armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisi-
ção da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos
de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito
de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razo-
ável.
LOGÍSTICA EMPRESARIAL E CADEIAS DE SUPRIMENTOS
Prof. Dr. Edelvino Razzolini Filho
Pode-se perceber uma evolução no conceito, uma vez que o autor fala em
“gerenciamento estratégico”. Ou seja, Christopher confere à logística um novo papel,
o de contribuir com a estratégia organizacional.
Mais recentemente o CSCMP (2003), redefiniu a logística da seguinte forma:
a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e
controla o fluxo e armazenamento, à jusante e reverso, eficientes e efica-
1
Este conceito acompanha, uma vez mais, a evolução dos mercados; pois, a-
tualmente, se discute a necessidade das organizações competirem em redes. Ou
seja, não são mais organizações isoladas que concorrem entre si e, sim, as cadeias
produtivas (ou redes de empresas) que concorrem umas com as outras. Ou seja, o
conceito atualmente em voga admite que a logística é uma parte de um processo
mais abrangente dentro de uma cadeia de suprimentos, de forma que se entende a
necessidade de envolvimento com as demais áreas funcionais da organização.
Porém, por mais paradoxal que possa parecer, o conceito de logística não
descarta a necessidade de se desempenhar atividades para que a logística atinja
seus objetivos. Ou seja, as atividades operacionais continuam existindo, assim como
no passado, embora tenham adquirido uma conotação estratégica. Assim, é neces-
sário compreender quais são e como interagem as atividades logísticas para atingir
os objetivos desse importante sistema organizacional. A evolução do conceito de lo-
Jusante = sentido em que vaza a maré, ou que um curso d’água flui desde sua nascente.
1
LOGÍSTICA EMPRESARIAL E CADEIAS DE SUPRIMENTOS
Prof. Dr. Edelvino Razzolini Filho
As atividades ditas primárias são aquelas que apresentam interface com ou-
tras áreas funcionais da organização e/ou de outras organizações, se interrelacio-
nam com o ambiente externo organizacional e são mais facilmente percebidas pelos
clientes.
Essas atividades são três: o processamento de pedidos, a armazenagem e o
transporte.
Nível de serviço deve ser entendido como todos os atos praticados pela orga-
nização para conseguir que um produto, ou grupo de produtos, satisfaça às necessi-
dades, desejos e expectativas dos clientes. Também pode ser entendido como um
indicador da eficácia do estoque no atendimento às demandas dos clientes.
Neste entendimento é possível depreender duas coisas essenciais: - a de-
manda de serviço, que é a definição das características desejadas pelo cliente para
o serviço que atenda às suas demandas conforme sua expectativa em termos de
pagamento por isso; e, - a meta de serviço entendida como os valores e característi-
cas relevantes estabelecidos como objetivo para o conjunto de parâmetros que ca-
racterizam o serviço oferecido aos clientes. Isso permite concluir que o nível de ser-
viço pode ser entendido como o grau em que se cumpre a meta de serviço estabele-
cida.
Como as atividades logísticas são exercidas para oferecer um nível de serviço
elevado aos clientes da organização, é preciso compreender que essas atividades
se interrelacionam de forma a garantir níveis de serviço elevados.
Esse interrelacionamento das atividades logísticas é a forma como as ativida-
des logísticas se integram e como cada uma delas oferece suporte à outra. Por e-
xemplo, o transporte precisa de embalagens protetoras adequadas e manuseio cui-
dadoso para garantir integridade física dos materiais transportados. Isso pode ser
percebido na figura a seguir:
LOGÍSTICA EMPRESARIAL E CADEIAS DE SUPRIMENTOS
Prof. Dr. Edelvino Razzolini Filho
Nível de
Serviço
ESTUDO DE CASO
No início dos anos 70, Victor Fung era um professor iniciante na Harvard Business
School e seu irmão William pensava no que fazer da vida, depois de completar o MBA na
mesma escola. Ambos gostavam do estilo de vida americano e não tinham planos de
retornar para Hong Kong, onde moravam seus pais. Seus projetos mudaram com um
telefonema da mãe implorando para que ajudassem o patriarca Fung Hon-chu, já
sexagenário, a tocar o negócio da família - a Li & Fung, então uma trading exportadora de
roupas, brinquedos baratos e flores de plástico, fundada em 1906. Com a bagagem de anos
de estudo nos Estados Unidos, eles impuseram algumas condições. Queriam que a gestão
da Li & Fung fosse profissionalizada. A empresa era, até então, um cabide de emprego para
os parentes. Queriam também que seu capital fosse aberto. Mais do que a necessidade de
levantar fundos, os irmãos Fung desejavam trazer a governança e a responsabilidade
corporativa. Era uma mudança e tanto para um negócio então de 66 anos. O pai cedeu à
pressão dos filhos. Afastou os agregados, implantou a meritocracia e, em 1973, ofereceu
ações da companhia na Bolsa de Hong Kong. A atual Li & Fung tem muito pouco em comum
com a empresa que os irmãos encontraram no início da década de 70, e que se limitava ao
papel de intermediária de vendas entre fabricantes locais e varejistas europeus e
americanos. Aos poucos, os dois irmãos implantaram um novo modelo de negócio que a
colocou na vanguarda da globalização e a transformou em objeto de estudo nas escolas de
negócios da elite mundial.
