Sie sind auf Seite 1von 50

MANUAL DE FORMAÇÃO

Técnicas de Socorrismo
P Princípios Básicos

Nome documento Manual de Formação


Nome do curso: Técnicas de Socorrismo Duração: 8 h
Nome do módulo (s.a.) Primeiros Socorros e SBV (Suporte Básico Duração: 8 h
Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

de Vida - Adulto)
Autor: Raquel Gil Murça
Data última revisão: Agosto 2021
O conteúdo deste Manual é propriedade da Alves & Rasteiro, não podendo ser copiado
sem autorização da Alves & Rasteiro.

Capítulo I – Informações Gerais

1. Introdução /Enquadramento

Primeiros Socorros são um conjunto de ações prestadas no início de uma


situação de doença/acidente/evento inesperado, com caráter temporário, a um
doente ou ferido, até à chegada de ajuda diferenciada e qualificada. O objetivo é
estabilizar ou evitar o agravamento do estado da(s) vítima(s). Nesta fase é vital a
prestação de ajuda rápida e eficaz. Qualquer pessoa pode e deve ter formação em
primeiros socorros, sendo que a formação do público é uma medida fundamental para
que o socorro seja prestado de uma forma rápida e eficaz. No entanto, convém
relembrar que a implementação dos primeiros socorros não substitui nem deve
atrasar a ativação de ajuda diferenciada (112), mas deve, antes, impedir ações
desadequadas/incorretas, alertar e prestar auxílio. A correta prestação de primeiros
socorros poderá contribuir para que o processo de recuperação seja mais rápido ou
evitar/minimizar a origem de sequelas permanentes.
Princípios gerais do Socorrismo:
PREVENIR o agravamento do estado da vítima e acidente
ALERTAR corretamente o 112 (número europeu de socorro)
SOCORRER a vítima até à chegada de pessoal especializado na emergência

2. Objetivos a atingir
2.1. Objetivos Gerais:

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 2 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Socorrer adequadamente uma vítima de acidente ou doença súbita.


2.2. Objetivos Específicos:
Reconhecer os intervenientes do SIEM (Sistema Integrado Emergência Médica);
Reconhecer a importância da cadeia de sobrevivência;
Definir Primeiros Socorros;
Compreender os princípios básicos do socorrismo;
Identificar os parâmetros a avaliar no exame geral da vítima;
Distinguir exame primário e secundário;
Executar o exame geral da vítima;
Identificar e avaliar sinais de circulação e ventilação;
Reconhecer a informação a prestar aos elementos do INEM aquando da
ativação do mesmo;
Compreender as indicações, contraindicações e executar a técnica da PLS
(Posição Lateral de Segurança);
Classificar as feridas;
Identificar as complicações de uma ferida;
Compreender os cuidados perante uma ferida;
Classificar uma hemorragia quanto à localização e vaso afetado;
Compreender a forma de atuação perante uma hemorragia;
Compreender os procedimentos de compressão direta, indireta e quando se
aplicam;
Atuar perante epistaxis (hemorragia nasal);
Classificar as queimaduras, localização, profundidade e extensão;
Reconhecer as complicações imediatas e tardias de uma queimadura;
Compreender o algoritmo de atuação em vítimas de queimaduras;
Reconhecer a forma de atuar perante uma queimadura de acordo com
localização, profundidade, extensão e etiologia;
Reconhecer e identificar uma lesão osteoarticular;
Reconhecer a sintomatologia de uma lesão osteoarticular;
Compreender a forma de atuar perante uma lesão osteoarticular;
Reconhecer uma lipotímia (desmaio);

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 3 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Identificar fatores de risco da lipotímia;


Compreender a forma de atuação perante a pessoa com lipotímia;
Definir intoxicação;
Identificar as vias de absorção;
Reconhecer os sinais e sintomas de uma intoxicação;
Reconhecer a importância de contatar o CIAV (Centro de Informação
AntiVenenos);
Compreender a informação que deve ser transmitida ao CIAV;
Reconhecer a forma de atuação perante uma vítima intoxicada de acordo com
a via de absorção, produto e estado da vítima;
Classificar a OVA (Obstrução da Via Aérea quanto ao tipo e funcionalidade);
Identificar as principais causas de asfixia;
Reconhecer a OVA como causa de PCR (Paragem Cardiorrespiratória);
Atuar eficazmente perante uma vítima de OVA;
Definir PCR (Paragem Cardiorrespiratória);
Reconhecer a importância de uma RÁPIDA atuação perante a PCR;
Compreender o algoritmo de SBV no Adulto;
Executar manobras de SBV;

3. Resumo conteúdos programáticos

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 4 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

1.SIEM: Sistema Integrado de Emergência Médica …........................................... 8


1.1 Emergência ….......................................................................... 8
1.2. Objetivos do SIEM.................................................................. 8
2.INEM: Instituto Nacional de Emergência Médica …........................................... 9
3.Medidas Básicas de Higiene e Segurança/Controlo da Infeção …...................... 10
3.1. A cadeia de transmissão …..................................................... 10
4. Abordagem da Vítima ….................................................................................. 11
4.1. Exame Primário ….................................................................. 11
4.2. Exame Secundário ….............................................................. 12
4.3. PLS: Posição Lateral de Segurança …...................................... 13
5. Lesões da pele …............................................................................................. 14
5.1. Lesões fechadas …................................................................. 14
5.1.1. Equimose ….................................................. 15
5.1.2. Hematoma …................................................ 15
5.2. Lesões abertas ….................................................................... 15
5.2.1. Escoriação …............................................................ 15
5.2.2. Feridas Incisivas ….................................................... 15
5.2.3. Feridas Contusas …................................................... 17
5.2.4. Feridas Penetrantes ….............................................. 17
5.2.5. Amputação …........................................................... 18
5.3. Complicações associadas às lesões/feridas …......................... 19
5.4. Indicações para cuidados diferenciados ….............................. 19
6.Hemorragias …................................................................................................. 20
6.1. Classificação Origem …........................................................... 20
6.1.1. Arterial …................................................................. 20
6.1.2. Venosa …................................................................. 20
6.1.3. Capilar ….................................................................. 20
6.2. Classificação Localização …..................................................... 21
6.2.1. Hemorragia interna ….............................................. 21
6.2.2. Hemorragia externa ….............................................. 21

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 5 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

6.3. Compressão manual direta ….................................................. 21


6.4. Compressão manual indireta ou à distância …......................... 22
6.5. Sinais e sintomas …................................................................. 23
6.6. Atuação - Vítima consciente …................................................. 23
6.7. Atuação - Vítima inconsciente ….............................................. 23
6.8. Garrote …................................................................................ 24
6.9. Aplicação de frio ….................................................................. 24
6.10. Elevação do membro sangrante …......................................... 25
7. Epistaxis …........................................................................................................ 25
8. Queimaduras …................................................................................................. 25
8.1. Agente Causal …....................................................................... 25
8.2. Extensão …............................................................................... 26
8.3. Localização …........................................................................... 26
8.4. Profundidade …........................................................................ 26
8.5. Queimadura elétrica …............................................................. 28
8.6. Queimadura por produtos químicos em pó …........................... 29

9. Fraturas …......................................................................................................... 30
9.1. Fraturas abertas/expostas ….................................................... 30
9.2. Fraturas fechadas …................................................................. 30
9.3. Fratura do Ombro …................................................................. 32
9.4. Fraturas do Úmero …................................................................ 32
9.5. Fraturas do Ante Braço …......................................................... 33
9.6. Fratura da Perna …................................................................... 33
9.7. Fratura dos Dedos …................................................................. 34
10. Entorse …......................................................................................................... 34
10.1. Entorse simples …................................................................... 34
10.2. Entorse moderada ….............................................................. 35
10.3. Entorse severa/rutura dos ligamentos …................................ 35
11. Intoxicação/Envenenamento …....................................................................... 35
11.1. Via de absorção ….................................................................. 36

