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UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO

PÓS-GRADUAÇÃO – MANEJO E CONSERVAÇÃO DA


FAUNA SILVESTRE

ALEXANDRE LEITE DE FIGUEIREDO JÚNIOR

ANÁLISE DO PLANO DE MANEJO DO LOBO-GUARÁ (Chrysocyon


brachyurus, ILLIGER, 1811) E PROPOSTA DE RENOVAÇÃO DO
MATERIAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EX-SITU PARA O LOBO.

São Paulo
2009
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ALEXANDRE LEITE DE FIGUEIREDO JÚNIOR

ANÁLISE DO PLANO DE MANEJO DO LOBO-GUARÁ (Chrysocyon


brachyurus, ILLIGER, 1811) E PROPOSTA DE RENOVAÇÃO DO
MATERIAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EX-SITU PARA O LOBO.

Monografia apresentada para obtenção do


título de Especialista Lato Sensu em
Manejo e Conservação da fauna silvestre
da Universidade de Santo Amaro, sob
orientação da Ms. Viviane Aparecida
Rachid Garcia.

São Paulo
2009
1
ALEXANDRE LEITE DE FIGUEIREDO JÚNIOR

ANÁLISE DO PLANO DE MANEJO DO LOBO-GUARÁ (Chrysocyon


brachyurus, ILLIGER, 1811) E PROPOSTA DE RENOVAÇÃO DO
MATERIAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EX-SITU PARA O LOBO.

Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Manejo e


Conservação de fauna Silvestre a Universidade de Santo Amaro.

Data de Aprovação ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Ms Viviane Aparecida Rachid Garcia
Orientadora e Professora da disciplina de EA

__________________________________________________________________
Cecília Pessuti
Bióloga chefe do Zoológico de Sorocaba e Professora da Unisa

__________________________________________________________________
Emerson Luis Costa

CONCEITO FINAL:___________________

2
Resumo

Nos últimos anos, a crescente degradação do meio ambiente natural,


causado pelo homem, gerou preocupação internacional que através de encontros
mundiais, nacionais e regionais buscou a melhoria da qualidade ambiental das
populações. O crescimento desordenado de centros urbanos e a conseqüência
perda de habitat de espécies da fauna têm resultado em esforços de alguns
grupos nacionais e internacionais para amenizar tais impactos. Dentro desses
esforços, o Grupo de Trabalho de Canídeos (GTC) instituiu o “Dia do Lobo-Guará”,
sugerindo um suporte didático para subsidiar instituições zoológicas com a
elaboração de um material didático (Kit) a ser distribuído para todos os zoológicos
que mantém a espécie. Além disso, foi realizado no Parque Nacional da Serra da
Canastra em outubro de 2005, reunindo pela primeira vez especialistas de vários
países, com o objetivo de definir estratégias compartilhadas e propor ações em
prol à conservação de uma espécie vulnerável, um encontro que definiu o Plano
de Ação para Conservação do Lobo-Guará. Com o objetivo de analisar a
concepção e eficiência do Kit 1 (o discurso e o contexto ambiental) proposto para
o “Dia nacional de Lobo-Guará” pelo GTC e elaborar um novo Kit (Kit 2) levando
em consideração algumas propostas dos “Desafios listados pelos grupos em
plenária” do “Plano de Ação para Conservação do Lobo-Guará” e da análise dos
trabalhos “Avaliação do Evento “Dia Nacional do Lobo-Guará” realizado no
Zoológico de Sorocaba no Período de 2000 a 2002” (Garcia, 2003) e “Análise das
estratégias educativas para conservação do Lobo-Guará em cativeiro.” (Perez,
2008) a proposta do presente trabalho foi elaborar o Kit 2 e verificar se o discurso
contempla os desafios listados no Plano de Ação. Para realização dessa pesquisa
foi utilizada como metodologia a abordagem qualitativa.

3
Abstract

In recent years, the increasing degradation of the natural environment


caused by man, which generated international concern through meetings, global,
national and regional sought to improve the environmental quality of the public.
The disorderly growth of urban centers and the consequence loss of habitat of
species of wildlife have resulted in efforts by some national and international
groups to mitigate such impacts. Within these efforts, the Working Group on
Canine (GTC) established the "Day of Maned Wolves," suggesting a didactic
support to subsidize zoological institutions with the elaboration of didactic material
(Kit) to be distributed to all zoos that keep the species. Furthermore, it was held in
Parque Nacional da Serra da Canastra in October 2005, bringing together for the
first time experts from several countries, with the objective of defining shared
strategies and propose actions for the conservation of a vulnerable species, a
meeting that set the Action Plan for Conservation of Maned Wolves. In this
research was study the design and efficiency of a kit (speech and environmental
context) proposed the "National Day of Maned Wolves" by the GTC and to develop
a new Kit (2) taking into consideration some proposals of "Challenges listed groups
in plenary session "of the" Action Plan for Conservation of Maned Wolves "and the
analysis of the work" Evaluation of the Event "National Day of Maned Wolves' held
at the Zoo of Sorocaba in the Period 2000-2002" (Garcia, 2003 ) and "Analysis of
educational strategies for conservation of Maned Wolves in captivity." (Perez,
2008) the purpose of this study was to establish the second kit and verify that the
speech addresses the challenges listed in the Plan of Action for this survey
methodology was used as a qualitative approach.

4
Sumário

1. Introdução...................................................................................... 08
1.1. Conservação da biodiversidade no Brasil e no mundo e o papel da
educação na sociedade................................................................................. 08
1.2. Documentos e diretrizes: Planos de Ação para Conservação............... 13
1.3. Por que um plano de ação para o lobo guará?....................................... 15
1.4. Plano de Ação para Conservação do Lobo Guará................................. 19
1.5. O “Dia Nacional do Lobo-Guará”: descrição da Avaliação do Evento
Realizado no zoológico de Sorocaba no período de 2000 e 2002
(Garcia et al, 2003)......................................................................................... 27
1.6. “Análise das estratégias educativas para conservação do Lobo-Guará
em cativeiro.” (Perez, 2008)............................................................................ 31
2. Objetivo......................................................................................... 34
3. Metodologia................................................................................... 35
3.1. Abordagem qualitativa............................................................................. 35
3.2. Instrumentos de coleta de dados............................................................ 36
3.3. Instrumento de Análise: “Desafios propostos pelos grupos em plenária”
do “Plano de Ação para Conservação do Lobo-Guará”................................. 38
4. Resultados e Análises.................................................................. 42
4.1. Kit 1......................................................................................................... 42
4.2. Kit 2......................................................................................................... 48
4.3. Análise dos Kits segundo o agrupamento.............................................. 76
5. Discussão........................................................................................................ 78
6. Conclusão....................................................................................................... 81
Bibliografia....................................................................................... 82

5
Lista de Figuras

Figura 1. Mapa de vegetação do Brasil (adaptado do IBGE 1993)...................... 14


Figura 2. Área central do Cerrado no Brasil (Machado et AL, 2004)................... 15
Figura 3. Áreas desmatadas na parte central do Cerrado (Machado et AL, 2004) 15
Figura 4. Chrysocyon brachyurus no Zoológico Municipal Quinzinho de barros, Sorocaba-
SP (FONTE: Márcio Fernando de Almeida)........................................................... 17
Figura 5. Distribuição geográfica do lobo guará (Kawashima, 2007).................... 18
Figura 6. Quantidade de instituições que realizam as atividades sugeridas pelo Plano de
Ação do Lobo-Guará (Perez, 2008)...................................................................... 31
Figura 7. Trilha do Lobo (Santa Bárbara, MG)..................................................... 33
Figura 8. Máscara do Lobo-Guará (Fonte: Alexandre Figueiredo)....................... 42
Figura 9. Orelha do Lobo-Guará (Fonte: Alexandre Figueiredo).......................... 43
Figura 10. Pegada do Lobo-guará....................................................................... 44
Figura 11. Desenho para colorir do Lobo-guará................................................... 44
Figura 12. Gibi do Chico Bento sobre o Lobo-guará (Maurício de Souza)........... 45
Figura 13. Folder SSP Norte Americano............................................................... 46
Figura 14. Folder SSP Norte Americano (Zoocabulário)........................................ 47
Figura 15. Ficha de Avaliação (Público)................................................................. 48
Figura 16. Ficha de Avaliação (Monitores)............................................................. 49
Figura 17. Barraca de confecção da máscara do Lobo-Guará e distribuição do gibi do
Chico Bento.............................................................................................................. 50
Figura 18. Máscara do Lobo-Guará......................................................................... 51
Figura 19. Máscara do Lobo-Guará......................................................................... 52
Figura 20. Máscara do Lobo-Guará......................................................................... 53
Figura 21. Oficina de pintura de rostos.................................................................... 54
Figura 22. Oficina de pintura de rostos.................................................................... 55
Figura 23. Canto do Lobo na entrada do parque..................................................... 55
Figura 24. Canto do Lobo dentro do parque............................................................ 56
Figura 25. Canto do Cerrado dentro do parque....................................................... 57
Figura 26. Canto Aquecimento Global X Arborização urbana................................. 58
Figura 27, 28 e 29. Teatro do Lobo-Guará.............................................................. 59
Figura 30. Crianças com rabo de pelúcia distribuído após o teatro........................ 60
6
Figura 31. Monitores dentro do parque com pelúcia do Lobo e do Tatu canastra. 61
Figura 32. Cemitério do extintos............................................................................. 61
Figura 33. Crânio de Tamanduá-bandeira............................................................. 64
Figura 34. Crânio de Veado................................................................................... 65
Figura 35. Bico de Tucano-toco............................................................................. 65
Figura 36. Pata de Ema......................................................................................... 66
Figura 37. Cabeça de coruja.................................................................................. 66
Figura 38. Garras de coruja.................................................................................... 67
Figura 39. Plantas do Cerrado............................................................................... 67
Figura 40. Kit de experimento sobre permeabilidade de solo do Cerrado........... 68
Figura 41. Livro “Convivendo com o Cerrado – Aprendendo com ele.” (Autor: Marcelo
Bizerril).................................................................................................................. 69
Figura 42. Livro “Lá no coração” (Autora: Ellen Pestili)........................................ 71
Figura 43. Livro “Por dentro do Cerrado” (Autor: Nilson Moulin)......................... 71
Figura 44. Folder “Convivendo com a Fauna Silvestre – Como prevenir ataques às
criações domésticas (Universidade de Brasília).................................................. 72
Figura 45.Esquema do folder “Convivendo com a Fauna Silvestre – Como prevenir
ataques às criações domésticas (Universidade de Brasília)............................... 72
Figura 46. Livro: “Esta é uma histótia de um cão dourado de cauda pequena” (Zôo
Botânica- Belo Horizonte/MG)............................................................................. 73
Figura 47. Livro: “Esta é uma histótia de um cão dourado de cauda pequena” (Zôo
Botânica- Belo Horizonte/MG)............................................................................. 73
Figura 48. Livro: “Lobo-guará – O Maior canídeo da América do Sul (CEMIG – Belo
Horizonte/MG)...................................................................................................... 74
Figura 49. Trilha do Lobo-Guará (CEMIG – Belo Horizonte/MG)....................... 74
Figura 50. Caderno Lobo-Guará (CBMM).......................................................... 75
Figura 51. Caderno Lobo-Guará (CBMM).......................................................... 75
Figura 52. Folder Zôo de Sorocaba (Prefeitura Municipal de Sorocaba)............ 76

