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AREIA, PB
JUNHO - 2006
MÔNICA LIMA PÔRTO
AREIA, PB
JUNHO – 2006
Ficha Catalográfica elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca
Setorial de Areia-PB, CCA/UFPB.
Bibliotecária: Márcia Maria Marques CRB4 – 1409
CDU: 635.52(043.3)
MÔNICA LIMA PÔRTO
BANCA EXAMINADORA
Aos meus queridos pais, Maria do Céu Lima Santos e Melquesedeque Porto
Santos, e as minhas amáveis irmãs, Magna Cristina Lima Santos e Maurina Lima
Porto, por todo amor e incentivo.
OFEREÇO
DEDICO
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus pela sua infinita misericórdia e amor, por nos dar força e coragem
para vencermos todos os obstáculos por mais difíceis que nos pareçam.
Aos meus pais, irmãs e meu noivo, por serem o porto seguro pelo apoio
nos momentos mais difíceis dessa caminhada.
Ao Professor Adailson Pereira de Souza pela atenção, incentivo e
orientação em toda execução do trabalho e a confiança depositada em minha
pessoa.
As professoras Maria Betânia Galvão dos Santos Freire (DEPA/UFRPE) e
Raunira da Costa Araújo (CFT/UFPB), pela valiosa contribuição no presente
trabalho.
A CAPES pela concessão da bolsa de estudo.
A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do
CCA/UFPB professora Riselane de Lucena Alcântara Bruno.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, em
especial ao professor Genildo Bandeira Bruno (in memorian).
Ao senhor José da Silva Arimatéia e sua família pela concessão da área
para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos laboratoristas e amigos do Departamento de Solos e Engenharia
Rural do CCA/UFPB.
A equipe de trabalho, Jailson do Carmo Alves, Ubaldo Araújo Tompson,
Jandeilson Alves de Arruda e Gilson Batista da Silva.
As amizades que fiz no transcorrer deste curso, bem como as amigas que
encontrei na residência feminina de Pós-Graduação.
A todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para a realização
deste trabalho e para a minha formação profissional, através de elogios e, ou,
criticas que serviram de incentivo para superar todos os desafios e obstáculos
encontrados.
iv
SUMÁRIO
Key words: Lactuca sativa L., urea, cattle manure, mineral nutrition.
1
1. INTRODUÇÃO
2.2. Nitrogênio
Onde:
A652 = absorbância no comprimento de onda de 652 nm;
V = volume final do extrato clorofila - acetona;
W = massa fresca em gramas do material vegetal utilizado.
Onde:
X = Leitura em absorbância a 410 nm;
Tabela 1. Resumo da análise de variância para as características produtivas da alface em função da adubação nitrogenada e orgânica
Quadrado Médio
F.V. G.L.
PTT PCM MFF MFC NFP CC
BLOCOS 3 11424,64** 8044,61** 4944,84** 1134,43** 30,52** 34,38**
(TRAT.) (10) 39440,27** 28773,60** 19722,4** 926,87** 41,10** 19,05**
Adubos 2 134151,5** 99893,64** 69071,6** 3069,29** 138,4** 56,64**
Esterco 4 29355,79** 20463,84** 13902,9** 661,41** 28,67** 13,84**
Linear 1 115518,4** 79335,14** 53112,8** 2625,53** 113,8** 53,27**
Quadrát. 1 574,66 212,12 117,25 1,568 0,087 0,124
Cúbico 1 1025,36 2067,70 2204,63 2,204 0,559 1,414
Des. reg. 1 304,723 220,42 116,77 16,35 0,257 0,547
Uréia 4 2169,13 1523,33 867,22 121,11 4,901 5,475
Linear 1 572,37 611,45 263,88 31,38 1,936 8,226
Quadrát. 1 7852,05* 5456,33* 3040,27* 429,85* 16,74 12,83*
Cúbico 1 250,65 7,285 31,10 3,487 0,900 0,041
Des. reg. 1 1,462 18,27 133,63 13,72 0,026 0,806
RESÍDUO 30 1337,55 959,85 623,90 84,81 5,173 2,245
CV, % 10,04 9,94 9,41 19,75 8,08 14,16
* e **: significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.