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 6 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

11.1.1. Ingestão/digestiva …............................................... 36


11.1.2. Inalação/respiratória …............................................ 36
11.1.3. Absorção/cutânea …................................................ 36
11.1.4. Injeção ….................................................................. 36
11.1.5. Mucosa ocular …......................................................... 36
11.2. Sintomas …............................................................................. 36
11.3. Atuação ….............................................................................. 36
12. Lipotímia …...................................................................................................... 38
12.1. Atuação ................................................................................. 38
12.1.1. Atuação antes da perda de consciência …................. 38
12.1.2. Atuação após perda de consciência …....................... 38
13. Obstrução da Via Aérea (OVA) …..................................................................... 39
13.1. Atuação Perante Vítima com OVA …...................................... 39
13.1.1. Manobra de Heimlich …........................................... 40
14. Suporte Básico de Vida (SBV) …....................................................................... 41
14.1. Cadeia de Sobrevivência …............................................................... 41
14.1.1. Acesso Precoce à Emergência Médica (112) ….................... 42
14.1.2. Início Precoce de Suporte Básico de Vida (SBV) ….............. 42
14.1.3. Desfibrilhação Precoce …................................................... 42
14.1.4. Suporte Avançado de Vida (SAV) ….................................... 43
14.2. Algoritmo de Suporte Básico de Vida – SBV …................................... 43
15. Mala de Primeiros Socorros …......................................................................... 46

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 7 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Capítulo II – Desenvolvimento dos Conteúdos

1.SIEM (Sistema Integrado de Emergência Médica)


Sistema existente em Portugal desde 1981 que constitui um conjunto de meios e
ações extra-hospitalares, hospitalares e inter-hospitalares, com a intervenção ativa
dos vários componentes de uma comunidade – PSP, GNR, Bombeiros, CVP (Cruz
Vermelha Portuguesa) , INEM, Hospitais, Centros de Saúde - programados de
forma a possibilitar uma ação rápida, eficaz e com economia de meios, em
situações de doença súbita, acidentes e catástrofes, nas quais a demora de
medidas adequadas, diagnóstico e terapêutica, podem acarretar graves riscos ou
prejuízo das vítimas. Ativa-se quando se liga o 112 (número europeu de
emergência) cujo atendimento é feito pela PSP nas centrais de emergência.
Sempre que o motivo da chamada seja da área da saúde é encaminhado para o
CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) do INEM (Instituto Nacional de
Emergência Médica) e este procura sempre ativar os meios de socorro mais
próximos do local independentemente da entidade a que pertence (INEM,
Bombeiros ou CVP).

1.1 Emergência
“Todos os problemas, reais ou potenciais, súbitos ou urgentes, físicos ou
psicossociais, que envolvem sempre uma avaliação inicial, um diagnóstico, um
tratamento e uma avaliação final. A resolução destes mesmos problemas pode
implicar, cuidados mínimos ou medidas de reanimação, ensino ao doente ou à
família, encaminhamento adequado e conhecimento das implicações legais.”
SHEEHY’S (2001)

1.2. Objetivos do SIEM


Chegar rapidamente ao local onde se encontra a vítima;
Estabilizar o estado da vítima no local do acidente;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 8 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Transportar rápida e adequada a vítima para o centro de saúde ou hospital mais


próximo;
Tratar adequadamente a vítima no local e /ou transferir para outro centro
diferenciado.
Para atingir tais objetivos, o sistema dispõe de um conjunto de meios e ações:
 Telecomunicações;
 Equipas de socorro preparadas,
 Material e equipamento adequado;
 Transporte rápido
E dispõe de um conjunto de Intervenientes:
 Hospitais;
 Bombeiros;
 Operadores de Central;
 Agentes da autoridade tripulantes de ambulância;
 Médicos e enfermeiros;
 Agentes da autoridade;
 Público.

2.INEM: Instituto Nacional de Emergência Médica


Organismo que coordena, desenvolve e assegura o bom funcionamento do SIEM,
por forma a garantir aos sinistrados ou vítimas de doença súbita a correta
prestação de cuidados de saúde.
O INEM coordena um conjunto de meios e serviços para responder às situações
de emergência médica;
O pedido de ajuda diferenciada é realizado através do contacto telefónico para o
número 112. Este é o Número Europeu de Emergência, podendo ser utilizado em
situações de emergência relacionados com a saúde, como também noutras
situações, tais como incêndios ou outros emergências. A chamada será atendida
pela Central de Emergência 112. Nas situações de emergência médica, a chamada
é transferida para o CODU - Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 9 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Quando contacta o 112 deve fornecer algumas informações essenciais para que
sejam ativados os meios adequados à situação de emergência em causa.

 Local exato da ocorrência e pontos de referência para o encaminhamento dos


meios de socorro;
 Tipo de ocorrência (acidente, doença súbita, parto...);
 Número e estado das vítimas;
 A gravidade aparente da situação;
 Número de telefone onde se encontra;
 Responder às perguntas que a central de emergência faz, respeitando as
indicações;
 A existência de qualquer situação que exija o envio de outros meios de
socorro, libertação de gases, incêncio etc;
 Desligar o telefone somente quando a central de emergência indicar.

3.Medidas Básicas de Higiene e Segurança/Controlo da Infeção


A abordagem de uma vítima implica sempre algum contato físico ou de
proximidade, portanto o risco de infeção está presente através da cadeia de
transmissão. Assim o objetivo do controlo da infeção é:
 Identificar,
 Compreender e
 Eliminar ou reduzir os riscos de infeção através de algumas medidas eficazes
de prevenção da: Contaminação: presença de microrganismos sem
proliferação.
Colonização: presença de microrganismos com multiplicação mas sem expressão
clínica (sem reação do hospedeiro, sem resposta imune). O individuo colonizado
é um portador assintomático, mas que tem risco acrescido de infeção por esse
agente colonizante.
Infeção: presença de microrganismos com proliferação e invasão de tecido vivo.

3.1. A cadeia de transmissão

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 10 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

A cadeia de transmissão pressupõe:


Um agente infecioso (vírus, bactéria etc), um reservatório (hospedeiro ou superfícies
inertes), porta de saída (via oral, nasal, cutânea), via de transmissão (via aérea),
porta de entrada (via oral, nasal, cutânea) e um hospedeiro suscetível.
Medidas simples de higiene reduzem o risco e quebram a cadeia de transmissão.
Assim é importante:
Higienizar as mãos antes e depois de qualquer contato com a vítima;
Usar luvas sempre que tiver de efetuar algum tipo de cuidado à vítima;
Manter o equipamento limpo;
Nunca reutilizar o material de um uso único;
Lavar e desinfetar tesouras, pinças e outro material reutilizável.

4. Abordagem da Vítima
Perante uma ocorrência da qual tenha resultado uma vítima quem presta o
socorro deve ter em consideração uma sequência de procedimentos a tomar, segundo
uma ordem específica. Estes procedimentos visam manter a integridade do socorrista,
permitindo a prestação de primeiros socorros de uma forma rápida e eficaz, com
ativação atempada dos meios de ajuda diferenciada adequados. Assim sendo, os
princípios básicos de atuação perante uma vítima são:
 Criar condições de segurança para o socorro no local do acidente;

 4.1. EXAME PRIMÁRIO


Esta avaliação pretende verificar a presença/ausência de sinais de respiração e
circulação sanguínea, o VOS, (Ver, Ouvir, Sentir) tem uma duração de 10 segundos
durante os quais o socorrista deve:
Verificar a Consciência;
Ver movimentos torácicos;
Ouvir ruídos respiratórios;
Sentir a saída de ar;
Pulso (palpar pulso/sinais circulação);

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 11 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Figura 1 – VOS - Ver, Ouvir, Sentir

Após a execução do VOS’P verificar:


 Se mantém sinais respiratórios e circulatórios: garantir a segurança da vítima
colocando-a em Posição Lateral de Segurança (PLS);
 Se não apresenta sinais respiratórios nem circulatórios: iniciar procedimentos
de Suporte Básico de Vida.