7
1. Introdução

1.1. Conservação da biodiversidade no Brasil e no mundo e o papel da


educação na sociedade.
A crescente degradação do meio ambiente natural gerou preocupação
internacional haja vista o grau de destruição gerado pelo homem (SECRETARIA
DO MEIO AMBIENTE et al., 1991). O desequilíbrio que o ser humano exerce
sobre o meio ambiente, tem como conseqüência várias alterações, tais como:
alterações nos ciclos hidrológicos, alterações climáticas, aumento do nível de
poluentes ambientais, diminuição da biodiversidade (flora e fauna), diminuição da
qualidade de vida, entre outros (Guimarães, 1995).
Segundo Swioklo (1990), durante o período colonial e imperial no Brasil,
foram criadas normas para restringir a exploração de alguns recursos naturais,
como o pau-brasil. Porém, muitas vezes essas normas eram confusas e
conflitantes sendo impossíveis de serem cumpridas. Em 1834, foi extinto o alvará
que garantia o monopólio da exploração do pau-brasil pela Coroa. Já em 1850, D.
Pedro II edita a Lei 601, proibindo a exploração florestal em terras descobertas e
dando poderes às províncias para a sua aplicação (Dias, 2004). A lei é ignorada e
verifica-se uma grande devastação das floretas brasileiras. Os grandes
latifundiários donos de escravos (que possuíam grande influência política) tinham
como argumento a implantação de pastos e lavouras (Swioklo,1990).
Naquela época, ainda não era evidente que a exploração dos recursos
naturais um dia poderiam se exaurir. Um dos primeiros estudiosos que avaliou a
interdependência do homem na natureza foi Thomas Huxley com o livro
Evidências sobre o lugar do homem na natureza, publicado em 1863. Em 1864,
George Perkin Marsh publicava o livro O homem e a natureza: ou geografia física
modificada pela a ação do homem, documentando como os recursos do planeta
estavam sendo esgotados através da interferência humana (Dias, 2004).
Tudo isso, começou a despertar no mundo, e no Brasil, uma maior atenção
em relação ao homem como predador da natureza e, dentro dos esforços de
8
busca da melhoria da qualidade ambiental, foram realizados diversos encontros
nacionais, regionais e internacionais.
Em 1972, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo), na Suécia. Dentre os principais
documentos elaborados no encontro, destaca-se: a “Declaração sobre o Ambiente
Humano” – elaborado para contemplar a necessidade de aumentar o número de
trabalhos educativos, voltados para as questões ambientais; e o “Plano de Ações
para o Meio Ambiente” – relacionando o meio ambiente e o desenvolvimento. A
conferência ainda destacou o conflito entre países desenvolvidos e países não-
desenvolvidos: os primeiros preocupados com a poluição industrial, a escassez de
recursos energéticos, a decadência de suas cidades, e com outros problemas
decorrentes dos seus processos de desenvolvimento; e os segundos preocupados
para os elevados níveis de pobreza e de desemprego, para os baixos indicadores
de qualidade de vida, além da necessidade de se desenvolver nos moldes
conhecidos, até então, idealizados pelos países desenvolvidos (Barbieri, 2000).
A Conferência de Belgrado, Iugoslávia, em 1975, promovido pela Unesco,
teve como objetivo a formulação dos princípios e as orientações para o Programa
Internacional de Educação Ambiental – PIEA (IEEP) (UNESCO/UNEP, 1975). Na
Carta de Belgrado, elaborada ao final do encontro, destaca-se o seguinte trecho:

Nossa geração tem testemunhado um crescimento econômico e um


progresso tecnológico sem precedentes, os quais, ao tempo em que trouxeram
benefícios para muitas pessoas, produziram também sérias conseqüências
ambientais e sociais. As desigualdades entre pobres e ricos, nos países e entre
países, estão crescendo, e há evidências de crescente deterioração do ambiente
físico, numa escala mundial. Essas condições, embora primariamente causadas
por um número relativamente pequeno de países, afetam toda a humanidade.

Após esse encontro, a primeira conferência intergovernamental sobre


Educação Ambiental (EA) foi realizada em Tbilisi (Conferência de Tbilisi), capital

9
da Geórgia, CEI (ex-URSS), em 1977. Segundo esse documento, o homem,
utilizando o poder de transformar o meio ambiente, modificou rapidamente o
equilíbrio da natureza. Como resultado, as espécies ficaram frequentemente
expostas a perigos (emissão de gases, mudanças hidrológicas e mudanças
climáticas) que poderiam ser irreversíveis (Unesco, 1980). A defesa e a melhoria
do meio ambiente para as gerações presentes e futuras constituem um objetivo
urgente da humanidade. Para que se chegue a isso, deverão ser adotadas novas
estratégias dirigidas a pessoas de todas as idades, de todos os níveis sociais, na
educação formal e não-formal para que haja uma preparação dos indivíduos
mediante a compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo,
proporcionando-lhes conhecimentos técnicos e habilidades necessárias para
desenvolver ações, com vistas a melhorar a vida e proteger o meio ambiente,
prestando a devida atenção aos valores éticos (Dias, 2004).
A União Internacional para a Conservação da Natureza, (IUCN), o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma - UNEP) e o Fundo
Mundial para a Natureza (WWF), lançaram, em 1991, a nova “Estratégia para o
Futuro da Vida” (a anterior foi em 1980), por meio da publicação “Cuidando do
Planeta Terra”. O objetivo foi ajudar a melhorar as condições de vida no planeta
através da definição de estratégias sustentáveis para o ser humano. Tais
estratégias incluem um compromisso mais profundo da população mundial com
uma nova ética sustentável e a tradução na prática os seus princípios; e a
integração da conservação e o desenvolvimento – a conservação para limitar as
nossas atitudes à capacidade da Terra, e o desenvolvimento para permitir que as
pessoas possam levar vidas longas, saudáveis e plenas, em todos os lugares
(IUCN, UNEP, WWF, 1991).
No Brasil, o principal encontro foi a Conferência do Rio, ou Rio-92, como
ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992. Nesse encontro, foi
definida a Agenda 21 que corroborou as recomendações de Tbilisi para a EA.

10
Diante às premissas gerais da Agenda 21, é preciso atualizar e
reavaliarmos os programas de EA através de novas estratégias educativas para o
desenvolvimento sustentável. A EA alcança um sentido mais técnico de modo a
conduzir a transição para uma sociedade sustentável (Leff, 1999).
Segundo Vargas (2002), a busca do desenvolvimento sustentável é uma
obrigação de todo ser humano. Isso não implica a negação da importância do
crescimento econômico para o mundo e para as futuras gerações. Na verdade,
pressupõe adquirir uma nova direção para o conceito de prosperidade, através da
melhoria da qualidade de vida da população, com maior acesso à educação,
melhores condições de saúde e a preservação dos ecossistemas. Em linhas
gerais, o desenvolvimento sustentável pressupõe a conciliação entre justiça social,
eficiência econômica e equilíbrio ambiental (Sirkis, 1999).
Para alcançarmos todas essas premissas de sustentabilidade, precisamos
incorporar políticas públicas eficazes, contemplando os aspectos sociais,
econômicos e ambientais. Para tanto, é necessário um processo participativo, com
mobilização social dos formadores de opinião, de lideranças da sociedade, qual
seja a dos representantes do poder legislativo, tanto nacional, quanto estadual ou
municipal (Kohler, 2002).
È a partir daí que a educação alcança um papel fundamental na sociedade
como instrumento de cidadania e transformação da sociedade. Esse instrumento
vem cada vez mais sendo utilizado para levar o cidadão a refletir sobre seus
valores e atitudes, e, a uma mudança de postura perante a sociedade.
A educação da população adquirida ao longo da vida dos cidadãos pode
ser dividida em três diferentes formas: educação formal como um sistema de
educação hierarquicamente estruturado e cronologicamente graduado, da escola
primária à universidade, incluindo os estudos acadêmicos e as variedades de
programas especializados e de instituições de treinamento técnico e profissional;
educação informal como o verdadeiro processo realizado ao longo da vida através
dos ensinos dos pais em processos naturais e espontâneos (conversas entre
amigos, em clubes, teatros, leituras e outros) e educação não-formal, adquirida

11
quando determinados sujeitos criam ou buscam diferentes planos de aprendizado
fora da instituição escolar - operando separadamente ou como parte de uma
atividade mais ampla – que pretende servir a clientes previamente identificados
como aprendizes e que possui objetivos de aprendizagem [Gohn, 1999; Colley,
2002; Crombs, Prosser & Ahmed (1973 apud Smith, 2003)].
Os espaços não-formais de educação estimulam a curiosidade dos
visitantes. Esses espaços oferecem a oportunidade de suprir, ao menos em parte,
algumas das carências da escola como a falta de laboratórios, recursos
audiovisuais, entre outros, conhecidos por estimular o aprendizado e fomentam os
conteúdos abordados em sala de aula (Vieira et al. 2005). Além disso, sensibiliza
o público através experiência com meio ambiente, fazendo com que o
conhecimento em relação à conservação da biodiversidade aumente e se torne
parte integral dos indivíduos, podendo estes servir de agentes multiplicadores das
questões ambientais (Telles, 2002).
A EA em espaços não-formais deve possibilitar ao público uma reflexão em
relação às suas próprias atitudes, á participação e á colaboração coletiva em
surgir responsabilidades em matéria de administração, proteção e ordenamento
do meio ambiente em que vive (UNESCO, 1980).
De acordo com Jacobson (1995 apud ROCHA, 1997) a educação e a
participação pública são um dos três alicerces à conservação da vida silvestre, os
outros dois seriam a pesquisa ecológica e manejo, e legislação. Os programas de
educação ambiental devem ter alguns pontos principais como: 1) criar ou
fortalecer apoio público; 2) criar ou melhorar canais de comunicação entre as
instituições e a população; 3) desenvolver a consciência conservacionista; e 4)
servir como instrumento de envolvimento e participação pública.
O Ministério da Educação e do Meio Ambiente, no Brasil, são as principais
instituições federais que promovem conservação. Para tanto, foram instituídos
documentos e diretrizes intitulados “Planos de Manejo e Planos de Ação de
Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção” que pressupõem a educação
como parte fundamental do processo. Tais planos seguem as premissas da

12
biologia da conservação na tentativa de entender os efeitos das atividades
humanas nas espécies, comunidades e ecossistemas e desenvolver abordagens
práticas para prevenir a extinção de espécies e reintegrar às espécies ameaçadas
ao seu ecossistema funcional (Primack, 2001).
A idéia de que a biodiversidade está melhor sem a intervenção humana
muita vezes não condiz com a realidade: em muitos casos o homem já alterou de
tal forma o meio ambiente que as espécies e comunidades remanescentes
precisam da intervenção humana para sobreviver (Blockhus et AL., 1992;
Spellerberg, 1994).

