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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 10000110218559000/000

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA N° 10000110218559000/000 - COMARCA DE BELO
HORIZONTE - AUTOR(ES)(A)S: ESTADO MINAS GERAIS - RÉ(U)(S): SINDICATO
DOS SERVIDORES DA POLICIA CIVIL DO ESTADO DE MINAS GERAIS - SINDPOL
- RELATOR: EXMO. SR. DES. EDUARDO ANDRADE

DECISÃO

O SR. DES. EDUARDO ANDRADE:

Vistos, etc...

Trata-se de AÇÃO CIVIL PÚBLICA


DECLARATÓRIA DE ILEGALIDADE DE GREVE, com pedido de
antecipação de tutela, ajuizada pelo Estado de Minas Gerais, em face
do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais
– SINDIPOL, objetivando sejam declarados ilegais e abusivos os
movimentos articulados pelo réu, com a aplicação das sanções e
penalidades previstas em lei.

O Estado de Minas Gerais relata, na exordial, os


seguintes fatos, em síntese:

1) Em 08 de abril de 2011, membros da Polícia


Civil do Estado de Minas Gerais, coordenados pela entidade requerida,
realizaram movimento paredista, que iniciou-se com uma Assembléia
Geral na Praça da Liberdade, seguida de passeata por vias públicas,
onde praticaram atos de violência, utilizando combustível para a
queima de caixões de pneus, comprometendo a incolumidade das
pessoas e do patrimônio;

2) Os integrantes do movimento paredista estão


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impedindo o acesso ao trabalho pelos servidores ordeiros, fazendo


“uso de palavras e comandos para insuflar aqueles que não querem
aderir ao movimento grevista” (f. 03);

3) Os integrantes do movimento impediram a


população de usufruir da prestação do serviço público.

Diante de tais fatos, sustenta o requerente que os


atos praticados pelos integrantes da entidade ré configuram a prática
conhecida como “piquete”, e que, por estar caracterizado o movimento
grevista, é deste Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais a
competência para julgar a presente ação, na esteira do entendimento
esposado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do MI 708.

No mérito, o Estado de Minas Gerais aduz,


primeiramente, ser ilegal o movimento comandado pelas entidades
requeridas, em razão da inadmissibilidade da greve em atividades
relacionadas à segurança pública. Cita, neste particular, o
entendimento manifestado pelo STF quando do julgamento da
Reclamação nº 6568/SP, da Relatoria do Ministro Eros Grau, cujo
acórdão foi publicado em 25/09/2009.

Acaso ultrapassado este fundamento, sustenta o


requerente que também se revela ilegal o movimento grevista, em
razão da inobservância da Lei nº 7.783/1989.

Requer, ao fundamento de que presentes os


requisitos legais, a concessão de tutela antecipada, para se determinar
que os Policiais Civis arregimentados pelo Sindicato requerido
suspendam, imediatamente, o movimento grevista e retornem às suas
atividades, bem como se abstenham de praticar “piquetes”, sob pena
de multa diária (f. 13/14).

Passo ao exame do requerimento de tutela


antecipada.
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Já de início, verifico que matéria análoga foi trazida


na inicial da Ação Declaratória de Ilegalidade de Greve nº
1.0000.09.511576-2/000, relativa a movimento paredista, iniciado em
dezembro de 2009, ocasião em que deferi o pedido de concessão de
tutela antecipada, para determinar a imediata suspensão do movimento
grevista.

A questão agora se repete.

É preciso salientar que, no presente momento


processual, deve o julgador se limitar a afirmar o provável, com base
em juízos de plausibilidade e verossimilhança (MARINONI, Luiz
Guilherme. A Antecipação da Tutela. São Paulo: Malheiros, 2002. 7 ed.
p. 33.).

É que, em se tratando de requerimento de tutela


antecipada, inaudita altera parte, o conjunto probatório dos autos ainda
se apresenta incipiente, sendo apenas suficiente, portanto, ao exercício
de um juízo cognitivo sumário, perfunctório.

Sendo assim, o exame da questão principal dos


autos, referente à ilegalidade da greve dos servidores da Polícia Civil
do Estado de Minas Gerais, deve ser reservado ao momento do
julgamento do mérito, a ser feito, oportunamente, após a oitiva da parte
contrária e à instrução do feito.

Tal advertência assume ainda maior relevo, em se


considerando a singularidade do presente debate, pois se trata, aqui,
de controvertido tema, ainda indefinido no âmbito da doutrina e
jurisprudência, sobretudo porque seus desdobramentos alcançam não
só a seara jurídica, mas, principalmente, a social.

Adstrito, portanto, a esses estreitos limites, passo


ao exame do pedido.
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Com efeito, dispõe o Art. 273, do CPC que, para a


concessão de tutela antecipada, necessária é a existência de prova
inequívoca para o convencimento da verossimilhança da alegação e de
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, ou que fique
caracterizado o abuso do direito de defesa ou a manifesta intenção de
protelar.

Nessa orientação, entendo que a antecipação de


tutela deve ser concedida. Vejamos.

Legítimo ou não o reconhecimento do direito de


greve aos Policiais Civis – pois tal questão, repito, é afeta ao mérito da
causa –, fato é que, para o seu exercício, devem ser observados, ao
menos, os limites da razoabilidade, para que não se firam direitos de
outrem.