 4.2. EXAME SECUNDÁRIO


Geralmente na vítima CONSCIENTE faz-se de seguida uma observação mais
detalhada, o exame secundário, para obtenção de mais informações. Nesta fase se
possível deve-se avaliar:
Temperatura timpânica: 37-38ºC ou axilar: 36-37.2ºC;
Pulso: 60-100bpm (rítmico);
Frequência Respiratória: 15-20 ciclos (Inspiração/expiração profunda e
regular);
Tensão Arterial: 80/120mm/hg (adulto) 90/140mm/hg (idoso)
Dor: Presente/ausente
Sintomas:
As sensações descritas pela vítima podem ser indicadoras de lesões (ex.: dor,
tonturas);
Sinais:
O que o socorrista pode identificar através dos seus sentidos.
Caso a vítima se encontre INCONSCIENTE, pode correr risco de vida, pois
facilmente ocorre a obstrução da via aérea, quer devido à queda da própria língua,

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 12 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

quer pelo acumular de secreções, vómito, sangue ou um corpo estranho na cavidade


oral. Assim, perante uma vítima inconsciente, o socorrista deve proceder à abertura
da via aérea, utilizando a técnica correta em relação ao tipo de ocorrência (se é de
trauma ou de doença). Posteriormente avalia-se a presença de objetos estranhos ou
secreções na cavidade oral; caso se verifique a sua presença, estes só devem ser
removidos se estiverem visíveis. De uma forma rápida e eficaz, o socorrista deve
verificar se a vítima respira e mantém sinais de circulação sanguínea. Para tal, após ter
sido efetuada a abertura e permeabilização da via aérea, aproxima-se da face da
vítima e observa-se o tórax. Em simultâneo deve-se colocar a extremidade de dois
dedos num local onde facilmente se possa verificar a presença de pulso (ex.: região da
artéria jugular).

4.3. PLS: Posição Lateral de Segurança


A Posição Lateral de Segurança (PLS) consiste em colocar numa posição de
segurança uma pessoa que esteja inconsciente, mas que respire normalmente e tenha
um bom pulso. Objetivos da Posição Lateral de Segurança (PLS):
- Manter a permeabilidade da via aérea;
- Impedir a queda da língua;
- Impedir o risco de aspirar o vómito do conteúdo gástrico ao respirar;
- Facilitar a saída de fluídos da boca (sangue, vómito).
A Posição Lateral de Segurança NÃO DEVE SER REALIZADA quando a vítima:
- Não estiver a respirar ;
- Tiver uma lesão na cabeça, pescoço ou coluna;
- Tiver um ferimento grave que possa agravar.
Perante uma vítima inconsciente avaliar se apresenta sinais de respiração e
circulação (VOS’P). Caso apresente estes sinais, prosseguir:
• Retirar óculos e outros objetos que possam magoar ;
• Desapertar o colarinho e/ou roupa no pescoço;
• Colocar o braço proximal da pessoa para cima, alinhado com a cabeça num
ângulo de 90º e com a palma da mão virada para cima;
• Colocar a mão oposta junto da sua face e ficar a segurar;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 13 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

• Fletir a perna do lado oposto e segurar no joelho;


• Manter a mão da pessoa a segurar na face, segurar na perna e ao mesmo
tempo fazer a rotação da pessoa;
• Posicionar a pessoa com a cabeça em extensão;
• Ajustar a perna num ângulo reto;
• Contatar o 112.

Figura 2 – PLS - Posição Lateral de Segurança

5. Lesões da pele
As lesões da pele ocorrem muito frequentemente podendo resultar em situações mais
ou menos graves. É fundamental que o socorrista saiba identificar o tipo de lesão com
que se depara para que possa tomar os procedimentos adequados e ativar
atempadamente a ajuda diferenciada, caso seja necessário. As lesões da pele dividem-
se em dois principais grupos: as lesões fechadas e as lesões abertas.

5.1. Lesões fechadas


As lesões fechadas correspondem a lesões internas em que a pele se mantém íntegra
e geralmente estão associadas a pequenas hemorragias internas. Na maior parte dos

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 14 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

casos resulta de um impacto. Neste tipo de lesões incluem-se as equimoses e os


hematomas.
5.1.1. Equimose
Lesão normalmente conhecida como nódoa negra, resulta do rompimento de
vasos sanguíneos de pequeno calibre (capilares), levando à acumulação de
sangue em pequena quantidade nos tecidos.
5.1.2. Hematoma
Lesão resultante do rompimento de vasos sanguíneos de um calibre
considerável, provocando o acumular de sangue nos tecidos. Podem estar
associados outros traumatismos, como fraturas. Perante uma vítima com lesão
fechada deve:
- Acalmar a vítima;
- Fazer aplicação de frio no local;
Caso exista suspeita de outras lesões associadas, nomeadamente fraturas, deve ligar
112 e aguardar pelo socorro mantendo a vigilância da vítima.

5.2. Lesões abertas


Nas lesões abertas a integridade da pele foi atingida, ou seja, existe uma ferida.
Podem dar origem a infeções e perdas de sangue. Neste tipo de lesões incluem-se
lesões superficiais (como a escoriação e a ferida incisiva) e profundas (como a ferida
contusa, ferida penetrante e a amputação).
5.2.1. Escoriação
Lesão superficial da pele dolorosa e com uma pequena hemorragia. Não apresenta
gravidade, é normalmente causada por abrasão.
5.2.2. Ferida Incisiva
Lesão da pele originada normalmente por objetos afiados. Pode ser necessário fechar
por sutura, pode ser profunda e atingir vasos sanguíneos de grande calibre. A
desinfeção das feridas abertas não deve ser feita com mais do que um desinfetante
pelo risco de interação entre eles.
Perante lesões superficiais deve:
- Lavar as mãos e calçar luvas descartáveis;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 15 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

- Lavar bem a ferida com água corrente;


Escoriação: Cobrir com um penso esterilizado;
Ferida Incisiva: Unir os bordos da ferida e cobrir com um penso esterilizado
compressivo.
No caso das feridas incisivas, se for profunda ou ocorrer perda de muito sangue deve
ligar 112 ou encaminhar para hospital.

Figura 3 – Escoriação

Figura 4 – Ferida Incisiva

5.2.3. Feridas Contusas


Lesão provocadas por objetos rombos, caracterizando-se por traumatismos nas zonas
circundantes, hemorragias e edemas. Podem ser profundas e atingir vasos sanguíneos
de grande calibre.
Perante a vítima com ferida contusa deve:
- Lavar as mãos e calçar luvas descartáveis;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 16 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

- Lavar bem a ferida com água corrente;


- Aplicar solução desinfetante;
- Elevar a parte do corpo que sangra;
- Cobrir com um penso esterilizado e compressivo;
- Proteger com uma ligadura sem apertar demasiado;
Se mantiver hemorragia ativa ou em caso de suspeita de outros traumatismos:
- Ligar 112 ou encaminhar para o hospital;
- Manter a vigilância da vítima;

Figura 5 – Ferida Contusa

5.2.4. Feridas Penetrantes


Lesão resultante da perfuração por parte de um objeto geralmente aguçado,
associada a hemorragias internas e lesões de órgãos internos. É um tipo de lesão
grave e requer uma atuação rápida e eficaz. É fundamental NÃO MOBILIZAR NEM
RETIRAR O OBJETO PERFURANTE.
Perante uma vítima de lesão penetrante deve:
- Lavar as mãos e calçar luvas descartáveis;
- Lavar bem com água corrente;
- Cobrir com um penso esterilizado e imobilizar o objeto;
- Ligar 112 mantendo a vigilância da vítima até à sua chegada.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 17 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Figura 6 – Ferida Penetrante