1.2. Documentos e diretrizes: Planos de Ação para Conservação.


Plano de Ação para Conservação (ou Plano de Manejo) é um conjunto de
métodos utilizados para sistematizar a coleta de informações sobre determinado
assunto e utilizar as informações geradas para diagnóstico do problema e para
implantação de ações para solucioná-los. Além disso, padroniza a coleta de dados
facilitando a interpretação dos mesmos proporcionando uma visão macro da
problemática, facilitando o diagnóstico das causas proporcionando uma maior
acuidade na implantação de ações de controle (IBAMA, 2003).
Atualmente, no Brasil, temos planos de manejo para: Puma yagouaroundi
(Gato mourisco), Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira), Lontra
longicaudis (Lontra), Leopardus wiedii (Gato-maracajá), Leopardus tigrinus (gato-
do-mato-pequeno), Guaruba guarouba (Ararajuba), Coragyps atratus (urubu-de-
cabeça-preta), entre outras.
De acordo com ICMBIO (2008) a existência de dados disponíveis e
acessíveis sobre biologia, taxonomia, distribuição e status de conservação das
espécies são necessários para os órgãos envolvidos na conservação da fauna
brasileira, porém muitas espécies têm esses dados em escassez.
Para reduzir a falta de dados o Ministério do Meio Ambiente selecionou e
apoiou financeiramente a execução de pesquisas científicas destinadas à

13
elaboração ou a implementação de Planos de Ação para Conservação de
espécies ameaçadas (ICMBIO, 2008).

1.3. Por que um plano de ação para o lobo guará?


O Brasil é considerado como um dos países de maior biodiversidade no
mundo. Calcula-se uma estimativa de 10% de toda a biota terrestre (Mittermeier et
AL, 1997). O cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, abrangendo
originalmente uma área de aproximadamente 2 milhões de quilômetros
quadrados. Hoje se sabe que a estimativa é de aproximadamente 34% de área
remanescente (Brandão, 2003). Sua presença na região das bacias Tocantins-
Araguaia, São Francisco e Prata (umas das maiores bacias hidrográficas da
América do Sul) favorece a biodiversidade calculando que viviam ali 10 mil
espécies vegetais, 837 de aves (quarto lugar no mundo em variedade) e 161 de
mamíferos. O equilíbrio desse sistema é de fundamental importância para a
estabilidade dos demais ecossistemas brasileiros (Figura 1) (Brandão, 2003).
Embora ainda não existam muitas informações sobre o tamanho das
populações e a dinâmica dos animais que vivem ali, não há dúvida de que a
riqueza de espécies e o endemismo sejam as características mais importantes
dessa fauna. O número de espécies estimado para o Cerrado é de 14.425 e
representa 47% da fauna estimada no Brasil. Dentre as espécies destacam-se:
jibóia (Boa constrictor), cascavel (Crotalus durissus), teiú (Tupinambis merianae),
ema (Rhea americana), João-de-barro (Furnarius rufus), tatu-canastra (Priodontes
maximus), tamanduá-bandeira (Myrmecocophaga tridactyla), veado campeiro
(Ozotoceros bezoarticus), cachorro vinagre (Speothos venaticus), lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus), onça parda (Puma concolor), entre muitos outros
(Brandão, 2003)

14
Figura 1 Mapa de vegetação do Brasil (adaptado de IBGE 1993) mostrando a área central
do bioma do Cerrado e encraves em outros biomas (na cor laranja) e as áreas de tensão ecológica
ou áreas de transição existentes nas áreas de contato dos biomas (na cor cinza) (Machado et AL,
2004)

Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema que mais sofreu


alterações com a ocupação humana. Além do garimpo, que provocou o
assoreamento dos cursos d’água, a agropecuária foi o fator fundamental para a
habitação do Cerrado (Brandão, 2003).
O Cerrado, até o ano de 2002, sofreu um desmatamento de 54,9% da área
original (área original do cerrado 2,045 milhões de km2) (Machado et AL, 2004).
Entre o período de 1993 e 2002, a taxa média de desmatamento do Cerrado foi de
1,5% ao ano (3 milhões de hectares ao a ano). Já no período de 1993 e 2002,
taxa média de desmatamento foi de 0,67% ao ano. Compilando esses dois dados
a taxa média de desmatamento do cerrado foi 1,1% ao ano (2,2 milhões de
hectares) (Machado et al, 2004). Dentro dessa perspectiva e considerando uma
área remanescente de cerrado de 34,22% (cerrado “não atropizado” – Mantovani

15
e Pereira, 1998) e considerando que as unidades de conservação representam
2,2% e as áreas indígenas representam 2,3% seria esperado uma estimativa do
cerrado desaparecer em 2030 (Figuras 2 e 3) (Machado et AL, 2004)

Figura 2 Área central do Cerrado no Brasil (Machado et AL, 2004)

Figura 3 Áreas desmatadas na parte central do Cerrado e áreas remanescentes de


vegetação nativa (pontos verdes) (Machado et AL, 2004)

O crescimento desordenado de centros urbanos e a consequência perda de


habitat têm resultado em processos adaptativos de organismos visando à
sobrevivência. Esse processo pode resultar em alterações na dinâmica natural de
16
espécies como padrões de dispersão e os ciclos de atividades, podendo ser
prejudiciais para a população ou toda a comunidade (Plano de manejo lobo?). Um
exemplo disso são as espécies ameaçadas de extinção do cerrado. Dentre essas
espécies destaca-se o lobo guará (objeto de estudo desse projeto).

O Lobo Guará:

O lobo guará (Chrysocyon brachyurus) faz parte da família dos canídeos e


é o maior canídeo sul-americano e a quarta espécie mundial (Paula et AL, 2007).
Pesa entre 20 e 30 Kg e possui como característica física pelagem longa e
avermelhada; pés, focinhos e pêlos do alto do dorso, pretos; orelhas grandes
(Figura 2) e o seu comprimento pode chegar a 1,45 m e sua cauda a 45 cm
(Brandão, 2003). Fazem parte de sua dieta onívora pequenos invertebrados, como
ratos, aves, répteis e tatus; assim como grandes quantidades de frutos, sendo os
da lobeira (Solanum lycocarpum) os mais comuns (Guia Ilustrado de animais do
Cerrado de Minas Gerais, 2003).
Hoje a espécie ocupa áreas do centro-sul do estado do Maranhão até o
Uruguai, e do extremo leste do Peru até o estado do Espírito Santo e sul da Bahia,
incluindo em seu mapa de distribuição áreas em seis países latino-americanos:
Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai, Peru e Uruguai (Figura 4) (Mones e Olazarri,
1990). Apesar de possuir uma grande área de distribuição, a espécie está listada
entre as ameaçadas de extinção no Brasil (2003), na categoria de vulnerável, e
quase ameaçada pela classificação da IUCN (2004).
Além dos motivos óbvios do porquê conservar uma espécie ameaçada de
extinção, a utilização de uma espécie bandeira em prol da conservação de um
bioma é de fundamental importância haja vista a metodologia utilizada na
sociedade de Crato que convive na área de influencia direta do habitat do
soldadinho-do-araripe, Antilophia bokermanni (AQUASIS, 2006). O plano de
manejo da arara-azul-de-lear, Anodorhynchus leari, incluiu as populações
indígenas buscando a qualidade de vida na região principalmente das etnias

17
Pankararé e Kaimbé (IBAMA, 2006a). Na conservação do mutum-do-sudeste,
Crax blumenbachii foi imprescindível a atuação na população do entorno das
Unidades de Conservação visando diminuir a problemática local da caça (IBAMA,
2004). Criar vínculos contando com a colaboração para implantação de políticas
públicas para a conservação do lobo-guará (Fig. 04); foi a forma encontrada para
diminuir os conflitos entre a comunidade e os objetivos do plano de ação; que é
evitar mortes (Fig. 05) de espécimes devido a visão negativa por parte da
população (Paula et al. 2008).

Figura 4 Chrysocyon brachyurus no Zoológico Municipal Quinzinho de barros, Sorocaba-SP


(FONTE: Márcio Fernando de Almeida)

18
Figura 5 Distribuição geográfica do lobo guará: área predita pelos dez melhores modelos para os
anos de 1995 (a) e 2000 (b). As imagens c e d são sobreposições resultantes do modelo. Os
pontos indicam a ocorrência do lobo (Kawashima, 2007).