PTT: Produção Total; PCM: Produção Comercial; MFF: Massa Fresca das Folhas; MFC: Massa Fresca do Caule; NFP: Número de
Folhas por Planta; CC: Comprimento do Caule.
.
23
24
No que diz respeito à adubação orgânica, verificou-se aumento linear da
PTT em função da elevação das doses, sendo obtido na dose máxima uma
produção de 523,94 g planta-1, o que corresponde a um incremento de
2,92 vezes em relação à testemunha (Figura 1). Santos et al. (2001b), em função
do efeito residual de doses crescentes de composto orgânico (0 a 91,2 t ha-1),
também verificaram efeito linear sobre a PTT da alface tipo lisa cv. Babá, tendo os
referidos autores, obtido na dose máxima um rendimento de 190,05 g planta-1,
produção esta bastante inferior à verificada neste estudo.
450
63,7
300
Ŷ = 264,0840 + 2,4943*x - 0,0132*x2
150 R2 = 0,9709
600
Ŷ = 226,7660 + 1,4847**x
R2 = 0,9695
PCM , g planta -1
450
45,0
300
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
80
Ŷ = 33,0947 + 0,2701**x
R2 = 0,9924
M FC, g planta -1
60
40
400
Ŷ = 193,6710 + 1,2146**x
R2 = 0,9551
M FF, g planta -1
300
200
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
NFP, unidades
30
20
Ŷ = 24,9510 + 0,0562**x
R2 = 0,9921
10
Ŷ = Ῡ = 27,74
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
CC, cm
8
Ŷ = 5,4255 + 0,1108*x - 0,0005*x2
5 R2 = 0,9227
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
4.2.1. Nitrogênio
Tabela 2. Resumo da análise de variância para os teores de macronutrientes nos diferentes compartimentos da alface em função da
adubação nitrogenada e orgânica
Quadrado Médio
FV GL N P K Ca Mg
Raiz Caule Folhas Raiz Caule Folhas Raiz Caule Folhas Raiz Caule Folhas Raiz Caule Folhas
BLOCOS 3 231,3** 333,20** 576,64** 48,00** 11,50** 20,80** 214,5** 410,6** 57,22** 6,813** 2,324* 139,0** 0,010 1,104** 0,388
(TRAT.) (10) 259,2** 996,84** 416,20** 75,97** 113,9** 7,602** 148,7** 799,2** 670,0** 2,318** 4,503** 10,56 0,432** 1,378** 1,469**
Adubos 2 647,8** 3791,1** 1078,5** 197,4** 201,1** 16,19** 302,0** 2748,2** 2857,2** 6,755** 20,35** 27,59* 1,550** 4,178** 3,248**
Esterco 4 207,0** 423,69** 341,52** 78,90** 161,5** 6,192* 182,4** 554,9** 195,6** 1,100 0,868 4,711 0,269** 1,038** 1,302*
Linear 1 809,3** 1474,5** 1282,6** 277,4** 636,2** 23,78** 723,2** 2001,1** 773,7** 3,481* 1,347 14,16 0,930** 3,318** 4,900**
Quadrát. 1 0,560 215,68* 48,55 28,66* 4,571 0,731 0,845 177,6* 1,843 0,865 2,060 1,829 0,079 0,584 0,058
S
Cúbico 1 1,616 2,247 34,41 9,526 4,651 0,259 0,888 37,95 6,053 0,004 0,066 1,560 0,006 0,250 0,072
Des. reg. 1 16,67 2,319 0,576 0,005 0,581 0,001 4,784 2,881 0,696 0,050 0,001 1,292 0,059 0,001 0,178
Uréia 4 117,1** 172,9* 159,7** 12,36 22,73 4,719* 38,34 69,11 48,22 1,317 0,217 7,895 0,036 0,318 0,747
Linear 1 449,3** 558,5** 625,5** 1,665 33,97 18,74** 50,72 71,29 101,1 2,884* 0,046 23,35 0,072 1,246** 0,835
Quadrát. 1 0,172 122,8 5,028 43,09** 48,17 0,019 87,50* 182,7* 79,49 1,999 0,066 3,641 0,059 0,013 1,865*
Cúbico 1 14,62 2,061 6,512 1,772 5,055 0,038 12,41 2,025 0,036 0,044 0,083 4,109 0,002 0,010 0,231
Des. reg. 1 4,114 8,078 1,893 2,900 3,735 0,077 2,744 20,39 12,21 0,340 0,054 0,482 0,012 0,003 0,055
RESÍDUO 30 16,58 50,99 34,70 5,044 17,50 1,579 14,86 31,96 33,12 0,685 0,717 6,145 0,043 0,161 0,324
CV, % 9,37 12,94 10,16 15,25 26,65 12,99 16,40 14,23 13,63 9,98 11,63 10,70 10,65 14,42 13,73
* e **: significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.