5.2.5. Amputação
Lesão em que ocorre a separação parcial ou total de um membro. Este tipo de lesão é
grave estando associada a hemorragias e fraturas. Requer uma atuação rápida e
eficaz.
Perante uma vítima de amputação deve:
- Calçar luvas descartáveis;
- Controlar a hemorragia: Se necessário realizar garrote;
- Cobrir a zona com penso esterilizado ,SEM LAVAR OU DESINFETAR, ou com pano
limpo e sem pelos;
- Contactar 112;
- Guardar o membro amputado num saco limpo e bem fechado, se possível
esterilizado e com gelo.
- Aguardar pela chegada de ajuda diferenciada mantendo a vigilância da vítima.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 18 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Figura 7 – Ferida por Amputação

Em qualquer tipo de lesão da pele NÃO DEVE:


• Tocar nas feridas sangrantes sem luvas;
• Utilizar o material (luvas, compressas, etc.) em mais de uma pessoa;
• Soprar, tossir ou espirrar para cima da ferida;
• Utilizar mercúrio ou água oxigenada para desinfeção da ferida (deve utilizar Iodopovidona
(Betadine Dérmico) ou soro fisiológico);
• Fazer compressão direta em locais onde haja suspeita de fraturas, de presença de corpos
estranhos, ou junto das articulações;
• Realizar garrote se for possível controlar hemorragia por outros meios;
• Tentar tratar uma ferida mais grave, extensa ou profunda, que apresente tecidos;
esmagados ou infetados, ou que contenha corpos estranhos.

5.3. Complicações associadas às lesões/feridas


Infeção;
Hemorragia;
Choque;
Lesões de nervos e tendões, lesões de órgãos internos;
Contaminação - doença (tétano).

5.4. Indicações para cuidados diferenciados


Ferida de grandes dimensões;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 19 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

A vítima referir dor;


A ferida tiver um objeto ou resíduos e não conseguir retirá-los;
A ferida for causada por uma mordedura humana ou animal;
Hemorragia intensa;
A vítima não tiver a certeza se tem vacina anti-tetânica atualizada.

6.Hemorragias
Um individuo tem aproximadamente 7 a 8% do seu peso corporal em sangue (cerca de
5 a 6 litros no adulto). Uma hemorragia consiste na perda de sangue de forma não
controlada. A gravidade desta ocorrência varia consoante o vaso sanguíneo
atingido e o tipo de hemorragia que está a decorrer. Uma hemorragia extensa não
controlada pode conduzir a Estado de Choque que é resultado da perda sanguínea
com insuficiência circulatória e deficiente oxigenação dos órgãos vitais podendo
conduzir à morte em poucos minutos.

6.1. Classificação Origem


6.1.1. Arterial
Vaso de grande calibre e com maior pressão sanguínea verifica-se a saída
intermitente de sangue vermelho claro (oxigenado) e brilhante;
6.1.2. Venosa
Saída contínua de sangue vermelho escuro;
6.1.3. Capilar
Verifica-se saída de sangue em pequena quantidade;
A hemorragia é tão mais grave quanto maior o vaso sanguíneo atingido, e se for
lesionada uma artéria esta hemorragia também é mais grave e mais dificilmente
controlada.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 20 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Figura 8 – Tipos de Hemorragia quanto à Origem do Vaso Afetado

6.2. Classificação Localização


6.2.1. Hemorragia interna
Podem ser percetíveis ou não (sangue ouvido, nariz, boca) sendo mais difícil a
identificação da sua origem.
6.2.2. Hemorragia externa
As hemorragias externas são de fácil identificação, geralmente decorrentes de
feridas. Perante uma hemorragia externa, o socorrista pode recorrer a um
conjunto de técnicas que ajudam a controlá-la:
• Compressão manual direta;
• Compressão manual indireta ou à distância;
• Garrote;
Os resultados obtidos pela aplicação das técnicas anteriormente referidas podem ser
otimizados através de:
- Aplicação de frio;
- Elevação do membro afetado.

6.3. Compressão manual direta

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 21 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

A compressão manual direta consiste em fazer compressão diretamente sobre a lesão


que sangra. Para tal deve utilizar compressas ou um pano limpo. Caso o volume de
compressas seja excessivo, ou caso necessite de trocar de compressas, deve retirar a
maioria sem remover aquelas que estão em contacto direto com a ferida, de forma a
evitar que a mesma volte a sangrar. A compressão manual direta NÃO DEVE ser
realizada nas seguintes situações:
- Ferida com objeto empalado;
- Ferida associada a fraturas.

Figura 9– Compressão Manual Direta

6.4. Compressão manual indireta ou à distância


A compressão manual indireta ou à distância realiza-se quando não é possível efetuar
a compressão manual direta. Consiste em fazer compressão num ponto
(preferencialmente na localização de um grande vaso sanguíneo) entre o coração e a
lesão sangrante.
 Sangramento na perna: Realizar compressão na virilha do lado da perna
sangrante;
 Sangramento no braço: Realizar compressão abaixo do ombro.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 22 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Figura 10 – Compressão Manual Indireta

6.5. Sinais e sintomas


 Ansiedade, sede, náuseas;
 Taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos); taquipneia (aumento da
frequência respiratória);
 Hipotensão arterial (tensão arterial baixa);
 Pele fria, pálida e sudorética;
 Agitação, confusão ou inconsciência, zumbido, alteração da visão e dilatação
pupilar;
 Morte (perda de sangue ≥ 50% do volume sanguíneo).

6.6. Atuação - Vítima consciente


 Ligar 112;
 Tranquilizar a vítima;
 Arejar o local para a vítima poder ventilar de forma mais eficaz;
 Desapertar as roupas no pescoço, tórax e abdómen;
 Auxiliar a instalar-se numa posição confortável;
 Movimentar a vítima o menos possível até chegada de ajuda diferenciada.

6.7. Atuação - Vítima inconsciente


 Ligar 112;
 Colocar em PLS;
 Manter a temperatura corporal da vítima;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 23 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

 Aplicar as técnicas adequadas conforme o tipo de hemorragia.

6.8. Garrote
A técnica de controlo de hemorragia através da realização de garrote só deve ser
utilizada quando todas as outras técnicas falharam ou quando ocorreu a
destruição/amputação de um membro.
Como realizar um garrote:
- O material utilizado deve ser de tecido não elástico, largo e preferencialmente
aplicado por cima da roupa a 15 cm da lesão;
- Aplicar o garrote entre a ferida e o coração; respeitando os 15 cm acima da
lesão;
- Anotar sempre a hora a que o garrote começou a fazer compressão;
Após a realização de um garrote este NUNCA DEVE SER RETIRADO ATÉ À CHEGADA
AO HOSPITAL, pois pode colocar em risco a vida da vítima.

Figura 11 – Garrote

6.9. Aplicação de frio


A aplicação de frio provoca a contração dos vasos sanguíneos reduzindo a
hemorragia. Se não tiver gelo disponível pode aplicar um pano molhado em água
fria. Ainda assim, deve ter em consideração que a aplicação de gelo requer alguns
cuidados. O gelo deve ser envolvido num pano limpo ou em compressas e só

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 24 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

depois aplicado sobre a lesão. Estas aplicações não devem exceder períodos de
tempo superiores a 10 minutos, sob o risco de desenvolver uma queimadura por
frio.

6.10. Elevação do membro sangrante


A elevação do membro sangrante tem como por objetivo utilizar a força da gravidade
para reduzir a pressão de sangue na zona da lesão, e assim diminuir a quantidade de
sangue perdido. Para a sua realização deve-se garantir que não existem outras lesões
que possam ser agravadas.