O que fizeram os Fung? Depois de dotar a empresa com práticas modernas de ges-
tão aprendidas em Harvard, perceberam que a expansão do mercado global abriria imensas
possibilidades de crescimento. Passaram a comercializar produtos de outros países
asiáticos. Mas ainda não estavam satisfeitos. A partir dos anos 80, descobriram que podiam
entregar encomendas com custos e preços mais baratos e mais velozmente se dividissem a
sua produção em várias etapas, cada uma sob responsabilidade de um fabricante, mesmo
que estivessem baseados em países muitos distantes. Criaram assim uma rede de
fornecedores que ampliou os limites do comércio global.
MONTAGEM INTELIGENTE
Uma calça Levi Strauss teve a sua fabricação repartida entre parceiros da Li & Fung
espalhados
por vários países.
Um produziu o tecido, outro cuidou do corte e um terceiro ficou responsável pelo tingimento
ceiro e deixa a decisão de como executar a tarefa por conta de cada um", afirmam os
consultores americanos John Hagel e John Seely Brown, num estudo em que analisam o
sucesso da empresa. "Ao definir a cor de um produto, por exemplo, não diz como produzir
essa cor."
REDES GLOBAIS
Como a colaboração pode fazer a diferença Quem sabe trabalhar com uma ampla
rede de parceiros leva vantagem na economia global. As empresas precisam descobrir, a
cada instante, quem oferece custos baixos, prazos curtos e soluções inovadoras. Nessa
nova era, uma roupa, um brinquedo ou um equipamento eletrônico são resultado da ação
conjunta de vários fornecedores, muitas vezes espalhados por vários continentes. Na
vanguarda desse conceito estão as empresas que adotam uma estratégia de negócios
flexível e ágil. As companhias asiáticas largaram na frente.
VICTOR FUNG – Professor da Harvard Business School, foi convocado pela família nos
anos 70 para tocar, com o irmão William, a Li & Fung em Hong Kong. A dupla
profissionalizou a empresa, abriu seu capital e criou um novo modelo de negócio. Chairman
do grupo, está entre os dez mais ricos da China.
político conturbado, para regiões onde a rotina das fábricas não sofresse ameaças de
paradas.
A complexa linha de montagem da Li & Fung funciona graças a sua estrutura
descentralizada. A companhia foi dividida em cerca de 150 unidades que operam como
empresas independentes, cada uma responsável por um grupo de clientes e por cada um de
seus pedidos. Os executivos que as comandam, poderosos dentro de seus pequenos
universos, são chamados na empresa de "os pequenos John Waynes". "O que une a coisa
toda são dois fatores que levamos muito em consideração. Nosso sistema de tecnologia da
informação e nosso controle financeiro são totalmente centralizados. Com esses elementos,
podemos descentralizar todo o resto", escreveu Victor Fung num artigo para a revista Focus,
da consultoria Egon.
O CACHORRO GLOBALIZADO
Onde o brinquedo Topper the Trick Terrier, encomendado pela Li & Fung, foi
produzido
Uma das proezas da Li & Fung nos seus 101 anos de existência, desde que foi
fundada na cidade de Guangzhou, é a capacidade de se reinventar à medida que o mundo
muda à sua volta. Quando, em 1949, os comunistas tomaram o poder na China, a empresa
se instalou em Hong Kong e passou a vender os produtos feitos pelos empresários chineses
exilados na ilha.
Décadas depois, o país se abriu para o Ocidente e a companhia voltou a negociar
com fornecedores do continente. Um de seus maiores desafios aconteceu em meados dos
anos 90, com o surgimento da internet. Alguns analistas previam que a criação de um
mercado virtual planetário acabaria com os intermediários. Lojistas poderiam comprar os
seus produtos diretamente dos fornecedores. O que era uma ameaça virou uma alavanca
para o crescimento da empresa.
A internet facilitou e barateou a comunicação com a sua rede de fornecedores. Por
que, com as novas tecnologias, os clientes da Li & Fung não a dispensam e fazem seus
pedidos diretamente aos fornecedores? "Apesar de todos os avanços tecnológicos, não dá
para dispensar os serviços de quem conhece os fornecedores de perto e cobra pela
qualidade de seus produtos", afirma Manoel de Andrade e Silva Reis, professor de logística
da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas - FGV