31
EEERAIZ 32
80
Ŷ = 38,1130 + 0,1117**x
R2 = 0,9596
60
N, g kg -1
40
20 Ŷ = 28,0720 + 0,1499**x
R2 = 0,9772
0
ECAULE
80
60
N, g kg -1
40 Ŷ = 55,2775 + 0,1246**x
R2 = 0,8077
20
Ŷ = 18,7490 + 0,5949**x - 0,0022*x2
R2 = 0,9973
0
FOLHAS
80
60
N, g kg -1
40 Ŷ = 51,4755 + 0,1318**x
R2 = 0,979
20
Ŷ = 39,6125 + 0,1888**x
R2 = 0,9389
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
4.2.2. Fósforo
P, g kg -1
14
ECAULE
28
Ŷ = 6,2580 + 0,1329**x
R2 = 0,9848
21
P, g kg -1
14
7 Ŷ = Ῡ = 14,78
FOLHAS
28
Ŷ = 8,1550 + 0,0257**x
R2 = 0,96
21
Ŷ = 7,2245 + 0,0228**x
P, g kg -1
R2 = 0,9929
14
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
Figura 6. Teores de fósforo (P) na massa seca da raiz, caule e folhas da alface
em função da adubação nitrogenada (rrrrr) e orgânica (rrrrr).
* e **: significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo
teste t. Areia-PB, CCA/UFPB, 2006.
35
Quanto aos teores de P do caule, não foi constatado ajuste de nenhum
modelo em função do incremento das doses de N, verificando-se teor médio de
14,78 g kg-1 de massa seca, o que representa, em relação à testemunha, um
incremento de 0,93 vezes. Para a adubação orgânica, foi verificada resposta
linear nos teores de P deste compartimento em função do incremento das doses
de esterco, apresentando teor de 26,19 g kg-1 de massa seca na dose máxima.
Este fato corresponde, em função da testemunha, a um aumento de 2,42 vezes
no teor de P do caule (Figura 6). Verifica-se que esses resultados são um pouco
superiores aos obtidos por Cometti (2003) para os teores de P observados no
caule da alface.
Nas folhas, os teores de P apresentaram um aumento linear em função
das doses de N e de esterco, sendo encontrados teores de 10,65 e 12,01 g kg-1
de massa seca nas doses máximas de N e de esterco, respectivamente. Esses
resultados apontam incrementos médios de 0,39 e 0,57 vezes, em relação à
testemunha (Figura 6). Alvarenga et al. (2003) não verificaram influência da
aplicação de doses crescentes de N (120 a 240 kg ha-1) sobre os teores de
fósforo nas folhas da alface (cv. Raider), resultados esses contrastantes aos
observados nesse trabalho.
Já para a adubação orgânica, Souza et al. (2005) também verificaram
incremento seguindo uma resposta quadrática nos teores foliares de P em função
da aplicação de doses crescentes de composto orgânico (0 a 160 t ha-1),
entretanto, os teores observados pelos referidos autores se apresentam abaixo
dos verificados no presente estudo.
Em comparação com os teores foliares de P considerados como normais
para plantas bem nutridas (4 a 7 g kg-1 de massa seca) (Boarretto et al., 1999),
verifica-se que os teores de P obtidos, para ambos os tipos de adubações,
atingiram níveis acima desta faixa considerada como normal. Esse resultado
evidencia, para as condições em que esse trabalho foi desenvolvido, que as
adubações nitrogenada e orgânica foram eficientes no que diz respeito ao
equilíbrio nutricional de fósforo para a alface.