7. Epistaxis
A hemorragia do nariz, denominada epistaxis, é um tipo de hemorragia que ocorre
com alguma frequência, principalmente em crianças.
Nestas situações deve:
 Calçar luvas descartáveis;
 Manter a vítima sentada, com a cabeça na posição normal;
 Comprimir com o dedo a narina que sangra, durante 5 minutos ;
 Aplicar gelo externamente e sem contato direto com a pele ;
 Se a hemorragia não parar, introduzir um tampão coagulante com capacidade
de absorção (spongostan) na narina que sangra, fazendo ligeira pressão para
que a cavidade nasal fique bem preenchida;
 Se necessário, encaminhar a vítima para o hospital;
Em caso de epistaxis NÃO DEVE:
 Controlar a hemorragia nasal que resulte de traumatismo;
 Assoar;
 Lavar o nariz internamente.

8. Queimaduras
Uma queimadura é uma lesão do tecido produzida pelo efeito do calor, de produtos
químicos ou eletricidade. As queimaduras são classificadas de acordo com:
8.1. Agente Causal

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 25 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Térmica (Provocada por calor, líquidos quentes, objetos aquecidos, vapor);

Química (provocada por ácidos e bases);


Elétrica (provocada por raios e corrente elétrica);
Radiação (provocada por radiação nuclear ou até mesmo pelo sol - raios ultra-
violeta).
8.2. Extensão
Expressa em percentagem (%). Quanto mais extensa for a queimadura maior o
risco de complicações para a vítima;
8.3. Localização
Locais de queimaduras mais graves: face, genitais, queimaduras circulares
(envolvem todo o perímetro circular de um membro; comprometendo a circulação
sanguínea na sua extremidade).
8.4. Profundidade
1º grau (superficial, só é afetada a epiderme);
2º grau (parcial, afeta epiderme e derme);
3º grau (toda espessura da pele é afetada, epiderme, derme e
hipoderme).
Queimadura de 1º Grau:
São as menos graves em que apenas foi atingida a primeira camada da
pele. A pele apresenta-se com rubor, calor e dor, muito sensível ao tato,
húmida e inchada. A área queimada torna-se branca ao tocá-la ligeiramente.

Figura 12 – Queimadura 1ºGrau

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 26 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Queimadura de 2º Grau:
Nestas queimaduras é atingida a primeira (epiderme) e segunda
(derme) camadas da pele. Formam-se bolhas na pele (flictenas), cuja base
pode ser vermelha ou branca, as quais estão cheias de um líquido claro e
espesso. Presença de rubor, calor e dor.

Figura 13 – Queimadura 2ºGrau

Queimadura de 3º Grau:
Na queimadura de 3º grau ocorre a destruição da pele e de outros
tecidos subjacentes. Pode apresentar coloração esbranquiçada, castanha ou
preta (tipo carvão). O doente, na maioria dos casos, não refere dor pois houve
a destruição dos terminais nervosos da pele, responsáveis pela transmissão de
informação de dor ao cérebro. A dor pode estar presente ao nível dos bordos
da lesão.

Figura 14 – Queimadura 3ºGrau

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 27 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Perante a vítima de qualquer tipo de queimadura deve interromper-se


imediatamente o efeito do calor. Arrefecer com água fria durante 10, 15
minutos, NÂO USAR GELO. Este procedimento é fundamental. Não basta
remover a fonte de calor. Uma queimadura continua a produzir calor nos
tecidos mesmo após remoção da fonte de calor continuando a lesar a pele.
Em caso de incêndio usar lençol/manta para apagar possíveis chamas
do corpo da vítima. Deve ainda retirar pulseiras, relógios, roupas que não
estejam aderentes à pele da vítima.
Em situações de queimaduras de 2º grau, se as bolhas não estiverem
rebentadas, não as rebentar. Se as bolhas rebentarem, não cortar a pele da
bolha esvaziada. Sobre a queimadura aplicar compressa esterilizada húmida ou
molhada para não aderir à pele. Na ausência de compressas, cobrir a zona com
um pano limpo e sem pelos.
Nas queimaduras de 3º grau deve lavar cuidadosamente com soro
fisiológico. Não usar água pois aumenta o risco de infeção e deficiente
cicatrização. Envolver a zona queimada com compressas esterilizadas ou pano
humedecido com soro. Se a queimadura for muito extensa, envolver a vítima
num lençol lavado e que não largue pelos, previamente humedecido com soro
fisiológico ou, na sua falta, com água fria. A vítima de queimaduras muito
extensas ou que sejam de 2º ou 3º grau são sempre encaminhadas para o
hospital.
8.5. Queimadura elétrica
Pode ser causada por “flash” elétrico (faísca) ou pela passagem direta
da corrente elétrica através do corpo. O flash elétrico produz queimaduras
idênticas às térmicas.
A passagem direta de corrente elétrica pelo corpo provoca destruição
tecidular interna. A lesão visível não reflete os danos que os tecidos
subjacentes sofreram com a condução elétrica. Habitualmente este tipo de
lesão apresenta uma porta de entrada (local de contacto com a corrente
elétrica) e uma porta de saída (local de saída de corrente após uma trajetória

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 28 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

pelo corpo). A sua gravidade depende do tipo de corrente, da quantidade de


corrente, da duração do contacto e do seu trajeto.

 Não toque na vítima até cortar a corrente. Tome cuidado com


os fios soltos no chão.
 Observe se ocorreu Paragem Cardíaca:
Em caso afirmativo iniciar Suporte Básico de Vida
Em caso negativo: Observar porta de entrada procedendo aos cuidados
adequados.
Prevenir a queda do sinistrado se estiver em situação instável;
Proteger a queimadura;
Ligar SEMPRE 112.

Figura 15 – Queimadura Elétrica

8.6. Queimadura por produtos químicos em pó


Limpar o pó e só depois prosseguir com as demais etapas.
 Retirar as roupas da vítima, tendo o cuidado de não queimar as
próprias mãos. Se a queimadura for muito extensa NÃO retirar
as roupas;
 Lavar o local com água corrente por 10 minutos, os olhos 15
minutos do canto interno para o externo. Deixar o globo ocular
humedecido e proteger a vítima da luz o que evita a adesão da
pálpebra ao globo ocular;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 29 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

 Nas articulações e zonas de contato interpor compressas para


evitar a adesão da pele;
 Ligar 112.

9. Fraturas
O esqueleto é o suporte e proteção do corpo humano, permitindo manter-nos na
posição ereta. Quando submetido a uma força energética superior à sua capacidade
de absorção pode sofrer fraturas. Assim, a fratura define-se quando existe toda e
qualquer alteração da continuidade de um osso.
As fraturas podem ser:
9.1. Fraturas abertas/expostas
Quando existe exposição dos topos ósseos por rotura da pele. Normalmente
encontram-se associadas a hemorragia abundante e com grande risco de infetar.
9.2. Fraturas fechadas
A pele encontra-se intacta, não se visualizando os topos ósseos.
Geralmente a existência de fraturas encontra-se associada a um conjunto de sinais e
sintomas, sendo os mais comuns:
• Dor localizada;
• Perda da mobilidade;
• Pode haver deformação do membro afetado;
• Alteração da sensibilidade;
• Edema (inchaço) equimose e/ou hematoma;
• Alteração da coloração da pele;
• Crepitação óssea: som dos topos ósseos na zona de fratura;
• Exposição óssea, no caso da fratura exposta.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 30 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Figura 16 – Fratura Fechada (esquerda) Fratura Exposta (direita)

O que fazer em caso de suspeita de fratura:


 Instalar a vítima confortavelmente sem provocar movimentos e colocar
o membro fraturado na posição mais natural possível e que não agrave
a dor;
 Retirar adornos;
 Expor a zona, cortando a roupa, se isso não implicar a mobilização do
membro/zona afetada;
 Em caso de hemorragia: controlar por compressão manual indireta;
 Se existirem feridas, limpá-las ou cobrir com compressas antes de
imobilizar;
 Lidar com os topos ósseos visíveis como se fossem corpos estranhos
encravados, protegendo-os com compressas esterilizadas se possível;
 Imobilizar a fratura.
A imobilização de uma fratura consiste na restrição de movimentos de uma
determinada área.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 31 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

O tipo de imobilização e o modo da sua realização varia consoante a localização da


fratura. Perante uma suspeita de fratura, antes de mais, o socorrista deve estar seguro
quanto ao tipo de imobilização a adotar, pois a sua incorreta realização pode levar ao
agravamento do estado da vítima.
Antes de iniciar qualquer procedimento deve descartar a possível existência de
fraturas cranianas ou vertebro-medulares. Caso se verifique a possibilidade de este
tipo de fraturas terem ocorrido, quem presta o socorro não mobiliza a vítima.
Caso estejam reunidas as condições para a realização de imobilização por suspeita de
fratura o socorrista deve ter em consideração os seguintes aspetos:
 Não efetuar movimentos desnecessários, nem forçar movimentos;
 Não efetuar qualquer pressão sobre o foco de fratura;
 Imobilizar acima e abaixo da fratura (se for articulação imobilizar as
articulações), mantendo o alinhamento do membro;
 Utilizar de preferência talas de madeira almofadadas (ou cobrir a
madeira com um cobertor ou casaco);
 Não dar água nem comida à vítima.