1.4. Plano de Ação para Conservação do Lobo Guará


O Plano de Ação para Conservação do Lobo Guará foi produto do I
Workshop Internacional para a Conservação do Lobo Guará – Análise de
Viabilidade Populacional e Habitat (PHVA), realizado pelo Centro Nacional de
Pesquisas para a Conservação de Predadores Naturais (CENAP) em parceria
coma União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), por meio da
Rede Brasileira do Grupo Especialista para Conservação e Reprodução
(Conservation Breeding Specialist Group – CBSG) e com o apoio do Instituto Pró-
Carnívoros e do Grupo Especialista de Canídeos (Canid Specialist Group – CSG).
O Plano foi realizado no Parque Nacional da Serra da Canastra em outubro
de 2005 e reuniu pela primeira vez especialistas de vários países, com o objetivo
de definir estratégias compartilhadas e propor ações – consolidadas por diversas
19
instituições participantes – em prol da conservação de uma espécie vulnerável e
reconhecer as principais ameaças à manutenção da espécie e identificar as
questões sociais e econômicas envolvidas em sua conservação. Além disso,
apresenta dados inéditos sobre as estimativas populacionais (distribuição e status)
e propostas concretas de manejo de indivíduos e seus hábitats visando a sua
conservação.
Durante a primeira sessão plenária do workshop todos os participantes
foram convidados a se apresentar, colocando para o restante do grupo suas
opiniões sobre os principais desafios e problemáticas prioritárias para a
conservação do lobo-guará. As opiniões expressadas por todos os participantes
foram registradas em um painel e utilizadas para definir os tópicos a serem
trabalhados pelos grupos de trabalho:

1. Ameaças e manejo de habitat;


2. Distribuição e status;
3. Educação ambiental, aspectos sociais e alternativas econômicas;
4. Conservação ex situ;
5. Modelagem e dinâmica populacional.

Os grupos de trabalho foram estabelecidos e cada um deles deu início à


dinâmica através de “Chuvas de Idéias” onde problemas gerais relacionados aos
seus tópicos de abordagem foram apresentados e listados. Posteriormente, os
grupos refinaram e priorizaram os PROBLEMAS discutidos. Em seguida, foram
criadas METAS para cada um dos problemas prioritários e AÇÕES específicas
para a sua resolução. As metas foram priorizadas de forma similar e as principais
foram destacadas para a conservação da espécie nos próximos cinco anos.
Os passos tomados por cada grupo de trabalho foram os seguintes:

• Discutir e refinar os problemas/ameaças relevantes para o lobo-guará;


• Priorizar os problemas;

20
• Desenvolver lista de metas em curto prazo para cada um dos problemas;
• Priorizar metas;
• Desenvolver e priorizar ações detalhadas para cada umas das metas,
sobretudo aquelas de alta prioridade;
• Identificar os diferentes tipos de recursos necessários para implementar as
ações.

Cada grupo de trabalho apresentou os resultados de suas deliberações em


sessões plenárias realizadas durante todo o decorrer do workshop, de maneira a
garantir que todos os participantes tivessem a oportunidade para contribuir com o
trabalho dos demais grupos e assegurar que cada tema fosse revisado e discutido
por cada grupo, incorporando sugestões levantadas por membros de outros
grupos durante a plenária.

Desafios listados pelos grupos em plenária:


Tópicos principais

1. Articulação sociopolítica
2. Rede de áreas protegidas
3. Reprodução em cativeiro
4. Pesquisa para conservação e manutenção de habitat
5. Educação conservacionista
6. Atropelamentos
7. Construção de bancos de amostras biológicas
8. Lacunas de informação
9. Avanço do atual modelo agrícola
10. Mudança de mentalidade
11. Implantar projetos no Paraguai
12. Conscientização da sociedade
13. Aspectos sanitários

21
14. Desenvolvimento de protocolos
15. Envolvimento de órgãos governamentais (Argentina)
16. Colaboração regional
17. Envolvimento das comunidades na conservação
18. Aumentar conhecimento da espécie (Argentina)
19. Monitoramento de status regional
20. Criação/implantação de unidades de conservação
21. Elaboração de plano de ação ex situ
22. Elaboração de plano de ação global conjunto
23. Aumentar conhecimento sobre a espécie em áreas antropizadas
24. Manejo de conflitos
25. Viabilizar a convivência seres humanos x lobo-guará
26. Animais retirados da natureza. O que fazer?
27. Doenças a partir de contato com humanos e fauna associada
28. Nutrição em cativeiro
29. Aproximação dos pesquisadores com comunidades
30. Mapeamento das populações de lobo-guará
31. Integração de conhecimentos
32. Priorização de áreas a serem protegidas
33. Preservação de áreas de Cerrado
34. Preservação de áreas de campo
35. Educação ambiental em instituições zoológicas
36. Continuidade de projetos
37. Continuidade de financiamentos
38. Envolvimento da classe política
39. Implantar todas as ações e aprimorar plano de manejo
40. Aprimorar programas de educação ambiental
41. Diagnóstico de populações de lobo-guará em áreas antropizadas
42. Monitoramento de populações em áreas anteriormente não ocupadas
43. Mapeamento e proteção das populações de lobo-guará no Uruguai

22
44. Criação de reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs)
45. Explorar o papel de espécie-bandeira
46. Implantar ações fora de áreas protegidas
47. Implantação de mecanismos financeiros para promover proteção de áreas e
populações
48. Determinar padrões de coleta de amostras
49. Trocas de informações (entre instituições, ex situ etc.)
50. Conciliar turismo (uso público) com conservação
51. Disponibilizar conhecimento para as comunidades
52. Informar as comunidades sobre pesquisas em andamento
53. Integração de ações in situ x ex situ
54. Impacto de espécies invasoras
55. Impacto de cães domésticos
56. Impacto do turismo
57. Conectividade entre áreas protegidas
58. Entender translocação (como? efetividade? necessidade?)
59. Determinar o tamanho para uma população mínima viável para o lobo-guará
60. Determinar o tamanho mínimo de área para sustentar uma população mínima
viável para o lobo-guará
61. Determinar o tamanho de populações de áreas protegidas e não protegidas
62. Explorar o papel das mídias na divulgação das informações
O grupo de trabalho que desenvolveu o item “Educação ambiental,
aspectos sociais e alternativas econômicas” (item prioritário desse trabalho)
categorizou cinco principais problemas:

1. Problemas socioeconômicos
A ocorrência das espécies em áreas de interesse econômico gera conflitos
tais como: predação de animais domésticos, competição por presas naturais e
restrições à expansão e às fronteiras agropecuárias. Esses fatos, associados à
falta de interesse da comunidade, levam a uma atitude negativa diante da espécie

23
e da conservação do habitat. E mesmo quando a atitude é positiva, como no
turismo ecológico, se não for ordenada adequadamente pode tornar-se prejudicial.

2. Problemas de comunicação
Em todos os níveis, a comunicação tem um papel muito importante, no
entanto, não é a solução de problemas ambientais e sim um meio que deveria ser
levado em conta desde a relação entre os atores (pesquisadores, educadores,
instituições zoológicas, órgãos governamentais, organizações não-
governamentais, comunidades e “aqueles que aplicam as leis”) apontando para a
sensibilização da população e seu interesse e participação na conservação.

3. Problemas culturais
Devido às diferenças culturais entre os grupos de trabalho e as
comunidades, há uma dificuldade de conciliar pesquisa/trabalho de educação
ambiental e as necessidades e costumes das comunidades locais. Por não haver
interesse e envolvimento da comunidade com a conservação do lobo-guará, as
pessoas não se relacionam bem com a espécie e criam dificuldades para a
implantação e manutenção de unidades de conservação. Muitas pessoas que
visitam instituições zoológicas o fazem somente com a intenção de lazer, não se
preocupando com a educação ambiental.

4. Problemas de capacitação em educação ambiental e pesquisa


Existe pouco interesse em participar das ações e poucas pessoas
capacitadas para conduzir pesquisas e programas em educação ambiental formal
e não-formal. Não são sabidos os melhores métodos para o trabalho nem há
garantia de resultados precisos. Há falta de informações suficientes sobre a
biologia da espécie em áreas naturais e antropizadas. Em muitas instituições
zoológicas e criadouros não existem recursos destinados à educação ambiental.

5. Problemas políticos e ligados à legislação

24
O processo de implantação e manutenção de áreas protegidas não é de
fácil aceitação pelas comunidades e as instituições envolvidas não têm habilidade
para enfrentar e mediar conflitos. Também não são priorizados recursos
financeiros e humanos para viabilizar esse processo. E de sua parte, a
comunidade, muitas vezes, não cumpre as leis existentes, apesar de presentes. A
legislação da educação formal brasileira (Lei de Diretrizes e Base) não garante
que o ensino sobre conservação da fauna brasileira seja contemplado.

Em seguida, o grupo atribui notas para os problemas para priorizá-los:

1. Problemas socioeconômicos (14 pontos)


2. Problemas de comunicação (29 pontos)
3. Problemas culturais (29 pontos)
4. Problemas de capacitação em educação ambiental e pesquisa (31
pontos)
5. Problemas políticos e ligados à legislação (32 pontos)

O método utilizado para a atribuição de notas foi: cada membro do grupo


avaliou as categorias em ordem de urgência, atribuindo a elas valores de 1 a 5. A
categoria mais urgente recebeu valor 1 e a menos urgente recebeu o valor 5.
Posteriormente, os valores obtidos foram somados por cada categoria e os níveis
de urgência (ou seja, prioridade) foram definidos.
Analisando mais especificamente a categoria do item Capacitação em
Educação Ambiental e Pesquisa, o Plano de Ação definiu metas a serem
cumpridas através de ações:

Metas:
- Aumentar a eficiência da educação na conservação do lobo-guará.
- Aumentar a participação e capacitação de profissionais em programas de
educação ambiental.

25
- Aumentar as pesquisas em educação ambiental para a conservação do lobo
guará.
- Incorporar conteúdos sobre a fauna nativa local no ensino formal.
- Desenvolver técnicas para verificar a eficiência dos métodos utilizados.
- Destinar mais recursos para a educação ambiental nas instituições zoológicas e
criadouros.

Ações:
1. Desenvolver um banco de dados com as informações disponíveis sobre
educação para conservação do lobo-guará de todos os países onde a espécie
ocorre em vida livre e cativeiro.

2. Realizar um levantamento sobre os cursos de educação ambiental existentes e


divulgá-los ao público interessado na área de conservação.
3. Desenvolver materiais didáticos sobre o lobo-guará e seu habitat e fazer com
que sejam distribuídos no ensino formal e informal, além de secretarias de
educação e outros órgãos públicos, através de:
• 1 livro/capítulo para o ensino formal sobre o lobo-guará e seu habitat (já
desenvolvido pelo Marcelo Bizerril): Vivendo no Cerrado e aprendendo com ele.
(Bizerril, 2004);
• 1 livro de história infantil sobre o lobo-guará e seu habitat;
• 1 cartilha educativa para as comunidades, instituições zoológicas, mantenedoras,
áreas protegidas (já existem algumas - AZA Species Survival Plan (SSP) Maned
Wolf);
• Vídeos/DVD sobre o lobo-guará e seu habitat;
• Jogos educativos.