Com relação à distribuição na planta, os resultados obtidos demonstram
que, para as adubações empregadas, os menores teores de P foram observados
nas folhas, tendo a raiz e o caule apresentado teores similares, com ligeira
superioridade deste último compartimento (Figura 6), o que pode ser justificado
pelo fato do caule atuar como órgão de reserva de nutrientes. Observa-se ainda
36
que a adubação orgânica resultou em todos os compartimentos analisados em
teores de P superiores aos observados pela adubação nitrogenada, principalmente
na raiz e caule (Figura 6). Isso deve está relacionado com o fato da adubação
orgânica, além de expressiva fonte de P (264,0 kg ha-1 de P total na dose máxima
empregada), ter atuado mais eficientemente como fonte desse nutriente que a
adubação mineral para a cultura da alface, devido a seu caráter de disponibilização
lenta. O aumento na retenção de umidade do solo pela aplicação de matéria
orgânica em relação a adubação mineral também deve ter melhorado a absorção
de P, contribuído para esses teores mais elevados.
4.2.3. Potássio
K, g kg -1
R2 = 0,9012
40
20
ECAULE
80
Ŷ = 17,9260 + 0,5919**x - 0,0020*x2
R2 = 0,9816
60
K, g kg -1
40
20
Ŷ = 22,8380 + 0,3168*x - 0,0020*x2
2
R = 0,9189
0
FOLHAS
80
Ŷ = 41,5240 + 0,1466**x
2
R = 0,9911
60
K, g kg -1
40
20 Ŷ = Ῡ = 31,70
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
Figura 7. Teores de potássio (K) na massa seca da raiz, caule e folhas da alface
em função da adubação nitrogenada (rrrrr) e orgânica (rrrrr).
* e **: significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo
teste t. Areia-PB, CCA/UFPB, 2006.
38
Quanto aos teores de K nas folhas, não foi constatado ajuste de nenhum
modelo para a elevação das doses de N, verificando-se um teor médio de 31,70 g
kg-1 de massa seca, resultado esse similar ao observado para a testemunha,
indicando que a adubação nitrogenada não contribuiu para a elevação dos teores
de K neste compartimento (Figura 7). Estes resultados estão de acordo com os
observados por Alvarenga et al. (2003), em que os referidos autores também não
verificaram influência da aplicação de doses crescentes de N (120 a 240 kg ha-1)
sobre os teores de K nas folhas da alface tipo americana (cv. Raider). No que diz
respeito a adubação orgânica, constatou-se um incremento linear nos teores de K
nas folhas em função do incremento das doses de esterco, resultando na dose
máxima teor de 63,51 g kg-1 de massa seca, o que representa um aumento de 0,9
vezes quando comparado com o observado para a testemunha (Figura 7).
Comportamento similar foi verificado por Souza et al. (2005), onde os referidos
autores também verificaram um incremento linear nos teores foliares de K em
função da aplicação de doses crescentes de composto orgânico (0 a 160 t ha-1),
sendo verificado teores bem próximos aos observados nesse estudo.
Verificou-se ainda, que os teores foliares de K obtidos em função da
adubação orgânica se enquadraram dentro da faixa sugerida por Boarretto et al.
(1999) como adequada para plantas de alface bem nutridas (50 a 80 g kg-1 de
massa seca). Entretanto, mesmo tendo sido realizadas adubações químicas com
K, com base em análise química do solo, nas parcelas que receberam a
adubação nitrogenada, contatou-se que os teores deste nutriente verificados nas
folhas da alface nessas condições estiveram sempre abaixo da faixa adequada,
sugerindo um estado de desequilíbrio nutricional. Partindo-se do pressuposto que
o K é o elemento mais exigido pela alface (Faquin e Andrade, 2004), pode-se
afirmar que esse fato contribuiu, pelo menos em parte, para as menores
respostas em termos produtivos observadas para a adubação nitrogenada
(Figuras 1 a 4).