9.3. Fratura do Ombro


São fraturas que deverão ser imobilizadas, colocando o braço ao peito passando
depois uma banda sobre o tórax para que não haja movimentos de rotação do
membro durante o transporte.

Figura 17 – Imobilização Fratura Ombro

9.4. Fraturas do Úmero

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 32 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

São fraturas que carecem de atenção e muito cuidado na manipulação. A pesquisa de


mobilidade é passiva, ou seja, a vítima é que mexe ou não. Não deve mobilizar o
membro sob risco de agravar as lesões existentes. A imobilização é idêntica à
imobilização do ombro.

9.5. Fraturas do Ante Braço


O antebraço é constituído por dois ossos (o cúbito e o rádio) pelo que, em caso de
fratura de um desses ossos o outro funciona como uma tala. Ainda assim, em caso de
suspeita de fratura do ante-braço, este deve ser imobilizado evitando movimentos
que possam agravar a lesão.

Figura 18 – Imobilização Fratura Ante Braço

9.6. Fratura da Perna


Não permitir que a vítima se sente ou se levante e pedir que coloque a perna em
extensão (não forçar o movimento). Na imobilização da perna a tala usada deve ser
até à cintura.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 33 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Figura 19 – Imobilização Fratura Perna

9.7. Fratura dos Dedos


Pedir para a vítima realizar a extensão do dedo afetado para que possa ser imobilizado
em posição de extensão, utilizando uma tala e adesivo. Na ausência de uma tala,
pode-se imobilizar o dedo lesado ao dedo sem lesões, sendo que este último exerce a
função de tala.

Figura 20 – Imobilização Fratura Dedos

10. Entorse
Lesão provocada pelo movimento exagerado de uma articulação ocorrendo lesão dos
ligamentos – estiramento (distender, rasgar ou rutura). É frequente ocorrer nos
tornozelos, joelhos e ombros.
A entorse pode ser classificada em 3 graus:
grau 1 - simples;
grau 2 –moderada ;
grau 3-severa.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 34 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

10.1. Entorse simples - Grau 1


Sintomas: dor e edema ligeiros;
Atuação:
Ligadura compressiva por forma a garantir a imobilização da articulação;
Elevação;
Aplicação de gelo.
10.2. Entorse moderada - Grau 2
Sintomas: dor, sensibilidade na zona, edema e incapacidade de utilização do membro.
Atuação:
Ligadura compressiva;
Elevação do membro afetado;
Aplicação de gelo;
Ligar 112 ou encaminhar para hospital;
10.3. Entorse severa/rutura dos ligamentos - Grau 3
Sintomas: dor intensa, edema, sensibilidade, descoloração do membro e incapacidade
de utilização do mesmo.
Atuação:
Elevação do membro afetado;
Aplicação de gelo;
Ligar 112 ou encaminhar para hospital.

Figura 21 – Entorse Graus de Severidade

11. Intoxicação/Envenenamento

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 35 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Diariamente contatamos com produtos tóxicos quer em nossa casa quer no local
de trabalho. Quando ocorre um envenenamento é fundamental ter conhecimento
acerca dos procedimentos a tomar.
Com o propósito de permitir um auxílio adequado às vítimas de envenenamento
existe um Centro Informativo Anti Veneno (CIAV), com médicos especializados que
aconselham os procedimentos a tomar tendo em conta a via de envenenamento e o
produto que o provocou. CIAV: 808 250 143.
O envenenamento consiste numa série de efeitos sintomáticos quando uma
substância tóxica entra em contato com o corpo humano.
Essas substâncias podem ser absorvidas por diferentes vias:
11.1. Via de absorção
11.1.1. Ingestão/digestiva (comida, álcool, medicamentos);
11.1.2. Inalação/respiratória (gases tóxicos, fumos ou vapores, mistura de reagentes);
11.1.3. Absorção/cutânea (contacto com o organismo através da pele);
11.1.4. Injeção (picadas de animais, estupefacientes);
11.1.5. Mucosa ocular (quando um produto atinge os olhos).
Em caso de envenenamento deve:
- Realizar uma rápida e segura abordagem à vítima, procurando reunir informações
sobre o sucedido;
- Se necessário remover a vítima para longe da fonte de envenenamento - Contatar
CIAV, ou 112 (que irá estabelecer ligação ao CIAV);
- Ao contactar um dos números de apoio de emergência, para além das informações a
referir anteriormente indicadas, deve ainda transmitir os seguintes dados:
• Quem; sexo, idade e peso aproximado da vítima, gravidez;
• O quê; nome da substância, animal, planta;
• Quanto; quantidade ingerida ou tempo de exposição;
• Quando; há quanto tempo;
• Onde; em casa, na rua;
• Como; jejum, alimentos, bebidas alcoólicas

11.2. Sintomas

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 36 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Dificuldade em respirar;
Cianose;
Confusão;
Possível inconsciência com PCR.

11.3. Atuação
- Seguir as indicações do CIAV, específicas para cada veneno;
- As embalagens devem ser guardadas.
NÃO DEVE:
- Provocar o vómito;
- Dar de beber ou comer.
De acordo com a via pela qual ocorre um envenenamento, existem um conjunto de
medidas específicas a seguir:
Por Inalação:
- Verificar se o local é seguro e arejado;
- Abordar a vítima em segurança retirando-a do local para uma zona arejada. Por
Ingestão:
Muitas das intoxicações por via digestiva são de fácil resolução pela remoção do
conteúdo gástrico através da indução do vómito. No entanto, a sua realização tem
contra indicações e está dependente do tempo decorrido e do produto em causa.
NÃO se estimula o vómito nas seguintes situações:
• Vítima inconsciente, sonolenta ou que não consegue engolir;
• Ingestão de corrosivos;
• Ingestão de produtos que provoquem convulsões;
• Ingestão de produtos que façam espuma;
• Ingestão de petróleo ou derivados.
Somente deve ser estimulado o vómito quando lhe for dada indicação pelo CIAV ou
pelo operador da central 112.

Por Absorção:
- Remover as peças do vestuário que estiverem em contacto com o tóxico;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 37 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

- Não aplicar quaisquer produtos sobre a zona atingida;


- Lavar com água corrente a zona atingida durante pelo menos 15 minutos. Pelo
Olho:
- Lavar o olho atingido, com recurso a água. A lavagem deve ser efetuada do canto
interno do olho para o canto externo e mantida durante 15 minutos.