E, na presente hipótese, verifico que há fortes


indícios de que o movimento perpetrado pelos requeridos vem sendo
conduzido com excessos.

Ainda que não se tenha oportunizado o


contraditório ao réu, não se pode desconsiderar, numa primeira análise,
a aparência de veracidade das notícias trazidas pelo Sr. Chefe da
Polícia Civil (f. 16/22).

Informa a dita autoridade, acerca dos fatos


ocorridos durante o movimento:

“De se salientar que, não comunicando à Repartição,


na condição de empregador, no prazo aprazado, ex-vi art.
13, e nem cuidando da escala de pessoal a garantir a
prestação dos serviços essenciais inalienáveis, como
prescrito no art. 11 do referido diploma legal, mas o
movimento grevista na frente das unidades Policiais, do

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Departamento de Trânsito de Minas Gerais/DETRAN-MG, na


Divisão de Registro de Veículos e no Instituto de
Identificação, no sentido de obstacular a entrada dos
servidores ordeiros e dos usuários, tolhendo estes de
serem atendidos nos seus anseios e aqueles da
prestação de serviços essenciais.” (Chefe da Polícia Civil
– grifei, f. 18.)

“Do que se infere, os atos ilegais e arbitrários se


configuram como piquetes que direta e indiretamente
restringem, dificultam e impossibilitam o acesso do
servidor ordeiro e do cidadão que busca a prestação do
serviço público, como também bloqueiam as entradas
das repartições públicas e de logradouros públicos ou o
regular funcionamento do serviço público, além de tolher
o direito de ir e vir do cidadão, constrangendo e violando
direitos e garantias fundamentais, a exigir a adoção da
medida judicial com o escopo de serem resguardados a
ordem e a segurança pública porquanto o direito público
sobrelevam ao da minoria que visa a desordem, como
estatuído no §1º, do artigo 6º, da Lei nº 7.783/89.” (Chefe da
Polícia Civil – grifei, f. 19.)

“Como expendido, verifica-se que os procedimentos


irregulares e as atitudes atentatórias à segurança e à ordem
pública mostram-se incompatíveis com as atribuições
conferidas à Polícia Civil, consideradas atividades e serviços
imprescindíveis à preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, conforme
preconizado pela Lei nº 10.277, assim como, a greve, os
piquetes, sobretudo estes, não podem ser considerados
como meios pacíficos, por tolherem a liberdade de
trabalho dos que a ela se opuserem, ainda salientando
que o irregular movimento grevista vem tentando
impedir, mediante violência ou grave ameaça, o livre

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exercício do direito ao trabalho, como ao cidadão que


busca a prestação do serviço público, até porque o
movimento irregular e ilegal vem causando dano ao Estado e
a terceiros, além de arbitrariamente procurar ocupar
estabelecimento público e setores da administração Pública.
”(Chefe da Polícia Civil – grifei, f. 21.)

Por essas razões, entendo plausíveis, em princípio,


as alegações do autor, no tocante aos supostos excessos cometidos no
exercício do movimento, o que já recomenda a sua suspensão.

E não fosse por isso, a tão-só gravidade dos fatos


narrados, porquanto lesivos a direitos fundamentais de outrem, já é
suficiente a recomendar a adoção de uma medida prudente, com vistas
a evitar a greve anunciada.

Nesse ponto, portanto, vislumbro o ‘fundado receio


de dano irreparável ou de difícil reparação’.

Também o identifico – e principalmente – no


fato de a paralisação poder representar um risco iminente à
manutenção da segurança da população, considerando a
essencialidade das atribuições acometidas à Polícia Civil.

Logo, do cotejo entre os interesses em conflito


no momento, quais sejam, o livre exercício de um direito social e o
resguardo da segurança pública, entendo que, no presente
momento processual, deve-se priorizar o segundo, não por ser
mais importante, mas por representar inadiáveis interesses
públicos, de toda uma comunidade.

Com razão, a meu ver, nesse ponto, o autor:

“[...] faz-se necessário o acolhimento liminar da tutela, para


assegurar e garantir à população e aos servidores públicos o

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acesso aos prédios e repartições públicas dos órgãos


subordinados à Polícia Civil do Estado de Minas Gerais,
evitando-se, dessa forma, previsíveis e irreparáveis
lesões à ordem pública, aos direitos dos cidadãos, à
segurança e ao bem estar da população e de seu
patrimônio.” (grifei, f. 11, TJ)

Presentes, portanto, os requisitos do art. 273, do


CPC, DEFIRO o pedido de concessão de tutela antecipada, para
determinar que os Policiais Civis suspendam imediatamente o
movimento grevista, abstendo-se inclusive de formarem “piquetes”
impedindo o acesso ao trabalho daqueles que queiram cumprir suas
obrigações funcionais.

Cite-se o réu, na pessoa de seu representante


legal, para, querendo, apresentar contestação, no prazo legal, devendo
cumprir, imediatamente, a presente decisão, sob pena de pagamento
de multa diária de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).

P. I.

Belo Horizonte, 14 de abril de 2011.

DES. EDUARDO ANDRADE - Relator

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