Com relação à distribuição do K na alface, os resultados revelam que,
independente do tipo de adubação empregada, os menores teores foram
observados na massa seca da raiz, tendo o caule e as folhas apresentado teores
similares desse elemento (Figura 7), o que deve estar relacionado com o fato do
caule atuar como órgão de reserva e pelo fato da alta intensidade transpiratória da
alface contribuir para um maior deslocamento de nutrientes para a parte aérea
(caule e folhas), principalmente no caso de nutriente de alta mobilidade na planta,
39
como o K. Quanto ao tipo de adubação, observou-se que orgânica resultou em
teores de K superiores aos observados para a nitrogenada em todos os
compartimentos analisados (Figura 7). A exemplo do que foi verificado para o P,
Isso deve está relacionado com o fato da adubação orgânica, além de ter atuado
expressivamente como fonte de K (655,5 kg ha-1 de K total na dose máxima
empregada) e aumentado a retenção de umidade do solo proporcionando melhores
condições para sua absorção, ter atuado mais eficientemente como fonte desse
nutriente que a adubação mineral para a cultura da alface, devido a seu caráter de
disponibilização lenta, contribuindo assim para reduzir as perdas deste elemento
por lixiviação, perdas essas que devem ter ocorrido com maior intensidade nas
parcelas que receberam apenas adubação química, visto as condições de baixa
CTC do solo e a característica de alta mobilidade do elemento em estudo.
4.2.4. Cálcio
Ca, g kg -1
Ŷ = 7,3920 + 0,0098*x
16 R2 = 0,791
ECAULE
32
24 Ŷ = Ῡ = 8,23
Ca, g kg -1
16 Ŷ = Ῡ = 6,74
FOLHAS
32
24
Ca, g kg -1
16 Ŷ = Ῡ = 24,39
8 Ŷ = Ῡ = 22,10
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
Figura 8. Teores de cálcio (Ca) na massa seca da raiz, caule e folhas da alface
em função da adubação nitrogenada (rrrrr) e orgânica (rrrrr).
* e **: significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo
teste t. Areia-PB, CCA/UFPB, 2006.
41
Os resultados obtidos evidenciam baixa resposta da alface para as
adubações estudadas em relação ao Ca, verificando-se discretos incrementos em
relação à testemunha nos teores desse elemento em todos os compartimentos
analisados em função da elevação das doses de N e de esterco. Esse fato pode
ser justificado pelo teor de Ca naturalmente disponível no solo, o qual já era
relativamente elevado.
Verificou-se ainda que os resultados obtidos neste trabalho para os teores
foliares de Ca corroboram com os observados por Alvarenga et al. (2003) para a
adubação nitrogenada e por Souza et al. (2005) para a adubação orgânica, onde
os referidos autores não verificaram efeitos significativos destas adubações sobre
os teores desse nutriente nas folhas da alface. Os resultados também
demonstram que os teores de Ca nas folhas da alface estiveram em ambos os
tipos de adubação dentro da faixa considerada como normal para plantas bem
nutridas nesse elemento, a qual varia entre 15 a 25 g kg-1 de massa seca
(Boarretto et al., 1999), evidenciado um estado de equilíbrio nutricional desse
nutriente para a alface em ambas as situações, entretanto, esse fato se deve mais
ao efeito do alto teor de Ca naturalmente presente no solo como já comentado
anteriormente do que propriamente ao emprego das adubações.
Com relação à distribuição na planta, os resultados obtidos demonstram
que em ambos os casos foram verificados teores de Ca relativamente similares
para a raiz e o caule, tendo as folhas apresentado teores deste elemento
extremamente superiores aos observados nos demais compartimentos (Figura 8).
Duas hipóteses podem ser levantadas para explicar esse fenômeno.