12. Lipotímia
Perda momentânea da consciência, sem alteração da frequência cardíaca ou do
padrão respiratório. Normalmente esta situação dura cerca de 2 a 3 minutos .
Pode apresentar diversas causas como: o excesso de calor, fadiga, hipoglicemia,
hipotensão, factor emocional, debilidade orgânica, e problemas cardíacos ou
cerebrais.
Antes da perda de consciência por parte do doente este apresenta vários sinais/
sintomas tais como: palidez, suores frios, zumbido nos ouvidos, visão turva e pulso
fraco.
12.1. Atuação
12.1.1. Atuação antes da perda de consciência
Se se aperceber que a pessoa está a apresentar estes sintomas deve sentá-la,
pedindo-lhe que coloque a cabeça entre as pernas.
Seguidamente deve humedecer a região frontal da vítima com água fria e sempre que
possível oferecer bebidas açucaradas.
12.1.2. Atuação após perda de consciência
Deitar a vítima com as pernas levantadas cerca de 30º, desapertando-lhe a roupa à
volta do pescoço, peito e cintura;
Se a vítima não recuperar rapidamente deve ser colocada na posição lateral de
segurança;
Tranquilizar a pessoa quando esta recuperar e erguê-la gradualmente até a sentar;
Logo que a vitima esteja consciente oferecer bebidas açucaradas;
Caso a vitima não recupere a consciência chamar 112.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 38 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Figura 22 – Lipotímia Atuação

13. Obstrução da Via Aérea (OVA)


A presença de um corpo estranho nas vias respiratórias poderá impedir a vítima de
respirar, o que se torna uma situação de emergência exigindo uma atuação imediata
que visa a desobstrução da via aérea. As causas mais frequentes são a incorreta
ingestão de alimentos, a queda de próteses dentárias ou fragmentos dentários para a
via aérea, a colocação de objetos estranhos na boca (mais frequente nas crianças),
engasgo com pastilha elástica, aspiração de material (vómito ou sangue).
Existe um conjunto de sinais que a vítima apresenta quando sofre de uma obstrução
das vias aéreas:
- Tosse;
- Dificuldade respiratória;
- Respiração ruidosa;
- Cianose (lábios, unhas e pele com coloração azulada);
- Não consegue falar;
- Agarra a garganta com as mãos .

13.1. Atuação Perante Vítima com OVA


A obstrução da via aérea pode classificar-se como:
 Total: não há passagem de ar, a vítima não respira e ficará inconsciente
em minutos;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 39 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

 Parcial: existe passagem de algum ar. Deve-se incentivar a vítima a


tossir, colocando-se ao seu lado e tentando acalmá-la. Quando não for
possível a vítima tossir:
 Coloca-se ao lado da vítima, perpendicular a esta;
 Apoiar o tórax da vítima com uma das mãos, inclinando-a para a frente
para facilitar a saída do corpo estranho;
 Aplicar 5 palmadas interescapulares, com a palma da mão livre, na
região entre as omoplatas;
 Confirmar, após cada palmada, se existiu desobstrução da via aérea.
Se as 5 palmadas entre as omoplatas não desobstruírem as vias aéreas deve iniciar
Manobra de Heimlich. Esta manobra consiste em realizar uma série de compressões
na região abdominal superior, abaixo do esterno, com o objetivo de aumentar a
pressão intratorácica e desta forma proporcionar a remoção da causa da obstrução.

Figura 23 – Palmadas Interescapulares (omoplatas)

13.1.1. Manobra de Heimlich


 O socorrista coloca-se atrás da vítima com um braço em volta do
abdómen posicionando a mão (fechada e com o polegar para dentro)
abaixo do esterno. Fixar o punho com a outra mão.
 Iniciar compressões rápidas, para cima e para dentro, de forma a
aumentar a pressão intratorácica e assim conseguir resolver a causa da
obstrução;
 Repetir até 5 vezes, se necessário;

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 40 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

 Se a obstrução não resolver, continuar a manobra intercalando 5


compressões abdominais com 5 palmadas entre as omoplatas;
Se a respiração da vítima não for reposta rapidamente esta pode ficar inconsciente.
Nesta situação deve:
 Colocá-la cuidadosamente no chão;
 Ligar 112;
 Iniciar Suporte Básico de Vida.

Figura 24 – Manobra de Heimlich

14. Suporte Básico de Vida (SBV)


O Suporte Básico de Vida (SBV) consiste num conjunto de medidas utilizadas para
manter a vida de uma vítima em paragem Cardio-Respiratória (PCR) até à chegada de
ajuda diferenciada de socorro. O seu objetivo é manter um nível de circulação
sanguínea e ventilação pulmonar adequado, até que seja revertida a causa da
paragem ou chegada de equipa especializada. Antes de mais é fundamental a
identificação precoce de uma Paragem Cardio-Respiratória e inicio das manobras de
Suporte Básico de Vida (SBV).
A probabilidade de sobrevivência em caso de PCR diminui drasticamente a cada
minuto que passa após o início da paragem: Quando se entra em Paragem Cardio-
Respiratória (PCR):
1º MINUTO – 98% hipóteses de sobrevivência;
2º MINUTO – 50% hipóteses de sobrevivência;
3º MINUTO – 11% hipóteses de sobrevivência.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 41 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

14.1. Cadeia de Sobrevivência


A Cadeia de Sobrevivência representa o conjunto de procedimentos, para assistir
vítimas de paragem Cardio-Respiratória. Para que o resultado final possa ser uma vida
salva, cada um dos quatro elos da cadeia é vital e todos devem ter a mesma força.
Todos os elos da cadeia são igualmente importantes. De nada serve ter o melhor
Suporte Avançado de Vida (ajuda qualificada) se quem presencia a PCR não souber
iniciar os procedimentos inerentes ao Suporte Básico de Vida.
1. Acesso precoce à emergência médica, 112;
2. Início precoce de Suporte Básico de Vida;
3. Desfibrilhação precoce;
4. Suporte Avançado de Vida (SAV).
De acordo com a Cadeia de Sobrevivência, os dois primeiros elos poderão ser
garantidos através de qualquer pessoa que tenha conhecimentos relativos ao Suporte
Básico de Vida. A adoção dos procedimentos corretos relativos a estes dois primeiros
elos é fundamental para que se possa prosseguir na cadeia de sobrevivência.
14.1.1. Acesso Precoce à Emergência Médica (112)
O rápido acesso a ajuda qualificada assegura o início da Cadeia de Sobrevivência. Cada
minuto sem se chamar o socorro reduz a possibilidade de sobrevivência da vítima.
Para o funcionamento adequado deste elo é fundamental que quem presencia uma
determinada ocorrência seja capaz de reconhecer a gravidade da situação e saiba
ativar o sistema, ligando adequadamente 112 e transmitindo informações adequadas:
o quê, onde, como e quem.
14.1.2. Início Precoce de Suporte Básico de Vida (SBV)
Para que uma vítima em perigo de vida tenha maior hipótese de sobrevivência é
fundamental que sejam iniciadas, de imediato e no local onde ocorreu a situação,
manobras de SBV. Isto só se consegue se quem presencia a situação tiver formação
adequada. O SBV permite ganhar tempo, mantendo alguma circulação e alguma
ventilação na vítima, até à chegada de ajuda mais qualificada.
14.1.3. Desfibrilhação Precoce

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 42 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

A maioria das Paragens Cardio-Respiratórias, no adulto, ocorrem devido a uma


perturbação do ritmo cardíaco a que se chama Fibrilhação Ventricular. Esta
perturbação do ritmo cardíaco caracteriza-se por uma atividade eléctrica caótica de
todo o coração, em que não há contração do músculo cardíaco e, como tal, não é
bombeado sangue para o organismo. O único tratamento eficaz para esta arritmia é a
desfibrilhação que consiste na aplicação de um choque elétrico, para que a passagem
da corrente elétrica pelo coração reponha o ritmo normal.
A desfibrilhação eficaz é determinante na sobrevivência de uma PCR. A desfibrilhação
logo no 1º minuto em que se instala a Fibrilhação Ventricular pode ter uma taxa de
sucesso próxima dos 100%, mas ao fim de 8-10 minutos a probabilidade de sucesso é
quase nula.
14.1.4. Suporte Avançado de Vida (SAV)
Nem sempre a desfibrilhação é eficaz por si só para recuperar a vítima. Outras vezes a
desfibrilhação pode não ser sequer indicada. O Suporte Avançado de Vida (SAV)
permite conseguir uma ventilação mais eficaz, através da entubação endotraqueal, e
uma circulação também mais eficaz, através da administração de fármacos.
Idealmente, o SAV deverá ser iniciado ainda na fase pré-hospitalar e continuado no
hospital, permitindo a estabilização das vítimas recuperadas de PCR. Integram
também este elo os cuidados pós-reanimação, que têm o objetivo de preservar as
funções do cérebro e coração.