4. Desenvolver e implantar um curso de extensão/formação para pesquisadores e


outros profissionais que atuam na conservação do lobo-guará.

26
5. Desenvolver uma política de educação unificada dentro das instituições
zoológicas que trabalham com lobo-guará, para cada país, através da realização
de um workshop.

6. Implantar um projeto de pesquisa para avaliar as atividades de educação


ambiental existentes em duas instituições de cativeiro, dois projetos de
conservação e duas escolas perto de Unidades de Conservação.

1.5. O “Dia Nacional do Lobo-Guará”: descrição da Avaliação do


Evento realizado no zoológico de Sorocaba no período de 2000 e
2002 (Garcia et al, 2003)

Segundo a publicação “Estratégias Mundiais para Conservação em Zôos”,


os zoológicos são locais que recebem centenas de milhares de pessoas
anualmente em todo o mundo. Elas freqüentam os zôos, pois de uma forma ou de
outra, se interessam pelos animais ali presentes. Essa situação acaba se tornando
uma ótima oportunidade para educação (IUDZG, 1993).
O Plano de Ação para o Lobo-Guará surgiu após o “1º curso para a
conservação de animais ameaçados de extinção: cativeiro e natureza” realizado
no Zoológico de Sorocaba em 1989. O Plano foi legitimado em 1995 por meio da
portaria 1883/95 IBAMA, dando um caráter oficial às ações realizadas pelo então
criado Grupo de Trabalho de Canídeos (GTC) (Garcia et al, 2003).
Para Pessutti et al. (2007) uma das metas do “Workshop” para o Manejo do
Lobo-guará em Cativeiro, realizado em 1998, foi instituir o evento “Dia nacional do
lobo-guará”, sugerido pelo GTC, a ser realizado no 2º Domingo de outubro. A
escolha dessa intervenção educativa como evento ocorreu pois o “conhecimento
adquirido através da vivência e do contato direto com os componentes de
zoologia, ecologia, botânica e fisiologia dentro de um zoológico faz dele uma sala
de aula viva, cujas experiências de aprendizado se tornam inesquecíveis”
(Mergulhão, 1998 apud Garcia, 2003).

27
A equipe do Zôo de Sorocaba, pioneiro nas atividades de Educação
Ambiental, na tentativa de atingir a comunidade com seus programas educativos,
vêm desenvolvendo um gama diversificada e atrativa de atividades, dirigidas as
diferentes faixas etárias, incentivando o exercício da cidadania e busca de ações
individuais e coletivas (Garcia, 2003). Além disso, conta com apoio de
especialistas na área de manejo e conservação de animais silvestres
(principalmente Cecília Pessutti: uma das pioneiras no Plano de Ação do Lobo-
Guará).
O GTC, até então situado no Zôo de Sorocaba, quando instituiu o “Dia do
Lobo-Guará”, sugeriu um suporte didático para subsidiar outras instituições
zoológicas com a elaboração de um material didático (Kit) a ser distribuído para
todos os zoológicos que mantém a espécie. O Kit é composto por:

- Modelo de máscara e orelha do lobo, para ser pintada e recortada;


- Cópia da história de gibi “Chico Bento – Mostre e Conte” (Mauricio de
Souza Produções);
- Manual de observação do Lobo-Guará SP-USA;
- Molde de pegada do lobo;
- Sugestão para apresentação da peça infantil “Chaupezinho vermelho e o
Lobo-Guará” (Ângelo Machado);
- Silhueta do Lobo-Guará;
- Pistas com informações biológicas;
- Questionário de avaliação do publico e organizadores.

As estratégias utilizadas pelo Zôo foram as seguintes:

1º Recepção pelo lobo-guará: os visitantes foram recepcionados na entrada por


monitores acompanhados de um Lobo-Guará taxidermizado e recebiam
orientações das atividades oferecidas (realizado a partir de 2000);

28
2º Sinalização: foi feita uma sinalização no chão com desenhos de pegadas do
lobo, indicando ao visitante o caminho até o recinto (realizado partir de 1999);
3º “Canto do Lobo”: em frente ao recinto do lobo, em uma tenda, encontravam-
se dispostos um lobo-guará adulto e um filhote taxidermizados, sua alimentação
no cativeiro (bandeja com alimentos originais) e na natureza (fruta do lobo)
(realizado a partir de 2000);
4º “Canto do cerrado”: ao lodo da tenda do lobo foi exposto um ambiente
reproduzindo uma parcela do ecossistema do cerrado. A fauna foi representada
por animais vivos: jaboti e jibóia; e animais taxidermizados: ema com ovos, crânio
de tamanduá bandeira, veado catingueiro e suas fezes, cachorro e gato do mato,
lagarto teiú, entre outros. Da flora foram expostas sementes e folhas diversas
(realizado a partir de 2000);
5º “Oficina de artes do Lobo”: numa tenda, as crianças confeccionaram e
pintaram máscara e orelhas do lobo conhecendo sua respectiva função (realizado
a partir de 2000);
6º Cine Zôo: filme “Um Dia de Lobo”, que mostra o lobo e sua vida no Cerrado.
Foram também distribuídos exemplares de gibis “Chico Bento e o Lobo-Guará” e o
manual de observação do Lobo-Guará SSP-USA (realizado somente em 2000).
7º Oficina de pintura de rosto: as crianças puderam pintar em seus rostos
figuras ecológicas como animais, flores, etc., propiciando uma maior interação e
deixar que as crianças levassem para a casa uma marca do Zôo (realizado a partir
de 2000).
8º Avaliação com o público: a avaliação aplicada aos visitantes foi realizada por
meio de um questionário, com perguntas relacionadas ás atividades que estavam
sendo desenvolvidas no evento, com o objetivo de levantar o perfil dos visitantes e
também identificar o que eles puderam aprender (realizado em 2001 e depois a
partir de 2003).
9º Teatro do Lobo-Guará e o Cerrado: História adaptada da Chapeuzinho
vermelho e o Lobo-Guará. (Machado, 2004).

29
10º Sinalização do evento: pistas contendo informações sobre o lobo da entrada
do parque até o recinto do lobo (realizado a partir de 1999).
11º Fantasias de animais: monitores com fantasias de animais do Cerrado,
percorrendo o parque com um megafone anunciando o evento e convidando os
visitantes para prestigiá-los (realizado de 2001 a 2004).
12º Zôo vai à escola e a Visita Orientada temática: CERRADO. (realizado a
partir de 2006)
13° Divulgação do evento em outros meios: Foi apresentado no EPEA
(Encontro e Pesquisa em Educação Ambiental) um artigo científico (2001) e foi
publicado um suplemento infantil sobre o evento no ano de 2002 (realizado em
2001 e 2002).
14º Cemitério dos extintos: Exposição de jazidas de animais extintos e uma
cova aberta com a foto do lobo-guará, com o seguinte dizer: não deixe que o lobo-
guará ocupe essa cova – conserve o cerrado (realizado a partir de 2003).
Pessoas de todas as idades compareceram ao evento assim como a
comunidade vizinha. Foram entrevistadas pessoas do 1º grau, 2º grau, ensino
superior e analfabetos (respectivamente em ordem crescente de número de
visitantes). Além disso, o público entrevistado nos três anos percebeu que houve
atividades diferenciadas no Zôo. Assim, a maioria dos entrevistados declarou que
o Lobo está ameaçado de extinção e que o Cerrado é o ecossistema do lobo.
As crianças se interessaram muito pela pintura de rosto, pela confecção da
orelha do lobo e pelos animais taxidermizados. Já os adultos e idosos se
interessaram pelas informações passadas pelos monitores e prestigiaram muito a
exposição mostrando apoio a conservação do Lobo-Guará e dos animais do
cerrado.
Por outro lado, o público entrevistado declarou na sua maioria não ter
recebido informações sobre o Lobo-Guará e o Cine Lobo não despertou muito
interesse do público;
Diferentemente de outros anos, quando foram utilizadas silhuetas do lobo
com pistas para guiar o público as recinto do lobo, a atividade interativa e o caráter

30
lúdico foram de grande importância para despertar o público para o evento. Assim
como, a divulgação da imprensa falada e escrita contribui muito para a presença
dos visitantes.
Com a realização do evento, o Zôo de Sorocaba mostra que além de ser
um centro de visitação e lazer, é também um centro de pesquisa, procriação de
espécies ameaçadas de extinção e educação ambiental.
Por outro lado, se faz necessário a realização de atividades de continuidade
com o público, com eventos periódicos e trabalhos paralelos no ensino formal
visando uma melhor comunicação com o público e desta forma atingir os objetivos
propostos pelo GTC e o Zôo.
Por fim, conclui-se que atividades direcionadas à conservação do Cerrado,
de seus animais e principalmente do Lobo-Guará, são de grande importância e
bem aceitos pelo público.

1.6. “Análise das estratégias educativas para conservação do Lobo-


Guará em cativeiro.” (Priscila Alcoba Perez, 2008).

O objetivo da pesquisa foi verificar como vem sendo desenvolvida as


atividades educativas dirigidas para a conservação do Lobo-Guará, em zoológicos
e criadouros que realizam o “Dia nacional do Lobo-Guará” (Fig. 06). Assim como,
identificar as principais atividades desenvolvidas por estas instituições e sugerir
um novo material educativo para a realização do evento “Dia nacional do Lobo-
Guará”.
Como metodologia foi utilizada a aplicação de questionário (Fig. 16) auto-
explicativo, com perguntas abertas e fechadas onde foi abordado o histórico da
instituição e suas ações educativas voltadas para o “Dia nacional do Lobo-Guará”.
Foram enviados 12 questionários para instituições estabelecidas, nas quais 5
realizam o “Dia nacional do Lobo-Guará”.
Das atividades sugeridas pelo Kit enviado pelo Grupo de Trabalho de
Canídeos (GTC) Plano de Ação as mais utilizadas foram: Pista com informações
31
biológicas do lobo; Máscara (Fig.08) e orelha do lobo (Fig. 09) e Molde de
pegadas (Fig. 10 e 11).

Quantidade de instituições que realizam as atividade sugeridas

6
Número de instituições

5
4 4 4
4
3
2 2
2
1
1
0
Máscara e "Chico Bento - Manual de Molde de Pista com Questionário de
Orelha do Lobo Mostre e conte" observação pegadas informações avaliação
biológicas
Atividade sugeridas

Figura 6. Quantidade de instituições que realizam as atividades sugeridas pelo Plano de Ação do
Lobo-Guará (Perez, 2008).