Primeiramente, isso pode ser atribuído a grande atividade transpiratória da alface,
onde os nutrientes são carreados com maior intensidade para a parte aérea,
principalmente para as folhas. Considerando também que o Ca atua como
constituinte essencial da lamela média (Faquin e Andrade, 2004), pode-se sugerir
ainda que este elemento é deslocado prioritariamente para os órgãos de maior
intensidade de crescimento vegetativo, como as folhas. Quanto ao tipo de
adubação avaliada, os teores de Ca na raiz foram semelhantes entre as
adubações empregadas, enquanto que a adubação nitrogenada resultou em
teores de Ca nos demais compartimentos (caule e raiz) levemente superiores aos
obtidos em função da adubação orgânica (Figura 8), o que provavelmente se deu
pelo fato da adubação orgânica, por também atuar como fonte múltipla de
nutrientes, ter promovido uma condição de inibição competitiva entre o Ca e
42
demais nutrientes catiônicos (principalmente K e Mg) (Malavolta et al., 1997;
Faquin, 2001), o que deve ter promovido uma leve redução de sua absorção em
relação à adubação nitrogenada.
4.2.5. Magnésio
M g, g kg -1
Ŷ = Ῡ = 1,73
3
1,5
ECAULE
6
Ŷ = 2,4455 + 0,0059**x
4,5 2
R = 0,9798
M g, g kg -1
1,5
Ŷ = 2,0000 + 0,0096**x
R2 = 0,7991
0
FOLHAS
6
4,5
M g, g kg -1
3 Ŷ = 3,2630 + 0,0117**x
R2 = 0,9408
1,5
Ŷ = 2,5130 + 0,0413*x - 0,0002*x2
R2 = 0,9043
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
CLOROF t , µ g g -1
600
400
Ŷ = 419,9380 + 2,4563**x - 0,0117**x2
R2 = 0,9861
200
Ŷ = 486,8240 + 0,3594*x
R2 = 0,6236
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
Figura 10. Teores de clorofila total (CLOROF t) na massa fresca das folhas da
alface em função da adubação nitrogenada (rrrrr) e orgânica (rrrrr).
* e **: significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo
teste t. Areia-PB, CCA/UFPB, 2006.
NO 3 -, mg kg -1
R2 = 0,9453
Ŷ = 7,0563 + 0,3869**x
100 R2 = 0,937
50
ECAULE
200
Ŷ = 38,1773 + 0,9685**x
150 R2 = 0,9655
NO 3 -, m g kg -1
100
50
Ŷ = 41,0702 + 0,3810*x
R2 = 0,93
0
FOLHAS
200
Ŷ = 22,4273 + 0,6637**x
150 R2 = 0,9975
NO 3 -, m g kg -1
Ŷ = 1,7008 + 0,4928**x
100 R2 = 0,9381
50
0
TEST 30 60 90 120 150 Nitrogênio, kg ha-1
30 60 90 120 150 Esterco, t ha-1
Doses
Figura 11. Teores de nitrato (NO3-) na massa fresca da raiz, caule e folhas da
alface em função da adubação nitrogenada (rrrrr) e orgânica (rrrrr).
* e **: significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo
teste t. Areia-PB, CCA/UFPB, 2006.
49
Os teores de nitrato na massa fresca das folhas também aumentaram
linearmente em função de ambas as adubações empregadas sendo verificado um
teor máximo de 121,98 e 75,62 mg kg-1 de massa fresca, para a adubação
nitrogenada e orgânica, respectivamente. Esses resultados correspondem, em
relação à testemunha, a incrementos de 3,02 vezes para a adubação nitrogenada
e 0,89 vezes para adubação orgânica. Observa-se, assim, que a adubação
nitrogenada proporcionou um aumento de 1,49 vezes no teor de nitrato, em
relação à adubação orgânica (Figura 11).
Verifica-se que os teores de nitrato observados nas folhas da alface são
inferiores aos observados por diversos autores para alface produzida com
adubação mineral e orgânica (Pereira et al., 1989; Castro e Ferraz Júnior, 1998;
Beninni et al., 2002; Krohn et al., 2003; Cometti et al., 2004; Mantovani et al.,
2005), o que pode ser atribuído às condições em que o presente trabalho foi
conduzido, como elevada intensidade luminosa, temperatura e horário de coleta
(17 h), fatores que contribuem para reduzir o acúmulo de nitrato pelas plantas
(Marschner, 1995; Faquin et al., 1996; Mengel e Kirkby, 2001; Krohn et al., 2003;
Faquin e Andrade, 2004; Taiz e Zeiger, 2004).
