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memória de Colombo
Prefessor Geraldo Pieroni, da UTP, resgata a memória de Colombo
13.07.09 | por Argemiro Garcia | Categorias: Geral
O grupo de Estudos de Imigração no Paraná, coordenado pelo professor da UTP Dr. Geraldo Pieroni, está fazendo um
trabalho aprofundado sobre a imigração italiana em Colombo. O objetivo é resgatar as lembranças vivenciadas pelos
descendentes de imigrantes italianos que residem ou residiram no município. O resultado da pesquisa será publicado
num livro.
O curso de Bacharelado em História da Universidade Tuiuti do Paraná, em parceria com a Fundação Padre Alberto
Casavecchia (FPAC), instituição sem fins lucrativos, vem trabalhando no projeto “Colombo Memória”, que tem como
objetivo resgatar as lembranças vivenciadas pelos descendentes de imigrantes italianos que residem ou residiram no
município de Colombo. Para tanto, foi criado o grupo de Estudos de Imigração no Paraná, coordenado pelo professor
da UTP Dr. Geraldo Pieroni.
A parceria, firmada em 2007, tinha o propósito de unir esforços e explorar mais o conteúdo do material já captado pela
FPAC. A criação do grupo possibilitou um estudo aprofundado sobre a imigração italiana no município de Colombo,
desde a origem até os dias atuais. A pesquisa consiste no levantamento e catalogação de fontes documentais e
bibliográficas.
A aluna de História da UTP Maurren Javorski, que participa do projeto desde o começo deste ano, explica que as
primeiras entrevistas com os imigrantes foram feitas pela FPAC e o trabalho dos acadêmicos é transcrever os
depoimentos e formar uma narrativa sobre a pessoa. “Além do áudio, que estava um pouco ruim, o sotaque dos
entrevistados também complicou o trabalho. A sorte é que minha mãe é descendente de italianos, de Colombo, por
sinal, e me ajudou a compreender algumas expressões.”
O coordenador do projeto explica que este é um trabalho de campo para os acadêmicos do 4o. e 5o. períodos, em que
aplicam na prática o que aprendem na teoria. “O aluno tem que transformar as entrevistas em textos que relatem toda
a história dos imigrantes sem modificar os dados das informações. Em um primeiro momento, este texto histórico pode
se tornar muito narrativo e a função do historiador é mudar esta visão. Assim, o acadêmico faz uma interpretação das
entrevistas cuja aplicabilidade da teoria possa ser fundamentada.”
Segundo Pieroni, esta prática profissional faz parte da grade curricular do curso de História da UTP para mostrar aos
estudantes como é a realidade do mercado e os tipos de trabalho que ele poderá exercer. “Quando o aluno põe em
prática a teoria ele já sai da universidade com segurança para exercer a profissão. Os estudantes têm que se
aperfeiçoar de acordo com as exigências do mercado e cada vez mais eles estão em busca desta prática, que não se
limita somente aos estágios. O que é um diferencial para a academia.”
O projeto tem como essência o resgate da memória e identidade das pessoas e para Maureen quando este resgate é
publicado ou contado por alguém, inspira uma espécie de interesse e orgulho ressentido, até mesmo por aqueles que
não dão valor para as coisas antigas. “Uma senhora que eu entrevistei me disse que hoje são poucos os que se
interessam ou tem respeito pela memória dos idosos. Antigamente as histórias de vida dos nossos avós eram mais
valorizadas, as crianças ficavam todas em volta para escutar e hoje isso se perdeu”. Ao ver o projeto, segundo a aluna,
sua mãe ficou muito orgulhosa, principalmente pelos seus tios que ainda moram em Colombo e contribuíram para a
história da cidade.
Maurren conta que trabalhar com a história oral foi complicado, mas ao mesmo tempo empolgante. “Depois de ter
transcrito o vídeo e feito a narrativa, fui a Colombo para conhecer os lugares que a minha entrevistada citava sobre sua
infância, como o Bacaetava, que é uma gruta bem famosa da cidade. Toda a experiência foi muito construtiva, tanto
para a minha formação acadêmica quanto na vida pessoal, pois me fez ver o quanto as pessoas guardam experiências
interessantes e o quão importante é o resgate desta memória.”
Ótimo tema este do degredo, que significa pena de desterro que a justiça impõe a criminosos, (exílios, banimento) e o
Brasil foi o lugar o qual se cumpria essa pena imposta pelo rei de Portugal, que fez dessa forma os primeiros
povoamentos do nosso País, por volta dos séculos XVI e XVII. Os autores que tratam deste tema, á priori já se
encontram com dificuldades relacionadas a este assunto, pois há problemas com a documentação relativa ao período,
que reside nos arquivos portugueses, fazendo com que esta fase de povoamento seja obscura. O contexto do degredo
depara-se com o imaginário da época, que as pessoas tinham em relação as essas terras recém “descobertas” (mitos
presentes nas cartas náuticas, animais pitorescos) lendas que somadas a dificuldades reais das terras causavam o
medo de seus povoadores. A coroa tinha de vencer o temor que muitos carregavam a respeito dessas terras,
montando por diversas vezes expedições recheadas de degredados (sujeitos que cometiam alguma espécie de crime)
com promessas de diminuição de penas e quem sabe a liberdade indivíduos esses que se misturavam até mesmo com
outros homens que tinham espírito de aventura, burgueses que pensavam em enrriquecer ou os que escapavam da
inquisição, cansados da vida em Portugal.
Este é um texto riquíssimo, que demonstra uma verdadeira miscigenação que foi estes primeiros momentos de
povoamento do que hoje chamamos de Brasil e esta obra dialoga com grandes nomes como Gilberto Freyre e
outros, pois são assuntos da formação da identidade do nosso povo, que repercutem ate hoje na forma de se enxergar
o Brasil.
Emilia Viotti Costa historiadora da USP. Texto Discutido O Problema dos Degredados.
Geraldo Pieroni, Doutor em História pela Université Paris sobornne e professor do Departamento de História da
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Texto Discutido O Problema dos Degredados.
Textos trabalhados pelo Professor Juiano Pirajá na Universidade Estadual de Goiás (Formosa-Go)