14.2. Algoritmo de Suporte Básico de Vida – SBV


O algoritmo de Suporte Básico de Vida apresenta uma sequência de procedimentos
quando se encontra uma vítima em paragem Cardio-Respiratória.
 1- Verificar as Condições de Segurança:
O socorrista deve observar e avaliar o espaço circundante garantindo a sua
segurança, da vítima e dos circulantes.
 2- Verificação do Estado de Consciência:
Abane suavemente os ombros da vítima e pergunte em voz alta: Está a ouvir-
me? Está bem? Se responder, pergunte o que se passou e continue o exame geral. Se
a vítima não responde prossegue-se para:

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 43 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

 3- Primeiro Pedido de Ajuda:


Pedir ajuda às pessoas que se encontram no local: Socorro, preciso de ajuda,
tenho uma vítima inconsciente.
 4- Abrir a Via Aérea:
Só se executa em vítimas de doença súbita. Na suspeita de traumatismo
vertebro-medular, vítimas de acidentes, quedas, NÃO se executa pelo risco de agravar
lesões. Para abrir a via aérea deve colocar a palma de uma das mãos a apoiar na testa
da vítima e realizar a extensão da cabeça. Em simultâneo com a outra mão eleva-se o
queixo. Verificar se existem corpos estranhos que possam provocar obstrução da via
aérea. Visualmente pesquisar a presença de corpos estranhos no interior da boca da
vítima, se visíveis remover os mesmos com o dedo.

Figura 25 – Permeabilizar Via Aérea

 5- Verificar a Respiração:
Avaliar se a vítima apresenta sinais de respiração e de circulação sanguínea.
Para tal, descobrir a região torácica e avaliar se respira através da técnica VOS’P:
Ver, movimentos torácicos;
Ouvir, ruídos respiratórios;
Sentir ,a saída de ar na face;
Pulso, palpar pulso.

 Se a vítima ventilar, e não existirem contraindicações, colocar em


Posição Lateral de Segurança.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 44 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

 Se a vítima não ventilar, prosseguir...

 6- Segundo Pedido de Ajuda:


Pedir à nossa 1ª Ajuda que ligue para 112. Informação a transmitir:
- Local exato da ocorrência;
- Número de vítimas, estado e idades aproximadas;
- Tipo de acidente;
- Tipo de assistência prestada;
- Número de telefone onde se encontra;
- Responder às perguntas que a central de emergência faz, respeitando as
indicações dadas;
- Desligar o telefone somente quando a central de emergência indicar.
 7- Iniciar Manobras de SBV:
 30 compressões: 2 ventilações

Compressões torácicas
 Colocar a base de uma mão no centro do peito;
 Colocar a outra por cima;
 Entrelaçar os dedos;
 Comprimir o peito;
 Ritmo: 100 compressões por minuto;
 Pressão: depressão de cerca de 4-5 cm
Se possível mudar de Prestador de SBV a cada 2 min (cerca de 5 ciclos)

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 45 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Figura 26 – Compressões Torácicas

Ventilações
Perante a atual situação pandémica por Covid-19 as autoridades de saúde
recomendam que não se executem ventilações boca a boca.
 Fechar o nariz da vítima;
 Inspirar normalmente;
 Colocar os lábios sobre a boca ou máscara;
 Soprar até o peito expandir;
 Duração: 1 segundo; deixar o peito baixar; repetir;

Quando parar SBV:


 Quando for substituído por ajuda qualificada;
 Quando a vítima respirar normalmente;
 Exaustão do reanimador.

Figura 27 – Algoritmo SBV

15. Mala de Primeiros Socorros


A prestação de cuidados de primeiros socorros a uma vítima requer o recurso a
determinados materiais específicos que deverão estar guardados numa caixa de
primeiros socorros. Esta mala deve permitir tratar lesões sem gravidade, embora

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 46 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

também deva estar equipada de modo a possibilitar tratar ferimentos mais graves até
à chegada de profissionais qualificados. Recomenda-se que a elaboração da mala de
primeiros socorros tenha em consideração o meio em que nos encontramos e quem a
vai utilizar. Neste contexto, deverão ser equacionados critérios relativos a:
 Número e localização das pessoas a que se destina;
 Espaço físico;
 Tipo de atividade desenvolvida no local e fatores de risco identificados;
A localização da mala de primeiros socorros deve ser de conhecimento geral,
dando preferência a locais estratégicos, de fácil acesso, onde não ocorram alterações
de temperatura e sem humidade. O local selecionado deve estar devidamente
sinalizado.
Com o objetivo de facilitar a utilização da mala de primeiros socorros e
permitir a correta utilização do seu conteúdo, existe um conjunto de medidas a ter em
conta no acondicionamento do seu material:
 Manter o material corretamente acondicionado e organizado;
 Manter os produtos dentro das suas caixas de embalagem;
 Quando se procede à abertura de qualquer embalagem, registar a data
em que abriu;
 Respeitar os prazos de validade dos produtos;
 Utilizar embalagens individuais sempre que possível;
 Medicamentos: seguir as indicações e posologia indicados no folheto
técnico.
Salvaguardando o anteriormente mencionado, o conteúdo mínimo de
uma mala de primeiros socorros deverá consistir em:
 Luvas descartáveis;
 Tesoura;
 Termómetro;
 Soro Fisiológico;
 Solução antisséptica;
 Álcool Etílico;
 Compressas esterilizadas (diferentes dimensões);

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 47 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

 Ligaduras (de diversos tamanhos);


 Pensos rápidos diversos;
 Adesivo;
 Medicação (analgésicos, anti-piréticos, anti-alérgicos)

Capítulo III – Conclusão

Qualquer cidadão pode ser um interveniente ativo no socorro e prestação de


auxílio a alguém que precise de ajuda e desempenhar um papel fundamental na sua
sobrevivência. O presente manual oferece uma abordagem sistematizada dos temas
relevantes numa primeira abordagem à vítima. O manual foi elaborado de forma que

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 48 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

a organização do conteúdo se encontre em sintonia com as situações de emergência


mais frequentes de ocorrer no dia a dia. Este documento em conjunto com a
formação será um instrumento na promoção da aquisição de conhecimento e
consequente melhoria qualitativa do desempenho prático de todos nós.

Capítulo IV – Bibliografia

Cardoso, António Óscar Rebelo. (1987). Como Prevenir alertar e socorrer em


qualquer tipo de acidente. (5.ª Ed). Lisboa, Editorial O livro.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 49 de 50


Manual de Formação – TÍTULO DO MANUAL
nome do curso | nome do módulo s.a.
(A&R.FP.0046.1)

Manual de Suporte Básico de Vida - Adulto. (2017). INEM-Instituto Nacional de


Emergência Médica; DFEM-Departamento de Formação em Emergência Médica.
Versão 4.0. (2ª ed).
Manual SIEM – Sistema Integrado de Emergência Médica. (s.d.) INEM. Instituto
Nacional de Emergência Médica.
Manual TAS/TAT- Abordagem à Vítima. (2012) INEM-Instituto Nacional de
Emergência Médica. Versão 2.0. 1ªedição.
Catarino, Rodrigo; Martins, Artur; Ribeiro, Helder; Valente, Miguel. (2012).
Manual TAS - Emergências Médicas. INEM-Instituto Nacional de Emergência Médica.
Versão 2.0. 1ªedição.

Alves & Rasteiro | www.alvesrasteiro.pt| Página 50 de 50

Das könnte Ihnen auch gefallen