Verifica-se ainda, que mesmo os mais elevados teores de NO3- obtidos
neste trabalho para as folhas estão aquém dos níveis permitidos pela União
Européia para alface, onde o limite máximo estabelecido é de 3500 a 4500 mg kg-1
na massa fresca (Van Der Boon et al., 1990). Considerando-se que o limite
aceitável para ingestão diária de NO3- pelo homem é de 3,6 mg kg-1 de peso vivo
(Escoín-Peña et al., 1998) e partindo dos teores máximos de nitrato as folhas de
forma a desprezar a contribuição de outras fontes de nitrato, como a água e as
carnes (Oshe, 2000), verifica-se que uma pessoa com 70 kg poderia consumir
diariamente até 2,094 kg de alface cultivada com a adubação nitrogenada e 3,379
kg de alface cultivada com adubação orgânica. Assumindo que um ser humano
de 70 kg em geral não consome mais do que 50 g de massa fresca da alface por
dia (Cometti et al., 2004), verifica-se que os valores obtidos para o acúmulo de
nitrato não fornecem, para ambas as adubações estudadas, nenhum risco a
saúde humana.
Com relação à distribuição na planta, os valores mais elevados de nitrato
em ambos as adubações foram encontrados no caule, enquanto que os menores
teores foram detectados nas raízes. Já as folhas, compartimento de maior
importância, já que é a parte que vai ser consumida, apresentou valores
50
intermediários aos encontrados para a raiz e o caule. Cometti et al. (2004)
também encontraram maiores teores de nitrato no caule quando avaliaram
diferentes sistemas de cultivos (orgânico, convencional e hidropônico). Os
mesmos autores também levantaram a hipótese de que o caule, por ser um órgão
de reserva, teria um efeito tampão, acumulando o excesso de nitrato para evitar
que a absorção de N em excesso possa afetar o crescimento da parte aérea,
dessa forma, o caule poderia amenizar grandes acúmulos de NO3- nas folhas. É
importante mencionar ainda que Cometti et al. (2004) também verificaram, em
todos os compartimentos analisados, maiores teores de nitrato no cultivo
convencional, em relação ao orgânico, resultados que corroboram os obtidos
neste estudo.
Segundo Marschner (1995), o acúmulo de nitrato ocorre quando há
excesso de absorção de nitrogênio em relação à capacidade de assimilação deste
nutriente pelas plantas, ou seja, incorporação do nitrogênio em moléculas
orgânicas, uma vez que havendo N disponível no solo para absorção a planta
tende a absorvê-lo além de sua demanda e estocá-lo nos vacúolos na forma de
nitrato. Dessa forma, as maiores concentrações de NO3- observadas para a
adubação nitrogenada, em relação à adubação orgânica (Figura 11),
provavelmente se deve à forma de N prontamente disponível presente nos
adubos solúveis, podendo ter resultado em excesso de absorção deste nutriente
pelas planta, algo que não ocorreu com aplicação de esterco, visto seu caráter de
disponibilização lenta de nutrientes (Santos et al., 2001b; Malavolta et al., 2002).
51
5. CONCLUSÕES
BOINK, A.; SPEIJERS, G. Health effect of nitrates and nitrites, a review. Acta
Horticulturae, Potsdam, n. 563, p. 29-36, 2001.
CARVALHO, M. A. C.; FURLANI JUNIOR, E.; ARF, O.; SÁ, M. E.; PAULINO,
H. B.; BUZETTI, S. Doses e épocas de aplicação de nitrogênio e teores
foliares deste nutriente e de clorofila em feijoeiro. Revista Brasileira Ciência do
Solo, Viçosa, v. 27, n. 3, p. 445-450, 2003.
LEIFERT, C.; FITE, A.; LI, H.; GOLDEN, M.; MOWET, A.; FRAZER, A. Human
health effects of nitrate. In: IFA AGRICULTURAL CONFERENCE ON
MANAGING PLANT NUTRITION, 1999, Barcelona. Proceeding. Barcelona:
IFA, 1999. 9p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
719 p. il.