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Andréa G. Portnoi
Adrianna Loduca
Rosalina J. Moura
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A partir destas observações e do surgimento, em 1965, da Teoria da
Comporta de Controle da Dor (Melzack & Wall, 1996) surgiram as
primeiras discussões sobre a dor enquanto processo psicofísico. Baseada
em tais avanços, em 1979, a “International Association for the Study of
Pain” decidiu adotar o seguinte conceito de dor:
De acordo com esta definição a dor deixa de ser vista apenas pela
perspectiva sensorial e começa também a incluir os aspectos perceptivos,
ampliando a compreensão do fenômeno doloroso a partir do momento
em que passa a incluir as variações peculiares de cada indivíduo, mas,
por outro lado, também demanda a adoção de um modelo
biopsicossocial, no qual a percepção subjetiva da dor resulta da interação
dinâmica entre eventos sensoriais, emocionais, cognitivos,
comportamentais e sócio-culturais.
Os Objetivos da Avaliação
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um atendimento clínico para um problema de dor preocupa-se
principalmente com seu desconforto físico e praticamente não se dá
conta dos aspectos psicológicos envolvidos. É comum que os doentes
fiquem espantados, quando não indignados, ao serem encaminhados
para o serviço de psicologia. Frases como “o médico não acredita na
minha dor” ou “meu problema não é na cabeça, mas sim no meu corpo”
ou mesmo “eu não estou imaginando a minha dor” são freqüentes e
bastante justificadas. Cabe aos psicólogos, no início da tarefa de
avaliação, esclarecer seus propósitos, métodos e, por que não, a
delimitação de seu papel dentro do contexto multidisciplinar.
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parte de seu papel é o de acompanhá-lo em sua trajetória de conhecer e
lidar com os significados e funções deste sofrimento em sua vida.
Os Contextos da Avaliação
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Para que ocorra com sucesso, a avaliação psicológica da dor
demanda encontros formalizados do paciente com o psicólogo, as
chamadas sessões, que podem durar de 30 a 60 minutos e ocorrer com
freqüências variadas. Independente de seu número, freqüência ou
duração, existem alguns aspectos que não podem deixar de ser
avaliados.
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ocupacionais, as dificuldades econômicas e ambientais, podem influenciar
a manifestação de sintomas e se constituir em possíveis obstáculos à
reabilitação e reinserção social do doente.
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Dentre os métodos utilizados para avaliação psicológica do
indivíduo com dor crônica destacam-se especialmente três: a entrevista, a
observação de comportamento e o uso de testes e questionários (Portnoi,
2000).
A Entrevista
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têm uma conotação ética especial devido à seriedade do vínculo que se
estabelece com cada indivíduo. Seus principais objetivos são: (a) informar
e conscientizar o paciente sobre suas condições psicossociais; (b) permitir
que o doente questione as informações fornecidas assim como o papel e
importância destas para seu tratamento; (c) esclarecer o curso e as
indicações terapêuticas futuras e, por fim (d) promover a adesão e a
participação ativa do indivíduo no processo como um todo. Quando
necessário, os familiares do doente podem também ser convidados a
participar destas entrevistas finais, dada sua importância e influência na
adesão e nas respostas do doente aos procedimentos terapêuticos.
Observação de Comportamento
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Escapar ou evitar a dor é uma reação instintiva e parte essencial
das respostas de adaptação à sensação dolorosa. Fatores
comportamentais tais como as expressões de dor, a limitação física, os
comportamentos de evitação, o consumo de medicação, o nível de
atividade física, etc. são testemunhos da vivência dolorosa que integram
a comunicação da dor e refletem como o indivíduo esta convivendo com a
sua condição.
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problemas relacionados à memória e possibilitam o estudo cuidadoso de
como a dor se relaciona a diferentes fatores (Keefe, 1999). No Brasil,
entretanto, o diário de dor tem sido mais utilizado como recurso
terapêutico do que como instrumento diagnóstico.
Testes e Questionários
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unicamente complementar, pois as informações que oferecem são
insuficientes e pouco confiáveis em termos de diagnóstico clínico (Portnoi,
2000).
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Em termos clínicos, a entrevista e a observação de comportamento
são as técnicas que produzem resultados mais eficientes na obtenção de
informações acerca do domínio sensorial, afetivo, cognitivo e psicomotor
da dor de um determinado indivíduo.
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com qualquer membro da equipe de saúde sobre seus problemas, seja
em relação às condutas e tratamentos propostos, seja com respeito às
dificuldades relacionadas a outras esferas de sua vida pessoal ou a seus
sentimentos. Esta atitude permitirá a todos os profissionais obter uma
percepção mais ampla e integrada do seu paciente, facilitará as decisões
sobre o planejamento terapêutico e irá contribuir para o estabelecimento
de um vínculo mútuo de confiança que é a base primordial de todas as
relações humanas.
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