A instituição número 3 realiza diversas atividades além das sugeridas pelo


Grupo de Trabalho de Canídeos (GTC) :

- Barraca do lobo: Observação do lobo taxidermizado e sua alimentação no


cativeiro e natureza.
- Animadores: Monitores fantasiados de Lobo-guará e Tucano-toco informando o
público sobre as atividades e horários.
- Barraca do cerrado: Apresentação da fauna do cerrado com animais
taxidermizados e vivos.
- Oficina do Zôo Arte: Pintura de rosto da fauna do cerrado.
- Visita ao cemitério dos extintos
- Canto do Aquecimento X Cerrado
- Teatro do Lobo-guará e o Cerrado

Algumas instituições que não realizam o “Dia nacional do Lobo-Guará”


oferecem aos seus visitantes outras atividades relacionadas com o lobo:
32
- Trilha do lobo: realização de trilha interpretativa com vestígios do lobo e de
outros animais do cerrado (Fig. 7);
- Desbravadores do cerrado: projeto desenvolvido para ampliar o conhecimento de
alunos do ensino formal sobre o cerrado (Apresentação do musical “Chapeuzinho
vermelho e o Lobo-Guará”).
- Biomas brasileiros: desenvolvimento de pesquisas sobre os biomas brasileiros.

Figura 7. Trilha do Lobo

33
2. Objetivo.
- Analisar o discurso e o contexto ambiental do Kit (Kit 1) proposto para o
“Dia Nacional do Lobo-Guará” a partir dos desafios apresentados no “Plano de
Ação para Conservação do Lobo-Guará”.
-Elaborar um novo Kit (Kit 2) a partir da análise de trabalhos de pesquisa
relacionados ao tema.
- Verificar se o discurso do Kit 2 contempla os desafios listados no Plano
de Ação para a conservação da espécie.

34
3. Metodologia.
3.1. Abordagem qualitativa
Para atingir a meta desse trabalho foi utilizada como metodologia a
abordagem qualitativa. Essa abordagem apareceu primeiramente nas áreas de
antropologia e sociologia e, atualmente, nas áreas da psicologia, educação e
administração (Neves, 1996).
Os estudos quantitativos procuram seguir um plano já estabelecido, já os
estudos qualitativos costumam ser guiados ao longo do processo de
desenvolvimento e frequentemente o pesquisador deve entender os fenômenos a
partir da perspectiva dos participantes da situação estudada e assim apontar sua
interpretação em relação ao objeto de estudo (Neves, 1996).
Segundo Godoy (1995), essa abordagem deve seguir algumas premissas
básicas:
1- O ambiente natural deve ser utilizado como fonte direta dos dados e o
pesquisador como instrumento fundamental. Assim, o pesquisador deve ter plena
confiança em sua própria pessoa como um instrumento confiável de observação,
seleção, análise e interpretação dos dados coletados.
2- A pesquisa qualitativa é descritiva. Ao contrário da pesquisa quantitativa,
a pesquisa qualitativa rejeita números, assim os dados aparecerão na forma de
transcrições de entrevistas, anotações, fotografia, desenhos, questionários e
outros documentos.
3- O investigador deve se preocupar com a interpretação que irá tomar do
evento estudado. Ou seja, a precisão com que o pesquisador captou o ponto de
vista dos participantes deve ser provida de parcimônia e ser confrontada com a
percepção de outros pesquisadores.
4- O pesquisador deve desenvolver a teoria através da construção de um
quadro teórico aos pouco, à medida que coleta os dados e os examina.

35
3.2. Instrumentos de coleta de dados
A pesquisa foi desenvolvida através do método de análise documental:
análise de conteúdo e do discurso.
Segundo Lüdke & André (1986), o objetivo da análise documental é
identificar, em documentos primários, informações que sirvam de subsídio para
responder alguma questão de pesquisa. Por representarem uma fonte natural de
informação, documentos “não são apenas uma fonte de informação
contextualizada, mas surgem num determinado contexto e fornecem informações
sobre o mesmo contexto.
Bauer (2002) sugere a metodologia de análise de conteúdo, “uma categoria
de procedimentos explícitos de análise textual para fins de pesquisa social”. A
análise de conteúdo “é uma técnica para produzir inferências de um texto focal
para seu contexto social de maneira objetivada”, em que um texto é estudado
tendo em vista sua inserção em um contexto social mais amplo (Bauer, 2002).
Ainda na análise de conteúdo existe outra característica que converge com
a análise documental: o uso de dados brutos que ocorrem naturalmente (Bauer,
2002). A análise de conteúdo é ainda uma técnica de pesquisa que permite fazer
inferências válidas para um determinado contexto através da investigação do
conteúdo simbólico de mensagens. Essas mensagens, e conseqüentemente, sua
investigação, podem ser abordadas de diferentes formas e vistas sob diversos
ângulos (Lüdke & André, 1986).
Outra abordagem metodológica que viabiliza a análise documental é a
análise de discurso (Gill, 2002):

Análise de discurso é o nome dado a uma variedade de diferentes enfoques no


estudo de textos, desenvolvida a partir de diferentes tradições teóricas e diversos
tratamentos em diferentes disciplinas. Estritamente falando, não existe uma única
“análise de discurso”, mas muitos estilos diferentes de análise, e todos reivindicam
o nome. O que estas perspectivas partilham é uma rejeição da noção realista de
36
que a linguagem é simplesmente um meio neutro de refletir, ou descrever o
mundo, e uma convicção da importância central do discurso na construção da vida
social (Gill, 2002).

Burr (1995) e Gill (2002) enumeram quatro características que norteiam uma
análise de discurso:

1. A postura crítica com respeito ao conhecimento dado, aceito sem


discussão e um ceticismo com respeito à visão de que nossas
observações do mundo nos revelam, sem problemas, sua natureza
autêntica.

2. O reconhecimento de que as maneiras como nós normalmente


compreendemos o mundo são histórica e culturalmente específicas e
relativas.

3. A convicção de que o conhecimento é socialmente construído, isto é, que


nossas maneiras atuais de compreender o mundo são determinadas não
pela natureza do mundo em si mesmo, mas pelos processos sociais.

4. O compromisso de explorar as maneiras como os conhecimentos – a


construção social de pessoas, fenômenos ou problemas – estão ligados
às ações / práticas.

A análise documental presente desse trabalho será norteada por esses dois
suportes teóricos: a análise de conteúdo e análise de discurso, conferindo ao
trabalho uma abordagem mais precisa dos fatos.
Para esta pesquisa foram considerados documentos relacionados com a
educação ambiental (histórico), a conservação e a biologia do Lobo-Guará; o
“Plano de Ação para a Conservação do Lobo-Guará – Análise de Viabilidade
Populacional e de Habitat (PHVA)”; Relatórios internos do Parque Municipal
Quinzinho de Barros (PZMQB) relacionados com o Dia do Lobo-Guará e o
trabalho “Análise das Estratégias Educativas para Conservação do Lobo-Guará
em cativeiro” (Perez, 2008).

37
3.3. Instrumento de Análise: “Desafios propostos pelos grupos em
plenária” do “Plano de Ação para Conservação do Lobo-Guará”.
A análise do discurso (biológico, conservacionista, regionalista, político,
etc.) do material (Kit 1) proposto para o “Dia nacional do Lobo-Guará” será
analisado segundo os 19 itens previamente selecionados e agrupados da lista de
“Desafios proposto pelos grupos em plenária” do “Plano de Ação e Conservação
do Lobo-Guará”, listados abaixo:

1. Educação conservacionista.
2. Mudança de mentalidade.
3. Conscientização da sociedade.
4. Colaboração regional (Imprensa).
5. Envolvimento das comunidades na conservação ex situ.
6. Aumentar conhecimento da espécie.
7. Viabilizar a convivência seres humanos x lobo-guará.
8. Aproximação dos pesquisadores com comunidade.
9. Integração de conhecimentos.
10. Educação ambiental em instituições zoológicas.
11. Aprimorar programas de educação ambiental: Kit, os cursos de férias
temáticos como cerrado.
12. Explorar o papel de espécie-bandeira.
13. Implantar ações fora de áreas protegidas.
14. Trocas de informações (entre instituições, ex situ etc.).
15. Conciliar turismo (uso público) com conservação.
16. Disponibilizar conhecimento para as comunidades.
17. Informar as comunidades sobre pesquisas em andamento.
18. Integração de ações in situ x ex situ no discurso.
19. Explorar o papel das mídias na divulgação das informações.

38
Agrupamento:
Para uma melhor análise dos dados, os itens foram agrupados e especificados
dentro de categorias previamente descritas e elucidadas.

Grupo Educação Ambiental (EA): “EA é um processo permanente no qual os


indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem
conhecimentos, valores, habilidades, experiência e determinação que os tornem
aptos a agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros” (Dias, 2004).

1. Educação conservacionista.
2. Mudança de mentalidade.
3. Conscientização da sociedade.
7. Viabilizar a convivência seres humanos x lobo-guará.
10. Educação ambiental em instituições zoológicas,
11. Aprimorar programas de educação ambiental: Kit, os cursos de férias
temáticos como cerrado.
13. Implantar ações fora de áreas protegidas.
15. Conciliar turismo (uso público) com conservação.
18. Integração de ações in situ x ex situ no discurso.

Divulgação Científica (DC): "o uso de processos e recursos técnicos para a


comunicação da informação científica e tecnológica ao público em geral" (Bueno,
1984 apud Albagli, 1996).

5. Envolvimento das comunidades na conservação ex situ.


6. Aumentar conhecimento da espécie.
12. Explorar o papel de espécie-bandeira
16. Disponibilizar conhecimento para as comunidades.

39
Difusão Científica (DfC): "todo e qualquer processo usado para a comunicação da
informação científica e tecnológica" (Bueno, 1984 apud Albagli, 1996). Neste caso,
a informação científica tanto para leigos como para especialistas.

8. Aproximação dos pesquisadores com comunidade.


9. Integração de conhecimentos.
14. Trocas de informações (entre instituições, ex situ etc.).
17. Informar as comunidades sobre pesquisas em andamento.

Comunicação (Co): explorar a mídia local (falada, escrita, etc.) para divulgação do
evento.

4. Colaboração regional (Imprensa).


19. Explorar o papel das mídias na divulgação das informações.

40
Esquematicamente teremos:

62 Desafios
propostos
pelo grupo em
plenária
do Plano de ação

Seleção

19 Desafios
selecionados e
agrupados
relacionados à EA Avaliação Zôo
Sorocaba
(Garcia, 2003)

Avaliação
Pesquisas
Elaboração
Kit I Kit II relacionadas
com o tema
(bibliografia)

Pesquisa
(Priscila
Perez, 2008).

41
4. Resultados e Análises
Os resultados foram compilados primeiramente com a descrição do Kit 1
proposto pelo GTC, distribuído para os zoológicos que possuíam exemplares do
Lobo-Guará, e logo após segue a proposta do Kit 2.
4.1. Kit 1 (Figs. 08 à 16)
- Máscara:

Figura 8. Máscara do Lobo-Guará.


42
- Orelha do lobo:

Figura 9. Orelha do Lobo-Guará.

43
- Molde de pegada do lobo;

Figura 10. Pegada do Lobo-Guará.

Figura 11. Desenho para colorir do Lobo-Guará.

44
- Pistas com informações biológicas;
Utilização de pistas com informações biológicas sobre o Lobo-Guará para
guiar o publico pelo zoológico. As pistas poderiam ser montadas conforme a
preferência do Zôo e deveriam ser colocadas em pontos estratégicos com a
intenção de guiar os visitantes até o local de realização das atividades do evento
(recinto do lobo).

- Gibi (Maurício de Souza) (Anexo I);

Figura 12. Gibi Chico Bento sobre o Lobo-Guará (Mauricio de Souza Produções).

45
- Folder do SSP Norte Americano (Observação Comportamental);

Figura 13. Folder do SSP Norte Americano (Observando o Guará).

46
Figura 14. Folder do SSP Norte Americano (Zoocabulário).

47
- Ficha de Avaliação

Figura 15. Ficha de avaliação (Avaliação do público).

48
Figura 16, Ficha de avaliação (Avaliação do monitores).

49
4.2. Kit 2 (Figs 17 à 52)
A proposta do Kit 2 foi elaborada através da utilização de dados obtidos em
trabalhos relacionados com o tema e foi dividido em 5 itens: Ações Educativas;
Material Didático; Material de Divulgação Interno; Material de Divulgação Externo
e Avaliação.

Ações Educativas:
As ações educativas podem subsidiar as instituições em relação às
estratégias utilizadas no “Dia do Lobo-Guará”.

- Oficinas:
1) Confecção de máscaras: Confecção e pintura de máscara do lobo e
distribuição de exemplares do gibi do Chico Bento “Mostre e Conte” sobre o Lobo-
Guará (Anexo A). As crianças poderão desenvolver sua criatividade e levar um
presente do zôo.

Figura 17. Barraca de confecção da máscara do Lobo-Guará e distribuição do gibi do Chico Bento.

50
Figura 18. Máscara do Lobo-Guará.

51
Figura 19. Máscara do Lobo-Guará.

52
Figura 20. Máscara do Lobo-Guará.

53
2) Pinturas de rosto: Numa tenda, as crianças pintarão em seus rostos figuras
ecológicas como animais, flores, etc., propiciando uma maior interação e diversão
das crianças.

Figura 21. Oficina de pintura de rostos.

Figura 22. Oficina de pintura de rostos.


54
- Canto do Lobo-Guará na entrada:
Divulgação do evento despertando a curiosidade dos visitantes para
descobrir o que está acontecendo no Parque. Pode ser utilizado o lobo
taxidermizado, monitores fornecendo informações sobre o lobo e sobre a
importância do evento, etc.

Figura 23. Canto do Lobo-Guará na entrada do parque (Lobo taxidermizado e monitor oferecendo
informações sobre o Dia do Lobo.

55
- Canto do Lobo-Guará dentro no Parque:
Através da observação do lobo taxidermizado e de sua alimentação, no
cativeiro e na natureza, será explicado sobre sua vida, compreendendo seu
habitat, biologia, comportamento, alimentação e curiosidades. Aqui poderá ser
abordada a questão sobre a conservação do lobo. Pode ser utilizado: Lobo-Guará
taxidermizado, crânio, alimentos do lobo (insetos, fruta do lobo, cutia, tatu, etc.).

Figura 24. Canto do Lobo-Guará dentro do parque.

56
- Canto do Cerrado:
Serão colocados em exposição alguns animais taxidermizados do Cerrado
(Ouriço, ema, gato-do-mato, quati, veado-catingueiro, tamanduá-bandeira, etc.) e
alguns exemplares da fauna do Cerrado (lobeira, pequi, ipê, pau-de-jacaré, etc.)
com o propósito de expor aos visitantes informações sobre o bioma e explicar a
importância da conservação do Cerrado e de outros biomas.

Figura 25. Canto do Cerrado dentro do parque.

57
- Canto do Aquecimento Global X Arborização Urbana:
Esse canto tem o propósito de despertar para a realidade e introduzir
ao público, pela observação e análise, relações entre o aquecimento global e a
arborização urbana e pautar a fala sobre a real situação mundial em relação ao
aquecimento global.
A atividade poderá ser desenvolvida em locais onde ocorrem árvores que
fazem sombra e locais onde não possuem árvores. Assim, os monitores poderão
mostrar para o público a diferença da sensação de calor debaixo das árvores
(mais fresco) e fora da sombra da árvore (mais quente). Assim que o público sentir
essa diferença, os monitores podem começar seu discurso sobre o tema proposto.

Figura 26. Canto Aquecimento global X Arborização Urbana.

58
- Teatro do Lobo-Guará:
Proposta de elaboração de um teatro “Chapeuzinho Vermelho e o Lobo-
Guará”. O teatro poderá proporcionar aos visitantes (principalmente as crianças)
um deslumbramento com o mundo imaginário do teatro que, de forma lúdica,
poderá ser inesquecível.

Figura 27. Teatro do Lobo.

Figura 28. Teatro do Lobo.

Figura 29. Teatro do Lobo.

59
Figura 30. Crianças com rabo de pelúcia distribuído após o teatro.

Lobo-Guará (Beto Costa) Tema do Chapeuzinho (adaptação Beto Costa)

Refrão Pela estrada a fora


Lobo-Guará Eu vou bem sozinha
Lobo-Guará Lavar doces
Um lobo bom Para a vovozinha
Melhor não há

Ele vive no cerrado Vou pelo cerrado


Animal arisco, esperto Que é bem mais gostoso
Não gosta de comer carne Tem Lobo-guará
Prefere fruta e inseto Que não é perigoso

Refrão É um lobo bonzinho


Tem pernas longas e finas Não ataca não
E o andar desajeitado Ele não faz maldade
E quando o dia termina Tem um bom coração
Passeia pelo cerrado
Vive no cerrado
Com outros animais
Ele quer sossego
Quer viver em paz
60
- Monitores dentro do parque:
Alguns monitores poderão ficar andando pelo parque fantasiados de Lobo
com a intenção de atrair o público para o local onde estará realizando as
atividades.

Figura 31. Monitores dentro do parque com pelúcia do lobo e do tatu canastra.

- Cemitério dos Extintos:


O cemitério dos extintos é uma criação que permite para os visitantes
perceberem que as animais que estão ameaçados de extinção um dia poderá ter o
mesmo destino daqueles que já foram extintos. A pergunta é: Será que você
gostaria de ver o Lobo-Guará dentro de uma cova como esses outros animais?

61

Figura 32. Cemitério dos extintos.


- Trilha ecológica:
Trilha interpretativa com vestígios do lobo, e de outros animais que
convivem com ele na natureza, ao longo da trilha, para que as crianças
descubram como o lobo vive em seu habitat. Nesse momento, os monitores
podem aproveitar para discutir alguns conceitos sobre conservação dos habitats
naturais.

- Sinalização do evento:
Pode ser feita da entrada do zôo até o recinto do lobo. O objetivo é fornecer
pistas com informações do sobre o lobo para tentar atrair o publico até onde
estiver localizado o lobo. A simples colagem de papeis contendo informações
sobre o lobo talvez não atrairá o publico para lê-los (já que o publico estará
interessado pelos bichos ao seu redor). Uma sugestão seria a colagem de
pegadas do lobo pelo zôo até o recinto do lobo e, ao longo do caminho, colocar
figuras do lobo contendo as informações.

Materiais Didáticos:
O material sugerido poderá ser utilizado nas escolas como subsídio para as
aulas sobre ecologia, contemplando o papel da educação ambiental através de
conceitos sobre a conservação dos biomas brasileiros e mundiais.

- Sugestões de DVDs:
- “Cine Lobo” (Instituto Pró-Carnívoros – Universidade de Brasília);

- “Projeto Desbravadores do Cerrado: Um Dia de Lobo” (CBMM e CDA - Centro de


Desenvolvimento Ambiental);

62
-Sugestões de Livros:
- “Chapeuzinho vermelho e o lobo guará” (reunir os exemplares físicos e propor
uma lista

- “Vivendo no Cerrado e Aprendendo com ele” (Marcelo Bizerril – Editora Saraiva,


2006);

- “Lá no Coração” (Projeto Gráfico: Ellen Pestili; Coordenador: Marcelo Bizerril;


Parceria: Instituto Pró-Carnívoro, Universidade de Brasília, Universidade Federal
de Minas Gerais e CENAP – Instituto Chico Mendes e Financiado pelo Fundo
Nacional do Meio Ambiente);

- “Um lugar chamado Canastra” (Organização: Marcelo Bizerril, Carla Cruz


Soares; Instituto Pró-Carnívoro, Editora Atibaia, 2008);

- “Áreas de domínio do Cerrado no Estado de São Paulo” (Francisco Kronka,


Marco Aurélio Nalon, Ciro Koiti Matsukuma [et al]. São Paulo: Secretaria do Meio
Ambiente, 1998).

- “O Bioma do Cerrado e o Fogo: Caracterização” (Leopoldo Magno Coutinho,


Heloísa Miranda e Helena Castanheira de Morais; Série Ciências Ambientais,
Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 2002).

63
- Material Cerrado:
Nesse item segue a sugestão de material didático do Cerrado, disponível no
Zoológico de Sorocaba:

- Material biológico de animais do Cerrado:

Figura 33. Crânio de Tamanduá Bandeira.

64
Figura 34. Crânio de Veado.

Figura 35. Bico de Tucano-toco.

65
Figura 36. Pata de Ema.

Figura 37. Cabeça de coruja.

66
Figura 38. Garras de coruja.

- Material biológico da flora do Cerrado:

Figura 39. Plantas do Cerrado.

67
- Experimento: Permeabilidade do solo do Cerrado.

Figura 40. Kit de experimento sobre permeabilidade do solo do Cerrado.

68
- Pasta com sugestões de livros educativos do Cerrado:

Figura 41. Livro “Convivendo no Cerrado – Aprendendo com ele” (Autor: Marcelo
Bizerril).

69
Figura 42. Livro “Lá no Coração” (Autora: Ellen Pestili).

Figura 43. Livro “Por dentro dos Cerrados” (Autor: Nilson Moulin).

70
- Folder “Convivendo com a fauna silvestre – Como prevenir ataques
às criações domésticas” (Realização: Universidade de Brasília (UNB);
Instituto para Conservação dos Carnívoros Neotropicais (Pró
Carnívoros) e ICMBio/CENAP.

Figura 44. Folder “Convivendo com a Fauna Silvestre – Como prevenir ataques às
criações domésticas (Universidade de Brasília).

Figura 45. Esquema do folder “Convivendo com a Fauna Silvestre – Como prevenir
ataques às criações domésticas (Universidade de Brasília).
71
- Material de Divulgação Interna:
Sugestões de folders, banners, etc., para ajudar na divulgação do evento.

Figura 46. Está é uma História de um cão dourado de cauda pequena (Zoo Botânica –
Fundação Zôo Botânica de Belo Horizonte; Prefeitura de Belo Horizonte)

Figura 47. Está é uma História de um cão dourado de cauda pequena (Zoo Botânica –
Fundação Zôo Botânica de Belo Horizonte; Prefeitura de Belo Horizonte)

72
Figura 48. Lobo-Guará – O Maior Canídeo da América do Sul (CEMIG – Belo Horizonte/MG).

Figura 49. Trilha do Lobo (CEMIG – Belo Horizonte/MG)

73
Figura 50. Caderno Lobo-Guará (Centro de Desenvolvimento Ambiental da CBMM)

Figura 51. Caderno Lobo-Guará (Centro de Desenvolvimento Ambiental da CBMM)

74
Figura 52. Folder Zôo de Sorocaba (Prefeitura Municipal de Sorocaba/SP)

Material de Divulgação Externa:


As mídias de um modo geral (falada, escrita, etc.) são de fundamental
importância para uma boa divulgação do evento “Dia do Lobo-Guará”. Todas elas
apresentam uma amplitude de divulgação para a população muito abrangente. Por
isso, sempre que possível, procurar esses órgãos em sua c idade.

75
4.3. Análise dos Kits segundo o agrupamento:
Os Kits foram analisados segundo os agrupamentos propostos
anteriormente.

Kit 1:
- Máscara: DC
- Orelha do lobo: DC
- Silueta Lobo-Guará: DC
- Pistas com informações biológicas DC
- Gibi (Maurício de Souza); EA
- Folder do SSP Norte Americano (Observação Comportamental); DC
- Molde de pegada do lobo; DC
- Sugestão para apresentação da peça infantil “Chaupezinho vermelho e o Lobo-
Guará” (Ângelo Machado); EA
- Ficha de Avaliação

Kit 2:

Ações Educativas:
- Oficinas: DC
- Canto do Lobo-Guará na entrada: DC
- Canto do Lobo-Guará dentro no Parque: EA, DC, DfC
- Canto do Cerrado: EA, DC, DfC
- Canto do Aquecimento Global X Arborização Urbana: EA, DC, DfC
- Canto de Plantas Medicinais do Cerrado: EA, DC, DfC
- Teatro do Lobo-Guará: EA, DC

76
- Trilha ecológica: EA, DC
- Sinalização do evento: DC
Materiais Didáticos:
- Sugestões de DVDs: DC, DfC
-Sugestões de Livros: DC, DfC
- Material Cerrado: EA, DC
Material de Divulgação Interna: DC, Co
Material de Divulgação Externa: DC, Co

77
5. Discussão
O crescente desequilíbrio ecológico exercido pelo homem trouxe como
conseqüência muitas alterações mundiais (desequilíbrio nos ciclos hidrológicos,
alterações climáticas, aumento do nível dos poluentes ambientais, diminuição da
biodiversidade (Flora e fauna), diminuição da qualidade de vida, etc.). Essas
alterações só foram criticadas no final do século 19 com o livro “Evidências sobre
o lugar do homem na natureza” de Thomas Huxley (Guimarães, 1995; Dias 2004).
Vários encontros (Internacionais, nacionais e regionais) começaram a ser
realizados para discutir o problema mundial da ação do homem perante a
natureza. Nesses encontros, começou a ser elaborado estratégias que visavam
prevenir essas ações antropológicas. Dentre as ações destacaram-se os projetos
elaborados para contemplar a necessidade de aumentar o número de trabalhos
educativos, voltados para as questões ambientais. A partir daí, a Educação
Ambiental (EA) começou a se destacar como método de defesa e melhoria do
meio ambiente para gerações presentes e futuras (Barbieri, 2000; Dias, 2004).
Para contemplar os objetivos da EA começou a ser adotado novas
estratégias dirigidas a pessoas de todas as idades, de todos os níveis sociais, na
educação formal e não-formal para que haja uma preparação dos indivíduos
mediante a compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo,
proporcionando-lhes conhecimentos técnicos e habilidades necessárias para
desenvolver ações, com vistas a melhorar a vida e proteger o meio ambiente,
prestando a devida atenção aos valores éticos (Dias, 2004).
A EA informal contribuiu de forma expressiva para a formação de opinião
pública, envolvendo os meios de comunicação de massa, comunidades
participativas e instituições atuantes como parques, reservas e zoológicos (Dias,
2002 apud Garcia et al, 2003).
Em 1989, no Zoológico de Sorocaba, foi criado um comitê de manejo,
responsáveis pela elaboração dos planos de manejo (ou plano de ação) para
espécies de animais que possuem algum problema em suas populações naturais
ou cativas, para a conservação do Lobo-Guará. O Plano foi legitimado em 1995

78
por meio da portaria 1883/95 IBAMA, dando um caráter oficial às ações realizadas
pelo então criado Grupo de Trabalho de Canídeos (GTC).
O Grupo instituiu o segundo domingo do mês de outubro como o “Dia
Nacional do Lobo-Guará” como sugestão temática a ser trabalha em todos os
zoológicos brasileiros. Para dar suporte técnico para os zôos que matem a
espécie foi elaborado um material didático (Kit 1), composto por: modelo de
máscara e orelha de lobo, cópia da história de gibi “Chico Bento – Mostre e Conte”
(Maurício de Souza), manual de observação do Lobo-Guará SSP-USA, molde de
pegada, sugestão para a apresentação da peça teatral infantil “Chapeuzinho
Vermelho e o lobo-guará” (Ângelo Machado), silhueta do lobo-guará, pistas com
informações biológicas e questionário de avaliação do público e organizadores.
Porém, ao avaliar esse Kit, percebe-se um discurso com caráter
biológico/descritivo e que, muitas vezes, contempla apenas uma divulgação
científica sobre o tema. As premissas de um trabalho sobre EA vão mais além. A
utilização do Lobo-Guará como espécie bandeira sobre o tema da conservação é
muito importante, mas ele é apenas um chamariz para alertar a comunidade sobre
um problema muito maior que é a conservação do Cerrado e de todos os animais
que vivem ali (inclusive muitos que estão na mesma situação do lobo em relação
ao risco de extinção) junto com discurso sobre a conservação dos biomas de um
modo geral. .
As questões relacionadas ao modo como a EA deve atuar são muito
recentes e os temas que podemos discutir sobre o assunto sofrem diversas
mudanças conforme os anos que se passam (haja visto as questões recentes
sobre aquecimento global, emissão de gases poluentes na atmosfera, a
Conferência de Copenhague, etc.). É a partir desse ponto que percebemos uma
necessidade de renovação do “Kit 1”, proposto em 1995, na tentativa de
atualizarmos os assuntos pertinentes à conservação do Lobo-Guará, à
conservação do Cerrado e ao meio ambiente global.
O novo Kit (Kit 2) foi criado para tentar contemplar os assuntos defasados
no “Kit 1” e teve a intenção de subsidiar de uma forma mais ampla os zoológicos e

79
mantenedores do lobo-guará. O novo discurso embutido no “Kit 2” teve a intenção
de abordar os temas: divulgação científica, difusão científica, educação
conservacionista, educação biológica, mudança de mentalidade da comunidade,
mudança de comportamento da comunidade, viabilizar o convívio do lobo com a
sociedade, integrar ações in-situ e ex-situ, etc.
Assim como o Kit 1 foi elaborado com outras perspectivas, ou seja, os
assuntos relacionados com o meio ambiente em 1995 eram outros e o discurso
sobre o que se esperava de um Kit ecológico era diferente (o caráter do discurso
era biológico e de divulgação científica), o Kit 2 segue as premissas do que se
espera hoje em dia da EA. Assim sendo, esse Kit segue como sugestão de ação
para zoológicos e mantenedores que necessitem de subsídios para atividades em
prol ao meio ambiente natural e qualquer sugestão de ampliação e mudanças do
Kit inevitavelmente será necessária para o acompanhamento das mudanças de
um mundo moderno onde as transformações de mentalidades e discursos estão
sempre acontecendo.

5.1. Desafios para o Kit 2

Para a elaboração do Kit 2 surgiram alguns desafios que poderão ser


elucidados através de novas pesquisas:
- A estruturação de uma nova forma de avaliação da aplicação do Kit 2;
- A realização de capacitação para monitores que realizam o evento;
- A fomentação de um canal de comunicação entre as instituições
zoológicas que realizam o evento anualmente para compartilhar as experiências.

80
6. Conclusão
O presente trabalho possibilitou averiguar que a necessidade de
contribuição e renovação, a respeito de novas estratégias para contemplar o que
se espera da EA, se faz necessária haja vista as mudanças de mentalidade das
novas gerações e dos assuntos atuais relacionados à qualidade de vida das
populações, além da falta de subsídios a respeito do assunto
Foi notada, através da avaliação das instituições que realizaram o “Dia do
lobo-guará”, a verificação da importância da utilização dos Kits como subsídio
teórico e prático para a realização do evento.
Em relação ao que foi proposto pelo trabalho (contemplar alguns desafios
propostos pelo Plano de manejo do Lobo-Guará em um Kit ecológico para a
realização do evento “Dia do Lobo-Guará”) o Kit 2 aborda todos os agrupamentos
elaborados enquanto o Kit 1 aborda somente dois agrupamentos.

81
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